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Antibioticoterapia na UTI Ana Cristina Cardoso Debellis 2016 BACTÉRIAS (GRAM + / GRAM - ) ► Hans Christian Gram - 1884 Teste de Cultura • Laringe • Traquéia • Brônquios • Bronquíolos • Alvéolos • Seios Nasais Conhecer a Microbiota Normal Estéreis Boca - Estreptococos Grupo viridans (S. mutans; S. mitis) - Bacteroides - Candida Nariz - S. aureus - S. epidermidis - Estreptococos Orofaringe e tonsilas - S. pyogenes - Estreptococos Grupo viridans - S. pneumoniae - Neisseria sp. - S. epidermidis - H. influenzae Quiz – Responda rápido -De que forma a microbiota normal dificulta o desenvolvimento de possíveis patógenos? a) Produzindo um processo infeccioso que elimina o patógeno b) Através da competição biológica c) Através da fermentação e desenvolvimento de um produto que fagocita a bactéria d) Através da mutação gênica MORFOLOGIA BACTERIANA CLASSIFICAÇÃO BACTÉRIAS - COCOS Gram positivas Aeróbios e anaeróbio facultativo Grupo A: S.pyogenes (faringite, amigdalite, septicemia) Grupo B: S.agalactiae (septicemia neonatal, endocardite, PNM) Grupo C e G: S.equi (infecção feridas) Grupo D: Enterococcus – 14 espécies descrita Classificação - Rebeca Lancefield - 1933 S.pneumoniae Ampicilina Vanco Enterococcus faecalis Enterococcus faecium Ampicilina Vanco Gram positivas Aeróbios e Anaeróbio facultativo Staphylococcus aureus – patógeno mais importante entre os estafilococos, coloniza 20 a 40% dos adultos Infecção pele, infecção intestinal, endocardite Oxacilina Se resistência – Vanco, Teicoplanina Cefalosporina, Clindamicina Staphylococcus epidermidis – relacionado com infecções associadas ao uso de cateteres endovenosos e endocardites CLASSIFICAÇÃO BACTÉRIAS - COCOS Antimicrobianos Por que é tão importante aprender sobre os antimicrobianos? - Classe de fármacos amplamente utilizada em hospitais e comunidade; - Não afetam somente os pacientes, mas sim todo o ambiente hospitalar; - Escolha terapêutica adequada. Quais são os principais problemas relacionados à qualidade do uso clínico dos antimicrobianos? - Estudos demonstram que 50% das prescrições médicas são inadequadas; - o uso excessivo destes fármacos não apenas está associado à emergência e seleção de cepas de bactérias resistentes, mas também a eventos adversos, elevação dos custos e da morbi- mortalidade. ANTIBIÓTICOS - Classificação ► BACTERICIDA - Capacidade de matar ou lesar irreversivelmente o micro-organismo Ex.: Beta-lactâmicos, Aminoglicosídeos, Glicopeptídeos, Quinolonas ► BACTERIOSTÁTICO - Capacidade de inibir o crescimento de um micro-organismo Ex.: Macrolídeos, Linezolida e Lincosaminas Classificação – Ação Biológica ► BACTERICIDA x BACTERIOSTÁTICO Mecanismo de ação Concentração do fármaco Tipo de micro-organismo ANTIBIÓTICOS – Tratamento ► EMPÍRICO - Sinais e sintomas infecção – sem agente isolado / sem resultados cultura (hemocultura, urocultura, ST) - Descalonamento após resultado cultura ► PROFILÁTICO - Sem sinais e sintomas infecção, objetivo prevenir o surgimento em situações de alto risco Diagnóstico Etiológico – Diagnóstico de certeza – Diagnóstico Presuntivo Muitas vezes estamos nesta situação... -Paciente dá entrada no hospital com MEG (mau estado geral). E, o prescritor dará início a antibioticoterapia empírica. Porém, solicita algumas coletas de amostras e exames complementares para fechar o diagnóstico clínico do paciente. Qual é o melhor momento para colhê-los? a) Após a primeira dose de ATB b) Após as primeiras 24 horas após a internação c) Sempre que possível obter as amostras antes do início da ATB d) Após as duas primeiras doses Quiz – Responda rápido Farmacocinética e Farmacodinâmica dos ATB Antibiótico Cura Ideal Bactéria Farmacocinética e Farmacodinâmica dos ATB Antibiótico Óbito Real Bactéria Erro diagnóstico Antibiótico errado Absorção inadequada Via de administração incorreta Metabolização excessiva ou baixa Excreção acelerada ou acúmulo Dose errada Não penetra no sítio É inativada no sítio Resistência durante o tratamento Óbito: Porque isto acontece? Via oral Absorção gástrica é pequena Difusão no intestino delgado Lipofílico e não ionizado Inativadas pelo Ph gástrico Depende da cooperação do paciente Ausência de íleo/obstrução/êmese Eliminação hepática Primeira passagem pelo fígado Vias de administração Não depende de fatores de absorção Dose empregada é a dose desejada Não tem primeira passagem hepática Controlar a velocidade de infusão e adequar o método/dose da droga conforme a ação ideal (PD) Via Parenteral Pulmonar (inalatória) Nebulizadores comuns Nebulizadores ultrassônicos Intratecal Intravesical Intramuscular Tópicos (Conjuntiva, pele e mucosa nasal) Outras vias de Administração Dose Absorção 1ª Passagem Concentração e Distribuição Metabolização Excreção Farmacocinética (PK) “O que o corpo faz com a droga” Farmacodinâmica (PD) “O que a droga faz com o corpo” Concentração no sítio de infecção Concentração fora do sítio de infecção Efeito antimicrobiano Efeitos adversos Steady State Dose Ligação Proteica Steady State Excreção Renal Excreção biliar Metabolização Distribuição Farmacocinética Ideal Antibióticos – Farmacodinâmica Tempo - Dependente Concentração - Dependente Efeito Pós-Antibiótico PARÂMETRO CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS T > MIC Tempo dependente B- Lactâmicos Macrolídeos Clindamicina Vancomicina AAC 24h/MIC Concentração dependente Quinolonas Tetraciclina PICO > MIC Pico dependente Aminoglicosídeo FARMACODINÂMICA Antibióticos – Principais grupos disponíveis para uso na UTI ß-Lactâmicos Penicilinas Cefalosporinas * Carbapenens * Monobactans Quinolonas Ácido Nalidíxico Nitrofurantoína Norfloxacina Ciprofloxacina * Levofloxacina * Moxifloxacina * Gemifloxacina Glicopeptídeos Vancomicina * Teicoplanina * Oxazolidinonas Linezolida * Aminoglicosídeos Estreptomicina Amicacina * Gentamicina * Tobramicina Netilmicina Paramomicina Espectinomicina Macrolídeos Eritromicina Claritromicina * Azitromicina * Lincosaminas Clindamicina * Sulfonamidas Sulfametoxazol +Trimetoprima * Sulfadiazina Polimixinas Polimixina B * Polimixina E Daptomicina Piperacilina/Tazobactam Caso Clínico - A.J.S., 83 anos, masculino, internado por tosse com secreção amarelada, febre, hipotensão, taquipnéia, RNC, imagem em base direita no RX Tórax. - Diagnosticado: Sepse grave – foco pulmonar - Antecedentes: Hipotiroidismo e depressão - Medicamentos de uso habitual: Synthroid® VO 75mcg/dia e Lexapro® VO 10mg/dia MEDICAMENTODOSE VIA FREQUÊNCIA 1) Dieta Leve 2) Nexium® 40mg VO 1x/dia 3) Lexapro® 10mg VO 1x/dia 4) Novalgina® 1000mg EV S/N “dor/febre – até 6/6h” 5) Zyvox® (D2) 600mg EV 12/12h 6) Meronem® (D2) 1000mg EV 8/8h 7) Clexane® 20mg SC 1x/dia 8) Synthroid® 75mcg VO 1x/dia Paciente evolui com agitação importante, hipertenso, taquicárdico, hipertemia (41.2ºC), midríase e rigidez muscular. PCR em queda e Leucograma normal. Equipe médica solicita a farmácia pesquisa dos medicamentos, devido hipótese de Síndrome Serotoninérgica. Prescrição Médica Caso Clínico (cont...) Existem interações medicamentosas (IM) que podem aumentar o risco de Síndrome Serotoninérgica (SS). Dos medicamentos prescritos, quais associações medicamentosas abaixo podem estar associado a SS? A) Lexapro® x Nexium® B) Meronem® x Zyvox® C) Zyvox® x Lexapro® D) Lexapro® x Synthroid® Caso Clínico (cont...) Interações Medicamentosas Micromedex 2.0 – Truven Health Analytics Inc. - 2014 Interações Medicamentosas FDA – U.S. Food and Drug Administration – 20/10/2011 ANTIBIÓTICOS – considerações (Vancomicina) ANTIBIÓTICOS - considerações (Vancomicina) ANTIBIÓTICOS – considerações (Vancomicina) Um paciente internado aparece com febre e calafrios após o 3ºdia de uma cirurgia de hérnia. A avaliação pós operatória revela um eritema recente, dor e enduração nas margens do local afetado. Não foi encontrado outro foco de infecção e havia a drenagem purulenta no local. A coloração de Gram revelou cocos Gram +. Diante dos achados clínicos está indicada a antibioticoterapia? Existe uma infecção bacteriana óbvia ou provável? Com achados focais ou sem? Caso clínico Introdução: Programa de controle de Antimicrobianos Hospitalares Promover uso racional; Estabelecer protocolos de terapia e profilaxia; Estabelecer o perfil microbiológico das diversas unidades; Antibióticos de impacto; Medidas de prevenção Se compararmos... Penicilina, 1940, Segunda Guerra Mundial X Tempos atuais O que mudou??? Uso racional dos antimicrobianos: É possível? Dr Fleming advertiu... Até que ele alcance alguém que desenvolverá septicemia ou pneumonia e a penicilina não o salvará. Em tal caso a pessoa imprudente que prescreveu o tratamento com penicilina é moralmente responsável pela morte do homem que finalmente sucumbe à infecção com o organismo resistente à penicilina. Espero que o mal possa ser evitado. ... a população solicitará... e então a era dos abusos terá inicio. Os micróbios são educados para resistir a penicilina e o hospedeiro auxiliará na multiplicação destes microrganismos, que serão transmitidos para outros indivíduos. Bartlett JG. Clin Infect Dis 2013;56(10):1445-50 Por que o uso inadequado acontece? Medo ou ansiedade do médico; Diagnóstico clínico incorreto; Indisponibilidade de exames microbiológicos; Interpretação incorreta de exames microbiológicos; Desconhecimento dos riscos associados. Por quê chegamos nessa situação? Aumento de eventos adversos; Aumento dos custos da assistência médica; Elevação do risco de superinfecção; Aumento da resistência microbiana. Consequência da má utilização dos ATB Eventos Adversos relacionados ao uso de ATB Nefrotoxicidade: Vancomicina, polimixina B, aminoglicosídeos, anfotericina B Hepatotoxicidade Rifamicinas, azólicos, macrolídeos Cardiotoxicidade Fluorquinolonas e antimoniais Hipersensibilidade ß-lactâmicos e sulfamídicos Eles causam efeitos colaterais Diagnóstico presuntivo: Como agir? Qual é a etiologia habitual deste tipo de infecção? Qual é a sensibilidade do agente etiológico presumido? Conhecer a epidemiologia do local onde trabalhamos Agentes etiológicos mais frequente – Panorama HIAE Fatores do Hospedeiro: História de reação adversa a ATB; Peso do paciente e dose do antimicrobiano; Idade; Função renal; Função hepática; Desnutrição; Hepatotoxicidade (aumenta com a idade); Alteração osteocondral (quinolonas). Coloque na balança a escolha do Antimicrobiano O cardápio é bem variado... O tipo de germe mais provável? Quais as condições de base do paciente? Usou antimicrobiano previamente? Onde esteve internado? Podem trazer informações essenciais e podem esclarecer o quadro. Antes de iniciar um antimicrobiano reflita sobre isso Antibióticos: Não são antitérmicos/anti-inflamatório Não são ansiolíticos Não são antivirais Não são placebos Não previnem atelectasias nem flebites Não são substitutos de técnica cirúrgica apurada Não são substitutos de história e exame físico Finalmente, lembre-se: anacard@einstein.br
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