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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI - UNIVATES CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL RELATÓRIO DE VISITA AO ATERRO SANITÁRIO DE LAJEADO Gabriel Henrique Bruxel Lajeado, Junho de 2018 2 Gabriel Henrique Bruxel RELATÓRIO DE VISITA AO ATERRO SANITÁRIO DE LAJEADO Atividade realizada através de instrumentos de pesquisa e conhecimentos prévios adquiridos em sala de aula, na disciplina de SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO da Universidade do Vale do Taquari – Univates Professor: Marcelo Lajeado, Junho de 2018 3 Aos dezesseis dias do mês de Junho de dois mil e dezoito, foi realizada uma visita técnica no Aterro Sanitário de Lajeado, localizado no bairro Conventos. A visita fez parte da disciplina de Sustentabilidade e Desenvolvimento, proporcionada pelo professor Marcelo Kronbauer, e teve como objetivo, visualizar um meio totalmente diferente dos demais lugares visitados. Do luxo, modernismo e da tecnologia presente no prédio da Andrea Fehine, passando pela agricultura sustentável e totalmente ecológica presente na Agroecologia Ferrari, chegando a ultima visita, talvez a mais importante de todas, que mostrou os principais reflexos negativos da globalização, e dá não preocupação da população com o destino de seus resíduos. Figura 1Área de descargue do Lixo O Aterro Sanitário de Lajeado é gerenciado pela Cooperativa de Recicladores do Vale do Taquari (Coorevat) a mais de 14 anos. Desde o início, a cooperativa busca ampliar a eficiência no trabalho, tanto no processo de reciclagem dos resíduos, como o destino de resíduos não recicláveis. Além disso, o Aterro possui um importante aspecto social. A maioria dos trabalhadores presentes naquele lugar são pessoas de baixa renda, ou ex- presidiários, que buscam aquele lugar como uma opção para crescer na vida. Diariamente, o aterro recebe em média 60 toneladas de resíduos da população. É um número muito grande quando comparado ao número de habitantes da cidade de Lajeado. Grande parte dos resíduos provém de residências, indústrias, hospitais e construções. Segundo o engenheiro químico, são inimagináveis os tipos de resíduos que são encontrados 4 diariamente no aterro sanitário, como eletrônicos, televisores danificados, objetos cortantes e também muitas vezes lixo hospitalar, que podem trazer diversos riscos aos trabalhadores, como contaminações por exemplo. Todo lixo que chega ao aterro sanitário é destinado para um processo de triagem. Figura 2 Estação de Triagem Um dos objetivos do aterro sanitário e minimizar quantidade de resíduos através da reciclagem. Para isso, todo o lixo deve passar por um processo de triagem, que consiste em um processo manual de separação do lixo onde ocorre a separação de possíveis materiais a serem reciclados, como garrafas pet, alumínio, sacos plásticos em geral, papelão entre diversos resíduos recicláveis. É um processo que oferece muito risco aos trabalhadores, pois passam pela esteira, todo o tipo de resíduo, incluindo o lixo hospitalar e vidros. Porém, este processo não se torna muito eficiente. Cerca de 5% a 10% de todo o lixo que passa pela estação de triagem é reciclado. É um número muito pequeno quando comparado aos países europeus como a Alemanha que recicla cerca de 61% de todo o lixo produzido. Mais um 7 a 1 para os Alemães. O principal motivo desta pequena quantia de resíduos recicláveis está relacionada a contaminação causada principalmente pelos resíduos orgânicos, ou seja, muito lixo deixa de ser reciclado devido a esse problema. A população 5 precisa aprender a realizar a separação do lixo em seco e orgânico. Assim, o lixo seco, como plásticos, pode ser reciclado em maiores quantidades. Quanto ao lixo orgânico, uma prática muito importante para o meio ambiente, é a compostagem, que consiste num processo de transformação de matéria orgânica, em adubo orgânico. É considerada uma espécie de reciclagem do lixo orgânico, pois o adubo gerado pode ser usado na agricultura ou em jardins e plantas. É realizada com o uso dos próprios microrganismos presentes nos resíduos, em condições ideais de temperatura, aeração e umidade. Figura 3 Lixo Reciclável Compactado O lixo reciclado recebe um processo de compactação através de prensas que visam diminuir o seu volume facilitando a armazenagem. A maior parte do lixo que não pode ser reciclado segue para os aterros sanitários controlados. No Aterro de Lajeado, todos os resíduos são levados para as chamadas células. As bases destas células possuem um sistema de drenagem de chorume, que posteriormente serão levados para reservatórios para receber um processo de pirólise. Além disso, a base recebe uma espécie de muito resistente e de alta densidade em cima do solo para evitar que haja vazamento de líquidos para o solo, evitando assim contaminação do próprio solo e dos 6 lençóis freáticos. Além disso, o aterro de Lajeado possui um controle total com os gases, principalmente o metano que além de prejudicar a camada de ozônio, pode trazer riscos ao aterro como incêndios e explosões. Todo o lixo colocado é compactado através de maquinas, visando a maior redução do volume. O aterro de Lajeado possui ainda a última célula em funcionamento, e não possui mais área suficiente para a criação de uma nova célula devido às construções que avançaram nos últimos anos. Segundo o engenheiro químico, a capacidade da célula de suportar as 60 toneladas por dia de lixo, tem durabilidade de somente mais alguns anos. Figura 4 Aterro Sanitárior Quando as células são totalmente preenchidas, todos os resíduos são cobertos por uma lona muito resistente e por camadas de terra. Por final, é feito um gramado de cobrimento da célula, que atua como um sistema de drenagem de águas pluviais, protegendo de infiltrações de água de chuva no interior do aterro. 7 Figura 5 Célula Coberta por Gramíneas Depois do aterro sanitário, nos dirigimos para uma estação de tratamento de chorume. A mesma é considerada uma das pioneiras aqui no Brasil, sendo uma das primeiras estações de tratamento a transformar o chorume (líquido escuro que resulta da decomposição da matéria orgânica do lixo) em água totalmente potável e adubo. Segundo o administrador do local, cerca de 90% do chorume vira água e o restante vira uma espécie de adubo, que é utilizado na terraplenagem do aterro sanitário. É muito mais econômico tratar o chorume do que transportá-lo para centros de tratamentos de esgoto. Além disso, o chorume deve receber uma atenção especial, pois é uma substância muito tóxica com um cheiro muito ruim, e tem a capacidade de poluir os lençóis freáticos, prejudicando principalmente a agricultura. 8 Figura 6 Estação de Tratamento de Chorume O churume chega ao centro de tratamento através de tubulações vindas do aterro sanitário. Todo chorume é depositado em lagos onde a densidade se encarrega de depositar materiais mais densos no fundo. O local possui 2 lagos em funcionamento, onde o chorume e bombeado de um para o outro. Depois de passar pelo segundo lago, o chorume recebe um processo muito parecido com o que ocorre nos centros de tratamentos de esgoto. Ele é filtrado através do método de gradeamento e da caixa de areia. O líquido passa por grades separando os resíduos sólidosmaiores e depois é encaminhado para uma filtragem. Com o chorume filtrado, ele recebe um tratamento biológico onde o material passa por várias etapas de decantação em tanques anaeróbicos, aeróbicos e de estabilização. No tanque anaeróbico acontece a degradação orgânica pela falta de oxigênio. Depois, o chorume passa para o outro tanque onde acontece a retirada de metais pesados. 9 Figura 7 Açudes de Chorume Por último, o chorume é recolhido para uma espécie de contêiner. Lá, os equipamentos de ultima geração fazem a ultima filtragem do liquido, onde micro membranas só deixa passar as partículas de água e recebem a adições de diversas substâncias químicas. No final, o processo é impressionante, temos agua pura destilada, que volta para o seu local de origem, a natureza. Figura 8 Tecnologia de Filtragem de Chorume 10 Figura 9 Resultado Final - Agua Potável Figura 10 Água retornando a natureza 11 Portanto, vemos que o aterro sanitário possui uma gestão adequada dos resíduos que produzimos. É um aterro que oferece poucos riscos ao meio ambiente, pois todo o seu processo é de extremo controle. Além disso, ele é um meio para que as classes mais excluídas da sociedade como ex- presidiários, possam ter uma nova chance de crescimento. Porém, não adianta de nada termos um aterro que possui todas as tecnologias, se a população não tem preocupação em relação ao lixo que produzimos, pode causar uma bagunça muito grande para o meio ambiente, e também para nós! Afinal, somos nós que pagamos (através de impostos) a destinação do que produzimos. Toda a despreocupação com essa questão implica em uma diminuição da vida útil do aterro, e significa que o município terá que licenciar uma nova célula muitos anos antes do previsto. Tudo isso custa caro!.
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