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Condição do Negócio Jurídico Amanda Vanuza de Arruda Barbosa Cleodomilson Chaves Júnior Rebeca Lima de Figueirêdo Castro Rebecca Martins Teixeira Pontes Thalissa Santos Lopes Negócio Jurídico Conceito: “é aquela espécie de ato jurídico que, além de se originar de um ato de vontade, implica a declaração expressa da vontade, instauradora de uma relação entre dois ou mais sujeitos tendo em vista um objetivo protegido pelo ordenamento jurídico.” (REALE Apud GONÇALVES, 2007, p. 280) Elementos do Negócio Jurídico Essenciais – aqueles indispensáveis à existência do ato e que lhe formam a substância; Naturais – as consequências que decorrem da própria natureza do negócio; Acidentais – estipulações acessórias, que as partes podem facultativamente adicionar ao negócio, para modificar alguma de suas consequências naturais. Elementos Acidentais Conceito – “cláusulas que, apostas a negócios jurídicos por declaração unilateral ou pela vontade das partes, acarretam modificações em sua eficácia ou em sua abrangência.” (GONÇALVES, 2007, p. 336) Tipos – a) a condição; b) o termo e; c) o encargo ou modo. Indicação no CC não é taxativa – podem as partes criar outros elementos acessórios. Condição – Conceito: GONÇALVES: “acontecimento futuro e incerto de que depende a eficácia do negócio jurídico” (2007, p. 336); ORLANDO GOMES: “a disposição acessória que subordina a eficácia, total ou parcial, do negócio jurídico a acontecimento futuro e incerto” (Apud GONÇALVES, 2007, p. 337); ESPÍNOLA FILHO: “a cláusula, derivada exclusivamente da vontade dos declarantes, que subordina a eficácia ou a resolução do ato jurídico a acontecimento futuro e incerto” (Apud GONÇALVES, 2007, p. 337); Condição – Conceito: Termos em destaque: acontecimento futuro e incerto; eficácia; vontade dos declarantes; Condição – Conceito: Código Civil de 2002: “Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.” Negócios jurídicos unilaterais também admitem disposições condicionais. Exemplo de N.J. unilateral com condições TESTAMENTO PÚBLICO SAIBAM quantos este público instrumento virem, que no ano de 2012, ao dia 24 de fevereiro, compareceu como testador SEVERINO ALVES CASTILLO, que declarou ser de nacionalidade brasileira, casado [...] Então pelo referido testador, SEVERINO ALVES CASTILLO, me foi pedido, afirmando ter capacidade para testar, que em minhas notas, lhe fizesse o seu testamento pela forma pública e de acordo com a sua livre e espontânea vontade, que vai a seguir declarar, ditando-me o testador em língua portuguesa, e em voz alta e inteligível, as declarações e disposições seguintes: DECLARAÇÕES: [...] Declarou a seguir o testador que é casado pelo regime da completa e absoluta separação de bens, em virtude de pacto antinupcial [...], e de cujo matrimônio tem os seguintes filhos: [...] Que podendo livremente dispor da parte disponível de seus bens, quer e determina que por seu falecimento, fique pertencendo também a seus filhos, além da parte legítima que a lei assegura, e que toda a herança ficará gravada com a cláusula de inalienabilidade, se sua esposa MARIA PEREIRA CASTILLO estiver então em vida, e só após a morte desta, cessará esse gravame.[...] Por acharem testador e testemunhas, plena conformidade entre o que fora escrito e a livre vontade manifestada pelo testador, vão assinar o presente em seguida. [...] TESTAMENTO PÚBLICO SAIBAM quantos este público instrumento virem, que no ano de 2012, ao dia 24 de fevereiro, compareceu como testador SEVERINO ALVES CASTILLO, que declarou ser de nacionalidade brasileira, casado [...] Então pelo referido testador, SEVERINO ALVES CASTILLO, me foi pedido, afirmando ter capacidade para testar, que em minhas notas, lhe fizesse o seu testamento pela forma pública e de acordo com a sua livre e espontânea vontade, que vai a seguir declarar, ditando-me o testador em língua portuguesa, e em voz alta e inteligível, as declarações e disposições seguintes: DECLARAÇÕES: [...] Declarou a seguir o testador que é casado pelo regime da completa e absoluta separação de bens, em virtude de pacto antinupcial [...], e de cujo matrimônio tem os seguintes filhos: [...] Que podendo livremente dispor da parte disponível de seus bens, quer e determina que por seu falecimento, fique pertencendo também a seus filhos, além da parte legítima que a lei assegura, e que toda a herança ficará gravada com a cláusula de inalienabilidade, se sua esposa MARIA PEREIRA CASTILLO estiver então em vida, e só após a morte desta, cessará esse gravame.[...] Por acharem testador e testemunhas, plena conformidade entre o que fora escrito e a livre vontade manifestada pelo testador, vão assinar o presente em seguida. [...] Exemplo de N.J. unilateral com condições Elementos da condição Voluntariedade; Futuridade; Incerteza. Voluntariedade “Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.” (CC, 2002) As partes devem querer e determinar o evento; Do contrário, não haverá condição, mas conditio iuris. Futuridade A condição é sempre futura, não podendo o fato condicional ser passado. Exemplos: O pai que promete dar ao filho um carro se acaso ele passar no vestibular. O evento só vai se confirmar apenas se o filho passar no vestibular; “Prometo certa quantia se premiado foi o meu bilhete de loteria que ontem ocorreu.” – condição imprópria. O bilhete não foi premiado – a declaração é ineficaz; O bilhete foi premiado – a obrigação é pura e simples (e não condicional). Incerteza Se o fato for certo, estamos diante de um termo; A incerteza diz respeito à ocorrência do fato, e não ao período em que ocorrerá; A incerteza é objetiva – não deve existir somente na mente da pessoa, mas na realidade; A morte é termo incerto, e não condição; Exemplos:“Obrigo-me a transferir a terceiro a minha fazenda, quando o meu velho tio, que lá se encontra, falecer.” – a morte não é condição; “Obrigo-me a dar a fazenda, se o meu tio morrer até o dia 15 do mês seguinte” – a morte é condição. Possibilidade “Há de ser natural e juridicamente possível, pois se impossível for, não há incerteza e, por conseguinte, não se verificará o estado de pendência, próprio do ato condicionado.” (Francisco Amaral) . Condição Voluntária e Condição Legal Condição voluntária (conditio facti): é estabelecida pelas partes como requisito de eficácia (art. 121); Condição legal (conditio iuris): “são elementos componentes do ato e que a lei exige, já para sua existência, já para a sua eficácia, já para que produza efeitos” (SANTOS, Carvalho) – não é propriamente condição, mas pressuposto. Exemplos: Necessidade de casamento subsequente para eficácia do pacto antenupcial (CC, art. 1653); “Adquiro um imóvel por R$50.000,00 se o seu proprietário se comprometer a lavrar a escritura pública” (CC, art. 108). A não admissão de condição Atos puros: Negócios jurídicos que não admitem incerteza (aceitação e renúncia de herança); Atos jurídicos em senso estrito (reconhecimento de filho); Atos jurídicos de família; Atos que se referem aos direitos personalíssimos (direito à vida, à integridade física etc.); Classificação das condições Licitude Lícitas “Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das parte. Ilícitas Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; Possibilidade Fisicamente impossíveis Juridicamente impossíveis “Abrangem no seu conceito as imorais e ilícitas, e importam em subordinar o ato a um acontecimento infrigente da lei ou dos bons costumes” Caio Mário Art. 123. Invalidam osnegócios jurídicos que lhes são subordinados: I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. Casuais Potestativas “Diz-se potestativas a condição quando a realização do fato, de que depende a relação jurídica, subordina-se à vontade de uma das partes, que pode provocar ou impedir sua ocorrência” Silvio Rodrigues - Puramente potestativas - Meramente potestativas – Ex: Arts. 420, 505, 513. Quanto a fonte de onde promanam - Mistas “Joana só terá acesso à herança testamentária da casa do avô Bento caso permaneça casada com Jurandir”. - Promíscuas Potestativas, pelos romanos. É assegurada a bonificação para um jogador de vôlei de caso ele jogue o próximo torneio, será promíscua caso o jogador seja lesionado no braço. - Perplexas Causam confusão no intérprete João celebra com José um contrato de locação residencial, sob a condição de o inquilino não morar no imóvel. Quanto a fonte de onde promanam - Condição suspensiva “Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.” - Condição resolutiva Tácita ou Expressa “Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé” Quanto ao modo de atuação Retroatividade e irretroatividade da condição Implemento da condição Aquisição do direito pela parte Ex tunc ou Ex nunc 22 Retroatividade e irretroatividade da condição Corrente apoiada por Sílvio Rodrigues: Irretroatividade da condição, exceto em casos expressos do contrário; Corrente apoiada por Washington de B. Monteiro: Retroatividade da condição; 23 Código Civil de 1916 (Art. 122) e Código Civil de 2002 (Art. 126): ‘’Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis.’’ • Retroatividade 24 Art. 128 do Código Civil de 2002: ‘’Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé’’ • Irretroatividade Negócio de execução continuada ou periódica 25 Pendência “Enquanto não se verifica ou não se frustra o evento futuro e incerto, a condição encontra-se pendente” (GONÇALVES, 2011) Pendência Quando pendente a condição suspensiva ou resolutiva, versa o Código Civil: “Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo.” Implemento Verificação da condição. “Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento”. Frustração Quando a condição não é realizada, havendo uma não implementação. Baseando-se no princípio da responsabilidade, lembra Sílvio Rodrigues (apud Venosa, 2010:482): “Convocando ou frustrando a condição, um dos contratantes causa prejuízo ao outro, e a melhor maneira de repará-lo é considerar a condição como não ocorrida ou realizada” “Frustrada a condição, ou seja, se o evento não se realizou no período previsto, ou é certo que não poderá realizar-se, considera-se como nunca tendo existido o negócio.”(GONÇALVES, 2011:392) Frustração Agradecemos pela atenção!
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