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METODOLOGIA DA PESQUISA EM DIREITO

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METODOLOGIA DA PESQUISA EM DIREITO
Aula 1: A pesquisa e o conhecimento científico
Apresentação 
Nesta aula, estudaremos a importância e aplicação da pesquisa científica, bem como os tipos de pesquisa com base em objetivos e procedimentos. Este estudo se justifica na importante tarefa de elaborar um Trabalho de Conclusão de Curso - TCC.
 Diante dessa realidade, tomamos como ponto de partida o tema pesquisa para, com isso, disponibilizar ferramentas que auxiliem as pesquisas acadêmicas, minimizando as dificuldades encontradas na etapa final dos cursos universitários.
Objetivos 
Avaliar a importância e aplicação da pesquisa científica; 
Diferenciar os tipos de pesquisa com base em objetivos e procedimentos.
METODOLOGIA DA PESQUISA 
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de graduação objetiva alcançar uma qualificação teórica e metodológica dos graduandos (BOAVENTURA, 2009, p. 20). Sua elaboração exige um cuidadoso processo de pesquisa que se inicia com a definição do tema, sua delimitação, investigação bibliográfica, atendendo às orientações da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. 
Em nossa disciplina, vamos refletir sobre esse importante momento para a sua formação, com destaque em uma postura reflexiva, crítica e criadora, sem descuidar de uma especulação filosófica, concernente à Ética na construção de um pensamento científico com autoria. 
A disciplina objetiva, assim, fornecer instrumentos capazes de conduzi-lo por caminhos seguros para o rigor científico requerido pela universidade. Nesse sentido, o ponto de partida para a tarefa começa pelo tema Pesquisa.
Você saberia dizer o que é Pesquisa?
É um trabalho para entregar ao seu professor? É a cópia de vários textos e vários livros investigados? Impressão de tudo o que você acha na Internet sobre determinado assunto? A Internet é confiável? Qual o resultado que se espera ao término de uma Pesquisa? A Pesquisa precisa ser original, ou um resumo do que já foi produzido?
Desmistificando o conceito de Pesquisa! 
Vamos conhecer algumas definições? 
Pesquisa:
(...) atividade intelectual intencional que visa responder às necessidades humanas. (...) Pesquisar é o exercício intencional da pura atividade intelectual, visando melhorar as condições práticas de existência. 
SANTOS, 2007, 17-20
A pesquisa é um procedimento reflexivo, sistemático, controlado e crítico que permite descobrir novos fatos ou dados, soluções ou leis, em qualquer área do conhecimento. Dessa forma, a pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas por meio dos processos do método científico. Podemos, assim, indicar os três elementos que caracterizam a pesquisa: a) o levantamento de algum problema; b) a solução à qual se chega; c) os meios escolhidos para chegar a essa solução, a saber, os instrumentos científicos e os procedimentos adequados. 
RAMPAZZO, 2005, p.49
Uma definição pertinente de pesquisa poderia ser: diálogo inteligente com a realidade, tornando-se como processo e atitude, e como integrante do cotidiano. (...) Diálogo é fala contrária, entre atores que se encontram e se defrontam.
 DEMO, 2009, p.37
Pesquisar é pensar, refletir, ler, discutir, perguntar, criticar, descobrir, enfim, é buscar uma visão, uma explicação, uma ideia, uma solução para as perguntas e problemas que nos movimentam e interessam; é construir, formar e organizar um pensamento (próprio ou não); é alcançar um resultado que apazigue ou que confirme a inquietude inicial. Saber pesquisar é uma maneira para enfrentar qualquer desafio novo, e a vida dos profissionais é uma constante renovação destes desafios.
 MARQUES, 2003
Segundo Pedro Demo (2009) pesquisar coincide com criação e emancipação. Através da pesquisa se estabelece um verdadeiro diálogo com a realidade nos permitindo construir uma consciência crítica, um espírito crítico. Por isso, não se trata de copiar o que já foi dito, mas reconstruir oferecendo novas possibilidades. 
O processo da pesquisa não está reservado a poucos, mas integra o caminho de todo o estudante universitário. Para tanto, é preciso conhecer a trajetória acadêmica, ter o domínio das técnicas, o manejo dos dados e o conhecimentos das regras de formatação – as regras do jogo.
Podemos concluir que toda pesquisa é:
 • Um procedimento reflexivo; • Um procedimento sistemático, • Um procedimento crítico; • Uma atividade voltada para a solução de problemas.
Três elementos caracterizam a pesquisa: 
1 O levantamento de algum problema. 2 A solução à qual se chega. 3 Os meios escolhidos para chegar a essa solução.
A pesquisa pressupõe o conhecimento dos conteúdos mais importantes, a atualização nas polêmicas teóricas, a precisão no uso dos conceitos e a criatividade na interpretação. 
Como afirma Pedro Demo (2009), quem não pesquisa apenas reproduz ou apenas escuta. 
Por que pesquisar? 
Na vida, encontramos muitas razões que direcionam um profissional a realizar uma pesquisa. Na universidade, a pesquisa assume um lugar de destaque. É indiscutível que o ensino sempre foi considerado uma atividade primordial da universidade, desde a Idade Média. Todavia o princípio que relaciona ensino e pesquisa foi apresentado por Wilhelm Von Humboldt, na ocasião que criou a Universidade de Berlim, em 1810, introduzido no ensino brasileiro em 1968, para enriquecer a atividade universitária (BOAVENTURA, 2009, p. 20). Nesse sentido, a nossa trajetória tem mostrado que essa relação se tornou um instrumento útil de qualificação teórica para os estudantes.
O ponto de partida! Para iniciar uma pesquisa é preciso conhecer os tipos disponíveis. E, nesse sentido, uma classificação com base em critérios poderá ser útil. Nesse processo alguns cuidados são recomendáveis. Encontramos em farta literatura sobre o assunto uma classificação do ponto de vista de: • Sua natureza, ou seja, essência; • Sua abordagem, que significa forma de tratar alguma questão; • Seus objetivos, entenda-se finalidade ou motivo; • Seus procedimentos, que se traduz no sentido de maneiras de agir ou instruções. 
Recomendamos a você que estude o significado de cada um, considerando a pesquisa que terá de realizar.
Classificação da Pesquisa 
Do ponto de vista da sua natureza, ou seja, aquilo que compõe a substância do ser ou essência da pesquisa.
 Pesquisa Pura: • Objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. • Envolve verdades e interesses universais. • Motivada basicamente pela curiosidade intelectual do pesquisador.
 Pesquisa Aplicada:• Objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos. • Envolve verdades e interesses locais.
Do ponto de vista de sua abordagem, o que significa dizer modo de tratar ou ponto de vista de uma questão.
Pesquisa Quantitativa: • Traduz em números opiniões e informações para classificá-los e organizá-los. • Utiliza métodos estatísticos.
Pesquisa Qualitativa: Neste enfoque não há medição numérica, como as descrições, mas o seu propósito está em reconsiderar ou reconstruir a realidade observada. Assim: • Considera a existência de uma relação dinâmica entre mundo real e o sujeito. • Busca dar significado às relações entre os fenômenos.
Do ponto de vista dos objetivos, ou seja, quanto ao seu fim, propósito:
Exploratória
É considerado o passo inicial de qualquer pesquisa. Trata-se de uma observação, ou seja, consiste em recolher e registrar os fatos da realidade. Neste modelo temos a possibilidade de aprimoramento de ideias. Geralmente, neste tipo de pesquisa há o levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que experimentaram situações que estejam sendo pesquisadas e análise de exemplos.
Descritiva
O objetivo principal é descrever as características de algum fenômeno observado, descobrir a frequência com que ocorre, sua relação e sua conexão com outros fenômenos. Esta modalidade é típica das ciências humanas e sociais. Neste tipo de pesquisa, o estudante deve observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos (variáveis), sem manipulá-los.Explicativa
O objeto está em identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Neste modelo, temos um efetivo aprofundamento de conhecimentos, porque busca entender ou explicar as razões das coisas, o que amplia o entendimento. Nada impede que uma pesquisa explicativa seja a continuação de uma descritiva ou exploratória.
Quanto aos procedimentos, significa maneira de agir, modo de proceder, modo de fazer (algo), técnica, processo ou método. Assim, vejamos:
Pesquisa bibliográfica
Trata-se de uma etapa fundamental em todo trabalho científico que influenciará todas as etapas de uma pesquisa, na medida em que der o embasamento teórico em que se baseará o trabalho. Consistem no levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à pesquisa. Bibliografia é o conjunto dos livros escritos sobre determinado assunto, por autores conhecidos e identificados ou anônimos. 
Segundo Carlos Antônio Gil (1991, p.48): 
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.
Pesquisa documental
Trata-se de uma pesquisa realizada através de documentos que podem ser: documentos pessoais, cartas, diários, jornais, balancetes, microfilmes, fotografias, memorandos, ofícios, vídeos, documentos estatísticos e outros. Há uma análise da descrição do conteúdo manifesto para se alcançar uma rede de significados. Em ciência, documento é toda forma de registro e sistematização de dados, informações, colocando-os em condição de análise por parte do pesquisador.
Pesquisa de campo 
É a investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno. Pode incluir entrevistas, aplicação de questionamentos, testes e observações. Segundo Antônio Joaquim Severino (2007, p. 123), na pesquisa de campo “o objeto é abordado em seu próprio meio. A coleta de dados é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados”.
Histórica 
Descreve o que já aconteceu, sob a forma de investigação, registro, análise e interpretação de fatos ocorridos no passado, para poder compreender o presente. Os dados podem ser coletados em: fontes primárias - quando o investigador foi o observador direto dos eventos ou utiliza materiais de primeira mão; fontes secundárias - quando os eventos foram observados e reportados por outras pessoas e não diretamente pelo investigador. Neste caso, os dados exigem cuidadosa e objetiva análise a fim de avaliar sua autenticidade e relevância. Você já reparou que os filmes de época exigem um estudo histórico prévio? Vamos verificar. 
Comparada
 Procura estabelecer semelhanças e diferenças entre situações, fenômenos e coisas, por meio de relações entre os elementos que são comparados.
Estudo de caso 
É o estudo circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão, uma comunidade ou um país. O estudo de casos constitui-se numa metodologia de ensino participativa, voltada para o envolvimento do aluno. Os casos apresentam situações em que empresas e pessoas reais precisam tomar decisões sobre um determinado dilema. A condução do método envolve um processo de discussão, em que alunos devem se colocar no lugar do tomador de decisão, gerar e avaliar alternativas para o problema, e propor um curso de ação
Atividade 
Utilize os números para correlacionar os tipos de pesquisa aos trechos abaixo:
a) A construção de um plano estratégico de marketing para uma empresa de pequeno porte: o caso do recanto do sorvete - Tiago Nemuel Custódio . A pesquisa objetivou analisar a importância do planejamento estratégico para as organizações, principalmente às empresas de pequeno porte, caracterizando o plano de marketing como um elemento fundamental conectado às diretrizes do plano global da empresa. A metodologia utilizada na primeira etapa constituiu-se de caráter exploratório. O modelo desenvolvido por Westwood foi selecionado pelo autor e adaptado como referencial para confecção do plano de marketing sugerido ao Recanto do Sorvete. A segunda etapa da pesquisa foi de caráter descritivo, apontando a organização como exemplo de estudo de caso. Verificou-se que o plano de marketing é possível de ser implementado, desmistificando o paradigma de que os planos são aplicados somente às organizações de grande porte, pois a pequena empresa também deve crescer baseada na cultura do planejamento.
R: Estudo de caso com pesquisa descritiva e exploratória
 b) ANDRADE, G.R.B.; VAITSMAN, J. Apoio social e redes: conectando solidariedade e saúde. O objetivo da pesquisa foi analisar como se dão as complicadas relações entre a cultura baiana, a comunidade Candeal e Carlinhos Brown (artista baiano percursionista) nas gestões das organizações. Foram realizadas entrevistas e observação participante. 
R: pesquisa qualitativa
c) ROLNIK, R. Exclusão territorial e violência. A pesquisa explora o nexo entre urbanização de risco e violência urbana, utilizando a experiência concreta de diferentes cidades no Estado de São Paulo. A base empírica do estudo é uma pesquisa estruturada para avaliar o impacto de regulação urbanística no funcionamento de mercados residenciais nas cidades investigadas com mais de 20 mil habitantes.
R: Pesquisa Quantitativa
 d) Enfim, células embrionárias em teste. A primeira experiência com seres humanos começa nos EUA. Renato Grandelle – O Globo (12/10/2010). Um experimento histórico acaba de sair do papel. A Geron Corp., única empresa com aval do governo para testar terapias de células-tronco embrionárias em seres humanos. (...) Sua pesquisa é voltada para lesões de medula espinhal, um problema que atinge 12 mil pessoas por ano nos EUA. As causas mais comuns são acidentes de carro, quedas, ferimentos provocados por tiros ou pela prática de esportes.
R: Pesquisa Aplicada
 e) GLEISER, M. Criação Imperfeita. 3. ed. Rio de janeiro: Record, 2010, p. 41. Minimizar a importância e o poder da fé na vida das pessoas é um erro grave. Aqueles que acham que a tecnologia necessariamente leva a uma sociedade cada vez mais secular deveriam das uma boa olhada em torno. (...) Os incríveis avanços científicos dos últimos quatro séculos não criaram grandes mudanças no número de fiéis, mesmo se comparamos com a Grécia ou o Egito Antigos. (...) Quantas pessoas já não passaram por este mundo, ricas e pobres, reis e escravos, famosas e desconhecidas, belas e feias, pessoas que amaram e foram amadas, que sentiram alegria e dor, e que agora são apenas punhados de pó? Será que é só isso? Será que vivemos, amamos e sofremos para sermos esquecidos após algumas gerações? GLEISER, M. Criação Imperfeita. 3. ed. Rio de janeiro: Record, 2010, p. 41. 
R: Pesquisa Pura
f) História da Guerra de Canudos, o líder Antônio Conselheiro, o messianismo no Nordeste do início da República, conflitos sociais na História do Brasil. A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca, miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente a população mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um grave problema social. Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi iniciado este conflito civil. Esta durou por quase um ano, até 5 de outubro de 1897, e, devido à força adquirida, o governo da Bahia pediu o apoio da República para conter este movimento formado por fanáticos, jagunços e sertanejos sem emprego (Fonte: http://www.historiadobrasil.net/guerracanudos/). 
R: Pesquisa Histórica
g) A ciência que eu faço. Estamos realizando uma série de entrevistas, no formato de filmes de curta duração, voltadas para professores e estudantes do ensino fundamental e do ensino médio, mostrando a ciência que se faz no nosso país, especialmente nas Unidades de Pesquisaligadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT. Além de depoimentos, os entrevistados falam de suas trajetórias profissionais e do despertar para uma carreira científica. Essa é uma iniciativa do MCT, por meio do seu Escritório Regional no Sudeste e com o apoio do seu Departamento de Popularização e Difusão de C&T (Fonte: http://semanact.mct.gov.br/index.php/content/view/2796.html). 
R: Pesquisa de Campo
h) Machado de Assis: um dos mais importantes escritores brasileiros. Joaquim Maria Machado de Assis é considerado um dos mais importantes escritores da literatura brasileira. Nasceu no Rio de Janeiro em 21/6/1839, filho de uma família muito pobre. Mulato e vítima de preconceito, perdeu na infância sua mãe e foi criado pela madrasta. Superou todas as dificuldades da época e tornou-se um grande escritor. Na infância, estudou numa escola pública durante o primário e aprendeu francês e latim. Trabalhou como aprendiz de tipógrafo, foi revisor e funcionário público. Publicou seu primeiro poema intitulado Ela, na revista Marmota Fluminense. Trabalhou como colaborador de algumas revistas e jornais do Rio de Janeiro. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente. Podemos dividir as obras de Machado de Assis em duas fases: Na primeira fase (fase romântica) os personagens de suas obras possuem características românticas, sendo o amor e os relacionamentos amorosos os principais temas de seus livros. Desta fase podemos destacar as seguintes obras: Ressurreição (1872), seu primeiro livro, A Mão e a Luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia(1878) (Fonte: http://www.suapesquisa.com/machadodeassis/).
R: Pesquisa Documental e Bibliográfica
 i) Etnologia Indígena: Brasil - Austrália - Canadá: com pesquisas etnográficas. Trata-se de desdobrar um projeto de pesquisa sobre etnologia indígena em diferentes Estados nacionais, comparando, neste caso específico, os estilos de etnologia indígena na Austrália e no Canadá a partir do estilo de etnologia indígena que se faz no Brasil. A pesquisa etnográfica focaliza o tema de etnicidade e nacionalidade entre povos indígenas em fronteiras internacionais, tomando o caso das comunidades indígenas Makuxi e Wapichana ao longo da fronteira internacional entre Roraima, Brasil e as Regiões 8 e 9 da República Cooperativista da Guiana (Fonte: http://vsites.unb.br/ics/dan/geri/index.php?page=3.5).
R: Pesquisa Comparada
 Referências 
BOAVENTURA, E. M. Metodologia da pesquisa. São Paulo: Atlas, 2009. 
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
MARQUES, Cláudia de Lima. Pesquisa de iniciação científica: da inquietude ao sucesso! Palavra do orientador. Disponível em:
 http://www.ufrgs.br/propesq/informativo/ic04/orientador.htm. Acesso em: 14 mar. 2003. 
RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica: para alunos dos cursos de pós-graduação e pós-graduação. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2005. 
SANTOS, A. R. Metodologia científica. A construção do conhecimento. RJ: Lamparina, 2007. 
SEVERINO, Antônio J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2007. 
Próximos Passos
 • A escolha de um tema para pesquisa; 
• A delimitação do tema da pesquisa. 
Explore mais 
Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem. 
Acesse sites interessantes para referências bibliográficas: 
• Scielo Scientific Eletronic Library < http:// www.scielo.org/php/index,php?lang=pt>
 • Google Livros <https://books.google,com,br/>
 • Google Acadêmico <https://scholar.çoogle.com.br/>
 • Bibliotecas virtuais <http://cabana-on.com/Biblioteca/biblio.html> 
• Portal Domínio Público <http://www.dominiopublico.gov.br>
Aula 2: O problema científico: a escolha do tema e importância de sua delimitação.
Apresentação
 Nesta aula, estudaremos a necessidade de uma seleção cuidadosa do tema para a pesquisa, o que exige maturidade intelectual em relação ao assunto escolhido. Entende-se por maturidade intelectual o domínio teórico que o estudante possui sobre o assunto selecionado, bem como a viabilidade da pesquisa a partir das referências selecionadas. Neste sentido, abordaremos os desafios que envolvem a escolha do tema, bem como a necessidade de sua delimitação. 
Objetivos 
Reconhecer que a escolha de um tema para pesquisa não deve ser ao acaso; Identificar os critérios que auxiliam a delimitação do tema; Escolher o tema para o trabalho de conclusão de curso e elaborar seu mapa conceitual.
Como começar uma pesquisa?
 Inicia-se uma pesquisa pela escolha do tema. Para tanto é preciso uma série de cuidados e, nesse sentido, é importante observar que independente da área de saber, todos enfrentam desafios parecidos: escolher um tema para pesquisar não é fácil!
O tema representa o objeto da pesquisa. Por objeto, entende-se aquilo que é pensado, que será investigado (LALANDE, 1993). Assim, deve ser mais restrito que o assunto, faz parte dele. Isso mostra que o assunto é mais amplo e abrangente que o tema (LEITE, 2008, p. 190).
Acrescente-se, também, que o tema precisa ser específico para que as respostas, ao final da pesquisa, sejam igualmente específicas. 
Por isso, costuma-se dizer que a primeira e fundamental fase de qualquer pesquisa é a definição do que vai ser pesquisado. Logo, a escolha do tema não deve ser apressada (SANTOS; MOLINA; DIAS, 2007). Nesta tarefa requer-se habilidade teórico-crítica, ou seja, conhecer e dominar os conceitos, as abordagens e os autores relevantes para a pesquisa como um pressuposto importante para a escolha do tema. Há uma recomendação neste caso: 
Ler tanto quanto o tempo permita sobre o seu tema pode-lhe dar ideias não somente sobre a pesquisa que outros têm feito, mas também sobre sua abordagem e seus métodos (BELL, 2008, p. 57).
Do tema ao objeto de pesquisa! 
Quando se pretende construir um objeto de pesquisa, deve-se transformar o assunto em tema e este num objeto de investigação delimitado e preciso.
Se por hipótese, um pesquisador desejar investigar o assunto violência, deve-se indagar a que tipo de violência se refere, pois há muitas possibilidades. Poderá investigar tal assunto sob o enfoque teórico, mas deverá escolher as teorias, os autores, por exemplo.
 Podemos investigá-la sob o ponto de vista social, jurídico, psicológico, filosófico etc. Se preferir direcionar sua pesquisa para um estudo empírico precisará delimitar a um caso concreto, descrevendo-o minuciosamente. Assim, conseguirá transformar um tema em um verdadeiro objeto de pesquisa.
 Poderá pesquisar, por exemplo, os aspectos da violência doméstica contra adolescentes na realidade fluminense e suas relações com as condições sociais e econômicas das famílias moradoras nas comunidades carentes. Temos aqui um tipo específico de violência: a violência doméstica. Acrescente-se que a pesquisa pretende focalizar adolescentes na realidade fluminense e, em comunidades carentes. A partir de um tema específico poderemos alcançar respostas específicas.
Imagine que um pesquisador pretende investigar o tema liderança. Para tanto, deverá transformá-lo num objeto de pesquisa, porque falar tudo o que sabe sobre liderança não caracteriza seu trabalho como um trabalho científico. E mais. O tema é muito amplo e fatalmente haverá omissões.
 Após as leituras necessárias poderá investigar como a liderança autoritária compromete a motivação dos funcionários da Empresa XYZ. Observe que delimitou a um tipo específico de liderança e sua influência em determinada empresa.
A partir de agora pense no assunto que você gostaria de pesquisar. Lembrese: originalidade não é pré-requisito.
E que critérios devem ser considerados para a escolha do tema?
1º - O tema deve ser ESPECÍFICO! O autor do tema deve ser, nas palavras de Umberto Eco, “a maior autoridade viva sobre o assunto”. Não se assuste, mas é preciso conhecer e dominar o assunto escolhido, pois um tema mal delimitado eliminará qualquer possibilidadede uma contribuição inovadora. 
Segundo Welber Oliveira Barral (2010, p. 38), com um tema muito amplo, o pesquisador fará, no máximo, a revisão bibliográfica do tema, ou seja, um “fichamento”: uma listagem aborrecida de “fulano disse”, “beltrano falou” que não trará novidade à matéria. 
Não se esqueça! • Um tema amplo possibilita omissões; • Um tema específico dará mais segurança ao pesquisador;
2º - O tema deve ser ACESSÍVEL! 
Um tema acessível significa que as fontes devem ser examinadas pelo pesquisador. Como sugestão, observamos que: “(a) não se pode fazer uma pesquisa sobre tema cujas fontes primárias estejam em idioma estrangeiro; (b) se a pesquisa for sobre a obra de um autor estrangeiro, deve-se ler no original; (c) algumas disciplinas dependem mais da literatura estrangeira na revisão bibliográfica” (BARRAL, 2010, p. 39-40). 
Imagine que alguém resolva fazer uma pesquisa original sobre a estrutura familiar entre os ianomâmis. Provavelmente, não encontrará literatura disponível sobre o assunto. Neste caso, vale indagar: teria disponibilidade para viver por algum tempo numa reserva indígena? Que resposta daria?
 E se um pesquisador decidir realizar uma pesquisa sobre o novo código civil húngaro. Teremos aqui um grande problema: ele não domina a língua húngara. Certamente, não terá acesso às fontes primárias mais importantes para desenvolver o seu tema.
3º - A necessidade de que o tema seja EXEQUÍVEL no prazo estipulado!
 Um erro comum é acreditar que um trabalho inovador poderá ser feito em poucos dias. Um trabalho científico exige tempo para pesquisar as fontes, ler a bibliografia, refletir, escrever, revisar, corrigir. Nesse sentido, o pesquisador deve estar atento ao prazo determinado por sua instituição de ensino e “não ceder à tentação de mudar de tema ao longo da pesquisa” (BARRAL, 2010, p. 39-40). 
4º - A escolha do tema também deve considerar as EXIGÊNCIAS INSTITUCIONAIS! 
O curso pode ter linhas de pesquisa específicas, dentro das quais devem se encaixar os trabalhos realizados pelos alunos. Esse direcionamento temático é relevante porque reflete na disponibilidade de um orientador, ou seja, um professor que domine o tema, e possa, assim, auxiliá-lo ao longo da pesquisa (BARRAL, 2010, p. 39-40).
5º - Sugere-se que o tema seja ATUAL e CONTROVERTIDO! 
Um tema histórico pode ser interessante se há a necessidade de se esclarecer um problema atual. O conhecimento das experiências passadas, certamente, contribui para a compreensão da atualidade, bem como poderá minimizar eventuais erros. Todavia, há algumas dificuldades num tema histórico, principalmente no que tange ao acesso às fontes. 
A escolha de um tema do momento – também traz riscos e dificuldades. Algumas recomendações podem ser feitas também para se identificar temas atuais: conversas com o orientador e outros pesquisadores, participação em congressos na área de interesse e leitura de periódicos atualizados (BARRAL, 2010, p. 43). 
6º - A aptidão para o tema, o interesse pessoal e a maturidade intelectual!
Entende-se por aptidão, a facilidade de aprendizado de uma determinada área de conhecimento. E neste ponto, é bom recomendar que “será mais fácil ao estudante dedicar-se a uma área de conhecimento para a qual tenha aptidão, para a qual demonstre facilidade de aprendizado e entusiasmo para conhecer mais”. Deve-se tomar muito cuidado para não ser seduzido pela simpatia a professores, palestrantes, e não a temas (BARRAL, 2010, p. 43). 
Possivelmente, o trabalho será árduo se o estudante não tiver maturidade intelectual para enfrentar os desafios do tema escolhido. Essa maturidade se adquire com o tempo e com horas de leitura e análise. Não se pode aguardar a inspiração chegar, pois não há atalhos ou fórmulas mágicas para elaboração de um trabalho. 
A recomendação é a seguinte: o estudante deve se esforçar para compatibilizar o tema escolhido com o seu interesse pessoal. Segundo Antônio Carlos Gil (2010, p. 1), há razões de ordem intelectual e de ordem prática que determinam uma pesquisa.
Exemplo 
Welber Oliveira Barral (2010, p. 43), ilustra, com muita propriedade, o critério da maturidade intelectual, a partir de um exemplo interessante:
 Imagine um pesquisador que apresentou um excelente projeto, sobre a caracterização do crime na obra de Michel Foucault, sobre quem havia lido apenas um artigo. Ora, Foucault é um autor difícil, com obras extremamente densas, que demandam prévias leituras, para conhecer termos e conceitos criados pelo próprio autor. E isso não era possível no prazo que o pesquisador tinha à disposição, e que não lhe permitiria desenvolver a maturidade necessária à compreensão do tema.
De um modo geral, os autores em metodologia da pesquisa observam que o envolvimento com a pesquisa exige a disposição para a aprendizagem de conceitos e teorias da área de saber escolhida pelo estudante. À medida que o estudante se insere nessa tarefa, vai adquirindo mais autonomia intelectual para produzir uma pesquisa.
 As atividades acadêmicas, tais como elaboração de resumos, resenhas, pesquisa bibliográfica, relatórios, seminários e fichamento de textos contribuem para a ideia de atividade científica, a partir de três elementos, a saber: adquirir conhecimentos, criar novos conhecimentos e comunicá-los à comunidade científica através de um trabalho de conclusão de curso. A atividade científica, nesse sentido, envolve criticidade, rigor, disciplina e sistematicidade no manejo do objeto da pesquisa.
Consulta de várias obras durante a pesquisa. Fonte: Alexkitch/Shutterstock
Dica 
Procure elaborar um mapa conceitual sobre o tema da sua pesquisa. Podemos dizer que mapa conceitual é uma representação gráfica de um conjunto de conceitos que se relacionam dentro de um tema. Neste mapa, inserimos conceitos e observamos as relações que guardem entre si. As relações entre os conceitos são especificadas através de frases/palavras de ligação nos arcos que unem os conceitos. As frases/palavras de ligação têm funções estruturantes e exercem papel fundamental na representação de uma relação entre dois conceitos.
Muitos denominam o mapa conceitual como um brainstorm , expressão em língua inglesa que denota “tempestade de ideias”.
Vamos ver um exemplo?
 Diagrama do mapa conceitual acima é de um brainstorm, onde tempos modernos o foco central e tópicos relacionados fazem as ramificações
Observe que o tema central é Tempos Modernos. Na tentativa de delimitar o tema, o pesquisador relacionou o conceito aos termos: filme, crescimento populacional, violência etc. Usou palavras de ligação tais como: facilitou, aumenta, ampliou, modifica etc. Siga este exemplo! Sempre que se inicia uma pesquisa, há muitas informações que precisam ser selecionadas, organizadas e classificadas. É preciso pensar nas questões-chave que envolvem o seu tema, as principais teorias, como foram aplicadas e desenvolvidas, bem como as principais críticas que foram elaboradas em relação ao tema escolhido. Com o mapa conceitual você terá um quadro contendo os pontos centrais que envolvem o seu tema, ou seja, elabora um esboço de estrutura teórica com os aspectos principais a serem estudados. 
Agora que você já compreendeu que a escolha de um tema envolve cuidados imprescindíveis, com base nos critérios sugeridos, realize a seguinte tarefa:
01 Elabore uma lista de temas possíveis para sua pesquisa. 
02 Decida-se por um tema desta lista. 3 4 
03 Formule uma lista de questões que envolvem o tema escolhido. 
04 Certifique-se de que tem clareza sobre os conceitos, teorias e autores que trabalham o tema selecionado. 
05 Elabore um mapa conceitual. 
06 Separe a bibliografia pertinente (pelo menos cinco referências) e inicie a tarefa de fichamento. 
Concluindo 
Escolher um tema é mais difícil do que parece de início. Dispondo de tempo limitado, há a tentação de escolher um tema antes do trabalho base ter sido realizado, mas tente resistir à tentação. Prepare-se bem e você economizará tempo mais tarde. 
Suas discussões e indagações vão ajudá-lo aescolher um tema que possa ser de seu interesse, que você tenha uma boa chance de concluir, que valerá o esforço e que poderá até ter alguma aplicação prática mais tarde.
Escolher um tema pode ser difícil. Fonte: imtmphoto/Shutterstock
Notas 
Conceitos 
"Representação mental de um objeto abstrato ou concreto, que se mostra como um instrumento fundamental do pensamento em sua tarefa de identificar, descrever e classificar os diferentes elementos e aspectos da realidade.” (Dicionário HOUAISS). 
Teorias “Uma série de proposições abstratas inter-relacionadas sobre as questões humanas em o mundo social que explicam suas regularidades e relacionamentos.” (BREWER, 2000, p. 19 apud BELL, 2008, p. 90).
 “Um conjunto de constructos (conceitos) inter-relacionados, definições e proposições, que apresenta uma concepção sistemática dos fenômenos mediante a especificação de relações entre variáveis com o propósito de explica-los e prevê-los” (KERLINGER, 1973 apud CERVO; BERVIAN; SILVA, 2006, p.22).
 Brainstorm “Técnica de discussão em grupo que se vale da contribuição espontânea de ideias por parte de todos os participantes, no intuito de resolver algum problema ou de conceber um trabalho criativo.” (Dicionário HOUAISS). 
Estrutura teórica “Estruturas são mecanismos eficientes para reunir e sumarizar fatos. Estrutura teórica é um disposto explanatório que explica os pontos principais a serem estudados” (BELL, 2008, p.91). 
Referências 
BELL, Judith. Projeto de pesquisa: guia para pesquisadores iniciantes em educação, saúde e ciências sociais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
 BOAVENTURA, E. M. Metodologia da pesquisa. São Paulo: Atlas, 2009. 1 2 3 4
 CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 
MARQUES, Cláudia de Lima. Pesquisa de iniciação científica: da inquietude ao sucesso! Palavra do orientador. Disponível em: http://www.ufrgs.br/propesq/informativo/ic04/orientador.htm. Acesso em: 14 mar. 2003.
 RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica: para alunos dos cursos de pós-graduação e pós-graduação. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2005. 
SANTOS, A. R. Metodologia científica. A construção do conhecimento. RJ: Lamparina, 2007. 
SANTOS, G. do R. C. M.; MOLINA; N. L.; DIAS, V. F. Orientações e dicas práticas para trabalhos acadêmicos. Curitiba: IBPEX, 2007. 
SEVERINO, Antônio J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2007. 
Próximos Passos • A realização da pesquisa bibliográfica e sua discussão. Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
Aula 3: O problema científico: realização da pesquisa bibliográfica e sua discussão.
Apresentação 
Nesta aula, estudaremos a pesquisa bibliográfica e sua relevância para um trabalho científico. Com essa intenção, observaremos que o envolvimento com o conhecimento científico exige como ponto de partida uma investigação sobre conceitos, teorias e autores. E é justamente a partir da pesquisa bibliográfica que envolve fichamento, elaboração de relatórios que viabilizamos a aprendizagem do conteúdo, bem como o desenvolvimento da atitude científica. 
Objetivos Realizar a pesquisa bibliográfica pertinente ao seu objeto de pesquisa; Organizar as fontes bibliográficas para leitura.
O problema científico: Realização da pesquisa bibliográfica e sua discussão.
O que se pode pesquisar na internet?
Se enxerguei um pouco mais longe, foi por estar em pé sobre ombros de gigantes.
Isaac Newton foi considerado um grande pensador da Física Moderna, mas confessou que não chegou ao lugar que queria sozinho. Precisou investigar pensadores e suas obras. Newton não elaborou sua teoria da gravidade do nada, mas seu ponto partida foram as ideias de quem veio antes dele. 
Assim, nos ensina uma boa lição:
Qualquer estudo científico deve partir de pesquisas bibliográficas e/ou documentais. Isto significa dizer que o estudante deve basear suas ideias em teorias já existentes ou informações específicas sobre o tema a ser estudado.
Dessa maneira, não vai realizar o seu trabalho às cegas, mas tudo o que disser encontrará apoio em autores estudiosos do assunto e em trabalhos publicados. A estrutura teórica a ser utilizada na pesquisa científica deve resultar de dados bibliográficos e documentais selecionados criteriosamente em leituras e fichamentos. Segundo autores de metodologia:
Qualquer espécie de pesquisa, em qualquer área, supõe e exige uma pesquisa bibliográfica prévia, quer para o levantamento do estado da arte do tema, quer para a fundamentação teórica ou ainda para justificar os limites e as contribuições da própria pesquisa. CERVO; BERVIAN; SILVA, 2006, p. 60.
Lembre-se, qualquer trabalho científico só assumirá esse caráter se discutido, analisado ou fundamentado em conceitos e teorias já consagradas, seja para confirmar ou não as ideias presentes no trabalho. Tal fundamentação teórica se faz por meio de uma pesquisa bibliográfica e/ou documental exaustiva. 
Conceitos importantes! 
Antes de tudo é preciso conhecer alguns conceitos, tais como: fonte bibliográfica, fontes primárias e secundárias.
 Em metodologia, entende-se por fonte a informação essencial para a construção do conhecimento a partir da escolha do objeto de pesquisa. Nesse aspecto, é muito comum diferenciar fontes primárias de secundárias. Sendo a fonte primária, o objeto em análise.
Numa pesquisa de laboratório, as fontes primárias serão os resultados obtidos a partir da experiência química. Numa pesquisa antropológica, serão os relatórios relativos ao comportamento do grupo social observado. BARRAL, 2010, p.91.
Quando investigamos fontes secundárias, analisamos os comentários sobre as fontes primárias. Trata-se da literatura disponível sobre o tema, estudos publicados, palestras e conferências em que um pesquisador apresenta seus estudos sobre determinado objeto de pesquisa (BARRAL, 2010).
 Nesta classificação das fontes, uma consequência é inevitável: a fonte primária é prioritária para qualquer pesquisa. Não se deve construir o embasamento teórico de uma pesquisa apenas sobre fontes secundárias (BARRAL, 2010).
Alguns cuidados são importantes: 
01 Não podemos usar a fonte secundária para confirmar a existência de um dado primário. Por exemplo: “Segundo Norberto Bobbio, o conceito de vontade geral é definido por Rousseau como...”. Observe que Rousseau é a fonte primária, assim o estudante deve examiná-lo e interpretá-lo diretamente. Como adverte Welber Oliveira Barral (2010, p. 92), “ao socorre-se de argumento de autoridade, na realidade enfraquece seu papel de intérprete. E isso não é admissível numa pesquisa científica.” 
02 Deve-se esgotar a fonte primária, lendo o conteúdo com cuidado para embasar suas ideias de maneira eficiente. Por exemplo: Imagine uma pesquisa realizada por um estudante de Direito sobre os direitos da companheira. Ele deseja investigar como o Tribunal de Justiça do seu Estado está interpretando a lei. Neste caso é importante examinar minuciosamente a íntegra dos acórdãos deste Tribunal e não somente a ementa das decisões. 
03 Numa pesquisa deve-se evitar o uso de manuais, porque são publicações didáticas que apresentam uma abordagem inicial e superficial sobre os temas discutidos. Tais publicações servem ao propósito de despertar o interesse do estudante. Assim, cuidado, pois manuais não são fontes primárias, bem como não são considerados como fontes secundárias.
 04 Todo estudante pergunta quantas fontes devem ser consultadas. O fato é que sobre o tema da sua pesquisa, você deverá ler tudo o que já se publicou. Como recomenda Welber Oliveira Barral (2010, p. 93), “todas as publicações referentes ao problema escolhido devem ser analisadas”. 
05 Não confie na sua memória! Faça anotações e previna-se contra o plágio. Todos os dados utilizados na sua pesquisa devem provir de fontes confiáveis, e mais, identificáveis.Anote os elementos essenciais da obra que está sendo utilizada. Para tanto, consulte a ficha catalográfica que fica no verso da folha de rosto da publicação. Vamos combinar que perder horas para achar o nome da editora daquele livro importantíssimo, mas que você não anotou, ninguém merece!
 Pesquisa bibliográfica
É uma etapa fundamental em todo trabalho científico que influenciará todas as etapas de uma pesquisa, na medida em que der o embasamento teórico em que se baseará o trabalho. Consistem no levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à pesquisa. O termo bibliografia significa o conjunto dos livros escritos sobre determinado assunto, por autores conhecidos e identificados ou anônimos. Há uma regra de ouro no caso da pesquisa bibliográfica: nunca vá a uma biblioteca sem saber exatamente o que procurar. Existem obras de referência que são publicações que trazem resumos de trabalhos publicados em diversas áreas, consulte-as! Livro em biblioteca. Fonte: LeicherOliver/Shutterstock
A pesquisa bibliográfica é, portanto o exame de uma bibliografia para levantamento e análise do que já se produziu sobre determinado assunto que assumimos como tema de pesquisa científica. E nesse sentido encontramos dois tipos de fontes:
Fontes primárias
Contém trabalhos originais com conhecimento original e publicado pela primeira vez pelos autores. Exemplos: Monografias, teses universitárias, livros, relatórios técnicos, artigos em revistas científicas, anais de congressos.
Fontes secundárias
Contém trabalhos não originais e que basicamente citam, revisam e interpretam trabalhos originais. Exemplos: Artigos de revisão bibliográfica, livros-texto, tratados, enciclopédias, artigos de divulgação
A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anis de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado pela Internet. GIL, 2010, p.29.
Pesquisa documental
 Trata-se de uma pesquisa realizada através de documentos que podem ser: documentos pessoais, cartas, diários, jornais, balancetes, microfilmes, fotografias, memorandos, ofícios, vídeos, documentos estatísticos e outros.
 Há uma análise da descrição do conteúdo manifesto para se alcançar uma rede de significados. Em ciência, documento é toda forma de registro e sistematização de dados, informações, colocando-os em condição de análise por parte do pesquisador. Jornais antigos. Fonte: piosi/Shutterstock
Para Antônio Carlos Gil (2010) a pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença está no fato de a bibliográfica utilizar fundamentalmente as contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto. Neste caso, utiliza materiais que não receberam o tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados. Neste aspecto, observa:
O conceito de documento, por sua vez, é bastante amplo, já que este pode ser constituído por qualquer objeto capaz de comprovar algum fato ou acontecimento. GIL, 2010, p. 31
O que se pode pesquisar na internet?
A internet é um conjunto de redes de computadores interligados no mundo inteiro. Nesse sentido, permite a pesquisa de milhares de informações diferentes, hoje, um acervo extraordinário. Como encontramos muitas informações, temos que selecionar o material de pesquisa em sites confiáveis. 
Para pesquisar na internet, temos sites de busca tais como: Google, Alta Vista, Excite e Yahoo. Além de vários endereços eletrônicos de bibliotecas que colocam disposição informações de fontes bibliográficas. Também, encontramos disponível na internet o site das editoras contendo informações sobre os lançamentos editoriais; sites de revistas eletrônicas, jornais, A instituições de pesquisas e entidades culturais.
 internet oferece muitas possibilidades de busca. Fonte: nmedia/Shutterstock 
Em qualquer situação é importante respeitar as regras de utilização das informações disponíveis. Nunca utilize informações de outrem sem referenciar a fonte. Ademais, observe a veracidade das informações postadas na Web. Administre as imperfeições no conteúdo, verificando a fonte da informação obtida. Lembre-se, a internet é livre, mas há autoria que deve ser respeitada.
Saiba mais 
Wikipédia
 A Wikipédia é uma enciclopédia livre, baseada na edição do seu conteúdo de forma colaborativa. Qualquer pessoa poderá se tornar um editor de algum conteúdo. Observe que é uma enciclopédia multilíngue, podendo ser escrita em diversos idiomas e em diferentes regiões. Por ser uma enciclopédia livre, não há fins lucrativos e qualquer informação publicada poderá ser transcrita, modificada e ampliada por qualquer pessoa. Será que é confiável?
Veja algumas dicas de pesquisa na internet:
Dicas de pesquisa na internet.  https://www.youtube.com/embed/pxmi4Mxh4VA
Para fazer uma boa pesquisa bibliográfica é preciso seguir algumas etapas. Vamos conhecê-las?
1 Identificar e conhecer o acervo existente sobre o assunto nas bibliotecas a serem consultadas. 
2 Localizar e fichar os diferentes tipos de obras e documentos ali catalogados, como livros, artigos, revistas, jornais, relatórios científicos etc.
 3 Iniciar a consulta pela leitura geral sobre o assunto, depois pela leitura especializada. 
4 Copiar os dados e informações obtidos anotando as referências indispensáveis para o trabalho. 
Dica! 
Alguns autores sugerem o fichamento como recurso útil no momento de uma pesquisa bibliográfica. De fato, nos parece um recurso valioso. Vamos aproveitar os exemplos ofertados por Welber Oliveira Barral (2010, p. 100- 101) sobre os tipos de fichamento: 
Fichamento de uma citação 
Transcrever trechos significativos da obra.
Título: Direito e Desenvolvimento 
Referência: BARRAL, Welber O. (Org.). Direito e desenvolvimento: análise da ordem jurídica brasileira sob a ótica do desenvolvimento. São Paulo: Singular, 2005. 
Aluno: (nome do aluno)
 “O que é desenvolvimento? Trata-se de uma palavra de sentido vago, à qual raramente se agregam diversos adjetivos, como “infantil” ou “regional”, como conotações não apenas distintas, mas muitas vezes contraditórias.” (p. 31)
Fichamento resumo
 Paráfrases, sínteses pessoais das principais ideias do autor.
Título: Direito e Desenvolvimento 
Referência: BARRAL, Welber O. (Org.). Direito e desenvolvimento: análise da ordem jurídica brasileira sob a ótica do desenvolvimento. São Paulo: Singular, 2005. 
Aluno: (nome do aluno)
 O autor inicia o livro questionando o conteúdo do termo desenvolvimento, principal problema que o livro busca analisar. Ressalta que esse termo tem a si atribuídos diversos adjetivos.
Fichamento crítico (resenha) 
O autor do fichamento elabora um resumo das ideias do autor lido e oferece uma opinião pessoal sobre o tema estudado.
Título: Direito e Desenvolvimento
 Referência: BARRAL, Welber O. (Org.). Direito e desenvolvimento: análise da ordem jurídica brasileira sob a ótica do desenvolvimento. São Paulo: Singular, 2005. 
Aluno: (nome do aluno) 
A ideia central do livro é discutir a noção de desenvolvimento, analisando a ordem jurídica brasileira a partir da ótica do desenvolvimento. Ao propor esta abordagem, o objetivo dos autores é verificar não apenas de que forma o direito influencia o processo de desenvolvimento, mas também constatar como o direito brasileiro influencia o processo de desenvolvimento nacional.
Preparando o terreno...
 Já vimos que se deve ler tanto quanto o tempo permita. Nesta tarefa, certifique-se se você pode confiar no que está lendo. E se existem outras fontes confirmando ou não tais ideias. Cabe lembrar que é preciso saber quem é o autor que está sendo lido, sua trajetória em determinado campo do saber e se o seu pensamento é tendencioso ou não. Assim que você estabelecer uma rotina para isso, oregistro de tais informações será automático. Não dependa somente de informações obtidas da internet e utilize o tipo de fichamento que lhe for mais conveniente.
Consulte obras de referências, periódicos científicos, teses e dissertações, anais de encontros científicos e periódicos de indexação e resumo. Por fim, uma recomendação bem interessante de Welber Oliveira Barral (2010, p. 94) e que poderá ser muito útil:
Um recomendação especial se refere à coleta e armazenamento de dados por meio eletrônico. Em outras palavras, o seu cândido computador não é um ser confiável. Ele terá algum problema grave por ano. Por isso, tome cuidado em gravar semanalmente uma cópia de segurança de todos os dados obtidos eletronicamente e, obviamente, dos capítulos redigidos. Lembre-se da Lei de Murphy: se alguma coisa pode dar errado, ela vai dar errado. E normalmente às vésperas da data de entrega do trabalho. BARRAL, 2010, p.94.
Agora que você já estudou as fontes bibliográficas, com base nos critérios sugeridos, realize a seguinte tarefa no seu bloco de notas: 
01 Pesquise em obras de referências, publicações que tratam do seu tema de pesquisa.
 02 Elabora a sua lista de referências. 
03 Assegure-se que todas as referências estão completas. 
04 Organize-as segundo a classificação das fontes em primárias e secundárias 
05 Inicie a leitura, com posterior fichamento, deixando bem claro o que é citação e o que é paráfrase do texto lido. 
Referências
BARRAL, Welber O. Metodologia da pesquisa jurídica. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. 
BELL, Judith. Projeto de pesquisa: guia para pesquisadores iniciantes em educação, saúde e ciências sociais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
 BOAVENTURA, E. M. Metodologia da pesquisa. São Paulo: Atlas, 2009. 
CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
SEVERINO, Antônio J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2007.
Próximos Passos • A problematização do tema; • A construção de hipóteses e as questões norteadoras.
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Aula 4: O problema científico: a problematização do tema. A construção de hipóteses e as questões norteadoras.
Apresentação 
Nesta aula, estudaremos a maneira como a escolha do tema se transforma na formulação de um problema científico. Investigaremos os critérios que auxiliam a construção do problema a partir de variáveis e a formulação de hipóteses. Este é o momento crucial de todo o planejamento de sua pesquisa. 
Objetivos
 Formular de maneira lógica e coerente um problema científico para sua pesquisa; Reconhecer os critérios para avaliar um problema na pesquisa científica; Identificar os conceitos de variável e hipótese.
O problema científico: A problematização do tema 
Quando realizamos uma pesquisa, não basta delimitar o tema a um objeto de pesquisa, mas deve-se identificar em seguida um problema específico que será analisado no trabalho. Problematizar é outro desafio após a escolha do tema, mas configura passo importante para o estudo. Quando problematizamos explicitamos a dificuldade que pretendemos resolver. 
É neste ponto que a problematização se relaciona diretamente com o foco do trabalho, no que se refere ao tema selecionado. É a pergunta a ser respondida ao final, pois um tema pode abranger problemas distintos. Por isso, se o estudante não delimitar claramente o problema – o enfoque – terá dificuldades em organizar a pesquisa e a redação.
Jovem adulta realiza pesquisa em computador. Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock
Para dar maior clareza, deve-se formular o problema como um questionamento, encerrando a frase com um ponto de interrogação. O trabalho pretenderá, portanto, responder àquele questionamento específico.
Assim como a descrição de um tema, sua delimitação, a explicação de um objetivo, seja ele real ou específico, a formulação do problema é imprescindível à pesquisa. O mesmo deve ter as seguintes características: clareza, objetividade, concisão e especificidade, evitando, assim, formulações genéricas que lembrem um questionário qualquer, em que não se consiga um desenvolvimento mais profundo. KAHLMEYER-MERTENS, 2007, p. 39
Com a formulação do problema como uma pergunta, deve-se esclarecer para o próprio estudante qual é o foco central do trabalho, o que se saberá quando a pesquisa for concluída. Podemos denominar de questão-problema, pergunta de partida ou questão norteadora da pesquisa. 
Os dicionários definem o termo problema como obstáculo, contratempo, dificuldade que desafia a capacidade de solucionar de alguém. Também mencionam: situação difícil, conflito, pessoa, coisa ou situação incômoda, preocupante. E problema científico como assunto controverso, ainda não satisfatoriamente respondido, em qualquer campo do conhecimento, e que pode ser objeto de pesquisas científicas ou discussões acadêmicas. Dizendo de outro modo, questão não solvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento. 
Problematizar significa (MARTINS, 2005, p. 137):
1 Transformar o assunto e problema, pois assim se torna pesquisável de modo a poder produzir respostas específicas. 
2 Identificar no tema escolhido alguma dificuldade teórica ou prática, para a qual se deve encontrar uma solução.
 3 Descobrir no assunto uma situação controvertida, passível de discussão.
Descobrir no assunto uma situação controvertida, passível de discussão 
Não são problemas científicos
 Segundo Antônio Carlos Gil (2010, p. 8-9), nem todo problema é passível de tratamento científico! Vamos começar observando o que não pode ser considerado um problema científico e as razões dessa negativa. Deve-se indagar se o problema formulado se enquadra na categoria de problema científico. Portanto, não são problemas científicos aqueles que expressam o sentido de problemas ou questões de engenharia.
Deve-se indagar se o problema formulado se enquadra na categoria de problema científico. Fonte: Shutterstock 
Essa denominação foi criada por Fred Kerlinger (1980 apud Gil, 2010) porque denotam a preocupação em como fazer algo de maneira eficiente. Em nada se relaciona com a faculdade de engenharia, mas com construção, criação, execução de algo em que se utilize engenho e arte. Nas palavras de Antônio Carlos Gil (2010, p. 8), não indagam como são as coisas, suas causas e consequências, mas indagam acerca de como fazer as coisas.
Exemplo: “Como fazer para melhorar os transportes urbanos?” “Como aumentar a produtividade no trabalho?”
 Outra categoria que não configura um problema científico são os problemas de valor. Estes são aqueles que indagam se algo é bom ou mau, desejável ou indesejável, certo ou errado, melhor ou pior, se algo deve ou não ser feito (GIL, 2010, p.9). Aqui, também, não há a possibilidade de uma investigação nos moldes próprios da ciência. Estamos no terreno da subjetividade.
Exemplo: “Os pais devem dar palmadas nos filhos?” “Qual a melhor técnica para a propaganda?”
Como formular um problema científico?
Deve-se tomar como ponto de partida uma proposição que poderá ser testada, verificada. Há critérios para isso. Preste atenção em alguns! Gil, 2010, p. 10
O problema deve ser claro e preciso:
1 Não deve ser formulado de maneira vaga. 
2 Os termos usados devem ser adequados. 
3 Deve ser solucionável. 
4 Deve apresentar objetividade. 
5 Não pode conduzir a julgamentos morais (considerações subjetivas).
Exemplo 
Um bom exemplo para uma questão que prescinde de clareza é a seguinte pergunta: “Como funciona a mente?” ou “Os cavalos possuem inteligência?” Não são problemas solucionáveis, porque ambíguos, vagos ou apresentam uma linguagem do senso comum (GIL, 2010).
 Imagine a seguinte questão: “os moradores dos grandes centros são melhoresque os do campo?” Estamos diante de julgamentos morais, no campo da subjetividade, inviabilizando uma possível investigação científica.
O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável: • A delimitação do problema está relacionada com os meios disponíveis para investigação. • Delimitar significa impor limites, objetivar e restringir.
Dica 
Após delimitar o tema procure ler o que os autores falam sobre ele e anote como problematizaram o tema. Observe como levantaram questões norteadoras da pesquisa, bem como responderam a essas questões formuladas. Eis um bom exercício para ajudá-lo na problematização de um tema. Pesquisa alguma poderá prescindir de uma boa problematização!
Não se preocupe, porque formular um problema científico nada mais é do que aperfeiçoar, isto é, estruturar com mais detalhes o objeto da pesquisa. Temos que evitar questões demasiado gerais, tais como (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 36-37): 
“Por que alguns casamentos duram mais que outros?”
 “As pessoas que se submetem à psicoterapia mudam com o tempo?”
 “Os empresários se comprometem mais com suas empresas que os funcionários?”
 “Como estão relacionados os meios de comunicação de massa com o voto?”
De fato, a maneira como foram formuladas dá margem à grande quantidade de dúvidas. Como poderei investigálas? É melhor que sejam precisas.
O problema deve conter variáveis
Um problema é de natureza científica quando envolve variáveis que podem ser tidas como testáveis, que podem ser observadas e manipuladas, enfim, verificadas na realidade ou em seu meio. O que entendemos por variáveis? Uma variável é uma propriedade que pode variar e, por conseguinte é suscetível de medição e observação. SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 121. 
Podemos pensar em alguns exemplos de variáveis: sexo, atributos físicos, tipos de personalidade, uma situação, um tipo de motivação, produtividade de determinado tipo de objeto, eficiência em procedimentos, eficácia de determinada medida, dentre outros.
O termo variável é o dos mais utilizados na linguagem acadêmica. Seu objetivo é o de conferir maior precisão aos enunciados científicos, sejam hipóteses, teorias, leis, princípios ou generalizações. O conceito de variável refere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes aspectos, segundo os casos particulares ou as circunstâncias (GIL, 2002, p.36). Assim, adquirem valor para a pesquisa científica quando se relacionam com outras variáveis possibilitando a formulação de uma teoria ou hipótese. É preciso definir conceitualmente as variáveis que integram o problema científico (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 121).
1 Exemplo 1 “Em que medida a escolaridade determina a preferência político-partidária?” Aqui, temos duas variáveis relacionando-se: escolaridade; preferência político-partidária.
 2 Exemplo 2 “Os alunos de Administração são mais conservadores que os de ciência sociais.” Aqui temos duas variáveis relacionando-se: curso; conservadorismo. 
3 Exemplo 3 “A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação dos filhos.
” Aqui, temos duas variáveis relacionando-se: classe social; tempo de amamentação.
 As variáveis podem ser:
Independentes 
São aquelas que influenciam, determinam ou afetam outra variável. São percebidas como a condição ou a causa para certo resultado, efeito ou consequência.
 Exemplo: 
“Se dermos pancada no joelho (variável independente) dobrado de um indivíduo, sua perna esticará”.
Dependentes 
Consistem nos valores a serem explicados ou descobertos, em virtude de serem influenciados, determinados ou afetados pela variável independente. 
Exemplo:
 “Se dermos uma pancada no joelho dobrado de um indivíduo, sua perna esticará (variável dependente)”.
Intervenientes 
São aquelas que numa sequência causal, se colocam entre a variável independente e a dependente, tendo como função ampliar, diminuir ou anular a influência de uma sobre a outra. 
Exemplo:
 “A liderança autoritária (variável interveniente, pois interfere na relação entre a variável independente e a dependente) influencia na motivação dos colaboradores.” 
Hipóteses: de onde surgem? 
Quando formulamos um problema científico refletimos sobre possíveis respostas para o problema proposto. Essa resposta provisória é a hipótese do trabalho.
As hipóteses indicam o que estamos buscando ou tentando provar e se definem como tentativas de explicações do fenômeno pesquisado. SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 118. 
A hipótese é a ideia que o trabalho se propõe a apresentar. Advertem alguns autores que nem todas as pesquisas suscitam hipóteses, dependerá da área de saber e o do estudo proposto, porque em muitas situações, principalmente em pesquisas exploratórias não será possível a formulação de hipóteses antes da coleta de dados.
Exemplo:
 Problema: O índice de câncer pulmonar é maior entre fumantes? Hipótese: O índice de câncer pulmonar é maior entre os fumantes do que os não fumantes.
Como se percebe no exemplo acima, as hipóteses podem ou não ser comprovadas ao final de uma pesquisa. Ela difere de uma afirmação de fato, porque não estamos certos de sua comprovação antes do término da pesquisa. Inicialmente, há uma tentativa de resposta à pergunta. Observa-se que:
A pesquisa científica, as hipóteses são proposições quanto às relações entre duas ou mais variáveis e se fundamentam em conhecimento organizado e sistematizado. As hipóteses podem ser maios ou menos gerais ou precisas, e envolver duas ou mais variáveis, mas em todo caso são apenas proposições sujeitas à comprovação empírica. SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 120.
Exemplo: “Quanto maior a autoestima, haverá menor medo de sucesso”.
Quais os critérios que devem ser observados na formulação de hipóteses? 01 As hipóteses devem referir-se a uma situação real. 02 As variáveis da hipótese devem ser compreensíveis. 03 A relação entre variáveis propostas na hipótese deve ser clara e verossímil. 04 A relação entre as variáveis deve ser observável e mensurável. 05 As hipóteses devem estar relacionadas às técnicas disponíveis para comproválas. (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 124).
Quais os critérios que devem ser observados na formulação de hipóteses? 
01 As hipóteses devem referir-se a uma situação real. 
02 As variáveis da hipótese devem ser compreensíveis. 
03 A relação entre variáveis propostas na hipótese deve ser clara e verossímil. 
04 A relação entre as variáveis deve ser observável e mensurável. 
05 As hipóteses devem estar relacionadas às técnicas disponíveis para comproválas. (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 124).
Atividade
 Agora que você já estudou como formular um problema científico, com base nos critérios sugeridos, realize a seguinte tarefa: 
1. Formule a primeira versão do problema científico de sua pesquisa como uma pergunta de partida. 
2. Certifique-se se foram respeitados os critérios para formulação de um problema científico. 
3. Separe e defina conceitualmente as variáveis que integram a sua pergunta de partida. 
4.Toda problematização possibilita uma resposta provisória, formule-a como uma hipótese.
Referências 
BARRAL, Welber O. Metodologia da pesquisa jurídica. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. 
BELL, Judith. Projeto de pesquisa: guia para pesquisadores iniciantes em educação, saúde e ciências sociais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 
BOAVENTURA, E. M. Metodologia da pesquisa. São Paulo: Atlas, 2009. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
SAMPIERI, Roberto H.; COLLADO, Carlos F.; LUCIO Pilar B. Metodologia da pesquisa. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. 
Próximos Passos
 • Determinação dos objetivos e construção da justificativa da pesquisa. Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. 
Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambientede aprendizagem.
Aula 5: A construção do projeto de pesquisa I: a determinação dos objetivos e justificativa da pesquisa
Apresentação
 Nesta aula, estudaremos a importância da formulação de objetivos para todo e qualquer trabalho de pesquisa. Compreenderemos, também, que para sua construção dois critérios são imprescindíveis: a clareza e a objetividade. Em seguida, abordaremos o conteúdo de uma justificativa como elemento essencial aos projetos de pesquisa. 
Objetivos 
Construir os objetivos claros e precisos para a sua pesquisa; Elaborar de maneira discursiva as razões que justificam investigar o seu problema científico.
A construção do projeto de pesquisa I: A determinação dos objetivos e justificativa da pesquisa 
Se toda pesquisa está direcionada ao conhecimento, deverá conter objetivos e, nesse sentido, podemos afirmar que os objetivos se aproximam da definição do objeto a ser investigado.
A função do objetivo é justamente repetir onde o autor [da pesquisa] pretende chegar. Welber Oliveira Barral, 2010, p. 59.
 Logo, a intenção do pesquisador é percebida a partir dos seus objetivos.
 Mas o que entendemos por objetivos? Os dicionários definem objetivo como aquilo que se pretende alcançar quando se realiza uma ação. O alvo, fim, propósito e objeto. Assim, indicam o que se pretende conhecer, avaliar, ou provar no decorrer da pesquisa. São as metas que se deseja alcançar. Se não construirmos objetivos, não há o que se pesquisar de maneira eficiente (JACOBINI, 2006).
O objetivo é o alvo, o propósito. Fonte: Tone/Shuttrstock
 É importante expressar os objetivos com clareza, pois constituem as orientações do estudo, ou seja, tenha-os em mente durante todo o desenvolvimento dos estudos para a pesquisa. Nada impedirá que ao longo das leituras surjam objetivos adicionais, modificações nos objetivos estipulados, tudo depende dos rumos que o trabalho de pesquisa irá tomar após o aprofundamento teórico.
Objetivo geral
Indica o resultado pretendido. Por exemplo: identificar, levantar, descobrir, caracterizar, descrever, traçar, analisar, explicar, etc.
 Apresenta de forma genérica, o que pretende o pesquisador no desenvolvimento do assunto a ser abordado, independentemente das motivações “pessoais” que podem ter sido apresentadas na justificativa. É importante lembrar que o objetivo geral não pode fugir ao tema proposto (SOARES, 2003, p. 46).
Objetivos específicos
Indicam as etapas que levarão à realização do objetivo geral. Por exemplo: classificar, aplicar, distinguir, enumerar, exemplificar, selecionar, etc. 
É a subdivisão do objetivo geral em outros menores, os quais poderão até vir a constituir-se em possíveis capítulos [partes] do trabalho final. Assim como o objetivo geral, os objetivos específicos não devem fugir ao tema (SOARES, 2003, p. 46). 
Não apontam para o fim do último do trabalho, mas para etapas intermediárias, o que a pesquisa terá de galgar até o objetivo final.
Como construir objetivos?
1º passo Ler a questão de partida (problematização do tema). Os objetivos informarão o que está se propondo com a pesquisa, isto é, quais os resultados que pretende alcançar ou qual a contribuição que irá efetivamente proporcionar.
 2º passo Escolher verbos de ação. Os enunciados dos objetivos devem começar com um verbo no infinitivo e este verbo deve indicar uma ação passível de mensuração. Uma ação individual ou coletiva se materializa através de um verbo. É importante a precisão na escolha do verbo, escolhendo aquele que exprime a ação que o estudante pretende executar (BARRETO; HONORATO, 1998). 
3º passo Escolher os verbos de ação. 
Algumas sugestões:
	Conhecimento
	Compreensão
	Análise
	Avaliação
	Apontar
Definir
Descrever
Distinguir
Enumerar
Relacionar
	Concluir
Deduzir
Derivar
Descrever
Diferenciar
	Analisar
Comparar
Correlacionar
Contrastar
Identificar
	Escolher
Precisar
Medir
Avaliar
Por que é importante construir objetivos?
1 Constituem a base do planejamento racional da pesquisa 
2 Possibilitam pensar e planejar em termos específicos 
3 Auxiliam na escolha da metodologia da pesquisa 
4 Informam ao leitor e demais interessados acerca do que a pesquisa se propõe a realizar 
5 Auxiliam a efetuar um estudo seletivo 
6 Ajudam a rever o conteúdo mediante a verificação da relevância no contexto da pesquisa 
Vamos conhecer alguns exemplos?
Tema 1: Liderança autoritária e a motivação 
Problematização: Como a liderança autoritária pode comprometer a motivação dos funcionários da Empresa XYZ. 
Objetivo Geral: Investigar como o estilo de liderança autoritária compromete a motivação dos funcionários na Empresa XYZ. 
Objetivos específicos: Definir o conceito de liderança autoritária; Descrever alguns exemplos de liderança autoritária na Empresa XYZ; Definir o conceito de motivação; Analisar a relação entre liderança e motivação nas organizações.
Tema 2: A violência doméstica contra adolescentes 
Problematização: Quais os aspectos da violência doméstica contra adolescentes na realidade fluminense e suas relações com as condições sociais e econômicas das famílias moradoras nas comunidades carentes.
 Objetivo Geral: Investigar a relação entre a violência doméstica contra adolescentes e as condições sociais e econômicas.
 Objetivos específicos: Definir o conceito de violência doméstica; Descrever alguns exemplos de violência doméstica; Definir o conceito de pobreza; Analisar a relação entre a violência doméstica e condição socioeconômica.
Atenção 
Os erros mais frequentes são...
 • O esquecimento do verbo que indica a ação a que se objetiva; • A confusão entre o objetivo da pesquisa e o seu objeto; • O uso dos verbos achar, gostar, desejar, conscientizar, acreditar e opinar que não atendem ao requisito metodológico da objetividade
Justificativa 
Após construir os objetivos, é preciso justificar o estudo apresentando as razões da pesquisa. A esta parte denominamos de justificativa. Os dicionários definem o termo como a explicação, razão, motivo e fundamento.
 Este é o momento em que o pesquisador precisa fazer algumas perguntas a si mesmo:
O tema é relevante? Por quê? Quais pontos positivos você percebe na abordagem proposta? Que vantagens/benefícios você pressupõe que sua pesquisa irá proporcionar? A justificativa indica a relevância do estudo que propomos.
A justificativa deve esclarecer as razões da escolha do tema e sua importância na área de conhecimento em que se situa. Deve ser uma exposição sucinta, porém completa, dos motivos de ordem teórica e/ou prática para sua realização, enfatizando a importância do tema numa visão global; o estágio atual do tema pesquisado e as possibilidades de solução para o problema levantado (MAIA, 2008, p. 90). 
A justificativa de um projeto de pesquisa configura o conjunto de razões (acadêmicas, sociais e pessoais) que conferem legitimidade ao trabalho científico. Um trabalho de pesquisa poderá ser conveniente porque poderá ajudar a resolver uma questão controvertida ou contribuir com novo olhar sobre algum tema. 
A seguir, indicamos algumas sugestões para a justificativa, não se preocupe se a sua pesquisa não conseguir responder a todos os critérios(SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 40):
01 Conveniência: para que serve a pesquisa?
 02 Relevância social: Quem se beneficiará com os resultados da pesquisa? De que modo? Qual o alcance social da pesquisa? 
03 Implicações práticas: A pesquisa ajudará a resolver algum problema real?
 04 Valor teórico: Com a pesquisa, alguma brecha de conhecimento será preenchida? A informação obtida pode servir para comentar, desenvolver ou apoiar uma teoria? 
05 Utilidade metodológica: A pesquisa ajuda a definir um conceito, variável ou relação entre variáveis? A pesquisa sugere como estudar mais adequadamente uma situação?
O que se pretende, enfim com a justificativa é oferecer, nos dizeres de Antônio Raimundo Santos (2007, p. 93), motivos suficientes para que algo aconteça e mereça uma investigação científica.
Atividade 
Agora que você já sabe como construirobjetivos para sua pesquisa, bem como a sua justificativa, com base nos critérios sugeridos, realize a seguinte tarefa:
1. Tomando como ponto de partida o tema e o problema formulado, quais são os objetivos (geral e específicos) de sua pesquisa? 
2. Como justificar a sua pesquisa? Qual a relevância social? Por que você escolheu este tema e não outro? Reflita sobre sua escolha e elabore de maneira discursiva sobre a opção, a importância e atualidade do tema escolhido. 
3. Dando continuidade aos exercícios anteriores, coloque a resposta após as respostas dos primeiros exercícios das aulas anteriores. Dessa maneira, você está elaborando o seu anteprojeto de pesquisa de acordo com seus elementos essenciais: tema, problema, hipótese, objetivos (geral e específicos) e justificativa.
Aula 6: A construção do projeto de pesquisa II: A construção do embasamento teórico, levantamento preliminar e metodologia
Apresentação 
Nesta aula, construiremos o embasamento teórico, levantamento preliminar para uma pesquisa e metodologia a ser aplicada.
 Objetivos 
Listar as atividades que devem ser realizadas para a revisão da literatura; Desenvolver um marco teórico que contextualize o seu objeto de pesquisa; Elaborar o seu embasamento teórico; Definir a metodologia adequada ao seu objeto de pesquisa.
Revisão de literatura e Embasamento Teórico
 Imaginemos um fenômeno da natureza que seja visto, simultaneamente, por pessoas de formação cultural diversa:
“Uma maçã cai de um galho de uma árvore".
Para um físico 
manifestação da lei da gravidade.
Para um religioso 
a maçã representa a simbologia bíblica
Para um advogado
 a maçã caiu num terreno contíguo, deve-se argüir de quem é a propriedade do fruto.
Para um biólogo 
a queda da maçã representa o ciclo da vida no Reino vegetal.
Para uma criança 
Oba! Fruta! Vou comer a maçã!
Comentário
Moral da História? O olhar humano é mediado por experiências diversas diante dos fenômenos. E nesse aspecto, percebemos diferentes olhares sobre um mesmo fenômeno. A revisão da literatura relativa ao problema elaborado nos revela isso.
O pesquisador, ao iniciar uma pesquisa, indaga a si mesmo: quem já escreveu sobre o tema? O que disse? Como disse? Suas indagações decorrem da necessidade de sustentar teoricamente o seu estudo. Para tanto, elege um marco teórico, ou seja, analisa teorias e pesquisas anteriores para selecionar o que será útil como ponto de partida para suas investigações. O marco teórico fornece uma referência para o problema científico. SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006.
Quais as vantagens de se buscar um marco teórico? 
Podemos destacar algumas, tais como:
1 Ajuda a prevenir erros cometidos em outros estudos. 
2 Serve de orientação para realização do estudo.
 3 Aperfeiçoamos habilidades percebendo como os autores trabalharam seu problema científico. 
4 Expandimos nossas ideias sobre o objeto da pesquisa. 
5 Inspira na construção das hipóteses. O marco teórico é construído a partir de dois momentos importantes na pesquisa:
 1. A revisão da literatura.
 2. Posterior escolha de uma perspectiva teórica como referência.
Por revisão de literatura entende-se a tarefa de identificar, obter e consultar a bibliografia, bem como outros materiais disponíveis e úteis ao objeto de estudo. Um processo seletivo das referências na nossa área de atuação.
Atenção
 Deve-se selecionar as obras mais importantes e recentes, bem como aquelas que tenham abordado o tema com enfoque similar ao que pretendemos na pesquisa. Assim, o pesquisador deverá apresentar o resultado desta tarefa no seu embasamento teórico ou fundamentação teórica da pesquisa (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006). 
O termo embasar significa servir de fundamento a ou ser fundamento de; basear (-se), fundar (-se). O item embasamento teórico é a parte do projeto de pesquisa em que o pesquisador expressa determinado ponto de vista sobre o problema formulado.
Revisão de literatura: o que já se publicou sobre o tema?
 Estudamos que após a escolha do tema e sua delimitação em um problema científico, realiza-se uma pesquisa bibliográfica. Além da bibliografia geral e específica, devem-se buscar outras visões em monografias, dissertações e teses, porque muito se aprende com outros pesquisadores que apresentam produção recente sobre o tema do seu interesse. A leitura inicial é seguida de uma releitura exploratória para um maior aprofundamento nos conteúdos pertinentes ao objeto da pesquisa. 
Dessa maneira, o pesquisador poderá apurar o sentido de palavras-chave, definições, a situação histórica do seu objeto de investigação, eventuais classificações etc. Enfim, o conhecimento inicial é substituído por um aprofundamento na literatura disponível que viabilizará a delimitação do conteúdo a ser investigado. Por cautela não deve desviar o olhar do problema proposto e seus objetivos para que a revisão de literatura seja seletiva (SANTOS, 2007).
A leitura inicial é seguida de uma releitura exploratória para um maior aprofundamento. Fonte: Shutterstock.
Importa esclarecer que revisão de literatura não é um amontoado de informações lidas, nem resumos de autores, mas uma discussão do que foi encontrado e relacionado com o problema da pesquisa. Um processo de análise das informações contidas em documentos que colaboram para a eficácia da pesquisa.
 Por isso, muitos autores afirmam que a revisão de literatura:
Objetiva demonstrar o que foi escrito sobre o tema. Consiste na análise e síntese das informações, visando definir as linhas de ação para abordar o assunto ou problema e gerar ideias novas e úteis. BOAVENTURA, 2009, p. 46
Após a revisão da literatura, o que se deve inserir no embasamento teórico? 
No embasamento teórico deve-se inserir o resultado da revisão da literatura realizada pelo estudante e, nesse sentido, inclui a referência aos principais autores e obras pertinentes ao objeto da pesquisa. Dentre os pontos de vista apresentados, deve-se escolher uma linha a partir da qual responderá à sua questão de partida. 
Como assim?
O embasamento teórico é uma parte do projeto de pesquisa em que o estudante procede à análise da bibliografia escolhida, observando como os autores têm tratado a questão. Apresenta a que disciplina ou ramo do conhecimento o seu problema científico está vinculado. Não é apenas uma relação bibliográfica, mas uma revisão crítica do que se produziu no plano do pensamento sobre aquele tema. Apresenta-se uma releitura crítica das obras elencadas, com vistas a se posicionar, do ponto de vista teórico, sobre o objeto de investigação.
A revisão da literatura não é apenas uma relação bibliográfica. Fonte: Shutterstock.
É neste ponto que se percebe a maturidade intelectual do estudante frente ao tema selecionado e ao problema formulado. Desta maneira, o embasamento teórico permite ao estudante posicionar-se ante o objeto de investigação, tomando como referência uma linha de abordagem.
E podemos afirmar que:
É fundamental que os aspectos teóricos embasadores de sua perspectiva no tratamento do objeto sejam apontados de forma clara e extensiva nesse ponto, para que fique manifesto o seu marco teórico ou o conjunto de referenciais teóricos que irão embasar seu enfoque ou o conjunto dos critérios categoriais fundamentais para tratar de seu tema. MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 207
Dica
 Nenhum assunto pode ser abordado numa visão onisciente; O olhar da ciência é sempre direcionado: parte de um determinado conceito e procura interpretar os fenômenos, à luz de paradigmas; Outro pesquisador pode buscar fundamentos teóricos diferentes; O pesquisador precisa eleger um marco teórico para abordar o seu problema; A literatura relacionada é a base da procura sobre o que já se publicou sobre o tema.
Vamos conhecer um pequeno roteiro para construção do embasamento teórico?
1. Apresentar a bibliografia sobre o tema que você irá pesquisar, destacando: • A riqueza ou escassez de obras sobre o assunto escolhido; • O caráter polêmico do assunto; • As principais linhas de abordagem sobre o assunto.

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