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1 Princípios Gerais Sobre Pneumonia Mark S. Freed, M.D. Burke A. Cunha, M.D. Princípios gerais sobre pneumonia A pneumonia é um dos problemas médicos mais comuns na prática clí- nica e é a principal doença infecciosa fatal em todo o mundo. Apenas nos Estados Unidos, 4 milhões de indivíduos desenvolvem pneumonia a cada ano, e um milhão de indivíduos necessitam de hospitalização, re- sultando em 75 mil mortes e 10 bilhões de dólares em gastos. A despeito da capacidade da terapia antimicrobiana em ampliar as defesas normais do hospedeiro e prevenir/controlar as infecções, erros de prescrição são comuns, incluindo o tratamento de colonizações, terapia empírica não ideal, combinação terapêutica inadequada, erros na dose e nos intervalos e má condução de falha antimicrobiana aparente. Considerações ina- dequadas sobre o potencial de resistência antimicrobiana, a penetração tissular, as interações medicamentosas, os efeitos colaterais e o custo também limitam a eficácia da terapia antimicrobiana. Fundamentos em pneumonia é um guia conciso, prático e especializado para o diagnósti- co, a avaliação, o tratamento e a prevenção de pneumonia adquirida na comunidade (PAC), pneumonia adquirida em asilos (PAA), adquirida no hospital (pneumonia nosocomial) (PAH), tuberculose (TB), pneumonias crônicas e pneumonias em indivíduos imunocomprometidos. A. Descrição. A pneumonia é um distúrbio infeccioso/inflamatório do parênquima pulmonar. A maioria dos pacientes apresenta febre, calafrios, sintomas pulmonares (tosse, dispneia, produção de ca- tarro, dor torácica pleurítica) e um ou mais infiltrados/opacidades no raio X de tórax (ver Tabela 1.1). Pacientes idosos podem apre- sentar mal-estar, anorexia, confusão e diarreia em vez de sintomas pulmonares proeminentes, e o raio X de tórax pode ser relativa- mente normal no estágio hiperagudo da pneumonia em pacientes Cunha_01.indd 17Cunha_01.indd 17 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 18 | Burke A. Cunha com acentuada leucopenia e em certos tipos de pneumonia (p. ex., pneumonia por Pneumocystis carinii, Mycoplasma).* Patologica- mente, os alvéolos e/ou interstício pulmonar são preenchidos com leucócitos, hemáceas e fibrina; o peso pulmonar aumenta; e o ger- me responsável pode ser recuperado em culturas ou colorações. B. Classificação. A pneumonia pode ser globalmente classificada em pneumonia adquirida na comunidade (PAC), pneumonia adquirida em asilos (PAA), pneumonia adquirida no hospital (pneumonia no- socomial) (PAH) (ver Figura 1.1). As várias classificações têm im- plicações no diagnóstico etiológico, na avaliação, na terapia e no prognóstico. A pneumonia também pode ser classificada pela gra- vidade da doença, local do tratamento, velocidade da instalação, patógeno e estado imunológico do hospedeiro (ver Tabela 1.2). 1. Pneumonia adquirida na comunidade. A PAC geralmente é clas- sificada em pneumonia típica ou atípica. A PAC típica não apre- senta achados extrapulmonares (p. ex., miringite,** faringite, erupção cutânea). A PAC atípica apresenta achados extrapulmo- nares e pode ser classificada ainda em pneumonia zoonótica ou não zoonótica, com base na presença de um vetor animal.*** As características das pneumonias atípicas não zoonóticas e zoonó- ticas são descritas nas Tabelas 4.1 e 4.4, respectivamente. * N. de R.T.: Desidratação pode ser outra causa de raio X de tórax normal (isto é, falso negativo para pneumonia). ** N. de R.T.: Miringite é a denominação para inflamação da membrana timpânica. *** N. de R.T.: Zoonoses é um grupo de doenças de animais que podem ser transmitidas ao homem sob condições naturais. Tabela 1.1 Manifestações clínicas da pneumonia Sintomas constitucionais (febre, calafrios) Sintomas pulmonares (tosse, dispneia, expectoração, dor pleurítica) Achados extrapulmonares sugerem a presença de patógenos atípicos (otite/miringi- te por Mycoplasma, erupção [manchas de Horder] na psitacose, fezes amolecidas/ diarreia por Legionella sp.) Outras manifestações − Relacionadas a manifestações da pneumonia (hemoptise por invasão vascular, endocardite/meningite por bacteremia, úlcera de estresse com sangramento GI) − Relacionadas à exacerbação/piora de comorbidades (p. ex., insuficiência car- díaca, angina, infarto agudo do miocárdio, insuficiência renal, exacerbação de pneumopatia crônica, hiperglicemia) Cunha_01.indd 18Cunha_01.indd 18 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 Fundamentos em Pneumonia | 19 2. Pneumonia adquirida em asilos.* A PAA parece mais com a PAC do que com a pneumonia adquirida no hospital (PAH) e ocorre esporadicamente ou como parte de surtos epidêmicos em asilos. 3. Pneumonia adquirida no hospital. A PAH geralmente é classifi- cada em pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) ou pneumonia não associada a ventilação mecânica. C. Epidemiologia. Inúmeras bactérias, vírus, fungos, micobactérias, clamídias, parasitas e riquétsias podem causar pneumonia (ver Ta- * N. de R.T.: A pneumonia adquirida em asilos (PAA) tem sido incluída nos consensos nacio- nais e internacionais na categoria das pneumonias associadas a cuidados de saúde (PACS), em pacientes que frequentam hemodiálise ou hospital-dia, aqueles que foram admitidos por no mínimo dois dias nos últimos 90 dias e aqueles que necessitaram medicamentos intravenosos, tratamento de feridas ou quimioterapia nos últimos 30 dias. As diretrizes indicam que a PASS tem perfil microbiológico e prognóstico mais parecido com a pneumonia adquirida no hospi- tal (PAH) do que com a pneumonia adquirida na comunidade (PAC). Entretanto, pesquisas recentes revelam que a PASS também apresenta subgrupos, tais como a própria PAA, sendo necessários estudos adicionais para esclarecimento desses conceitos, a fim de evitar sobretra- tamento de germes multirresistentes se usarmos para toda PACS terapia semelhante à da PAH. Típica2 (sem achados extrapulmonares) Pneumonia aguda1 Adquirida na comunidade (ver Capítulo 4) Não zoonótica3 (sem história de contato com vetor zoonótico) Zoonótica4 (história de contato com vetor zoonótico) Atípica (achados extrapulmonares) Associada a ventilação mecânica Não associada a ventilação mecânica Início tardio (instalação > 5 dias) Início precoce5 (instalação em < 5 dias da hospitalização) Adquirida em asilos (ver Capítulo 6) Adquirida em hospital (ver Capítulo 7) Figura 1.1 Classificação geral da pneumonia aguda. 1. A classificação adicional quanto ao estado imunológico do hospedeiro, velocidade de instalação e gravidade tem implicações no diagnóstico etiológico, avaliação e terapia. 2. Os patógenos mais comuns na PAC são apresentados na Tabela 1.4. 3. Os patógenos mais comuns na pneumonia atípica não zoonótica no indivíduo hígido incluem o M. pneumoniae, C. pneumoniae e Legionella spp. 4. Os patógenos zoonóticos mais comuns nos indivíduos hígidos incluem C. psittaci (psi- tacose), C. burnetti (febre Q) e F. tularensis (tularemia). 5. A pneumonia que aparece com menos de cinco dias de hospitalização representa uma pneumonia adquirida na comunidade que estava no período de incubação. Cunha_01.indd 19Cunha_01.indd 19 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 20 | Burke A. Cunha bela 1.3). Os patógenos comuns da PAC são apresentados na Tabela 1.4, e os locais habituais de aquisição de patógenos de pneumo- nia (ambulatório, hospital e UTI) são apresentados na Tabela 1.5. As PACs são causadas por um patógeno isolado. (Pacientes que apresentam “múltiplos patógenos bacterianos” são vistos apenas na pneumonia por aspiração ou no abscesso pulmonar.) Em indiví- duos hígidos com PAC, a aparente presença de múltiplos patógenos (exceto por S. aureus sensível à meticilina/ S. aureus resistente à meticilina [MSSA/MRSA] com influenza viral) quase sempre são diagnosticados em dadossorológicos e microbiológicos combina- dos. Em indivíduos previamente doentes, os patógenos pulmonares apresentam-se sequencialmente, de forma não simultânea, como copatógenos. Subgrupos específicos de pacientes estão predispos- tos a certos patógenos e tipos de pneumonia, como sugerido por história, exame físico, exames laboratoriais, raio X de tórax e exa- me do escarro com coloração Gram (ver Tabela 1.6, e Capítulo 2). Os fatores associados à PAC grave são apresentados na Tabela 1.7; características gerais das pneumonias bacterianas, virais e fúngicas são apresentadas na Tabela 1.9, e descrições detalhadas de patóge- nos importantes para pneumonia são fornecidas nos Capítulos 4-11. D. Patogênese. A capacidade de um germe causar infecção depende do equilíbrio entre o tamanho do inóculo, de sua virulência e da capaci- dade das defesas do indivíduo (ver Tabela 1.10). Vários germes desen- volveram suas próprias estratégias para antagonizar os mecanismos de defesa do hospedeiro (ver Tabela 1.11). As formas primárias de aquisição de pneumonia incluem aspiração de flora nasofaríngea/gás- trica, inalação de patógenos transportados no ar, disseminação direta por contiguidade a partir de um local infectado e disseminação hema- togênica a partir de um local infectado distante (ver Tabela 1.12). E. Diagnóstico e avaliação (Figura 1.2) 1. Avaliação inicial. História, exame físico, exames laboratoriais, raio X de tórax e exame do escarro estão indicados em quase todos os indivíduos com suspeita de pneumonia. As informa- ções são utilizadas para confirmar o diagnóstico, identificar complicações iniciais, avaliar comorbidades e chegar a um diagnóstico etiológico presuntivo. Os pacientes são então se- lecionados para cuidados hospitalares ou domiciliares, e é ini- ciada a terapia antimicrobiana empírica. Os indícios diagnós- ticos quanto à etiologia da pneumonia podem ser evidentes a Cunha_01.indd 20Cunha_01.indd 20 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 Fundamentos em Pneumonia | 21 partir da história, do exame físico, de exames laboratoriais, do subgrupo de pacientes, da coloração de Gram e do raio X de tórax (ver Capítulos 2, 3 e 11). Informações detalhadas sobre patógenos específicos são fornecidas nos Capítulos 4-11. 2. Quadros similares não infecciosos. Várias condições médicas não infecciosas podem apresentar-se com sintomas pulmona- res, febre e opacidades/infiltrados no raio X de tórax, imitando a pneumonia (ver Tabela 1.13). Sintomas pulmonares na au- sência de uma opacidade/infiltrado ao raio X de tórax em geral se devem à bronquite aguda/exacerbação aguda de bronquite crônica (EABC), traqueobronquite ou asma. Veja também o Atlas de Raio X de Tórax (Capítulo 11). 3. Manejo ambulatorial vs. hospitalar. A decisão de tratar a pneu- monia em um ambiente ambulatorial ou hospitalar baseia-se na presença de fatores de risco que limitam a segurança/eficá- cia do manejo fora do hospital, no Pneumonia Severity Index (PSI)* e na avaliação clínica (ver Tabelas 1.14 e 1.15). 4. Identificação de patógeno/síndrome presumida. Vários métodos são utilizados para identificar o patógeno da pneumonia, in- cluindo cultura (sangue, escarro, líquido/tecido pleural, amos- tra do trato respiratório inferior, tecido pulmonar), resposta de IgM ou elevação de 4 vezes no título de anticorpos para um an- tígeno microbiano, detecção de antígeno (urina, sangue, líqui- do pleural) ou amplificação do DNA/RNA microbiano (PCR) obtido a partir de sangue, escarro, líquido pleural, tecidos ou nasofaringe. Vários procedimentos de coleta, culturas, colora- ção, sondas de DNA e testes sorológicos estão disponíveis (ver Capítulo 14). Achados que confirmam o diagnóstico etiológi- co da pneumonia são apresentados na Tabela 1.16. 5. Avaliação intra-hospitalar. A avaliação intra-hospitalar é dirigi- da a identificação do patógeno responsável pela pneumonia, detecção de complicações pulmonares e sistêmicas e avaliação do estado das comorbidades. Todos os pacientes necessitam * N. de R.T.: Pneumonia Severity Index (PSI) é um índice de gravidade de pneumonia reco- mendado por muitas diretrizes internacionais para uso na prática clínica. Foi proposto pelo es- tudo de coorte do Patient Outcome Research Team, que derivou e validou esse escore, chamado na prática de PORT (iniciais do estudo), em mais de 14 mil pacientes, tentando identificar critérios de baixo risco de evolução desfavorável e evitar hospitalizações desnecessárias (Fine et al., 1997). Outro índice frequentemente recomendado é o CURB-65 (das iniciais Confusão, Ureia elevada, frequência Respiratória elevada, pressão sanguínea – Blood pressure – reduzida, e idade maior que 65 anos), que também foi testado em estudos clínicos e é de uso mais prático. Cunha_01.indd 21Cunha_01.indd 21 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 22 | Burke A. Cunha de um raio X de tórax, gasometria arterial (GA), hemograma completo (HC), perfil bioquímico (eletrólitos, testes de fun- ção renal/hepática), duas amostras de hemoculturas (antes do antimicrobiano) e cultura/esfregaço do escarro (ver Tabelas 1.17 e 1.18). Alguns pacientes necessitam de cultura/esfregaço para BAAR, testes para Legionella sp., sorologias específicas ou análise do líquido pleural (ver Tabela 1.17). Técnicas mais invasivas podem ser úteis para pacientes admitidos na UTI, in- cluindo broncoscopia com lavagem broncoalveolar, amostras de escovado brônquico protegido e biópsia transbrônquica. F. Terapia antimicrobiana empírica. A terapia antimicrobiana é diri- gida contra o patógeno presumido como causador da pneumonia (ver Capítulos 4-10). Considerações relacionadas à seleção do fármaco, via de administração (terapia IV vs. VO) e duração da terapia são listadas na Tabela 1.19 e detalhadas no Capítulo 15. De modo geral, a terapia VO é recomendada para pacientes capazes de ingerir/absorver fármacos VO. Quando a terapia IV está indi- cada, ela costuma ser substituída para VO após a melhora clínica, em geral dentro de 72 horas. Às vezes, é necessário o uso de medi- das adicionais à terapêutica, incluindo oxigênio suplementar (para História, exame físico, exames laboratoriais, raio X de tórax, esfregaço do escarro Enfermaria Unidade de terapia intensiva Avaliação diagnóstica Terapia antimicrobiana empírica Paciente ambulatorial Paciente hospitalizado Terapia antimicrobiana empírica Pneumonia Manejo das complicações Controle das comorbidades Acompanhamento do paciente Patógenos típicos Patógenos atípicos Não zoonóticoZoonótico Suspeita de PAC Quadro similar não infeccioso Figura 1.2 Abordagem geral à PAC em indivíduos hígidos (ver texto nas p. 20-23 para detalhes). Cunha_01.indd 22Cunha_01.indd 22 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 Fundamentos em Pneumonia | 23 manter a saturação de oxigênio maior que 90%), broncodilatado- res e aspiração/fisioterapia respiratória para mobilizar/facilitar a remoção de secreções respiratórias. Instruções para pacientes de ambulatório tratados para PAC são apresentadas na Tabela 1.20. G. Complicações da pneumonia. A maioria dos indivíduos hígidos com PAC tratada ambulatorialmente com terapia antimicrobiana adequada tem um curso sem complicações e um excelente prog- nóstico (mortalidade < 1%). Contudo, complicações ocorrem, particularmente em pacientes idosos e indivíduos imunocom- prometidos ou com condições clínicas subjacentes, que podem reduzir a sobrevida. As complicações podem ser pulmonares (p. ex., invasão vascular com infarto, fístula broncopulmonar, ade- rências pleurais), sistêmicas (p. ex., bacteremia), exacerbação de comorbidades (p. ex., diabetes melito), outras complicações rela- cionadas com a doença aguda (p. ex., úlcera de estresse) e falha na resposta à terapia (ver Tabela 1.21). O manejo das principais complicações é descritono Capítulo 12. H. Ausência de resposta à terapia. A resposta habitual à terapia anti- microbiana é apresentada na Tabela 1.22. Um pequeno número de pacientes (< 5%) não responde à terapia devido a inúmeras causas (Tabelas 1,23 e 15.9). I. Acompanhamento. Os parâmetros para alta hospitalar são apresen- tados na Tabela 1.19. Um novo raio X de tórax pode ser obtido em 4-6 semanas (jovens não fumantes) ou 8-12 semanas (pacien- tes idosos com DPOC) para confirmar a resolução radiográfica e excluir uma patologia pulmonar subjacente (p. ex., pneumonia pós-obstrutiva devido a câncer de pulmão), que pode ocorrer em 2% dos casos. J. Prognóstico. A pneumonia é a doença infecciosa mais fatal em todo o mundo, sendo responsável por 75 mil mortes a cada ano nos Estados Unidos. Taxas de mortalidade baixas (< 1%) ocorrem em pacientes hígidos em outros aspectos, tratados ambulatorial- mente. Taxas de mortalidade maiores (8%) ocorrem em pacientes hospitalizados, com taxas de 30 a 50% em pacientes admitidos na UTI. O prognóstico depende do patógeno resporatório, de condi- ções cardiopulmonares subjacentes e do estado imunológico, além de outros fatores (ver Tabela 1.24). Cunha_01.indd 23Cunha_01.indd 23 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 24 | Burke A. Cunha K. Prevenção. Medidas preventivas são extremamente eficazes na re- dução da incidência e da gravidade da pneumonia. Tipos de imu- nizações e quimioprofilaxia são revisados no Capítulo 13, e medi- das para reduzir a incidência de pneumonia adquirida no hospital são descritas no Capítulo 7. Tabela 1.2 Classificação das pneumonias Local de aquisição Adquirida na comunidade (PAC) Adquirida em asilos (PAA) Adquirida no hospital (PAH) Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) Pneumonia hospitalar não associada à ventilação mecânica (PAH) Presença de achados extrapul- monares Típica (ausência de achados extrapulmonares) Atípica (presença de achados extrapulmonares) Presença/ausência de vetor zoonótico (se houver achados extrapulmonares) Zoonótica (psitacose, febre Q, tularemia) Não zoonótica (Legionella sp., C. pneumoniae, M. pneumoniae) Gravidade da doença Leve, moderada, grave Local de tratamento† Domicílio (ambulatorial) Asilo Internação domiciliar Hospital – enfermaria Hospital – UTI Velocidade de instalação Aguda, subaguda, crônica Patógeno Geral (bacteriana, viral, fúngica, por clamídia, parasi- tária, micobacteriana) Patógeno específico (pneumococos, S. aureus, Mycoplasma pneumoniae) Estado imunológico do hos- pedeiro Imunocompetente Imunocomprometido (comprometimento da imunida- de celular, comprometimento da imunidade humoral ou ambos) † PACS – A pneumonia associada a cuidados de saúde combina todas as pneumonias não nosocomiais em um único grupo e não tem utilidade clínica. Pacientes com pneumonia relacionada a unidades de diálise, ambientes de cuidados crônicos, centros de cuidados de ferimentos ou centros de on- cologia apresentam-se predominantemente com patógenos de PAC em indivíduos hígidos. A PACS, assim como a PAA, remete mais à PAC do que a PAH pela distribuição dos patógenos e duração da hospitalização. Cunha_01.indd 24Cunha_01.indd 24 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 Fundamentos em Pneumonia | 25 Tabela 1.3 Patógenos das pneumonias Bactérias Fungos Patógenos atípicos Comuns: Streptococcus pneu- moniae Haemophilus influenzae Moraxella catarrhalis Bactéria anaeróbia oral (aspiração): Bacteroides spp. Fusobacterium spp. Peptostreptococcus spp. Peptococcus sp. Prevotella spp. Streptococcus pyogenes Escherichia coli Klebsiella pneumoniae Incomuns: Acinetobacter baumanii Actinomyces spp. Eikenella corrodens Neisseria meningitidis Nocardia spp. Pasteurella multocida Proteus sp. Serratia marcescens Pseudomonas aerugi- nosa Pseudomonas pseudo- mallei Yersinia pestis Staphylococcus aureus (MSSA/MRSA – AC)† Geralmente em indi- víduos Histoplasma capsu- latum Blastomyces derma- titidis Coccidioides immitis Actinomyces sp. Geralmente em indivíduos imunocomprometidos Cryptococcus neo- formans Nocardia asteroides Sporothrix schenckii Penicillium marneffei Aspergillus spp. Zygomycetes Pseudallescheria boydii Chlamydophilia (Clamídia) pneu- moniae Legionella spp. Mycoplasma pneumoniae Coxiella burnetii (febre Q) Chlamydophilia psittaci Chlamydia trachomatis (apenas recém-nascidos) Francisella tularensis Mycobacterium tuberculosis Microbactérias não tuberculosas Vírus Crianças: Vírus respiratório sincicial (VRS) Vírus da parainfluenza (tipos 1, 2 e 3) Adenovírus (tipos 1, 2 e 3) Vírus da influenza B Adultos (comum): Vírus da influenza A Vírus da influenza B Influenza suína (H1N1) Adenovírus tipos 4 e 7 (recrutas) Adultos (incomuns) Adenovírus (tipos 1, 2, 3 e 5) Vírus da varicela-zóster (VVZ) Citomegalovírus (CMV) Vírus herpes simples (HSV) Vírus respiratório sincicial (VRS) Vírus parainfluenza Vírus do sarampo Influenza aviária (H5N1) Hantavírus (SPH) Síndrome respiratória aguda grave (SARS) Parasitas Pneumocystis (carinii) jiroveci Strogyloides ster- coralis Paragonimus wes- termani Toxoplasma gondii † PAC apenas com influenza raramente é uma causa de PAH/PAV. Cunha_01.indd 25Cunha_01.indd 25 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 26 | Burke A. Cunha Tabela 1.4 Patógenos comuns da pneumonia adquirida na comunidade† Patógeno Frequência aproximada S. pneumoniae H. influenzae M. catarrhalis Patógenos atípicos Legionella spp M. pneumoniae C. pneumoniae Vírus (influenza, parainfluenza, adenovírus CMV) Pneumonia por aspiração S. aureus (MSSA/MRSA adquirido na comunidade)* Estreptococos grupo A, N. meningitidis Bacilos Gram-negativos Patógenos não identificados (pela investigação habitual) 30-40% 5% 5% 10-20% 5% 5% 5% 10% 5-10% 3% 3% 3% 30-40% * Apenas com influenza e DSA (doença semelhante à influenza) incluindo cepas de MRSA-AC (PVL+).** † Múltiplos patógenos concomitantes na PAC são raros (exceto para PAC por S. aureus com influenza e pneumonia por aspiração). ** N. de R.T.: Panton-Valentine Leukocidin (PVL) é uma citotoxina (β-pore-forming toxin) que des- regula os poros da membrana das células afetadas. A sua presença (PVL+) é associada a uma maior agressividade de determinadas bactérias, como o Staphylococcus aureus. Tabela 1.5 Locais comuns de aquisição de pneumonia adquirida na comunidade Patógeno Ambiente Ambulatório Hospital UTI S. pneumoniae* × × M. pneumoniae × C. pneumoniae × × H. influenzae × M. catarrhalis × Influenza† × × × PPC × × × Vírus respiratórios × × × Bacilos aeróbios Gram-negativos × × M. tuberculosis × × * S. pneumoniae é o patógeno mais comum, sendo responsável por 50% dos casos de PAC hospitalizados. † Inclui influenza aviária (H5N1) e influenza suína (H1N1). Cunha_01.indd 26Cunha_01.indd 26 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 Fundamentos em Pneumonia | 27 Tabela 1.6 Indícios que sugerem um patógeno específico da pneumonia* • História: idade, contato com animal, viagens, estado imunológico, alcoolismo, co- morbidades (DPOC, bronquiectasia) • Achados no exame físico • Exames laboratoriais • Cor, odor e consistência do escarro • Coloração Gram/outras colorações • Raio X de tórax: padrão, localização, progressão/resolução de infiltrados • Localização geográfica • Estação do ano • Análise do líquido pleural * Ver também Capítulos 2, 3 e 11. Tabela 1.7 Fatores associados à pneumonia adquirida na comunidade grave Categoria Fatores Fatores microbianos Fatores do patógeno Tamanho do inóculo, organismos encapsulados (K. pneumoniae), organismos intracelulares (Legionella sp.), virulência inerente (praga, SARS, Hantavirose, influenza ± MSSA/MRSA AC [PVL+]) Fatores do hospedeiro Fatores pulmonaresDiminuição da capacidade funcional pulmonar (enfisema), doença pulmonar avançada (bronquite crônica) Fatores cardíacos Insuficiência cardíaca congestiva, doença valvular grave, cardiomiopatia, doença arterial coronariana Fatores sistêmicos Idade avançada (disfunção do SNC/esôfago), insuficiência hepática, insuficiência renal Fatores de defesa do hospedeiro Comprometimento da função dos linfócitos B (imunidade humoral) LES, mieloma múltiplo, cirrose, hiposplenia,* asplenia Comprometimento da função dos linfócitos T (imunidade celular) Linfomas de células T, corticoterapia crônica ou de altas doses, terapia imunossupressora, HIV, CMV Comprometimento combinado da função dos linfócitos T e B LLC, LES com exacerbação/terapia imunossupres- sora, idade avançada * Ver Tabela 1.8 para distúrbios associados ao comprometimento da função esplênica. Cunha_01.indd 27Cunha_01.indd 27 03/08/11 14:3303/08/11 14:33 28 | Burke A. Cunha Tabela 1.9 Características gerais das pneumonias viral, bacteriana e fúngica Característica Pneumonia viral Pneumonia bacteriana Pneumonia fúngica Início Insidioso* Abrupto Subagudo/crônico Antecedente de DRA Comum Menos comum Incomum Aspecto Não toxêmico Toxêmico Não toxêmico Rigidez Comum Comum Incomum Tosse Inprodutiva Produtiva Frequentemente pro- dutiva Escarro Nenhum/mu- coide Purulento Purulento (quando presente) Dor pleurítica Rara (apenas influenza) Frequentemente pre- sente Presente às vezes DRA = doença respiratória de vias aéreas superiores * Exclui influenza (humana, aviária, suína), SARS, hantavirose. Adaptada de Brandstetter RD (ed). Pulmonary Medicine. Medical Economics Books, Oradell, NJ, 1989. Tabela 1.8 Condições associadas ao comprometimento da função esplênica/ imunidade humoral (linfócitos B) Amiloidose Doença celíaca Hepatite crônica ativa Alcoolismo crônico Asplenia congênita Síndrome de Fanconi Hipoesplenismo da idade avançada Deficiência de IgA Linfangiectasia intestinal Gamaglobulina intrave- nosa Distúrbios mieloprolife- rativos Linfoma não Hodgkin Doença de Crohn Macroglobulinemia de Waldestrom Artrite reumatoide Síndrome de Sézary Traço/doença falciforme Esplenectomia Infarto esplênico Malignidade esplênica Corticoterapia LES Mastocitose sistêmica Vasculite sistêmica necrotizante Tireoidite Colite ulcerativa Cunha_01.indd 28Cunha_01.indd 28 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 Fundamentos em Pneumonia | 29 Tabela 1.10 Mecanismos de defesa do hospedeiro contra a pneumonia Sistema Defesa do hospedeiro Mecanismo de defesa pulmonar Defesas me- cânicas Nariz Filtragem de grandes partículas Tosse; rolagem mucociliar Eliminação grosseira de germes na secreção Fatores humorais e celulares inespecíficos Imunoglobulinas (principal- mente IgA); complemento; antiproteases; opsoninas Ligação com os germes para facilitar a remoção pela rolagem mucociliar, ingestão e destruição por macrófagos alveolares ou remoção pelos linfáticos pulmonares Lactoferrina Depleção de nutrientes essenciais por algumas bactérias Macrófagos alveolares Endocitose de bactérias e liberação de oxigênio (em nível tóxico para algumas bactérias), radicais de nitrogênio e en- zimas lisossomais; citotoxicidade direta e dependente de anticorpos; secreção de IFN-γ, TNF Neutrófilos Endocitose; geração de radicais de oxi- gênio e nitrogênio, lactoferrina, lisozima Resposta imune espe- cífica Produção de anticorpos espe- cíficos; interação entre macró- fagos e linfócitos; recrutamen- to de neutrófilos, linfócitos, células natural killers Aumento da produção de inúmeras citocinas, incluindo IFN-γ, IL-2, IL-12, TNF-β, IgA, IgG, IgM Adaptada de Crapo JD, Glassroth J, Karlinski JB, King TE. Baum’s Textbook of Pulmonary Diseases, 7a ed. Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2004. Murray JF, Nadel JA. Textbook of Respiratory Medicine, 3a ed. Philadelphia, W.B. Saunders Company, 2000. Tabela 1.11 Estratégias microbianas contra as defesas do hospedeiro Estratégia Patógeno Mediadores/Mecanismos Inibição ciliar P. aeruginosa S. pneumoniae H. influenzae Pigmentos de fenazina Pneumolisina Composto de baixo peso molecular não identificado Dano ciliar P. aeruginosa S. pneumoniae H. influenzae Piocianina (um pigmento de fenazina) Pneumolisina Lipopolissacarídeo (endotoxina) (continua) Cunha_01.indd 29Cunha_01.indd 29 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 30 | Burke A. Cunha Tabela 1.12 Modo de aquisição da pneumonia Microaspiração de secreções nasofaríngeas/patógenos Aspiração de ácido gástrico/patógenos (pós-operatório, distúrbios SNC/deglutição) Inalação de aerossóis/gotículas infectadas (doença dos legionários, influenza, SPH, SARS, TB) Disseminação hematogênica a partir de locais infectados distantes (infecção do ducto urinário por E.coli) Disseminação contígua direta (p. ex., por mediastinite) Tabela 1.13 Quadros não infecciosos similares à pneumonia* Insuficiência cardíaca congestiva Atelectasia Embolia/infarto pulmonar Carcinoma brônquico Carcinoma metastático Linfangite carcinomatose Linfoma Doença vascular do colágeno (especialmente LES e artrite reumatoide) Sarcoidose Pneumonia eosinofílica Fibrose pulmonar intersticial Pneumonite por hipersensibilidade Síndrome de Goodpasture/granulomatose de Wegener Doença pulmonar induzida por fármacos (bussulfano, bleomicina, ciclofosfamida, metotrexato, nitrofurantoína, sulfalazina, amiodarona, sais de ouro) (continua) Tabela 1.11 Estratégias microbianas contra as defesas do hospedeiro (continuação) Estratégia Patógeno Mediadores/Mecanismos Aderência ao muco H. influenzae, P. aeruginosa Pelos, fibrilas Penetração no muco e aderência Vírus influenza Neuraminidase viral Inibição de células inflamatórias H. influenzae Vírus respiratórios Os filtrados de cultura inibem a mi- gração dos neutrófilos Podem causar dano aos macrófagos Evitar defesas humorais Legionella sp., fun- gos, micobactérias, vírus respiratórios Alojam-se dentro da célula Adaptada de: idem à Tabela 1.10. Cunha_01.indd 30Cunha_01.indd 30 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 Fundamentos em Pneumonia | 31 Tabela 1.14 Escore para auxílio na decisão de tratamento domiciliar vs. hospitalar (escore PORT) Característica Pontos* Característica Pontos* Fator demográfico Achados do exame físico Homem Idade (anos) Alteração do estado mental* +20 Mulher Idade (anos) – 10 Frequência respiratória >30 respirações/min +20 Residente em asilo +10 Pressão sistólica < 90 mmHg Temperatura < 35ºC ou > 40ºC Pulso > 125 batimentos/min +20 +15 +10 Comorbidades Achados laboratoriais ou radiológicos Doença neoplásica† +30 pH arterial < 7,35 +30 Doença hepática‡ +20 Nitrogênio ureico > 30 mg/dL +20 Insuficiência car- díaca congestiva¶ +10 Sódio < 130 mEq/L Glicose > 250 mg/dL +20 +10 Doença cerebro- vascular§ +10 Hematócrito < 30% +10 Doença renal** +10 Pressão parcial de oxigênio arterial < 60 mmHg +10 Derrame pleural +10 Classe de risco No de pontos Mortalidade (%) Local de cuidado recomendado I Sem predi- tores 0,1 Ambulatorial (continua) Tabela 1.13 Quadros não infecciosos similares à pneumonia* (continuação) Edema pulmonar não cardiogênico induzido por fármacos (salicilatos, narcóticos, clordiazepóxido) Bronquiolite obliterante com pneumonia em organização (BOOA) Embolia pulmonar séptica (secundária à endocardite bacteriana aguda de cavidades direitas) * Ver também o Atlas de Raio X de Tórax (Capítulo 11) para dicas de diagnóstico diferencial com base na história, no exame físico, em exameslaboratoriais e raio X de tórax. Cunha_01.indd 31Cunha_01.indd 31 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 32 | Burke A. Cunha Tabela 1.15 Manejo da PAC em adultos imunocomprometidos: recomendações da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas (IDSA) O local inicial do tratamento deve basear-se em 1) avaliação das condições pree- xistentes que comprometem a segurança do tratamento domiciliar; 2) cálculo do escore de gravidade PORT da pneumonia, com recomendações de cuidados domi- ciliares para as classes de risco I, II e III (ver Tabela 1.14); e 3) julgamento clínico. Pacientes hospitalizados tratados com antimicrobianos IV podem receber antimicrobia- nos orais quando as condições clínicas estão melhorando, são capazes de ingerir medi- camentos, estão hemodinamicamente estáveis e têm um trato GI em funcionamento. Critérios de alta – durante as 24 horas anteriores à alta para casa, o paciente não deve apresentar mais do que uma das seguintes características (exceto se isso representar o estado basal): temperatura > 37,8ºC; pulso > 100 bat/min; frequência respiratória > 24 resp/min; PA sistólica < 90 mmHg; saturação de oxigênio arterial < 90%, incapacidade de ingestão oral. Adaptada de IDSA Practice Guidelines. Clin Infect Dis 44:S27-S72, 2007. Tabela 1.14 Escore para auxílio na decisão de tratamento domiciliar vs. hospitalar (escore PORT) (continuação) Classe de risco No de pontos Mortalidade (%) Local de cuidado recomendado II ≤ 70 0,6 Ambulatorial III 71-90 2,8 Ambulatorial IV 91-130 8,2 Hospital V > 130 29,2 Hospital * O escore total é obtido por meio da soma da idade do paciente (idade-10, para mulheres) mais os pontos para cada característica do paciente (p. ex., para um homem de 70 anos com insuficiência cardíaca congestiva e pH de 7,3, o escore é de 70 + 10 + 30 = 110 (classe de risco IV). O cuidado domiciliar é recomendado para as classes I, II e III; o cuidado hospitalar, para as classes IV e V. † Qualquer câncer, exceto câncer basocelular ou epidermoide, que esteja ativo no momento da apresen- tação ou diagnosticado dentro de 1 ano da apresentação. ‡ Diagnóstico clínico ou histológico de cirrose ou outra forma de doença hepática crônica como hepatite crônica ativa. ¶ Disfunção ventricular sistólica ou diastólica documentada pela história e exame físico, raio X de tórax, ecocardiografia, cintilografia por MUGA (multiple gated acquisition suan scan) ou ventriculografia esquerda. § Diagnóstico clínico de acidente vascular cerebral, acidente isquêmico transitório ou acidente vascular cerebral diagnosticado por IRM ou TC. ** História de doença renal crônica ou ureia ou creatinina anormal. + Desorientação (de pessoa, lugar ou tempo, não crônica), estupor e coma. ++ No estudo de coorte da equipe de pesquisa dos resultados da pneumonia, um valor de saturação de oxigênio < 90% na oximetria de pulso ou intubação antes da admissão também foi considerado anormal. Adaptada de Fine, et al. Pneumonia Patient Outcome Research Team cohort study. N Engl J Med 336:243, 1997. Cunha_01.indd 32Cunha_01.indd 32 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 Fundamentos em Pneumonia | 33 Tabela 1.16 Critérios para o estabelecimento de diagnóstico etiológico da pneumonia* Hemocultura positiva para patógeno pulmonar Cultura de líquido pleural positivo para um patógeno pulmonar Teste de antígeno urinário positivo (L. pneumophila serogrupo 1, histoplasmose, S. pneumoniae ou H. influenzae) Escarro positivo para BAAR Título de IgM elevado ou elevação ≥ 4 × nos títulos de anticorpo de IgG para pató- genos pulmonares Presença de Pneumocystis (carinii) jiroveci no escarro induzido ou no líquido de lavado broncoalveolar Corpos de inclusão viral patognomônicos nas células epiteliais respiratórias/biópsia pulmonar (HSV, CMV) BAAR = bacilo álcool-ácido resistente. * O patógeno de pneumonia é identificado em 60% dos casos. Tabela 1.17 Testes para avaliação de pneumonia Subgrupo Teste Observações Todos os pacientes Raio X de tórax Utilizado para confirmar o diagnóstico de pneumonia, detectar doenças pulmonares as- sociadas, sugerir um patógeno específico (em alguns), avaliar a gravidade e como referência para acompanhar a resposta ao tratamento. Repetir após 4-6 semanas em pacientes > 40 anos e em 8-12 semanas em idosos ou por- tadores de DPOC para garantir a resolução e excluir quadros não infecciosos que simulam a pneumonia (p. ex., câncer de pulmão) Coloração de Gram / cultura do escarro* PAC: opcional para pacientes ambulatoriais, recomendado para pacientes hospitalizados. O escarro também pode ser obtido por meio de aspirados de traqueostomia/nasotraqueal e de escarro induzido (recomendado para M. tuberculosis e PCP). Deve-se garantir uma amostra adequada.† Um único organismo predominante em uma boa amostra é diag- nóstico. O escarro não tem valor na EABC. Obs.: o escarro pode ser desnecessário ou induzir a erro diagnóstico (indica coloniza- ção, não infecção) (continua) Cunha_01.indd 33Cunha_01.indd 33 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 34 | Burke A. Cunha Tabela 1.17 Testes para avaliação de pneumonia (continuação) Subgrupo Teste Observações Pacientes hospitali- zados Exames laboratoriais‡ Usado para avaliar comorbidades. Pode su- gerir um patógeno em alguns pacientes Duas amostras de hemo- cultura (de preferência antes do tratamento)** Culturas positivas; geralmente S. pneumo- niae, H. influenzae, E. coli (excluindo S. au- reus/linha IV/ organismos relacionados com a punção venosa) Pacientes seleciona- dos BAAR coloração/cultura Deve ser obtida em pacientes gravemente enfermos sem um diagnóstico alternativo, quando as características clínicas sugerem TB ou em surtos, especialmente se > 40 anos ou imunocomprometido Teste para Legionella sp. Deve ser obtido naqueles com achados extra- pulmonares, especialmente bradicardia rela- tiva ± alterações do estado mental, ↓ PO–4/↑ TFHs ou não responsivos aos β-lactâmicos Toracocentese com co- loração de Gram, cultura, pH, hemograma com contagem diferencial*** Recomendado se houver derrame pleural moderado a grave Citologia do escarro Pode detectar câncer brônquico (pneumonia pós-obstrutiva) Testes sorológicos Disponível para todos os patógenos atípicos, agentes de bioterrorismo, influenza, hantaví- rus, SPH, SARS, CMV * De preferência, obter a amostra antes da terapia antimicrobiana. Incapacidade de obter amostras para estudos diagnósticos não deve retardar o tratamento antimicrobiano de pacientes graves. † Apenas 30% dos pacientes idosos produzem escarro adequado. ‡ Hemograma completo e diferencial, eletrólitos, TFHs, ureia/creatinina. ** N. de R.T.: O uso prévio de antimicrobianos pode reduzir o rendimento das hemoculturas no diag- nóstico da pneumonia, devendo ser coletadas antes do início do tratamento (entretanto, sem atrasá-lo). A utilidade dos métodos que reduzem a interferência do uso prévio de antimicrobianos na positividade das hemoculturas é controversa, sendo mais eficazes para recuperação de bactérias Gram-positivas. *** N. de R.T.: Deve-se dosar também LDH e proteínas no líquido pleural, bem como em amostra de sangue periférico (pareados) para a diferenciação entre transudato e exsudato. O derrame pleural parapneumônico é um exsudato. A dosagem de glicose no líquido pleural também é recomendada. Glicose abaixo de 40 mg/dL ou LDH maior que 1.000 UI/L indicam um derrame parapneumônico com- plicado, sendo geralmente necessário um manejo mais agressivo. Adaptada de IDSA Practice Guidelines. Clin Infect Dis 31:347-382, 2000. Cunha_01.indd 34Cunha_01.indd 34 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 Fundamentos em Pneumonia | 35 Tabela 1.18 Exames laboratoriais para pacientes hospitalizados com PAC Raio X de tórax Duas amostras de hemoculturas(de preferência, antes da terapia antimicrobiana) Hemograma completo (incluindo contagem de plaquetas), testes de função hepáti- ca, ureia/creatinina, eletrólitos, sumário de urina Coloração de Gram e cultura do escarro. Se houver suspeita de TB, coloração e cultura para BAAR. Se houver suspeita de Legionella sp., VSG, proteína C-reativa, CPK, ferritina, baciloscopia do escarro e ensaio para antígeno urinário. Se houver suspeita de micoplasma, crioaglutininas Análise do líquido pleural, contagem de leucócitos com diferencial, LDH, pH, ácido lático, proteína, glicose; coloração de Gram, coloração para BAAR, cultura para bactéria (aeróbios/anaeróbios), fungos, BAAR Adaptada de Bartlett JG. Approach to the patient with pneumonia. Em Gorbach, Bartlett, Blacklow (eds). Infectious Disease, 3a ed., W.B. Saunders, Philadelphia, PA, 2004. Tabela 1.19 Considerações sobre a terapia antimicrobiana para PAC Questão Observações Necessidade de raio X de tó- rax e coloração de Gram Recomenda-se RXT para todos os pacientes. O RXT confirma o diag- nóstico, exclui quadros não infecciosos que simulam a pneumonia e frequentemente sugerem patógenos (ver também o Atlas de Raio X de Tórax, Capítulo 11). A coloração de Gram de uma boa amostra de escarro demonstrando um único organismo predominante confirma o patógeno (ver também Capítulo 3) Paciente am- bulatorial vs. hospitalizado A decisão baseia-se no Índice de Gravidade de Pneumonia (ver Tabela 1.14) e no julgamento clínico a respeito da recomendação/ disponibilidade dos cuidados domiciliares Escolha da terapia A terapia empírica é direcionada ao patógeno mais provável, com base na história, exame físico, RXT, coloração de Gram do escarro (ver Capítulos 2, 3 e 11). A cobertura contra patógenos típicos/ atípicos é recomendada. A terapia antimicrobiana subsequente pode necessitar ajuste, com base na cultura e teste de sensibilidade Terapia oral A terapia oral pode ser utilizada em pacientes ambulatoriais e interna- dos com PAC não grave Substituição da terapia IV para VO O tratamento pode ser totalmente IV, VO ou IV/VO. A substituição para terapia VO é recomendada para pacientes, após melhora da curva térmica e melhora no estado clínico/sintomas respiratórios (geralmente dentro de 72 horas) do paciente, que podem ingerir/ absorver medicações VO (pela boca ou sonda NG/PEG). (continua) Cunha_01.indd 35Cunha_01.indd 35 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 36 | Burke A. Cunha Tabela 1.21 Complicações da pneumonia Complicações pulmonares: empiema, abscesso pulmonar/cavitação, fístula broncopleural, pneumonia necrotizante, infarto pulmonar, bronquiolite obliterante (BOOP), SARA Complicações sistêmicas: sepse em asplênicos, bacteremia com infecção metas- tática (meningite, endocardite, artrite séptica) Exacerbação de comorbidades: insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana, diabete melito, DPOC Complicações relacionadas a ventilação mecânica: pneumotórax, enfisema subcu- tâneo, SARA Reações pulmonares medicamentosas Outras complicações não relacionadas: úlcera de estresse/sangramento GI, TVP/ embolia pulmonar Falha em responder à terapia (ver Tabela 1.23) Tabela 1.20 Instruções para pacientes ambulatoriais tratados para PAC Manter uma boa hidratação (cuidado nos pacientes com insuficiência cardíaca) Evitar supressores de tosse, cigarros Realizar contato telefônico de acompanhamento em 5-7 dias Realizar visita ambulatorial de acompanhamento em 5-7 dias em caso de febre persistente, dispneia, tosse ou dor torácica Realizar raio X de tórax de acompanhamento para excluir obstrução brônquica (câncer pulmonar) em 4-6 semanas (adultos jovens) ou em 8-12 semanas (idosos, DPOC ou envolvimento múltiplo) Tabela 1.19 Considerações sobre a terapia antimicrobiana para PAC (continuação) Questão Observações Duração da terapia Em indivíduos hígidos, a maioria das PACs podem ser tratadas em 5-10 dias de terapia antimicrobiana. Uma maior duração na terapia pode ser necessária para alguns patógenos (p. ex., Legionella sp.) e indivíduos imunocomprometidos Alta hospitalar Os pacientes devem demonstrar estabilidade clínica (T < 37,5ºC por 24 h, saturação de oxigênio > 90%, FR< 24/min, capacidade de comer/beber), nenhuma outra complicação ou complicações sob controle (infarto do miocárdio, arritmia, EP, insuficiência cardíaca, empiema, abscesso pulmonar) e comorbidades estáveis/controladas Cunha_01.indd 36Cunha_01.indd 36 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 Fundamentos em Pneumonia | 37 Tabela 1.22 Respostas comuns à terapia para PAC Tipo de paciente Observações Paciente ambu- latorial (adultos jovens hígidos) A maioria retorna ao trabalho em menos de 1 semana e se recupera totalmente em 2 semanas 2-4% manifestam sintomas ou piora progressiva de comorbidades (doença cardíaca coronariana, insuficiência cardíaca, asma, DPOC) Paciente hospita- lizado A maioria necessita de 3-7 dias para estabilidade clínica; 2 dias para pulso ≤ 100/min e 3 dias de frequência respiratória ≤ 24/ min, saturação de oxigênio ≥ 90%, temperatura ≤ 37,2ºC Até 70% dos pacientes com PAC grave desenvolvem complica- ções (insuficiência respiratória, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, arritmia, choque, sangramento GI, insuficiência renal) Quando estável clinicamente, a deterioração é rara Mortalidade ~ 8% (em geral devido a insuficiência respiratória, doença cardíaca, complicação da infecção) Taxas de mortalidade de até 30-50% têm sido relatadas em pa- cientes de alto risco (doença cardiopulmonar grave, indivíduos imunocomprometidos) Tabela 1.23 Causas de falha na resposta ao tratamento para PAC/PAA/PAH Categoria Causas Febre persis- tente Problema de trata- mento Tempo inadequado para melhora clínica (a febre geralmente diminui dentro de 72 horas; os sintomas pulmonares geralmente melhoram em 3-5 dias; o RXT mostra alguma melhora/nenhuma progressão em uma semana) Erro na seleção do fármaco (espectro incorreto/inadequado ou atividade inadequada) Subdose do antimicrobiano Efeitos colaterais do fármaco Interação medicamentosa (inativação/antagonismo do antimicrobiano) Resistência antimicrobiana (raramente a causa) Problema de diagnós- tico Tratamento de colonização não relacionada com a febre em vez da infecção Pneumonia viral ou fúngica não responsiva aos antimicrobianos (obter culturas/sorologia específica) TB não responsiva aos antimicrobianos (obter BAAR do escarro/ culturas) Quadros não infecciosos similares à pneumonia (insuficiência cardíaca, linfoma, carcinoma brônquico, sarcoidose, embolia/he- morragia pulmonar, pneumonite por LES, pneumonite por radiação/ química, febre medicamentosa, reação pulmonar aos fármacos) (continua) Cunha_01.indd 37Cunha_01.indd 37 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 38 | Burke A. Cunha Tabela 1.24 Fatores relacionados a um mau prognóstico em pacientes com pneumonia Idade > 65 anos Doença coexistente Diabete Insuficiência renal Doença cardíaca coronariana Insuficiência cardíaca DPOC Alcoolismo crônico Hospitalização nos últimos 12 meses Imunossupressão Doença maligna Hipoesplenia/asplenia Anormalidade no exame físico Frequência respiratória > 30/min Pressão sistólica < 90 mmHg ou pressão diastólica < 60 mmHg Temperatura > 38,3ºC ou hipotermia Alteração do estado mental não induzida por drogas (letargia, estupor, desorientação, coma) Local extrapulmonar de infecção (p. ex., meningite) Anormalidade laboratorial Contagem de leucócitos < 4.000/mm3 ou > 30.000/mm3 pO2 < 60 mmHg ou pCO2 > 48 mmHg em ar ambiente Insuficiência renal (creatinina > 1,7 mg/dL) Albumina < 3,0 mg/dL Hematócrito < 30% (continua) Tabela 1.23 Causas de falha na respostaao tratamento para PAC/PAA/PAH (continuação) Categoria Causas Problemas do indivíduo Obstrução do brônquio (p. ex., carcinoma brônquico), sequestro pulmonar Melhora ini- cial seguida por recru- descência da febre Febre secundária a medicações (comum) ou antimicrobianos (me- nos comum) Complicação séptica (abscesso pulmonar, empiema, derrame pa- rapneumônico complicado) Complicação não séptica (gota aguda, infarto agudo do miocárdio, embolia pulmonar aguda, diarreia/colite por C. difficile, etc.) Cunha_01.indd 38Cunha_01.indd 38 29/07/11 16:3929/07/11 16:39 Fundamentos em Pneumonia | 39 Tabela 1.24 Fatores relacionados a um mau prognóstico em pacientes com pneumonia (continuação) Patógeno Virulento Streptococcus pneumoniae (sorotipo 3) Legionella sp. Klebsiella pneumoniae Escherichia coli Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa Anormalidade no raio X Pneumonia multilobar Progressão rápida da pneumonia Derrame pleural/empiema persistente Adaptada de Fine, et al. Pneumonia Patient Outcome Research Team cohort study. N Engl J Med 336:243, 1997. Fine et al. Prognosis and outcomes of patients with community-acquired pneumonia. JAMA 274:134-141, 1995. Chang M, Rozenfeld M, Cunha BA. Communi- ty-acquired pneumonia: pneumocystis ca- rinii vs. mycobacterium tuberculosis (TB). Infectious Disease Practice 27:253-4, 2003. Cotton LM, Strampfer MJ, Cunha BA. Legionella and mycoplasma pneumonia: a community hospital experience. Clinics in Chest Medici- ne 8:441-53, 1987. Cunha BA. Severe community-acquired pneumonia: determinants of severity and approach to therapy. Infections in Medicine 22:53-8, 2005. Cunha BA. Empiric oral monotherapy for hos- pitalized patients with community-acquired pneumonia. An idea whose time has come. 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