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SUPORTE BÁSICO À VIDA AULA 6 KAREN PINHEIRO NOGUEIRA FISIOTERAPEUTA/MASSOTERAPEUTA QUEIMADURAS Tipo de trauma comumente encontrado, envolvendo principalmente as crianças e o ambiente domiciliar. As lesões são produzidas por: Ação de agentes físicos térmicos (calor ou frio): fogo, vapores, eletricidade, gelo; Por irradiação: raios solares; Agentes químicos: ácidos ou soluções básicas; Fricção IMPORTANTE Nunca aplicar sal, açúcar, pasta da dente, pomadas ou qualquer outro produto caseiro, pois eles podem complicar a queimadura e dificultar o diagnóstico; Não aplicar gelo diretamente sobre o local afetado; Evitar pomadas ou remédios naturais, assim como qualquer medicação não prescrita por médicos; Em caso de ingestão de produtos caústicos ou queimaduras em boca e olhos, lavar o local com bastante água corrente e procurar o pronto- socorro; Não tocar a área afetada; Não tentar retirar pedaços de roupa grudados na pele; Se necessário, recortar em volta da roupa que está aderida a pele queimada; Não cobrir a queimadura com algodão. A profundidade da queimadura depende do elemento que a causou e do tempo que a vítima ficou exposta; Qualquer queimadura, mesmo a mais simples queimadura solar, poderá complicar e até levar a vítima a um estado de choque, portanto merece tratamento cuidadoso; A avaliação da extensão da queimadura, em conjunto com a profundidade, a eventual lesão inalatória, o politrauma e outros fatores determinarão a gravidade do paciente; O processo de reparação tecidual do queimado dependerá de vários fatores, entre eles a extensão local e a profundidade da lesão; A queimadura também afeta o sistema imunológico da vítima, o que acarreta repercussões sistêmicas importantes, com consequências sobre o quadro clínico geral do paciente. CLASSIFICAÇÃO QUEIMADURA DE 1º GRAU – a lesão ocorre apenas na camada mais externa da pele, ou seja, a epiderme. É o tipo mais comum de queimadura e pode ser causada por uma simples exposição prolongada ao sol. Os sinais e sintomas incluem edema e vermelhidão da pele, hipersensibilidade e ardor, que se iniciam quase que imediatamente no caso de agentes físicos serem sua causa, podendo se intensificar até 12 a 48 horas, pela ação de agentes inflamatórios. Afeta somente a epiderme, sem formar bolhas. Descama em 4 a 6 dias. COMO PROCEDER? Afaste a vítima de perto da fonte causadora da queimadura, resfrie o local com água fria ou pano úmido e proteja o local atingido; Ofereça líquidos à vítima. QUEIMADURA DE 2º GRAU – atinge a epiderme e a derme, sendo mais dolorida e facilmente identificada, porque provoca a formação de flictenas (bolhas). Superficial: a base da bolha é rosada, úmida e dolorosa. Profunda: a base da bolha é branca, seca, indolor e menos dolorosa (profunda). A restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 dias. Os sinais e sintomas mais importantes são a dor (hipersensibilidade), presença de flictenas, edema e umidade; Na ocorrência de muitas bolhas ou lesões extensas, poderá haver a perda importante de líquido e plasma nessas áreas, podendo haver também a formação de cicatrizes; O tratamento dermatológico deverá ser considerado. COMO PROCEDER? Utilizar água fria em abundância, para resfriar apenas o local afetado. Não furar as bolhas porque elas protegem o local contra infecção e aceleram o processo de cicatrização. Não tentar retirar coisa alguma que esteja grudada à pele (por exemplo, roupas). Não aplicar pomadas, líquidos, cremes, pastas dentais ou qualquer outra substância sobre a queimadura. Proteger o local atingido e encaminhar a vítima ao atendimento médico o mais breve possível. QUEIMADURA DE 3º GRAU – Ocorre a destruição de todas as camadas da pele; Atingindo também gordura, músculos, tendões e até órgãos internos, podendo trazer risco iminente de morte; Esse tipo de queimadura exige extrema atenção e cuidados por parte do provedor de saúde. É indolor, porque a queimadura destrói os receptores e terminações nervosas nas estruturas afetadas, sendo dolorosa a área circundante que sofre queimadura de segundo ou primeiro grau. Existe a presença de placa esbranquiçada ou enegrecida. Possui textura coriácea. Não reepiteliza e necessita de enxertia de pele (indicada também para o segundo grau profundo). COMO PROCEDER? Siga as mesmas regras para as queimaduras de 2º grau. Se a vítima estiver com as roupas em chamas, abafe o fogo com um cobertor ou algo similar; deite a vítima, colocando a cabeça e o tórax mais baixos que o corpo. Cubra o local atingido com pano limpo, de preferência compressa ou gaze estéril, embebida em vaselina estéril. Monitore os sinais vitais e transporte a vítima para o hospital o mais rápido possível. EXTENSÃO DA QUEIMADURA Outra forma de classificar as queimaduras é em relação à superfície corporal queimada (SCQ); Existem várias classificações para o cálculo da Área Total de Superfície Corporal Queimada (ATSQ), sendo a “Regra dos Nove”, proposta por Wallace, a mais empregada. Membros superiores e cabeça: 9% cada; Membros inferiores: 18% cada; Tronco completo: 36% cada; Pescoço e área genital: 1% cada; Queimaduras de 2 e 3 grau que atingem mais de 20% do corpo são consideradas graves, levando a vítima ao estado de choque; REGRA DOS NOVE PARA ADULTOS REGRA DOS NOVE INFANTIL QUEIMADURAS QUÍMICAS São lesões teciduais resultantes de contato químico, geralmente relacionado ao ambiente de trabalho ou doméstico; Essas queimaduras podem se tornar significativamente graves até que o produto seja inativado; ou sua ação interrompida. As queimaduras químicas podem ser ácidas ou alcalinas (básicas) e os sinais e sintomas variam de acordo com a substância agressora. Ambas as queimaduras causam dor, mas, de um modo geral, as queimaduras ácidas causam necrose de coagulação, produzindo escaras e úlceras; As queimaduras alcalinas são mais graves porque penetram profundamente na pele e permanecem ativas por longo período. Exemplo de produto químico básico: hidróxido de sódio – NaOH (soda cáustica). COMO PROCEDER? Remova toda a roupa ou objetos contaminados de perto da vítima. Lembre-se da sua segurança pessoal, ao tocar na vítima; Dependendo da substância química, poderá ser feita a lavagem da região afetada com água abundante e contínua; Em casos de contato com produtos químicos em pó, limpe a pele antes de molhá-la, para evitar a ativação da substância. De acordo com as orientações da Sociedade Brasileira de Queimaduras, no caso de queimaduras produzidas por líquidos é recomendável lavar a área com água corrente e abundante por pelo menos 30 minutos; Monitore os sinais vitais, procure identificar a substância causadora e encaminhe a vítima imediatamente para um serviço de pronto atendimento; Jamais tente neutralizar a substância, porque a neutralização de uma substância é uma reação que produz calor, podendo causar danos adicionais à vítima. QUEIMADURA NOS OLHOS TÉRMICA: cubra os olhos com compressa macia de gaze umidificada em água fria, fixando com fita crepe sem efetuar pressão. QUÍMICA: Identifique o agente agressor; Lave com abundante água corrente, sem pressão; Lave por no mínimo: 1. 5 minutos para ácidos; 2. 15 minutos para álcalis; 3. 20 minutos para cáusticos desconhecidos. Cubra os olhos como na queimadura térmica; Retire a compressa e lave novamente por 5 minutos caso a vítima volte a sentir queimação. CHOQUE ELÉTRICO Lesões induzidas pela passagem de corrente elétrica pelo corpo de uma pessoa que, dependendo da intensidade da corrente, da resistência, da voltagem e do tempo de exposição, podem ser mais, ou menos graves. Algumas literaturas classificam a queimadura produzida por corrente elétrica como sendo de quarto grau. Os sinais e sintomas dependem do tipo da lesão e das circunstâncias, podendo surgir ferimentos incisivos isquêmicos, carbonizados, deprimidos ou amarelo-esbranquiçados; O ferimento de entrada da corrente geralmente é pequeno e mascara uma lesão tecidual profunda; O ferimento de saída pode ser do tamanho do de entrada ou maior. COMO PROCEDER? Evite o contato direto com a vítima se ela ainda estiver sofrendo o choque elétrico; Procure desligar a fonte de energia; Se não for possível, afaste-a da fonte da corrente, utilizando um mau condutor de energia, como madeira, pedaços de tecidos fortes, luvas. Mantenha a vítima deitada; Eventualmente a vítima sofre parada cardiorrespiratória, portanto esteja preparado para iniciar as manobras de suporte básico de vida; Se não for o caso, monitore os sinais vitais e proceda aos cuidados para queimaduras e prevenção doestado de choque. Encaminhe a vítima para o hospital o mais rápido possível. AFOGAMENTOS Define-se por afogamento a aspiração de líquido não corporal por submersão ou imersão. Uma sufocação (asfixia) após imersão em meio líquido; O afogamento é a terceira causa mais comum de morte acidental; 40% ocorrem com crianças abaixo de quatro anos de idade. Entre elas, os locais mais comuns de afogamento são as piscinas e banheiras. Diversas causas levam ao acidente de submersão: indivíduo que não sabe nadar e se vê em situação que envolva meio líquido, que cansa ou tem câimbras, Indivíduo cardiopata que tem infarto; O que usa álcool antes de entrar na água; O epilético que tem crise convulsiva na água; O que mergulha em águas rasas, entre outras. Nos acidentes por submersão, independentemente da causa, o fator principal que leva o indivíduo à morte é a hipóxia. Inicialmente, a vítima em contato com a água prende voluntariamente a respiração e faz movimentos com todo o corpo, tentando desesperadamente nadar ou agarrar-se a alguma coisa; Nessa fase, pode haver aspiração de pequena quantidade de água que, em contato com a laringe, por reflexo parassimpático, promove constrição (fechamento) das vias aéreas superiores; Em 10 a 15% dos casos, esse laringoespasmo é tão severo que impede a entrada de água e ar no trato respiratório, até que a vítima seja resgatada ou perca a consciência e morra, “afogamento seco”; As vítimas que não aspiram líquidos geralmente respondem melhor ao tratamento, quando resgatadas a tempo. Após essa fase inicial, se não ocorrer o salvamento, a vítima atingirá seu limite e fará movimentos respiratórios involuntários, aspirando grande quantidade de água. (“Afogamento molhado”: associado à aspiração de líquido, tem pior prognóstico e representa 85% dos afogamentos fatais); Essa entrada de grande quantidade de água nos pulmões piora a constrição das vias aéreas; Ocorre diminuição da capacidade de expansão pulmonar, além de impedir a troca gasosa normal; Os movimentos diafragmáticos involuntários aumentam a aspiração de líquidos e os movimentos de deglutição, causando distensão do estômago e vômitos na sequência; Ocorre inundação total dos pulmões com perda de consciência, parada respiratória (apneia) e consequente morte. As pessoas idosas, as que se debatem na água, que sofreram lesões, que ficaram submersas por um longo período e que estão em águas quentes, sujas ou salgadas estão entre as vítimas que apresentam os piores prognósticos. Observação – Há uma diferença significativa entre afogamentos em água quente e em água gelada. Quando a pessoa mergulha em água gelada (abaixo de 20ºC), a respiração é inibida, a frequência cardíaca diminui e os vasos sanguíneos, na maior parte do corpo, se contraem. Entretanto, o fluxo sanguíneo para o coração e para o cérebro é mantido. CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO Grau I: Vítima lúcida, apresentando tosse seca. Inicialmente o paciente está taquicárdico e taquipneico, mas melhora rapidamente à medida que se acalma; Não há aspiração pulmonar significativa; O tratamento na cena do acidente consiste em repouso, aquecimento da vítima e oferecimento de oxigênio. Grau II: lucidez ou agitação. Elevação moderada das frequências respiratória e cardíaca; Vítima com taquipneia, sem grande dificuldade respiratória; Há presença de tosse e vômitos; Existe pequena quantidade de espuma na boca e no nariz; Óbito em 0,6% dos casos. Grau III: vítima agitada e pouco colaborativa devido à falta de oxigênio; Frequência cardíaca e ventilatória elevadas e grave dificuldade respiratória, muitas vezes com cianose; Ocorre tosse com espuma esbranquiçada ou rósea em quantidade; A mortalidade acontece em cerca de 5,2% dos casos. Grau IV: semelhante ao Grau III, porém o pulso radial está fraco ou ausente (sinais de choque). Óbito em 19,4% dos casos. Grau V: presença de parada respiratória. Óbito em 44% dos casos. Grau VI: presença de parada cardiorrespiratória. Óbito em 93% dos casos. SALVAMENTO Sempre se deve suspeitar de lesão na coluna cervical em vítimas inconscientes por afogamento em águas rasas, portanto deve-se proceder à imobilização adequada para a sua retirada, sempre que possível. O salvamento deverá ser realizado, de preferência, sem a entrada do prestador de socorro na água; Ele deve jogar algum objeto para a vítima (consciente) se apoiar: corda, boia, colete salva-vidas, prancha de surfe, bola de futebol, pneu, remo, galho, toalha, ou outro objeto resistente, que não irá se romper; Uma vez que a vítima tenha agarrado o objeto, deve ser puxado para a margem. Se a vítima estiver inconsciente ou longe demais para ser alcançada com uma corda, o prestador de socorro deverá ir até ela. Atenção! o prestador de socorro apenas entra na água se souber nadar muito bem, ou tenha recebido treinamento em técnicas de resgate aquático; se estiver vestindo equipamento pessoal de flutuação; se estiver acompanhado por outros socorristas; O socorrista deve estar preparado para o salvamento de vítimas em pânico. Lembre-se da segurança em primeiro lugar. Se o socorrista não estiver apto, deve marcar o lugar do afogado e procurar socorro. Somente em último caso, deve-se tentar ir até a vítima! Remover a vítima da água o mais rápido possível. O socorrista deve ficar sempre atento à sua segurança pessoal durante o resgate e solicitar auxílio. Sempre suspeitar de lesão medular se a vítima estiver envolvida em um acidente de mergulho. Deve-se também suspeitar desse tipo de lesão em qualquer nadador inconsciente, especialmente em águas rasas. No caso de possível lesão medular, o objetivo é sustentar as costas da vítima e estabilizar a cabeça e o pescoçoenquanto outros cuidados são administrados; Sempre deixar a cabeça e o pescoço no mesmo nível das costas; Se não houver suspeita de lesão medular, colocar a vítima em posição lateral de segurança, de modo que água, vômito e secreções possam ser drenadas das vias aéreas superiores; Na ausência de respiração, desobstruir as vias aéreas imediatamente e começar a respiração de salvamento. Água nas vias aéreas pode causar resistência à respiração; Após a verificação da ausência de corpos estranhos nas vias aéreas, aplicar a respiração de salvamento com mais força até ver o tórax da vítima subir e descer Não tentar retirar a água dos pulmões ou do estômago! A utilização da manobra de Heimlich para esvaziar o estômago distendido só aumenta o risco de aspiração pulmonar; A manobra só deve ser utilizada se houver suspeita de obstrução de vias aéreas superiores por corpos estranhos; Se não houver pulso, começar imediatamente as compressões torácicas (RCP). Prosseguir com a reanimação até a chegada da equipe de emergência, ou a recuperação da vítima. Caso a vítima esteja inconsciente, mas com respiração espontânea presente, colocá-la em posição lateral de segurança, a fim de evitar broncoaspiração, especialmente se apresentar vômitos. Aquecer a vítima, secando-a e cobrindo-a com cobertores ou toalhas. Todas as vítimas de afogamento, mesmo aquelas que só necessitaram de mínimo auxílio, devem ser submetidas à avaliação médica, mesmo quando se acredita que o perigo já passou. Às vezes a lesão pulmonar ocorre horas após o episódio de submersão, e a vítima poderá morrer em até 3 ou 4 dias após o acidente (aproximadamente 15% das mortes por afogamento ocorrem por complicações secundárias). Se necessário, realizar manobras básicas de reanimação, desfibrilação e procedimentos de suporte avançado. CORPOS ESTRANHOS NO ORGANISMO OLHOS, NARIZ E OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS: JÁ VISTOS ANTERIORMENTE. TANTO EM QUEIMADURAS COMO EM TRAUMAS. OUVIDO Por ser uma cavidade, o ouvido é local onde podem penetrar insetos, e outros corpos estranhos; Geralmente são as crianças que apresentam corpos estranhos no conduto auditivo externo; Algodão, milho, feijão, espuma, borracha, pedras, moscas, carrapatos; Frequentemente estes corpos estranhos são mais perigosos pelas tentativas de extração mal sucedidas do que pela sua presença; REMOÇÃO Observação, remoção e orientação; Corpos Animados (Moscas, besouros, carrapatos) deve-se instilar álcool para asfixiar o inseto e depois removê-lo; Vegetais (feijão, milho, ervilha), que se expandiram, não tentar removê-los de imediato, deve-se instilar álcool absoluto durante alguns dias para desidratá-los e assim retraí-los, facilitando a sua retirada. INSETOS Não tente retirar o corpo estranho do ouvido com cotonete, pinça ou outro instrumento qualquer, pode lesar a membrana timpânica, favorecendo a surdez. Puxe a orelha da vítima para traz e dirija um facho de luz para o canal auditivo; Caso o inseto permaneça no ouvido, pingue em torno de 2 a 3 gotas de álcool a 70%, e observe; Se o inseto continuar reagindo, procurar atendimento médico para retirada do inseto através da lavagem do ouvido ou extração com pinças especiais. GRÃOS DE CEREAIS Incline a cabeça da vítima para baixo e para o lado do ouvido atingido; Com o punho, ou ela ou socorrista devem dar leves toques na cabeça no lado oposto ao ouvido afetado pelo corpo estranho; Caso não saia, instilar gotas de álcool; Procurar atendimento médico. EMPALAMENTOS Lesões graves, causadas por penetração de objetos pontiagudos no organismo: faca, facões, flechas, madeira, entre outros. Não se deve retirar o objeto encravado no organismo, a menos que este esteja impedindo a respiração. Deve-se imobilizar com estabilização do corpo estranho e encaminhar a uma emergência.