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O PEDAGOGO E A FUNÇÃO SOCIAL I II III IV

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CAPÍTULO 1 - QUAL O PAPEL SOCIAL DA ESCOLA?
Introdução
 O pedagogo e a função social da escola são os temas centrais deste capítulo. Aqui você estudará os aspectos que englobam a diversidade cultural, a promoção da cidadania e a educação integral, considerados como domínios da formação do pedagogo. Refletirá tambémsobre a função social da escola a partir de outros espaços educativos na perspectiva histórica e cultural, considerando as relações entre as concepções epistemológicas e os modelos pedagógicos presentes em seu cotidiano, tendo emvista as representações de educadores e alunos acerca do ensinar e do aprender que refletem sobre as possibilidades de transformação da escola. Vale destacar que a disciplina tem por objetivo oportunizar a você a compreensão de como se dá a construção da postura acadêmica investigativa e problematizadora da realidade educacional.
Para iniciar seus estudos, é importante refletir sobre algumas questões norteadoras para a compreensão do papel do pedagogo e da função social da escola. Como promover a cidadania observando as políticas e as diversidades culturais? O que é educação integral,considerando os domínios essenciais da atuação do pedagogo dentro desse contexto? Como explorar a função social da escola, tendo por base os subsídios teóricos a partir do cotidiano escolar? E qual a importância da pesquisa-ação no cotidiano escolar para a problematização do ensino?
A partir dessas reflexões, você terá a oportunidade de conhecer e aprender como, no cotidiano escolar, as questões que compreendem o papel do pedagogo e a função social da escola podem colaborar para a construção e formação cidadã,com vistas à emancipação social e o pleno exercício da cidadania.
Bom estudo!
1.1  A construção da postura acadêmica investigativa e problematizadora da realidade educacional 
Na escola contemporânea, muitos são os desafios cotidianos que nos levam a refletir sobre a importância da postura investigativa e da pesquisa para as questões que envolvem o ensino. Você já ouviu falar em pesquisa-ação? Ou como a pesquisa-ação pode favorecer tanto a formação docente quanto o ensino-aprendizagem? Ou, ainda, como o profissional pode discutir sobre as práticas do ensino? A partir dessas reflexões vamos mostrar como a pesquisa, inserida na prática docente pode favorecer o ensino. Portanto, ao estudar os pressupostos que subsidiam uma prática investigativa, você compreenderá como o pedagogo e a escola podem desenvolver o papel de mediadores do processo de aprendizagem, de modo a garantir qualidade no ensino além de uma formação cidadã. 
1.1.1    A importância da pesquisa-ação no cotidiano escolar 
Muitos são os desafios da escola contemporânea, tendo em vista a busca pela formação integral e transformação social. Esses desafios atravessam questões que colocam em evidência a prática docente e a necessidade de o professor assumir uma prática investigativa que favoreça o processo de ensino-aprendizagem.
Diante desse contexto, é importante que o docente desenvolva competências,com vistas à aprendizagem significativa, e se torne um mediador na relação entre o conhecimento e o aluno. Mas o grande questionamento é: como isso poderá ocorrer? O que é necessário para que o docente exerça sua função com sucesso?
O professor, ao organizar sua prática docente, elabora objetivos que precisam ser planejados sob a intencionalidade da aprendizagem futura do aluno. Para tanto, as questões metodológicas são fundamentais, pois além de direcionar o trabalho do educador, oportunizam também a formação docente. Uma alternativa metodológica com essas características é a pesquisa-ação, uma vez que permite, conforme Franco (2012, p. 180), “[...] um esclarecimento das teorias implícitas na prática e favorecimento aos sujeitos da prática melhor apropriação crítica de algumas teorias educacionais.” Desse modo, também leva o docente a “[...] produzir a transformação de suas concepções sobre o fazer pedagógico e, emdecorrência, transformações em suas práticas” (FRANCO, 2012, p. 180).
De acordo com Thiollent (2008, p. 16), pesquisa-ação é definida como:
 [...] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
Portanto, quando o docente opta por desenvolver seu trabalho na perspectiva da pesquisa-ação, ele investe indiretamente na sua própria formação enquanto pesquisador. E mais:investe na formação do aluno, que constrói seu conhecimento a partir da relação entre sujeitos envolvidos no estudo-pesquisa.
É importante compreendermos que a pesquisa-ação é um instrumento que necessita de planejamento, contudo é muito flexível, o que o difere de outros tipos de pesquisa, pois não possui uma forma rígida. As trocas de experiências e os diálogos constantes entre docentes e alunos colaboram para decisões a serem tomadas no processo de investigação.
VOCE SABIA? Além de uma excelente metodologia para a educação, a pesquisa-ação é uma prática muito utilizada no contexto empresarial, pois é compreendida como uma estrutura que oferece interação entre clientes/pesquisadores.Dessa forma, demonstra que, assim como na educação,é um método que colabora para o diagnóstico dos possíveis problemas, auxilia na elaboração do planejamento sempre apontando caminhos e ações – além de promover uma aprendizagem pautada na experiência e na relação com o outro.
Enfim, a pesquisa-ação é uma forma de investigação na qual o processo compreende o investigador e o objeto a ser estudado (o aluno e seu processo de aprendizagem), porém de forma participativa, todos implicados a elucidar a realidade na qual estão inseridos seus problemas, experimentando, coletivamente, a produção e o uso do conhecimento. 
1.1.2 Práticas problematizadoras do ensino 
A produção do conhecimento está diretamente relacionada à capacidade dos indivíduos solucionarem os problemas que surgem em seu cotidiano e na sociedade de modo geral. Na educação, a busca pela solução de problemas ocorre com maior intensidade, o que faz com que essa área mereça atenção especial, pois o tempo todo é importante resolver os conflitos entre teoria e prática, e entre o ensino e a realidade dos educandos. 
Nesse sentido, essa relação nos mostra que o conhecimento, assim como o próprio ensino, não é algo pronto; ambos são produzidos coletivamente, advindos do processo ensino-aprendizagem. Assim, experimentando a resolução de problemas no cotidiano escolar, é que adquirimos os conteúdos necessários para a compreensão de mundo em que vivemos e a necessidade de transformação da realidade.  
Contudo, para que a prática problematizadora ocorra, é importante compreender o contexto em que ela se dá, pois sustenta-se na dialogicidade da relação entre o professor e o aluno, de modo que todo o processo de aprendizagem contribua para uma visão mais integradora e crítica do mundo que cerca os envolvidos, que a partir do conhecimento os liberta e os permite superar o individualismo alienante.Desse modo, sobre a dialogicidade,Freire (1980, p. 42) afirma:
O diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo, para designá-lo. Se ao dizer suas palavras, ao chamar ao mundo, os homens o transformam, o diálogo impõe-se como o caminho pelo qual os homens encontram seu significado enquanto homens; o diálogo é, pois, uma necessidade existencial.
Dessa maneira, entendemos que a educação inserida na concepção problematizadora do ensino exige maior dedicação e conhecimento do professor, sendo ele responsável por motivar o aluno, assim como instigar suas inquietações e curiosidades, de modo que a reflexão e acrítica façam parte do cotidiano do estudante e, também, da escola. “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende, ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém” (FREIRE, 1996, p. 23). Quando a escola assume uma postura problematizadoraem relação ao ensino, propicia ao seu aluno uma formação crítica e reflexiva na qual cada sujeito nela inserido seja autônomo para buscar sua emancipação social e promovê-la na sociedade.
 VOCÊ CONHECE? Paulo Freire (1921-1997) foi o mais importante educador brasileiro, reconhecido internacionalmente. Sua maior contribuição para a educação está na sua proposta metodológica de alfabetização de adultos, que possui um caráter pedagógico assumidamente político. Para Freira, o maior objetivo da educação é conscientizar o aluno, em especial aqueles que pertencem à parcela menos favorecida da sociedade, tendo em vista liberá-los da situação de opressão que o capitalismo os coloca. O principal livro de Freire, Pedagogia do Oprimido (2011), traz conceitos que o revelam um grande educador.
As práticas problematizadoras são caminhos para assegurar um bom processo de aprendizagem, além de favorecer uma aprendizagem mais crítica e humanizadora.  Na sequência, você conhecerá alguns aspectos da pesquisa no contexto profissional, que também é fundamental para a escola desempenhar seu papel com sucesso.
1.1.3 A pesquisa no contexto profissional 
Agora que você já compreendeu a importância da pesquisa-ação e da prática problematizadora para o processo de ensino-aprendizagem, irá refletir sobre a relevância da pesquisa no contexto profissional. Você pode estar se perguntando: qual a relação da pesquisa com a minha atuação profissional? 
Para encontrar a resposta, comece partindo da compreensão de que quanto maior o interesse do aluno, maior sua disposição para o ensino. Assim também não é diferente com o docente, quanto maior seu interesse por novas práticas e metodologias, melhor será seu desempenho profissional, pois “[...] a prática docente crítica implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer.” (FREIRE, 1996, p. 38). Nesse contexto, é importante compreender que:
Um saber escolar transformado em instrução não cumpre a sua finalidade essencial que é de sugerir procedimento e, o que é pior, induz a uma memorização puramente mecânica, enquanto que o professor que usa a informação com a finalidade de “ensinar” sugere o confronto dessa informação com a realidade, capacitando o aluno a refletir experiências pessoais em face de instrução contida no texto (ANTUNES, 2014, p.31). 
Daí a importância da pesquisa para a formação docente e discente, pois é por meio da pesquisa que construímos novos conceitos e os relacionamos com os conhecimentos já instituídos socialmente. Essas relações, trocas e produções de novos saberes apresentam ligação direta com as práticas problematizadoras, pois levam aluno e docente a refletir, discutir, explicar, relatar; enfim, a produzir seu “[...] próprio conhecimento por meio da interação entre o pensar, sentir e fazer.” (AZEVEDO, 2004, p. 22). Desse modo cabe ao educador realizar uma reflexão crítica de sua prática o que implicará na contribuição para o desenvolvimento de todos na escola e sociedade.
1.2   Diversidade cultural e a promoção da cidadania 
Antes de iniciar o estudo deste tópico, reflita sobre a questão: o que você entende por diversidade cultural? 
O processo de globalização facilitou – e muito – a integração dos povos e suas culturas no último século por meio da dinâmica da comunicação; contudo, não conseguiu produzir uma sociedade homogênea. 
Devido à imensa dimensão territorial do Brasil, a intenção de minimizar as diferenças entre os povos não surtiu muito efeito, pois diversas comunidades, apesar do acesso à informação, continuam a seguir com seus costumes e tradições. Nas cinco regiões do país – Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste –, muitas são as influências recebidas e praticadas, que vieram principalmente com as imigrações e que hoje são abordadas no currículo escolar. 
Evidentemente, toda a diversidade cultural que hoje é abordada na escola não ganhou seu espaço de maneira simples, pois muitos debates foram postos para uma reflexão mais aprofundada desse tema. Isso, além da institucionalização de políticas públicas que visassem garantir o respeito às diversas culturas, pois “[...] ensinar é diferente de instruir, pois instruir significa apenas dar informações sobre algo ou do que se deve fazer, por exemplo, uma receita, um manual de instrução entre outros.” (ANTUNES, 2014, p. 30). 
Em seguida, você compreenderá o papel da escola diante a diversidade cultural, tendo em vista a promoção da cidadania. 
  As diferenças fazem parte de um processo social e cultural e que não são para explicar que homens e mulheres negros e brancos distinguem entre si, é antes entender que ao longo do processo histórico, as diferenças foram produzidas e usadas socialmente como critérios de classificação, seleção, inclusão e exclusão.
Assim, a compreensão do que é diversidade é elementar na vida escolar dos educandos, para que o respeito às diferenças e suas complexidades ganhem espaço no cotidiano de todos. Sabemos que, na escola, a diversidade cultural se faz presente diariamente, por isso a importância de se atentar para esse tema nas aulas. E uma excelente forma de colocar em pauta esse debate no ambiente escolar é propor uma apropriação política a respeito de toda a produção científica da cultura dos povos, tendo em vista que todo conhecimento está para além de uma simples informação técnica, constituindo uma construção coletiva de saberes. 
Portanto, a escola precisa propiciar aos seus estudantes um espaço em que se priorize e estimule o respeito às diferenças, o respeito ao outro e a si mesmo. Vejamos agora como podemos trabalhar com a diversidade cultural na escola. 
1.2.2 Como trabalhar diversidade cultural na escola 
Sabemos que a escola possui um papel elementar na abordagem das diversas culturas do país, pois ao abordar a diversidade cultural o professor precisa estar preparado para realizar um trabalho que busque romper as barreiras do preconceito tendo em vista mostrar que não existe uma cultura melhor que a outra, e que há a necessidade de ampliar o conhecimento acerca dessa diversidade para todos os estudantes.
 Mas como podemos trabalhar a diversidade cultural tendo em vista a promoção da cidadania nas escolas? Observe o exemplo descrito no caso a seguir.
CASO Um exemplo de como trabalhar a diversidade cultural é partir do conhecimento dos próprios estudantes. O professor, sempre com apoio do pedagogo da escola, deve inicialmente questionar os alunos sobre os aspectos culturais do Brasil, e de onde vêm. Logo, o professor poderá dividir a turma em grupos, de modo que cada grupo fique com uma região – sobre a qual será realizada uma pesquisa. A pesquisa poderá contar com estudos sobre as danças populares, culinárias, religião ou outras manifestações culturais, sempre oportunizando explorar ao máximo tanto o potencial do grupo quanto o individual. Por fim, o ideal é que promovam debates, apresentações, seminários etc., colocando em evidência as principais manifestações culturais de cada região. A culminância poderá contar com uma belíssima e organizada mostra cultural, na qual cada grupo terá a oportunidade de mostrar suas descobertas para toda a comunidade escolar.
Quando a escola realiza um trabalho pautado na necessidade de abordar toda a diversidade cultural que se encontra no Brasil, possibilita que professores e alunos conheçam um pouco mais sobre o conceito de diversidade, além de aprenderem a conviver em harmonia e com respeito às diferenças. A escola que zela pela promoção da cultura e valorização das diferenças tende a realizar com maior qualidade sua função de mediadora do conhecimento, promovendo, assim, a cidadania. 
1.2.3 Cultura, política e cidadania
A diversidade cultural não é um tema que deve ser apenas discutido nas escolas, pois envolve questões que são de interesse de toda uma sociedade. Por se tratar de um assunto de tamanha abrangência, também ganhou espaço nas pautas das políticas públicas.  A respeito do conceito de política cultural, Certeau (1995, p. 195) afirmaque é “[...]um conjunto mais ou menos coerente de objetivos, de meios e de ações que visam à modificação de comportamentos, segundo critérios ou princípios explícitos.”
A verdadeira democracia deve assegurar a todos o direito de preservar e/ou criar novas culturas.E as políticas culturais direcionam o país a lidar, de maneira democrática, com os diversos paradigmas e ações culturais de modo a romper com todo o processo discriminatório causados pelas visões tradicionais e elitistas que envolvem a arte e a cultura.
Desse modo, as políticas culturais vêm para fomentar e garantir a liberdade cultural de cada povo. Nestas políticas, os conceitos de diversidade cultural e de cidadania representam os esforços de toda a sociedade. 
Nesse sentido, podemos afirmar que a não só a escola, mas todas as entidades governamentais e a sociedade devem primar pelas questões que envolvem a diversidade cultural, pois a ação conjunta de todos é uma possibilidade de garantir a efetivação da cidadania. A escola, ao assumir para si o debate da diversidade cultural, encontra uma forma de realizar a sua função social.
Na educação nacional, há uma modalidade de ensino que contempla a educação integral, pois aborda – além dos conteúdos do currículo básico – uma parte direcionada à educação profissional. Dessa maneira, oferece formação técnica profissional de nível médio. Esse tipo de informação encontra-se na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei 9.394/1996), capítulo sobre Educação Profissional (BRASIL, 1996).
A partir do que estudou até o momento, você pôde compreender o quanto a diversidade cultural é elementar para a prática pedagógica na educação emancipadora. A seguir, você conhecerá alguns aspectos da educação integral e da formação do pedagogo, e entenderá como interferem na formação cidadã.
1.3 Educação integral, domínios da formação do pedagogo 
Desde o final do ano 2000, mas principalmente ao longo da década de 2010, a educação integral vem sendo debatida com maior intensidade, pois para que ocorra a transformação social que todos desejam, os sujeitos precisam estar nutridos de uma formação que os tornem competentes não somente para o trabalho, mas para também para a vida. Nesse sentido, o que você compreende como formação integral e como se relaciona à formação do pedagogo? Para esclarecer esta e outras questões, este tópico abordará a educação integral no contexto político-social brasileiro como possibilidade de transformação e emancipação social. 
Sabemos que a sociedade e a comunidade escolar exigem uma escola de tempo integral, além de profissional preparado para os desafios desse novo modelo de escola, o que faz desses pontos pré-requisitos para que a educação integral ocorra. Desse modo, nossa discussão atravessará não só a temática da educação integral, mas também suas implicações para a melhoria da qualidade do ensino, entendendo os ranços e avanços dessa modalidade, além de pesquisar domínios essenciais de atuação para o pedagogo dentro do contexto da educação integral. 
1.3.1 Educação integral e a história da educação 
A educação brasileira, ao longo de sua história, experimentou diversas abordagens teóricas, metodológicas e filosóficas influenciadas por perspectivas diversas. Essas tantas experiências fizeram com que a educação nacional adquirisse peculiaridades que determinam uma maneira própria de assegurar a educação para todos, assim como a formação dos profissionais docentes.
Dessa maneira, o grande desafio da educação e da escola contemporânea é o de desenvolver nos sujeitos as habilidades e as competências que permitam a eles um comprometimento com a sociedade democrática, uma vez que “[...] ensinar quer dizer ajudar e apoiar os alunos a confrontar uma informação significativa e relevante no âmbito da relação que estabelecem com uma realidade, capacitando-os para construir os significados atribuídos a essa realidade e a essa relação.” (ANTUNES, 2014, p. 30). Outro grande desafio está em oportunizar a todos as mesmas condições de acesso, permanência, formação (humana e profissional). E esses entraves merecem discussão, pois não fogem da realidade de alunos e professores.
Nesse contexto de diversidade de experiências, além da forma de pensar e fazer, a educação nacional se ancora a concepção de educação integral. A educação integral que discutimos aqui é aquela que, além das concepções de formação humana, omnilateral (formação que integra o homem social e o trabalho), não só para o mercado de trabalho, mas principalmente para a vida em sociedade, mas que também conta com a ampliação dos tempos e espaços escolares, pautadas em um ensino de qualidade que promova a diversificação dos conhecimentos por meio das culturas, dos esportes, da arte e do lazer.
VOCÊ QUER LER? A Resolução CNE/CEB nº 01/2016 foiaprovada em27 de janeiro de 2016. Define diretrizes operacionais para o credenciamento institucional e a oferta de cursos e programas de Ensino Médio, de Educação Profissional Técnica de Nível Médio e de Educação de Jovens e Adultos. Também nas etapas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, na Modalidade de Educação a Distância, em regime de colaboração entre os Sistemas de Ensino, com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 13/2015. O documento na íntegra está disponível no endereço: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=33201-cne-ceb-parecer-n01-2016-pdf&category_slug=fevereiro-2016-pdf&Itemid=30192>. 
Na história da educação brasileira, podemos perceber que a humanidade produziu e socializou conhecimento de forma diversificada por meio da educação, e essa diversidade se resume em toda a construção histórica dos saberes acumulados. Contudo, toda a produção do conhecimento atravessou desafios – e são justamente esses avanços e entraves que vamos discutir a seguir.
1.3.2 Educação integral, seus avanços e entraves 
O anterior Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2001) já preconizava a educação integral no Brasil. Já o novo PNE (BRASIL, 2014), previsto para vigorar até 2024, prevê em sua meta 03 a ampliação significativa do número de escolas em tempo integral.
De imediato, o país precisaria dobrar o seu número de escolas para atender a todos. Sabemos que num contexto de crises políticas e econômicas isso está distante de ocorrer, principalmente em um país que ainda não adotou uma reforma educacional que atenda de fato as necessidades do mundo industrial e globalizado. Entre os colaboradores das grandes reformasda educação brasileira no século XX, Anísio Teixeira foi o pioneiro na idealização e implantação de escolas públicas e gratuitas para todos – na época do manifesto dos pioneiros, já dizia que a escola deve fazer bem aquilo que ela pretende fazer, portanto o fato de assinar uma legislação educacional não garante que os problemas com a qualidade da educação serão resolvidos. 
Quanto à educação em tempo integral, a ampliação do período de atendimento ainda é uma possibilidade distante da realidade que vivemos, considerando que em muitas regiões ainda faltam escolas comuns. Diante disso, precisamos ter um olhar crítico para entender o que vem acontecendo a respeito da educação integral, pois:
Na impossibilidade de ampliar o atendimento em horário integral – até hoje considerado um privilégio pelo investimento que envolve – muitas redes municipais vêm oferecendo atividades extraclasses que representam algumas horas a mais na escola. Em algumas redes, permite-se que alunos do ensino fundamental frequentemos dois turnos escolares, numa forma precária e improvisada de oferta de horário integral (FARIA, 2002, p. 85).
Se esse é o verdadeiro contexto da educação integral no Brasil, por outro lado, é a educação integral que pressupõe a construção de conhecimentos, de possibilidades de interação entre os sujeitos, tendo em vista o desenvolvimento da formação integral. 
Para que a educação seja ofertada em tempo integral, também é importante oferecer condições para a formação plena do educando.Dessa maneira, o espaço educativo precisa ser valorizado,assim como as práticas que compreendem a pesquisa, que promovem o prazer nos estudos – além do ensino com qualidade. Todas essas questões dependem de uma escola pautada nos princípios democráticose comprometida com as expectativas da comunidade escolar, sempre em prol do sucesso do processo de ensino-aprendizagem.
Nesse contexto, Faria (2002) colabora ao dizer que o perfil dos docentes ganha outro rumo, pois devem apresentar – como proposta de trabalho – competências e habilidades de pesquisadores, de mediadores da aprendizagem e de críticos reflexivos diante das práticas pedagógicas. 
Enfim, a educação integral ainda precisará de muito investimento e boa vontade para que saia efetivamente do papel. E cabe à escola, aos professores e pedagogos, à comunidade e à sociedade exigir que o direito a uma formação integral em tempo integral se concretize.
1.3.3 O pedagogo e a educação integral 
Como você viu anteriormente, a educação integral exige um trabalho diferenciado de professores e da escola. Assim, nesse contexto, o pedagogo ganha um papel fundamental – oportunizar formação não só para os alunos, mas também para os professores.
Podemos dizer que a identidade do pedagogo da escola de educação integral precisa apresentar alguns aspectos: a própria formação inicial e continuada, desejo pela carreira profissional, boa relação com as rotinas escolares e processos de avaliação do seu papel na escola. Todos esses aspectos colaboram para que o papel do pedagogo seja realizado tendo em vista a qualidade do ensino.
É evidente que o pedagogo que atua na escola de educação integral não possui as mesmas atribuições que outro que atue em escolas regulares, pois a escola de tempo integral, hoje, ainda não consegue efetivar seus objetivos e, portanto, necessita de muita orientação e adequações. Para dar conta de superar tantos desafios, o pedagogo dessa escola precisará estar ligado a todos os debates sobre formação integral.
De imediato, a educação integral propõe para o estudante a integralidade em vários aspectosem sua formação, como cognitivos, culturais, políticos, sociais e afetivos. E para que isso aconteça, caberá ao pedagogo e ao gestor escolar o papel de mediar todas as questões que compreendam a formação em tempo integral.
Por fim, entendemos que o maior desafio do pedagogo nesse contexto é o de tornar-se um profissional capaz de instigar professores, alunos e comunidade escolar ao interesse pelo conhecimento, tendo como prioridade o desenvolvimento pleno do ser humano. Somente quando a educação passar a ser significativa para o aluno (consonância entre disciplinas, conteúdos e atividades extras), ultrapassando os muros da escola e sendo reconhecida no cotidiano de todos– seja em espaços públicos ou não – é que a formação de uma sociedade mais justa, autônoma e democrática será realidade.
1.4 A função social da escola  
Comece este estudo refletindo sobre as questões: qual é a função da escola? Para que serve a escola na contemporaneidade? Para saber as respostas, é preciso conhecer o contexto que levou à criação da escola e o papel atribuído a essa instituição, entre outros aspectos que serão abordados neste tópico. 
Durante os processos de transformação da natureza, entre os quais o processo de industrialização, o ser humano elaborou as leis que regem sua convivência em sociedade. 
Nesse contexto, a escola, que também é uma invenção humana, só se legitima e se justifica quando consegue desempenhar o seu papel. Sendo assim, qual é – de fato – o papel da escola? A escola foi criada para quê? 
O principal papel da escola é o de formadora de sujeitos, em um ambiente que possibilite o acesso aos conhecimentos socialmente constituídos, além da produção de novos saberes. Assim, pensar na função da escola implica em problematizar todo o processo de aprendizagem, pois ao refletirmos que tipo escola precisaremos para um futuro próximo, também nos questionamos sobre qual o papel da escola. 
1.4.1 A escola e seu papel na sociedade
Na história da educação, a escola passou por grandes reformas que, de algum modo, acompanharam também as mudanças na sociedade. Todavia, muitas dessas reformas, como as que ocorrem na atualidade – a exemplo da reforma do Ensino Médio – revela o descompasso entre a função da escola e o que vive a sociedade; ambas caminham em sentidos opostos. Essa disparidade ocorre porque a sociedade evolui de maneira acelerada, enquanto a escola ainda conserva práticas do século passado. 
Mesmo diante dessa discrepância no ritmo das transformações, a função social da escola não pode – e não deve – perder o seu foco principal, que é o de assegurar ao aluno todo o conhecimento sistematizado ao longo da história humana, saberes que atuam como norteadores da sociedade, garantindo o bom convívio social. De acordo com Saviani (1991, p. 21), a educação precisa ser “[...] o ato de produzir direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto de homens.” Dessa maneira, é importante que o profissional da educação possua uma formação comprometida com o trabalho, tendo em vista propiciar conhecimento sistematizado e relacioná-lo à realidade dos alunos.
Nesse sentido, atualmente a escola conta com um recurso disponível para o bem do ensino: o Projeto Político Pedagógico (PPP), um documento no qual se encontra toda a fundamentação teórica e metodológica da instituição educacional, além das suas projeções em curto, médio e longo prazo. Por ser um documento flexível e de grande abrangência escolar, tem o poder de direcionar o trabalho de todos os sujeitos que compreendem o processo educacional.
Além das inúmeras informações contidas no PPP, nele também se encontra o currículo, que, segundo Saviani (1991, p.23), “[...] é o conjunto das atividades nucleares desenvolvidas pela escola”. É essencial que a escola também defina, dentro de sua função, o que é elementar para ser estudado na escola, determinando quais são os conteúdos primordiais, de modo a buscar harmonia entre os conteúdos básicos, as necessidades e aspirações dos alunos e tornar a aprendizagem significativa para os estudantes. É importante lembrar que, ao definir o planejamento do que será estudado, deve-se respeitar a diversidade cultural que se encontra na escola.
VOCÊ QUER LER? A revista “Pensar a Prática” publica entrevista com o Dr. José Carlos Libâneo, na qual o professor explicita sua compreensão sobre a educação situada nesse momento de crise. Eleensina, ainda, de que modo a escola pode superar a crise da educação no mundo contemporâneo. Leia a entrevista na íntegra, disponível no endereço: <https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/8/2613>.
Nesse processo, cabe ao pedagogo acompanhar e zelar para que a função da escola cumpra com seus objetivos, assegurando a qualidade da educação e o direito social para todos.
1.4.2 A escola que temos e a escola que queremos
Temos observado no Brasil uma exposição de teóricos que afirmam que a escola brasileira ainda encontra-se situada no século passado, pois ainda apresenta comportamentos e posturas de escolas tradicionais como o enfileiramento das carteiras, quadros de giz etc., o que dificulta a formação dos estudantes para atender as demandas do século XXI. Atualmente, nossos alunos apresentam maior prazer em ficar nas redes sociais em vez de aprender algo novo – ou simplesmente ler um livro.
Também é comum encontrarmos profissionais que não possuem conhecimento apropriado, sem sequer conseguir elaborar argumentos que sustentem as tentativas de melhorias da escola, pois apresentam críticas superficiais e distantes do cotidiano escolar.
Nas escolas públicas, encontramos um sucateamento dos espaços físicos e uma enorme desvalorização do trabalho docente. Segundo Kohle Oliveira (2014), a realidade das escolas públicas, em maioria, não é a mesma das escolas privadas, o que promove um distanciamento da qualidade do serviço público comparado ao privado. Não podemos ignorar que espaços inadequados para a aprendizagem,vidros quebrados, falta de refeitórios, ausência de lâmpadas nas salas de aula, falta de ventilador, inexistência de recursos tecnológicos modernos nas escolas causa ineficiência, além de provocar desânimo em ensinar e aprender.. 
Ao discutirmos educação, precisamos refletir sobre qual é o real papel da escola para a sociedade, e devemos nos perguntar: qual é a escola que queremos? Será que em todos os lugares do mundo a educação se encontra como a do Brasil? Qual é o tipo de profissional que precisamos para atuar numa sociedade globalizada? Quando nos questionamos e questionamos os outros sobre essas questões, encontramos diferentes respostas, contudo dificilmente encontramos a indicação de um caminho a seguir.
Diante da diversidade tecnológica disponível a grande parte dos estudantes, além do sedentarismo provocado pelas facilidades impostas pela modernidade, pensar em como a escola pode contribuir para uma mudança de atitude já é um enorme desafio. Da mesma maneira que pensar sobre como tornar a vida mais produtiva e o futuro melhor.
É possível afirmar que algumas habilidades continuarão fazendo parte dos requisitos essenciais para a vida em sociedade nos próximos séculos, como a capacidade de conviver com as diferenças, ler, escrever, interpretar, possuir criticidade, possuir bom raciocínio lógico e sempre fazer e aprender para além do que está sendo colocado como essencial, pois quem não alcançar o dinamismo da modernidade não passará por ela, ficará inerte vendo o mundo acontecer. 
Não podemos nos esquecer que os avanços de uma nação partem da sua capacidade de leitura e escrita, além da sua produção de valores – o que não requer muitos investimentos. Todavia, a qualidade do ensino e o potencial produtivo precisam de força e investimentos políticos para que consigam executar com primor sua proposta. Aí é que entra a necessidade de reformas educacionais que estejam em consonância com a sociedade. Se houvesse investimento com qualidade nas necessidades elementares da educação, como a escola pública de formação básica, com certeza o desempenho do país seria outro. 
VOCÊ QUER LER? Em entrevista ao grupo editorial da Record, a professora Viviane Mosé relata os principais desafios da escola na contemporaneidade, apontando ainda sobre a escola que temos e a escola que queremos ter. A docente aborda também temas que abrangem o uso das tecnologias por professores e alunos, além da necessidade de a escola acompanhar as transformações da sociedade. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0lsJSsKbH7g>.
Por isso é tão importante definir que tipo de escola queremos. Por exemplo, instalar um equipamento tecnológico, sem que haja a capacidade operá-lo, não apresenta funcionalidade para a sociedade. Ou seja, o investimento em novas tecnologias nas escolas só terá resultado a instituição investir também na formação docente, na capacitação para aplicar esses recursos tecnológicos com eficácia.
Ter consciência da escola que temos e da escola que queremos é o primeiro passo para buscar alternativas que nos permitam romper com os entraves e seguirmos em frente, acompanhando os avanços. São desafios da escola contemporânea, como o da ação-reflexão-ação, que você verá a seguir.
1.4.3 Ação-reflexão-ação  
De acordo com o que você estudou, os desafios da escola contemporânea são muitos. Dentre tantos, destacaremos aqui a importância da ação-reflexão-ação nas práticas escolares. Professores, pedagogos e escola precisam desenvolver a prática de avaliação institucional e, ainda, uma prática de avaliação individual. Realizar críticas no exercício da docência é necessário para a própria valorização da profissão docente, assim como da melhoria dos saberes já consolidados e, ainda, da própria escola enquanto espaço de formação.
A reflexão da práxis pedagógica favorece o trabalho do professor como investigador e produtor de conhecimento, pois ele próprio poderá refletir sobre suas metodologias de ensino e resultados encontrados em sala de aula. Repensar e problematizar a ação educativa tendo em vista a formação continuada exige revisitar os saberes, técnicas, metodologias e estratégias interativas para que de fato ocorra a formação continuada. 
A ação-reflexão-ação, que pode ser compreendida como um método que garante uma prática mais reflexiva e crítica do professor, compreende os saberes presentes nas ações profissionais e demonstra o potencial técnico e de solução de problemas que cada profissional possui ao planejar suas ações.  Segundo Alarcão (1996), é preciso acreditar no potencial do “paradigma da formação do professor reflexivo”, pois esse perfil de profissional produz novos conhecimentos, portanto:
O professor tem de assumir uma postura de empenhamento autoformativo e autonomizante, tem de descobrir em si as potencialidades que detém, tem de conseguir ir buscar ao seu passado aquilo que já sabe e que já é e, sobre isso, construir o seu presente e o seu futuro, tem de ser capaz de interpretar o que vê fazer, de imitar sem copiar, de recriar, de transformar. Só o conseguirá se refletir sobre o que faz e sobre o que vê fazer (ALARCÃO, 1996, p. 18). 
Considerando o autor citado, é possível concluir que o profissional reflexivo possui maior clareza de seu trabalho, de suas limitações e potencialidades, além de estar sempre disposto a mudar para alcançar seus objetivos. Porque, se essa não for sua principal intenção ao realizar um trabalho reflexivo, ele não será necessário. Nesse sentido, a prática reflexiva mediante a disponibilidade da ação faz com que escola, professores e alunos saiam vitoriosos no processo de desenvolvimento do ensino-aprendizagem.
Síntese
Concluímos a primeira etapa dessa disciplina, que abordou o papel do pedagogo e a função social da escola.  
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
estudar os aspectos que englobam a diversidade cultural, a promoção da cidadania e a educação integral; 
entender a importância das políticas culturais;
compreenderos domínios da formação do pedagogo no contexto das práticas problematizadoras do ensino;
refletir sobre a função social da escola na perspectiva histórica e cultural, considerando entender como a prática investigativa pode colaborar para a formação docente.
conhecer melhor a educação integral, seus desafios na sociedade atual e a atuação do pedagogo nesse contexto;
explorar a função social da escola, relacionando-a com o cotidiano escolar e as práticas da tríade ação-reflexão-ação.
CAPÍTULO 2 - QUAL A FUNÇÃO DA ESCOLA NOS ESPAÇOS FORMAIS E NÃO FORMAIS DE APRENDIZAGEM? 
Introdução
Nesse capítulo você aprofundará os estudos sobre a função social da escola. Porém, agora, com enfoque maior nas questões que compreendem a educação em seu ambiente formal e não formal, de modo que você possa compreender como a escola exerce sua função. A partir da perspectiva histórica e cultural da educação, a contribuição das Concepções Epistemológicas na construção dos saberes será analisada de maneira que você identifique como os modelos pedagógicos colaboram para a formação docente, além de compreender a evolução desses modelos e sua funcionalidade no mundo contemporâneo.
Você já se perguntou para que serve a escola? Já parou para pensar como a educação se deu ao longo da história? Sabemos que a escola é resultado de um processo de ação-reflexão-ação advindo das construções coletivas sociais ao longo da história da humanidade, e que traz implicações para a vida em sociedade. Dessa forma, um dos fins da educação está em habilitar os jovens a modificarem, por meio de ações pessoais, a si e ao meio em que vivem, transformando, assim, valores culturais do passado em possibilidades de emancipação do presente.
Portanto, a função da escola está para além dos seus muros. Nesse sentido, onde você entende que a educação acontece? Apenas nos espaços da sala de aula ou em salas temáticas? Em quais ambientes a escola pode desempenhar sua função? A partir desses questionamentos você terá condições de analisar como os ambientes formais e não formaisda educação podem colaborar para uma prática reflexiva, que tenha por proposta garantir os direitos sociais da educação de modo que a escola, ao exercer seu papel, possa oportunizar uma formação para a vida.
Bom estudo!
2.1 Função social da escola: ambiente formal
Você sabe dizer ao certo em que ambiente a educação acontece? Ou melhor, você sabe como a escola desempenha sua função social em seu ambiente formal? O que é o ambiente formal?
Sabemos que a escola é um espaço que tem como responsabilidade primordial realizar a educação formal, aquela onde os conhecimentos socialmente construídos ao longo da história, conhecimentos científicos, são repassados para o aluno por meio da mediação entre professor x conhecimento x alunos.  Podemos afirmar que “a pessoa se educada se constrói em diversos ambientes – a escola é mais um ambiente que se soma a estes outros – e a partir de diversas experiências” (SIQUEIRA, 2004, p. 43).
Vamos agora conhecer real papel da escola no contexto do ambiente formal e interpretar a função social tendo por base a dialeticidade e os pontos paradoxais dentro da ambiência educativa.
2.1.1 A função social da escola na história
No decorrer da história da humanidade muitas foram as transformações, contudo, apesar de tantas mudanças, até os dias atuais a escola representa uma instituição que tem por objetivo principal socializar todo o saber. Desse modo, podemos afirmar que a escola é o lugar onde o conhecimento foi, é e será difundido para as gerações. Podemos dizer que diante tantas novidades na sociedade contemporânea, nenhuma outra instituição foi capaz de substituir a escola. 
Da maneira como existe entre nós, a educação surge na Grécia e vai para Roma, ao longo de muitos séculos da história de espartanos, atenienses e romanos. Deles deriva todo o nosso sistema de ensino e, sobre a educação que havia em Atenas, até mesmo as sociedades capitalistas mais tecnologicamente avançadas têm feito poucas inovações (BRANDÃO, 2005, p. 35).
Todavia, a estrutura e a organização do ensino passaram por várias modificações ao longo dos anos – e isso inclui o ensino brasileiro –, mas nenhuma permitiu que houvesse outro espaço com os mesmos objetivos que a educação escolar. Segundo Becker (2008), partimos do pressuposto de que o sistema educacional brasileiro possui seus alicerces na racionalização e democratização do ensino, contudo, na prática a escola apresenta formas rígidas de manutenção de características elitistas da educação, além de uma burocratização como mecanismo de controle do Estado.
Dessa forma, a educação tem como uma de suas principais funções a libertação e a emancipação do ser humano, e nesse contexto o ambiente formal do ensino é um dos responsáveis por promover o desenvolvimento de uma nação. 
Compreendemos que formação, instrução, não ocorre somente por meio do ensino formal. Segundo Brandão (2005, p. 9): “Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante”. Desse modo, entendemos que ensino e educação interferem diretamente nas ações humanas.
Portanto, precisamos estar atentos e refletir sempre sobre a função da escola não apenas como um espaço de transmissão de conhecimentos, mas, sobretudo, como mais um lugar que atua no processo educacional, o qual é o próprio ser humano quem organiza e estrutura os objetivos e fins da educação. 
2.1.2 O papel da escola no ambiente formal
Compreendemos, por ambiente formal, aquele disponível na escola, espaço em que o ensino escolar acontece, por exemplo, a sala de aula, o laboratório de informática, a brinquedoteca etc. Enfim, a escola é a representação do ambiente formal do ensino. Esse espaço pode ser dividido por etapas ou turmas nas quais os alunos são dispostos por faixa etária e que se desdobram em série, ano ou ciclo.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9.394/1996:
Art.1 A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1 Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.§ 2 A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social (BRASIL, 1996, s. p.).
Pautados na LDB 9.394/1996, podemos concluir que a educação formal é aquela que ocorre no interior da escola sob a mediação do professor, que transfere conhecimentos aos alunos. Contudo, na escola atual, os muitos desafios encontrados dificultam esse objetivo. A falta de recursos didáticos, remuneração que estimule uma prática de formação continuada dos professores, além dos aspectos estruturais e físicos da escola são os grandes limitadores do trabalho docente.
Nesse cenário, não tem sido fácil para os educadores estimularem os alunos a se manterem interessados no ensino, pois muitos ao invés de dedicarem sua atenção às aulas, ocupam-se com o uso de aparelhos eletrônicos, conversas com amigos que fogem do tema que está sendo ensinado, além dos problemas socioemocionais que nem sempre os alunos conseguem administrar. E tudo isso faz com que muito do que é falado em sala de aula pouco seja aprendido. Por isso, podemos dizer que a educação formal requer de seus envolvidos um esforço pessoal maior, chamado de extraclasse, ou tarefa de casa.
Assim, o real papel da escola nos ambientes formais é o de ensinar ao aluno, além dos conteúdos dispostos na base curricular comum, a apropriar-se dos seus direitos de cidadão de modo que ele se torne um sujeito mais crítico e reflexivo e, ainda, possa desempenhar seu papel de cidadão em prol da emancipação e desenvolvimento social.
Por fim, vale destacar que a organização dos tempos e espaços na escola para o processo formativo tanto do aluno, quanto do professor, é necessária, além de determinar e deixar explícito que tipo de aprendizagem está sendo ofertada.
2.1.3 Os desafios da educação em ambientes formais
Presenciar a rotina escolar significa adquirir uma experiência de vida, vivência que é flexível e pode variar de acordo com a sociedade, os sujeitos e as culturas. Um dos grandes desafios da ação pedagógica e da direção escolar é organizar e reorganizar os tempos, os espaços e o trabalho docente, de forma que outras propostas pedagógicas possam surgir. E mesmo que isso cause conflitos, às vezes é necessária a divergência para que se alcance o sucesso.
Sobre o desafio de organizar o ambiente escolar, seu tempo e espaço, a escola deve superar alguns paradigmas como o tempo cronometrado das aulas, que está arraigado na ascensão de níveis e em resultados e avaliações. Reorganizar o ambiente formal de ensino oferece aos alunos condições apropriadas para a reflexão crítica sobre o conhecimento e sobre a vida. Uma escola tradicional diante de uma organização minuciosa e incisiva do tempo e espaço escolar faz com que seus professores não explorem outras possibilidades, muito menos as relações pedagógicas que se dão nas relações humanas.
VOCÊ QUER VER? O programa Roda de Conversa exibido em 8 de abril de 2013, pelo Canal Minas Saúde, traz como tema os espaços não formais do conhecimento: a escola além da escola. O enfoque apresenta esses locais como ambientes de discussões e reflexões sobre o contexto educacional brasileiro. Para assistir, acesse o endereço: <https://www.youtube.com/watch?v=JdLKPMCVPEY>. 
No cotidiano escolar, professores reinventam o currículo, tentam subverter o conteudismo e constroem novas práticas; elaboram os projetos políticos das escolas, valorizam a história de vida de seus alunos e resgatam a história da comunidade escolar. Também interferem na gestão, nas políticas educacionais locais, e rompem normas rígidas e burocráticas que impõem limites aos tempos e espaços da organização escolar.
Quando consideramoso aluno como um sujeito de direitos, entendemos melhor como a educação na escola é importante e necessária, já que é um ambiente que favorece a aprendizagem, onde professores tornam-se mediadores entre alunos e o conhecimento. Diante disso, também podemos reconhecer a importância de a escola organizar tempo e espaço para a formação continuada, na qual o professor poderá compartilhar e trocar experiências.
Dessa forma, podemos concluir que os ambientes formais de aprendizagem apesar da sua institucionalização e importância para a sociedade como um todo, ainda apresentam muitos desafios quanto à organização dos tempos e espaços.
No tópico a seguir, você conhecerá a função da escola a partir do ambiente não formal de aprendizagem.
2.2 Função social da escola: ambiente não formal na perspectiva histórica e   cultural
Você já parou para pensar que a educação se dá em outros espaços além da escola? Já sabe como que acontece?  Pois é, a educação também pode ocorrer em ambientes não formais, já ouviu falar? 
A educação em ambiente não formal permite outras possibilidades de aprendizagem, por apresentam-se menos burocratizadas, mais rápidas, sem hierarquização, portanto mais econômicas. Apesar de todas essas características demonstrarem ser positivas, a educação não formal não deve ser entendida como a solução do sistema nacional de educação, da educação formal, pois essa perspectiva favorece o fim da escola pública transferindo a responsabilidade social que o Estado possui para com a sociedade para o setor privado.
VOCE SABIA? Os movimentos sociais são fundamentais na sociedade moderna, pois eles impulsionam as transformações na sociedade, porque os ativistas desses movimentos, em coletividade, exigem mudanças, clamam por transformações, além de serem uma forma de identificar a satisfação do povo diante dos governantes e gestores. Quanto a um movimento bem organizado filosófica e politicamente que tende a romper paradigmas e mobilizar discussões imprescindíveis para o avanço da sociedade, podemos citar o Movimento dos Trabalhadores sem Terra, que hoje já conquistou mudanças das políticas do país (GOHN, 2008). 
Vejamos agora o papel da escola não formal na história e sua função social assim como os sujeitos envolvidos no processo de desenvolvimento da aprendizagem de mediação do conhecimento. 
2.2.1 A escola não formal na história da educação
A educação não formal aparece na história a partir da Revolução Industrial entre os séculos XVIII e XIX, um momento de muitas críticas à formalização do ensino. Firmou-se a partir das diferentes práticas, principalmente que visavam à profissionalização do trabalhador, sempre mediadas pelas relações entre os envolvidos e como não obedecia à organização das escolas regulares possuía diferentes modos de estabelecer e experimentar o processo de ensino-aprendizagem. Porém, tanto o campo pedagógico quanto outros setores da sociedade identificaram que, apesar de tantos benefícios, a educação não formal não conseguia responder todas as necessidades sociais advindas com as transformações do mundo.
Uma das características da educação não formal é o modo de organizar e perceber as relações do processo de ensino-aprendizagem, entre professor-aluno etc., por isso, a práxis e os saberes do cotidiano são tão importantes.
As mudanças ocorridas com a estrutura das famílias burguesas em detrimento do processo de industrialização do século XVIII e XIX, além das inúmeras modificações e novas necessidades advindas com o processo de industrialização e trabalho, foram também relevantes para o surgimento da educação não formal. Assim, revela o quanto as instituições que são mantenedoras da educação – como a escola e a família – não desempenhavam seu papel de maneira satisfatória. E por não darem conta das demandas da sociedade em transformação, abriram espaços para que novas propostas fossem criadas, com o intuito de suprir as falhas deixadas pelas instituições já institucionalizadas.
Veja um exemplo no caso descrito a seguir:
CASO Um exemplo de ambiente não formal de aprendizagem é a Casa do Menor Irmão Cavanis, em Ponta Grossa, no Paraná. Esse é um projeto sem fins lucrativos mantido por uma entidade de assistência social e educacional, ou seja, é uma Organização Não Governamental (ONG). Fundada em 1969 por padres italianos, desenvolve atualmente projetos em vários estados do país. Somente na unidade de Ponta Grossa (PR), atende mais 250 crianças de 6 a 18 anos de idade. A equipe pedagógica é formada por um pedagogo, coordenador pedagógico e uma assistente social. Os professores são contratados por meio de seleção. O projeto também é voltado para a permanência de jovens no Ensino Médio por meio de um sistema de proteção social, e auxilia nas tarefas escolares visando à redução da evasão. A unidade de Ponta Grossa conta com mais 37 voluntários (PAULA; SANTA CLARA, 2008, p. 185).
Desse modo, podemos afirmar que o direito à formação, tanto por meio dos ambientes formais quanto em ambientes não formais de acesso ao conhecimento, deve ser oferecido a todos, assim como as oportunidades dadas pelas instituições escolares e como as propostas de educação não formal. Dessa maneira, haverá sempre um trânsito livre e democrático entre os sujeitos, de modo que possam buscar sua emancipação.
2.2.2 A função social da escola no ambiente não formal.
O principal objeto da educação não formal é a cidadania, e seus aspectos que compreendem a coletividade, que se dá por meio das práticas sociais. Como a educação não formal não tem compromisso com a elaboração de um currículo padronizado, sua proposta está em atender as necessidades e interesses dos sujeitos participantes das ações e práticas desse modelo de ensino. 
Desse modo, vários objetivos são propostos na educação não formal dentre os quais enriquecer a biografia dos sujeitos, acrescendo suas experiências formativas. Sendo assim, na educação não formal é comum a mistura de idades, experimentos em locais e tempos flexíveis, a não obrigatoriedade de frequência mínima. Podemos citar como exemplos algumas de suas áreas de abrangência: aprendizagem política e cidadã, capacitação para o trabalho, práticas e objetivos comunitários voltados para solução de problemas, aprendizagem de alguns conteúdos da educação formal – porém, em ambientes diferenciados –, desenvolvimento de práticas que envolvem diversas mídias (como a eletrônica). Nesse sentido, podemos complementar:
Os espaços onde se desenvolvem ou se exercitam as atividades da educação não-formal são múltiplas, a saber: no bairro-associação, nas organizações que estruturam e coordenam os movimentos sociais, nas igrejas, nos sindicatos e nos partidos políticos, nas organizações não governamentais, nos espaços culturais, e nas próprias escolas, nos espaços interativos dessas com a comunidade etc. (GOHN, 2008, p. 101).
No Brasil, desde 2010, a educação não formal tem apresentado propostas voltadas para as camadas mais pobres, promovidas pelos órgãos públicos ou por diferentes segmentos da sociedade, ora também por meio de parcerias entre o público e o privado, e tem aparecido na mídia com maior frequência quando compreende as ações relativas às questões ambientais. Temos como exemplo a Agenda 21 brasileira, que é um “[...] instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável do país, resultado de uma vasta consulta à população brasileira” (BRASIL, 2008, s. p.). Foi coordenado pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável (CPDS) e Agenda 21; construído a partir das diretrizes da Agenda 21 Global, e entregue à sociedade, por fim, em 2002 (BRASIL, 2008).
2.2.3 O professor na escola não formal 
O educador da escola não formal precisa voltar-se para as questões que envolvam as mudanças políticas e sociais no mundo. O professor deve ser um profissional reflexivo e questionador, fazendo com que sua prática seja sempre autoavaliativa e tendo em vista a colaboração para uma formação crítica dos alunos, na qual a aprendizagem é uma troca de experiências. SegundoGadotti (2007, p. 42): “[...] o professor precisa saber muitas coisas para ensinar, mas o mais importante não é o que é preciso saber, mas como devemos ser para ensinar. O essencial é não matar a criança que existe ainda dentro de nós. Matá-la seria matar o aluno que está à nossa frente”. 
Na educação não formal a flexibilidade na prática docente é de suma importância, uma vez que não é a atividade em si que vai determinar a educação não formal, mas sim a escolha do projeto político de experiência do educador que, consequentemente, refletirá na aprendizagem dos educandos.
Assim, de acordo com Freire (1996, p. 53): “[...] a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, o que permite, na educação não formal, que o educador aguce a curiosidade dos educandos e promova a reflexão crítica que leva à construção da autonomia. Nesse sentido, sobre o trabalho docente:
Para os professores, uma oportunidade ímpar de aprender e crescer, um momento mágico de revisão crítica e decisões corajosas; para os professauros, o angustiante retorno a uma rotina odiosa, o eterno repetir amanhã tudo quanto de certo e de errado se fez ontem (ANTUNES, 2014, p.13).
Importante ressaltar, ainda, que na educação não formal o trabalho docente necessita de muita dedicação, estudo, vivências e criatividade, pois para que os alunos se mantenham ativos, as aulas e atividades devem ser dinâmicas, atrativas e prazerosas, de modo a envolvê-los e permitindo que compreendam o espaço de aprendizagem não formal como um lugar em que o conhecimento fará deles cidadãos críticos, reflexivos e atuantes na sociedade.
A partir dos conhecimentos que englobam a educação formal e não formal, a seguir você conhecerá as contribuições da concepção epistemológica na perspectiva da construção dos saberes pedagógicos.
2.3 Concepções epistemológicas 
Você sabe o que é epistemologia? Epistemologia é um campo da filosofia que estuda as etapas e limites do conhecimento humano e sua relação com o conhecimento. Por isso é também conhecida como teoria do conhecimento.  Segundo Tesser (1994, p. 91) devemos conceituar epistemologia como “discurso (logos) sobre a ciência (episteme)”. Ou seja, epistemologia (episteme + logos) é a ciência da ciência; filosofia da ciência. É o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências. É a teoria do conhecimento (TESSER, 1994).
Então, o que seriam as concepções epistemológicas? Como as concepções epistemológicas se relacionam com a construção dos saberes pedagógicos? Sabemos que há três diferentes possibilidades para explicar a relação ente ensino e aprendizagem na educação, que são o empirismo, apriorismo e construtivismo – esses seriam os modelos epistemológicos. 
Temos também modelos pedagógicos que, junto com os epistemológicos, colaboram para representar o processo de desenvolvimento da aprendizagem.
A seguir você saberá um pouco sobre mais sobre esses temas e como eles se relacionam com a construção dos saberes pedagógicos.
2.3.1 Construção dos saberes a partir das concepções epistemológicas
A construção dos saberes contempla a epistemologia no campo das suas concepções. Um exemplo é quando, ao pensarmos em desenvolvimento de uma nação numa perspectiva epistemológica, há a necessidade de novos conhecimentos para que possamos esclarecer os fenômenos ainda não explicados por toda a humanidade.
Para compreendermos o processo de ensino e aprendizagem, e como ele se deu ao longo da história até os dias atuais, é importante que tenhamos claro que tanto o ensino quanto a aprendizagem estão dispostos em uma relação que pode ser representada por modelos, ora chamados de modelos pedagógicos, ou até de teorias da aprendizagem. Um modelo pedagógico apresenta a metodologia de ensino utilizada para o desenvolvimento do processo. Conforme afirma Becker (2008, p. 01): “[...] existem três diferentes formas de representar a relação entre ensino e aprendizagem escolar ou, mais especificamente, entre o exercício da docência e as atividades de sala de aula”: 
pedagogia diretiva;
pedagogia não diretiva;
pedagogia relacional.
Esses modelos pedagógicos estão sob os pilares das concepções epistemológicas, e essas concepções, por sua vez, são a empirista, a apriorista e a construtivista. Esses modelos têm dialogado desde a década de 1970, diante das críticas da sociologia da educação e, mais recentemente, da psicologia sócio-histórica. Independentemente do tempo em que se dá a discussão, o que se busca é uma forma de apontar para novos caminhos didáticos e metodológicos para a aquisição do conhecimento.
VOCE QUER LER? No livro “Educação e Construção do Conhecimento”, de Fernando Becker (2008), o autor debate os modelos do conhecimento empirista, apriorista e construtivista, apontando seus reflexos em sala de aula. Apresenta também a perspectiva construtivista e sua forma de valorização dos alunos a partir da aprendizagem crítica e reflexiva. A obra traz grande contribuição para a educação, na medida em que possibilita análises e reflexões sobre as práticas pedagógicas adotadas pelos professores, defendendo um ensino menos passivo.
Toda essa discussão teórica traz avanços para a educação, uma vez que os conhecimentos científicos ganham espaço privilegiado, ocupando lugar do conhecimento advindo do senso comum e favorecendo o desenvolvimento da aprendizagem de maneira mais reflexiva.
A seguir, abordaremos os modelos pedagógicos de forma detalhada.
2.3.2 Modelos pedagógicos e os processos de aprendizagem
Já sabemos que existem três modelos pedagógicos que auxiliam e podem explicar o processo de aprendizagem. 
Temos na pedagogia diretiva o conceito de que o aluno só aprende se o professor ensina, e que pode também ser compreendido pela colocação: o professor fala e o aluno escuta. Nesse modelo pedagógico, o aluno é compreendido como uma tábua rasa, vazio de conhecimento, e tudo o que ele virá a conhecer é porque o professor ensinou. Somente o professor é capar de desenvolver no aluno um conhecimento novo.
Já na pedagogia não diretiva, o papel do professor muda: ele passa a ser um facilitador, um ajudante ou auxiliar do aluno no seu processo de aprendizagem. O aluno aprende por si mesmo, não há necessidade da interferência do professor, ele apenas facilita a aprendizagem.
Todavia, na pedagogia relacional o aluno é visto como um sujeito capaz de aprender sempre, assim como também ensina. Alunos e professores, juntos, buscam novas possibilidades de aprendizagem e novos conhecimentos.
VOCE QUER VER? O professor Dr. Mario Sérgio Cortella, no vídeo Conteúdo e conhecimento do programa Café Literário, discute o que é conhecimento e como, muitas vezes, nos confundimos com a informação que recebemos. Para assistir, acesse o endereço: <https://www.youtube.com/watch?v=Y9aImcSqp2U&t=402s>. 
É importante compreender que a educação e a construção do conhecimento se dão à medida que haja interação tanto para o aluno quanto para o professor, o que favorece a busca pela solução de problemas do cotidiano, da consolidação e aquisição do conhecimento já constituído e da construção de novos saberes.
2.3.3 Modelos epistemológicos
Podemos dizer que os modelos epistemológicos antecedem os modelos pedagógicos, contudo os complementam. Desde os primórdios da história, com Aristóteles na Antiguidade, e principalmente na Idade Moderna entre os séculos XVI e XVII, com Descartes, o conhecimento é questionável. Para Descartes, os homens tinham suas opiniões, mas estavam distantes de ter certeza dos fatos e das coisas do mundo. A partir de então, surge o movimento filosófico chamado empirismo: “[...] só é verdadeiro aquilo que é demonstrável” (FRANCO, 1986, p. 24).
No modelo empirista, a fonte do conhecimento de todo o mundo está na experiência vivida no meio físico por meio dos sentidos, do ambiente. O homem nasce vazio, como uma “tábula rasa”. Segundo Locke (2012), o homem nunca atinge uma verdade plena, pois sempre haverá nos fatos fonte de explicação para o mundo.
VOCE CONHECE? John Locke (1632-1704) foi um filósofoinglês, descrito no site ebiografia (s. d., s. p.) como “[...] o principal representante do empirismo, teoria que afirmava que o conhecimento era determinado pela experiência, tanto de origem externa, nas sensações, quanto interna, a partir das reflexões. Sua teoria política deixou grande contribuição ao desenvolvimento do liberalismo, principalmente a noção de Estado de direito”. Para saber mais, acesse o endereço: <https://www.ebiografia.com/john_locke/>. 
Desse modo, segundo a concepção de Piaget encontrada nos estudos de Becker (1994), o empirismo “[...] tende a considerar a experiência como algo que se impõe por si mesmo, como se fosse impressa diretamente no organismo sem que uma atividade do sujeito fosse necessária à sua constituição.” (BECKER, 1994, p. 12).
Portanto, a concepção empirista na educação dialoga com a pedagogia diretiva, em que o aluno só aprende se o professor ensinar. O professor acredita na transmissão do conhecimento, na qual ele é o detentor absoluto do saber: “[...] o professor ainda é um ser superior que ensina a ignorantes. O educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador.” (FREIRE, 1985, p. 38).
Já o modelo epistemológico apriorista apresenta-se de maneira oposta ao empirismo, uma vez que o sujeito deixa de ser uma “tábula rasa” para tornar-se um indivíduo com conhecimentos prévios, que são determinados pelo seu processo de maturação. Ou seja, o conhecimento se constitui porque o homem possui a capacidade interna, biológica e, portanto, inata de aprendizagem e de produção do conhecimento. É uma concepção que retoma a teoria da Gestalt, também conhecida como a aprendizagem por insight, que veio colocar em pauta o associacionismo americano (movimento da psicologia que se dedicou à concepção de que a aprendizagem ocorre por associação de ideias).
O modelo apriorista possui relação direta com a pedagogia não-diretiva, pois, tanto em um quanto em outro o professor é um ajudante do aluno sendo, assim, difícil identificar a sua prática em sala de aula. O aluno é o próprio conhecimento e só precisa saber organizar seus pensamentos.
Enfim temos o construtivismo, ou interacionismo, advindo da contribuição de Jean Piaget, com sua teoria construtivista:
[...] a vida é uma criação contínua de formas cada vez mais complexas e uma equilibração progressiva entre essas formas e o meio. Dizer que a inteligência é um caso particular de adaptação biológica é, pois, supor que ela é, essencialmente, uma organização e que sua função consiste em estruturar o universo da mesma forma que o organismo estrutura o meio imediato (PIAGET, 1979, p. 10).
De acordo com essa concepção, a inteligência se constrói por meio de estruturas formadas mentalmente. Assim, o pensamento não cria nada novo. O conhecimento é desenvolvido a partir da interação do sujeito com o objeto. E cada nova aprendizagem passa por um processo de adaptação, que é o equilíbrio entre a assimilação do conhecimento e sua acomodação – conhecimento consolidado pronto para servir de base para um novo conhecimento. Sobre a inteligência, o teórico construtivista afirma:
A inteligência é assimilação na medida em que incorpora nos seus quadros todo e qualquer dado da experiência. Quer se trate do pensamento quer graças ao juízo faz ingressar o novo no desconhecido e reduz assim o universo às suas noções próprias, quer se trate da inteligência sensório-motora que estrutura as coisas percebidas, integrando-as nos seus esquemas (Piaget, 1979, p. 1). 
Assim, podemos concluir que o modelo construtivista é relacional, pois “o professor, além de ensinar, passa a aprender; e o aluno, além de aprender, passa a ensinar.” (FREIRE apud BECKER, 1994, p. 72).
VOCE CONHECE? Jean Piaget (1896-1980), biólogo e cientista, durante a primeira metade do século XX foi considerado o maior nome do campo da educação. As principais contribuições de Piaget foram no campo do raciocínio lógico-matemático. Apesar de nunca ter atuado como pedagogo seus estudos ampliaram as discussões sobre o processo de aquisição do conhecimento humano principalmente da criança. Os estudos piagetianos, apensar de seu grande impacto na pedagogia demonstrou que o processo de transmissão de conhecimentos é limitado. Para o cientista suíço a criança aprende por um processo de descoberta, a partir da sua relação com o objeto de aprendizagem (FERRARI, 2008).
Portanto, considerando as contribuições de Becker (1994), ao traçar o paralelo entre modelos pedagógicos e modelos epistemológicos compreendemos que ambos se encontram relacionados e contribuem positivamente para a construção dos saberes pedagógicos a partir do momento em que abrem possibilidades didáticas e metodológicas para a prática docente. A partir desse conhecimento, veremos os modelos pedagógicos e sua importância para a formação docente e para a práxis na contemporaneidade.
2.4 Modelos pedagógicos
Durante toda a vida nos deparamos com a palavra “modelo”, que pode apresentar diferentes significados, entre os quais um paradigma, um padrão de beleza, um boletim, um conjunto de ideias etc. Mas você sabe o que são modelos pedagógicos? Como podemos defini-los? Há relação entre modelos pedagógicos e a formação do professor?
De antemão, vamos esclarecer o conceito de modelo pedagógico que iremos abordar. Modelo pedagógico, muitas vezes, ganha a conotação de teorias da aprendizagem ou de metodologia de ensino, mas esses não são sinônimos. 
Um modelo pedagógico é sempre um padrão esquemático fundamentado em teorias de aprendizagem que colabora e orienta metodologicamente o currículo escolar que se materializa na práxis docente e na relação entre professor-aluno-conhecimento.
Nesse sentido, na sequência você saberá mais sobre os modelos pedagógicos e sua relação com a prática e formação docente.
2.4.1 Os modelos pedagógicos e a formação docente
De acordo com o que você estudou nos tópicos anteriores, a escola, durante anos, teve como objetivo único a transmissão de conhecimentos de forma vertical, na qual o professor era o detentor do saber. Nessa perspectiva a escola tinha como prática metodológica a memorização, a repetição de exercícios e o treino, pois se acreditava que essa era a única forma de alcançar sucesso através do conhecimento.
Hoje, já se sabe que a escola não é a única detentora do conhecimento, e que o professor não é o dono do saber. Com a globalização e a tecnologia, a escola mudou muito e, da mesma maneira, também mudaram as práticas pedagógicas que, cada vez com maior frequência, precisam ser inovadas para atender às demandas da sociedade contemporânea e quebrar paradigmas arraigados nas posturas de professores frente aos alunos.
O professor passa a ter uma formação para atuar como mediador do processo de ensino-aprendizagem, aquele que mostra os caminhos, auxilia na busca e esclarece as dúvidas para que, juntos, possam buscar conhecimentos e construir novos saberes. O trabalho docente passa a ser cooperativo e no, fim, todos ensinam e aprendem. 
Desse modo, os modelos pedagógicos passam por adaptações diante das necessidades da escola atual. É possível encontramos numa mesma escola diferentes modelos sendo aplicados, ora porque temos professores que não conseguem romper com a prática tradicional, ora porque não possuem formação apropriada que lhes dê condições de refletir sobre os desafios em sala de aula. 
O importante é termos como objetivo, na formação docente, a possibilidade de conhecer as práticas pedagógicas da história da educação de modo a identificar qual a que melhor se encaixa no cotidiano escolar, que varia de escola para escola. É necessário que o professor seja dinâmico, crítico e reflexivo da sua própria ação de tal modo que possa buscar caminhos para a garantia do direito a aprendizagem e acesso ao conhecimento.
2.4.2 O professor e os desafios do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)
Como você já viu, a escola hoje apresenta inúmeros desafios, e um deles está relacionado a saber que práticas e modelos pedagógicos devemos utilizarfrente a essa realidade. Começaremos o estudo desse tema pegando como exemplo o uso das tecnologias na escola e sua relação com os modelos pedagógicos.
Na escola atual, o professor precisa conhecer muito mais que os conteúdos da sua formação acadêmica, pois além de saber sobre as teorias do conhecimento a respeito da aprendizagem, deve também se apropriar dos recursos tecnológicos disponíveis para que esses conhecimentos cheguem por uma linguagem mais clara aos alunos – isso inclui o uso da internet. Toda mídia tecnológica e seus recursos comprovam que tanto alunos quanto professores aprendem.
Sabemos que a internet possibilita não só a busca por informações, mas também auxilia o trabalho docente no processo de explanação de conteúdo, da pesquisa e na própria educação a distância, oferecendo novos métodos de aprendizagem por meio da interação com os alunos. Navegar na rede pode ser uma excelente possibilidade de aproximar o aluno ao conhecimento que se pretende ensinar. Mas o questionamento é: como tornar esse uso proveitoso para os alunos e professores?
VOCE SABIA? O Ministério da Educação (MEC) tem um programa de banda larga para atender as escolas públicas de todo o país. Segundo dados do MEC, “[...] as tecnologias na educação estão acessíveis a 24,8 milhões de estudantes das escolas públicas brasileiras. O número, que corresponde ao total de alunos atendidos pelo Programa Banda Larga nas Escolas, do Ministério da Educação, foi anunciado [...] durante a conferência O Impacto das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na Educação” (BRASIL, 2010, s. p.). Leia mais em: <http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/210-1448895310/15361-na-rede-publica-tecnologia-atende-24-milhoes-de-alunos>. 
É importante compreender que obter conhecimento exige dedicação, e que perguntas simples para problemas simples não têm resultado positivo, portanto o segredo está em saber organizar o pensamento e os objetivos da aprendizagem – e nesse contexto a internet é a grande aliada.
Enquanto professor na escola contemporânea, ter domínio das teorias da aprendizagem faz toda a diferença, pois quando ele se deparar com os conflitos advindos da prática será capaz de interagir com os alunos de modo que, em conjunto, possam utilizar os serviços disponibilizados através das tecnologias.
2.4.3 A formação docente e a escola atual
Sabemos que a formação do professor para a escola contemporânea é um dos maiores desafios da educação. De fato, é muito importante que o profissional docente esteja preparado para enfrentar o cotidiano escolar e o processo de aprendizagem, o que não é fácil, por isso ele deve conhecer tanto as teorias da aprendizagem já instituídas ao longo da história, quanto os recursos midiáticos e tecnológicos disponíveis – e que podem ser utilizados nas mais diferentes metodologias de ensino. 
Para que professor e aluno alcancem resultados positivos no processo de desenvolvimento da aprendizagem, é importante o uso dos recursos e mídias que favoreçam a comunicação entre educador e educando, como os aparelhos tecnológicos de comunicação, os computadores para pesquisa etc., e, até mesmo, estreitem a relação entre o aprender e o conhecer.
VOCE QUER LER? O artigo “Mídia e Educação: reflexões, relatos e atuações”, das professoras-doutoras Jussara Bittencourt de Sá e Heloisa Juncklaus Preis Moraes, analisa como as mídias podem colaborar no contexto educacional problematizando a escola em face da “sociedade do espetáculo” e diante das políticas educacionais que se sobrepõem às mídias e à escola. Para ler, acesse o endereço: <http://www.uff.br/feuffrevistaquerubim/images/arquivos/artigos/mdia_e_educao_jussara_bittencourt_de_s__revista_querubim.pdf>. 
Por fim, vale ressaltar que atuar de forma a buscar a transformação exige muito preparo do educador, além da prática de uma ação crítico-reflexiva sobre seu próprio trabalho. Esses aspectos são elementares, pois tornam o professor um agente mediador do conhecimento, o que implicará em ações transformadoras da realidade a partir da sua interação com os alunos.
Síntese
Concluímos este estudo, que abordou o papel do pedagogo e a função social da escola, contextualizando os conceitos de modelos pedagógicos e epistemológicos, educação formal e não formal dentro da perspectiva histórica. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
identificar o papel da escola no contexto do ambiente formal;
interpretar a função social tendo por base a dialeticidade e os pontos paradoxais dentro da ambiência educativa;
compreender a função social da escola dentro do contexto do ambiente não formal na perspectiva histórica e  cultural;
identificar a polivalência da escola tendo por base os ambientes não formais;
analisar as concepções epistemológicas na perspectiva da construção dos saberes pedagógicos;
identificar os modelos pedagógicos e  epistemológicos na perspectiva da construção dos saberes pedagógicos;
entender a grande  contribuição dos modelos pedagógicos para a formação docente;
compreender a evolução dos modelos pedagógicos e sua funcionalidade no mundo contemporâneo.
CAPÍTULO 3 - QUAL A REPRESENTAÇÃO DO ALUNO E DO PROFESSOR NO CONTEXTO SOCIAL CONTEMPORÂNEO?
Introdução
Antes de começar seus estudos, reflita: o que você compreende quando escuta o termo representação social? Qual seria a representação do aluno e do professor no contexto social contemporâneo? Enfim, o que é representação social? Você encontrará as respostas para estas e outras questões neste capítulo, no qual abordaremos as representações de educadores e de educandos na sociedade. 
Vivemos em uma sociedade definida por representações sociais. Essas representações se dão em espaços e tempos conforme seu papel neste contexto. Assim, podemos definir que as representações sociais são aquelas que englobam as crenças, ideias e comportamento de um grupo de indivíduos,e essas representações são resultados de ações coletivas comuns entre eles, ou seja, resultado da interação social.
Essas representações também acontecem na escola, onde professores e alunos assumem papéis importantes na luta por transformações sociais. Dessa maneira, as representações sociais são fundamentais para entendermos como a realidade constrói os símbolos presentes no nosso cotidiano, e ao mesmo tempo, como pode revelar as necessidades diante o desafio da função social da escola no processo de desenvolvimento da aprendizagem.
Bom estudo!
3.1 Representação do educador
Frente aos grandes desafios presentes na educação escolar, devemos nos perguntar: por que alguém decide ser professor ou professora? O que motiva um sujeito a seguir seus estudos no campo das licenciaturas? Há vantagens em ser educador ou educadora? 
Não é difícil responder, afinal, a educação é algo fantástico, sublime! Pois, por meio da educação, a sociedade se desenvolve a amplia suas possibilidades de bem-estar social. 
A educação adquire esse encanto quando durante uma aula, por exemplo, o professor é capaz de levar o aluno do século XXI a viajar pelo Egito antigo e a perceber como a história tem influência nos dias atuais. Dessa forma, estimula a imaginação do estudante enquanto transmite conhecimentos e, também, produz novo saberes – essa magia contagia os educadores. Assim, todo o educador ganha uma representação social importante para a humanidade.
3.1.1 O ser professor
Ser professor é ser um contínuo estudante, alguém que sempre busca aprimorar-se para desempenhar cada vez mais e melhor sua função. É estar sempre comprometido com a educação e a tarefa de ensinar. Portanto, ser professor está para além do simples dom de educar, e é preciso demonstrar qualidade e competência para que a aprendizagem realmente ocorra.
No desempenho de sua função, o professor deve apresentar habilidades emocionais, filosóficas, éticas, políticas, entre outras, e acima de todas ter o domínio do conhecimento de tal modo, que tenha capacidade de ser um constante pesquisador.
Sobre a importância da pesquisa, Fazenda (2008, p. 10) afirma que:
Aprender a pesquisar, fazendo

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