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função social na Escola

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FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA
CAPÍTULO 3 - QUAL A
REPRESENTAÇÃO DO ALUNO E DO
PROFESSOR NO CONTEXTO SOCIAL
CONTEMPORÂNEO?
Tatiana Gomes dos Santos Peterle
INICIAR
Introdução
Antes de começar seus estudos, reflita: o que você compreende quando escuta o
termo representação social? Qual seria a representação do aluno e do professor
no contexto social contemporâneo? Enfim, o que é representação social? Você
encontrará as respostas para estas e outras questões neste capítulo, no qual
abordaremos as representações de educadores e de educandos na sociedade.
Vivemos em uma sociedade definida por representações sociais. Essas
representações se dão em espaços e tempos conforme seu papel neste contexto.
Assim, podemos definir que as representações sociais são aquelas que englobam
as crenças, ideias e comportamento de um grupo de indivíduos,e essas
representações são resultados de ações coletivas comuns entre eles, ou seja,
resultado da interação social.
Essas representações também acontecem na escola, onde professores e alunos
assumem papéis importantes na luta por transformações sociais. Dessa maneira,
as representações sociais são fundamentais para entendermos como a realidade
constrói os símbolos presentes no nosso cotidiano, e ao mesmo tempo, como
pode revelar as necessidades diante o desafio da função social da escola no
processo de desenvolvimento da aprendizagem.
Bom estudo!
3.1 Representação do educador
Frente aos grandes desafios presentes na educação escolar, devemos nos
perguntar: por que alguém decide ser professor ou professora? O que motiva um
sujeito a seguir seus estudos no campo das licenciaturas? Há vantagens em ser
educador ou educadora?
Não é difícil responder, afinal, a educação é algo fantástico, sublime! Pois, por
meio da educação, a sociedade se desenvolve a amplia suas possibilidades de
bem-estar social.
A educação adquire esse encanto quando durante uma aula, por exemplo, o
professor é capaz de levar o aluno do século XXI a viajar pelo Egito antigo e a
perceber como a história tem influência nos dias atuais. Dessa forma, estimula a
imaginação do estudante enquanto transmite conhecimentos e, também, produz
novo saberes – essa magia contagia os educadores. Assim, todo o educador ganha
uma representação social importante para a humanidade.
3.1.1 O ser professor
Ser professor é ser um contínuo estudante, alguém que sempre busca aprimorar-
se para desempenhar cada vez mais e melhor sua função. É estar sempre
comprometido com a educação e a tarefa de ensinar. Portanto, ser professor está
para além do simples dom de educar, e é preciso demonstrar qualidade e
competência para que a aprendizagem realmente ocorra.
No desempenho de sua função, o professor deve apresentar habilidades
emocionais, filosóficas, éticas, políticas, entre outras, e acima de todas ter o
domínio do conhecimento de tal modo, que tenha capacidade de ser um
constante pesquisador.
Sobre a importância da pesquisa, Fazenda (2008, p. 10) afirma que:
Figura 1 - Ser professor é muito mais do que transmitir conhecimento em sala de aula. Fonte:
Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
Aprender a pesquisar, fazendo pesquisa, é próprio de uma educação interdisciplinar,
que, segundo nossos dados, deveria se iniciar desde a pré-escola. Uma das
possibilidades de execução de um projeto interdisciplinar na universidade é a
pesquisa coletiva, em que exista uma pesquisa nuclear que catalise as preocupações
dos diferentes pesquisadores, e pesquisas-satélites em que cada um possa ter o seu
pensar individual e solitário. Na pesquisa interdisciplinar, está a possibilidade de
que cada pesquisador possa revelar a sua própria potencialidade, a sua própria
competência.
Desse modo, ser professor ou professora é trabalhar para a evolução crítica e
reflexiva dos alunos, oportunizando que o conhecimento possa ser manipulado e
reconstruído pelos educandos. É dar aos estudantes a possibilidade de
transformar suas vidas e das pessoas a sua volta. Contudo, esse conhecimento só
apresentará resultados positivos por meio de uma educação transformadora,
como propunha Paulo Freire (1980), uma formação que eduque para a vida
problematizando a condição do ser humano, sempre em busca de aprimorar os
sujeitos para viverem em sociedade.
Nesse sentido, para a sociedade, a representação do professor é a garantia de
construção de um futuro melhor, de transformação social.
3.1.2 Ser professor no Brasil
Podemos afirmar que ser professor ou professora no Brasil é travar uma luta diária
contra a desvalorização profissional e as péssimas condições de trabalho, ou
contra a visão de que a formação docente serve apenas como um “trampolim”
para outras profissões.
Não é raro encontrarmos professores que dizem atuar nessa profissão enquanto
não conseguem coisa melhor. Se por um lado a docência traz tantos encantos por
possuir o dom de transformar mentes, as mazelas encontradas nas escolas e os
baixos salários são os principais motivadores do abandono desse ofício.
A Finlândia é um bom exemplo de país que decidiu ampliar seus investimentos em
educação. Desde os últimos 50 anos até os dias atuais, garantiu que mais de 90%
de seus habitantes adultos tenham ensino superior. Lá, o trabalho docente é
compreendido como o mais importante, pois foi por meio dos professores que o
país elevou enormemente seu PIB (Produto Interno Bruto) e reduziu índices de
criminalidade, homicídios e outros (ASSOCIAÇÃO GENTE DE BEM, 2017).
 Figura 2 - Momento de
ensino-aprendizagem: relação entre professor e aluno. Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
Aqui no Brasil a realidade é muito diferente, pois mesmo tendo praticamente
dobrado os investimentos entre os anos de 2000 e 2012, apenas 4,7% do PIB era
investido em educação básica até 2016. Apesar da melhora na qualidade das
escolas brasileiras, avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (PISA), o resultado ainda é baixo quanto à qualidade do ensino que
temos hoje (BRASIL, 2015). Essa informação pode ser constatada nas várias
divulgações em 2016 da avaliação do Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (PISA) que coloca o Brasil, numa lista de 70 países na 63ª posição em
ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática (ASSOCIAÇÃO
GENTE DE BEM, 2017).
Contudo, vale ressaltar que a tarefa do educador está para além da simples
transmissão do conteúdo, mas também na sua capacidade de lidar com os
problemas diários da educação brasileira, conseguir produzir conhecimento e,
ainda, manter uma interação produtiva com seus alunos.
3.1.3 O trabalho interdisciplinar e a representação do professor
O mundo de hoje busca por soluções para os mais diversificados problemas da
humanidade. Porém, apresenta dificuldades em identificar o que realmente é
necessário para a transformação dos sujeitos e seu ambiente. Segundo
Romanowsky (2012, p. 5): “[...] a sociedade contemporânea caracteriza-se por
transformações no mundo do trabalho, avanço da ciência e da tecnologia,
ampliação das informações, reestruturação econômica e proposições de alteração
nas políticas de bem-estar social”. Contudo também é notório que toda e qualquer
transformação exige mudanças e essas, por sua vez, ocorrem sempre mediadas
por outros sujeitos ou fatos.
Conforme foi visto, é inquestionável que professores e professoras são mediadores
no processo de transformação do sujeito estudante, e essa mediação se faz mais
fácil e ganha maior impacto quando o educador se utiliza da interdisciplinaridade. 
Construindo relações entre os saberes socialmente construídos e as situações de
vida do cotidiano, o docente é capaz de tornar a aprendizagem mais significativa
para os seus alunos, favorecendo uma formação crítica.
Entretanto, atuar como um mediador do conhecimento e da realidade requer
muita dedicação, além de controle entre a razão e a emoção, uma vez que o
educador tem de lidar diretamente com um mundo de incertezas.
Desse modo, a educação é uma área de atuação que compreenderelações
complexas entre o meio, o saber e o ser humano em busca de novas possibilidades
de enxergar o mundo. A partir desses novos olhares, a educação se entrelaça com
outras áreas do conhecimento, tendo em vista a proposição de novos caminhos
para a emancipação social.
A representação do professor frente à contemporaneidade está, sobretudo, na
capacidade de relacionar as mais diversas disciplinas de maneira inter e
transdisciplinar, pois assim ele garante um aprendizado mais denso e eficaz para
os alunos, que são os possíveis transformadores da sociedade atual. Isso significa
que o educador deve tomar posse do pensamento complexo para realizar seu
trabalho, pois segundo Severino (2003, p. 43):
[...] dadas as nossas condições e a complexidade da prática, precisamos de
múltiplos enfoques mediatizados pelas abordagens das várias ciências particulares;
mas não se trata apenas de uma justaposição de múltiplos saberes: é preciso chegar
Figura 3 - A educação como caminho da emancipação social. Fonte: razorbeam, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
à unidade na qual o todo se reconstitui como uma síntese que, nessa unidade, é
maior do que a soma das partes. Por isso, precisa ser também prática
transdisciplinar.
Portanto, assim como o conhecimento encontra-se de maneira entrelaçada,
também entrelaçado está o significado do ser humano enquanto sujeito sócio-
histórico capaz de pensar e agir trabalhando em prol do desenvolvimento da
humanidade. Esse desenvolvimento está relacionado à representação do aluno,
conforme você estudará a seguir.
3.2 Representação do aluno
No cotidiano escolar, os alunos também têm representação significativa. Mas
como se dá essa representação? De maneira mais evidente, ocorre na relação
afetiva entre professor-aluno. Sem dúvidas, em sala de aula, o afeto entre
professor-alunos e alunos-alunos tem um papel importante, pois é o elo para a
aquisição do conhecimento.
Perceber o que acontece nas escolas e sua relação com as representações dos
alunos é elementar para o processo de ensinar e aprender.
Nesse sentido, assim como a relação professor-aluno é importante para o
educador, é ainda mais importante para o estudante compreender seu papel na
sociedade.
Em vídeo produzido pelo Grupo Editorial Record sobre o livro “A escola e os desafios contemporâneos”,
da professora Viviane Mosé, a autora relata os principais desafios da escola na contemporaneidade,
apontando ainda sobre a escola que temos e a escola que queremos ter. A docente também aborda a
utilização das tecnologias por professores e alunos, além da necessidade de a escola acompanhar as
transformações da sociedade. Para assistir, acesse o endereço: <https://www.youtube.com/watch?
v=0lsJSsKbH7g (https://www.youtube.com/watch?v=0lsJSsKbH7g)>. 
Figura 4 - A relação entre professor e aluno em sala de aula deve ser afetiva. Fonte: Pressmaster,
Shutterstock, 2018.
VOCÊ QUER VER?
Deslize sobre a imagem para Zoom
https://www.youtube.com/watch?v=0lsJSsKbH7g
Dessa maneira, podemos dizer que a representação do aluno ocorre por meio do
afeto, pois esse sentimento oferece subsídios para compreender que a
aprendizagem só ocorrerá quando o estudante tiver consciência de que o
cotidiano da sala de aula é um fenômeno, e se articula com a sua jornada no
processo de aprendizagem.
3.2.1 A representação do aluno: vínculo afetivo
Conforme você estudou, a representação do aluno para o professor – e vice-versa –
em sala de aula se dá por meio da relação afetiva. E essa relação é que possibilita,
ou não, que o processo de ensino-aprendizagem avance de maneira positiva.
Assim, as representações sociais são conceituadas por Kupfer (2000, p. 7):
[...] é a partir da análise dessa relação que se pode pensar no que faz um aluno
aprender. O que o faz acreditar no professor, permitindo que um ensino seja eficaz.
Pois, superando instituições escolares castradoras, coibitivas, “achatadoras” de
individualidades, surgem alunos pensantes, desejosos de saber, capazes mesmo de
produzir teorias.
Segundo Ornellas (2009), o conceito de representação social é compreendido a
partir dessa análise como um conhecimento do senso comum, que ocorre por
meio das relações afetivas entre os sujeitos e seu cotidiano. Ou seja, no caso do
aluno, da sua relação com o professor e a sala de aula durante o seu processo de
escolarização.
Ornellas (2009) compreende que as representações sociais são aquelas presentes
nas relações da vida cotidiana, apesar de reconhecer que é difícil fazer a
observação e identificação delas, pois é algo complexo, já que o tempo em que as
relações são construídas nem sempre é o suficiente para que seja feita uma
definição dessas interações. Por isso, o tempo do aluno com o professor na escola
é fundamental para que sua representação enquanto estudante se torne
perceptível.
Em sala de aula, a convivência com seus pares faz com que os alunos consolidem
sua representação social de modo a deixar sua marca, e essa será positiva ou
negativa dependendo do afeto disponibilizado na interação entre professor e
aluno. Por isso, as representações são estudadas no campo da psicanálise.
3.2.2 As representações a partir do olhar da psicanálise
Ao falarmos de aspectos afetivos entre professor e alunos, adentramos os estudos
da psicanálise – teoria formulada por Freud que estuda o comportamento e os
processos mentais (AULETE, 2018) – para compreender as relações humanas e
Figura 5 - Em sala de aula, a convivência do aluno com seus pares consolida sua representação social.
Fonte: Pressmaster, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
suas implicações no desenvolvimento dos sujeitos. Assim, as representações dos
alunos construídas em sala de aula podem apontar para o exemplo de escola que
queremos ter.
Kupfer (2005) afirma que o grande desejo de Freud era o de que a psicanálise
tivesse contribuição direta para a sociedade e, de forma mais especial, para a
educação. Segundo a autora, Freud observava os movimentos sociais e as
representações dos sujeitos para tentar compreender todas as áreas do
conhecimento, e assim aos pouco conseguiu adentrar os muros da escola.
Sigmund Schlomo Freud (1856-1939), médico neurologista, foi o criador da psicanálise. Iniciou seus
estudos a partir da utilização da hipnose no tratamento de pacientes com histeria, motivação de seus
estudos sobre o inconsciente. Suas teorias e seus tratamentos foram controversos, e até hoje
continuam a ser muito debatidos. Sua teoria é de grande influência na psicologia atual e, além do
contínuo debate sobre sua aplicação no tratamento médico, também é frequentemente discutida na
educação e analisada como obra de literatura e cultura geral (FERRARI, 2008). Para saber mais sobre
Freud, acesse o artigo disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/1912/sigmund-freud-o-
explorador-da-mente (https://novaescola.org.br/conteudo/1912/sigmund-freud-o-explorador-da-
mente)>.
Contudo, apesar do espaço que a psicanálise tem hoje na educação, esta teoria
não traz fórmulas sobre o que fazer para que a aprendizagem aconteça, mas ajuda
a refletir como o comportamento do aluno e seus aspectos afetivos na sua relação
com o professor, e com a escola, dialogam com o seu sucesso ou fracasso escolar.
Basicamente, a representação do aluno pode ser compreendida a partir de sua
relação afetiva com o professor, quase sempre identificada a partir do “bem-estar”
ou “mal-estar” vividos no cotidiano da sala de aula. De acordo com Ornellas
(2009), isso nos leva a refletir que:
VOCÊ O CONHECE?
https://novaescola.org.br/conteudo/1912/sigmund-freud-o-explorador-da-mente
A psicanálise fala que a relação transferencial pressupõe enamoramento, o que
permite dizer que a transferência coloca o amor como referência, a qual alimenta a
relação. (...) Em 1912, Freud distingue a transferência positiva, feita de ternura e
amor, da transferência negativa, feita de sentimentos hostis e agressivos
(ORNELLAS, 2009, p. 178-179).
Portanto o bem-estar ou o mal-estar na escola podeter diversas faces. Segundo
afirmam Outeiral e Cerezer (2003, p. 1 apud Ornellas, 2009, p. 177), mais
especificamente sobre o mal-estar na escola, esse “[...] tem diversas faces para
serem olhadas e pensadas: é como se olhássemos um cubo, que tem seis faces,
como sabemos, mas só podemos, de um determinado lugar, ver três faces, é
necessário que nos desloquemos para que vejamos todas as faces”.
Dessa forma, podemos concluir que as representações dos alunos podem ser
identificadas a partir de um olhar cuidadoso sobre sua relação de afeto com o
professor e com a escola, e que o professor possui um papel elementar na
contribuição para que essa relação seja favorável ao processo de desenvolvimento
do aluno. Compreender que existe uma relação entre a psicanálise e a educação é
um bom caminho para identificar a representação dos alunos enquanto sujeitos
históricos e de direitos.
3.2.3 A sala de aula como espaço de escuta da representação do
aluno
Se a psicanálise é um caminho para a compreensão da representatividade dos
alunos, a sala de aula é o consultório para se identificar esse processo. Portanto, a
sala de aula é um espaço de escuta das representações dos alunos e do próprio
ato educativo.
É na sala de aula que a escuta da interação professor-aluno é compreendida como
um instrumento da mediação entre os sujeitos e a disciplina do aluno ganha
centralidade na análise dessa interação. Ter domínio da disciplina do aluno
tornou-se um dos grandes desafios para o professor.
Na escola da atualidade, quando um professor adentra a sala de aula, depara-se
com a dificuldade de administrar a falta de atenção às aulas, o interesse pelas
atividades propostas, a dispersão, entre outros problemas. Esses desalentos
encontrados pelo professor provocam mal-estar no ambiente escolar, exigindo,
assim, uma escuta pedagógica atenta na expectativa de superar essas
dificuldades. É nesse momento de escuta pedagógica que a representação do
aluno é identificada com maior nitidez, podendo demonstrar o quanto a relação
afetiva entre ele e o professor interfere em seu comportamento. Assim, o
momento de escuta precisa ser um instrumento de trabalho da escola:
Uma leitura que inclua o discurso social que circula em torno do educativo e do
escolar (...) estará produzindo uma inflexão na ação do psicanalista e o levará a uma
prática que não coincida mais com a clínica psicanalista “ortodoxa”, pois ele terá de
se movimentar o suficiente para ouvir pais e escola. Isso amplia o campo de ação do
psicanalista, que passa a incluir a instituição escola como lugar de escuta (KUPFER,
2000, p. 34).
Nesse sentido, mais uma vez a psicanálise entra como um recurso para a
compreensão das representações sociais. Escutar é uma forma de dar sentido ao
mundo que cerca o aluno. Segundo Ornellas (2009, p. 188): “[...] a escuta da fala do
outro é, na verdade, um diálogo dentro de nós mesmos, com as muitas falas que
nos constituíram e nos constituem. Escutar e falar faz parte do processo educativo,
porém este binômio na escola parece ter pesos diferentes entre os atores.”
A partir dos momentos de escuta em sala de aula, escola e professores podem
trabalhar para produzir mais e melhor a qualidade do ensino. A representação do
ensinar e aprender é um aspecto que também merece atenção no processo
escolar, conforme você estudará a seguir.
3.3 Representação do ensinar e
aprender
Como podemos pensar em educação sem considerar as habilidades e
competências que se desenvolvem na relação entre professor e aluno? Você já se
perguntou como a educação pode interferir na transformação da sociedade? Já
tentou compreender o que o processo de ensinar e aprender pode representar?
VOCÊ QUER VER?
Como futuro professor, é importante que você comece a observar comportamentos que favoreçam
uma prática reflexiva. Assim, vale a pena assistir ao vídeo Reflexões sobre o processo de ensino-
aprendizagem, no qual o Doutor em Educação João Luiz Gasparin    apresenta aspectos da teoria do
conhecimento Materialismo Histórico-dialético. Assista ao vídeo e saiba como ele poderá refletir na
atuação docente, acessando o endereço: <https://www.youtube.com/watch?v=d-DqNak7nU8
(https://www.youtube.com/watch?v=d-DqNak7nU8)>.
Diante de uma educação plural, em que a diversidade encontra-se presente em
todos os seus campos e aspectos, pensar na representação do ensinar e do
aprender torna-se essencial para assegurar o processo de desenvolvimento dos
alunos.
A educação é um processo reflexivo que envolve alunos e professores numa
dinâmica em prol do conhecimento; assim, o aprender e o ensinar são a chave-
mestra da qualidade da educação. É importante que a escola oportunize a
professores e alunos refletirem sobre seus papéis e suas condições de ensinantes e
aprendizes.
3.3.1 O ensino e a aprendizagem na escola contemporânea
Os avanços obtidos ao longo da história da educação permitiram que o processo
de aprendizagem se tornasse reflexivo. Mas não só isso; na atualidade
encontramos alunos, de diferentes níveis de ensino, familiarizados com as novas
tecnologias de maneira surpreendente, principalmente com as tecnologias de
comunicação – o que favorece muito a capacidade de produção de cada sujeito
diante das mais diversas situações do cotidiano.
Contudo, essa é uma realidade entre alunos, mas nem sempre os professores
detêm as mesmas habilidades e competências. Daí a necessidade de o professor
buscar formação e pesquisa constantes. 
https://www.youtube.com/watch?v=d-DqNak7nU8
Assegurar a aprendizagem depende da capacidade que o ensinante tem de
interagir com os conhecimentos, de modo que a linguagem utilizada em sala de
aula esteja ao alcance de todos. É nesse contexto que as tecnologias são
fundamentais no favorecimento da aprendizagem dos alunos que já nascem tendo
acesso a elas.
Quando os recursos tecnológicos não são utilizados como mediadores do
processo de ensino-aprendizagem, o canal de comunicação entre professor e
alunos fica comprometido, pois o mundo que cerca os estudantes está repleto de
novas tecnologias e, portanto, fazem parte do seu dia a dia. Ensinar sem ter
condições de traçar relação com a vida cotidiana é comprometer a qualidade da
aprendizagem, além de causar dispersão, desinteresse e indisciplina na sala de
aula.
Para entender melhor, observe os exemplos descritos no caso a seguir.
Figura 6 - No processo de ensino-aprendizagem, a linguagem utilizada pelo professor deve ser
compreendida por todos os alunos. Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
CASO
Um exemplo de estudo de caso são os programas televisivos. Diariamente,
os alunos estão expostos às inúmeras programações da TV que, por sua
vez, trazem várias temáticas que poderiam ser aproveitadas em sala de
aula.
O telejornal em tempo real transmite todas as ações políticas que
implicam diretamente no direito dos cidadãos. As novelas abordam temas
complexos como a diversidade de gênero, as crenças religiosas e as
diferentes culturas no mundo. E o estudante experimenta tudo isso
passivamente, sentado no sofá! Não dar vez, nem voz ao que o aluno
assiste todos os dias é ignorar que ele já tenha algum conhecimento sobre
esses assuntos. Sem contar o fato de que muito do que é passado na TV,
principalmente nas novelas, pode ter significativa proximidade com a vida
do aluno fora dos muros da escola.
O professor que consegue trazer para a sala de aula exemplos que fazem
parte do dia a dia da turma, que tenta valorizar a vivência do estudante,
terá menos dificuldades de desenvolver o seu trabalho. Em contrapartida,
quando o aluno identifica-se com o assunto trazido pelo professor de
determinada disciplina, ou em determinada aula, é possível notar que o
interesse desse aluno muda, pois para ele a aprendizagem passa a ter
significado.
Nesse sentido, a representação do ensinar e do aprender pode ser
identificada de maneira mais fácil a partir do uso das tecnologias, quando
o professor oportuniza momentos de debates, seminários e pesquisas. Ao
expressar sua opinião,o aluno demonstrará se aprendeu ou não
determinado conceito, o que não é tarefa fácil, mas quando o
conhecimento é aproximado da realidade de vida do estudante, a
aprendizagem passa a ter um significado especial e motivador, além de
melhorar a relação com o professor.
Portanto, trabalhar o ensinar e o aprender, em consonância com a tecnologia,
proporciona uma educação mais prazerosa. Com isso, aumenta a possibilidade de
garantir que a escola cumpra o seu papel social na formação do cidadão, conforme
você verá a seguir.
3.3.2 O ensino e a aprendizagem na formação cidadã
A função da escola hoje está para além da transmissão de conhecimentos, pois
essa instituição é também responsável pela formação cidadã de todos na
sociedade. Dessa forma, a escola passa a ser vista dentro de uma totalidade uma
instituição que compreende o ser humano e suas relações desde o nascimento.
Assim, cabe à escola preocupar-se com conceitos, valores e atitudes dos
educandos, uma vez que ela também é responsável pela formação e orientação
dos estudantes para viverem em sociedade. Desse modo, a gama de atribuições da
escola aumenta e, com ela, a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso escolar,
pois no caso do fracasso, poderá significar falha na execução de sua função – o que
refletirá incisivamente na sociedade.
Nesse sentido, a elaboração de um projeto de vida para os estudantes pode
motivar o sujeito a correr atrás de objetivos e lutar por eles. Um projeto de ensino
também deve ser realizado para que tanto alunos quanto professores tenham
claro um caminho a seguir, um norte que os desvie dos obstáculos impostos no
interior da escola e pela sociedade, como as questões que envolvem as diferenças
de raças, credos, gêneros e classes sociais.
Figura 7 - A educação deve ser compreendida como formação para a cidadania. Fonte: Monkey
Business Images, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
O processo de ensino-aprendizagem é compreendido como algo que precisa ser
arquitetado para que não haja interferências na sua execução e para que ele
alcance todos os objetivos traçados. No entanto é um processo de mão dupla que
abraça tanto o professor quanto o aluno, de modo que ambos, em algum
momento, serão ensinantes e, em outro, serão aprendizes.
Hoje, o ensinar e o aprender são responsáveis pela construção de um mundo
melhor, em que professores e alunos, por meio do conhecimento, podem
transformar a realidade em que vivem a partir de uma prática cidadã, crítica e
reflexiva, tendo em vista sempre a emancipação social.
3.3.3 Ensinar e aprender são atos dialógicos
Não há como pensarmos em educação, em aprendizagem, sem que haja diálogo.
O diálogo é o principal recurso do professor, pois nele há troca de informações e
conhecimentos que favorecem a autoaprendizagem, já que na educação
contemporânea professores e alunos aprendem entre si.
Desse modo, ensinar é fazer com que os alunos estejam sempre comprometidos
com a dialogicidade, desenvolvendo estratégias de aprendizagem. É possibilitar
ao estudante uma análise mais profunda sobre o papel da escola e o seu próprio
papel. Assim, ensinar é o mesmo que orientar os alunos de maneira que, a partir
do diálogo, possam se apropriar dos conhecimentos específicos de cada ano ou
série escolar para que ocorra a “interiorização do saber sistematizado,
historicamente acumulado.” (LOPES, 1996, p. 111).
Ensinar é dar as condições básicas para que os alunos desenvolvam habilidades
que os façam capazes de dominar as diversas linguagens. É também ajudá-los a
desenvolver sua capacidade reflexiva, de maneira a buscar as soluções para as
angústias do dia a dia. Mais do que um diálogo, a aprendizagem é também uma
forma de colaboração entre professores e alunos propiciando aos estudantes a
ajuda mútua na investigação e análise dos dados. Assim, a relação entre alunos
também faz parte do processo de aprendizagem. 
Nesse sentido, da mesma forma que a interação entre professor e aluno, a relação
aluno-aluno e professor-professor se dá de forma colaborativa no processo de
aprendizagem, permitindo a constituição e trocas de experiências tão importantes
para o desenvolvimento pessoal.
Todavia, a formação inicial do professor precisa oferecer condições necessárias
para que o profissional atue como um colaborador e, também, se compreenda
como colaborativo, num processo dialógico da construção do saber.
3.4 Transformação da escola
A relação entre educação e sociedade é caracterizada pelos paradigmas que
sustentam os modelos pedagógicos e as práticas de ensino que, ao longo da
história da educação, foram se modificando mediante as necessidades da
sociedade. Você já parou para pensar por que a escola sofreu tantas modificações?
Como os aspectos filosóficos podem ter influenciado nessas tantas mudanças?
Atualmente, a educação ainda é compreendida como caminho para a
transformação da sociedade?
Sabemos que muitas foram as mudanças na educação. Por exemplo, o aluno
deixou de ser um depósito de informações, e a educação passou a preocupar-se
com as relações afetivas e as interações dos alunos no meio em que vivem, e com
os professores.
Vamos agora aprender um pouco mais sobre a transformação da escola e sobre o
modo como os contextos filosóficos apontam para as carências em que vivem as
escolas e também para os caminhos que indicam a superação dos desafios
impostos pela sociedade contemporânea.
3.4.1 Paradigmas sociais e a educação
Partimos do pressuposto de que a educação é um fenômeno social que dialoga
diretamente com os contextos políticos, culturais, econômicos e científicos de uma
nação. Esse conceito nos leva a inferir que a educação é um processo em
constante transformação, que atravessa a história rompendo tempos e lugares
sempre na busca por um mundo menos desigual.
O estudo das raízes históricas da educação contemporânea nos mostra a estreita
relação entre a mesma e a consciência que o homem tem de si mesmo, consciência
esta que se modifica de época para época, de lugar para lugar, de acordo com um
modelo ideal de homem e de sociedade (SAVIANI, 1991, p. 55).
Fica evidente, a partir da consideração de Saviani (1991), que a educação
enquanto processo social se enquadra numa concepção de sociedade que varia
conforme os interesses de uma classe. Assim, o fenômeno educativo precisa ser
compreendido de maneira unificada e sólida, e não fragmentado da realidade,
interpondo-se entre os valores culturais, políticos e éticos que fazem parte da vida
humana.
VOCÊ SABIA?
A Escola Básica Integrada de Aves/São Tomé de Negrelos, conhecida como Escola
da Ponte, é uma instituição pública de ensino, localizada em Vila das Aves e São
Tomé de Negrelos, em Santo Tirso, no distrito do Porto, em Portugal. No sistema
idealizado pelo educador José Pacheco “as crianças e os adolescentes que lá
estudam definem quais são suas áreas de interesse e desenvolvem projetos de
pesquisa, tanto em grupo quanto individuais. O sistema tem se mostrado viável por
pelo menos dois motivos: primeiro, porque os educadores estão abertos a
mudanças; segundo, porque as famílias dos alunos apóiam e defendem a escola
idealizada por Pacheco” (MARANGON, 2004, s. p.). Para saber mais, leia o artigo
disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/335/jose-pacheco-e-a-escola-
da-ponte (https://novaescola.org.br/conteudo/335/jose-pacheco-e-a-escola-da-
ponte)>.
Temos assim instalada uma crise paradigmática que precisa ser analisada
enquanto fenômeno cultural que se relaciona diretamente com a história.
 Podemos pensar que a construção da ciência moderna compreende a educação
como um modelo único de conhecimento, materializado a partir da produção de
novos saberes que podem ser cientificamente comprovados, razão principal da
crise. Desse modo, a perspectiva do conhecimento científico dominante adquire
maior rigor, colocando o modelo racionalista em profunda crise. Todavia, “os
sinais nos permitem tão só especular acerca do paradigma que emergirá desse
período revolucionário.” (SANTOS, 1996, p. 123).
VOCÊ QUER LER?
https://novaescola.org.br/conteudo/335/jose-pacheco-e-a-escola-da-ponte“Epistemologias do Sul”, livro organizado por Boaventura de Sousa Santos e Maria Paula Meneses
(2009), aborda o pensamento epistemológico do ocidente sobre os padrões da hierarquização das
culturas dominantes. Destaca a necessidade de resgatar o diálogo como uma possibilidade de saberes.
Discute as sobre cultura, intersubjetividades e relações sociais no processo epistemológico e, sua obra
nos permite compreender as suas relações e desdobramentos das transformações sociais.
Portanto, as transformações da escola, tanto teórica quanto práticas,
desenvolvem-se a partir dos paradigmas dominantes de um determinado período
histórico, o que faz com que a educação aconteça, quase que exclusivamente,
como um instrumento reprodutor dos interesses políticos, econômicos e culturais
da sociedade demarcada por interesses da classe dominante.
3.4.2 As transformações do mundo contemporâneo e a escola
As transformações políticas, sociais e culturais que ocorreram em todo o mundo
impactaram a escola e colocaram em pauta o seu papel na sociedade, já que hoje é
exigido um perfil de trabalhador mais flexível e empreendedor, que precisa estar
sempre atualizado para mostrar diversidade de competências. Nesse cenário, a
escola passa a ter a responsabilidade de formar esses sujeitos dinâmicos e plurais,
capazes de exercer sua cidadania de maneira autônoma, crítica e criativa. De
forma ampla, a sociedade contemporânea busca, nos diferentes processos
educativos, a reprodução das relações sociais, o que significa que a classe
dominante busca na escola a possibilidade de reprodução das necessidades
impostas pela industrialização e sua estrutura econômica. As mudanças e
inovações tecnológicas que impõem a divisão do trabalho, assim como a força de
trabalho, fazem da escola um espaço de formação humana que atenda a essas
demandas. Mészáros (1981, p. 260), sobre as mudanças no mundo do trabalho e a
educação, afirma que:
Além da reprodução, numa escala ampliada, das múltiplas habilidades se nas quais
a atividade produtiva não poderia ser realizada, o complexo sistema educacional da
sociedade é também responsável pela produção e reprodução da estrutura de
valores dentro da qual os indivíduos definem seus próprios objetivos e fins
específicos. As relações sociais de produção capitalistas não se perpetuam
automaticamente.
Assim, a sociedade do conhecimento como é conhecida de todo o mundo, deixou
de lado o modelo pedagógico que valoriza o trabalho taylorista/fordista “fundadas
na divisão entre o pensamento e ação, na fragmentação de conteúdos e na
memorização, em que o livro didático era responsável pela qualidade do trabalho
escolar” (SANTOS, 2018, s. p.).
As transformações do mundo permitem que os sujeitos aprendam nos mais
diferentes espaços educativos – na TV, no computador, na rua, entre outros. Desse
modo, os espaços educativos foram ampliados; isso não significa que a escola
formal tenha chegado ao fim, mas um alerta que indica a necessidade urgente de
mudanças estruturais nessas escolas para atender às demandas da
contemporaneidade. De acordo com Frigotto (1999, p. 26):
Na perspectiva das classes dominantes, historicamente, a educação dos diferentes
grupos sociais de trabalhadores deve dar-se a fim de habilitá-los técnica, social e
ideologicamente para o trabalho. Trata-se de subordinar a função social da
educação de forma controlada para responder às demandas do capital.
A partir da citação deste autor, podemos afirmar que a educação é a instituição na
qual a sociedade molda seus participantes segundo seus interesses. Isso revela,
dentro do contexto educacional, que a diversidade e os sujeitos variam segundo os
diferentes contextos sociais aos quais pertencem e são constituídos.
Gaudêncio Frigotto (1984) escreveu o livro “A produtividade da escola improdutiva” sob uma postura
metodológica que busca entender a educação no interior da totalidade social, envolvendo, assim, uma
análise articulada com dimensões econômicas, políticas, filosóficas e socioculturais. Nesse sentido,
essa obra é fonte obrigatória para pesquisadores e professores da educação (economia, filosofia,
política, sociologia), das áreas de planejamento, administração, orientação e supervisão da educação,
como também para profissionais que atuam nas ciências sociais.
VOCÊ QUER LER?
Dessa maneira, é possível perceber que as transformações no mundo
contemporâneo também transformam a escola, bem como todo o processo de
escolarização e formação humana.
3.4.3 A representação da escola na contemporaneidade
A escola representa uma solidificação de meios que servem como mecanismos de
participação da família nos diversos espaços educativos de socialização do
conhecimento e de informações, que ganham importância no Projeto Político
Pedagógico (PPP) da escola.
VOCÊ SABIA?
A participação dos professores na construção do Projeto Político Pedagógico da
escola está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Em seu
Título IV – Da Organização da Educação Nacional –, a lei define no artigo Art. 14 que
os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino
público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme
alguns princípios; e um deles está no Inciso I, que é a garantia da participação dos
profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola (BRASIL,
1996).
As transformações tecnológicas e a globalização fazem com que a docência seja
reconfigurada, adquirindo um caráter ideológico frente às necessidades do mundo
do trabalho. Dessa forma, a escola deve superar e romper com os modelos
tradicionais do ensino para fazer diferença e buscar soluções aos novos desafios
da sociedade.
No movimento de reconfiguração de trabalho e formação docente, outro aspecto
parece constituir objeto de consenso a possibilidade da presença das chamadas
“novas tecnologias” ou, mais precisamente, das tecnologias da informação e da
comunicação (TIC). Essa presença tem sido cada vez mais constante no discurso
pedagógico, compreendido tanto como o conjunto das práticas de linguagem
desenvolvidas nas situações concretas de ensino quanto as que visam a atingir um
nível de explicação para essas mesmas situações (SANTOS, 2018, s. p.).
Assim, segundo Santos (2018), as tecnologias de informação e comunicação (TICs)
têm sido fundamentais na construção dos discursos atuais sobre o ensino.
Todavia, apesar de esse tema estar entre os mais discutidos pelos estudiosos da
educação das academias, a sua aplicação tem ganhado sentidos tão diferentes
que acabam desqualificando as leituras mais específicas, mostrando que não há
um consenso para a sua utilização no processo formativo.
Diante desse contexto de transformação, a instituição escolar tem como função
não só garantir o acesso e a permanência de jovens e crianças na escola, mas
também permitir que esses sujeitos tenham a possibilidade de suprir suas
necessidades e realizar seus desejos. Da mesma forma, deve prepará-los para lidar
com as demandas do mundo capitalista, industrializado e contemporâneo.
Por fim, a educação de qualidade é aquela que consegue oferecer aos alunos uma
formação plena que atenda a necessidade de uma formação profissional assim
como a formação propedêutica, social, política e cultural da sociedade.
Síntese
Você concluiu esta etapa da disciplina, que abordou a representação do aluno e do
professor no contexto social contemporâneo, mostrando como as relações entre
esses sujeitos podem interferir e determinar o processo de aprendizagem e a
função social da escola.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
compreender a identidade do educador como um profissional do ensino,
assim como a sua representação no contexto social;
refletir sobre a representatividade do educador na perspectiva de uma
sociedade dinâmica e polivalente;
identificar a representação do aluno, tendo por base o vínculo afetivo;
entender que a representação social do aluno contribui positivamente no
cotidiano escolar;
perceber os benefícios que partem dos princípiosde ensinar e aprender
como ícones estruturadores da prática educativa;
refletir sobre a transformação da escola no mundo contemporâneo;
conhecer as reais necessidades de transformação da escola que queremos.
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