Buscar

Ponto_10_humanística

Prévia do material em texto

Ponto 10 - humanística
O conceito de Política. Política e Direito. Ideologias. A Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU).
DIREITOS HUMANOS E POLÍTICA
Claro que não é algo novo, como vou ressaltar aqui, é impossível falar de declaração universal de direitos humanos ou direitos do homem de 1948, sem uma perspectiva mais histórica, sem analisarmos a base, ou a antecedência dessa importante declaração.
HISTÓRICO
Vamos trabalhar então com um pouquinho do histórico até chegarmos especificamente a Declaração de 1948.
O que influencia para chegarmos a essa declaração. É uma declaração e não um tratado, como ressaltarei aqui e nós devemos, no contexto mais histórico, analisar duas revoluções liberais que os senhores já devem ter visto: a Revolução Americana caracterizada, consubstanciada pela declaração de independência de 1776, que já falaremos sobre ela e também pela Revolução Francesa, de 1789, que é a tomada de poder Estado pelos e aqui sim, nós temos ou culmina tal revolução com a Constituição de 1791 que falaremos rapidamente sobre ela, a Constituição Francesa de 1791.
Essas revoluções que são chamadas pelo Norberto Bobbio, famoso estudioso dos direitos humanos, jurista italiano já falecido, os senhores já devem ter ouvido falar dele, essa revoluções chamadas por Bobbio, mas não só por ele obviamente, de Revoluções Liberais, trazem em seu bojo características, a defesa de princípios considerados princípios liberais, claro que aqui como estamos falando de revoluções, estamos falando do aspecto mais político, aqui o foco é o liberalismo político, vamos deixar o liberalismo econômico lá para os economistas da Universidade de Chicago. 
Nós temos aqui a defesa de direitos. E que tipo de direitos aqui nos temos? Nós já temos a defesa de direitos sociais aqui? Historicamente falando nesse período? Não. O que a gente tem aqui , e isso é pacifico, é a defesa de direitos de primeira geração, ou como quer o nosso representante lá na Corte de Haia, Cançado Trindade, ele vai afirmar o seguinte: agente não tem que falar de gerações, agente tem que falar de dimensões. Porque na verdade as gerações não são algo estanque. Nós não temos uma geração, depois outra geração. Elas são interdependentes e se interelacionam. Por isso agente tem que falar, melhor afirmar, vocês podem falar isso citando o professor Cançado Trindade na prova, perfeitamente dimensões. Mas aqui vamos falar gerações, que é como agente costuma analisar. Não vejo problemas.
Então aqui como eu afirmava para os senhores, nos temos os famosos direitos de 1ª geração. Como é que agente pode caracterizar os direitos de primeira geração? Direitos que na verdade não começam aqui, mas dão forcas para as revoluções liberais. São basicamente direitos civis e direitos políticos. 
Então Diego, você afirma que esses direitos de primeira geração eles ganham forca com a Revolução Americana e a Revolução Francesa. Somente por meio da Constituição de 1871 e pela Declaração de Independência de 1876. É verdade sim. E, por meio desses direitos aqui, quem influencia, ou qual o autor, ai a gente faz relação com outro tópico da aula que também é importante, que é a política, que vai defender, literalmente, podemos dizer assim, vai criar a idéia de direitos fundamentais, como por exemplo direito a vida, propriedade, liberdade. 
Na constituição Americana, que agente vai ver aqui rapidamente, porque é importante, nós temos uma ênfase grande na idéia de liberdade e essa idéia que esta muito ligada ao individualismo, uma observação, como é comum, essa idéia de liberdade, ou liberdades, melhor ainda, porque não temos apenas uma liberdade, que está ligada claramente ao individualismo, que ganha força na Europa, principalmente na Holanda, com os protestantes.
Ah Diego, de onde você tirou isso? Ora, um autor que vocês podem citar, e ele é muito querido no Brasil, que é chamado de sociólogo, podemos também caracterizá-lo até como cientista político, que é o Max Weber, que escreveu uma importante obra, que talvez os senhores tenham lido na cadeira de sociologia, na faculdade, que é a Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
Aqui fica muito claro que essas liberdades defendidas, essa valorização do individuo, porque aqui nesse momento por meio da primeira geração, consubstanciada nesses dois documentos nós temos uma valorização da liberdade do individuo. 
Claro que hoje ao analisarmos inclusive a Constituição brasileira nos vemos a liberdade e o direito agregando o coletivo. Mas aqui nesse momento é uma supervalorização do individuo, que começa a ganhar força justamente com a reforma protestante contrapondo-se as idéias do catolicismo da idade media que valorizava os ideais da família. Não que os protestantes não valorizam a família, não afirmei isso, mas não havia o foco nessas liberdades individuais. 
Para analisarmos os direitos de primeira geração, civis e políticos é fundamental também, aqui fazendo ligação com outro autor, esse sim, que obviamente, vai influenciar o contexto é o John Locke. 
John Locke, nos livros, nos tratados sobre governo, ele vai afirmar o seguinte: existem direitos naturais e esses direitos naturais devem ser respeitados, eles devem ser seguidos pelos governos. E quais direitos naturais são esses que eu afirmo aqui? São justamente direitos que você (14:09) por essas duas revoluções liberais que eu citei a pouco para os senhores. E o John Locke nesses dois livros ele vai afirmar principalmente a defesa do direito a vida e o direito a propriedade que é um dos alicerces da sociedade capitalista atual que ganhou forca principalmente com a ética protestante judaica de não condenação da usura, porque o catolicismo, agente sabe, condenava a usura, o empréstimo a juros, algo que os protestantes e judeus não vão condenar, muito pelo contrario, agente vê influencia desse período, principalmente por banqueiros judeus, que inclusive vai ser um argumento utilizado no século XX, inclusive pela ala mais radical, ou seja, pelos nazistas que agente vai comentar aqui, para afirmar que os judeus querem dominar o mundo, dominando o sistema financeiro internacional, aquela velha teoria da conspiração. Não é algo novo, é algo que eles resgatam do histórico, e é importante tanto para a política quanto para os direitos humanos. Então esse direito a propriedade que alicerça a sociedade capitalista.
Gente, uma perguntinha, uma observação? Em todos os países do mundo tem esse direito à propriedade arraigado no seu ordenamento jurídico pátrio? Não. Na Republica da China, tão famosa, que cresce a níveis absurdos, para vocês terem uma idéia, eles não tem direito a propriedade como nós temos aqui no país. Claro que ninguém vai entrar e tomar a casa de uma pessoa, não é isso que eu estou afirmando. Mas não é esse direito individualista que nós temos hoje. A terra, por exemplo, lá, não pertence a uma pessoa. Ela pertence a coletividade. Claro que a permissão é para o individuo usar a terra, mas aquela terra pertence ao Estado, a coletividade, não a uma pessoa específica.
Então, direito a vida, direito a propriedade e direito a liberdade que, resgatando Aristóteles, John Locke, no século XVIII vai afirmar que são os direitos naturais que, como veremos, mas já adiantado para o senhores, nada mais são que uma ideologia. E aqui eu faço um vínculo, um link já com outro ponto exigido pelo CNJ, que é ideologia. 
Por que eu afirmo que os direitos naturais são uma ideologia? Como a gente vai ver, mas adiantando para os senhores, simplesmente porque é uma forma de pensar. É uma idéia concebida, carregada de valores, um construto axiológico que serve para guiar a defesa das pessoas, dos cidadãos. 
Não pensem, e eu não afirmei isso, que foi John Locke que inventa a idéia de direitos naturais. Quem é considerado e apontado pela doutrina e pelos historiadores é justamente Aristóteles que começa com essa idéia de direitos naturais. Mas o Locke que vai ser o grande influenciador da Declaração de Independência da Constituição de 1789, eleé o primeiro a citar especificamente o direito a vida, o direito a propriedade e o direito a liberdade. Pelo menos no período moderno. 
Claro que o John Locke vai fazer essa defesa dos direitos naturais contrapondo-se a outros autores. Gente, se voltarmos a idade media ou um pouquinho depois lá no século XV, XVI, agente vê que há muitas democracias no mundo? Há muitas democracias no mundo? Não. Aquela herança da democracia da ávora grega, da praça grega ela foi um tanto abandonada pela sociedade européia nessa época. Qual o regime que imperava nesse período? O que vai ser muito criticado pelo Locke no século XVIII. Aqui estamos falando do Iluminismo. Um grande autor do Iluminismo, que os senhores viram lá no segundo grau, na faculdade. E qual o regime político, ou qual concepção de governo nós temos nesse período? Que o Iluminismo vai realmente se contrapor. Nós temos a idéia do absolutismo. 
E o que é essa idéia do absolutismo? Aqui cuidado. Há o absolutismo laico e o absolutismo religioso. Por que você afirma isso Diego? Porque quando Luis XIV na França ele afirma “L'État c'est moi”, o Estado sou eu, ele afirma o que? Eu sou o rei absolutista. Mas eu sou um rei absolutista porque eu quero? Não. Porque ele tinha o apoio da igreja católica e ele defendia o que? O poder, o direito divino que foi concebido a ele. E ai agente fala o que? Um absolutismo mais religioso. Diferentemente de um absolutismo mais laico, defendido por um autor muito importante que agente vai citar aqui que é o Thomas Hobbes. 
Porque o Hobbes fala o seguinte: essa historia de direito divino, de herança divina para você ser um rei absolutista, isso é uma balela, isso não existe. Por que ele afirma isso? Ele não vai criticar o absolutismo. Ele vai criticar esse absolutismo que é defendido com base no direito divino. Ele vai dizer que o absolutismo deve haver sim, mas por outro motivo. E que motivo é esse? 
Como eu afirmava para os senhores, nós temos aqui Locke, vamos fazer uma briguinha fictícia, um conflito fictício de idéias, Hobbes, para facilitar o entendimento dos senhores. Loke é do século XVII e Hobbes é mais do século XVIII. 
Então Diego, você afirmou que o Hobbes defendia o absolutismo, um absolutismo mais laico. Em que sentido? Porque o Hobbes foi o primeiro a ter uma sacada muito interessante. Ele vai afirmar o seguinte: há necessidade de algo que controle as paixões na sociedade. Como assim controle as paixões? É necessário que as pessoas saiam do estado de natureza. O que quer dizer sair do estado de natureza? Do estado selvagem, ou seja, uns contra os outros. Vocês já ouviram falar o homem é o lobo do homem. Na verdade ele cita, mas não é dele. Ela pega da dramaturgia grega. Vocês podem citar porque ele afirma esse ponto no livro O Leviatã. Que o titulo é muito sugestivo, porque esse Leviatã seria mais um governo absolutista, ele ascenderá ao poder por meio de um contrato social. 
Vejam então caríssimos que aqui começamos a idéia de contratualismo social. Que seria nada mais nada menos que os indivíduos, como eu afirmei, sair do estado de natureza, da guerra total, uns contra os outros, e afirmar o seguinte: eu, por meio desse contrato abro mão das minhas liberdades e concedo, outorgo a esse Leviatã. Esse leviatã vai ser responsável pelo que? Porque eu não vou dar minha liberdade, meus direitos assim a toa para o governo. O que eu almejo aqui? A paz. Porque com paz eu terei a felicidade. Com a guerra eu não terei felicidade. Então os indivíduos acabam, por meio de um contrato social, elegendo, escolhendo o Leviatã para controlar as paixões e assim sairmos do estado de natureza. Sairmos da guerra total, de todos contra todos. 
Agora, esses indivíduos devem ser entendidos como família? Essa idéia de família é forte na obra de Hobbes ou o Hobbes vai criticar essa idéia de núcleo familiar? Ora, muita atenção aqui, porque quando eu cito indivíduos são indivíduos mesmo, porque o Hobbes vai criticar a idéia de família. Essa idéia de família que é muito valorizada pela cultura cristã, o Hobbes vai afirmar que é um verme dentro de um intestino. É um verme que acaba por corromper o Estado governado pelo Leviatã. E isso fortalece a idéia de individualismo que será uma das bases da atual sociedade capitalista. Basta nós irmos para a globalização, isso já esta um pouco universal hoje. Basta irmos, isso é muito interessante, a um país anglo-saxão como os Estados Unidos, como a própria Gra-Bretanha, perdão, que teremos uma idéia individualista, se bem que o Brasil também esta bem individualista hoje em dia, contrapor-se historicamente a essa família que é muito forte, historicamente no Brasil. Vocês não concordam comigo? A família é muito forte no Brasil desde os tempos coloniais. Eu estou afirmando isso não só por uma analise empírica, mas também com base em grandes autores nacionais, como por exemplo Gilberto Freyre, basta ver no Casa Grande e Senzala, que agente vai ver o núcleo familiar que domina os engenhos brasileiros, inclusive vai dominar a economia. O pater familiae, que é aquele senhor de terras no Brasil. Você vai tentar fazer um vinculo com o Brasil, pater familiae. Que é aquele senhor que domina a família e domina também aquele engenho. Isso esta também muito forte na obra de Sergio Buarque de Holanda, pai de Chico Buarque. Raízes do Brasil, por exemplo, ele cita. Essa idéia é muito interessante.
Então, aqui, para que os indivíduos escolha, por meio de um contrato social, coloquem no poder o Leviatã, eles abrem mão dos seus direitos naturais. 
Agora, contrapondo Hobbes a Locke, que vai influenciar as revoluções liberais, tanto nos Estados Unidos quanto na França, que vão ser a base histórica para a nossa declaração, nós temos uma critica ao absolutismo.
Mas em compensação o Locke vai também defender o contrato social. E qual a diferença entre os dois contratos, que ate hoje caracteriza a nossa sociedade desse contrato social? Hoje, o nosso contrato é claramente quando a gente também elege o governo, uma constituinte. Eu não estou falando só do Brasil, estou falando geral. Qual a diferença de um contrato para o outro? Esse contrato (leviatã) defende um governo absolutista, tem que abrir mão para controlar as paixões. Aqui já forte o Iluminismo, caracterizados pelos direitos fundamentais do Locke. Ele vai afirmar o seguinte: aqui há um contrato social também pelos indivíduos, mas justamente para que por meio desse governo escolhido pelos indivíduos, haja a defesa dos direitos naturais. Esses direitos que já existem independentemente de qualquer norma escrita. Esses direitos que são direitos que já estão intrínsecos na natureza humana. Que não é necessário um legislador para que eles existam. São inclusive, historicamente, por alguns autores, como Tomás de Aquino, autor católico, confundido com direitos de Deus, provenientes de Deus.
Então esses direitos naturais, esse contrato social, escolhe um governo que vai justamente defender esses direitos naturais. Esses direitos naturais consubstanciados principalmente, nesse caso aqui, nos direitos civis, que estão incluídos nos direitos de primeira geração. Direito civil, como eu falei aqui, por exemplo, direito a vida. 
DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DE 1776
Coloque na tela a Declaração de Independência de 1776, que teve como cérebro, que teve como expoente o famoso Thomas Jefferson. 
Declaração unânime dos treze Estados Unidos da America (eram apenas treze estados na época da Declaração)
Quando no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário um povo dissolver laços políticos (é claramente os laços com a metrópole, com a Grã-Bretanha) que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra posição igual e separada (aqui o direito as leis da natureza. Esses direitos naturais são defendidos também pelo Hobbes), a que lhe dão direito as leis da natureza e as do Deus da natureza (olha a religião também aí), o respeito digno as opiniões dos homens (liberdade de expressão, liberdade fundamental) exige que se declare as causas quenos levam a essa separação.
Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais (pela primeira vez nós temos na sociedade moderna um documento que cita a igualdade do homem. Isso foi antes da revolução francesa, que é muito citada, então vocês já podem citar que o principio da isonomia, da igualdade já data de 1776, na Declaração de Independência dos Estados Unidos. Isso antes mesmo da tão citada revolução francesa), foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade. 
Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens (olha aí o contratualismo social, como uma coisa está ligada a outra, como agente viu aqui agora, do Locke), derivando seus justos poderes do consentimento dos governados (olha o contrato social aí); que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la (adivinha quem afirma isso? O Locke, voltando para o quadro, diferentemente do Hobbes, ele vai afirmar que se o governante, o que o Hobbes chamava de Leviatã, esse monstro bíblico, não respeitar os direitos naturais do homem, o que vai acontecer? Vai ficar por isso mesmo? Não. Locke vai afirmar expressamente o seguinte: se não houver respeito do governante pelos direitos naturais, se ele não tiver competência para defender os direitos naturais, então ele poderá ser deposto. Esse governo deverá ser mudado. Diferentemente de Hobbes. Porque aqui para o Locke não adianta agente ter um déspota no poder, porque esse déspota, não necessariamente vai defender os direitos naturais do homem, da pessoa) e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade. Na realidade, a prudência recomenda que não se mudem os governos instituídos há muito tempo por motivos leves e passageiros (motivos vulgarmente ditos banais); e, assim sendo, toda experiência tem mostrado que os homens estão mais dispostos a sofrer, enquanto os males são suportáveis, do que a se desagravar, abolindo as formas a que se acostumaram (a tradição muito forte aí). Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objeto, indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo absoluto (aí faz menção ao absolutismo), assistem-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e instituir novos-Guardas para sua futura segurança. 
CONSTITUIÇÃO FRANCESA DE 1791
Constituição Francesa de 1791. Vimos a Declaração de Independência, agora rapidamente a Constituição de 1971, A Constituição Jacobina. Vai ser essa constituição que vai começar com a idéia de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Esse lema que está consubstanciado, alicerçados nesses direitos de primeira geração. Para vocês terem uma idéia. Então esse lema já ilustra a base da defesa desses direitos naturais. Liberdade, Igualdade e Fraternidade, como agente vai ver aqui. 
Constituição Francesa de 1791
A Assembléia Nacional, desejando estabelecer a Constituição francesa sobre a base dos princípios que ela acaba de reconhecer e declarar, abole irrevogavelmente as instituições que ferem a liberdade (olha a liberdade) e a igualdade dos direitos (olha a isonomia aí). Não há mais nobreza, nem pariato, nem distinções hereditárias (ou seja, era o fim declarado pela constituição do absolutismo defendido pelo Hobbes e criticado pelo Locke, como eu falei aqui), nem distinções de ordens, nem regime feudal, nem justiças patrimoniais, nem qualquer dos títulos, denominações e prerrogativas que deles derivavam, nem qualquer ordem de cavalaria, de corporações ou condecorações para as quais se exigiram provas de nobreza, ou que supunham distinções de nascença, nem qualquer outra superioridade senão aquela de funcionários públicos no exercício de suas funções. 
A Constituição garante igualmente como direitos naturais e civis: a liberdade para todo homem ir, permanecer e partir sem poder ser impedido ou detido, senão em conformidade às formas determinadas pela Constituição; a liberdade para todo homem de falar, escrever, imprimir e publicar (olha a liberdade de expressão aí) seus pensamentos, sem que os seus escritos possam ser submetidos a censura alguma ou inspeção antes de sua publicação, e exercer o culto religioso ao qual esteja ligado (liberdade de culto, ate hoje presente nas Constituições ocidentais); a liberdade aos cidadãos de se reunirem pacificamente e sem armas, cumprindo as exigências das leis de policia; a liberdade de enviar, às autoridades constituídas, petições assinadas individualmente.
O poder legislativo não poderá fazer nenhuma lei que possa prejudicar e obstaculizar o exercício dos direitos naturais e civis, consignados no presente título e garantidos pela Constituição. 
Percebam meus caros, que no século XVIII, que nos referimos aqui, ate mesmo século XIX, nós tivemos esses documentos históricos, mas esses documentos estão restritos ao Estado Nacional, a fronteira estabelecida. Nós não temos a idéia, que hoje esta muito forte, e isso é importantíssimo para os senhores, futuros juízes, que essa idéia de direitos humanos, essa idéia universal transcendendo as fronteiras nacionais. 
Quando que nós teremos efetivamente a universalização ou a tentativa, ou o começo da universalização dessa idéia de direitos humanos? Que ai nós chegaremos à declaração. Quando que nos teremos então essa idéia de direitos humanos transcendendo ou ultrapassando as fronteiras nacionais? O começo dessa idéia de universalização dos direitos humanos? 
O começo dessa idéia de universalização de direitos humanos começa justamente com o pós segunda guerra mundial e aqui agente tem que parar rapidamente. Por que? Porque obviamente como os senhores já devem ter ouvido falar ou estudaram, inclusive talvez até mesmo na faculdade, as duas guerras mundiais, principalmente a segunda guerra levou o mundo a uma reflexão ou a reflexões acerca do desrespeito aos direitos humanos. Mas como? 
O que aconteceu que é muito citado que vai levar a essa tentativa e realmente de universalização dos direitos humanos? Durante a segunda guerra mundial o que aconteceu? Olha o ponto lá cobrado no edital. Nós tivemos na segunda guerra mundial, até mesmo antes, ate mesmo antes da primeira guerra, a ascensão de ideologias que nada mais são que idéias, valores. Só que essas ideologias que começam surgir, são algumas delas caracterizadas por uma autora muito importante, inclusive judia, radicada nos EUA, Hannah Arendt, que escreveu As origens do totalitarismo e Eichmann in Jerusalém, outro livro dela também famoso. Então nesse livro aqui As origens do totalitarismo, Hannah Arendt vai afirmar o surgimento, a ascensão de regimes totalitários, que não devem ser confundidos como regimes autoritários. 
Agora cuidado também, porque no totalitarismo, como no regime nazista ou stalinista, do socialismo real soviético, durante a guerra fria, por exemplo, nós tivemos também o uso da legalidade para legitimar um governo totalitário, que passava por cima das leis internas, que passava por cima dos direitos naturais, que não respeitava os direitos fundamentais da pessoa, e aí eu me refiro basicamente ao nazismo. 
Gente, como Hitler ascendeu ao poder? Hitler ascendeu ao poder por meios legais. O partido nazista conseguiu a maioria no parlamento alemão por meio de votação popular, referendo popular. Por que eu afirmo isso? Para ressaltar que hoje,quando defendemos a democracia, esse estado democrático de direito que esta na nossa constituição, muito cuidado, porque ele não se restringe ao referendo, popular, universal, direto e secreto. 
Então, Hannah Arendt vai afirmar essa ascensão de ideologias totalitárias, se referindo basicamente ao fascismo, ou fascismos, porque não houve apenas um. O nazismo deve ser entendido como uma forma mais exacerbada do fascismo que pregava principalmenteo ódio racial, a diferença racial. Daí nós tivemos a perseguição aos judeus, aos ciganos. Seis milhões de judeus mortos, o famoso holocausto, ou Shoah como se afirma em hebraico. E vai justamente por meio das atrocidades cometidas pelo regime nazista, não só pelo regime nazista, porque o comunista também cometeu. Tanto é assim que Stalin quando tinha um opositor, no mínimo aquele opositor era mandado para o chamado gulags, que nada mais era que campos de concentração. Então assim como os nazistas mandaram os judeus para o campo de concentração, o socialismo real soviético, na verdade, o Stalin não fazia muito diferente não. Ele também mandava para campo de concentração, sendo caracterizando também pela Hannah Arendt como governo totalitário. 
Então, quando essas ideologias ganham força, esse nazismo, o regime stalinista, comunista, bem descrito pela Hannah Arendt, nós temos atrocidades, caracterizadas ai pelo holocausto. Inclusive o holocausto hoje é vedado por alguns, inclusive pelo presidente do Irã, Marmud Armadinejad. Enfim, mas ai já passa a ser revisionismo.
Então, essas atrocidades como o holocausto, levaram o mundo a repensar a idéia de direitos, recorrendo a universalização dos direitos humanos.
E qual é a medida tomada por esses países para essa universalização, para que as atrocidades cometidas durante a segunda guerra mundial não sejam mais vistas, presenciadas? O mundo resolve criar a Organização das Nações Unidas, em 1945, pela Conferencia de São Francisco, no finalzinho da segunda Guerra Mundial. 
Carta da ONU
Preâmbulo da Carta da ONU
Obs. Gente, como aprendemos em direito internacional público temos que tomar cuidado obviamente com carta e tratado. Mas todo preâmbulo de tratado não tem valor cogente, ele não é obrigatório, ele tem apenas função de auxiliar na interpretação de um tratado. Então quando agente quer entender do que se trata um tratado, agente recorre ao preâmbulo. Para aí sim agente entrar na parte dispositiva dos artigos, já com a base dessa introdução. 
Nós, os povos das nações unidas (inclusive o Brasil), resolvidos a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra (das duas guerras mundiais), que duas vezes em nossas vidas trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos humanos fundamentais do homem, na dignidade (aí o principio da dignidade) e no valor do ser humano, na igualdade de direitos de homens e mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições da vida dentro de uma liberdade mais ampla, e para tais fins praticar a tolerância e viver juntos em paz uns com os outros, como bom vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e garantir princípios e instituição de métodos, que a força armada não será usada, a não ser no interesse comum, a empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos, resolvemos conjugar nossos esforços para a consecução destes objetivos.
Gente, se eu perguntar para os senhores, qual é o principal objetivo da criação da ONU? Se você tivesse que resumir a carta da ONU, como resumiriam? A manutenção da paz e da segurança internacionais.
E o que a manutenção da paz e da segurança internacionais tem a ver com isso que eu estou dizendo aqui. Bom, primeiro caso agente viu que já no preâmbulo, há varias questões ligadas aos direitos humanos, que inclusive estão hoje na nossa Constituição. 
Segundo caso, a manutenção da paz e da segurança internacionais é fundamental para a estabilidade internacional. 
Então os países já sabiam que a universalização dos direitos humanos era fundamental para a manutenção da paz e da segurança internacionais, objetivo maior da Carta das Nações Unidas, para que se tivesse a paz, para que se estabelecesse a paz. 
Vocês querem ver um exemplo hoje, que ilustra o que eu estou afirmando hoje? Vamos para o continente africano. Os senhores já ouviram falar da situação de Darfur? Regiões do Sudão, já ouviram falar? Darfur são regiões no Sudão e nessa região específica nós temos uma minoria não árabe, uma minoria que pratica religiões animistas, diferente do resto do país que pratica o islamismo. E o governo central é acusado de financiar milícias para matar literalmente esse povo que não é muçulmano, que não segue as idéias do Corão. 
Mas essa questão não fica restrita as fronteiras nacionais? Esse desrespeito aos direitos humanos? Não. Porque essas questões levam a entrada forçada, a refugiar em países vizinhos. Esses refugiados em países vizinhos como na Republica Centro Americana. Então, são mais de duzentas mil pessoas mortas, mais de dois milhões de refugiados em países vizinhos que leva a formação de (01:01:57) nos países vizinhos e a regionalização desse conflito. Isso é para mostrar aos senhores que o conflito que parece ser local, pode se tornar regional e internacional. Isso é muito importante.
Mas a Carta das Nações Unidas traz meios para que os países, para que a Organização faça cumprir o respeito da dignidade da pessoa humana, o respeito a vida, o respeito as minorias. E como que a Organização das Nações Unidas faz isso? Por meio principalmente dos capítulos VI e VII da Carta da ONU. Como assim? Vou explicar para os senhores.
A Carta da ONU, quem fizer prova para a AGU, principalmente CESPE e ESAF, é um dos temas mais cobrados em prova. Na Carta da ONU, nós temos basicamente, o capitulo VI e o capitulo VII. No capitulo VI nós temos os meios pacíficos de solução de controvérsias. No capitulo VII temos meios não pacíficos de solução de controvérsias. Nós temos ainda uma ficção jurídica, chamada Capitulo VI e meio, que vou explicar para os senhores. Isso aqui é uma ficção jurídica.
Primeiramente vocês devem entender, se houver um conflito, rapidamente o tema da aula não é de Direito Internacional Publico, solução de controvérsias. Mas aqui é meios pacíficos e meios não pacíficos. Se houver desrespeito aos direitos humanos, a ONU pode e tem meios de intervir nesse país, inclusive militarmente. Cuidado porque a ONU não tem exército próprio, ela vai fazer uso do exército dos seus países membros. 
A questão do Haiti. Todo mundo já ouvir falar que o Brasil lidera uma missão militar no Haiti. A questão do Haiti que elucida bastante. A questão do Haiti, que foi nada mais nada menos que uma decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas para uma intervenção das Nações Unidas naquele país. Porque havia uma guerra civil, havia o desrespeito aos direitos humanos. Isso é para ilustrar que a ONU tem dentes para intervir em um país. 
Mas não é só com meios militares. A ONU pode, por exemplo, usar também meios não militares. Como por exemplo, um embargo econômico, comercial, por exemplo, proibição de vendas de produtos como armamentos. 
E esse capítulo VI e meio da carta, essa ficção jurídica? Ela foi proposta pelo então Secretario das Nações Unidas em 1961, Dag Hammarskjöld. 
Aí certa vez perguntaram a ele: a Carta das Nações Unidas tem meios para intervir no país, não tem? É o capitulo VII. E tem meios pacíficos de resolver controvérsias, não é verdade? É. Mas como é que o senhor legitima por meio da Carta da ONU as missões de paz? As chamadas Peacekeeping Operations, estão muito ligadas a idéia de direitos humanos também. Com qual base jurídica o senhor legitima da idéia de Peacekeeping Operations ou a idéia de missões de paz? 
Aí o Dag Hammarskjöld que era muito inteligente falou o seguinte: embora a Carta das Nações Unidas não autorizem expressamente essas missões de paz, subentende-se pela carta que existe um meio termo, que existe o chamado Capitulo VI e meio da Carta. E o que é isso Capítulo VI e meio? É a possibilidade das Nações Unidas agir como interlocutor no conflito. Ex. Darfur. Lá existe uma missão de paz da ONU com a UniãoAfricana. As tropas da ONU não estão ali com a missão de intervir diretamente no país, mas ele tem a função de tentar equilibrar forças, de manter a imparcialidade e tentar evitar que o genocídio continue.
Mas nas missões de paz, muito cuidado, diferentemente do Capitulo VII da Carta, deve haver o consenso entre as partes e autorização do governo para a presença no país. Porque não é uma intervenção direta, é uma autorização para que a ONU possa estar ali presente, para que se respeitem, por exemplo, os direitos humanos.
Rapidamente, Capitulo VII da Carta:
ACÇÃO EM CASO DE AMEAÇA À PAZ, RUPTURA DA PAZ E ACTO DE AGRESSÃO
Art. 39
O Conselho de Segurança determinará a existência de qualquer ameaça à paz, ruptura da paz ou acto de agressão e fará recomendações ou decidirá que medidas deverão ser tomadas de acordo com os Arts. 41 e 42, a fim de manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais.
É o Conselho de Segurança que deve decidir sobre as missões de paz, por exemplo, ou a intervenção sobre o Capitulo VII da Carta. O órgão das Nações Unidas que toma essa medida é o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Não por acaso, o Brasil defende a reforma do Conselho. Inclusive o Brasil quer participar como membro permanente desse Conselho de Segurança. 
Alem disso, do que eu expliquei que estava na Carta, muito importante também frisarmos que a Carta da ONU, não há referencia explicita, mas na ONU, por meio do Conselho Econômico e Social da ONU, que é um órgão, foi criado em 1946 a Comissão de Direitos Humanos da ONU. E nessa Comissão de Direitos Humanos, parte dos países da ONU se reunia justamente para debater a questão dos direitos humanos, por exemplo, desrespeito dos direitos humanos nas sociedades, nos países, enfim, o que poderia levar a uma recomendação daqui, para que o Conselho de Segurança agisse em nome da ONU para manter a paz e a segurança internacionais, que poderia ser afetada diretamente por meio do desrespeito aos direitos humanos, e eu dei o exemplo de Darfur para os senhores aqui.
Mas, somente em 1948, é que realmente é feita a Declaração Universal dos Direitos Humanos ou do Homem. 
Essa Declaração foi antecedida pela Declaração Americana, que a gente vai ver rapidamente agora, sobre os direitos e deveres do homem, que também é de 1948, mas é de abril, que foi celebrada pelos países no âmbito da Organização dos estados americanos, que nada mais é que uma organização regional, de cunho político, porque assim como a ONU, a OEA tem com principal objetivo a manutenção da paz e a segurança internacionais no âmbito regional. Cuidado. Não há conflito entre a OEA e a ONU. Muito pelo contrario. A Carta das Nações Unidas autoriza expressamente a existência de organizações regionais e políticas para a manutenção da paz e da segurança internacionais. 
Declaração Americana de Direitos Humanos
Considerando que os povos americanos dignificaram a pessoa humana (aí o principio da dignidade da pessoa humana) e que suas constituições nacionais reconhecem que as instituições jurídicas e políticas, que regem a vida em sociedade, têm como finalidade principal a proteção dos direitos essenciais do homem e a criação de circunstâncias que lhe permitam progredir espiritual e materialmente e alcançar a felicidade;
Que, em repetidas ocasiões, os Estados americanos reconheceram que os direitos essenciais do homem não derivam do fato de ele ser cidadão de determinado Estado, mas sim do fato dos direitos terem como base os atributos da pessoa humana;
Que a proteção internacional dos direitos do homem deve ser a orientação principal do direito americano em evolução;
Que a consagração americana dos direitos essenciais do homem, unida às garantias oferecidas pelo regime interno dos Estados, estabelece o sistema inicial de proteção que os Estados americanos consideram adequado às atuais circunstâncias sociais e jurídicas, não deixando de reconhecer, porém, que deverão fortalecê-lo cada vez mais no terreno internacional, à medida que essas circunstâncias se tornem mais propícias;
Artigo I - Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança de sua pessoa.
Artigo II - Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm os direitos e deveres consagrados nesta Declaração, sem distinção de raça, língua, crença ou qualquer outra.
Aí também, reiterando o que já fora dito com base nos documentos que foram feitos por meio das Revoluções Liberais, tanto americana quanto francesa e a gente vê uma ratificação desses direitos justamente por meio dessa carta americana. 
Dessa Declaração Americana nós temos claramente o começo do convencionou-se chamar de Sistema Americano ou Interamericano de Direitos Humanos. Nesse Sistema Interamericano de Direitos Humanos que hoje o Brasil faz parte, ele pode ser representado pelo chamado Pacto de São Jose da Costa Rica de 1969, que o Brasil acabou aderindo após os regimes militares. Se não me engano foi no governo Collor que o Brasil aderiu ao Pacto de São Jose da Costa Rica. E por meio desse pacto que estrutura, que embasa a defesa dos direitos humanos no continente americano, nós temos basicamente dois meios para que se faça cumprir o respeito aos direitos humanos, a dignidade da pessoa humana, os direitos fundamentais do homem.
Nesse sistema, no continente americano, nos temos uma Comissão e uma Corte Interamericana. A Comissão que todos os países membros se submetem a uma possível avaliação, inquérito, por meio dessa comissão, ela seria uma forma de se investigar o desrespeito aos direitos humanos no continente americano, respeitando os princípios que estão presentes na Declaração, no preâmbulo, no art. 1º e 2º, na Declaração Interamericana de direitos humanos. E a novidade foi criação de uma corte interamericana especifica para apreciar questões ligadas aos direitos humanos. O Brasil já foi diversas vezes acionado nessa corte e já perdeu algumas vezes.
Muito cuidado que nem todos os países da OEA se submetem a Corte Interamericana. Os EUA, por exemplo, não se submetem a Corte Interamericana. 
Isso tudo para afirmar que o sistema interamericano ele se coaduna, está diretamente relacionado ao sistema universal internacional que tem início, que está presente na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.
Antes de entrarmos especificamente nos direitos humanos, eu esqueci, mas antes de entrarmos é fundamental falarmos de duas constituições que influenciaram e influenciam até hoje os direitos sociais, os direito de segunda geração ou de segunda dimensão como prefere o professor Cansado Trindade. 
Então, na constituição mexicana de 1917 e também na constituição de Weimar, Alemã de 1919, percebam que é o período entre guerra. Pela primeira vez constituições nacionais traziam em seu bojo expressamente direitos sociais. 
Alguns vão tentar a carreira trabalhista, pela primeira vez tivemos aqui direitos trabalhistas e previdenciários pela constituição. 
 “Foi com a Constituição mexicana de 1917 que os direitos trabalhistas e previdenciários ganharam status de direitos fundamentais. O artigo 123 da constituição mexicana tratava de vários aspectos inéditos, tais como limitação da jornada de trabalho para 08 horas diárias, a proteção do trabalho de menor de 12 anos, bem como a limitação de 6 horas diárias para os menores de 16 anos, a limitação de 7 horas a jornada de trabalho noturno, o descanso semanal, o salário mínimo, a igualdade salarial, o direito de greve, e outros institutos inovadores que vieram proteger as relações de trabalho.
Já a inovadora constituição de Weimar surgiu como fruto da primeira guerra mundial 1914 a 1918 (porque nós tivemos a queda do imperador Guilherme segundo, com aquela política de expansão alemã e aí nós tivemos a república com a constituição de Weimar de 1919. mesma constituição que foi literalmente rasgada pelos nazistas quando eles ascenderam ao poder a partir de Hitler em 1933). Adquiriu com a constituição alemã de 1919 uma melhor estruturação e tal como a constituiçãomexicana os direitos trabalhistas e previdenciários ganharam status de direitos fundamentais”.
Então, como ficou claro aqui, os direitos sociais a partir dessas duas constituições, os direitos de segunda geração, eles ganham status de direitos fundamentais. 
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS
A declaração universal dos direitos humanos se divide em duas partes:
Do artigo 3º ao artigo 21, nós teremos explícitos os direitos de primeira geração, ou seja, civis e políticos; 
Do artigo 22 ao 28 nos teremos os direitos de segunda geração, ou seja, os direitos sociais, econômicos e culturais.
Mas observando esse período, principalmente nesse tentativa de universalização de direitos humanos, esse cenário internacional, que vai influenciar o cenário interno brasileiro, inclusive as constituições, nós temos qual cenário internacional aqui? Nós temos um período da guerra fria, nós temos aquele embate principalmente entre comunistas e capitalistas. Se formos atentar aqui, direitos de primeira geração e direitos de segunda geração, à época, durante a guerra fria, nós percebemos que os países capitalistas liderados pelos estados unidos, eles defendiam mais o que? Se formos, inclusive, analisarmos a constituição americana, direitos de qual geração? Direitos de primeira geração. Então os países capitalistas, com os estados unidos, esses expoentes do liberalismo político que a gente viu aqui desde a declaração de 1.776, declaração de independência, eles valorizaram, e acabaram sendo seguidos pelo Brasil, os direitos de primeira geração. Diferentemente dos países considerados comunistas como a união soviética e seus satélites, que já que não podiam, ou negavam alguns direitos de primeira geração à sua população, em contrapartida concediam direitos de segunda geração, direitos sociais, econômicos e culturais. Stalin chegou a afirmar o seguinte, não é necessário a eleição, porque em contrapartida nossa população tem outros direitos que no mundo capitalista não há, como por exemplo os direitos sociais e econômicos. 
Então vejam que a declaração influenciada pelas constituições de Weimar e mexicana de 1917, principalmente a Weimar, que vai ser rasgada pelos nazistas, ela acaba influenciando também a Declaração Universal.
Percebam que já autoriza afirmarmos a universalidade dos direitos humanos, o que não vai ser bem aceito por todos os países, porque? Porque alguns países vão afirmar o seguinte, esses direitos e essa declaração são uma visão ocidental do mundo, que não diz respeito a vários aspectos, por exemplo, do mundo mulçumano. É por isso que à época, muitos mulçumanos se negaram a assinar a declaração. 
Eu faço uma observação e repito para os senhores, não é tratado, não tem poder cogente, mas podemos afirmar que pelo costume, os países devem obedecer tal declaração, até porque essa declaração é a base de todo o arcabouço jurídico internacional que diz respeito aos direitos humanos. Tanto é assim que, a tríade que vai embasar os direitos humanos no cenário internacional será a Declaração Universal dos direitos humanos e quais outros documentos internacionais? Aí sim como tratado, porque como bem ensina o professor Rezek e o professor Acioli no direito internacional público, pacto é igual a tratado, que é igual a acordo, tecnicamente a denominação não importa. Da declaração universal de direitos humanos de 48 nós tivemos o que? Os pactos, o pacto sobre direitos civis e políticos, ou seja, de primeira geração, que é de 66, e também o pacto sobre direitos sociais, econômicos e culturais, também de 1966, que dizem respeito e já são tratados, que dizem respeito diretamente aos artigos específicos que eu falei para os senhores, do artigo 3º ao 21, direitos civis e políticos, então, no âmbito da ONU celebraram um acordo sobre esses artigos. E tivemos também outro acordo sobre os artigos 22 a 28 sobre os direitos de segunda geração. E novamente aqui, nós tivemos a rivalidade entre os dois grupos. A rivalidade entre o mundo capitalista e o mundo comunista.
ANÁLISE SOBRE ALGUNS ARTIGOS DA DECLARAÇÃO
Vamos agora analisar alguns artigos da declaração de direitos humanos. 
Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente (olha aí a dignidade humana, o principio da dignidade humana daqueles documentos, da declaração de 76, da carta magna francesa de 1791) a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis(olha aí o principio da isonomia) é o fundamento da liberdade (aí, que foi defendida direito fundamental desde Locke), da justiça e da paz no mundo, 
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos (que os países vivenciaram durante as guerras mundiais) resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra (olha aí a liverdade de expressão ), de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,     
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão (percebam que justamente o que Locke afirmou: se não forem respeitados os direitos humanos, os indivíduos, que por meio do contrato social colocaram aquele governante no poder, eles podem derrubar esse governo e colocar outro no poder, justamente para que aquele outro faça cumprir para que defenda os direitos naturais, os direitos fundamentais da pessoa humana),     
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,    
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,    
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,    
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,
A Assembléia  Geral proclama  
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.    
Artigo I 
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão  e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
Aqui nós podemos inclusive, a declaração nos remete muito ao artigo 5º da CF, aos direitos fundamentais, que todos conhecem, mas vamos fazer uma relação aqui.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei (principio da igualdade que está aí na declaração universal), sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade (olha aí os direitos fundamentais aí, que já começaram desde aquela época, século XVIII e vão ser estabelecidos pela declaração, a qual vai influenciar sobremaneira o estado democrático de direito, que está consubstanciado também no repeito aos direitos fundamentais, artigo 5º da CF, como bem ensina o artigo 5º que vai falar dos direitos civis, dos direitos fundamentais, que muitos consideram como direitos naturais, outros já positivos) do direito à vida,à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
 Que é a base de que meus caros, como está na declaração? Que é a base da sociedade capitalista atual, a base da democracia liberal, da mesma democracia liberal que os americanos quiseram espalhar pelo mundo no governo do George Bush com a política de tentativa de expansão da democracia liberal, para o que? Para o que eles consideravam os regimes tiranos, despóticos, que o próprio Locke falava mal deles, como a gente viu aqui, desses governos despóticos, para justamente implementar o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, baseado no principio da dignidade da pessoa humana.)
Artigo II 
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração (Quando eu dei o exemplo para os senhores do regime nazista na Alemanha, todas as pessoas naquela sociedade ali, elas eram iguais, sem distinção? Não. E a declaração vai resgatar o que? Vai tentar que isso volte a acontecer, assim como a constituição brasileira. Porque? Se eu dei o exemplo que os judeus e os ciganos eram (19:07), porque naquela sociedade eles eram discriminados, eles estava fora da proteção desse leviatã que Hobbes chamou, desse governo, que justamente deveria defender esses direitos fundamentais. Mesmo sendo alemão, mesmo sendo cidadão, não tinham direitos, se não tinham direitos, eles foram literalmente mandados para os campos de concentração e mortos.), sem distinção de qualquer espécie, seja de raça (Olha aí a raça, que hoje é muito debatido na antropologia, os juízes tem que ficar atentos com isso, a não existência de raças, a existência sim de grupos étnicos, de grupos culturais, não é mais aceito nem mesmo na biologia a idéia de raças humanas, mas sim de etnias, com diferenças culturais, diferenças de costumes), cor, sexo, língua,  religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
Art. 3º
Artigo III 
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Olha aí, está no caput do artigo 5º da CF de 1988. Olha aí direitos fundamentais.
Artigo IV 
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.    
 Aqui a gente tem que parar um segundo e explicitar que, principalmente quem for da área trabalhista, que a própria organização internacional do trabalho, a OIT que foi criada em 1919, ainda sob a influencia da liga das nações que foi, nada mais nada menos que antecessora da ONU, mas a organização aqui, era uma organização internacional, por meio da própria convenção n. 29, que data de 1930, ela já proibia a escravidão, já proibia os meios de trabalhos escravos, o que vai ser seguida pela organização das nações unidas, da convenção contra escravidão. Há uma organização no âmbito das nações unidas, convenção contra a escravidão, que vai proibir no âmbito internacional, e o Brasil é signatário dessa convenção, que vai seguir o recomendado pela declaração universal dos direitos humanos. 
Então vocês percebam que a convenção contra a escravidão da ONU, ela vai retomar um ponto num artigo especifico da declaração. Isso vai acontecer com diversas outras convenções no âmbito da oraganização das nações unidas. Vocês querem ver outro exemplo que também é um artigo específico da declaração é a convenção contra a tortura, que também é proibida pela declaração e também pela constituição brasileira. Quando que o Brasil adere essa convenção contra a tortura da década de 60? Não poderia ter sido durante o regime militar. O Brasil só vai aderir a essa convenção para mostrar boa vontade com os direitos humanos, somente no governo Sarney. E claro que vai influenciar também a feitura do artigo 5º da CF 88. 
Artigo V 
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Artigo VI 
TODA PESSOA TEM O DIREITO DE SER, EM TODOS OS LUGARES, RECONHECIDA COMO PESSOA PERANTE A LEI.  
Gente, de novo 2º guerra mundial, mas não só a segunda guerra mundial, os ciganos e judeus na Alemanha nazista, eles estavam submetidos á legalidade, eles tinham o direito de ser? Não, não tinham. É apenas um exemplo, podemos dar outros exemplos históricos que vão influenciar a feitura, a celebração da declaração que vão influenciar a feitura da declaração. 
Artigo  VII 
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. 
Artigo VIII 
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem  os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.    
No caso brasileiro para liberdade de locomoção nos temos remédios constitucionais que estão incluídos na nossa constituição, que se coaduna diretamente à declaração.
Artigo IX 
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.    
A constituição brasileira proíbe, por exemplo, o banimento. Mas o que significa o exílio, que já ocorreu no Brasil, principalmente durante o período imperial? É você banir aquela pessoa para outro país. Era muito comum a pessoa no Brasil que cometeu crime, ser enviado para a África, por exemplo, era mandada para lá para ficar a vida inteira longe do Brasil.
Artigo XIV 
1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.    
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas. (é por isso que a gente tem extradição).
Temos nesse artigo o asilo e o refúgio. Temos aí a questão de Honduras que está nos jornais. 
Diferenciar asilo de refúgio. 
A situação que temos hoje com zelaia, Honduras, se o Brasil concedesse algo para Honduras, seria refugio ou asilo? O Brasil concederia pra ele o status de refugiado ou asilado político? Asilado político.
 
Quanto a essa questão da chamada intervenção humanitária, um país pode invadir o outro por questões humanitárias? Um grupo de países pode invadir o outro por questões humanitárias? Depende, a OTAN, por exemplo, que é organização do tratado do atlântico norte, ela já invadiu um país especifico em nome da defesa dos direitos humanos, alegando uma intervenção humanitária contra um genocídio a um grupo especifico, quando os sérvios cometeram genocídios contra os bósnios. E a OTAN afirmou o que, intervindo na ex Iugoslávia? Questões humanitárias. Mas onde está escrito essa permissão, qual a base legal para que a Iugoslávia interviesse na ex Iugoslávia em nome de questões humanitárias? A OTAN interveio na antiga Iugoslávia, em nome dos direitos humanos, em nome do dignidade da pessoa humana, para evitar um maior genocídio, genocídio que fora cometido em outras épocas. Mas isso é bem aceito? Não, não é bem aceito. E vamos ver na constituição brasileira, algo que pode ser afetado por isso. 
Art. 4º, IV da CF de 88 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
Percebam no inciso IV a não intervenção, ou seja, um dos princípios geralmente escrito nas constituições democráticas como o Brasil, é o principio da não intervenção,o principio que está inclusive na carta da ONU, e eu falei do capítulo 6º e 7º. E o que é não intervenção? É a não ingerência em assuntos dos estados. Por quê? Porque alguns alegam o seguinte, se há uma guerra civil deve-se respeitar o principio da não intervenção, da não ingerência. Mas por outro lado, o outro grupo, como os europeus aqui na OTAN, quando intervieram na Iugoslávia no caso sérvio, eles disseram que não é bem assim, por quê? Por que esse conflito, nós não podemos, o estado democrático de direito, membro da união européia (para ser membro da união européia você tem que respeitar os direitos humanos, faz parte do processo de adesão, tanto é assim que a Turquia não entrou até hoje para a união européia porque alguns governantes dizem que não respeitam os direitos humanos), a União européia, que é maioria na OTAN, entendeu que esse principio da não intervenção, ele não pode se sobrepor ao principio da dignidade da pessoa humana, ao respeito aos direitos humanos, entenderam não poder assistir a um novo genocídio, como por exemplo no caso do genocídio contra judeu cigano durante a segunda guerra mundial. Mas percebam então que o inciso II do artigo 4º da CF, prevalência dos direitos humanos, que se coaduna diretamente com a declaração universal, ele algumas vezes ele pode ir de encontra ao inciso IV, que é o da não intervenção, que eu dei o exemplo da questão da intervenção humanitária. 
O Brasil tende a não participar de intervenções humanitárias, porque o Brasil diz que são questões internas dos países e o governo brasileiro prefere não se intrometer em questões internas, respeitando o principio constitucional. O problema é o seguinte, ao mesmo tempo em que o Brasil afirma isso, que é questão interna, volta e meia o Brasil se intromete em questões internas de outros países em outros assuntos, o que torna o discurso em relação aos direitos humanos, a política em relação a direitos humanos contraditória no caso brasileiro, mas não escreva isso em prova não. 
O que ilustra o que eu afirmei, aí sim é uma argumentação interessante, é a participação do Brasil no órgão das nações unidas, que cuida exatamente do assunto que tratamos aqui, direitos humanos. Que órgão é esse? É o conselho de direitos humanos da ONU, criado em 2006, substituindo a comissão. 
Mas Diego, negócio complicado, porque o conselho tem países como china, como líbia, eles não respeitam os direitos humanos. Esse conselho que é responsável por avalizar e até mesmo condenar moralmente falando, ele é composto por alguns países como líbia e china, que não exatamente são paladinos dos direitos humanos. E o Brasil, estranhamente, embora tenha prevalência dos direitos humanos no artigo 4º da CF, o Brasil tende a se abster quando a votação é contra esses países, o que é muito contraditório. Esses países aqui como Líbia e china eles levam a questões diretamente relacionadas a declaração universal dos direitos humanos, inclusive há um artigo muito interessante da professora Flavia Piovesan, publicado na revista política externa, que ela sobre a declaração universal de direitos humanos, em alguma edição de 2008. 
A professora Piovesan vai afirmar que há algumas questões que dizem respeito diretamente a essas controvérsias nos direitos humanos. Então atualmente há DESAFIOS NO ÂMBITO DOS DIREITOS HUMANOS, sobretudo que ela vai afirmar acerca da declaração universal dos direitos humanos. 
E que desafios são esses? 
Primeiro, é o RELATIVISMO CULTURAL x UNIVERSALISMO. Como eu afirmei, a declaração da ONU e a própria declaração universal dos direitos humanos elas tendem a tornar os direitos humanos universais, mas há países como a líbia e a china por exemplo, que acabam ressaltando o relativismo cultural nesses países, ou seja, você não pode impor regra universais sobre direitos humanos a países que tem culturas diferentes, porque isso seria uma imposição. Mas segundo a declaração de Viena sobre direitos humanos, que é de 1993, apenas uma declaração, o Brasil foi um dos mentores dessa declaração final. Os países acordaram que esse relativismo cultural deveria se submeter a universalismo dos direitos humanos e a indivisibilidade e a interdependência dos direitos humanos. Então, a declaração, contrariando essa idéia defendida pela china, por exemplo, de relativismo cultural, ela defende essas três características dos direitos humanos, porque senão os países não respeitam os direitos humanos alegando a cultura nacional. Então, por isso, os países mentores dessa declaração, inclusive o Brasil, ele acabou também por defender o UNIVERSALISMO, A INDIVISIBILIDADE E A INTERDEPENDÊNCIA, que são características que estão também na própria declaração de direitos humanos da ONU. Então, os artigos da declaração universal de direitos humanos hoje, divididos em direitos de primeira geração e de segunda geração, eles hoje, principalmente com base em documentos como a declaração de Viena sobre direitos humanos, embora não seja tratado é seguida pelo costume, eles são universais, indivisíveis e interdependentes, diminuindo significativamente com aquela divisão que havia durante a guerra fria entre os comunistas, que defendem os direitos de segunda geração, e os direitos de primeira geração, os civis e os direitos políticos. Então hoje vocês podem afirmar com certeza numa questão, essas características relacionadas aos artigos da declaração universal dos direitos humanos. 
Mas ainda hoje há países que defendem o relativismo cultural. A china, por exemplo, não abre mão do relativismo cultural. A china mata e ainda manda a bala para a família pagar.
Um colega afirma que a legislação e tratados sobre direitos humanos devem ser refeitos porque senão parece uma imposição de uma das partes dessa visão ocidental sobre aqueles países que não seguem aqueles preceitos ligados aos direitos humanos. Segundo o professor, é verdade, esses países afirmam isso, que isso seria uma oposição do mundo ocidental sobre esse mundo que foi considerado durante muito tempo não civilizado. É um argumento que se tem, mas o professor não concorda que devemos reescrever todos os tratados internacionais ou documentos legais sobre direitos humanos, porque se formos adotar o relativismo cultural como querem a china, líbia e outros países, inclusive no conselho de direitos humanos da ONU, a gente pode cair naquela velha retórica de que assunto interna é questão só de estado e, por isso, eu posso fazer o que quiser. Tanto é assim que o Iraque, por exemplo, vou da um fato histórico aqui, em 80 a 89 Saddam Hussein mandou matar 10.000 .(55:46).. no Iraque alegando que eles não eram cidadãos do Iraque, que eles atrapalhavam, essa questão do relativismo é realmente muito complicada, mas pode levar a genocídios, a crimes contra a humanidade. 
Segundo desafio segundo a professora Flavia Piovesan nesse artigo é LAICIDADE ESTATAL X O FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO. Quando a França proibiu o uso da burca nas escolas públicas francesas, isso é um respeito à laicidade estatal que está na constituição francesa mas também está na constituição brasileira, ou não, isso é um desrespeito , a individualidade daquela pessoa? A livre escolha da religião, dos preceitos religiosos, é uma questão polêmica. A frança, por exemplo, está querendo até voltar atrás agora, mas proibiu o uso da burca nas escolas públicas, alegando que a religião não pode se sobrepor a laicidade do estado, se aquela escola é pública, é bancada pelo estado, você não pode ter esses preconceitos se sobrepondo a essa laicidade do estado laico, porque isso descaracterizaria o estado laico e descaracterizando o estado laico nós voltaríamos à idade média, quando política se misturava a religião. Ué, 1824, constituição brasileira, nós tínhamos uma religião oficial, olha a política misturada com a religião. Nós tínhamos a liberdade de culto de outras religiões, mas nós tínhamos também a religião católica como religião oficial, olha í a mistura entre política e religião, o que acaba se contrapondo á democracia liberal, porque ademocracia liberal ela é baseada também na laicidade estatal. Quando a gente vai para países como a Nigéria na África, que adotam a shaiá (não sei se a escrita é assim, provavelmente não é) que são leis baseadas no alcorão, como que as mulheres adúlteras são apedrejadas, isso leva à caracterização de um estado que não representa uma democracia liberal, que é caracterizado pelo liberalismo político, pelo estado democrático de direito. Então hoje nos temos esse problema, porque há muitos países até os dias de hoje que adotam a religião e misturam religião e política, adotando essas leis religiosas. Diferentemente de uma democracia liberal como é o Brasil. 
O terceiro ponto é o RESPEITO À DIVERSIDADE X INTOLERÂNCIA. A intolerância está presente pelo que vimos aqui ainda nas sociedades modernas? Sim. Quem pode dá um exemplo de uma intolerância que leva ao desrespeito aos direitos humanos? Quando o Iraque à época de Saddam Hussein (e isso foi usado pelos estados unidos como um dos motivos para a invasão do Iraque) eles perseguiam e matavam curdos, isso não é uma forma de intolerância? Sim, porque aquele regime ditatória de Saddam Hussein não respeitava a diversidade, porque o Iraque é dividido entre os xiitas, sunitas e curdos. Se há perseguição contra curdos, mas também contra xiitas, prevalecendo os sunitas, todos eles da religião mulçumana, há intolerância. Outro caso interessante que levou inclusive à criação de um tribunal internacional foi o caso de Ruanda. Porque o caso de Ruanda? Aqui nós tivemos os tutsis x os utus. Os Utus perseguindo, massacrando os tutsis, isso é uma forma de intolerância, inclusive tem um filme interessante sobre isso, hotel Ruanda. Essa perseguição leva à criação de um tribunal ad hoc, um tribunal temporário, no âmbito das nações unidas, um tribunal ad hoc para Ruanda, no âmbito da ONU, que foi criado pelo conselho de segurança, e alguns vão afirma, inclusive, que é um tribunal de exceção. Se é um tribunal de exceção, por exemplo, o Brasil não deve obedecer. Mas por outro lado, pelo artigo 25 da carta da ONU, o Brasil tem que obedecer a decisão do conselho de segurança. Se o Brasil tem que obedecer as decisões do conselho de segurança, o Brasil deve se submeter ao tribunal ad hoc. 
Se um tribunal ad hoc pedisse a entrega de um brasileiro, como ficaria? Porque basicamente temos a diferenciação entre extradição e entrega. Extradição é a entrega do individuo de estado para estado, já a entrega é a entrega do individuo para uma corte internacional. A constituição diz que é proibido a extradição de brasileiros natos. Se está escrito que é proibida a extradição de brasileiros natos, o Brasil poderia entregar um brasileiro nato para uma corte que foi criada pelo conselho de segurança da carta da ONU ou para o tribunal penal internacional que julga indivíduos? Alguns constitucionalistas dizem que não porque entrega seria a mesma coisa que extradição, mas outros, mas adeptos da doutrina mais internacionalista, vão afirmar que a constituição não fala de entrega, a constituição fala de extradição; se a CF não fala de entrega e, inclusive, está no artigo 5º, § 4º, que o Brasil se submete a um tribunal penal internacional, então o Brasil deveria entregar esse nacional para a corte internacional. Mas não há caso concreto sobre isso. 
Outra questão que é muito importante, que depois do 11 de setembro ganhou muita força, é a questão do terrorismo, COMBATE AO TERRORISMO x PRESERVAÇÃO DE LIBERDADES FUNDAMENTAIS. 
A política do bush que começa em 11 de setembro, que vai afetar, inclusive, o Brasil, que por solidariedade aos estados unidos, o Brasil repudia o terrorismo. Esse combate ao terrorismo ele afeta a preservação de liberdades fundamentais que estão na própria declaração universal de direitos humanos e na legislação superveniente? Sim. 
Como que os direitos que estão lá escritos na declaração universal dos direitos humanos de 1948, acabam de ser afetados pelo combate ao terrorismo? Se nós temos, por exemplo, prisões arbitrárias, se nós temos Guantánamo, que está fora da legislação norte americana e do território cubano, se nós temos os assassinatos levados a diante por mercenários contratados inclusive pelo governo norte americano, isso leva a desrespeitos a direitos fundamentais, direitos considerados por muitos, naturais, inclusive Locke, como por exemplo, o direito a vida. Mas devemos ressaltar que ainda na sociedade internacional não há uma definição exata do que seja terrorismo. Esse combate ao terrorismo, essa política norte americana acaba por afetar liberdades fundamentais. 
A ONU ainda não tem uma definição do que seja terrorismo. Se a ONU não tem uma definição do que seja terrorismo, isso dificulta a celebração de um tratado contra o terrorismo. Tanto é assim, que o Brasil reconhece grupos terroristas, tanto internamente quanto externamente? O Brasil só reconhece um grupo terrorista. Não é o PCC nem o comando vermelho. Aliás a observação da colega é muito pertinente porque o nosso ministro das relações exteriores falou outro dia que a questão das bases norte americanas na Colômbia era mais grave do que a questão do trafico de drogas internamente. Mas o único grupo terrorista reconhecido pelo Brasil é a alcaida, porque a alcaida a ONU reconhece, embora não tenha uma definição exata, apenas por ato de solidariedade das organização das nações unidas e seus membros para com os estados unidos á época do atentado do 11 de setembro. Então o único grupo terrorista que o Brasil reconhece é a alcaida. Não reconhece nem PCC, nem comando vermelho, nada disso. 
Por ultimo nessa parte nós temos a questão do UNILATERALISMO x MULTICULTURALISMO. De que forma a gente pode entender esse multiculturalismo e esse universalismo? Unilateralismo seria as ações, como a guerra contra o terror passando por cima de organizações como as nações unidas, atuando unilateralmente, invadindo, por exemplo, países como foi o caso da invasão dos estados unidos ao Iraque. Mas nós também temos o multiculturalismo, é aí que a gente entra numa área especifica jurídica no âmbito internacional, que o Brasil também participa, que é a questão do Judiciário Internacional, ou seja, são os Tribunais Internacionais. Cada vez mais países como o Brasil e outras democracias liberais, até mesmo de democracias não liberais recorrem a esses tribunais internacionais para resolver questões, litígios, contenciosos, divergências, inclusive em relação aos direitos humanos, e hoje nós temos uma novidade, uma corte internacional que cuida especificamente de indivíduos. É o exemplo do tribunal penal internacional. 
No tribunal penal internacional nós temos 4 tipos de crimes, três deles tipificados no tribunal penal internacional, nós temos os crimes de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes contra a paz e atos de agressão. Esses atos de agressão ainda não foi tipificado. Visam, no caso do tribunal penal internacional, a cuidar geralmente de questões ligados aos direitos humanos, que como dei os exemplos históricos aqui, estão volta e meia presentes em conflitos, em questões internas, de desrespeito aos direitos humanos, de desrespeito às liberdades fundamentais, principalmente aquelas inscritas na declaração universal dos direitos humanos de 1948.
Grosso modo a gente falou especificamente as principais questões de direitos humanos. só lembrar que nunca deixem de levar em consideração a legislação interna, principalmente o artigo 5º da constituição e fazer uma associação com o sistema global, que está aí consubstanciado nas convenções das nações unidas e também no sistema regional, no sistema interamericano. É fundamental essa analise para o bom entendimento dos direitos humanos. 
Vamos agora trabalhar mais especificamente com a política e direito, numa visão mais da ciência política, com a ideologia também.
POLÍTICA E DIREITO
A política se resume a um conceito apenas? Não, não se resume a um conceito. Pra gente aqui, para os senhores que serão futuros juízes, qual é a política que interessa?A gente pode falar política da empresa, a gente pode falar política de uma organização não governamental, enfim, varias idéias políticas. Mas a política que a gente vai invocar aqui, que a ciência política toca e que é objeto do nosso estudo, é a política ligada ao Estado. 
Por que? Porque a política, na verdade, estuda as divisões e as funções estatais. É impossível hoje falarmos de política se não falarmos de instrumentos de poder. O exercício do poder pelo Estado. Que segundo um autor que eu já citei hoje tem uma frase que já virou lugar comum, mas é de bom tom e os senhores podem usar numa prova, o Max Weber, que ele vai afirmar o seguinte: quem tem o monopólio legitimo da força? Max Weber vai dizer que quem tem o monopólio legitimo da força é o Estado. 
Agora, como ou quais são os instrumentos que o Estado usa para exercer esse poder, para exercer esse monopólio? Pelo menos num Estado democrático no qual nós vivemos. É possível a gente falar num Estado sem direito? Sem normas? É possível falar isso? Claro que a gente sabe que o direito não existe apenas no Estado, mas a gente não pode falar de Estado sem direito. Então, os instrumentos de poder usados pela política estatal, que tem o monopólio legítimo da força, segundo Max Weber, é justamente o direito. Não há segredo, os senhores verão. É o direito.
E esse direito, interessante notarmos, que muitas vezes é confundido apenas com lei, não é verdade? Se agente for observar, por exemplo, o direito norte americano, a common law britânica, agente vai ver como sinônimos, que freqüentemente, quem já leu livros ingleses vai ver que o sinônimo de direito é a lei, a law, que é freqüentemente confundida apenas com a lei. Mas que não se resume a lei apenas esse direito.
E para entendermos o desenvolvimento dessa política e o uso desse direito como instrumento de poder, ressaltando o que eu já afirmei, nós temos que estudar alguns teóricos, além apenas de Hobbes, que eu já falei aqui rapidamente, e Locke.
Qual teórico que agente pode afirmar que influencia diretamente essa política? Ou teóricos? Agente não vai falar apenas de um, agente vai falar de alguns, que podem ser usados inclusive em argumentação em prova, que o interesse dos senhores é passar em prova, ninguém quer ser mestre ou doutor por enquanto. Mas agente tem que usar o arcabouço teórico de alguns autores, justamente para embasar uma possível resposta e a nossa argumentação.
Primeiro, a gente pode citar Nicolau Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu e também podemos falar aqui também do famoso e muito citado, Marx. 
Então, agente pode começar, inclusive, ante de Maquiavel, naquele que é considerado o pai da política, o grande influenciador desses autores, que é justamente Aristóteles, na obra Política. 
Aristóteles ao comentar a política ele vai ter o seguinte insight primeiramente: para que serve a política, ou seja, atividade estatal? A política aqui pra gente sempre relacionada com o Estado. Para que serve?
Primeiro ponto que vocês tem que entender: para o bem comum. A política serve para o Estado para alcançar o bem comum. 
Agora, toda a política é igual, implementada em Estados diferentes? Pensando hoje, as políticas são iguais? Pensando historicamente, as políticas são iguais? Serve para o direito também. O direito é a política, o direito como instrumento da política. É igual? Durante a historia é igualzinho ou houve uma evolução. Então é outra sacada de Aristóteles para influenciar a teoria também e ate hoje, tanto a política como o direito como instrumento da política, eles vão variar segundo o tempo e o local. 
Segundo o Aristóteles, que viveu na Cidade-Estado Grega, nós tivemos a defesa aqui, sempre fazendo uma ligação com os direitos humanos também, da família como núcleo do Estado e também da propriedade. 
Agora, nessa época aqui era comum, fazia parte do meio social, o trabalho livre, assalariado? Tinha trabalho livre, mas nos tínhamos também o escravo. Aquela mesma escravidão condenada com a Declaração Universal dos Direitos do Homem ou Humanos aqui era legitimada socialmente. Então nessa família nós não tínhamos apenas o pai, que é o pater familiae, os filhos, as filhas e a esposa. Nós tínhamos um outro elemento nessa família. Os escravos. E os escravos também eram propriedade desse chefe, dessa família. Ou seja, a propriedade aqui para Aristóteles passa a ser tantos os escravos, que são vistos como bens quanto bens inanimados.
Aristóteles vai diferenciar a moral da ética. O que vai acabar influenciando na política do Estado. A moral para Aristóteles nada mais é que a política de Estado, a política da coletividade, essa é a moral, essa política de Estado deveria estar incluída numa moral, inclusive a defesa da propriedade. Já a ética, não se confundiria com a moral. A ética estaria ligada ao núcleo familiar, ao núcleo privado. Que vai ser algo que vai influenciar a corrente posterior, mas vai ser um tanto discutido por um autor posterior. Que autor é esse? Maquiavel.
Porque Maquiavel não vai afirmar isso? Maquiavel vai afirmar, pergunta para o senhores, que há uma moral ou uma ética relacionada a política? Não. Maquiavel como um autor realista vai afirmar que nem a moral nem a ética devem ser confundidas com a política. A política de Estado é autônoma. Não se confunde com moral, com política, com religião, com nada. É autônoma. 
No famoso O Príncipe, que houve uma carta direcionada ao príncipe, tivemos os discursos que são outras obras de Maquiavel, o autor vai afirmar que o importante não é submeter a política a uma ética ou uma moral. Muito pelo contrario. O importante é justamente a manutenção do poder pelo príncipe. Tanto é que tem aquela frase que já virou senso comum, “os fins justificam os meios”. Se o príncipe tivesse que matar para se estabelecer, para permanecer no poder, ele faria. 
Ou seja, a política, para Maquiavel, grosso modo, é a ascensão e manutenção do poder do príncipe. Que, claro, vai ter uma influencia no direito. O que que ele faz com o direito? Resumidamente. Quem faz o direito? No nosso caso é o Estado. Então a política claramente vai influenciar o direito como instrumento de poder. Mas é claro que quando eu expliquei para os senhores e agente falou, aqui, com esses dois autores que eu já falei para os senhores, nos temos a idéia de que esse poder, pelo menos aqui para o segundo, do príncipe não é ilimitado. Deve haver uma limitação desse poder. Tanto é que esses dois autores vão defender a idéia, que eu já citei para os senhores, de contrato social. Sendo que esse daqui, como já falei para os senhores e eu já falei detidamente, detalhadamente em direitos humanos, ele vai defender a idéia de direitos naturais, inclusive com a possível deposição desse governante, o que Hobbes chamou de Leviatã, caso esse Leviatã não cumpra ou não defenda esses direitos naturais do homem. Que nada mais são, a defesa desses direitos naturais, isso é importante, e agente já começa a tocar em ideologia, nada mais são que uma ideologia. Porque toda política, e eu faço uma relação muito importante para os senhores, toda política ela tem uma carga axiológica ou valorativa, que vai acabar influenciado na feitura da lei, no direito. Por que? O direito é imutável? Não, o direito varia, conforme o local, o tempo, as características. Se a política tem uma carga axiológica, valorativa, que influencia no direito, nós podemos falar que o direito também está imbuído de ideologia. 
E o que é ideologia? Nada mais é, pra gente aqui, do que, claro que há outras características, há outras definições, nas ciências políticas, nas ciências sociais é impossível agente dar uma definição exata, porque agente trabalha com definições para facilitar o entendimento, são idéias, pensamentos. Idéia, pensamento de um local e de um determinado tempo, que segundo um autor muito famoso, o Marx, numa obra célebre do autor A Ideologia Alemã, ideologia se resume a dominação por meio do convencimento. Como assim?
A dominação por meio do convencimento porque

Continue navegando