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Aula 19 Remédios Constitucionais II

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Remédios Constitucionais II
DIREITO CONSTITUCIONAL
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Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS II 
HABEAS CORPUS E A VEDAÇÃO À DILAÇÃO PROBATÓRIA 
O MS é direito líquido e certo não amparado por HC ou HD, ou seja, o direito 
de locomoção também é líquido e certo para estes.
Direito líquido e certo é aquele que não exige dilação probatória, mas prova 
pré-constituída meramente documental.
Existem ações de cognição ampla e de cognição restrita. Pode-se fazer uso 
de várias provas de cognição ampla, como prova testemunhal, pericial e outras, 
no caso de roubo, por exemplo.
Ao se fazer uso do HC, do MS ou do HD, pode haver somente prova docu-
mental, ou seja, quando for necessária a dilação probatória, não se pode usar 
um remédio.
• HC pode ser usado para pleitear a absolvição do acusado? 
 – (Im)possibilidade de discussão probatória
Se for necessária a dilação probatória, o habeas corpus não pode ser usado 
para pleitear a absolvição do acusado. No entanto, se esta não for necessária, 
pode-se utilizá-lo.
 Por exemplo: um sujeito é condenado por roubo na primeira instância e entra 
com um recurso de apelação. O Tribunal de Justiça, porém, mantém a condena-
ção na segunda instância. Diante disso, o condenado entra com um HC no STJ, 
pedindo a absolvição por insuficiência das provas, alegando fragilidade. Todavia, 
alegar a fragilidade das provas significa que, para julgar o HC, será necessária 
a análise das provas, e o habeas corpus só analisa prova pré-constituída docu-
mental, ou seja, não pode reabrir a discussão das provas. Assim, para se pedir a 
absolvição por insuficiência de provas, o HC não seria cabível.
 – A atipicidade formal e material da conduta
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Em caso de conduta atípica, pode-se requerer a absolvição e o trancamento 
do inquérito e da ação penal, embora sejam hipóteses excepcionais, pois não há 
necessidade da dilação probatória.
Não cabe HC para... 
 – questionar a perda de patente militar;
A perda de patente não tem relação com a locomoção do indivíduo e, por-
tanto, não cabe HC para esse caso.
 – questionar a pena de multa, quando ela for a única aplicada ou aplicável;
Em caso de substituição de pena privativa de liberdade por multa, se o indi-
víduo não realizar o pagamento desta, ele retornará à privativa de liberdade, 
cabendo habeas corpus nesse caso. Contudo, se a multa foi a única aplicada, 
ela será dívida de valor, não cabendo HC, uma vez que não há punição para 
esse caso no âmbito penal.
 – discutir a pena acessória de perda da função pública;
A depender dos crimes praticados e da pena recebida, há penas acessórias, 
no Código Penal, decorrentes da condenação. Assim sendo, se um sujeito é 
condenado por corrupção, ele recebe pena de cinco anos de reclusão e perda 
do cargo. Nesse caso, pode-se questionar a condenação de cinco anos de reclu-
são, pois ela se relaciona com o direito de locomoção. No entanto, não se pode 
questionar a pena acessória de perda da função pública via HC, porquanto ela 
não tem relação com o direito de se locomover.
 – pleitear a restituição de coisas apreendidas, inclusive passaporte;
O passaporte não corresponde ao direito de ir e vir, mas de ingressar em ter-
ritório estrangeiro.
Para restituição de coisas apreendidas, como carros, computadores e docu-
mentos, não seria cabível o habeas corpus, pois o direito de locomoção (ir, vir e 
permanecer) não está em questão nesse caso.
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 – o Plenário do STF, contra decisão de Turma do Tribunal;
Se uma negativa for dada por uma turma do Tribunal, não se pode atacar a 
decisão dela no Plenário. No entanto, essa Súmula do Supremo às vezes não é 
aplicada, por uma razão simples: há hipóteses em que o constrangimento nasce 
no próprio Supremo Tribunal Federal. 
Houve caso, por exemplo, em que esse tribunal prendeu um Senador da 
República, por meio de suas turmas. Esse Senador poderia entrar com um HC, 
que seria dirigido para o Plenário, uma vez que o ato coator não chegou ao 
Supremo, mas nasceu nele. Assim, a ilegalidade, sustentada pela defesa, surgiu 
no Tribunal, cabendo o STF julgar HC contra atos de seus Ministros ou de seus 
órgãos fracionários, no caso, a Turma.
 – como substitutivo de Recurso Ordinário;
Não cabe HC como substitutivo de Recurso Ordinário. É necessário entrar 
com Recurso Ordinário se a decisão negar o habeas corpus.
 – contra decisão que indefere pedido de liminar (as hipóteses de relativização 
da Súmula 691/STF;
Não há, no Código de Processos nem na Constituição, a figura da liminar em 
HC. 
No entanto, essa liminar é aceita, a partir de uma construção da jurisprudên-
cia e da doutrina.
Em regra, não deve caber HC contra decisão que indefere o pedido de limi-
nar, mas pode-se relativizar, em caso de ilegalidade manifesta e decisão terato-
lógica, conforme a jurisprudência do STF.
 – contra pena já extinta.
Se não há mais prisão, não há mais restrição à liberdade de locomoção, 
sendo desnecessário um habeas corpus.
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HC e PUNIÇÕES DISCIPLINARES MILITARES
Segundo o artigo 142 da Constituição Federal, não cabe HC para discutir 
punição disciplinar militar. Entretanto, a jurisprudência desdobra essa informa-
ção.
• Para discutir o mérito da punição, não caberá HC
• Para verificar os pressupostos de legalidade da prisão, caberá HC
Exemplo: De acordo com o regulamento da PM, a prisão disciplinar só pode 
ser imposta por um oficial da Polícia Militar. Portanto, um Sargento, que é um 
praça, não tem legitimidade para decretá-la. Caso ele a decrete, caberá HC para 
verificar os pressupostos de legalidade da prisão. No entanto, para se discutir se 
a prisão é justa ou injusta, não caberá HC, porquanto se refere à discussão do 
mérito.
��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a 
aula preparada e ministrada pelo professor Aragonê Nunes.

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