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A acessibilidade nos sites do Poder Executivo estadual à luz dos direitos fundamentais das pessoas com deficiência

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Fichamento de Estudo de Caso
Simone Botelho de Oliveira
Trabalho da Disciplina Governo Eletrônico,
 Tutor: Prof. Rogério Cirilo
Santos 
2018
FICHAMENTO
TÍTULO: Governo Eletrônico
CASO: A acessibilidade nos sites do Poder Executivo estadual à luz dos direitos fundamentais das pessoas com deficiência
REFERÊNCIA: SILVA, Rosane Leal da; RUE, Letícia Almeida de la. A acessibilidade nos sites do Poder Executivo estadual à luz dos direitos fundamentais das pessoas com deficiência. Rev. Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 49, n.2, p. 315-336, mar./abr. 2015.
TEXTO: Rosane Leal da Silva e Letícia Almeida de la Rue (2015) contextualizam o tema indicando o fato de que a partir do desenvolvimento de tecnologias, o governo buscou fortalecer a cidadania e o acesso às informações por meio de construção de páginas da web para dar publicidade aos seus trabalhos, projetos e planejamentos, além de oferecer serviços por meio das plataformas on line. Dessa maneira, se tornou mais prático para os cidadãos cumprir seus deveres e exercer o controle das atividades desenvolvidas pelo estado. 
Silva e Rue (2015) notaram que Governo Eletrônico é o nome dado para o uso da tecnologia da informação na administração pública. Se trata de uma infraestrutura única de comunicação compartilhada por diferentes órgãos públicos (Rover 2006:99). As tecnologias da informação e comunicação, sendo assim, colaboram para a democracia. 
Há um apontamento sobre as dificuldades em estabelecer um sistema transparente e abrir as portas para procedimentos burocráticos em nosso país por causa do Patrimonialismo, presente ainda hoje tanto do lado do Estado quanto pela sociedade, o que é somado à dificuldade de inclusão da tecnologia nas camadas que possuem rendas inferiores.
Então, Silva e Rue (2015) entram no assunto abordado pela pesquisa, que é a acessibilidade no governo eletrônico, afirmando que a participação social só será plena quando no mínimo o básico em relação a acessibilidade digital for respeitado. 
O Brasil é um dos poucos países no mundo com leis específicas para as pessoas com deficiência, porém, ainda assim, elas continuam sendo excluídas socialmente. É preciso reiterar o aspecto formal com práticas efetivas, mas para Kasinskaite-Buddeberg (2013:52), o uso das tecnologias não é preferência para a política. Não há o entendimento sobre esse ser um requisito para que se cumpram os direitos humanos fundamentais.
Acessibilidade é tornar disponível ao usuário toda a informação que ele possa ter sem que ele dependa da ajuda de terceiros e independente de suas deficiências. Isso é possível por meio de textos que descrevam imagens, sistemas de leitura de tela e de reconhecimento de fala, simuladores de teclado ou outros (Torres, Mazzoni e Alves, 2002:85).
Um dos principais documentos de diretrizes de acessibilidade em páginas da internet é a WCAG (Web Content Accessibility Guidelines), feita pelo W3C (World Wide Web Consortium), um Consórcio internacional cujo fim é desenvolver especificações, guias e ferramentas para a web. 
No Brasil, o Poder Executivo Federal tem dado atenção ao tema: o departamento de governo eletrônico, ligado à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e gestão, criou a cartilha e-MAG (Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico) se baseando nos padrões de acessibilidade do W3C. Segundo essa cartilha, as principais dificuldades de acesso virtual vividas pelas pessoas com deficiência são relacionadas à falta do mouse, do teclado, do monitor ou do áudio. A partir dessas diretrizes começou a ser obrigatório o uso dos padrões mínimos nos sites da União.
É lembrado que não basta os requisitos mínimos; é preciso que os próprios sites sejam feitos de modo acessível. (Brasil, 2011:8). No entanto, já foram completados estudos entre 1996 e 2007 sobre atendimento das recomendações para os governos estaduais, com resultados nada satisfatórios.
Nesse sentido, Silva e Rue (2015) averiguaram se de fato as recomendações da cartilha e-MAG, que possui os padrões mínimos de acessibilidade, estão sendo seguidas nas páginas dos sites do Poder Executivo Estadual, pela observação e apontamento da existência ou não dos seguintes elementos: página com descrição dos recursos de acessibilidade, teclas de atalho, barra de acessibilidade, apresentação do mapa do site, apresentação do formulário, conteúdo alternativo de imagens e disponibilização de documentos. Seria esperado que o governo estadual seguisse as considerações imputadas à União.
Foram selecionados, entre todos, os oito estados com maiores percentuais de participação no PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, conforme as estatísticas feitas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre Cotas Regionais do Brasil, entre 2005 e 2009. São eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Distrito Federal e Santa Catarina. (Brasil, 2011b:24). Espera-se que esses estados tenham receitas melhores para a implantação de recursos de acessibilidade em seus portais.
Foi utilizado, juntamente com a pesquisa bibliográfica, o método dedutivo e a observação direta, durante o mês de novembro de 2013.
Inicialmente, foi verificado que a acessibilidade é mostrada nos sites de forma discreta. Em seguida, ao analisar os itens, acurou-se que somente os sites de Minas Gerais e do Paraná apresentavam páginas com a descrições dos recursos de acessibilidade e atalhos para teclado em pontos estratégicos das páginas com as dicas especificadas na barra de acessibilidade. Com relação à existência da barra de acessibilidade, seis dos oito sites a possuíam, e desses, apenas o item “aumentar fonte” estava presente em todas, enquanto os itens “diminuir fonte” e “atalhos para menu” apareceram em cinco delas, os itens “fonte normal” e “alto contraste” apareceram quatro vezes, e o link para a página que teria os recursos de acessibilidade do portal apareceu apenas duas vezes. 
O mapa do site, que apresentaria as páginas internas não colocadas no menu inicial para orientação quanto à estrutura do site, não estava presente nos portais de São Paulo e Bahia. Já o formulário, que permitia aos usuários um contato com a administração pública, apareceu em cinco estados e em outros dois havia apenas os links apontados para as secretarias e órgãos estaduais para o envio de formulários específicos. O conteúdo alternativo para imagens apareceu nenhuma vez. 
Os documentos dos sites eram quase todos apresentados no formato HTML, de acordo com o modelo, sendo que havia também uma minoria de documentos em PDF e outros.
Os resultados mostraram que nenhum dos oito portais observados cumpriu as condições mínimas para acessibilidade discriminadas na cartilha de guia do Poder Executivo Federal. Entre os que se destacaram positivamente estiveram Minas Gerais e Paraná. De maneira negativa, o Rio Grande do Sul e a Bahia.
Rosane Leal da Silva e Letícia Almeida de la Rue (2015) concluíram que a inclusão social e a inclusão digital andam uma ao lado da outra. Diante desse prisma, é preocupante o fato de não haver muito cuidado com a acessibilidade na construção dos portais do Executivo Estadual. 
LOCAL: Rev. Adm. Pública — Rio de Janeiro 49(2):315-336, mar./abr. 2015
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação. e-MAG Modelo de acessibilidade em governo eletrônico. Brasília: MP; SLTI, 2011a.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Contas regionais do Brasil 2005-2009. Rio de Janeiro, 2011b
KASINSKAITE-BUDDEBERG, Irmgarda. Levando as TIC a pessoas com deficiência para seu empoderamento. In: BARBOSA, Alexandre F. (Coord.). Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicaçãono Brasil: TIC Domicílios e Empresas 2012. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2013. p. 51-64.
ROVER, Aires J. A democracia digital possível. Revista Sequência, v. 27, n. 52, p. 85-104, jul. 2006. Disponível em: <http://periodicos.ufsc.br/index.php/sequencia/article/view/15202/13827>. Acesso em: 4 dez. 2013.
SILVA, Rosane Leal da; RUE, Letícia Almeida de la. A acessibilidade nos sites do Poder Executivo estadual à luz dos direitos fundamentais das pessoas com deficiência. Rev. Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 49, n.2, p. 315-336, mar./abr. 2015.
TORRES, Elisabeth F. T.; MAZZONI, Alberto A.; ALVES, João B. da M. A acessibilidade à informação no espaço digital. Ciência da Informação, Brasília, v. 31, n. 3, p. 83-91, set./dez. 2002.
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