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Valores Humanos: um olhar a partir de categorias de análise
Jorge Ramón D'Acosta Rivera e Silvia Marcia Russi De Domenico
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Sócrates. – Um momento, querido amigo, que temos um caminho melhor. Reflete sobre isto: o que é piedoso, é aprovado pelos deuses por ser piedoso, ou bem é piedoso porque é aprovado pelos deuses? (PLATÓN, Eutifrón, 10a-11b, p.344. Tradução livre.)
Daquilo que o coração diz
O céu não dá testemunho.
(Dostoiévsky, F. I., Os Irmãos Karamázovi, p. 185).
1 Introdução 
Como em um movimento cíclico, em que à derrocada de um sistema de crenças segue-se, primeiro, o encantamento da pluralidade, do desacordo, da mudança e, depois, muitas vezes, o sentimento de que novas sínteses são necessárias, observa-se o refluir do interesse pelo estudo dos valores humanos, qual uma gestação em curso em que, por um lado, os estudiosos reorganizam o conhecimento e, pelo outro, as pessoas expressam anseios por novas concepções que harmonizem e reintegrem os sentimentos antagônicos de singularidade e de coletividade, de mudança e de equilíbrio.
A convergência de interesses nas sociedades sobre valores humanos - tema central do Relatório de Desenvolvimento Humano 2009/20010 do PNUD - é reveladora. Parece indicar uma circunstância e delinear uma procura. Para que essa procura seja fértil, no entanto, é preciso que parta de pontos de referência consistentes, objetivo para o qual este artigo pretende contribuir.
Os valores humanos têm sido objeto de investigação de diversas áreas no âmbito das ciências sociais na tentativa de compreender e explicar o fenômeno humano, tanto na sua dimensão individual, quanto em sua dimensão coletiva. A Axiologia, ou filosofia de valores, desenvolveu-se de forma consistente na segunda metade do século XIX, enquanto estudiosos da antropologia e sociologia discutiram o tema já no início do século XX. Contudo, foi na psicologia social que se encontram grande número dos estudos mais recentes, inclusive transculturais. Segundo María Ros, reconhecida pesquisadora no campo, "a importância crescente dos valores na psicologia social se expressa pelo fato de que, pela primeira vez o mais recente Handbook of Social Psychology tem um capítulo dedicado ao tema dos valores" (ROS, 2006, p.23 ).
No entanto, em função da diversidade das disciplinas que originaram os estudos sobre valores e dos diferentes níveis de análise adotados, observa-se que não se encontram totalmente integrados nem sistematizados (AGLE; CALDWELL, 1999). 
A diversidade de abordagens e de instrumentos empregados nas pesquisas do campo pode ser atribuída à multiplicidade de definições encontradas para o construto, uma vez que a palavra ‘valores’ está aberta ao uso e abuso de psicólogos e não psicólogos (ROHAN, 2000). 
Clyde Kluckhohn faz uma apreciação ao revisar a literatura relativa ao conceito, indicando que "os valores, nos diversos campos, tem sido considerados como: atitudes, motivações, objetos, quantidades mensuráveis, campos concretos de conduta, costumes e tradições afetivamente carregadas [...]" (KLUCKHOHN, 1968, p.437. Tradução livre).
Há espaço, portanto, para apresentar, analisar e comparar o que dizem alguns dos autores mais representativos sobre o que são, afinal, valores. Nesse sentido, o presente artigo tem por objetivo subsidiar a discussão do tema escolhido pelo PNUD, por meio do exame das concepções de valores humanos sob a ótica de Thomas e Znaniecki, Clyde Kluckhohn, Milton Rokeach e Shalom Schwartz, percorrendo-se quase um século de contribuições. 
Thomas e Znaniecki, da Escola de Chicago, podem ser considerados fundadores da psicologia social, em sua vertente sociológica, ao desenvolverem na segunda década do século XX, um importante estudo sobre os camponeses polacos que imigravam em busca de melhores condições de vida para outros países da Europa e, principalmente, para os Estados Unidos. Kluckhohn, um antropólogo, escreveu um importante capítulo em obra organizada por Talcott Parsons, em 1968, sobre a Teoria da Ação Social, trazendo uma análise apurada do construto. Rokeach e Schwartz, por sua vez, são os representantes mais recentes na elaboração de teorias sobre valores na tradição psicológica da psicologia social. Enquanto ao primeiro coube o crédito de dar ímpeto ao estudo de valores (ROHAN, 2000), ao segundo dá-se o reconhecimento de ter desenvolvido uma teoria de valores quase universais, verificada por meio de estudos transculturais em mais de 70 países de cinco continentes, realizados a partir do final da década dos anos 1980. 
Como forma de sistematizar a exposição do pensamento dos autores escolhidos, suas concepções sobre valores serão apresentadas, utilizando-se categorias de análise inspiradas no trabalho de Kluckhohn (1968), permitindo evidenciar pontos de convergência e divergência entre eles sobre o construto. São elas:
Conteúdo substantivo: natureza ontológica dos valores;
Lócus: os valores se localizam internamente ou externamente ao indivíduo;
Nível de análise: entidade social (indivíduo, grupo organização, sociedade) considerada como sujeito dos valores;
Função: a que propósito os valores se destinam, para que servem;
Generalidade ou especificidade: as visões dos autores consideram apenas valores gerais, ou também relativos a um campo ou contexto específico (p. ex. trabalho, lazer, etc.);
Intensidade: há diferença de importância ou prioridade entre os valores?;
Modalidade: os valores são exclusivamente positivos, ou também negativos?;
Explicitação: são os valores explícitos ou podem ser inferidos?;
Duração e Permanência: são duradouros no tempo? Os valores mudam?;
Organização: estrutura e lógica da inter-relação entre eles. 
2 Um olhar a partir de categorias de análise
2.1 Conteúdo substantivo
Thomas e Znaniecki abordam o conceito de valores em sua obra clássica El Campesino Polaco en Europa y en América (THOMAS; ZNANIECKI, 2004), onde definem ‘valores’ como ‘valores sociais’: “Por valor social entendemos qualquer dado que tenha um conteúdo empírico acessível para os membros de um grupo social, e um significado com respeito ao que é ou pode ser um objeto de atividade” (THOMAS; ZNANIECKI, 2004, p.110. Tradução livre.).
Para esses autores, os valores situam-se nos objetos (concretos ou abstratos). Nota-se o papel central que atribuem ao processo de interação, pois é por meio dela que se vai estabelecer o valor social, como algo que possui significado para os membros do grupo. A contrapartida individual dos valores sociais são as atitudes, entendidas como um processo que tem lugar na consciência da pessoa e que dirige suas atividades no mundo social. 
Kluckhohn difere de Thomas e Znaniecki ao considerar que os valores são concepções e não dados com conteúdo empírico, tratando os valores como atributos do indivíduo. No entanto, também explicita a importância da relação deste com a sua cultura e a sua inserção em seu grupo. Ele define os valores como: 
Um valor é uma concepção, explícita ou implícita, própria de um indivíduo ou característica de um grupo, a respeito do desejável, o que influi na seleção dos modos, meios e fins de ação acessíveis. (KLUCKHOHN, 1968, p.443. Tradução livre.)
Ao desenvolver sua teoria dos valores, Milton Rokeach (1973) defende que, para ser cientificamente fértil, qualquer concepção sobre a natureza dos valores humanos tem que ser intuitiva e, ao mesmo tempo, passível de ser definida operacionalmente, propondo cinco pressupostos para formular sua definição: 
(1) o número total de valores que uma pessoa possui é relativamente pequeno; (2) todos os homens em todos os lugares possuem os mesmos valores em diferentes graus; (3) os valores são organizados em sistemas de valores; (4) os antecedentes dos valores humanos podem ser encontrados na cultura, na sociedade e suas instituições e na personalidade; (5) as conseqüências dos valores humanos serão manifestas em, virtualmente,todos os fenômenos que os cientistas sociais podem considerar que vale a pena investigar e compreender. (ROKEACH, 1973, p.3.Tradução livre.)
 
Com essas considerações teóricas em mente, Rokeach (1973, p.5) apresenta sua definição: “Um valor é uma crença duradoura de que um modo específico de conduta ou estado final de existência é pessoal ou socialmente preferível a um modo oposto ou alternativo de conduta ou estado final de existência”.
Enquanto Kluckhohn utiliza a palavra “concepção” na sua definição de valores, Rokeach emprega a palavra “crença” e detalha três tipos de crença: (1) existenciais ou descritivas, qualificadas como verdadeiras ou falsas, (2) avaliativas, nas quais o objeto da crença pode ser julgado como bom ou mau e, (3) prescritivas ou proscritivas, em relação ao desejável ou indesejável, associando os valores a este último tipo (ROKEACH, 1973).
Considera que as crenças que constituem os valores são representações cognitivas que resultam das solicitações às quais os seres humanos estão sujeitos: as demandas institucionais e sociais do seu grupo e as suas necessidades individuais. Uma vez transformadas cognitivamente em valores, essas demandas podem ser justificadas e defendidas como sendo individual e socialmente preferíveis. 
Por sua vez, Rokeach (1973) argumenta, buscando ser mais específico, que as concepções sobre o desejável correspondem a um tipo especial de preferência. Preferências que se manifestam não apenas em relação a modos de comportamento e estados finais opostos, mas também em relação a outros valores.
Shalom H. Schwartz compartilha com Rokeach o entendimento de que os valores representam necessidades intrínsecas aos indivíduos. Ao efetuar uma revisão da literatura do campo para o desenvolvimento de sua teoria, ele identificou cinco características da definição conceitual de valores que aparecem de forma consistente: 
Um valor é: 1) uma crença; 2) que pertence a fins desejáveis ou a formas de comportamento; 3) que transcende as situações específicas; 4) que guia a seleção ou avaliação de comportamentos, pessoas e acontecimentos; e 5) que se organiza por sua importância relativa a outros valores para formar um sistema de prioridades de valores. (SCHWARTZ, 2006, p.56)
Schwartz reconhece que essas características definem os aspectos formais que diferenciam os valores de outros conceitos correlatos, tal como ‘atitudes’ que, diferentemente dos valores, dizem respeito a cada objeto ou situação. 
Todavia, afirma que tais traços nada dizem a respeito do conteúdo substancial, nem sobre a estrutura das relações entre os diferentes tipos de valor (SCHWARTZ, 2006, p.56), propondo-se a elucidar essas questões, definindo valores como “metas desejáveis e transituacionais que variam em importância, servem como princípios na vida de uma pessoa ou de outra entidade social” (SCHWARTZ, 2006, p.57-58). O conteúdo ou meta motivacional foi tomado como o princípio que irá definir os tipos de valores que estariam presentes em todos os seres humanos, dando origem à teoria de valores básicos, a ser detalhada mais adiante.
Ao comparar os aspectos essenciais das conceituações de valores apresentadas pelos quatro pesquisadores (Quadro 1), observamos que eles são caracterizados em termos de conteúdo substantivo, como: 
a) dados com conteúdo empírico e significado, acessíveis aos membros de um grupo (THOMAS; ZNANIECKI, 2004); 
b) concepções, explícitas ou implícitas a respeito do desejável (KLUCKHOHN, 1968); 
c) crenças duradouras sobre modos de conduta ou estados finais preferíveis (ROKEACH, 1973);
d) metas desejáveis e transituacionais que servem como princípios orientadores do comportamento (SCHWARTZ, 2006).
Quadro 1 - Resumo de Definições de Valores 
Autor					Definição 
Thomas; Zaniecki (2004, p. 11)	Por valor social entendemos qualquer dado que tenha um conteúdo empírico acessível para os membros de um grupo social e um significado com respeito ao que é ou pode ser um objeto de atividade.
C. K. M. Kluckhohn (1968, p.443)	Um valor é uma concepção, explícita ou implícita, própria de um individuo ou característica de um grupo, a respeito do desejável, que influi sobre a seleção dos modos, meios e fins de ação acessíveis.
Rokeach (1973, p.5)	Um valor é uma crença duradoura de que um modo específico de conduta ou estado final de existência é pessoal ou socialmente preferível a um modo oposto ou alternativo de conduta ou estado final de existência.
Schwartz (2006, p.57-58) 	Metas desejáveis e transituacionais que variam em importância, servem como princípios na vida de uma pessoa ou de outra entidade social. 
Fonte: Elaborado pelo autor
Do que foi exposto é possível observar que existem duas perspectivas distintas na concepção de valores na psicologia social. A sociológica, de Thomas e Znaniecki, para quem os valores são construções sociais e, portanto, estabelecidos interssubjetivamente, e a psicológica, para a qual os valores são atributos dos indivíduos, apresentando elemento motivacional, já que derivam das necessidades humanas comuns a todos os indivíduos, além de cognitivo e afetivo. 
2.2 Lócus
Um dilema inicial que os primeiros pesquisadores e teóricos do campo enfrentaram foi definir se o estudo dos valores deveria ser encaminhado do ponto de vista de entidades externas como detentoras de valor ou da perspectiva das pessoas que atribuem valor (Rohan, 2000, p. 256).
Diante das perspectivas distintas do estudo de valores, associados aos objetos ou aos indivíduos que atribuem valor a esses objetos, Kluckhohn (1968), Rokeach (1973) e Schwartz (2006) escolhem a segunda alternativa. Rokeach (1973) questiona se: "Existem bases teóricas para decidir qual das abordagens têm mais probabilidade de ser frutífera?" (ROKEACH, 1973, p.4. Tradução livre.). Utiliza-se do argumento de Robin Williams (1968) para quem "valores-como-critério é habitualmente o uso mais importante para o propósito da análise científica social." (WILLIAMS, 1968, p.283, apud ROKEACH, 1973, p.4. Tradução livre.).
Somente Thomas e Znaniecki (2004) situam o lócus dos valores, considerados sempre como valores sociais, nos objetos materiais e abstratos com significado para o grupo social. São, portanto, extra-subjetivos. As atitudes que são definidas em relação aos valores sociais é que são consideradas, junto com os desejos, intra-subjetivas.
2.3 Nível de análise
Pesquisadores de diversas áreas têm-se referido de forma indiscriminada ao construto 'valores' sem diferenciar o nível de análise considerado. 
Para Tamayo (2005, p.8): "o nível de análise expressa o sujeito, ou a entidade social, que possui os valores. Diversos níveis podem ser considerados: individual, grupal, organizacional, institucional, cultural." 
A partir desse entendimento, pode-se dizer que Kluckhohn (1968) menciona valores individuais, de grupo e de sociedades (p.458). Rokeach (1973) estuda, principalmente, valores individuais, pesquisando indivíduos em diferentes instituições. 
Schwartz (2006) coloca o centro de seu interesse nos valores pessoais, mas demonstra clara percepção da diferenciação entre os níveis de análise quando fala do construto. "Quando os valores são usados para comparar culturas, as dimensões que se formam são diferentes das que foram discutidas aqui [de valores pessoais]." (p.84). Suas pesquisas contemplam tanto valores individuais quanto valores culturais.
Thomas e Znaniecki não consideram que haja um sujeito que possui valores, já que estes estão nos objetos. Porém, pode-se dizer que o nível de análise é o grupo, já que os valores sociais são definidos em relação a um grupo social.
2.4 Função
Para que servem os valores?
Para Thomas e Znaniecki, os valores sociais são objeto das atitudes, por meio das atividades dos indivíduos (ações), estabelecendo o que tem significado para um determinado grupo social em determinado tempo e contexto.
Para Kluckhohn (1968), os valores influem na seleção de modos, meiose fins de ação acessíveis. Rokeach (1973) considera que as funções dos valores são dar expressão às necessidades humanas básicas e guiar decisões. Servem como critérios para julgamento de si e dos outros, bem como para auto-apresentação, além de auxiliarem na avaliação global da situação para resolução de conflitos. Rokeach (1973) também atribui aos valores funções motivacionais, de ajustamento, de defesa do ego e de auto-realização. 
Schwartz (2005a) caminha no mesmo sentido ao considerar os valores como princípios de vida, "que guiam a seleção e avaliação de ações políticas, pessoas e eventos. Isto é, valores servem como padrões e critérios." (p.23). Podem motivar a ação, dando direção e intensidade emocional. 
Portanto, para os autores que entendem os valores com lócus no indivíduo, na entidade social, os valores orientam o comportamento ao longo da vida. 
2.5 Generalidade ou especificidade
Importa também saber de que forma os autores, em seus estudos, consideram os valores do ponto de vista da dimensão de generalidade ou especificidade. Valores podem ser considerados básicos ou gerais ou então, associados a áreas específicas da vida das pessoas como trabalho, religião, lazer, esporte, política, etc... (TAMAYO, 2005).
 
Para Thomas e Znaniecki (2004), o grupo social compartilha significados em relação a objetos abstratos ou materiais. É possível inferir, assim, que os valores sociais dizem respeito a diversos campos da vida social. 
Kluckhohn (1968) classifica os valores em temáticos e específicos, sendo os específicos aqueles que se aplicam a "certas situações ou áreas de conteúdo" e os temáticos àqueles que "aplicam-se a uma ampla variedade de situações e a diversas áreas do conteúdo cultural" (p.463. Tradução livre). 
Já Rokeach (1973) refere-se em seus estudos a valores gerais. Por sua vez, não há na definição por ele apresentada nada que impeça sua aplicação a áreas específicas de interesse dos indivíduos. 
Schwartz trata tanto de valores gerais quanto específicos. Ros, Schwartz e Surkiss (1999) procuraram estabelecer uma correlação entre a estrutura dos valores pessoais gerais e a estrutura dos valores pessoais relativos ao trabalho. 
2.6 Intensidade
A dimensão de intensidade refere-se à importância relativa ou hierarquia dos valores.
 
Kluckhohn (1968) atribui aos valores mais gerais uma prioridade (intensidade) mais alta. Para Rokeach (1973), os valores integram-se de alguma forma em um sistema organizado, dentro do qual são ordenados em prioridade em relação a outros valores: “um sistema de valores [grifos no original] é uma organização duradoura de crenças, a respeito de modos de conduta ou estados finais, ao longo de um continuum de importância relativa. (ROKEACH, 1973, p.5. Tradução livre.)
Schwartz (2005) é particularmente explícito em relação à dimensão de intensidade:	
Quando pensamos em nossos valores, pensamos no que é importante em nossas 	vidas. Cada um de nós detém numerosos valores [...] com variados graus de importância. Um valor pode ser muito importante para uma pessoa, mas muito desimportante para outra. (SCHWARTZ, 2005a, p.22)
Já os valores sociais de Thomas e Znaniecki são importantes à medida que possuem significado para o grupo. A importância será manifestada por meio das atitudes e ações que serão tomadas em relação a tais valores. 
2.7 Modalidade
Outra dimensão a ser analisada é a modalidade, isto é, se os autores consideram que os valores têm aspectos exclusivamente positivos, ou também consideram aspectos negativos
No caso dos valores sociais definidos por Thomas e Znaniecki, estes não os consideram positivos ou negativos; avaliativas são as atitudes em relação a esses valores, que podem ser de “apreço ou desprezo” (p.120. Tradução livre). 
Kluckhohn considera as duas possibilidades: valores positivos e negativos (KLUCKHOHN, 1968, p.463), enquanto Rokeach (1973), apesar de evitar esta discussão num primeiro momento, visando descrever um conjunto de valores que possa servir a todas as pessoas, à medida que entende os valores como crenças prescritivas e proscritivas, trata, portanto, das duas modalidades. 
De fato, ao finalizar sua argumentação sobre as funções dos valores e dos sistemas de valores esse autor indica que os tipos de valores podem ser organizados de acordo com a função a que eles servem em um continuum que vai de uma ordem mais baixa para uma ordem mais alta, como é sugerido pela hierarquia motivacional de Maslow. 
Schwartz prevê a existência de valores negativos ao incluir uma possibilidade de resposta “oposta aos meus valores”, na escala que utiliza para buscar a validação de sua teoria, embora essa modalidade é abandonada em todo o raciocínio posterior. Em sua teoria, a ser apresentada mais adiante, os valores são classificados em dimensões opostas, mas sem juízo de valor.
2.8 Explicitação
Com a dimensão de explicitação, este estudo pretende caracterizar a distinção que alguns dos autores selecionados fazem ao chamar a atenção de que um valor, para ser caracterizado como tal, implica na possibilidade de ser enunciado, entretanto, isto não significa que ele seja sempre "clara e habitualmente verbalizado" (KLUCKHOHN, 1968, p.446. Tradução livre). Um valor implícito corresponde a uma concepção que inferida pelo observador, pode ser enunciada por ele e, posteriormente, aceita ou rejeitada pelo sujeito que possui o valor.
Thomas e Znaniecki (2004) consideram que os valores sociais são conscientes e explicitados uma vez que são estabelecidos nas interações entre os membros de um grupo social. Kluckhohn (1968), Rokeach (1973) e Schwartz entendem que os valores podem ser explícitos ou implícitos.
2.9 Duração e permanência
Em relação às dimensões de duração e permanência há uma concordância de todos os autores analisados. Para Thomas e Znaniecki (2004) os valores são duráveis, mas podem mudar em função do contexto e de novas atitudes dos indivíduos em relação ao valor social, modificando-se os significados atribuídos pelo grupo ao longo do tempo. 
Para Kluckhohn (1968), os valores pressupõem um código ou norma que tem alguma persistência através do tempo, mas consideram que as proposições a respeito dos valores podem mudar pois: "se encontram sujeitas a revisão, como todas as proposições científicas." (p.469. Tradução livre.).
Rokeach (1973) introduz a palavra ‘duradoura’ (enduring) explicitamente em sua definição, como qualificadora dos valores, observando que é preciso que os valores sejam estáveis o suficiente para que o indivíduo seja reconhecido como uma personalidade única, socializada em uma determinada sociedade. Por outro lado, entende que os valores são impermanentes o suficiente permitindo aos indivíduos rearranjá-los em termos de importância relativa devido a mudanças culturais e da própria experiência pessoal. Entendendo que as prioridades dos valores podem mudar, esse autor foi um dos poucos que se dedicou a desenvolver uma técnica voltada à mudança do sistema de valores, denominada de autoconfrontação. 
Schwartz (2005b) relaciona explicitamente as mudanças de prioridades de valores com a faixa etária, envelhecimento físico e fases da vida, deixando claro que considera os valores duradouros, mas sujeitos a algumas modificações ao longo do ciclo de vida dos indivíduos. 
2.10 Organização 
A categoria de organização refere-se a como os autores entendem a estrutura e o inter- relacionamento entre os diversos valores de um indivíduo.
Kluckhohn (1968) concebe os valores organizados em constelações que se encontram ligados a outros de forma lógica e significativamente. Trata de valores centrais e periféricos, sendo os centrais aqueles de maior influência nas condutas dos indivíduos e que levaria um grupo ou indivíduo a ser significativamente diferente caso desaparecessem. 
Neste momento, dar-se-á uma atenção maior à organização de valores em Rokeach e em Schwartz, em função de suas contribuições ao desenvolvimento de teoriasde valores.
a) Organização de valores em Rokeach
Rokeach (1973) diferencia os valores individuais em dois tipos: os que se referem a modos de conduta e os valores que se referem a estados finais de existência. Denomina-os, respectivamente, instrumentais e terminais, sendo os primeiros considerados como meios para se atingir os últimos. 
O conjunto de valores terminais e instrumentais que compõem o Inventário de Valores de Rokeach (Rokeach Value Survey – RVS) é apresentado no Quadro 2. 
Rokeach subdivide os valores terminais em valores pessoais e valores sociais e, os valores instrumentais, em valores morais e valores de competência. Para distinguir os valores terminais em pessoais e sociais, Rokeach (1973, p.8) utiliza o critério de verificar se estes estão centrados no grupo social (“social-centered”) ou na pessoa (“self-centered”). Por exemplo, Igualdade (fraternidade, igualdade de oportunidade para todos) é um valor terminal social, enquanto Harmonia interior (livre de conflitos internos) é um valor terminal pessoal.
Os valores instrumentais classificados como morais se caracterizam pelo foco interpessoal, enquanto os de competência têm um foco interno à pessoa. A violação ou transgressão de um valor instrumental, de acordo com Rokeach (1973), gera sentimentos de culpa quando se trata de um valor moral e, de vergonha a respeito da inadequação pessoal, quando se trata de um valor de competência. Honesto (sincero, verdadeiro) é um exemplo de valor instrumental moral, enquanto que Independente (autoconfiante, auto-suficiente) é um exemplo de valor instrumental de competência.
Quadro 2 - Valores Terminais e Instrumentais
	 Valores Terminais
	 Valores Instrumentais
	Vida confortável
 (vida próspera)
	Ambição
 (trabalho árduo, aspirações)
	Vida excitante
 (vida ativa, estimulante) 
	Mente aberta
	Senso de realização
 (contribuição duradoura)
	Capacidade
 (competência, efetividade)
	Mundo de Paz
 (livre de guerras e conflitos)
	Divertimento
 (alegria, contentamento)
	Mundo de beleza
 (da natureza e das artes)
	Limpeza
 (asseio, higiene)
	Igualdade
 (irmandade, oportunidade para todos)
	Coragem
 (defesa das próprias idéias)
	Segurança da família
 (cuidado com as pessoas próximas)
	Perdão
 (querer perdoar os outros)
	Liberdade 
 (independência, livre escolha)
	Ajuda
 (trabalho para o bem-estar de outros)
	Felicidade
 (contentamento)
	Honestidade
 (sinceridade, confiança)
	Harmonia interna
 (livre de conflitos internos)
	Imaginação
 (criatividade, ousadia)
	Amor maduro
 (intidmidade sexual e espiritual)
	Independência
 (auto-realização, auto-suficiência)
	Segurança nacional
 (proteção contra ataques)
	Intelectualidadel
 (inteligência, reflexão)
	Prazer
 (vida com diversão e descanso)
	Lógica
 (consistência, racionalidade)
	Salvação
 (vida eterna)
	Amor
 (afetividade, ternura)
	Auto-respeito
 (auto-estima)
	Obediência
 (deveres. responsabilidade)
	Reconhecimento social
 (respeito, admiração)
	Polidez
 (cortesia, boas maneiras)
	Amizades verdadeiras
 (proximidade dos companheiros)
	Responsabilidade
 (confiança, rewalização)
	Sabedoria
 (maturidade para entender a vida)
	Autocontrole
 (autodisciplina, restrito)
Fonte: ROKEACH, 1973, p. 28 (Tradução livre).
Rokeach (1973) pergunta-se sobre a existência de uma conexão estreita entre os dois tipos de valores terminais (pessoais e sociais) e os dois tipos de valores instrumentais (de competência e morais): uma pessoa que coloca alta prioridade nos valores finais sociais, também apresentaria uma alta prioridade nos valores instrumentais morais já que ambos os tipos de valores apresentam foco interpessoal?
À primeira vista a resposta parece ser afirmativa. No entanto, uma pessoa que seja fortemente orientada para o social pode, também, ter uma forte orientação para a auto-realização por meio de sua competência pessoal. Desta forma, Rokeach (1973) indica que existem fortes razões para duvidar que exista uma relação simples de correspondência um a um entre os tipos de valores instrumentais e os de valores terminais. 
Apesar de seus esforços, questiona-se se Rokeach de fato desenvolveu uma teoria. Diversas críticas são feitas sobre a forma utilizada na escolha dos valores terminais e instrumentais, além de questionamentos em relação à pesquisa empírica realizada para comprová-la (TAMAYO, 2007). Estas lacunas serviram como incentivo e ponto de partida para a proposição da teoria de valores básicos de Schwartz.
b) A organização dos valores em Schwartz
		
De acordo com a teoria de Schwartz (1994), o que diferencia os valores é "o tipo de meta motivacional que eles expressam" (p.21. Tradução livre.). 
A teoria que esse autor desenvolveu distingue dez tipos de valores motivacionais e postula que essas categorias de valores são verificáveis na grande maioria das sociedades e tendem a ser universais porque derivam dos requisitos básicos à existência humana: 
Todos os indivíduos e sociedades têm de responder aos seguintes requisitos: as necessidades dos indivíduos como organismos biológicos, requisitos de ação social coordenada e necessidade de sobrevivência e bem-estar dos grupos. (Schwartz, 2005a, p.23-24)
A partir destes requisitos universais, Schwartz deduz os dez tipos de valores motivacionalmente distintos. O Quadro 3 relaciona esses tipos, definidos em termos de sua meta central e dos valores específicos que os representam, indicados entre parênteses. (SCHWARTZ; 2005a, p.40-41). 
Ainda segundo sua teoria, os dez tipos de valores gerais mantêm entre si, relações dinâmicas de congruência e oposição, apontando quais desses valores são compatíveis entre si e quais são opostos, o que é representado por meio de uma estrutura circular (Figura 1). A proximidade de tipos motivacionais no círculo indica semelhança de motivações, a distância indica oposição (SCHWARTZ, 2005a).
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Quadro 3 - Tipos motivacionais e metas relacionadas da teoria de valores gerais
	Tipos Motivacionais
	Definição
	
Poder
	
Prestígio e status social, controle ou dominação sobre pessoas e recursos (Poder social, autoridade, saúde, preservador de minha imagem pública).
	Realização
	Sucesso pessoal por meio da demonstração de competência dentro de padrões sociais (Bem sucedido, capaz, ambicioso, influente).
	Hedonismo
	Prazer e gratificação para si mesmo (Que goza a vida, prazer, auto-indulgência).
	Estimulação
	Excitação, novidade e mudança na vida (Uma vida variada, uma vida excitante, audacioso).
	Autodeterminação
	Independência de pensamento e ação, criatividade, curiosidade (Criatividade, curioso, liberdade, que escolhe as próprias metas, independente). 
	Universalismo
	Compreensão apreço, tolerância e proteção do bem-estar de todos e da natureza (Protetor do ambiente, unidade com a natureza, um mundo de beleza, uma mente aberta, justiça social, igualdade, sabedoria, um mundo em paz).
 
	Benevolência
	Preservação e fortalecimento do bem-estar das pessoas com as quais há um contato pessoal freqüente (Prestativo, honesto, compaixão, leal, responsável).
	Tradição
	Respeito, compromisso e aceitação dos costumes e idéias de uma cultura tradicional ou religião (Devoto, ciente dos meus limites, humilde, respeito pela tradição, moderado).
	Conformidade
	Restrição de ações e impulsos que podem magoar outros ou violar expectativas sociais e normas (Respeito para com pais e idosos, obediente, polidez, autodisciplina).
	Segurança
	Segurança, harmonia e estabilidade da sociedade, dos relacionamentos e de si mesmo (Limpo, segurança nacional, ordem social, segurança familiar, reciprocidade de favores).
Fonte: SCHWARTZ, 2005a, p. 40-41
De acordo com Schwartz (1994), a chave para compreender a dinâmica de relações entre tipos motivacionaisde valores distintos é a constatação de que a mobilização (física, expressiva ou emocional) no sentido de alcançar um determinado valor tem conseqüências que podem ser compatíveis ou conflitar com a procura de outros tipos de valores. Por exemplo, ações para garantir a segurança pessoal podem impedir ou, ao menos, dificultar iniciativas na direção de uma maior independência ou criatividade; esforços no sentido de obter realização freqüentemente conflitam com a procura de valores associados à benevolência, como ser prestativo; valores associados à tradição colidem, muitas vezes frontalmente, com valores associados à estimulação.
Figura 1 - Estrutura teórica de relações entre valores
Fonte: SCHWARTZ, 2006
Em relação à questão de compatibilidade e conflito, é possível estabelecer-se um paralelo com a visão de Rokeach (1973). Este autor sugere que o amadurecimento gradual leva as pessoas a integrar os valores, aprendidos como absolutos e isolados: 
Quando pensamos a respeito, ou tratamos de ensinar um de nossos valores para os outros, tipicamente fazemos isso como se fossem absolutos, sem lembrar de outros valores. Mas quando um valor é ativado na realidade junto com outros valores, em uma dada situação, o resultado comportamental será a conseqüência da importância relativa de todos os valores concorrentes que a situação ativou. (ROKEACH, 1973, p.6. Tradução livre.) [grifo nosso]
Schwartz (2005b) expressa praticamente a mesma noção ao afirmar que “comportamentos (e atitudes) não são guiados pela prioridade dada a um valor sozinho, mas por barganhas entre valores antagônicos que estão, simultaneamente, implicados no comportamento (SCHWARTZ, 2005b, p.84-85). [grifo nosso]
Schwartz (2005a) identifica na organização circular dos tipos motivacionais de valores um duplo antagonismo, representado mediante duas dimensões bipolares de ordem superior que ele denominou “autopromoção” (poder e realização) em contraposição a “autotranscendência” (universalismo e benevolência) e “abertura à mudança” (autodeterminação, estimulação e hedonismo) em oposição a “conservação” (tradição, conformidade e segurança). 
O modelo proposto por Schwartz foi verificado empiricamente por meio de pesquisas transculturais, cujos resultados demonstraram a quase universalidade das dimensões bipolares, ou seja, indivíduos de diferentes culturas apresentam valores que podem ser expressos nesses quatro grandes grupos, diferenciando-se apenas em seus sistemas, isto é, na prioridade que atribuem a cada um deles.
3 Considerações Finais
Este artigo procurou percorrer definições de valores elaboradas por alguns estudiosos que fizeram contribuições reconhecidamente valiosas para o entendimento do construto, distinguindo-o inclusive de outros próximos, tais como atitudes e necessidades. Lançando-se mão de algumas categorias de análise, evidenciou-se que existe mais de uma perspectiva para o entendimento do construto.
A abordagem que mais tem sido utilizada pelos pesquisadores é aquela que considera os valores como atributos dos indivíduos e não das coisas. A perspectiva de que todos os indivíduos possuem os mesmos valores, provenientes de necessidades pré-existentes, diferenciando-se apenas na importância a eles atribuída, ou seja, no sistema de valores, tem levado a estudos preferencialmente quantitativos, baseados em escalas tais como as desenvolvidas por Rokeach (RVS – Rokeach Value Survey) e, nas últimas duas décadas, por Schwartz (SVS - Schwartz Value Survey e PVQ - Portrait Value Questionnaire), no que diz respeito a valores pessoais, com foco principalmente, em estudos transculturais.
É importante ressaltar que as investigações não se restringem a valores individuais gerais, tendo os valores relativos ao trabalho também recebido grande atenção. Por sua vez, em nível organizacional, destacam-se as contribuições de Alvaro Tamayo, cujos estudos têm aplicado as teorias de Schwartz na pesquisa de valores organizacionais, principalmente no Brasil (TAMAYO, 2007). 
No ambiente organizacional, valores humanos têm sido estudados em relações com outros construtos tais como cidadania organizacional, percepção de justiça, comprometimento, retaliação organizacional, assédio moral, significado do trabalho, estresse ocupacional, bem-estar do trabalhador, percepção de mudança organizacional, responsabilidade social corporativa, entre outros, em pesquisas empreendidas principalmente por pesquisadores da administração de empresas e da psicologia organizacional e do trabalho.
No Brasil, publicações reunindo trabalhos de diversos estudiosos do tema concentram-se nesta década, como atestam as obras organizadas por Tamayo e Porto (2005), Ros e Gouveia (2006) e Teixeira (2008), contemplando artigos tanto teóricos quanto teórico-empíricos, ou mesmo estudos bibliométricos, incorporando diferentes perspectivas, inclusive resgatando abordagens um tanto esquecidas, como a de Thomas e Znaniecki, aplicada, no caso, a valores em nível organizacional. Essas obras contemplam contribuições de autores nacionais do campo, mas também de renomados pesquisadores internacionais, já que foram construídas parcerias entre universidades do exterior e os núcleos brasileiros de estudos sobre valores humanos ao longo dos últimos anos. 
Todavia, há ainda muito a ser feito, sem esquecer os esforços já empreendidos como alicerces para novos saltos, inclusive teóricos, em futuras pesquisas.
REFERÊNCIAS
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SCHWARTZ, S. H. Are there universal aspects in the structure and contents of human values? Journal of Social Issues, v. 50, n. 4, p. 19-45, 1994.
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THOMAS, W. I.; ZNANIECKI, F. El campesino polaco en Europa y en América. Madrid: Boletín Oficial del Estado, Centro de Investigaciones Sociológicas, 2004.

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