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RESUMO inquisição

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RESENHA CRÍTICA SOBRE O ARTIGO “CONSIDERAÇÕES JURÍDICAS DA INQUISIÇÃO”
É incontestável a importância do estudo da história da Inquisição para fruto de aprofundamento de conhecimento. O artigo “Considerações Jurídicas da Inquisição” foi redigido com uma abordagem interdisciplinar, construindo uma análise dos processos inquisitoriais e suas principais características. A leitura da obra em questão busca mostrar não somente as práticas e representações sociais a eles inerentes, como a própria realidade em que se inseria. Com uma reflexão plural, de ordem historiográfica e metodológica, estuda a estrutura e os mecanismos próprios que regulavam as atividades do Santo Ofício. 
Antes de mais nada, a Inquisição, ou Santa Inquisição foi uma espécie de tribunal religioso criado na Idade Média para condenar todos aqueles que eram contra os dogmas pregados pela Igreja Católica. Qualquer um que professasse práticas diferentes daquelas reconhecidas como cristãs era considerado herege. Tais dissidências que ameaçavam a integridade da ortodoxia católica ajudam a explicar o contexto específico da instauração desse tribunal político-religioso. As punições para aqueles que ofendiam “à fé e os costumes” podiam variar desde prisão temporária ou perpétua até a morte na fogueira, onde os condenados eram queimados vivos em plena praça pública. Neste sentido, é cabível afirmar que a culpabilidade do “transgressor” era obtida por meio da confissão e esta, por sua vez, como bem destaca o artigo, era alcançada por meio de recursos cruéis, dos quais podemos citar: a) Dama de ferro (espécie de sarcófago com espinhos na face interna das portas); b) Garras de gato (espécie de rastelo usado para açoitar a carne dos prisioneiros); c) Pêra (instrumento metálico em formato semelhante à fruta. Ele era introduzido na boca, ânus ou vagina do acusado e expandia-se gradativamente. Era usada para punir adultério, homossexualismo, incesto ou “relação sexual com Satã”), etc. Com a instituição do confisco de bens, a Inquisição mostrou-se ser uma atividade que gerava riqueza aos cofres da Igreja.
O período inquisitorial acabou oficialmente em 1821, quando o Tribunal do Santo Ofício foi abolido por lei em Portugal e em 1834 na Espanha. Depois disso, o Santo Ofício ainda vigorou na Itália e mudou duas vezes de nome até, em 1965, passar a ser chamado de Congregação para a Doutrina da Fé.
Diante de todo este apanhado, mais terrível que qualquer episódio da história humana até então, a Inquisição, sob um milênio de trevas, deixou um saldo de incontáveis vítimas de torturas e perseguições que eram condenadas pelos chamados “autos de fé”. Galileu Galilei foi um exemplo bastante famoso da insanidade cristã na Idade Média. Já outros como Giordano Bruno, o pai da filosofia moderna, e Joana D’Arc, que afirmava ser uma enviada de Deus para libertar a França e utilizava roupas masculinas, foram mortos pelo Tribunal do Santo Ofício. Com sua capacidade de vigiar a vida dos cidadãos, a Inquisição pode ser entendida como, nada menos do que a primeira semente dos governos totalitários e da institucionalização do abuso racial e sexual. A Inquisição foi, no final, um instrumento ideológico para o desenvolvimento de uma nação e de uma cultura “pura”, a partir da eliminação das “impurezas”, ideologicamente simbolizada pela violência na derrota dos mouros e da expulsão dos judeus da Europa, por exemplo.

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