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TRAUMA ABDOMINAL INTRODUÇÃO Grande parte dos traumas de abdome passam despercebidos devido a dificuldade de detectar lesões em pacientes com sensório alterado (TCE, abuso de álcool e drogas ou lesões raquimedulares); O trauma abdominal põe em risco a vida de vítimas de trauma na fase inicial devido a hemorragias dentro da cavidade abdominal; Lesões de vísceras ocas (intestino, estômago), quando não identificadas e tratadas a tempo levam a infecção e muitas vezes à morte numa fase mais tardia. De acordo com Buff, no politraumatizado, o tórax e o abdome são atingidos em 23% dos casos. No RJ, no Hospital GV, até 1990, os traumas abertos eram quase três vezes mais frequentes dos que os fechados. Em 35 anos (1955-1990), foram atendidos 6.166 pacientes com trauma abdominal; destes 4.478 com trauma abdominal aberto e 1.688, correspondiam ao trauma fechado. Um estudo realizado em 1990, no HPS, em Porto Alegre, mostrou que o acidente automobilístico é a causa mais freqüente de trauma abdominal fechado (68 %). (NASI, 2005) É a região do corpo onde é mais difícil de se fazer o diagnóstico correto das lesões traumáticas. Quando não identificado o trauma abdominal é uma das principais causas de morte. A ausência de sinais e sintomas locais não afasta a possibilidade de trauma abdominal (mecanismo do trauma). (NASI, 2005) Orgãos mais frequentes afetados nos doentes vítimas de trauma fechado são: Baço 40 a 55% Fígado 35 a 45% Intestino delgado 5 a 10%. Trauma Abdominal Principal causa de morte evitável, só superado pelas doenças cardiovasculares. Classificação etiológica das lesões abdominais Trauma penetrante 1. Projétil de arma de fogo FAF – 80% - de alta e baixa velocidade 2. Ferimento por arma branca- FAB- 20-30% 3. Shotgun ( rifles espingardas) Trauma fechado 1. Esmagamentos 2. Explosões 3. Compressão direta, Cinto de segurança, Atropelamentos, Acidentes automobilísticos, Quedas de altura TRAUMA PENETRANTE Qualquer lesão penetrante entre a linha que liga os mamilos e a sínfise púbica tem uma alta probabilidade de trazer lesões peritoneais e/ou retroperitoneais. Trajetória do projétil – os FAF de baixa velocidade são complexos, pois o percurso do projétil pode ser alterado após um choque com estruturas ósseas ou até tecidos menos compactos. Arriscado traçar reta ligando orifício de entrada ao de saída TRAUMA PENETRANTE FAF de alta velocidade são geralmente transfixantes, trajetória linear Trauma nos tecidos: explosão, cavitação e formação de projetis secundários – capacidade de lesar estruturas à distância. FAB – Percurso mais previsível Cuidado na avaliação –pode caminhar paralelo ao subcutâneo antes de alcançar peritôneo. AVALIAÇÃO ABDOMINAL Rápida história do próprio paciente/socorrista/ espectador. Detalhes do momento Mecanismo do trauma Avaliação inicial Resposta ao tratamento pré-hospitalar Condições prévias de saúde Exame Físico – Trauma abdominal Inspeção:retirar as roupas e proteger o cliente contra a hipotermia face (sofrimento), respiração abdominal, distensão abdominal, e a presença de escoriações, contusões, lacerações, feridas perfurantes em abdome, pelve, tórax inferior e dorso Cor da pele Temperatura Sudorese Exame Físico – Trauma Abdominal Ausculta Lesões intra-abdominais ausência de ruídos hidroaéreos: indica íleo paralítico, causado por hemorragia, ruptura de víscera oca Lesões extra-abdominais Fratura de costela, coluna e pelve Exame Físico – Trauma Abdominal Percussão Dor à descompressão brusca indica irritação peritoneal ( manobra delicada) Presença de timpanismo – pneumoperitôneo indica lesão de víscera oca Presença de macicez nos flancos e macicez móvel indica hemorragia Exame Físico – Trauma Abdominal Palpação Diferenciar a contratura voluntária ( medo de sentir dor) ou mesmo trauma abdominal sem lesão intra-abdominal da involuntária – irritação peritoneal por lesão de víscera abdominal. Dor à descompressão súbita: peritonite Toque Retal Tem 4 objetivos básicos: 1- presença de sangue na luz intestinal indica perfuração 2- integridade da parede do reto e procura de fragmentos ósseos 3- tônus do esfínter anal para estimar a integridade da medula espinhal 4- integridade da próstata que se elevada ou flutuante sugere lesão da uretra posterior Toque vaginal Observação de sangramentos e/ou fragmentos ósseos devido a fraturas pélvicas Exame da genitália masculina Sangue no meato uretral – lesão da uretra e bexiga Investigar lesões associadas como fraturas em geral, trauma raquimedular, traumatismo torácico. Quando não houver sinais claros de lesões internas deve-se realizar ?? vigilância (sinais e sintomas, ssvv) “o primeiro exame não deve ser o último” Paciente instável (provável lesão interna) repetir exame físico lavado peritonial diagnóstico (LPD) (FREIRE, 2001) CONDUTA Paciente Instável - Nenhum Paciente Estável – conforme o caso Sondagens vesical e nasogástrica; Radiografias; Uretrocistografia; Tomografia computadorizada; FAST- Focused Abdominal Sonogram for Trauma; LPD (lavado peritonial) CONDUTA Exames laboratoriais No momento de punção venosa colher amostra de sangue para: Tipo e Rh Prova cruzada Hematócrito Exame de urina Teste de gravidez ( idade reprodutiva) Pesquisa de álcool e drogas. Em um estudo realizado, por Cushing e cols., com 16.000 casos de trauma fechado de abdome, identificou-se os seguintes fatores associados com risco aumentado para lesão intra-abdominal: - Hematúria franca - Hipotensão na admissão - Fraturas de últimas costelas - Hematoma ou escoriação de parede abdominal (FREIRE,2001) Trauma Abdominal Medidas a serem tomadas pela equipe: 1. Desobstruir a VA; Oxigênio; Ventilação adequada ; Elevar os membros inferiores; Puncionar acesso venoso e coletar sangue para tipagem Aquecer a vítima; Remover vestes sujas e molhadas; Rápido controle da hemorragia externa Procedimentos Sondagem nasogástrica Uso imperativo – finalidade diagnóstica e terapêutica Descompressão do estômago Evitar broncoaspiração Presença de sangue no conteúdo gástrico sugere lesão do trato digestivo alto Fratura de face introduzir a sonda pela boca evitando a introdução acidental no interior do crânio através de fraturas da placa crivosa. Procedimentos Sonda vesical Uso sistemático em clientes inconscientes Função: descompressão da bexiga e monitorização da perfusão tecidual através do débito urinário Hematúria indica: ruptura de bexiga e/ou ureter Pesquisar sinais de lesão de uretra que contra indicam a sondagem vesical Punção suprapúbica no Centro Cirúrgico O que é LPD? É um procedimento médico, para irrigação da cavidade peritonial e exame do líquido de irrigação com a finalidade de avaliar os efeitos dos traumatismos abdominais. Realizado na sala de emergência e pode definir a indicação de laparotomia e diagnosticar lesões intra-abdominais. Lavado Peritoneal Diagnóstico-LPD 1- descomprimir a bexiga (S.V.) 2- descomprimir o estômago (S.N.G.) 3- antissepsia da parede abdominal 4- anestesia local a 1/3 da distância do umbigo para a sínfise púbica 5-pequena incisão vertical a 3 dedos abaixo da cicatriz umbilical. Localização para LPD LPD 6-introduzir o cateter intraperitoneal 7- irrigar com Soro Fisiológico aquecido (10ml/kg até 1000ml) 8- manobra 9- retira-se o líquido refluindo para o frasco de soro Contra-indicação:obesidademórbida, gravidez, cirrose hepática, coagulopatias e cirurgias abdominais anteriores. Técnica para LPD Introdução do Cateter L.P.D. positivo O aspirado da cavidade tenha mais de 5ml de sangue vivo ou líquido entérico Saída de líquido por dreno torácico (lesão de diafragma ou por sonda vesical( lesão de bexiga) Presença de hemáceas > 100.000/mm3 >500 leocócitos por mm3. Indicação de Laparotomia 1-Hipotensão devido a FAF,FAB ou trauma fechado com LPD + 2-Hipotensão recorrente após reanimação adequada com fluidos 3- presença de pneumoperitôneo 4- peritonite precoce ou tardia 5- ruptura de diafragma 6- perfuração intraperitoneal da bexiga. 7- diagnóstico de lesão do tubo digestivo e pâncreas e algumas lesões de baço e fígado por tomografia 8- lesão de tubo digestivo demonstrada em Rx contrastado 9-> amilasemia acompanhada de sinais compatíveis no exame físico. Laparotomia FAST RESUMO Trauma abdominal associado a outras lesões; Passam causar a morte na fase inicial do trauma; O trauma pode ser despercebidas; A dor é o sintoma mais freqüente; A hemorragia pode aberto ou fechado; O mecanismo de trauma deve ser valorizado e informado; O transporte rápido é fundamental; Acesso venoso e infusão de soro que retardem o transporte devem ser evitados; Estes são úteis em transporte a grandes distâncias ou aeromédico.
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