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Pós-Graduação a Distância Adriana Carla Silva de Oliveira Curso de Especialização em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável O FuturO passa aqui Material Didático EaD Quem tem qualidade, tem muito mais a oferecer: UnP 25 ANOS. Sempre tem mais pra você www.unp.br Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO – PROGRAD NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEaD MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Natal/RN Editora: 2006 Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável DIRIGENTE DA APEC Presidente Paulo Vasconcelos de Paula DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR Chanceler Paulo Vasconcelos de Paula Reitor Manoel Pereira dos Santos Vice-Reitor Mizael Araújo Barreto Pró-Reitora de Graduação Sâmela Soraya Gomes de Oliveira Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Lecy de Maria Araújo Gadelha Fernandes Pró-Reitora de Extensão e Ação Comunitária Jurema Márcia Dantas da Silva Pró-Reitor Administrativo Eduardo Benevides de Oliveira Coordenador do Núcleo de Educação a Distância Barney Silveira Arruda Coordenadora Adjunta Luciana Lopes Xavier Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável IRAN MARQUES DE LIMA ILCLEIDENE PEREIRA DE FREITAS MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Natal/RN Editora: 2006 Coordenação editorial: Luciana Lopes Xavier Marcos Aurélio Felipe S586a Lima, Iran Marques. Meio ambiente e desenvolvimento sustentável / Iran Marques Lima, Ilcleidene Pereira de Freitas; organização de Luciana Lopes Xavier, Marcos Aurélio Felipe. – Natal: NEAD, 2006. p.196 1. Meio Ambiente. 2.Desernvolvimento sustentável. I. Freitas, I. Freitas, Ilcleidene Pereira de. II. Título. RN/UNP/BCRF CDU: 331.108.4:65 Criação da Produção Apuena Vieira Gomes, Dra. Márcia de Paula Brilhante Portela Sbrussi, M.Sc. Organizadores Luciana Lopes Xavier, M.Sc. Marcos Aurélio Felipe, M.Sc. Coordenadora Pedagógica do NEaD Márcia de Paula Brilhante Portela Sbrussi, M.Sc. Coordenação Pedagógica para EaD Apuena Vieira Gomes, Dra. Coordenador de Produção de Material Didático Marcos Aurélio Felipe, M.Sc. Revisores de Linguagem em EaD Luciana Lopes Xavier, M.Sc. Marcos Aurélio Felipe, M.Sc. Tatyana Mabel Nobre Barbosa, Dra. Revisores de Língua Portuguesa Eliene Cunha Alves de Sena, M.Sc. Janaina Tomas Capistrano, Mestranda Projeto Gráfico Lúcio Masaaki Matsuno Capa Setor de Marketing - UnP Cyro Lucas Filgueira Souza, Colaboração Equipe de Diagramação Jádson Rodrigo Ferreira de Lima, Coordenador. Ana Beatriz Amorim da Câmara, Estagiária Cyro Lucas Filgueira Souza, Estagiário Danycelly Pereira da Silva, Estagiária Hellen Leal Jambor Nobre, Estagiária Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ConhECEnDo oS AutorES PROFESSOR(ES) AUTOR(ES) IRAN MARQUES DE LIMA Sou Graduado em Engenharia Química (UFRN), Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho (FAAP-SP), Mestre Engenharia da Produção (PEP-UFRN) e Doutorando em Engenharia Ambiental (PPGEQ-UFRN). Professor do Curso Adminis- tração de Empresas da Universidade Potiguar, ministro disciplinas relacionadas às áreas de Meio Ambiente, Elaboração e Análise de Projetos, e Organização Industrial. Atuo igual- mente como Consultor Empresarial nas áreas de Meio Ambiente e Gestão Industrial. ILCLEIDENE PEREIRA DE FREITAS Sou Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB – e Mestre em Economia Rural e Regional pela Universidade Federal de Campina Grande. Professora do Curso de Administração de Empresas da Universidade Potiguar, mi- nistro disciplinas das áreas de Economia e Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. 9 Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável EntEnDEnDo MEIo AMbIEntE Entender as grandes questões ambientais, suas causas e conseqüências em nosso ambiente sócio-econômico representa para você, caro aluno um momento de reflexão so- bre desenvolvimento e sustentabilidade. Investigando as origens das não-conformidades geradoras de interferências ao meio ambiente, pretendemos aguçar no estudante o posicionamento crítico que esperamos ser essencial no desenvolvimento de uma postura proativa relativa à causa ambiental. Discutindo ferramentas de conformidade ambiental, buscamos fornecer ao profis- sional em formação condições para que ele exerça com eficiência o seu papel como efetivo ator nesse processo de transformação da sociedade. Finalmente, discutir a questão ambiental no meio empresarial, nos leva a refletir e nos possibilita contribuir para uma mudança de posicionamento que desloque o trato des- sas questões da condição de ameaça à existência da empresa, para um efetivo instrumento de diferenciação competitiva das organizações. Este Módulo de estudos está dividido em dez (10) Momentos, cada um abordando um tema/parte de um tema específico, equivalendo a quatro horas/aula (04 h/a) semanais. A carga horária total da disciplina é de quarenta horas/aula (40 h/a). Os Momentos são compostos, predominantemente, de explanação do assunto-objeto de aprendizagem, se- guida de uma proposta de atividade, para prática do conteúdo visto. Esperamos que você perceba, através dos temas discutidos e das atividades realiza- das em cada Momento de estudo, a importância e a utilidade desta disciplina para a sua vida pessoal, estudantil e profissional. Desde já, desejamos a você uma boa leitura e um ótimo aprendizado. 11 Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável 1 IDEntIFICAÇÃo MODALIDADE: a Distância DISCIPLInA: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável PROFESSOR: Iran Marques de Lima e Ilcleidene Pereira de Freitas PROFESSOR TUTOR: CArGA horÁrIA MoMEntoS A DIStÂnCIA MoMEntoS PrESEnCIAIS totAL 32H 8H 40H 2 EMEntA Introdução ao estudo do Meio Ambiente. Noções gerais sobre problemas ambientais, impactos, práticas sustentáveis, Agenda 21, conformidade e legislação ambiental. Estudos sobre o processo de interação entre o homem e a meio ambiente. 3 obJEtIVoS Geral Conhecer as relações de interferência da questão ambiental no atual cenário de econo- mia globalizada, e sua influência na competitividade das organizações de manufatura e serviços. Específicos • Conhecer as origens das atividades impactantes ao meio ambiente, e como elas pro- piciam as grandes questões ambientais que interferem no contexto da sociedade. • Examinar as principais ferramentas de conformidade disponíveis para a obtenção das boas práticas ambientais. • Identificar os principais instrumentos legais a serem utilizados para a obtenção da conformidade ambiental na interação entre as organizações produtivas e a sociedade. PLAno DA DISCIPLInA 12 Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável 7 ProCEDIMEntoS DE AVALIAÇÃo A avaliação será contínua, através do acompanhamento sistemático do desempenho do aluno (a) nas atividades propostas. Também será aplicado um exame avaliativo geral ao término de cada Unidade de estudos. 5 ProCEDIMEntoS MEtoDoLÓGICoS Nesta disciplina, adota-se o método do atendimento à distância (via Internet), em que o (a) aluno(a)-cursista fará individualmente as leituras e as tarefas propostas em cada Momento de estudo, obedecendo aos critérios estabelecidos. Caberá ao (à) Professor(a)- Tutor (a), o acompanhamento do aluno (a) através da rede virtual, fornecendo-lhe os esclarecimentos e as instruções convenientes, bem como prescrevendo-lhe qualquer outra atividade extra que se fizer necessária. 6 AtIVIDADES DISCEntES • Ler a exposição teórica do tema em pauta. • Resolver as atividades propostas. • Realizar as consultas sugeridas e as demais tarefas solicitadas.4 ContEÚDo ProGrAMÁtICo UNIDADE I • Sensibilização ambiental.Sensibilização ambiental. • As grandes questões ambientais. • Meio ambiente como instrumento de competitividade e responsabilidade social corporativa. • A Agenda 21 • Práticas Sustentáveis. UNIDADE II • A Gestão Ambiental – conceitos. • A Gestão Ambiental – mecanismos e ferramentas. • Análise de Ciclo de Vida. • Direito e legislação ambiental. 13 Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável o CAMInho UNIDADE I PRIMEIRO MOMENTO SEnSIbILIzAÇÃo AMbIEntAL 15 1 Por QuE APrEnDEr 18 2 o QuE APrEnDEr 18 3 rELEMbrAnDo 4 o QuE FAzEr 5 PArA SAbEr MAIS onDE EnContrAr SEGUNDO MOMENTO AS GrAnDES QuEStõES AMbIEntAIS 31 1 Por QuE APrEnDEr 18 2 o QuE APrEnDEr 18 2.1 O CRESCIMENTO POPULACIONAL 2.2 A CHUVA ÁCIDA 2.3 A REDUÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS 2.4 O EFEITO ESTUFA 2.5 A DESTRUIÇÃO DA COBERTURA VEGETAL 2.6 A POLUIÇÃO 2.7 O PROBLEMA DA ESCASSEZ DE ÁGUA 3 rELEMbrAnDo 4 o QuE FAzEr 5 PArA SAbEr MAIS onDE EnContrAr TERCEIRO MOMENTO ConForMIDADE AMbIEntAL CoMo MECAnISMo DE CoMPEtItIVIDA- DE E rESPonSAbILIDADE SoCIAL CorPorAtIVA 47 1 Por QuE APrEnDEr 18 2 o QuE APrEnDEr 18 2.1 O NOVO CENÁRIO DE NEGÓCIOS 2.2 A EMPRESA COMO INSTITUIÇÃO SOCIOPOLÍTICA 2.3 DISCUTINDO RESPONSABILIDADE SOCIAL 2.3.1 Evoluindo para a conscientização social 2.3.2 A variável ambiental na empresa 2.3.3 A discussão na empresa 2.3.4 A repercussão na empresa 14 Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável 2.4 OS INSTRUMENTOS DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL 3 rELEMbrAnDo 4 o QuE FAzEr 5 PArA SAbEr MAIS onDE EnContrAr QUARTO MOMENTO A AGEnDA 21 65 1 Por QuE APrEnDEr 18 2 o QuE APrEnDEr 18 2.1 ESTRUTURA DA AGENDA 21 2.1.1 Modelo de desenvolvimento versus estilo de desenvolvimento 2.2 A CONSTRUÇÃO DA AGENDA 21 BRASILEIRA 3 rELEMbrAnDo 4 o QuE FAzEr 5 PArA SAbEr MAIS onDE EnContrAr QUINTO MOMENTO PrÁtICAS SuStEntÁVEIS 83 1 Por QuE APrEnDEr 18 2 o QuE APrEnDEr 18 2.1 COLETA SELETIVA 2.2 RECICLAGEM 2.3 LOGÍSTICA REVERSA 3 rELEMbrAnDo 4 o QuE FAzEr 5 PArA SAbEr MAIS onDE EnContrAr UNIDADE II SEXTO MOMENTO GEStÃo AMbIEntAL: ConCEItoS 101 1 Por QuE APrEnDEr 18 2 o QuE APrEnDEr 18 2.1 CONTROLE DA POLUIÇÃO 2.2 CONTROLE DA POLUIÇÃO 2.3 ABORDAGEM ESTRATÉGICA 3 rELEMbrAnDo 4 o QuE FAzEr 5 PArA SAbEr MAIS onDE EnContrAr 15 Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável SÉTIMO MOMENTO GEStÃo AMbIEntAL: FErrAMEntAS E MECAnISMoS 115 1 Por QuE APrEnDEr 18 2 o QuE APrEnDEr 18 2.1 O PROGRAMA DE ATUAÇÃO RESPONSÁVEL 2.2 ATUAÇÃO RESPONSÁVEL - PRINCÍPIOS DERIVATIVOS 2.3 O PROGRAMA DA SÉRIE ISO 14.000 2.4 REQUISITOS DO SGA 3 rELEMbrAnDo 4 o QuE FAzEr 5 PArA SAbEr MAIS onDE EnContrAr OITAVO MOMENTO ECoEFICIênCIA (ProDuÇÃo MAIS LIMPA) 135 1 Por QuE APrEnDEr 18 2 o QuE APrEnDEr 18 2.1 O QUE É PRODUÇÃO MAIS LIMPA? 2.2 P + L NO MUNDO - COMO SURGIU? 2.2.1 E no brasil, como estamos? 2.2.2 Abordagens P+L 2.2.3 Metodologia de P+L 2.2.4 Divisão do programa em etapas, tarefas e atividades 2.2.5 Etapas de implantação de um programa P+L 2.2.6 P+L na prática 3 rELEMbrAnDo 4 o QuE FAzEr 5 PArA SAbEr MAIS onDE EnContrAr NONO MOMENTO AnÁLISE DE CICLo DE VIDA DE ProDutoS 151 1 Por QuE APrEnDEr 18 2 o QuE APrEnDEr 18 2.1 DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO 2.1.1 buscando a padronização 2.1.2 Análise de ciclo de vida: fases do processo 2.1.3 Ferramentas de apoio à realização de ACV: métodos e programas computacionais 2.1.4 A análise de ciclo de vida como uma ferramenta para vários propósitos: tecnologias, sistemas e análises de serviços 2.1.5 Aplicação do ACV ao gerenciamento ambiental 2.1.6 Limitações da ACV 2.1.7 Desenvolvimento da ACV, evoluções de técnicas e associações com outras ferramentas 16 Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável 2.1.8 Produtos verdes 3 rELEMbrAnDo 4 o QuE FAzEr 5 PArA SAbEr MAIS onDE EnContrAr AnEXo DÉCIMO MOMENTO DIrEIto E LEGISLAÇÃo AMbIEntAL 167 1 Por QuE APrEnDEr 18 2 o QuE APrEnDEr 18 2.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS 2.2 POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 2.3 A COMPETÊNCIA ESTADUAL 2.3.1 os conselhos estaduais 2.3.2 Instrumentos de conformidade 2.4 QUEM DEVE SE LICENCIAR? 2.5 ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL - RELATÓRIOS DE IMPACTO SOBRE O MEIO AMBIENTE 9EIA/RIMA) 2.6 COMPETÊNCIA DO IBAMA 2.6.1 Empreendimentos e atividades 2.6.2 Competência de órgão estadual do meio ambiente 2.6.3 Competência do órgão municapal do meio ambiente 2.7 A PROMOTORIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE 3 rELEMbrAnDo 4 o QuE FAzEr 5 PArA SAbEr MAIS onDE EnContrAr rEFErênCIAS 19 Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável PR IM EI RO M O M EN TO 20 Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável PRIMEIRO MOMENTO Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 21Anotações PRIMEIRO MOMENTO SEnSIbILIzAÇÃo AMbIEntAL 1 Por QuE APrEnDEr Pensar o meio ambiente é pensar na própria condição de exis- tência de vida no planeta, pois meio ambiente é tudo que nos cerca e que nos possibilita desenvolver. A construção desse desenvolvimento parte do princípio de que necessitamos de recursos naturais, renováveis e não-renováveis, para se atender e melhorar a qualidade de nossas vidas. Nesse sentido, no nosso primeiro Momento, você encontrará uma evolução da questão/problema ambiental, tendo como marco a Revolução Industrial e de como suas decorrências têm influenciado na construção do que se convencionou chamar de desenvolvimento sus- tentável. O nosso objetivo, com essa construção históricada degrada- ção ambiental, é que você fique sabendo que há muito tempo a relação dos seres humanos com o meio ambiente deixou de ser harmoniosa e configura-se cada vez mais nociva. Os problemas ambientais cada vez mais fazem parte do nosso cotidiano e isso é bastante perceptível, não é mesmo? Basta ligar a TV, abrir uma revista ou “passear” pela Internet que eles estão lá. Algumas vezes, basta olharmos pela janela de nossas casas, que nos deparamos com lixos nos terrenos baldios, com poluições visuais e tantas outras. Nesse contexto, justifica-se o estudo da questão ambiental como um primeiro passo no processo de conscientização e de construção de ferramentas pelos profissionais/cidadãos na busca de uma sociedade mais sustentável. 2 o QuE APrEnDEr Desde que passamos a utilizar os recursos naturais para atender- mos nossas necessidades, o que já acontece há milhões de anos, a natu- reza vem sofrendo suas conseqüências. No princípio dessa utilização, a produção era artesanal (feita à mão), portanto, lenta, assim dava tempo do meio ambiente, do qual foi extraído o recurso, se recompor. Lem- bre-se, também, de que no início dos tempos, nós, seres humanos, não passávamos de poucos grupos com pequena capacidade de interferência no meio ambiente. Por exemplo, nos agrupávamos em Clãs, primeira forma de organização da sociedade. O progresso das civilizações tem se baseado nos meios extra- ídos da natureza para atender uma escala de necessidades cada vez mais crescente. Entre esses meios, as fontes de energias passaram a ser Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 22 Anotações PRIMEIRO MOMENTO determinantes na conquista desse desenvolvimento e, conseqüente- mente, em sua manutenção. Logo a seguir, você encontrará um quadro explicando alguns dos principais conceitos que serão utilizados no decorrer de nossos Momentos. Com a Revolução Industrial, as primeiras fábricas utilizavam a for- ça das águas para gerar energia e produzir mercadorias. Com a introdução do carvão como matriz energética, libera-se as unidades de produção (fá- bricas) para se instalarem onde o “capitalista empreendedor” deseja e onde for mais lucrativo, dessa forma as fábricas não estavam mais sujeitas às con- dições naturais para sua instalação, tais como a existência de quedas d’água, mas sim onde as condições necessárias à produção pudesse ser encontradas a baixo custo, o que possibilitou o crescimento dos centros urbanos. Crescimento Econômico Aumento da capacidade produtiva da economia e, portanto, da produção de bens e serviços de determinado país ou área econômica. É definido basicamente pelo índice de crescimento anual do Produto Nacional Bruto (PNB) per capita (SANDRONI, 2001). Desenvolvimento Econômico Aumento do PNB per capita acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações fundamentais na estrutura de sua economia (SANDRONI, 2001). Progresso Processo de mudança que seria impulsionado pelo desenvolvimento tecnológico e conduziria, entre outros aspectos, ao crescimento da riqueza socialmente produzida e a sua distribuição mais eqüitativa entre os indivíduos (SANDRONI, 2001). ConCeitos Também conhecida como padrão energético, diz respeito à utilização em larga escala de um recurso como fonte de energia que propicia a geração de bens e serviços. Historicamente, o ser humano tem feito uso, por exemplo, do carvão, durante o período da Revolução Industrial e depois, na nossa era, do petróleo. ConCeito de Matriz energétiCa Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 23Anotações PRIMEIRO MOMENTO A mudança na fonte de energia da queda d’água para o carvão provocou a destruição de muitas florestas, principalmente na Inglater- ra, berço da Revolução Industrial. A partir dessa revolução, a produção deixa de ser artesanal e passa a ser manufatureira, isto é, sai simples- mente a mão-de-obra e entra o emprego das máquinas, o que acelera a produção e, conseqüentemente, a utilização dos recursos passa a ser cada vez maior. A criação de máquinas de fiar (tecidos) e posteriormen- te o uso da máquina a vapor revolucionaram o processo de produção (RIZZO ; PIRES, 2005). Rizzo e Pires (2005) afirmam que o aparecimento do motor a vapor possibilitou o desenvolvimento tecnológico no processo produ- tivo, pois não mais dependia da roda d’água. O trabalho especializado, iniciado pela produção manufatureira, foi intensificado pela introdução de máquinas-ferramentas e como a nova fonte energética exige equipa- mentos mais resistentes, a indústria siderúrgica se desenvolveu rapida- mente, e simultaneamente, a indústria metal-mecânica também. Perceba que, desde a Revolução Industrial até o século XXI, o processo de produção de mercadorias é determinado pela evolução tec- nológica decorrente de cada estágio energético adotado e que termina, por um período de tempo, tornando-se hegemônico. Foi assim com o carvão e ainda é assim com o petróleo. Observe que na Revolução Industrial (meados do século XVIII) é que vão surgir o que hoje se conhece como problemas ambientais. Para você ter uma idéia, no pós-revolução industrial, o número de substân- cias sintetizadas e tóxicas lançadas no meio ambiente passa hoje de 10 milhões e o que mais impressiona é que esse número não para de crescer em função do nosso próprio desenvolvimento (BARBIERI, 2004). Associado à Revolução Industrial, podemos destacar como pro- blemas ambientais: crescimento desordenado das cidades o processo de industria- lização atraiu grande parte da população rural para os centros urbanos, os quais passaram a se desenvolver em torno das fá- Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 24 Anotações PRIMEIRO MOMENTO bricas. Como conseqüência, gerou-se uma densidade popu- lacional nas cidades que, associada ao crescimento vegetativo da população, aumentou a demanda por alimentos; inchaço urbano fez com que a população pobre construisse suas casas em áreas de risco, como em morros (favelas), mar- gens de rios (palafitas) ou assoreando os rios; poluição do ar, em função das chaminés das fábricas, das águas e do solo pela ausência de tratamento dos resíduos quí- micos utilizados na produção etc; crescente acúmulo de lixo doméstico e industrial e sua incor- reta disposição final; desmatamento e desertificação. O primeiro em função da necessidade de matérias-primas para a produção em larga es- cala; o segundo, pela necessidade de se gerar alimentos, tanto para atender a uma crescente população como a uma política econômica centrada num modelo exportador de produtos agrícolas: o uso de agrotóxicos e de técnicas de cultivo agres- sivas ao solo provocou erosão e evoluiu para perda total da fertilidade da terra; surgimento do buraco na camada de ozônio – , a qual prote- ge a Terra da radiação utravioleta do sol; desperdício da água, o que tem gerando um processo de escassez. A percepção de que o desenvolvimento causava impactos so- bre o meio ambiente deu-se de forma muito lenta e quase que iso- lada por parte de algumas nações. Assim, os problemas ambientais foram tratados a princípio de forma isolada, embora a ação humana ao modificar um ecossistema termine por desencadear alterações em toda uma cadeia de vida. Então, surgiram os primeiros acordos para preservação da fauna e da flora. Uma das primeiras vozes a questionar a interação homem/ meio ambiente foi rachel Louise Carson, escritora, cientista e ecologista norte-americana, nascida em 1907 na cidade rural de Springdale, Pensilvânia. Devemos a ela o livro que marcou o início da revolução ecológica nos Estados Unidos: the Silent Spring (A Primavera Silenciosa), o qual traz uma série de advertências sobre o meio ambiente. Ainda hoje, a obra é considerada uma das maisdesafio Você poderia identificar alguns desses problemas na sua cidade? Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 25Anotações PRIMEIRO MOMENTO importantes do século, ajudando a desencadear uma mudança de postura dos EUA e de outros países do mundo em relação aos pes- ticidas e poluentes. O processo de conscientização foi e ainda é muito lento no que diz respeito aos problemas que envolvem o meio ambiente, mas pode- se destacar a década de 70 como extremamente rica no que se refere às discussões em escala mundial da questão ambiental. A expansão do modelo de produção em escala planetária tem su- citado muitos debates quanto à sustentabilidade desse modelo de desen- volvimento capitalista baseado numa matriz energética não-renovável. Um dos principais eventos ocorridos na década de 70 foi o que ficou conhecido como Clube de Roma (1972), cujo caráter era pessi- mista, defendia o crescimento zero das nações, o que consiste, na verda- de, em parar de crescer, pois alegava-se que se continuasse a tendência de crescimento econômico mundial, a exaustão dos recursos dar-se-ia no limite de cem anos. reflexão O homem é parte da natureza e sua guerra contra a natureza é inevitavelmente uma guerra contra si mesmo... Temos pela frente um desafio como nunca a humanidade teve, de provar nossa maturidade e nosso domínio, não da natureza, mas de nós mesmos. (Rachel Carson) reflexão Parar de crescer significa que os países desenvolvidos (ricos) devem parar de crescer e de se desenvolver, mas para os países em desenvolvimento significa não mais poder chegar ao status de país desenvolvido. Os países subdesenvolvidos foram, extremamente, contra essa abordagem preservacionista do meio ambiente, pois queriam o direito de explorar seus recursos naturais, industrializar-se, ge- rar bens e serviços para sua população e, portanto, ser um país desenvolvido. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 26 Anotações PRIMEIRO MOMENTO E NO BRASIL? Infelizmente, nosso processo de desenvolvi- mento não foi muito diferente do restante do mundo, centramos nossa industrialização numa matriz energética e num recurso natural A partir da Conferência de Estocolmo, em 1972, e do surgi- mento do conceito de ecodesenvolvimento, em 1973, por Maurice Strong, e caracterizado em 1974 por Ignacy Sachs, é que se associa a idéia de um estilo de desenvolvimento que leva em consideração a variável ambiental. Nessa mesma década, o movimento ambientalista tomava corpo e forma na Europa. Na Inglaterra, no ano de 1973, para você ter uma idéia, foi criado o primeiro partido político identificado com as causas do meio ambiente (Ecology Party). Esse tipo de com- portamento, que se preocupa com as questões ambientais, expandi- se rapidamente para a América do Norte, América do Sul, Austrália, Japão entre outros (ROMEIRO, 2003). desafio Quando você tomou consciência da problemática ambiental? Refere-se à preservação dos recursos naturais sem deles fazer uso para a geração de bens e serviços. ConCeito de abordageM PreservaCionista Desenvolvimento que leva em consideração a utilização e preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral. Sendo necessário para tanto, a aceita- ção das necessidades básicas da população e o comprometimento com as gerações futuras, a partir de programas educacionais e de um elaborado sistema social que garanta emprego, segurança so- cial e respeito a outras culturas. ConCeito de eCodesenvolviMento Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 27Anotações PRIMEIRO MOMENTO Por sua vez, a construção do pensamento ambiental no Bra- sil foi um caso a parte. É do conhecimento de todos que na década de 70 vivíamos sob um Regime Militar – em uma ditadura, na qual a livre expressão do pensamento era considerada ato criminal. Em meio a tudo isso, surgiu em Porto Alegre a “Associação Gaú- cha de Proteção ao Ambiente Natural” (AGAPAN), sob a coorde- nação de José Lutzemberger. Em 1979, com a volta de lideranças políticas, intelectuais e artistas, exilados pela ditadura e abrigadas em diversos países, acabou-se por absorver um conhecimento pós- materialista (atribuição de valor, qualidade, à natureza, ao que se está consumido e como se está vivendo) o qual ajudou a difundir o pensamento ambientalista no Brasil. não-renovável: o petróleo. De acordo com Rizzo e Pires (2005), a utilização em larga escala do uso de petróleo e de seus derivados pro- vocou um aumento na produção de bens de consumo nunca visto na história da humanidade. Gerou-se como conseqüência do nos- so progresso e desse crescimento econômico uma distância enorme entre ricos e pobres, pois o crescimento não veio acompanhado de um desenvolvimento social. O Brasil possui a segunda pior concen- tração de renda do mundo. Somos vice-campeões em desigualdade social (o campeão é um país do continente africano que se encontra em guerra civil há mais de 10 anos: Serra Leoa). saiba Que José Lutzemberg – ex-Ministro do Meio Ambiente, Agrônomo e escri- tor. Um dos seus primeiros livros foi “Fim do futuro? Manifesto Ecológico Brasileiro”, considerado uma referência na questão ambiental no Brasil. recursos renováveis São aqueles que a natureza consegue regenerar, através de seus processos. recursos não-renováveis São aqueles que existem em uma quantidade fixa no planeta para uso do ser humano, embora a natureza consiga reno- vá-los em milhões de anos. Convencionou-se chamá-los de não-reno- váveis, pois a escala temporal de vida do ser humano não nos permite esperar essa renovação. ConCeitos Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 28 Anotações PRIMEIRO MOMENTO saiba Que Se você nunca ouviu falar do navio Exxon Valdez, garanto que conhece a empresa ExxonMobil, que atua no mundo inteiro sob a marca ESSO. Você não precisa ir muito longe para saber as conseqüências da falta de cuidado com relação às práticas das empresas para com o meio ambiente. No Brasil, por exemplo, tivemos vários incidentes associados a Baía da Guanabara, no estado do Rio de Janeiro. Além de derramamen- tos de petróleo, relatórios indicam contaminação com Poluentes Orgâ- nicos Persistentes (POPs) e metais pesados em suas águas, sem contar esgotos domésticos (GREENPEACE, 2005a). É importante, observar é que, para se difundir no Brasil, o pensamento ambientalista teve que incorporar outros posiciona- mentos, como a melhoria em habitação, saneamento, saúde etc., além dos da vertente ambiental, posto que não se conseguia ade- sões às causas que se enfatizava exclusivamente ambientais, como a preservação dos mangues e das florestas. Assim, incorporou-se ao movimento reivindicações por uma melhor qualidade de vida das populações urbanas e rurais, sempre buscando fazer associações entre a qualidade de vida e o uso dos recursos naturais, o que cul- minou, com a criação do Partido Verde em 1986. Em meio a tudo isso, ocorria no mundo uma série de acidentes ambientais que colocam em alerta a população de um modo geral. Certamente, você já ouviu falar do desastre ecológico, que ocorreu na costa do Alasca, provocado pelo vazamento de 41 mi- lhões de litros de petróleo do navio Exxon Valdez no final da década de 80. Tal fato chamou a atenção de todo o mundo, pois constituiu- se numa catástrofe nunca vista até então. A empresa foi responsabi- lizada e multada em mais de US$ 5 bilhões pelos danos provocados (GREENPEACE, 2005). Vale salientar que a fauna e a flora, no momento em que esta aula está sendo elaborada, ainda não se recuperou por completo do ocorrido. E a empresa continua atuando livremente por todo o mundo. saiba Que Poluentes orgânicos Persistentes (PoPs) – causam efeitos graves ao meio ambiente e tendem a aumentare acumular ao longo da cadeia alimentar. Ex: vegetais peixes a homens a filhos ... e segue. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 29Anotações PRIMEIRO MOMENTO A partir da divulgação do Relatório Brundtland, de 1987, o mundo passa a conhecer o conceito de desenvolvimento susten- tável, que tem nas suas bases o atendimento das necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade das próximas gerações de atenderem suas próprias necessidades. Isso implica em utilizar os recursos naturais, base da produção de bens e serviços, de forma cada vez mais racional. Implica também precisar termos, como, por exemplo: o que é exatamente necessidade; de que forma se irá atender essas necessidades; como será a racionalidade dos re- cursos (FREITAS, 2002). Diante da constatação de que a capacidade de carga (suporte de pessoas e de geração de recursos de que se dispõe) do planeta Terra não poderá ser ultrapassada sem que ocorram grandes catástrofes ambien- tais, Romeiro (2003) advoga que é preciso criar o quanto antes as con- dições socioeconômicas, institucionais e culturais que estimulem não apenas um rápido progresso tecnológico, como também uma mudança em direção a padrões de consumo. É com essa intenção que surge a Agenda 21, que será objeto de estudo num próximo Momento. reflexão e desafio Não é loucura o ser humano destruir o que precisa para sobreviver? Nós poluímos a água que precisamos para beber; poluímos o ar que respiramos... Não estamos aos poucos suicidado-nos? Pense sobre isso e produza um texto com suas reflexões. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 30 Anotações PRIMEIRO MOMENTO 3 rELEMbrAnDo 4 o QuE FAzEr Seria possível identificar quais dos problemas ambientais cita- dos neste Momento existem em sua cidade? E quais problemas, que não foram citados, caracterizam sua cidade/região? 5 PArA SAbEr MAIS BURSZTYN, Marcel. Para pensar o desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994. SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2000. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 31Anotações PRIMEIRO MOMENTO Nestes livros, você irá encontrar todo o processo de construção metodológico e interdisciplinar pelo qual passou a construção do con- ceito de desenvolvimento sustentável. ECONOMIA net. Conceito de desenvolvimento sustentável. Dis- ponível em: <http://www.economiabr.net/economia>. Acesso em: 20 out. 2005. CULTURA Brasileira. revolução industrial. Disponível em: <http://www.culturabrasil.pro.br/revolucaoindustrial.htm> Acesso em: 20 out. 2005. GESTIOPOLIS. A reorganização do trabalho no mundo do traba- lho. Disponível em: <http://www.gestiopolis.com/recursos/documen- tos/fulldocs/rrhh/trabalho.htm>. Acesso em: 20 out. 2005. GREENPEACE. o pior desastre químico da história. Disponível em: <http://greenpeace.org.br/toxicos/?conteudo_id=435&content=1>. Acesso em: 30 set. 2005. Nesses sites bem distintos você vai encontrar, respectivamente, uma abordagem sobre o conceito de desenvolvimento sustentável, um resumo do que foi a Revolução Industrial e o fator trabalho, enquanto mão-de-obra, uma análise histórica e inúmeras reportagens a respeito dos grandes desastres ecológicos ocorridos no mundo e no Brasil. ERIN BROCKOVICH, uma mulher de talento. Direção de Ateven Soderbergh. Produção de Danny De Vito. EUA: Jersey Films, 2000. 1 DVD. Filme estrelado pela atriz Julia Roberts, que trabalha numa agência de advogados e resolve investigar a contaminação da água por uma grande empresa numa pequena cidade. Este filme dar-lhe-á a noção do impacto causado ao meio ambiente e, conseqüentemente, à vida das pessoas pelos desastres ecológicos. onDE EnContrAr BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004. FREITAS, Ilcleidene P. o desenvolvimento sustentável da agricultura fami- liar sob condições adversas: o caso da comunidade de Caxeiro, em Juarez Tá- vora, PB. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da Paraíba, 2002. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 32 Anotações PRIMEIRO MOMENTO GrEEnPEACE. baía da Guanabara é envenenada pela indús- tria: relatório do Geenpeace expõe responsabilidade industrial na contaminação do cartão-postal carioca. Disponível em:<http:// www.geenpeace.org.br/toxicos/?conteudo_id=435&content=1>. Acesso em: 30 set. 2005a. GrEEnPEACE. Desastre do Exxon Valdez uma contínua histó- ria de mentiras. Disponível em: <http://greenpeace.org.br/oceanos. php?conteudo_id=1132>. Acesso em: 30 set. 2005b. ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Economia ou economia política da sus- tentabilidade. In: MAY, Peter H; LUSTOSA, Maria Cecília; VINHA, Valéria da. Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de Ja- neiro: Elsevier, 2003. RIZZO, Luis Gustavo Pascual; PIRES, Marcos Cordeiro. A questão energética: da exaustão do modelo fóssil ao desafio da sustentabilidade. revista de economia e relações internacionais, São Paulo, v. 3, n. 6, p. 88-103, jan. 2005. SANDRONI, Paulo. novíssimo dicionário de economia. 6. ed. São Paulo: Editora Best Seller, 2001. 33 Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável PRIMEIRO MOMENTO 35 Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável SE G U N D O M O M EN TO 36 Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável SEGUNDO MOMENTO Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 37Anotações SEGUNDO MOMENTO 1 Por QuE APrEnDEr No Momento anterior você passou a conhecer a problemática ambiental a partir do seu contexto histórico. Foi discutido ainda de que maneira as atividades produtivas interferem no meio ambiente, geran- do os aspectos ambientais capazes de originar os impactos ambien- tais nem sempre danosos, mas reconhecíveis. Neste Momento, discutiremos a dualidade aspecto/impacto ambiental como uma relação causa/efeito, ou seja, o aspecto am- biental causa conseqüente impacto. Sua aplicabilidade será discuti- da em detalhes posteriormente, no Quinto Momento. Evoluiremos assim para discutirmos as grandes questões ambientais, os aspectos geradores de impactos modificadores ao meio ambiente, suas causas e conseqüências. Entendemos relevante a análise das questões, anteriormente dispostas, a partir dos seguintes argumentos: • conhecer as grandes questões ambientais do nosso meio am- biente, contribuindo para criar no cidadão uma postura pro- ativa relativa à causa ambiental; • entender que o processo gerador de impactos ambientais nos torna, tanto no ambiente social ou corporativo, responsáveis e solidários com a difusão da discussão sobre sustentabilida- de e os seus mecanismos. Assim, iniciaremos a nossa discussão do Segundo Momento. 2 o QuE APrEnDEr As questões ambientais passíveis de causar modificação no nosso meio ambiente e, conseqüentemente, interferir no nosso cotidiano, caro aluno, re- presentam um tema de amplitude global. O homem interfere sobre o meio que o cerca desde os primórdios da evolução. Mas, como vimos no Primeiro Momento, a partir do advento da revolução industrial, a atividade produtiva organizada passou a gerar impactos ambientais, por sua capacidade de gerar substâncias potencialmente nocivas, numa velocidade maior que a capacidade do ecossistema se recompor. Assim, se configura uma equação desequilibrada – a capacidade de depuração do planeta é menor que o ritmo de modificação imposto pela sociedade industrial, nos termos atualmente estabelecidos. AS GrAnDES QuEStõES AMbIEntAIS Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 38 Anotações SEGUNDO MOMENTO Desta forma, defrontamo-nos com uma evidente situação de comprometimento do equilíbrio que, caso não seja restabelecido, com- promete asustentabilidade do planeta. Portanto, caro aluno, a seguir discutiremos as principais causas des- te desequilíbrio e as formas de atenuação e/ou eliminação dos seus efeitos. 2.1 O CRESCIMENTO POPULACIONAL Entre 500 a.C. e 1.700 d.C., ou seja, durante 2.200 anos, a po- pulação do planeta sempre esteve abaixo de 500 milhões de habitantes. Com a revolução industrial houve a evolução da ciência, a qual permi- tiu uma vida mais longa para a humanidade. Como conseqüência disso, a população, nos últimos 300 anos, cresceu de forma muito rápida, o que sem dúvida colaborou para o comprometimento dos recursos natu- rais e para a degradação das águas, ar e solo (CNTL, 2003). A partir de meados do século 18, a população humana iniciou um processo de migração para os centros urbanos, acarretando pro- blemas dos mais variados, tais como a falta de saneamento básico, de abastecimento de água e de coleta do lixo, fatores estes que representam altos riscos para a saúde, e são fatores de degradação do meio ambiente das cidades. Somam-se a estes a deficiência no abastecimento de água e no tratamento de esgotos, além dos cada vez mais escassos espaços disponíveis para a disposição do lixo. O cenário é preocupante. Pesquisa desenvolvida pelo Population Reference Bureau, organização não-governamental sediada nos Estados Unidos, no ano de 2001, nos remete a uma evolução do crescimento populacional como a disposta, a seguir, na Figura 1: Figura 1 – Crescimento da população mundial Fonte: Population Reference Bureau and United Nations, 2001. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 39Anotações SEGUNDO MOMENTO A partir dos dados dispostos na figura anterior, vemos que a espécie humana levou 1.800 anos para atingir o primeiro bilhão de ha- bitantes. O fenômeno da aglomeração urbana, anteriormente descrito, passou a alterar drasticamente este quadro, até o final do Século XX quando foram necessários apenas 12 anos para evoluirmos do quinto para o sexto bilhão de habitantes, em termos populacionais. Notamos uma previsão de diminuição no ritmo de aumento da população, na virada do milênio. Países do norte da Europa e da Europa Central já reduziram drasticamente o seu ritmo de crescimen- to populacional, contribuindo para tornar menos sombrio o cenário futuro. Mas, ainda há muito a fazer, pois o crescimento demográfico cresce de forma inversamente proporcional aos principais indicadores de desenvolvimentos vigentes, fato que contribui sobremaneira não so- mente para a perpetuação, mas a ampliação das desigualdades existentes entre os países, tornando-se assim mais um foco de exclusão social de suas populações. Por exemplo, tratando-se da questão ambiental, a quantidade de resíduos gerados por uma sociedade está diretamente ligada ao seu estado de desenvolvimento. Mostramos assim que nem sempre determinados indicadores são passíveis de orgulho para uma sociedade. Trataremos com mais detalhes desta discussão no Quarto Momento – Práticas sustentáveis. Discutir a questão do crescimento populacional nos remete à geração de outros aspectos ambientais a serem tratados a seguir. 2.2 A CHUVA ÁCIDA O termo chuva ácida foi usado pela primeira vez por Robert Angus Smith, químico e climatologista inglês. Ele usou a expressão para descrever a precipitação ácida que ocorreu sobre a cidade de Manchester no início da Revolução Industrial. Com o desenvolvimento e o avanço industrial, os problemas inerentes às chuvas ácidas têm se tornado cada vez mais sérios (SMITH, 2005). Um dos problemas das chuvas ácidas é o fato destas poderem ser transportadas através de grandes distâncias, podendo vir a cair em locais onde não há queima de combustíveis. Como vemos, poluição não tem pátria! Investigue na Internet relações entre crescimento popula- cional e pobreza, utilizando o site do DIEESE citado no item PArA SAbEr MAIS. PratiCando Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 40 Anotações SEGUNDO MOMENTO Entenda como o problema ocorre: a atividade produtiva necessita de energia para a sua operacionalização. Assim, utilizam-se de forma in- tensiva os combustíveis fósseis para esta finalidade. Esta fonte de energia tem como característica sempre presente residuais de nitrogênio e enxofre. Radicais químicos formados por estas substâncias atravessam diversos es- tados de oxidação na atmosfera e, em presença de umidade, geram ácidos em suspensão que, posteriormente, se precipitam em forma de chuva. Seus efeitos nocivos são os mais diversos: acidificação do solo, degradação de monumentos históricos, modificação do ecossistema dos lagos e rios, degradação de florestas através da destruição de espé- cimes animais e vegetais menos resistentes com uma evidente perda da biodiversidade. A busca de alternativas para diminuir o problema representa uma área de permanente desenvolvimento científico e tecnológico, mas representa ainda um desafio para os governos e suas políticas públicas. Dentre as medidas/soluções possíveis, destacamos as seguintes: • incentivo ao uso de transporte coletivo, já que diminuindo-se o número de carros a quantidade de poluentes também diminui; • difusão do sistema de transporte metroviário, que por ser elétrico polui menos do que os veículos automotores; • priorizar a utilização de fontes de energia menos poluentes: energias hidrelétrica, geotérmica, utilização das marés, eólica (dos moinhos de vento), e nuclear (embora cause preocupa- ções para as pessoas, em relação a possíveis acidentes e para onde levar o lixo nuclear); • purificação dos escapamentos dos veículos: utilizar gasolina sem chumbo e implantar conversores catalíticos; • utilizar combustíveis com baixo teor de enxofre. 2.3 A REDUÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS O ozônio é um gás naturalmente existente na atmosfera. Subs- tância quimicamente instável, se localiza nas camadas superiores da at- mosfera, entre 25 e 30 quilômetros de altitude. Possui o tamanho e o desafio O que são combustíveis fósseis? Como são obtidos? Quais os passivos ambientais da sua exploração? Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 41Anotações SEGUNDO MOMENTO formato exatos para absorver a energia do Sol, que pode ser perigosa para nós, formando uma camada protetora à vida existente no planeta. Esse equilíbrio é rompido pela ação de algumas substâncias que o degradam. Os gases denominados Halocarbonos (CFCs, HCFCs, HFCs) destroem o ozônio, e são liberados pelas latinhas de spray aeros- sol (de desodorantes e inseticidas, por exemplo), geladeiras, aparelhos de ar condicionado e extintores de incêndio. O cloro livre, oriundo desses gases, reage com o ozônio, reduzindo-o a oxigênio molecular, eli- minando este escudo protetor natural. O acumulo da geração deste gás em determinadas regiões torna a camada protetora por demais tênue, permitindo quantidades significativas de radiações ultravioletas atingi- rem a superfície do planeta. As conseqüências dessa superexposição de radiação são as mais diversas e nefastas possíveis: queimam as plantações, destroem células vivas e podem provocar câncer de pele. A forma de remediar este efeito nocivo é a mais radical – a elimi- nação completa do HFCs do cenário produtivo mundial. A sua substitui- ção já está em andamento, contribuindo para a diminuição das emissões da ordem de 40% no período compreendido entre 1988 e 1992. O período de maior exposição à radiação ultravioleta é o compreen- dido entre 10 horas da manhã até 3 da tarde. Evite a exposição direta ao sol, nesse intervalo, sem protetor solar. saiba Mais 2.4 O EFEITO ESTUFA A atividade industrial, como já citamos anteriormente, é forte- mente suportada pela queima de combustíveis fósseis como fonte gera- dora de calor. Outro fator que agrava o problema são os desmatamen-Figura 2 – Exemplo de exposição a radiação ultravioleta Fonte: CNTL,2003 Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 42 Anotações SEGUNDO MOMENTO tos. O gás carbônico (CO 2 ), resíduo da queima, flui para as camadas elevadas da atmosfera, atuando como um manto protetor, permitindo a entrada do calor, mas não a sua eliminação. Assim, quantidades cada vez mais elevadas desse gás na atmosfera contribuem para o aumento indiscriminado da temperatura do planeta. O aumento de CO 2 na atmosfera tem sido significativo e, no pe- ríodo compreendido entre 1860 e 1989, ficou em torno de 30%; entre 1958 e 1989, em 9%. Se a quantidade de CO 2 dobrar, a média de tem- peratura da terra aumentará entre 3 a 4o C, e o nível dos oceanos será elevado de 60 centímetros a 1,2 metros, segundo se especula no meio acadêmico. Os maiores efeitos do aquecimento global são: os efeitos que a mudança climática causará na produção mundial de alimentos; mu- danças na agricultura (que alterarão a viabilidade econômica de produ- ção, bem como os níveis de emprego na agricultura (CNTL, 2003)). As figura 3, a seguir dispostas, ilustram o fenômeno Como forma de estabelecimento de uma estratégia conjunta para enfrentar o problema, estabeleceu-se o Protocolo de Kioto, um instrumento para implementar a Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Seu objetivo é que os países industrializados até 2008-2012 reduzam as emissões de gases que causam o efeito estufa em aproximadamente 5% abaixo dos níveis registrados em 1990. Importante ressaltar, no entanto, que os países assumiram di- ferentes metas percentuais dentro da meta global combinada. As partes (países) signatárias do documento poderão reduzir as suas emissões em nível doméstico, e/ou terão a possibilidade de aproveitar os chamados “mecanismos flexíveis” Comércio de Emissões, o Mecanismo de Desen- volvimento Limpo e a Implementação Conjunta (WWF, 2005). Figura 3 e 4 – Exemplo do efeito estufa Fonte: CNTL, 2003. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 43Anotações SEGUNDO MOMENTO fiQue ligado Como anda a adesão dos países a este protocolo? Qual a posição dos Estados Unidos da América, o maior poluidor do planeta? 2.5 A DESTRUIÇÃO DA COBERTURA VEGETAL Outro aspecto de fundamental importância, no panorama am- biental, é a retirada indiscriminada da cobertura vegetal original do meio ambiente. São diversos seus efeitos nocivos relativos ao ecossistema. O desmatamento é provocado por queimadas e derru- badas, e, agravado pelo mercado internacional de madeira. Suas conseqüências não ficam restritas ao local, podem afetar o plane- ta, pois promovem alterações climáticas, como o agravamento do efeito estufa, além de alterar o regime hídrico local e as caracterís- ticas do solo. Outro aspecto relativo às conseqüências do desmatamento é a perda da biodiversidade, um dos grandes patrimônios da humanidade. Estima-se que existam entre 5 a 10 milhões de espécies de organismos em todo o mundo, das quais ainda se conhece muito pouco, pois apenas 1,7 milhões foram identificadas. A grande maioria não vai ser estudada ou conhecida, pois se estima que entre 20% a 50% das espécies estarão extintas no início do próximo século. Estima-se que 74% a 86% das espécies animais e vegetais existentes vivem nas florestas tropicais. Hoje, um de cada três remédios brasileiros vem da floresta tropical. Este número ten- de a aumentar, pois apenas 3% das plantas foram estudadas. As florestas tropicais têm importância significativa na definição do clima e, caso elas desapareçam, ocorrerão alterações climáticas profundas (CNTL, 2003). Outra importante conseqüência da eliminação da cobertura vegetal é a degradação do solo. Ações humanas inadequadas estão se somando no sentido de trazer um desequilíbrio ambiental na gestão do uso do solo. Dentre elas, destacamos a disposição inadequada de lixo, que traz prejuízo não apenas para o solo como para as águas subterrâneas. Além disso, poucos municípios conseguem dispor seu lixo de forma adequada. Práticas inadequadas de agricultura também têm causado a diminuição do solo agriculturável, fato que, sem dúvida, trará pre- juízos a longo prazo, pois a formação do solo agrícola leva cerca de 500 anos. O desmatamento das margens dos rios, as queimadas e o uso intensivo de máquinas têm provocado a erosão, que colabora para a diminuição do solo agriculturável e o assoreamento dos rios. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 44 Anotações SEGUNDO MOMENTO 2.6 A POLUIÇÃO A poluição pode ser definida como a introdução, no meio am- biente, de qualquer matéria ou energia que venha a alterar as suas pro- priedades físicas, químicas ou biológicas, afetando, ou podendo afetar a “saúde” das espécies animais ou vegetais que dependem, ou tenham contato com o meio, ou que nele venham a provocar modificações físi- co-químicas nas espécies minerais presentes. Tomando como base a espécie humana, tal definição, aplicada às suas ações praticadas, levaria à conclusão de que todos os seus atos são poluidores; como respirar, por exemplo. A fim de que se estabelecessem limites para considerar o que, dentro do razoável, fosse considerado como poluição, foram estabelecidos parâmetros e padrões (GPCA - Meio Ambiente, 2005). Entende-se uma atividade como potencialmente poluidora, quando: • é reconhecida como nociva à saúde, à segurança e ao bem estar da população; • cria condições inadequadas de uso do meio ambiente para fins públicos, domésticos, agropecuários, industriais, comer- ciais e recreativos; • ocasiona dano à fauna, à flora, ao equilíbrio ecológico, a pro- priedades públicas, privadas e estéticas; • não esteja em harmonia com os arredores naturais. São fontes de poluição: • a poluição atmosférica, causa- dora ou agravante de doenças respiratórias; • a atividade industrial e a circulação rodoviária são os principais causadores da po- luição do ar. Pesquise acerca das espécies ameaçadas de extinção no nosso país e na nossa região. Discuta com seu tutor possíveis ações preservacionistas. ProCure saber Mais Figura 4 – Fontes de Poluição Fonte: CNTL, 2003. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 45Anotações SEGUNDO MOMENTO Poluição das águas, principais poluentes: • lixo industrial e doméstico; • agrotóxicos; • detergentes; • metais pesados; • petróleo. Poluição do solo • Os aterros sanitários das principais cidades do pla- neta estão saturados, ou em vias de saturação; • crescem as restrições para o licenciamento de novos aterros; • disposição ilegal de resíduos industriais devido aos custos elevados de disposição. 2.7 O PROBLEMA DA ESCASSEZ DE ÁGUA Vivemos no planeta água! A partir dessa afirmação, torna-se difícil entendermos a seguinte citação: A água limpa do planeta está prestes a assumir o papel que tinha o petróleo em 1973: uma commodity em crise, com potencial para lançar a economia mundial num estado de choque (CNTL, 2003, p.09). Vamos explicar melhor. Apesar de grande parte do planeta ser constituído de água, cerca de 97% está sob a forma de mares e oceanos, e 2% está armazenada nas calotas polares. Assim, nos resta apenas 1% de água doce disponível para uso. A água a ser utilizada pelo homem deve ter qualidade adequada, ou seja, não conter impurezas em níveis superiores ao padrão estabeleci- do para a sua utilização. Seu consumo varia em função de vários fatores: poder aquisitivo, hábitos, nível de educação sanitária da população, além do tipo de cidade e das suas características climáticas (MOTA, 1997). Mantidas a atual política de uso de água e as estimativas de crescimento populacional, a ONU - Organização das Nações Unidas, prevê o esgotamento do estoqueútil de água potável até 2025. Aliadas à previsível escassez de água, estão a má distribuição e a contamina- ção dos recursos hídricos. Hoje, cerca de 1,4 bilhões de pessoas não Figura 4 – Poluição das águas Fonte: CNTL, 2003. Figura 4 – Poluição do solo Fonte: CNTL, 2003. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 46 Anotações SEGUNDO MOMENTO tem acesso à água potável. A cada 8 segundos, morre uma criança por doença relacionada à contaminação hídrica, como disenteria e cólera, e 80% das enfermidades do mundo são contraídas por causa da água contaminada. Em relação ao desperdício, estima-se que no Brasil as perdas se- jam de 40% de água tratada, nos sistema de distribuição. A grande São Paulo desperdiça 10 m3 de água por segundo, o que poderia abastecer cerca de 3 milhões de pessoas por dia (Folha de São Paulo, 02/07/99). Sua captação ocorre de várias formas: • através do recolhimento de água da chuva, em cisternas; • mananciais subterrâneos, tais como fontes de encostas e poços; • mananciais superficiais, em rios, lagoas, e reservatórios artifi- ciais (açudes). Cremos ser de fácil entendimento que em face dos problemas ambientais, anteriormente descritos, (ocupação urbana, atividade in- dustrial, etc), a contaminação dos mananciais torna-se um problema concreto cuja solução terá custo efetivamente crescente. Ou seja, não vai faltar água, mas o processo de purificação para adequá-la ao uso se tornará cada vez mais caro. O que podemos fazer? A educação ambiental torna-se nova- mente um elemento primordial no sentido de sensibilizar a população da necessidade da promoção do uso racional da água e do papel do cidadão neste processo de mudança. Como se faz? Através de ações simples! Vejamos. • Comece na sua residência. Elimine os vazamentos. Admi- nistre e racionalize o uso da água em atividades como regar de jardins e lavar de veículos. Consolide os dados fornecidos mensalmente pela concessionária de serviços em planilha, acompanhe o seu consumo mensal, e o seu comportamento sazonal. Com essa ação simples, você poderá identificar facil- mente qualquer alteração no seu perfil de consumo; • No trabalho, racionalize o seu uso como qualquer insumo de fornecimento externo. Não é porque é captada em um poço ou em mananciais superficiais que a água deixa de ter valor financeiro. E o custo do seu tratamento para ade- quação ao uso? E o custo de reposição ao meio ambiente, sob a forma de efluente? • Finalmente, exercite a cidadania transmitindo estes concei- tos no seu ambiente social. Torne-se assim um elemento de mudança, para a difusão de boas práticas ambientais relativas ao uso deste verdadeiro bem de valor do século 21. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 47Anotações SEGUNDO MOMENTO O termo Afluente diz respeito ao local de captação de água para sua posterior utilização em um determinado processo de transformação, enquanto o termo Efluente está diretamente relacionado ao descarte das frações líquidas provenientes deste processo produtivo. saiba Mais • As grandes questões ambientais do nosso tempo, tem como base o crescimento da atividade produtiva. • O crescimento demográfico e o aumento das aglomerações urbanas contribuem sobremaneira para o agravamento deste quadro; • A educação ambiental emerge como um instrumento de conscientização da sociedade no trato destas questões, contribuindo para formar um cidadão proativo quanto ao trato adequado da conformidade ambiental na coletividade. 3 rELEMbrAnDo 4 o QuE FAzEr Este Momento foi bastante informativo para você, mas de que forma estas questões influenciam o seu cotidiano? Elabore uma relação destas interferências, citando como, no papel de cidadão, você pode exer- cer uma ação proativa no sentido de contribuir para melhorias. Envie este relatório para o seu tutor e discuta com ele as suas considerações. 5 PArA SAbEr MAIS FELLENBERG, G. Introdução aos problemas da poluição ambien- tal. São Paulo: EPU, 1998. Nesta obra, são descritos os efeitos dos fatores mais importantes da poluição ambiental: fatores de origem industrial, fatores devidos às práticas da pecuária, da medicina e da vida doméstica. CALDERONI, S. os bilhões perdidos no lixo. São Paulo: Humanitas Editora/FFLCH/USP, 1998. Nesta obra, o autor discute a problemática da disposição, apro- veitamento energético dos resíduos sólidos, e quantifica estas opções de gerenciamento. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 48 Anotações SEGUNDO MOMENTO CBDS-Disponível em: <http://www.cebds.org.br/cebds/>. Acesso em: 24 jan. 2006. Site do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimen- to Sustentável. CEBDS integra uma rede global de mais de 50 conselhos nacionais que estão trabalhando para disseminar uma nova maneira de fazer negócios ao redor do mundo. WWWF- Disponível em: <http://www.wwf.org.br/wwf/opencms/ site/list_news.jsp?channelId=91&newsChannelId=91>. Acesso em: 24 jan. 2005. Site do World Wildlife Fund (Fundo Mundial para a Natu- reza), tornou-se uma das mais respeitadas redes independentes de conservação da natureza. Dieese- Disponível em: <http://www.dieese.org.br/>. Acesso em 24 jan. 2006. Site da organização não governamental focada no desenvolvi- mento de atividades de pesquisa, assessoria, educação e comunicação nos temas relacionados ao trabalho. Tv Cultura- Disponível em: <http://www.tvcultura.com.br/reportere- co/arquivo.asp>. Acesso em: 24 jan. 2006. Link do site da TV Cultura de São Paulo, no qual o leitor poderá fazer o download de arquivos de vídeo indexados por assuntos relativos à temática ambiental. onDE EnContrAr Centro Nacional de Tecnologias Limpas. Meio Ambiente e a Pequena e Microempresa. Porto Alegre: CNTL, 2003. GPCA – Meio ambiente. Dados da empresa. Disponível em: <http:// www.gpca.com.br/dadosda.htm> Acesso em 17 jan. 2006. MOTA, S. Introdução à engenharia ambiental. São Paulo: ABES, 1997. UNIDO. Cleaner production toolkit. Introduction into cleaner production. Volume 1. 2001. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 49Anotações SEGUNDO MOMENTO SMITH, R.A. Air and Rain, the beginnings of a Chemical Climatology (London: Longmans, Green, & Co., 1872) http://web.lemoyne.edu/ ~giunta/classicalcs/smithacid.html WIKIPEDIA. World population growth-billions. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Worldpopulationgrowth- billions.jpg> Acesso em 17 jan. 2006. WWF. o protocolo de Kioto. Disponível em <http://www.wwf.org. br/participe/minikioto_protocolo.htm> Acesso em 20 dez. 2005. 50 Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável SEGUNDO MOMENTO 51 Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável TE RC EI RO M O M EN TO 52 Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável TERCEIRO MOMENTO Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 53Anotações TERCEIRO MOMENTO ConForMIDADE AMbIEntAL CoMo MECAnISMo DE CoMPEtItIVIDADE E DE rESPonSAbILIDADE SoCIAL 1 Por QuE APrEnDEr Neste Momento, buscamos integrá-lo enquanto aluno e futu- ro profissional a causa ambiental, sintonizando as questões relativas ao tema com a realidade corporativa das organizações produtivas. Discutiremos, ao longo deste tópico, a nova postura em- presarial relativa à interação com o meio ambiente, ação esta que se faz necessária, como forma de manter o patamar de competitivi- dade nesse cenário globalizado, como também o uso das ações de responsabilidade social, utilizando-as como diferencial competiti- vo das empresas. Justifica-se estudar a conformidade ambiental como fator de competitividade e responsabilidade social, a partir da análise de ques- tões como as, a seguir, dispostas: • a conformidade ambiental e a responsabilidade social, con- forme demonstraremos durante o correr desteMomento, se firmam como evidentes instrumentos de diferenciação com- petitiva das empresas; • a harmonia ambiental hoje emerge como um instrumento qualificador para o acesso da empresa, seus produtos e servi- ços a determinados mercados; • a integração da organização à questão ambiental a coloca consistente perante à comunidade, e a qualifica à obtenção de linhas de crédito de organizações, as quais condicionam concessão dos mesmos à adesão por parte da empresa, às boas práticas ambientais. Assim, estudaremos, neste Momento, a conformidade am- biental como fator de competitividade e responsabilidade social das organizações. Objetiva-se, com este Momento, contribuir para a for- mação de um profissional integrado na organização focado em utilizar as boas práticas ambientais como uma fonte de vantagem competitiva para a empresa. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 54 Anotações TERCEIRO MOMENTO 2 o QuE APrEnDEr 2.1 O NOVO CENÁRIO DE NEGÓCIOS As empresas, no contexto que sucedeu a segunda guerra mun- dial, particularmente nos Estados Unidos, usufruíram um período de grande crescimento e euforia. O mercado era francamente comprador, fortalecendo a posição das empresas que possuíam capacidade instalada robusta (DAVIS, 2000). Imaginem que por volta do fim dos anos 50, a recuperação industrial de nações com forte tradição industrial como Alemanha e Inglaterra, bem como o surgimento do Japão como potência industrial, alteram essa conjun- tura, tornando a competitividade um tema corrente no meio corporativo. Na esfera acadêmica, atente para o trabalho de Wickham Skin- ner, professor da Harvard Business School, que escreveu um artigo, mos- trando que o setor produtivo tinha um papel fundamental na estratégia competitiva das organizações. Citou, ainda, que as empresas para tor- narem-se e manterem-se competitivas deveriam formular uma estraté- gia focada no cumprimento das ditas prioridades competitivas – custo, qualidade, rapidez, e flexibilidade (SKINNER, 1969). A celeridade de movimento deste cenário evoluiu, hoje, para uma concorrência globalizada que agregou mais duas dimensões a estas prioridades competitivas – a flexibilidade e o serviço (SLACK, 2002). Hoje, como você já conhece, o contexto global é composto de empre- sas capazes de usar de forma intensiva os recursos da tecnologia da informação, como forma de buscar a excelência nos seus processos e serviços. Defrontamo- nos, assim, com organizações sedentas de novos fatores de diferenciação. Novamente, buscamos as afirmações de Davis (2000) no senti- do de colocar a questão ambiental, juntamente com ações de responsa- bilidade social corporativa emergentes, assim como as novas vantagens competitivas a serem exploradas pelas empresas. Assumir estas questões como prioritárias associa a imagem da empresa ao bem estar social, além de criar uma impressão favorável da mesma junto à sociedade. Emerge, assim, uma empresa que passa a tratar a questão am- biental como uma oportunidade, deixando para trás a fase de “coman- do e controle”, onde a questão ambiental representava apenas custo e só era tratada como forma de adequação à legislação vigente. leMbrete Tratar a questão ambiental sob a forma de “comando e controle” reporta-se à postura antiga de gerir o meio ambiente pelo poder público através, exclusivamen- te, do poder coercitivo das legislações. Isto será ainda abordado com detalhes no décimo Momento. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 55Anotações TERCEIRO MOMENTO 2.2 A EMPRESA COMO INSTITUIÇÃO SOCIOPOLÍTICA Neste tópico, você entrará em contato com a visão tradicional de negócios, onde a organização tinha um compromisso apenas com a maximização dos seus lucros. Interações sociais não eram estimuladas, sendo consideradas até pouco relevantes ou um desvio do foco organi- zacional. Setores conservadores do meio empresarial justificavam a sua postura inercial com o enfoque de que “o que é bom para a as empresas é bom para a sociedade de forma geral”, conforme Donaire (1995). Impõem-se mudanças no contexto das organizações, notada- mente ao que tange à forma com que a mesma interage com o meio ambiente e a sociedade. A tecnologia de informação, com os seus ins- trumentos, provoca a sociedade para que de forma responsável e proa- tiva exerça a cidadania, fiscalizando e questionando ações que possam representar eventuais danos ao seu entorno. Saliente-se ainda o papel das promotorias estaduais do meio ambiente, traduzindo ações popu- lares em legítimos instrumentos de questionamento na busca pela con- formidade ambiental. O termo informática foi substituído nos anos 90 pela expressão Tecnologia da informação (TI), que designa o conjunto de recursos tecnológicos e computacionais para geração e uso da informação, abrangendo das redes de computadores às centrais telefônicas inteligentes, fibra óptica e comunicação por satélite. (BEAL, 2003). ConCeito de inforMátiCa A mídia e organizações não-governamentais completam o elenco de atores sociais, capazes, para que de forma articulada, dis- cutam e difundam aspectos da questão ambiental e suas interações com as organizações. desafio Investigue a existência de organizações não-governamen- tais focadas na causa ambiental na sua comunidade, e de que forma ela interage com a mídia para a realização de suas ações. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 56 Anotações TERCEIRO MOMENTO reflexão O que torna a empresa reativa à implementação dos princípios de responsabilidade social? 2.3.1 Evoluindo para a conscientização social Distanciando-se da tradicional postura de comando e controle as organizações integram-se em uma nova fase de percepção e consciên- cia no trato da questão ambiental – a conscientização social. Donaire (1995) refere-se a esta atitude como uma forma de a em- presa responder às expectativas e pressões da sociedade, na forma de busca de procedimentos, mecanismos, arranjos e padrões comportamentais de- senvolvidos pelas empresas, capazes de responder aos anseios da sociedade. Como forma metodológica de demonstrar esta mudança de postura, Ackerman e Bauer (1976) desenvolveram um quadro compa- rativo, onde é discutido o nível de envolvimento organizacional, des- 2.3 DISCUTINDO RESPONSABILIDADE SOCIAL. Neste tópico, apresentaremos a você, caro aluno, a um novo conceito – responsabilidade Social. Entendemos que a natureza de uma postura de responsabilida- de social pelas organizações nos remete a um conceito de que a empresa deve uma justa reciprocidade à sociedade, em face da liberdade que esta concede à empresa para existir. A partir desta premissa, traduz-se uma forma de interação entre empresa e sociedade, onde a efetiva contribuição busca a me- lhoria de aspectos econômicos, de saúde pública e educacionais de uma coletividade. Entre os diversos exemplos de empresas que utilizam ações de responsabilidade social e cidadania corporativa, podemos citar o exem- plo da Natura®. Esta corporação, fabricante de cosméticos, utiliza pro- dutos fitoterápicos extraídos de forma sustentável, preferencialmente, utilizando-se de uma política de parcerias que transcende de ações res- tritas ao processo produtivo, alvo da associação. Uma fundação pertencente a esta empresa constrói escolas, ca- pacita multiplicadores em diversas atividades desde princípios de ges- tão, a técnicas de artesanatos. É também foco de atenção da companhia a sustentabilidade econômica futura desta comunidade, no caso de um eventual esgotamento mercadológico da matéria-prima produzida por aquela comunidade. Em suma, elevar o padrão social desta comunidade torna-se igualmente uma ação de cidadania praticada pela empresa. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 57AnotaçõesTERCEIRO MOMENTO Quadro 1- Fases do envolvimento organizacional no processo de conscientização social das organizações Fonte: Adaptado de Ackerman, R e Bauer, 1976. tacando-se a mudança de atitude em 03 fases distintas, como pode ser visto no Quadro 1, a seguir. Conforme você pode verificar, a partir da análise do quadro an- terior, partindo de uma política de envolvimento organizacional e evo- luindo através das fases de implantação, obtém-se uma descentralização do processo de conscientização social da organização, contribuindo-se, desse modo, para a criação de uma nova mentalidade proativa e parti- cipativa na organização. 2.3.2 A Variável Ambiental na Empresa A nossa discussão nos remete a uma empresa que evoluiu até a fase da responsabilidade/consciência social no trato da questão am- biental. Mas como traduzir esta postura em ações? Donaire (1995) sugere um caminho: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 58 Anotações TERCEIRO MOMENTO • prioritariamente, recuperar as áreas degradadas; • a seguir, focar a organização na prevenção às futuras degrada- ções ao meio ambiente; • finalmente, promover a utilização positiva do meio ambiente no processo de desenvolvimento. Dessa forma, é preciso entender o quanto é relevante esta- belecer mecanismos de incentivo para que as empresas privadas se envolvam no trato da questão ambiental distanciando-se da postura reativa de comando e controle, para a de uma organização consciente e proativa no trato desse problema. Estes mecanismos traduzem-se no estabelecimento de políticas públicas voltadas ao incentivo a ações desta natureza, tais como redução de alíquotas de importação de equi- pamentos focados na melhoria de eficiência produtiva e melhor con- trole dos resíduos gerados. Saliente-se ainda uma salutar iniciativa por parte de ins- tituições de fomento financeiro do estabelecimento de fundos ecológicos. A idéia parte do princípio de motivar investidores conscientes, engajados à causa ambiental. a adquirirem preferen- cialmente papéis (ações, títulos) de empresas rentáveis engajadas na causa ambiental. Outra iniciativa digna de menção é a publicação do balanço Social da empresa, instrumento válido para divulgação das ações reali- zadas pela organização, em prol da conformidade ambiental e responsa- bilidade social corporativa. Ao mesmo tempo, não pode ser esquecido um fato que con- tribuiu sobremaneira para a conformidade ambiental das empresas. As instituições de fomento estabeleceram como um dos critérios para a liberação de eventuais pleitos, o licenciamento ambiental em qualquer dos seus níveis. Saliente-se, ainda, que este mecanismo transcende de uma mera postura de consciência ambiental por parte destas institui- ções. O fato de uma instituição de fomento contribuir para a implan- tação de uma organização, que eventualmente se torne responsável por um passivo ambiental, a torna responsável solidária pelo mesmo, sob o ponto de vista legal. 2.3.3 A Discussão na Empresa O cenário com o qual nos defrontamos demonstra a impor- tante relevância do trato da questão ambiental, na qualidade de cida- dãos conscientes dos conceitos e mecanismos da sustentabilidade (se lembra do primeiro Momento)? Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 59Anotações TERCEIRO MOMENTO É do conhecimento de todos que o movimento de for- mação de grandes blocos comerciais (NAFTA, MERCOSUL, MCE), e seus mecanismos de eliminação de barreiras comerciais entre países, provocou um choque de competitividade entre na- ções. A imposição da conformidade ambiental como um instru- mento qualificador para o acesso a determinados blocos, trans- formou a adoção dos mecanismos de conformidade ambiental em um instrumento de competitividade empresarial. Temas como análise de ciclo de vida, produção mais limpa, e sistemas de gestão ambiental tornaram-se rotina no cotidiano de empresas de classe mundial. reflexão Mas, e a empresa, como se posiciona em relação à questão ambiental? O que deve se esperar dela? Porém, como contribuir para que mais empresas adiram a este círculo virtuoso? Elkington e Burke (1989) sugerem um caminho, a partir da adoção dos seus dez passos da excelência ambiental. São os seguintes: 1 – desenvolva e publique uma política ambiental; 2 – estabeleça metas e continue a avaliar os ganhos; 3 – defina claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do pessoal administrativo; 4 – divulgue interna e externamente a política, os objetivos e metas e as responsabilidades; 5 – obtenha recursos adequados; 6 – eduque e treine o seu pessoal, informe aos consumidores e à comunidade; 7 – acompanhe a situação ambiental da empresa, realize audito- rias e elabore relatórios; 8 – acompanhe a evolução da discussão sobre a questão am- biental; Qualificadores de pedidos são as características mínimas dos produtos e serviços de uma empresa para a mesma ser aceita em um determinado mercado. saiba Que Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 60 Anotações TERCEIRO MOMENTO 9 – contribua para os programas ambientais da comunidade e in- vista em pesquisa e desenvolvimento aplicados à área ambiental; 10 – ajude a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envolvidos: empresa, consumidores, comunidade, acionistas etc. Procure adequar os dez passos de Elkington e Burke à em- presa que você trabalha. Busque na Internet um exemplo e procure adequá-lo à realidade da sua empresa. Discuta o resultado com o seu tutor. PratiCando Portanto, cremos que, como citado por Donaire (1995), devemos utilizar os pressupostos acima, dispostos como forma de transformar ameaças em oportunidades de negócios. Entende-se como forma de materialização a adoção de práticas ambientalmente corretas, tais como a reciclagem de materiais, a instituição de bolsas de resíduos e o desenvolvimento de novos produtos e processos pro- dutivos, entre outras. Como traduzir todas estas questões para o ambiente empre- sarial? A adoção dos dez passos de Elkington e Burke (1989) não se traduz em uma receita milagrosa de conformidade ambiental. O trato dessas questões, no meio empresarial, exige uma materialização de fa- tos, aspectos, impactos e interferências. Neste sentido, North (1992) disponibilizou uma metodologia de avaliação do perfil da organização relativo ao trato da questão ambiental. O Quadro 2, a seguir disposto, apresenta essa forma de avaliação: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 61Anotações TERCEIRO MOMENTO Investigue a sensibilidade ambiental da empresa em que você trabalha, a partir da aplicação do questionário inserido no contexto do Quadro 2. PratiCando Quadro 2 – Investigação da variável ambiental na empresa Fonte: adaptada de North, K. 1992. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 62 Anotações TERCEIRO MOMENTO Ainda citando North (1992), o autor consolida um número considerável de razões para a empresa investir na causa ambiental, como se verifica a seguir. a)- Quanto aos Benefícios econômicos. Economia de custos • Economias devido à redução do consumo de água, energia e outros insumos. • Economias devido à reciclagem venda e aproveitamento de resíduos e diminuição do volume de efluentes. • Redução de multas e penalidades por poluição. b)- Incremento de receitas • Aumento da contribuição marginal de “produtos verdes” que podem ser vendidos a preços mais altos. • Aumento da participação no mercado devido à inovação dos produtos e menos concorrência. • Linhas de produtos para novos mercados. • Aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição. c)- Quanto aos benefícios estratégicos • Melhoria da imagem institucional. • Renovação do “portfólio” de produtos.
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