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* * Autocuidado Apoiado * * O Adoecimento O adoecimento traz, para a vida da pessoa, sentimentos complexos: Quebra da continuidade existencial, ou seja o indivíduo deixa de se conhecer como antes; Interrupção e/ou suspensão de atividades antes prazerosas; Readaptação a limitações e novas condições físicas; Possibilidade de morte * * A doença crônica Quando este adoecimento é algo crônico, surge a necessidade de novas adaptações. Frequentemente, ao receber o diagnóstico de ser o portador de uma doença crônica, a pessoa terá que lidar com: Aceitação do adoecimento, com consequente perda de integridade física; Manejo do tratamento de acordo com fatores de sua vida particular; * * O Controle Após o diagnóstico, surgem novas necessidades: Exames e consultas clínicas; Medicações; Mudanças de estilo de vida * * Sabemos o quanto torna-se difícil a transição de PESSOA SAUDÁVEL para PACIENTE. Muitas vezes essa pessoa precisa de auxilio para adaptar-se às novas mudanças, principalmente as referentes à mudança no estilo de vida. * * O CUIDADO ÀS PESSOAS COM DOENÇAS CRÔNICAS * * Doenças Crônicas Entendemos que ao iniciarmos o acompanhamento da pessoa com doença crônica, é necessário que fazer uma estratificação de risco para doenças crônicas, afim de nos auxiliar no acompanhamento deste paciente. Você pode obter maiores informações sobre estratificação de risco, nos casos: Joana, Vera e Samuel. * * Você Sabia? Há evidências de que 70 a 80% das pessoas com doenças crônicas, de menores riscos, podem ter sua atenção à saúde centrada no autocuidado apoiado, prescindindo de uma atenção constante, focada na atenção profissional. Em geral, essas pessoas interagem com as equipes multiprofissionais da ESF. * * Segundo Mendes (2012), cerca de 80% dos sintomas médicos são autodiagnosticados e auto retratados pelos pacientes; Deste modo, percebe-se a importância de oferecer uma escuta qualificada às pessoas com doenças crônicas, que são as verdadeiras prestadoras de cuidados primários para si mesmas; Podemos pensar em não mais considerá-las como pacientes, mas agentes de sua saúde, provedoras de seus cuidados. * * AUTO CUIDADO APOIADO * * Auto Cuidado Apoiado O objetivo principal do Auto Cuidado Apoiado é auxiliar as pessoas para que elas tornem-se agentes responsáveis pela manutenção de seu autocuidado. Partimos do princípio de que as pessoas portadoras de doenças crônicas conhecem tanto quanto, de sua condição e de suas necessidades de atenção, os profissionais de saúde. * * Auto Cuidado Apoiado Pode ser considerado como a prestação sistemática de serviços educacionais e intervenções de apoio para aumentar a confiança e as habilidades das pessoas usuárias dos sistemas atenção à saúde em gerenciar seus problemas, o que inclui: Monitoramento regular das condições de saúde, Estabelecimento de metas a serem alcançadas, Suporte para a solução desses problemas * * Auto Cuidado Apoiado Envolve duas atividades interrelacionadas: Prover informações sobre a prevenção e o manejo da condição crônica; Ajudar as pessoas a tornarem-se proativas na prevenção e no gerenciamento da condição crônica. * * Lembre-se! Bons auto cuidadores são pessoas INFORMADAS e PROATIVAS; Muitas vezes nosso trabalho é auxiliar as pessoas a aceitarem sua doença, possibilitando a percepção para a necessidade do autocuidado * * Deste Modo Criamos possibilidades para que a pessoa: Decida e escolha seu tratamento; Adote, mude e mantenha comportamentos que contribuam para a sua saúde; Utilizem recursos necessários para dar suporte às mudanças; Superarem as barreiras que que o impedem de ter uma melhoria da sua saúde. * * Para que o autocuidado se dê com efetividade, a pessoa com doença crônica deve ter o apoio de família, dos amigos, das organizações comunitárias e, muito especialmente, da equipe multiprofissional da atenção básica. * * CONSTRUINDO O AUTO CUIDADO APOIADO * * As formas como as pessoas se colocam frente a uma condição crônica variam de uma atitude ativa e de convivência com suas restrições, a uma forma mais reativa ou de redução de sua sociabilidade; A diferença entre essas posturas diante da ocorrência de uma condição crônica não é a condição da doença em si, mas pelo modo como as pessoas são capazes de manejá-la. * * A expressão decisão é central nas doenças crônicas porque o autocuidado apoiado constitui, sempre, uma decisão entre ajudar-se ou não fazer nada; A decisão pelo autocuidado apoiado implica uma pessoa: decidir sobre as metas que deseja atingir; construir alternativas para atingir essas metas; elaborar um plano de ação para chegar a essas metas; implantar o plano de ação; monitorar os resultados; fazer mudanças quando necessárias; e celebrar as metas realizadas. * * Muitas vezes, quando percebemos que a pessoa não consegue se cuidar, torna-se necessário que pensemos sobre o que pode estar acontecendo: Quem é essa pessoa que está adoecida? Como ela lida, normalmente com as diversidades de sua vida? Qual a representação que este adoecer tem para ela? Ela conta com o apoio de uma rede, que a auxiliará neste momento? * * Deste modo, podemos reconhecer eventuais dificuldades e agirmos de um modo mais eficaz para auxiliar nossos pacientes à percepção do auto cuidado. * * No autocuidado apoiado é fundamental resgatar a atenção colaborativa entre a equipe da atenção básica e os usuárias. Portanto, há que se mover de um paradigma de que apenas o profissional de saúde detém o conhecimento sobre o processo de saúde-doença. * * O Auto Cuidado Apoiado Tem sido sustentado por uma metodologia conhecida como 5 As: Avaliação; Aconselhamento (tenha mais informações no caso José Clemente); Acordo; Assistência; Acompanhamento; Os cinco As estão fortemente interrelacionados a um bom sistema de autocuidado apoiado * * OS 5 AS... * * Avalie Conhecimento e ideias da pessoa sobre seu estilo de vida e sua condição de saúde assim como o grau de motivação e confiança para assumir comportamentos mais saudáveis. * * Aconselhe Aconselhe por meio de abordagem motivacional e educação autodirigida. Forneça informação à medida que a pessoa relata o que sabe sobre sua condição e quais dúvidas têm sobre a mesma. Verifique o que ela entendeu das recomendações feitas, oriente e treine as habilidades necessárias para situações específicas. * * Acorde (Pactue) Estabeleça uma parceria com a pessoa para construir colaborativamente um plano de ação com a pactuação de metas específicas, mensuráveis e de curto prazo. Avalie o grau de confiança em alcançar a meta, considerando o contexto. * * Assista Dê assistência ao processo de mudança – auxilie no planejamento, na elaboração e adequações dos planos de ação; treine habilidades como a resolução de problemas, o automonitoramento e a prevenção de recaídas; avalie deslizes e recaídas; forneça material de apoio. * * Acompanhe e monitore periodicamente o processo, principalmente nas fases iniciais, em intervalos curtos, elaborando com a pessoa as adequações do plano de ação e pactuando novas metas. Acompanhe * * EXEMPLIFICANDO * * * * * * * * * * * * Os 5 As... Vale ressaltar que se torna necessária uma constante avaliação do processo de acompanhamento ao auto cuidado apoiado; Esta avaliação pode ser realizada tanto pela satisfação da equipe, quanto a do paciente; O objetivo dessa avaliação é identificarmos os aspectos que precisam ser melhorados, para que o paciente consiga, efetivamente, seguir as etapas propostas. * * O PAPEL DA ATENÇÃO BÁSICA * * A Equipe A equipe da atenção básica deve dispor de habilidades, atitudes e instrumentos para dar apoio ao autocuidado: Ajudar a pessoas a compreenderem seupapel central em gerenciar sua condição crônica; Disponibilizar tempo na agenda para as atividades de autocuidado apoiado; Explicar às pessoas o papel de cada membro da equipe no autocuidado; Ajudar as pessoas a definirem metas de melhoria de sua saúde Apoiá-las na elaboração de plano de ações que aumentem sua confiança no cumprimento dessas metas; Ser capaz de ter uma comunicação eficaz, utilizando estratégias como perguntar-informar-perguntar Fortalecimento de vínculo para assegurar que as pessoas entenderam as informações; Preparar um plano de autocuidado, por escrito, que envolva as metas e o plano de ações para ficar claro o que as pessoas deverão fazer; Utilizar grupos facilitados por profissionais de saúde. * * Lembre-se * * “Dado o comportamento profissional apropriado, pode ser que o doente encontre uma solução pessoal para problemas complexos da vida emocional e das relações interpessoais; o que fizemos não foi aplicar um tratamento, mas facilitar o crescimento” (Winnicott)) * * Referências Bibliográficas Prefeitura Municipal de Curitiba. Apoio ao autocuidado. In: Cavalcanti AM, Oliveira ACL (org). Autocuidado apoiado: manual do profissional da saúde. Curitiba: Secretaria Municipal de Saúde, 2012, p.45-68. Botega, Neury José . Reação à doença e à hospitalização. In: Botega, N.J. (Org.) Prática psiquiátrica no hospital geral: interconsulta e emergência. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.p.43-59, Mendes, Eugênio Vilaça. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação da estratégia da saúde da família. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2012, p.281-302. Winnicott, Donald Woods. A cura. in: Tudo começa em casa. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996. * * Este trabalho está licenciado sob uma licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-Compartilha Igual 4.0 Internacional. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ *
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