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DECISÕES DE MÉRITO DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS RELATIVAS AO BRASIL

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DECISÕES DE MÉRITO DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS RELATIVAS AO BRASIL
Caso 5) Caso Gomes Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) vs. Brasil. (Caso nº 11.552) SENTENÇA 24/11/2010.
1. Quem são as partes nesse caso e qual o objeto da ação?
Os autores: Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e pela Human Rights Watch/Americas, Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos do Instituto de Estudos da Violência do Estado, a senhora Angela Harkavy e o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro.
O réu: República Federativa do Brasil (doravante “o Estado”, “Brasil” ou “a União”),
O juiz: Corte Interamericana de Direitos Humanos
Objeto da ação: responsabilidade do Estado Brasileiro pela detenção arbitrária, tortura e desaparecimento forçado de 70 pessoas, entre membros do Partido Comunista do Brasil e camponeses da região, resultado de operações do Exército brasileiro empreendidas entre 1972 e 1975 com o objetivo de erradicar a Guerrilha do Araguaia, no contexto da ditadura militar do Brasil (1964–1985).
2. Qual o tempo de tramitação na Comissão Interamericana de Direitos Humanos?
O pedido tramitou na Comissão Interamericana de Direitos Humanos de 7 de agosto de 1995 a 25 de março de 2009. E de acordo com o disposto nos artigos 51.1 da Convenção e 44 do seu Regulamento, a Comissão analisou a informação apresentada pelo Estado e, em virtude da falta de implementação satisfatória das recomendações contidas no Relatório 91/08, decidiu submeter o caso à jurisdição da Corte Interamericana.
3. Quando e por que o caso foi remetido à Corte Interamericana de Direitos Humanos?
Foi submetido a Corte em 26 de Março de 2009. Porque os prazos para que apresentasse informações sobre o cumprimento das recomendações transcorreram (mesmo após as duas prorrogações concedidas ao Estado) sem que a elas fosse dada uma “implementação e explicação satisfatória”. Diante disso, a Comissão decidiu submeter o caso à jurisdição da Corte, considerando que representava uma oportunidade importante para consolidar a jurisprudência interamericana sobre as leis de anistia(Lei n° 6.683 de 28 de agosto de 1979) com relação aos desaparecimentos forçados e à execução extrajudicial e consequentemente obrigar e responsabilizar o Brasil por não ter investigado tais violações e apurar a verdade, com a finalidade de julgar e punir os respectivos responsáveis.
4. Quando foi proferida a sentença e em quê o Brasil foi condenado?
A sentença foi de 24 de novembro de 2010. A CorIDH entendeu que o Estado violou os seguintes direitos: direito ao reconhecimento da personalidade jurídica, direito à vida, direito à integridade pessoal, direito à liberdade pessoal, direito às garantias judiciais, direito à liberdade de pensamento e expressão e direito à proteção judicial (artigos 3°, 4°, 5°, 7°, 8°, 13 e 25 da CADH, respectivamente) em relação com os artigos 1 e 2° da mesma. O processo na Corte reconheceu tanto a responsabilidade do governo brasileiro pelo desaparecimento forçado das vítimas quanto a situação de impunidade que perdura até hoje e a falta de transparência em relação a esses crimes. Como signatário da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o Brasil tem de acatar decisões da Corte. A corte determinou medidas de reparação as famílias e que fossem investigadas, processadas e sancionadas os agentes estatais responsáveis pelos desaparecimentos, decidindo que a Lei de Anistia não pode ser utilizada como escudo para proteger ex-agentes da ditadura.
5. A condenação imposta já foi totalmente implementada pelo governo do nosso país? Sim? Não? Fundamente e esclareça em que fase se encontra.
Não. O governo brasileiro desde dezembro de 2011 submeteu à Corte seu relatório referente ao cumprimento da sentença sobre o presente caso. O documento aponta que órgãos do Estado adotarão medida e ações concretas em favor da responsabilização civil e administrativa das violações de direitos humanos ocorridas durante o regime militar, além de pagamento de indenização as famílias das vitimas. No que tange à ausência de informação oficial, a CorIDH avançou substancialmente em mecanismos de proteção ao direito de acesso à informação, incluindo o princípio da máxima divulgação de a necessidade de justificar qualquer negativa ao acesso a arquivos em poder do Estado que contenham informações sobre esses fatos. Nessa perspectiva é sancionada a Lei n° 12.527, que dispõe sobre o acesso a informações públicas e a Lei n° 12.528, que cria a Comissão da Verdade, ambas de 18 de novembro de 2011. A Lei de Acesso à Informação Pública obriga o Estado a fornecer, de forma ativa e transparente, informações sobre a atuação do Poder Público e cria procedimentos administrativos para responsabilizar os agentes públicos que a descumprirem. A Lei proíbe ainda qualquer restrição de acesso a documentos e informações sobre condutas de violação de direitos humanos e fundamentais praticadas por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas.
6. Quais a implicações dessa decisão à ordem interna nacional e a efetivação dos direitos humanos no Brasil e nas Américas? 
Trata-se da primeira sentença contra o Brasil por crimes cometidos durante a ditadura militar, estabelecendo que nenhum crime contra direitos humanos pode fica impune com base na Lei de Anistia (lei nº 6.683/1979). O problema para a ordem interna nacional reside no conflito entre a sentença da Corte e o acórdão do STF na ADPF 153, contrariando posicionamento do Supremo, na Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental, ADPF 153 de 29 de abril de 2010, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, por 7 votos a 2, declarar a constitucionalidade da Lei de Anistia. Esta decisão representa um verdadeiro obstáculo à punição penal de responsáveis por violações de direitos humanos cometidas durante a ditadura militar no Brasil. O referido acórdão, bem como a sua incompatibilidade com a CADH e com a jurisprudência da Corte dificulta a implementação e o cumprimento das sentenças no que se refere à responsabilização dos agentes na esfera penal pelas violações de direitos humanos. 
Quanto ao aspecto dos diretos Humanos no Brasil você tem medidas que visam por exemplo ensinar aos militares aspectos relativos aos direitos humanos e o que configura sua violação e a implementação de leis que possam gerar certos abusos por parte da autoridade militar e o cumprimento o governo brasileiro da sentença da CorIDH em conformidade com pacto internacional que o Brasil voluntariamente aderiu. O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos assim cita: "Passa a haver uma jurisprudência internacional nova em relação ao Brasil, que tem de ser acatada", observou. "A menos que o País queira abandonar sua trajetória de fortalecimento dos direitos humanos e começar a fazer como outras nações, como a Venezuela de Chaves, que tem tensionado as relações com a Comissão de Direitos Humanos da OEA",
Referência Bibliográfica:
BERNARDES, Marcia Nina. Sistema interamericano de direitos humanos como esfera pública transnacional: aspectos jurídicos e políticos da implementação de decisões internacionais. <https://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/46810/sistema_interamericano_direitos_bernardes.pdf>. Acessado em 10/11/2017. 
Manifestação do Grupo Tortura Nunca Mais Fonte: Disponível em: <https://ibccrim.jusbrasil.com.br/noticias/2515453/caso-araguaia> acessado em 16/11/2017.
OEA (Organização dos Estados Americanos). Decisões de La Corte. http://www.oas.org/pt/cidh/decisiones/demandas.asp. Acessado em 10/11/2017.

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