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DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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DIA INTERNACIONAL DA MULHER – UMA IDÉIA DAS FEMINISTAS DO INÍCIO DO SÉCULO XX
PUBLICADO POR INESBUSCHEL ÀS 08/03/2014 EM ARTIGOS | 7 COMENTÁRIOS
Sempre busquei saber por que foi escolhido o dia 08 de março para a celebração do Dia Internacional da Mulher e, tudo que encontrei durante anos, foi a explicação de que a escolha recaiu nesse dia em homenagem às 142 trabalhadoras da cidade de Nova York, que morreram em consequência de um incêndio ocorrido nessa data, no prédio onde se localizava a empresa Triangle Shirtwaist Company, onde trabalhavam. Só que acabo de descobrir – lendo o ótimo livro escrito pela pesquisadora espanhola Ana Isabel Álvarez González, intitulado “As origens e a Comemoração do Dia Internacional das Mulheres“, traduzido e publicado no ano de 2010, pela Editora Expressão Popular/SP em parceria com a SOF – Sempreviva Organização Feminista/SP – que esse incêndio de fato ocorreu, mas no dia 25 de março do ano de 1911, um sábado.
Todavia, já nesse tempo, havia ali no território estadunidense, uma luta antiga e intensa, protagonizada pelas mulheres feministas conhecidas como “sufragistas” que, há décadas, vinham conduzindo campanhas pela conquista do direito de voto pelas mulheres. Esse movimento sufragista das norte-americanas iniciou-se, oficialmente, no ano de 1848, quando numa Convenção de Seneca Falls, em Nova York, se reivindicou pela primeira vez o direito de voto pelas mulheres estadunidenses.http://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_de_Seneca_Falls
O movimento das sufragistas também estava espalhado por toda a Europa. Aqui no Brasil, igualmente,  já existiam sufragistas. Veja nossa história clicando aqui: http://www.tse.jus.br/eleitor/glossario/termos/voto-da-mulher
http://www.seppir.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2012/02/80-anos-do-direito-de-voto-feminino-no-brasil
Por outro lado, desde o ano de 1909, no último domingo do mês de fevereiro, já se celebrava nos EUA, por iniciativa do Partido Socialista Americano, o Womans’s Day. A principal reivindicação também era o direito ao voto para todas as mulheres, independentemente de sua classe social, ou seja, fosse operária ou da classe das proprietárias.
A proposta da criação de um Dia Internacional da Mulher foi feita na Europa, pela militante socialista alemã, Clara Zetkin (1857-1933), numa Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, realizada na cidade de Copenhague, capital da Dinamarca, no mês de agosto de 1910, sem determinação de data específica. Mais tarde se soube que, por iniciativa das mulheres trabalhadoras socialistas alemãs, foi escolhido o dia 19 de março de 1911, para a primeira celebração do Dia Internacional das Mulheres, tendo sempre como propósito a reivindicação do direito das mulheres ao voto.
Finalmente, ao que tudo indica, a escolha do dia 8 de março para essa celebração internacional deveu-se às mulheres russas que nessa data, no ano de 1917, se insurgiram diante da falta de alimentos, dando início às lutas que vieram culminar com a Revolução Russa de outubro daquele mesmo ano. A partir daí, fixou-se a data do Dia Internacional da Mulher em 8 de março.
Muita água rolou debaixo dessa ponte até que a ONU viesse declarar o ano de 1975 como o Ano Internacional da Mulher, dando força institucional para a luta por direitos de igualdade das mulheres em todo o mundo. O direito de votar e ser votada e o direito à educação escolar já é realidade em dezenas de países do mundo. Mas há ainda muito a se conquistar no campo da igualdade social.
Concluindo, não podemos nos esquecer jamais, que essa luta feminista teve um grande impulso dado pela força das mulheres socialistas e comunistas. Não podemos apagar esse fato histórico, essa realidade. Muitas lutaram por direitos, tanto as proprietárias/burguesas como também as operárias/trabalhadoras do mundo inteiro. Elas pertenciam às mais variadas crenças religiosas. Algumas eram ateias ou agnósticas. Mas o objetivo da luta era o mesmo: a emancipação da mulher.
Dito isso, gostaria de fazer uma singela homenagem a nós mulheres, escolhendo para isso uma jovem e destemida mulher brasileira e paulistana, para, na pessoa dela, homenagear a todas as mulheres do mundo neste dia 8 de março de 2014.
O nome dela é ANA ROSA KUCINSKI SILVA. Nasceu na cidade de São Paulo, no dia 12 de janeiro de 1942, numa família de imigrantes poloneses judeus. Estudou Química e tornou-se professora-doutora no Instituto de Química da USP. Sonhou com um Brasil melhor, acreditou em seu sonho e não se acomodou. Foi à luta contra os donos do poder.
Antes de sua carreira universitária, ela, ao 23 anos de idade já lecionava no ensino médio, no Colégio Estadual “Prof. Macedo Soares”, na cidade de São Paulo, no bairro da Barra Funda, conforme se pode ver da relação de professores homenageados no convite dos formandos desse Colégio, no ano de 1965, que ilustra este texto. Eu ali estudei e me formei na turma seguinte,  no ano de 1966. Porém, não a conheci pessoalmente, uma vez que frequentava o curso noturno, e quem lecionava Química para nós era o Prof. Haim, colega dela.
Aos 32 anos de idade, já casada com Wilson Silva, físico, ela foi sequestrada junto com ele, no dia 22 de abril de 1974, no centro da cidade de São Paulo, pelas forças policiais/militares que empreendiam verdadeiras “caçadas de seres humanos”. Eram truculentos e se utilizavam  de brutal violência contra os dissidentes/adversários do regime ditatorial instalado no Brasil, após o golpe de Estado perpetrado pelas Forças Armadas, no dia 1º de Abril de 1964. A família de Ana até então desconhecia o fato dela ser militante da ALN – Ação Libertadora Nacional, organização revolucionária de guerrilha urbana no combate à ditadura civil-militar.
O casal desapareceu e nunca mais – até hoje – foi encontrado. Tudo indica que foram vítimas da equipe policial comandada pelo Delegado de Polícia, Sérgio Paranhos Fleury. O Estado brasileiro nunca atendeu aos pedidos feitos pelos familiares, que buscavam informações sobre o paradeiro de ambos. Houve apenas uma afirmação de que ela tinha sido presa. Nada mais. Existe a suspeita de que sofreu tortura e foi assassinada junto com o marido, num prédio usado, clandestinamente, pelo DOPS para aplicar tortura e cometer assassinatos de presos políticos. Esse local é conhecido por “Casa da Morte”, e localiza-se na cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro.
Para saber mais sobre o caso, dê um clique aqui:http://www.youtube.com/watch?v=8SYE-RRNWyY
Um irmão de Ana Rosa, o professor da USP e jornalista Bernardo Kucinski, escreveu um emocionante e importante livro, contando toda essa triste saga familiar. Ao contar sua história, conta também um pouco da história do Brasil, desse período de tirania em que vigorou entre nós o terrorismo de Estado. A obra foi publicada pela Editora Expressão Popular/SP, em 2011. Já foi traduzida para diversos idiomas. Sua leitura é imprescindível.
As mulheres de todo o mundo, de alguma maneira, sempre lutaram e continuam lutando por melhores condições de trabalho, pela liberdade e igualdade social. Muitos homens são violentos no convívio com  as mulheres de sua própria família. Milhões de meninas ainda são proibidas de irem à escola. Os estupros são corriqueiros em muitas comunidades, não só em Nova Delhi ou Mumbai, na longínqua Índia, mas por todo o planeta. A violência contra a mulher, desde ameaças, exploração sexual de meninas, lesões corporais e assassinatos, tem índices alarmantes até mesmo nos países da UE:http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Movimentos-Sociais/Uma-em-cada-tres-mulheres-foi-vitima-de-violencia-na-Uniao-Europeia/2/30408
O movimento feminista nem sempre é bem compreendido até mesmo entre nós, as mulheres. O feminismo já melhorou bastante o mundo, mas ainda há muito o que fazer, até que todos os homens compreendam que uma mulher é uma pessoa humana, e que assim deve ser tratada com dignidade. Nós, as mulheres, tal qual os homens estamos sujeitas a erros e acertos. E, como os homens, também seremos julgadas. Todavia, em nossos julgamentos– como nos deles – há de prevalecer sempre o respeito aos direitos humanos.
Vamos em frente. Na Noruega, por exemplo, país democrático em melhor colocação no ranking do IDH, já se incluiu desde o ano de 1974, na Faculdade de Direito da Universidade de Oslo, uma disciplina curricular  denominada Direito das Mulheres. Caso você tenha interesse em saber mais sobre o tema, há um livro escrito pela prof. Tove Stang Dahl, traduzido para a língua portuguesa, e publicado em 1993 pela Fund. Calouste Gulbenkian, de Lisboa.
O Dia Internacional da Mulher foi criado para servir como um momento de mobilização e reflexão, por parte de todos, sobre a condição social da mulher de todas as nacionalidades e/ou etnias – pobres ou ricas, brancas ou negras, meninas, jovens ou idosas – em todos os lugares do mundo. Nós, as brasileiras, felizmente, podemos dizer a quem queira nos ouvir, que no ano de 2010 já conquistamos pela primeira vez a Presidência da República! Parabéns, Presidenta Dilma Rousseff! Na minha opinião, você nos representa!
Para amenizar um pouco esse assunto tão duro, trago aqui para você caro(a) leitor(a) um link precioso. Trata-se da gravação de uma música, talvez a primeira canção brasileira de cunho feminista, com o título de “Dono de Ninguém “, de autoria do maestro Ivan Paulo da Silva (Carioca), datada de 1954, na voz da nossa talentosa cantora de chorinhos, Ademilde Fonseca (1921-2012). Para ouví-la bastará clicar:
http://www.letras.com.br/#!ademilde-fonseca/dono-de-ninguem
Parabéns a todas nós, as mulheres! Viva a vida, o amor e a paz entre os humanos!
Inês do Amaral Buschel, em 08 de março de 2014.

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