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RESUMO de VIROLOGIA parte2

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RESUMO de VIROLOGIA parte2 
I. DENGUE, FEBRE AMARELA, CHIKUNGUNYA 
Essas três doenças apresentam em comum o fato de serem causadas por arbovírus. 
Dengue e Febre Amarela são causadas por dois vírus pertencentes à família Flaviviridae, 
apresentando capsídeo icosaédrico, RNAss polaridade + e envelope. Esse genoma de RNAss polaridade + 
vai apresentar regiões não codificantes nas extremidades 5’ a qual e capeada e apresenta na sua 
proximidade genes para proteínas estruturais, enquanto que na proximidade da extremidade 3’ há genes 
para proteínas não estruturais 
A Dengue é causada por um Flavivírus que apresenta 4 sorotipos, cada um com imunidade 
duradoura, enquanto que o Flavivírus causador da Febre Amarela apresenta apenas 1 sorotipo. Acredita-se 
que os sorotipos 1 e 3 da Dengue sejam os mais virulentos, em função da sua prevalência em casos mais 
graves. 
O Chikungunya é um vírus pertencente à família Togaviridae e ao gênero Alphavírus, apresenta 
RNAss polaridade +, simetria icosaédrica e envelope. Vai apresentar regiões não codificantes nas 
extremidades 5’ a qual e capeada e apresenta na sua proximidade genes para proteínas não estruturais, 
enquanto que na proximidade da extremidade 3’, a qual apresenta cauda poli A, há genes para proteínas 
estruturais. A cura da infecção promove imunidade permanente. 
 
1) BIOSSÍNTESE VIRAL 
Todos adentram a célula hospedeira por endocitose, havendo a fusão do envelope com a 
membrana do endossoma, com posterior tradução das proteínas estruturais e não estruturais, em forma 
de uma poliproteína. A replicação do genoma acontece por uma RNA polimerase RNA dependente, a partir 
de um molde RNA polaridade -. O brotamento é a partir do RE e a saída por exocitose 
No caso do Chikungunya, há uma especificidade na tradução, onde há a leitura e a tradução 
das proteínas não estruturais e, quando estas atingem uma quantidade considerável há mudança de fase 
para a leitura e tradução das proteínas estruturais. 
 
2) PATOGÊNESE 
 
A. DENGUE 
A picada do vetor Aedes aegypti rompe a integridade da pele e insere o vírus, o qual 
tem seu primeiro sítio de replicação nas DC da derme, com posterior disseminação linfática até os 
linfonodos regionais, onde há nova replicação, causando a viremia primária. Com a viremia o vírus atinge 
baço, fígado, MOV, e linfonodos, em função de ser um vírus pantrópico. 
As DC que foram infectadas, bem como macrófagos infectados produzem citocinas 
que recrutam linfócitos, os quais secretam IFN –γ, o que leva a redução da atividade da MOV e 
consequentemente a redução da produção de células do sangue e isso promove a aparição de petéquias, 
plaquetopenia e leucocitose. A plaquetopenia é característica, pois os megacariócitos são de produção mais 
rápida, sofrendo mais intensamente a redução da atividade da MOV. 
 
B. FEBRE AMARELA 
A picada do vetor Aedes aegypti rompe a integridade da pele e insere o vírus, há 
disseminação linfática para os linfonodos regionais e posterior viremia primária. Com a viremia os vírus 
atingem fígado, rins, MOV e SNC, mas principalmente o fígado devido ao seu tropismo, que se manifesta na 
manifestação clínica característica que é a icterícia. 
 
C. CHIKUNGUNYA 
Sua patogênese é Dengue like. 
 
3) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
A. DENGUE 
O período de incubação é de 2 a 7 dias. A infecção pode ser assintomática, ou ser 
febre indiferenciada (o indivíduo apresenta só febre), ou a febre dengue clássica (febre, cefaleia, mialgia, 
dor retrorbital, mal estar e prostração). Podem acontecer também as doenças hemorrágicas graves e 
choque hipovolêmico, o qual é causado pelas citocinas produzidas a fim de recrutar linfócitos, aumentando 
a permeabilidade celular de modo que os linfócitos consigam chegar ao sítio de infecção, e com isso há 
consequente extravasamento de plasma. 
As Ig produzidas são soroespecíficas, onde a reinfecção com outro sorotipo estimula 
as células de memória, mas como a Ig não é específica o suficiente não há a neutralização do vírus, 
havendo a formação de imunocomplexos que se depositam nos rins, causando dano renal, ou quando esses 
imunocomplexos são fagocitados por macrófagos, há replicação viral dentro dos macrófagos, o que 
aumenta ainda mais a formação de imuno complexos, o que aumenta ainda mais a produção de citocinas e 
o extravasamento de plasma, levando ao choque hipovolêmico. 
Se o individuo infectado apresenta mutação nos receptores e correceptores para o 
vírus, como o heparan sulfato, a doença pode ser agravada. Os extremos de idade podem apresentam 
complicações da doença, bem como em indivíduos com doenças preexistentes. 
 
B. FEBRE AMARELA 
85% dos casos de Febre Amarela são benignos, enquanto que 15% são graves e 
dentro desses 15%, a mortalidade é de 50%. O período de incubação é de 3 a 6 dias. 
O quadro clínico é bifásico, no qual o estabelecimento da viremia promove a 
aparição das manifestações clínicas semelhantes as da Dengue, as quais posteriormente entram em 
remissão. No entanto, após a remissão pode acontecer uma segunda fase da doença, que apresenta 
disfunção hepatorrenal e hemorragia. 
Os indivíduos vacinados para Febre Amarela podem ter reação cruzada para Dengue. 
As manifestações clínicas características são febre alta, mialgia, calafrios, cansaço, 
diarreia, vômito (hemorrágico – vômito negro - ou não), manifestações hemorrágicas e diminuição do 
volume urinário. 
 
 
C. CHIKUNGUNYA 
Sua sintomatologia é Dengue like, com a adição e artralgia, a qual é incapacitante, 
permanecendo semanas após a eliminação do vírus. 
 
4) DIAGNÓSTICO DENGUE E FEBRE AMARELA 
Como são doenças que acontecem em surtos, no caso da Dengue há o diagnóstico pela 
plaquetopenia observada no hemograma. Para ambas pode acontecer o isolamento a identificação viral 
por IF do sangue ou do soro no período de 3 a 5 dias. Há a identificação do antígeno NS1 que é uma 
proteína não estrutural, que é muito produzida e que está presente na circulação sanguínea, além de ser 
conservada nos sorotipos. 
O diagnóstico da plaquetopenia é justificado pelo fato dos Flavivírus apresentarem 
hemaglutininas, o que associado à redução da atividade da MOV promove o quadro de plaquetopenia e 
redução do hematócrito. 
A pesquisa de anticorpos para Dengue á complicada, pois apresenta reação cruzada entre os 
sorotipos e com o vírus vacinal da Febre Amarela. 
 
5) EPIDEMIOLOGIA 
 
A. DENGUE 
É uma doença que apresenta ciclo urbano e ciclo silvestre, mas como é endêmica no 
Brasil, não há representatividade do ciclo silvestre para reinserção do vírus. 
 
B. FEBRE AMARELA 
Apresenta diferença de vetor nos ciclos urbano e silvestre, sendo o Aedes aegypti o 
vetor urbano e mosquitos do gênero Haemagogos, os vetores silvestres. Diferentemente da Dengue, o 
vetor silvestre tem importância na reinserção do vírus. 
 
C. CHIKUNGUNYA 
Na África é uma zoonose de mamíferos e roedores, apresentando diversos vetores, 
onde o Aedes aegypti é o vetor do ciclo silvestre. Os primeiros casos no Brasil foram importados, com 
posterior transmissão. 
 
6) TRATAMENTO DENGUE, FEBRE AMARELA e CHIKUNGUNYA 
O tratamento é sintomático, não há antivirais específicos. AAS e diclofenaco de sódio não são 
recomendados para a Dengue. Em casos graves se recomenda a internação para melhor manejo dos 
fluidos, em casos de choque hipovolêmico. 
 
7) PREVENÇÃO e CONTROLE 
Redução da interação homem – vetor, eliminação do vetor do ambiente, vacina no caso da 
Febre Amarela. 
 
 
 
 
 
 
 
II. HEPATITES VIRAIS 
 
As Hepatites são divididas em infecciosas, como a Hepatite A que tem transmissão fecal – oral, e as 
Hepatites séricas como C, E, B e D, sendoa primeira parenteral e a segunda entérica, e todas transmitidas 
pelo sangue, sendo que B, D e C podem ser transmitidas por via sexual. 
Aspectos comuns a esses 5 tipos de Hepatites são os quadros agudo, fulminante ou crônico. O 
quadro agudo pode ser ictérico ou anictérico, o fulminante é decorrente resposta imunológica exagerada 
mediada por CTL, e o crônico pode evoluir para cirrose ou hepatocarcinoma. 
Independente do vírus todos os quadros de hepatite se iniciam de forma aguda, podendo 
apresentam mucosa ictéricas em função da deposição de bilirrubina direta, a qual não consegue mais ser 
metabolizada no fígado a estercobilina, em função da inflamação no fígado. Também pode ser anictérica, o 
que não indica que o fígado esteja menos inflamado. 
A forma crônica é persistente e apresenta a continuidade da replicação e da transmissão do vírus, 
mas pode permanecer assintomática por muito tempo. Com o prosseguimento da cronificação da 
inflamação, principalmente na hepatite B e na C, há o desenvolvimento de hepatocarcinoma e cirrose 
hepática. 
As manifestações clínicas nas hepatites agudas são sintomas inespecíficos e comuns a todos os tipos 
de hepatite e são elas: febre, mal estar, anorexia, náusea e dor abdominal, colúria (urina escura), fezes 
pálidas e possível icterícia, além de mialgia, prurido (principalmente na A), artralgia (devido deposição de 
complexos imunes) e exantema. A colúria e as fezes pálidas são justificadas pelo fato do fígado estar 
inflamado e não converter bilirrubina em estercobilina e esta não é eliminada nas fezes, resultando nas 
fezes pálidas, enquanto que a bilirrubina irá ser filtrada nos rins e com isso a urina ficará escura. 
O diagnóstico em geral para a fase aguda é a sorologia de IgM e IgG através de ELISA, testes de 
função hepática com quantificação de bilirrubina, fosfatase alcalina, AST (aspartatoaminotransferase), ALT 
(alaninaaminotransferase). Para a fase crônica se realizam testes moleculares a fim de detectar carga viral e 
monitorar o tratamento. 
 
A. HEPATITE A: 
É causada pelo vírus HAV da família Picornaviridae, apresenta RNAss polaridade +, não 
envelopado e capsídeo icosaédrico. É um vírus extremamente resiste, o que o confere a capacidade de ser 
transmitido por veículo. Só apresenta 1 sorotipo. A imunidade natural é duradoura e, a doença não 
apresenta cronificação, ou evolui para a cura ou é fulminante. 
 
1) PATOGÊNESE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
O período de incubação é de 15 a 40 dias. Acomete de modo fulminante a qualquer 
indivíduo, em qualquer idade. Quando a doença acontece na infância, em geral, é assintomática ou branda 
em função do sistema imunológico imaturo, sendo agravado no adulto. A transmissão é fecal – oral através 
de veículo como água e alimentos contaminados. O vírus é excretado nas fezes. Em raros casos a 
transmissão sanguínea, como em usuários de drogas que compartilham seringas durante o período da 
viremia. 
 
3) PREVENÇÃO 
Higiene pessoal, saneamento, vacinação, uso de Ig nos casos de risco, como pacientes 
suspeito de exposição em até 14 dias após o contato inicial. 
 
4) TRATAMENTO 
Não há tratamento antiviral, pois a infecção é aguda. Recomenda-se repouso, administração 
de hepatoprotetores e a suspensão dos medicamentos de uso crônico. Recomenda-se uma dieta 
hipercalórica, pois infecções no fígado o tornam hipoglicêmico, exceto no caso de diabetes preexistente. 
 
 
B. HEPATITE E: 
HEV é um vírus pertencente à família Caliciviridae, apresenta RNAss polaridade +, não 
envelopado, apresenta baixa dose infecciosa, é altamente resistente, apresenta 1 sorotipo e não apresenta 
vacina. O grupo de risco para o quadro fulminante são as gestantes. Diferente da Hepatite A, que é 
endêmica, a Hepatite E é epidêmica. 
 
 
1) PATOGÊNESE 
 
2) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
O período de incubação é de 15 -60 dias, a transmissão acontece por via fecal – oral, através 
de veículo, como água e alimentos contaminados. A contaminação da água é a principal responsável pelos 
surtos. A transmissão vertical é rara, mas quando acontece é fulminante para o feto. É uma zoonose, onde 
a ingestão de carne de porco e de veado mal cozida pode conter o HEV. 
 
3) PREVENÇÃO 
Higiene, saneamento, evitar consumo de água e alimentos contaminado, com destaque para 
frutos do mar. Não apresenta vacina e a profilaxia com Ig tem eficácia desconhecida, mas ainda assim é 
recomendada a gestantes. 
 
4) TRATAMENTO 
Não há tratamento antiviral, pois a infecção é aguda. Recomenda-se repouso, administração 
de hepatoprotetores e a suspensão dos medicamentos de uso crônico. Recomenda-se uma dieta 
hipercalórica, pois infecções no fígado o tornam hipoglicêmico, exceto no caso de diabetes preexistente. 
 
 
C. HEPATITE B: 
HBV pertence à família Hepadnaviridae, apresenta DNAds circular. Apresenta 3 antígenos: HBs 
(presente na vacina, IgG anti-HBs está envolvida na cura), HBc ( proteína de caspsídeo, o sistema imune faz 
IgM e IgG contra ele, mas não são neutralizantes) e HBe ( expresso no célula infectada e detectado no soro, 
sendo marcador de replicação, quando ainda não há IgG anti-HBe, responsável por replicação sem 
controle). HBs e HBe são proteínas de envelope. 
 
 
1) PATOGÊNESE 
 
 
 
 
 São casos raros de acontecer, mas se o organismo consegue corrigir o 
quadro patológico se torna possível. 
A intensidade da resposta imune pode causar dano hepático, o qual pode variar de brando a 
moderado levando a cirrose e câncer progressivamente, ou se for exagerado há o quadro fulminante. Uma 
resposta menor e moderada permite a integração do genoma viral ao genoma da célula, iniciando o quadro 
crônico. Se todos os hepatócitos infectados forem renovados e não houver reinfecção pode acontecer à cura. 
Na infecção crônica há inflamação permanente, mas no início do quadro crônico há regeneração dos 
hepatócitos, com posterior decaimento da regeneração e início do processo de fibrose, o qual culmina na 
cirrose. Esse aumento de regeneração dos hepatócitos pode gerar mutações, inclusive nos genes supressores 
de tumor, progredindo para hepatocarcinoma. 
 
 
 
2) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Período de incubação de 45 a 180 dias. Quanto mais cedo na vida entrar em contato com o 
vírus, maior a chance de cronificar, pois a resposta imune ainda é imatura. A transmissão pode ser 
sanguínea, sexual, vertical e perinatal, pois a mãe excreta vírus no leite. 
 
3) DIAGNÓSTICO 
FASE HBs HBe IgG anti -
HBs 
IgG anti -
HBe 
IgM anti-
HBc 
IgG anti-
HBc 
AGUDA + + - - +/- - 
CRÔNICA 
ATIVA 
+ + - - - + 
CRÔNICA 
PERSISTENTE 
+ - - + - + 
PASSADA - - + + - + 
VACINA - - + - - - 
 Se não há antígeno no sangue, principalmente HBe, significa que não há replicação, mas isso não 
implica em eliminação do vírus, pode ser uma infecção crônica persistente. 
 A presença de IgG anti-HBc não é marcadora de cura ou de cronificação, indica apenas se entrou em 
contato com o vírus. 
 A IgM anti-HBc pode ser positiva ou negativa na infecção aguda, se coleta do sangue for antes do 
período de início da produção de IgM , a pesquisa desta será negativa. 
 A presença de IgG anti-HBe indica que a replicação viral está controlada, uma confirmação disso 
pode ser a realização das provas de função hepática em paralelo, onde ALT, AST, fosfatase alcalina, dente 
outras estarão se aproximando dos valores normais. 
 Na infecção passada há HBs e HBe negativos, em função da eliminação do vírus, e suas respectivas 
IgGs estão positivas em função da imunidade. 
 Diferente da imunidade natural a imunidadevacinal representa apenas IgG anti-HBs, pois este é o 
único antígeno presente na vacina. 
 IgG anti-HBs é marcador de cura/ eliminação, IgG anti-HBe é marcador de controle da replicação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4) PREVENÇÃO 
Evitar o contato com sangue contaminado, controle de banco de sangue, esterilização de 
aparatos odontológicos, cirúrgicos e de unhas, cautela com a manipulação de perfuro-cortantes, uso de 
preservativo e vacinação. A vacina é feita de DNA recombinante, apresentando apenas HBs, não apresenta 
potência de imunidade tão alta, requerendo duas doses de reforço. 
 
5) TRATAMENTO 
Para o quadro agudo não há tratamento antiviral. Recomenda-se repouso, administração de 
hepatoprotetores e a suspensão dos medicamentos de uso crônico. Recomenda-se uma dieta hipercalórica, 
pois infecções no fígado o tornam hipoglicêmico, exceto no caso de diabetes preexistente. 
Já para o quadro crônico o tratamento é realizado por 1 ano, onde os fármacos reduzem os 
danos hepáticos em 50%. A monitoração do tratamento é por sorologia do HBe sérico, onde o ideal é estar 
 
negativo, o que é sinal de controle da replicação, e tal dado deve estar associado a provas de função 
hepática normais ou próximas do ideal e, pode-se detectar a carga viral por PCR. 
 
 
D. HEPATITE D: 
É causada por Deltavírus RNAss polaridade – circular e envelopado. Seu envelope apresenta HBs, 
sendo um dependovírus, ou seja, só desencadeia infecção em indivíduos com infecção prévia por HBV. 
 
1) PATOGÊNESE 
 
 
 
 
Transmissão sanguínea, sexual, não sendo muito frequente a transmissão vertical e perinatal. 
 
2) PREVENÇÃO 
Para os casos de coninfecção deve-se evitar o contato com sangue contaminado, controle de 
banco de sangue, esterilização de aparatos odontológicos, cirúrgicos e de unhas, cautela com a 
manipulação de perfuro cortantes, uso de preservativo e vacinação para Hepatite B. Se o indivíduo já 
apresenta Hepatite B crônica, o cuidado com comportamentos de risco deve ser redobrado a fim de evitar 
a superinfecção. 
 
 
E. HEPATITE C: 
HCV pertence à família Flaviviridae, apresenta RNAss polaridade +, envelopado, apresenta 6 
genótipos, os quais requerem diferentes tratamentos, pois apresentam diferentes respostas contra estes. 
 
 
 
1) PATOGÊNESE 
 
 
2) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Período de incubação é de 15 a 180 dias, a transmissão se dá por via sanguínea, sexual, 
vertical (mas a carga viral deve estar muito alta). O vírus apresenta fácil espalhamento pelo sangue. Também 
há a transmissão por perfuro- cortantes, piercings, agulhas para tatoo, hemodiálise (se a máquina estiver 
contaminada, mesmo que o sangue doado seja livre de HCV, os pacientes poderão se infectar), 
compartilhamento de seringas contaminadas. 
 
3) PREVENÇÃO 
Uso de preservativos, evitar contato com sangue contaminado e com perfuro-
cortantes/agulhas contaminadas. Não há vacina. 
 
4) TRATAMENTO 
No quadro agudo não há tratamento antiviral. Recomenda-se repouso, administração de 
hepatoprotetores e a suspensão dos medicamentos de uso crônico. Recomenda-se uma dieta hipercalórica, 
pois infecções no fígado o tornam hipoglicêmico, exceto no caso de diabetes preexistente. Deve-se testar 
após 6 meses HCc (antígeno de superfície), mas o mesmo não indica se a infecção é crônica ou passada, 
apenas indica que já não é aguda, então se requer a genotipagem, a qual determina o tratamento. O 
genótipo 1 não responde ao tratamento com IFN. Os fármacos não eliminam o vírus, mas controlam a carga 
viral e reduzem o dano hepático, o qual deve ser avaliado em conjunto com as provas de função hepática. 
 
III. ROTAVÍRUS e NOROVÍRUS 
 
A. ROTAVÍRUS: 
O Rotavírus pertence à família Reoviridae, sendo um vírus RNAds segmentado, apresentando 
11 segmentos de RNA, não é envelopado. Apresenta 8 espécies de A – H, sendo que A,B,C e H são 
encontrados em humanos, e A é o responsável por 98% dos quadros de diarreia associada a morte. A 
espécie A apresenta os tipo G e P de acordo com as proteínas de superfície, os antígenos G e P, como 
acontece na gripe. Qualquer alteração nos antígenos G ou P há novo Rotavírus. Existem 30 G e 20 P, frutos 
de mutações pontuais. Não há imunidade cruzada, mas após a primeira infecção há a atenuação, sendo a 
primeira infecção a mais grave. É um vírus muito disseminado na população, sendo as crianças o grupo de 
risco. 
 
1) PATOGÊNESE 
As mutações pontuais sofridas pelo Rotavírus, em função da alta taxa de erro da RNA 
polimerase, possibilita que uma mesma célula seja coinfectada por mais de um sorotipo, devido ao fato do 
genoma ser segmentado. O fato do genoma ser segmentado favorece as mutações de Schifft, nas quais há 
misturas dos segmentos de 2 sorotipos, gerando um novo sorotipo. 
A transmissão se dá por veículo, como água e alimentos contaminados com fezes, portanto é 
transmissão fecal – oral, mas suspeita-se que haja a contaminação de superfícies por aerossóis de vômitos. 
Como a transmissão é fecal-oral espera-se que seja uma doença atrelada à pobreza, no entanto acomete 
tanto ricos quanto pobres, com a mesma frequência, o que reforça a suposição de outra forma de 
contaminação além da fecal oral. 
É uma doença sazonal, e espera-se que aconteça no verão, onde as pessoas comem mais 
fora de casa, no entanto, tanto em países desenvolvidos, quanto em subdesenvolvidos, acontece no 
inverno. 
É uma infecção aguda, com período de incubação de 2 a 4 dias. É uma doença autolimitada, 
com excreção total dos vírus em até 10 dias. O que é fatal na rotavirose não é a ação viral, nem a do 
sistema imune, e sim a desidratação decorrente da diarreia explosiva, que acontece em até 60 vezes/dia, 
além do vômito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A diarreia é mal absortiva, pois os enterócitos destruídos devem ser repostos e com a aceleração 
desse processo de reposição há a presença de enterócitos imaturos que não apresentam ainda a 
capacidade de absorção. 
A NSP4 é uma proteína não estrutural do vírus que atua como uma Shiga toxina like, mas que 
apresenta importância na montagem e liberação dos vírus. Por ser semelhante à Shiga toxina, irá atuar 
como uma enterotoxina que abre canais de Ca++, promovendo o influxo do mesmo, o que gera 
desequilíbrio eletrolítico resultando em lise celular e secreção do conteúdo celular, de vírus e proteínas 
virais no espaço extracelular. No espaço extracelular NSP4 pode chegar até receptores das células das 
criptas, abrindo canais de Ca++, promovendo a liberação de água dessas células. No momento em que a 
NSP4 está atuando não há mais vírus circulantes, mas apenas a presença dela é grave, pois além de 
promover diarreia secretória, a NSP4 pode ativar vias de sinalização celular que levam a secreção de 
aminopeptídeos que irão estimular o SNE a secretar neurotransmissores que reforçam o quadro de diarreia 
mal absortiva e secretória. 
 
2) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Os principais sintomas são febre, diarreia, vômito, dor abdominal. Estes sintomas são 
genéricos, não podendo identificar o quadro como de rotavirose. 
 
3) DIAGNÓSTICO 
É rápido, fácil e pago pelo SUS, pois a rotavirose é doença de notificação compulsória. A 
sorologia não é teste muito específico, pois a presença de IgG não significa que a infecção é passada ou 
atual, em função da reação cruzada entre os sorotipos. É melhor realizar a pesquisa de antígenos, mas 
nessa pesquisa não há identificação do sorotipo. 
A identificação do antígeno utiliza material fecal para análises por eletroforese PAGE, ELISA, 
imunocromatografia (kits rápidos e fáceis),aglutinação em látex (também é um teste rápido, mas não tão 
simples quanto à imunocromatografia) e RT – PCR (em laboratórios de referência, a fim de detectar 
variações no genoma). Nos centros de referência se realiza da eletroforese acoplada ao RT-PCR, onde as 
variações no genoma resultam em alterações de peso molecular que são detectadas pela eletroforese. Os 
kits de imunocromatografia são exclusivos para o tipo A, não existindo para os tipos B e C. 
 
4) PREVENÇÃO E CONTROLE 
Saneamento básico, higiene e vacina. A vacina é oral, conferindo imunidade de mucosas, 
contém o vírus atenuado, porém recombinante, já que apresenta apenas os segmentos para as proteínas G 
e P humanas, e os demais segmentos de símios ou bovinos. A vacina não impede a doença, e sim a morte, 
pois a vacina funciona como infecção primária e as infecções naturais serão como recorrentes, portanto 
atenuadas. A vacina é contra indicada para crianças com imunodeficiência ou com histórico de doença 
crônica no TGI ou má formação. 
 
B. NOROVÍRUS 
É um vírus pertencente à família Caliciviridae, apresenta RNAss polaridade +, não 
envelopado. 
Apresenta alta morbidade, pois seus problemas associados causam grande prejuízo 
socioeconômico, já que acomete creches, asilos e hotéis. Por ser um vírus de RNA apresenta alta taxa de 
mutação, porém mais elevada que a do Rotavírus, justiçando a dificuldade no desenvolvimento de vacinas. 
 
1) PATOGÊNESE 
A transmissão se dá por via fecal-oral e por aerossóis de vômitos, os quais apresentam alta 
carga viral, e a dose infecciosa é de 1 partícula. É sensível a cloro nas concentrações presentes na água, mas 
se aumentar a concentração de cloro, pode ser usado para a desinfecção. É extremamente resistente ao pH 
e a extremos de temperatura. Esses fatores em conjunto favorecem o espalhamento do Norovírus. 
A contaminação acontece por fonte comum, seja ela água ou alimentos contaminados que 
um grupo populacional tenha acesso. Esse grupo de contaminados adoece e a doença é eliminada ao 
mesmo tempo, o que promove o espalhamento secundário devido à transmissão por aerossóis. 
A evolução é muito rápida com evolução para a cura em 60 horas, e supõe-se que o 
mecanismo da diarreia seja mal absortivo. O período de incubação é de 24 a 48 horas. 
Norovírus é espécie específico não podendo ser isolado em sistema hospedeiro. 
 
2) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Vômitos, diarreia aguda, dor abdominal, náuseas, desidratação e febre baixa. Podem 
acontecer quadros de vômitos, mas sem diarreia. A intensidade do vômito é significativa, favorecendo o 
espalhamento por aerossóis. Acontece principalmente no inverno. 
Os sintomas desaparecem em 48 horas, mas ainda há excreção do vírus nas fezes por até 2 
semanas, havendo o perigo de manutenção da infecção. Podem acontecer quadros assintomáticos, mas 
que ainda assim apresentem a excreção de vírus nas fezes. 
 
 
3) DIAGNÓSTICO 
Como não há sintomas patognomônicos a diferenciação de infecção por Rotavírus de 
Norovírus se dá apenas por diagnóstico laboratorial, em laboratórios de referência. Não há kits de 
diagnóstico rápido, como para Rotavírus, pois o Norovírus é de difícil isolamento, onde o anticorpo usado 
em ELISA para pesquisa de antígeno é contra antígeno clonado de capsídeo, abrindo brecha a muitos falsos 
positivos. A melhor opção é a realização de RT-PCR e PCR real time, com procura de primers para os 
genótipos mutados na Noronet. 
Os critérios clínicos para confirmação de surto por Norovírus: 
 Período de incubação de 24 – 48 horas; 
 Vômitos intensos em mais de 50% dos casos; 
 Média de duração da doença de 60 horas; 
 Sem identificação de outro patógeno. 
 
4) PREVENÇÃO e TRATAMENTO 
Não há vacina, apenas higiene e saneamento como prevenção. O tratamento é por reposição 
de fluidos, pois não há antiviral. 
 
 
 
 
IV. HPV E HTLV 
 
A. HPV 
Pertence a família Papillomaviridae, apresenta DNAds com capsídeo icosaédrico e sem 
envelope. Apresenta 100 sorotipos determinados por tipagem molecular. A proteína L1 do capsídeo está 
presente na vacina. 
 
1) PATOGÊNESE 
Quando se trata das verrugas e do condiloma acuminado temos infecções localizadas, pois o 
vírus infecta células da epiderme. Na pele íntegra não é possível à penetração do vírus, devido ao fato dos 
queratinócitos não serem susceptíveis, mas as células da camada basal são susceptíveis, porém não 
permissivas. As células da camada basal não são permissivas, pois são mais indiferenciadas e, conforme se 
diferenciam passam a ser permissivas e começam a replicar o vírus, o qual não se replica durante o estágio 
indiferenciado. A proliferação das células da camada basal “empurram” as da camada córnea formando 
uma protuberância. Quando as células da camada basal se diferenciarem e chegarem a superfície 
começarão a secretar vírus, mas nesse processo não há imortalização das células infectadas. 
Quando se trata do câncer, que inicialmente também é localizado, deve-se mencionar a ação 
do HPV, principalmente sobre as proteínas não estruturais E6 e E7, que são expressas na camada basal que 
inibem p53 e pRb (proteína de retinoblastoma), respectivamente. p53 e pRb são antioncogenes, ou seja, 
genes repressores de tumor. Com essas proteínas inibidas as células da camada basal começam a proliferar 
intensamente, podendo sofrer mutações e transformação celular se tornando imortalizadas. 
A transformação celular faz o câncer, a principio, ser localizado e facilmente descoberto pelo 
Papanicolau, com remoção parcial ou total do útero/pênis, caso a transformação esteja no início. Com o 
prosseguimento da transformação celular, a célula tumoral pode romper a membrana que separa 
epiderme de derme, adentrando na derme, e como esta é vascularizada, podem acontecer às metástases. 
O período de incubação é de 6 meses a 2 anos, e a transmissão se dá pelo contato direto da 
pele lesionada e/ou fômites contaminados com a pele abrasionada. O contato sexual é importante na 
transmissão, sendo a infecção pelo HPV uma DST. 
 
2) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Os sítios de infecção são a região genital e perianal, o trato respiratório superior, a boca e a 
pele nas regiões de mãos e pés. 
Os HPVs 6 e 11 causam o Condiloma acuminado, na região genital, os tipos 16 e 18 causam o 
câncer cérvico uterino. 
As etapas da infecção são as Neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC), que são classificadas de 
1 a 3: 
NIC Caracterização 
1 Alteração celular em 1/3 do tecido. Baixo grau. Início da presença 
de coilócitos, que marcam a infecção por HPV. 
2 Alteração celular em 2/3 do tecido. Pode indicar início de 
transformação celular. Alto grau. 
3 Carcinoma in situ 
 
 
 
 
3) DIAGNÓSTICO 
Observação das verrugas a olho nu. Aplicação de ácido acético 5% em regiões em que se 
suspeita, mas sem sinais aparentes, com a aplicação há o aparecimento de manchas aceto brancas 
(colposcopia). Citopatologia (Papanicolau) + Histopatologia para pesquisa de coilócitos, onde tal pesquisa 
apresenta 5 classes: 
 
 
Classe Diagnóstico 
I Ausência de células anormais. 
II Indício de inflamação, mas que ainda pode ser normal. 
III Células anormais, em caráter leve ou moderado, indica-se 
tratamento com cauterização. 
IV Células anormais, em caráter grave. Suspeita de alguma 
doença. 
V Neoplasia. 
 
 
4) TRATAMENTO 
 
Pode ser cirúrgico ou não cirúrgico: 
Não cirúrgico Cirúrgico 
Crioterapia Cirurgia a laser 
Cáusticos (podofilina, ácido tricloroacético). Eletro excisão 
Quimioterapia como 5-fluorouracil 
IFNα Câncer 
Thuya occidentalis e casca de banana 
(contém tanino) 
Cirurgia para remoção total ou parcial 
 Quimioterapia e radioterapia5) PREVENÇÃO 
Uso de preservativo, não compartilhar, roupas de banho ou intima, toalhas, dentre outros 
objetos contaminados. Há duas vacinas no mercado: 
 Gardasil: apresenta a proteína L1 para os tipos 6, 11, 16 e 18. É indicado para 
meninas e mulheres de 9 a 26 anos que não tenham começado a vida sexual, ou que não tenham entrado 
em contato com o HPV. Administrada em 3 doses, com imunidade por 5 anos. 
 Cervarix: apresenta a proteína L1 para os tipos 16 e 18, indicada a meninas e 
mulheres de 10 a 25 anos, aplicada em 3 doses, com imunidade por 5 anos. 
 
 
B. HTLV 
Pertence a família Retroviridae e ao gênero Deltaretrovírus. São vírus RNAss diplóide, com 
presença de transcriptase reversa, simetria icosaédrica e envelope. Apresenta 4 sorotipos, onde os mais 
comuns são HTLV 1 e HTLV 2, sendo o primeiro responsável por causar leucemia e a paraparesia espática 
tropical (PET). É um vírus oncogênico, mas não apresenta oncogene clássico. Estabelece infecção 
persistente subclínica. 
 
1) BIOSSÍNTESE 
Pode-se usar diagnóstico 
molecular como hibridização in 
situ, captura híbrida e PCR, a 
fim de descobrir o tipo do HPV. 
Após adsorção, penetração e desnudamento há a síntese de cDNAds através de uma das 
cópias de RNA pela ação da transcriptase reversa. Esse DNA se integra ao DNA da célula, passando a se 
chamar provírus. O local de inserção do provírus é aleatório, sendo a maioria dos casos assintomáticos, 
pois nesses casos houve a inserção do provírus em promotores fracos, que podem não ter genes virais 
transcritos. Caso a inserção do provírus seja em promotor forte, há a transcrição de genes virais, inclusive 
da proteína tax. 
O vírus apresenta a proteína tax, ou p40, a qual tem função de ativação da transcrição de 
genes virais, sendo também importante no processo de desenvolvimento da leucemia. A tax ativa os genes 
celulares por transativação. O HTLV tem tropismo por TCD4+ (HTLV1) e por TCD8+ (HTLV2). A tax 
transativa, dentre outros, os genes de IL-2 e IL-2Rα, isso leva ao aumento da produção de IL-2 e de sua ação 
nas células devido ao aumento de IL-2Rα, e como IL-2 é uma citocina relacionada com proliferação, há 
aumenta da proliferação dos LT, o que leva a transformação destes. A tax ainda reprime a polimerase β, 
que corrige os erros no DNA dos LT. 
 
2) PATOGÊNESE 
 
A leucemia é monoclonal, pois a inserção do provírus é sempre no mesmo local, e este local varia de pessoa 
a pessoa, mas é sempre monoclonal. 
 
 
 
 
3) DIAGNÓSTICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V. HIV 
 
Pertence a família Retroviridae, a ordem Orthoretrovirinae e ao gênero Lentivírus. Apresenta RNAss 
polaridade + diplóide, mas esse RNA não é o RNAm. Apresenta 2 sortipos HIV 1 e HIV 2. O HIV é mais 
virulento e apresenta 4 subtipos M,N,O e P, sendo M o mais circulante e que apresenta ainda 9 subsubtipos. 
É um vírus envelopado com nucleocapsídeo em forma de cone. 
A proteína p24 do capsídeo é dosada para analisar a evolução do quadro do paciente. A pesquisa da 
carga viral busca identificar se a quantidade de vírus circulante é grande. 
 
1) BIOSSINTESE: 
A adsorção da partícula viral acontece nos linfócitos TCD4++, através da interação da gp120 
viral com CD4, onde CCR5 e CXCR4 são correceptores. Essa interação promove a exposição dos aas 
hidrofóbicos de gp41, o que permite a fusão do envelope viral com a membrana de TCD4+. Em seguida há o 
desnudamento do capsídeo com a liberação do genoma e da transcriptase reversa (RT), a qual é uma DNA 
polimerase RNA dependente. A RT transcreve uma das fitas de RNA em uma fita de cDNA e, como a RT tem 
atividade de endonuclease, degrada o RNA do híbrido DNA/RNA e atua como DNA polimerase DNA 
dependente, e sintetiza nova fita de DNA a partir do cDNA. Essa dupla fita de DNA é chamada de provírus e 
vai para o núcleo onde se inserirá no genoma celular pela ação de integrases virais. A transcrição do genoma 
viral só acontecerá quando a célula estiver ativada, ou seja, quando a célula estiver respondendo a algum 
antígeno. Quando TCD4+ está infectada e responde a algum antígeno há aumento da quantidade de vírus e 
da transcrição do genoma viral. Com isso há infecção também das células de memória, mas sem ativá-la até 
que essa reencontre seu antígeno específico. O processo descrito acima, quando repetido infinitamente leva 
a depressão do sistema imune pelo esgotamento das células TCD4+ e de memória, levando a Síndrome da 
Imunodeficiência Adquirida (AIDS). 
A fita de RNAss que não foi transcrita pela RT dará origem ao RNA genômico de novas 
partículas e será traduzido em poliproteínas. As proteínas gp120 e gp41 são direcionadas para a membrana 
celular, com posterior brotamento do nucleocapsídeo. No entanto a partícula viral está imatura, sendo 
necessária a ação da protease do HIV, que cliva a poliproteína e, com isso o capsídeo assume a forma de 
cone, estando o vírus maduro e infeccioso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2) PATOGÊNESE: 
 
A transmissão depende de fatores biológicos e comportamentais: 
 
 
FATORES BIOLÓGICOS FATORES COMPORTAMENTAIS 
Concentração de HIV nos fluídos biológicos, 
onde uma pequena concentração não é 
relevante para a contaminação. 
Promiscuidade. 
Integridade e vulnerabilidade das mucosas, as 
lesões por HSV facilita a contaminação por 
HIV. 
Falta de uso de preservativo. 
Tipo de amostra (HIV 1 é mais virulento) e o 
tempo de exposição. 
Compartilhamento de seringas 
contaminadas. 
 Ferimentos de profissionais da saúde com 
perfuro-cortantes contaminados. 
 
A transmissão se dá por contato sexual, com sangue contaminado (triagem nos bancos de 
sangue, como o HTLV), vertical, perinatal e ocupacional. Não se transmite por saliva, urina, lágrima, 
aerossóis, picada de insetos, fômites que entraram em contato com os fluidos acima. 
 
 
 
 
Nessa resposta imune parcial pode ser que aconteça a eliminação parcial do vírus devido à ação de citocinas 
e de CTL. Após essa resposta parcial não há sinais de infecção, com aumento de TCD4+ e redução da carga 
viral, esse é o período de latência, e esta é aumentada pela ação dos antivirais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há diferentes progressões a partir do período de latência: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O tratamento com antivirais reduz a carga viral e reduz bastante a transmissão, uma vez que para que 
aconteça a contaminação a dose infectante requerida é alta. 
 
3) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
O período de incubação é de 2 a 4 semanas. A infecção aguda tem duração de 1 a 3 semanas 
com sintomas semelhantes à gripe e a mononucleose, como febre, fadiga, exantema, cefaleia, faringite, 
linfoadenopatia, perda de peso, náuseas vômitos, diarreia, mas também podem aparecer candidíase oral e 
meningoencefalite. São sintomas muito inespecíficos, mas se profissionais do sexo e homossexuais, que são 
grupos de risco, apresentarem candidíase oral é um sinal de alerta para infecção por HIV. 
Após 1 a 3 semanas da infecção aguda, há o período de latência clínica, onde se pode 
observar linfoadenopatia generalizada devido à replicação contínua do HIV nos linfonodos. 
Após a latência, e esse período depende se o indivíduo é progressor rápido, intermediário ou 
tardio, há as seguintes fases: 
 
o 
i. Sintomática inicial: a contagem de TCD4+ está acima de 500 células/mm3. Os 
sintomas encontrados são sudorese noturna, cefaleia, mal estar, fadiga, diarreia,febre diária e constante, 
perda de peso, linfoadenopatia no pescoço, axilas e virilha e quadros dermatológicos. Nessa fase ainda não 
se recomenda o uso de antiviral, pois a contagem de TCD4+ ainda é razoável, mas com o aparecimento dos 
sintomas acima é ideal iniciar o tratamento. 
 
ii. Fase sintomática intermediária: a contagem de TCD4+ está entre 200 e 500 
células/mm3. Os sintomas presentes além dos da fase inicial são candidíase oral e genital, sinusite, bronquite 
e pneumonia. 
 
iii. Fase sintomática tardia: contagem de TCD4+ está entre 50 e 200 células/mm3. 
Iniciam-se as infecções oportunistas como pneumonia por Pneumocystis jiroveci, criptosporidíase, encefalite 
por T. gondii e candidíase esofágica. 
 
iv. Fase sintomática avançada: contagem de TCD4+ está menor que 50 células/mm3. 
Além de todos os sintomas já citados há infecção disseminada por HCMV, neoplasias como sarcoma de 
Kaposi e linfoma não-Hodgkin, infecções por micobactérias atípicas como M.avium, debilitação e demência 
relacionada à AIDS. 
 
4) DIAGNÓSTICO 
Sorologia para triagem em banco de sangue, em gestantes, dentre outros. Isolamento viral 
em laboratórios de referencia, mas deve acontecer na janela imunológica, e se busca a presença de sincício, 
é o padrão ouro. 
Pode-se realizar a detecção de p24 por ELISA com Western Blot e IF para confirmação, mas 
devem ser realizados na janela imunológica. Quando a sorologia é duvidosa se realiza testes moleculares 
como RT-RCR para a quantificação da carga viral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5) TRATAMENTO 
Os objetivos do tratamento são aumento da sobrevida, redução do impacto da doença, 
melhoria da qualidade de vida, aumento do peso corporal, redução da carga viral e aumento da contagem de 
TCD4+. O objetivo do coquetel é impedir a adesão, transcrição, integração e maturação do vírus, através de 
antivirais combinados que haja nessas etapas do ciclo viral. Há 2 esquemas de inicio de terapia: 
 
 
 
 
 
VI. ANTIVIRAIS 
 
A adsorção, a penetração, o desnudamento, a replicação, a tradução, a montagem e liberação do 
vírus são possíveis alvos para antivirais. Deve-se conhecer todas essas etapas a fim de conhecer o tempo de 1 
ciclo do vírus. 
Para impedir a adsorção bloqueiam-se receptores celulares, impedindo a fusão do vírus com a célula, 
seja por alterações nos receptores ou no próprio vírus. Para inibição da transcrição pode-se inibir enzimas, 
como a RNA polimerase, a transcriptase reversa ou a integrase. Pode-se também inibir a tradução e o 
processamento das proteínas virais que regulam o ciclo viral. Há também inibição da replicação da tradução 
tardia, da montagem e maturação (inibidores de protease) e do brotamento (Tamiflu). 
No desenvolvimento de antivirais temos as seguintes fases: 
a. Fase pré-clínica: realizam-se testes de citotoxicidade, avalia-se a atividade antiviral e 
mecanismos de ação, em cultura de células. Avaliação da atividade do antiviral verifica-se o índice 
terapêutico, onde na relação CC50/CE50, quanto maior CC e menor CE melhor será. Há também os testes em 
animais, nos quais são testada toxicidade, propriedades físico-químicas, dose terapêutica, efeito 
teratogênico e carcinogênico. 
Durante as análises é importante não deixa o antiviral por todo o ciclo viral no período de teste, 
pois pode gerar falso positivo, isso se o mecanismo de ação for intracelular, já que ao final de 1 ciclo o vírus 
sai da célula e não há alteração de morfologia. Se a substancia testada tiver capacidade viricida irá matar o 
vírus, mas não necessariamente pela ação intracelular, o que pode confundir o resultado. 
 
b. Fase clínica: 
 
i. Fase I: são realizados testes em pessoas saudáveis, visando à avaliação do 
metabolismo e a ação farmacológica. 
 
ii. Fase II: são realizados testes com pessoas doentes, mas ainda com um pequeno n, a 
fim de verificar o efeito do antiviral, a dose terapêutica, ADME e o intervalo entre as dose. 
 
iii. Fase III: utiliza-se grande número de pacientes, avalia-se o tratamento por longos 
períodos, a farmacocinética, os efeitos em diferentes faixas etárias, o efeito em pacientes com disfunções 
hepáticas e renais, e as interações medicamentosas. 
 
iv. Fase IV: ensaios pós-liberação. 
 
 TIPOS DE ANTIVIRAIS: 
 ANÁLOGOS DE NUCLEOSÍDEOS: 
Apresentam estrutura similar a de nucleotídeos, porém sem a OH no carbono 3’ da pentose, com 
isso param a síntese de ácidos nucléicos. Podem apresentar outro grupamento no lugar da OH. Sua forma 
ativada é trifosfatada. 
 
 ACICLOVIR: análogo de guanosina, sua forma ativa é trifosfatada e compete como GTP. É 
praticamente atóxico. Sua monofosforilação é feita por cinases virais, enquanto que apenas a di e 
trifosforilação são realizadas por cinases celulares. Ou seja, apenas células infectadas podem ativar o 
Aciclovir. Como não possui a OH no carbono 3’, se ligará ao DNA viral e de modo irreversível com a DNA 
polimerase viral, parando a síntese de DNA viral. É indicado para tratamento de HSV1, HSV2 e VZV. 
 
 FORCARNET: não é um análogo de nucleosídeo, mas se liga a DNA polimerase viral de modo 
irreversível, sendo uma alternativa para indivíduos resistentes ou intolerantes ao Aciclovir. Também é usado 
para tratamento de HSV 1, HSV 2, VZV e também para HCMV. 
 CIDOFOVIR: é um inibidor nucleotídico, análogo da deoxicitidina monofosfato, competindo 
com ela pelo DNA polimerase viral. Já é monofosfatado, devendo ser di e trifosforilado na célula. É indicado 
principalmente para tratamento de HCMV (retinite), mas também para HSV e VZV. 
 
 AZT: é um inibidor da transcriptase reversa, devendo ser trifosforilado, compete com o TTP e 
apresenta um grupamento azido no lugar da OH do carbono 3’. Quando a transcriptase reversa se liga ao AZT 
não há continuação da polimerização do cDNA. Toda as 3 fosforilações que o AZT deve sofrer são realizadas 
por cinases virais. Não ataca a DNA polimerase celular, pois a transcriptase reversa apresenta maior 
afinidade pelo AZT, atuando preferencialmente nas células infectadas, mas é possível que atue também em 
não infectadas. 
 
 
 RALTEGRAVIR: inibidor da atividade catalítica da integrase do HIV, impedindo a inserção do 
DNA proviral. 
 
 INIBIDORES DE FUSÃO: 
 
 MARAVIROC: antagonista do receptor CCR5, bloqueando sua interação com a gp120 e, 
portanto, a entrada de vírus na célula TCD4+. 
 
 INIBIDORES DE PROTEASE: 
 
 SAQUINAVIR: sua estrutura é análoga à região da poliproteína do HIV que é substrato para a 
protease do HIV. O Saquinavir se liga a protease e impede a clivagem da poliproteína e a maturação do vírus, 
com isso são liberadas partículas virais não infecciosas. 
 
 INIBIDORES CANAIS DE H+ (M2) 
 
 AMANTADINAS E RIMANTADINAS: inibem a proteína M2, que é um canal de prótons, 
impedindo a acidificação do endossoma e, consequentemente, a mudança conformacional que permite o 
desnudamento do Influenza, com posterior digestão da partícula viral, sem esta replicar. 
 
 ANÁLOGOS DE ÁCIDO SIÁLICO 
 
 OSELTAMIVIR (TAMIFLU): é análogo de ácido siálico, e se ligará as neuraminidases virais. As 
neuraminidases virais retiram o ácido siálico da membrana celular de células já infectadas, a fim de que os 
vírus recém-sintetizados não infectem a mesma célula, bem como se agreguem. O Oseltamivir simula a 
reação acima de modo contrário, fazendo com o as partículas virais se agreguem ou infectem a mesma 
célula, impedindo a disseminação viral.

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