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Geologia e Paleontologia II

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GEOLOGIA E PALEONTOLOGIA
Unidade II
5 O TEMPO GEOLÓGICO
Conhecer o planeta Terra exige uma noção ampliada do tempo. Na escala de tempo humano, 80 
anos já representam muito. O Brasil foi descoberto há pouco mais de 500 anos e é muito difícil sabermos 
exatamente como o País era naquela época. Os egípcios iniciaram sua civilização há aproximadamente 
7 mil anos e consideramos essa época muito distante, com poucos registros e fontes de informação. O 
que dizer, então, da idade do planeta?
Para reconstituirmos a história desde seu início, as únicas fontes de informação são as rochas 
e os fósseis. Sendo assim a Geologia e a Paleontologia são ciências fundamentais na geração desse 
conhecimento. Chamamos de tempo geológico (ou tempo profundo) o intervalo de tempo compreendido 
entre a origem da Terra e os dias de hoje. Em números corresponde, há pouco mais de 4,5 bilhões de 
anos (ou seja, 4.500.000.000 anos ou, ainda, como consta em algumas publicações, 4.500 milhões de 
anos) (WICANDER; MONROE, 2009).
 Observação
Cuidado ao ler ou escrever sobre as idades dos acontecimentos do 
planeta, pois as unidades utilizadas devem ser empregadas corretamente.
Trata-se de um período muito grande que dificulta nossa compreensão. Diante disso, é possível 
encontrar, em meios impressos e digitais, diversas representações do tempo geológico, na tentativa de 
tornar sua dimensão mais próxima de nossa noção de tempo. Existem representações que apresentam 
o tempo geológico como um calendário de 12 meses, ou um relógio analógico, entre tantos outros 
artifícios (WICANDER; MONROE, 2009).
Especulações sobre a dimensão do tempo existem há milênios e eram diferentes em cada cultura ou 
religião. Com o desenvolvimento da tecnologia e da ciência, cada vez mais foram estabelecidos valores 
reais e precisos sobre a idade de acontecimentos geológicos ou biológicos, além da idade da própria 
Terra. Foi a partir do final do século XIX e início do século XX, com os estudos sobre radioatividade, que 
foi possível o estabelecimento de idades precisas para as rochas e, consequentemente, para o que elas 
representam em termos de história do planeta. Esses estudos se baseiam, principalmente, nos métodos 
de datação radiométrica que usam o processo natural de decaimento radioativo de isótopos instáveis 
de determinados elementos químicos para calcular a idade das rochas. Para essa análise, são usadas 
rochas magmáticas que, além de terem os isótopos adequados, são as únicas que retratam fielmente o 
momento de sua formação (SALGADO-LABOURIAU, 2001; WICANDER; MONROE, 2009).
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Unidade II
Há métodos que podem ser usados em outros tipos de rochas e ajudam no procedimento de datação. 
Ouve-se muito falar nos estudos de carbono 14 (C14) para datação de materiais. De fato, esse é um 
método bastante útil, mas que apresenta algumas limitações como o fato de ser aplicável apenas a 
materiais que tenham origem orgânica e idade próxima a 40 mil anos. Esses fatos restringem muito sua 
aplicação e fazem com que outros modos, como rubídio-estrôncio e urânio-chumbo, sejam mais úteis 
por permitirem datar eventos de milhões e bilhões de anos. A idade resultante da datação radiométrica 
é considerada uma idade absoluta, pois é fornecida em anos indicando, ainda, uma margem de erro. Por 
exemplo, a separação da Pangeia ocorreu há 220 milhões de anos, ou ainda, a extinção dos dinossauros 
ocorreu há 65 milhões de anos (SALGADO-LABOURIAU, 2001; WICANDER; MONROE, 2009).
Contudo, quando se está em um trabalho de campo examinando as rochas da região, não há a 
possibilidade de realizar a datação radiométrica no local. Assim, tenta-se estabelecer a chamada idade 
relativa, que não funciona com valores, mas dá a noção de tempo em relação a um evento conhecido. 
Analogamente é como se você observasse três pessoas, uma delas com 45 anos, e tivesse que descobrir 
a idade das outras duas pessoas. Assim, por meio de comparação física, hábitos ou outros critérios, você 
chegaria à conclusão que uma das pessoas tem mais, e a outra, menos do que 45 anos (SALGADO-
LABOURIAU, 2001; WICANDER; MONROE, 2009).
O mesmo se faz com as rochas que estão em uma sequência vertical, seguindo-se o princípio da 
superposição de camadas, ou seja, as rochas que estão por baixo são mais antigas do que as que estão 
por cima. A seguir pode-se verificar um exemplo disso. A camada representada com listras verticais é 
a mais antiga de todas, uma vez que está na base da sequência. No outro extremo, está a camada de 
rochas retratada por pontilhado, que é a mais nova por estar sobre todas as outras. Note que, como 
se trata de uma relação temporal e espacial, não é preciso saber muito sobre o tipo de rocha, nem os 
valores reais de sua idade. Continuando, se a camada de rochas constituída por pequenas cruzes tivesse 
a sua idade absoluta definida em 431 milhões de anos, todas que estivessem abaixo dela teriam idades 
maiores do que 431 milhões de anos, ao passo que todas as rochas que estivessem acima teriam idades 
menores (WICANDER; MONROE, 2009).
Diáclase Falha 
vertical
Falha 
inclinada
Falha 
superposta
Figura 89 – Sequência vertical de rochas em uma região com muito falhamento geológico
A idade do planeta foi determinada por datação radiométrica em rochas e cristais de zircônio 
encontrados no planeta e chegaram a números próximos de 3,8 bilhões de anos. A idade de 4,5 bilhões 
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GEOLOGIA E PALEONTOLOGIA
de anos é uma estimativa obtida a partir da análise de meteoritos encontrados na superfície do planeta. 
Isso é possível a partir do momento que os geólogos e planetólogos consideram que todo o Sistema Solar 
evoluiu em conjunto e, portanto, se formou ao mesmo tempo. Assim, todos os planetas e asteroides 
teriam a mesma idade (WICANDER; MONROE, 2009).
A idade da Terra é tão grande, e foram tantos os acontecimentos geológicos e biológicos importantes, 
que se tornou necessário organizar o conhecimento sobre sua história a começar pela divisão do tempo 
geológico. Para isso, foi construída ao longo do tempo, e ainda é constantemente atualizada, uma 
ferramenta importantíssima para todo geólogo, paleontólogo ou estudioso que tenha que trabalhar 
com o tempo geológico, que é a coluna do tempo geológico (ou escala do tempo geológico). Nela, está 
representado o período total de existência do planeta e suas subdivisões em categorias, das mais até as 
menos inclusivas. Consta a seguir uma versão simplificada da coluna do tempo geológico que será útil 
para o estudo dos temas vindouros (WICANDER; MONROE, 2009).
Quadro 5 – Coluna do tempo geológico simplificada. Observação: 
B.a.= bilhões de anos; M.a.= milhões de anos
 Éon Era Período Época
Fa
ne
ro
zo
ic
o
Cenozoico
Quaternário
Holoceno Hoje em dia
Pleistoceno
Neógeno
Plioceno
Mioceno
Paleógeno
Oligoceno
Eoceno
Paleoceno 66 M.a.
Cretáceo
Mesozoico Jurássico
Triássico
Paleozoico
Permiano 252 M.a.
Carbonífero
Devoniano
Siluriano
Ordoviciano
Cambriano 541 M.a.
Pr
é-
ca
m
br
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no
Proterozoico 2,5 B.a.
Arqueano 4 B.a.
Hadeano 4,5 B.a.
Fonte: Cohen et al. (2013, p. 199-204).
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Unidade II
Note que, embora o Éon Pré-cambriano estejarepresentado como sendo menor que o Éon 
Fanerozoico, a relação de tempo entre os dois é oposta, sendo que o Pré-cambriano corresponde a 4 
bilhões de anos de história.
As categorias utilizadas são, das maiores para as menores, Éons, Eras, Períodos, Épocas e Idade. Éon é a 
maior delas e corresponde a duas grandes divisões do tempo geológico. A mais antiga é o Pré-cambriano, que 
compreende desde a origem do planeta até aproximadamente 541 milhões de anos. Em algumas publicações, 
apresenta-se como Criptozoico ou, ainda, como três Éons diferentes, ou seja, Hadeano (4,5 – 4,0 bilhões de 
anos), Arqueano (4,0 – 2,5 bilhões de anos) e Proterozoico (2,5 bilhões de anos - 541 milhões de anos). O outro 
Éon é o Fanerozoico (541 milhões de anos até os dias atuais). O Pré-cambriano corresponde a aproximadamente 
85% de toda a história do planeta (WICANDER; MONROE, 2009).
O Fanerozoico pode ser dividido em três Eras: Paleozoica (541 – 252 milhões de anos), Mesozoica 
(252 – 66 milhões de anos) e Cenozoica (66 milhões de anos até os dias atuais). Cada uma dessas Eras 
pode ser subdividida em Períodos (WICANDER; MONROE, 2009).
A Era Paleozoica possui os seguintes Períodos, do mais antigo para o mais recente: Cambriano, 
Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero e Permiano. Já a Era Mesozoica é formada pelos Períodos 
Triássico, Jurássico e Cretáceo. Finalmente, a Era Cenozoica, na qual vivemos, pode ser dividida em 
Períodos Paleógeno, Neógeno e Quaternário (WICANDER; MONROE, 2009).
Devido aos importantes acontecimentos recentes ligados, sobretudo, à evolução dos mamíferos, do 
homem e a eventos geológicos modificadores da paisagem, os Períodos da Era Cenozoica costumam 
ser divididos em Épocas. O Período Paleógeno é dividido em Paleoceno, Eoceno e Oligoceno. O Período 
Neógeno é dividido em Mioceno e Plioceno. O Período Quaternário é dividido em Pleistoceno e Holoceno 
(WICANDER; MONROE, 2009).
Note que os períodos mais antigos estão representados na parte de baixo. Além disso, as divisões são 
estabelecidas com base em importantes eventos geológicos (por exemplo, ocorrência de carvão ou de 
determinados tipos de rocha) e biológicos (extinções ou surgimento de grupos de organismos), que têm 
sua idade definida pela datação radiométrica (WICANDER; MONROE, 2009).
 Saiba mais
Versões completas e bem úteis da coluna do tempo geológico podem 
ser obtidas em publicações brasileiras voltadas ao ensino superior no que se 
refere à graduação e pós-graduação. A versão mais completa e atualizada 
pode ser obtida, inclusive em língua portuguesa, diretamente do sítio da 
Comissão Internacional de Estratigrafia: 
CHART. International Commission on Stratigraphy, [s.d.]. Disponível em: <http://
www.stratigraphy.org/index.php/ics-chart-timescale>. Acesso em: 6 set. 2016.
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GEOLOGIA E PALEONTOLOGIA
6 PALEONTOLOGIA
Conforme definido anteriormente, o tempo envolvido na história do planeta é muito grande e 
poucos são os registros desse período. A Geologia estuda um desses registros, que são as rochas. Cabe à 
Paleontologia estudar o outro tipo, ou seja, os fósseis.
6.1 Aspectos iniciais
Inicialmente é importante fazer uma distinção entre dois conceitos diferentes, mas que são 
constantemente confundidos. Paleontologia é diferente de Arqueologia.
Paleontologia é o ramo da Ciência que integra Geologia e Biologia, entre outros temas, no estudo da 
vida pré-histórica. Desde os primeiros registros de vida até os seres vivos mortos há cerca de 10 mil anos 
são objetos de estudo da Paleontologia. Podem ser animais, plantas, fungos, microrganismos, enfim, 
todas as formas de vida que existiram há mais de 10 mil anos. O profissional dedicado a essa pesquisa é 
o paleontólogo (CARVALHO, 2011).
Por outro lado, a Arqueologia tem um foco muito mais restrito, pois estuda vários aspectos 
relacionados à cultura do ser humano, desde os seus primórdios. Nesse contexto, entram temas como 
pirâmides, múmias, castelos, ferramentas e utensílios diversos, pinturas rupestres em cavernas, enfim, 
todo tipo de manifestação cultural. Se considerarmos que o homem se tornou sedentário há cerca de 
10 mil anos, começando a cultivar seu alimento e a formar as primeiras tribos ou vilas, será possível 
compreender que o tempo estudado pela Arqueologia é bem menor do que aquele estudado pela 
Paleontologia. O profissional dedicado a essa pesquisa é o arqueólogo (CARVALHO, 2011).
A) C)
B)
Figura 90 – Objetos de estudo da Arqueologia (A e B) e Paleontologia (C). A) pintura rupestre; 
B) ferramentas de pedra; C) fóssil de trilobita
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Unidade II
Devido à variedade de temas a serem trabalhados, a Paleontologia possui muitas subdivisões, 
(CARVALHO, 2011), ou ramos, entre eles:
• Tafonomia: estuda os processos de formação e transformação dos fósseis.
• Paleobotânica: analisa plantas, algas e fungos fossilizados.
• Paleozoologia: examina animais fossilizados.
• Paleopalinologia: pesquisa pólens e esporos fossilizados.
• Micropaleontologia: observa microrganismos fossilizados, como algas e protistas.
• Bioestratigrafia: utiliza fósseis para estabelecer correlações entre rochas distantes.
• Paleoicnologia: estuda vestígios de seres vivos, como pegadas e tubos, que ficaram fossilizados.
• Paleoecologia: averigua as interações dos organismos extintos entre si e com o ambiente.
Diante de tantas opções de atuação, pode-se definir como objetivos da Paleontologia 
(CARVALHO, 2011):
• fornecer dados para a evolução biológica através do tempo, identificando características e 
comportamentos dos organismos extintos;
• estimar a idade relativa das camadas sedimentares de acordo com os organismos encontrados nelas;
• reconstruir ambientes antigos;
• auxiliar na reorganização da história da Terra;
• identificar rochas que possam apresentar substâncias com importância econômica.
Em qualquer um dos seus ramos, a Paleontologia tem como objeto de estudos os fósseis. Esses 
materiais podem ser definidos como restos ou vestígios de seres vivos preservados de maneira natural e 
que tenham mais do que 10 mil anos (CARVALHO, 2011).
 Saiba mais
Para saber como a Paleontologia contribui para o conhecimento do 
planeta e da história da vida, vale a pena ler:
HOLZ, M. Do mar ao deserto. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2003.
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GEOLOGIA E PALEONTOLOGIA
Parte importante dessa definição é a distinção entre restos e vestígios. São considerados restos os 
seres vivos inteiros ou suas partes, por exemplo, penas, ossos, dentes, unhas, chifres, escamas, folhas, 
frutos, troncos, flores, carapaças, conchas, entre muitos outros. Ele deve ter, efetivamente, feito parte do 
ser vivo. Os fósseis de restos de seres vivos são também chamados de somatofósseis (CARVALHO, 2011).
Por outro lado, considera-se um vestígio tudo aquilo que indica a presença de um ser vivo, mas não 
corresponde a uma parte sua. São produtos das atividades dos organismos como pegadas, tubos, tocas, 
ninhos, ovos, fezes etc. Os fósseis de vestígios são também denominados icnofósseis (CARVALHO, 2011).
 Observação
Por mais incrível que pareça, as fezes também podem ficar fossilizadas. 
São os chamados coprólitos.
B)
C)
A)
Figura 91 – Fósseis. A) resto representado pelo esqueleto de um peixe. B) vestígio representado por uma sequência 
de pegadas de um invertebrado. C) vestígio representado por uma pegada de dinossauro
Geralmente os fósseisestão preservados dentro de rochas sedimentares, raramente em metamórficas 
e nunca em magmáticas. O calor do magma envolvido na formação das rochas magmáticas destroem 
qualquer resto orgânico. De maneira parecida, o calor e a pressão envolvidos nas metamórficas 
destrói a maioria dos restos e vestígios em seu interior, sendo possível a preservação apenas quando o 
metamorfismo for bem fraco. Por fim, o processo de formação das sedimentares é o mais adequado à 
formação dos fósseis (CARVALHO, 2011).
Afora as rochas, existem fósseis preservados em gelo, como é o caso de alguns mamutes 
(elefantes lanosos) e outros animais encontrados em regiões hoje muito frias do planeta. Há 
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eventos de fósseis que não estão envolvidos por nenhum material, estando apenas ressecados 
devido a terem ficado expostos ao frio e à baixa umidade do ar. Esses dois tipos de preservação são 
extremamente raros e envolvem seres vivos que viveram em períodos geológicos mais recentes, 
por exemplo, o Pleistoceno (CARVALHO, 2011).
Por fim, existem fósseis preservados em âmbar, uma resina vegetal produzida por árvores com o 
objetivo de fechar um ferimento e impedir que microrganismos ou outros seres invadam o tronco. 
Quando fresco, torna-se um material viscoso, translúcido, geralmente de coloração amarela, que escorre 
pelo tronco e aprisiona tudo com que tem contato, incluindo flores, folhas, insetos, outros invertebrados 
e até pequenos vertebrados como lagartos e rãs. Quando exposto ao ar por muito tempo, acabará 
endurecendo e se comportando como um fragmento de rocha (CARVALHO, 2011).
A) B)
Figura 92 – A) Inseto fossilizado em âmbar. B) pseudofóssil, semelhante a fóssil de plantas
A idade é fator fundamental na definição de um fóssil. Embora haja informação na literatura 
considerando os limites de 6 ou 11 mil anos para um fóssil, aqui será seguida a definição mais tradicional 
que indica a idade de 10 mil anos, baseada no início da época geológica atual, que é o Holoceno 
(CARVALHO, 2011).
Há, na natureza, alguns materiais que se assemelham muito a fósseis, mas por fugirem da definição 
padrão, acabam recebendo outros nomes. Existem os pseudofósseis, materiais naturais com formato de 
restos de organismos, contudo foram formados por processos inorgânicos e nunca pertenceram a seres 
vivos. Exemplos são os dendritos de manganês e alguns cristais. Os primeiros correspondem ao mineral 
manganês que cresce dentro de alguns tipos de rocha, ficando com a aparência de pequenos ramos de 
briófitas ou pteridófitas. No outro modelo, alguns cristais adquirem formato de pequenos bastões que 
se assemelham a folhas de pinheiros classificadas como aciculares (CARVALHO, 2011).
Existem, ainda, os subfósseis que são restos ou vestígios de organismos, preservados de maneira 
natural, mas que têm idade inferior a 10 mil anos. Uma expressão bastante comum em ciências 
biológicas, especialmente ao se tratar de evolução, é fóssil vivo. Ao pé da letra, não faz sentido, haja 
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GEOLOGIA E PALEONTOLOGIA
vista que nenhum fóssil está, por definição, vivo. Essa expressão é usada para caracterizar seres vivos 
atuais que apresentam uma taxa evolutiva muito baixa, ou seja, sofreram poucas mudanças ao longo do 
tempo geológico. Dessa forma, os organismos atuais são morfologicamente muito semelhantes aos seus 
parentes de milhares de anos. Exemplos comuns são os límulos ou caranguejos ferradura (artrópode) e 
o Ginkgo biloba (gimnosperma) (CARVALHO, 2011).
Outro conceito típico da Paleontologia, e muito útil, é fóssil-guia. Corresponde a determinados 
organismos que, quando vivos, viveram por um curto período de tempo, mas alcançaram regiões bem 
distantes. Devido a essas características, quando ele for encontrado, indicará, de maneira precisa, 
a idade (a época em que viveu) e serve para mostrar que outras rochas, em regiões distantes e que 
também têm aquele fóssil, possuem a mesma idade (CARVALHO, 2011).
 Observação
A expressão combustível fóssil corresponde ao petróleo e ao carvão 
mineral. A palavra fóssil, nesse caso, faz referência à origem orgânica e à 
idade muito antiga desses materiais.
6.2 Tafonomia
Fósseis são raridades da natureza, sob vários aspectos. De todas as formas de vida que já existiram no 
planeta ao longo de sua história, estima-se que apenas 10% delas estejam representadas na forma de 
fósseis. Dos outros 90%, sequer teremos conhecimento. Como se não bastasse isso, encontrar um fóssil na 
natureza não é das tarefas mais fáceis. Tal raridade é decorrente de um processo de formação, na maioria 
das vezes, bastante complexo e com muitas variáveis a serem consideradas (HOLZ; SIMÕES, 2002).
Há situações mais simples, como o caso de mamutes que caíram em fendas no gelo, se feriram, 
morreram, foram recobertos pelo gelo e preservados nele. Contudo, isso também é raridade. Diante 
de um cenário tão complexo, a Paleontologia designou um ramo para tratar apenas das condições 
que cercam a formação de um fóssil e sua preservação até que seja encontrado por um pesquisador e 
guardado em uma coleção científica. Esse ramo se chama Tafonomia (HOLZ; SIMÕES, 2002).
Como um ser vivo vai parar dentro de uma rocha? Essa é uma dúvida muito comum da maioria das 
pessoas. Contudo, não existe apenas uma resposta. Cada fóssil nos conta uma história, como se fosse 
um interessante caso de investigação. É preciso achar as pistas, fazer exames detalhados, conversar com 
testemunhas, comparar com outras situações, usar o raciocínio, enfim, investigar.
Identificam-se, na existência de um fóssil, dois momentos bem distintos. O primeiro é estudado 
pela Bioestratinomia que visa contar a história da formação do fóssil até o soterramento e a morte do 
organismo. Envolve as etapas que serão descritas posteriormente, por exemplo, a desarticulação e o 
transporte. O segundo momento é investigado pela diagênese dos fósseis e envolve os processos físicos 
e químicos que afetam os restos e vestígios após o soterramento, ou seja, a fossilização propriamente 
dita (HOLZ; SIMÕES, 2002).
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A Bioestratinomia estabeleceu algumas etapas pelas quais um fóssil pode, ou não, ter passado. Elas 
valem para os restos e para alguns vestígios. Algumas são obrigatórias, mas outras não. São elas: morte, 
necrólise, soterramento, desarticulação, quebra e transporte.
A morte é uma etapa obrigatória, haja vista que todos os fósseis estão mortos. Contudo, existem 
diferentes possibilidades para a causa da morte, e os fósseis indicam isso. Um animal pode morrer 
porque foi predado por outro, porque acidentou-se, devido a uma doença, por afogamento etc. De 
maneira parecida, uma planta pode ter sido soterrada por lama, afetada por seca prolongada, sofrido 
a ação de parasitas etc. Ainda, a morte pode atingir apenas um indivíduo da população ou muitos ao 
mesmo tempo. Finalmente, ela não precisa ser a primeira etapa do processo de fossilização, pois um 
organismo pode ser soterrado antes (HOLZ; SIMÕES, 2002).
Necrólise é o que normalmente chamamos de decomposição. É um processo feito principalmente 
por organismos decompositores como fungos e bactérias, mas que, em alguns casos específicos, pode ser 
feito por fatores como umidade e temperatura, como na hipótese dos ossos expostos ao intemperismo. 
Afeta rapidamente os tecidos moles dos organismos como pele, musculatura, órgãos, folhas, flores etc., 
e depois de um tempo maior, osmais resistentes como ossos, dentes, chifres, escamas, sementes. Dessa 
forma, a tendência é que os fósseis estejam representados mais pelos tecidos duros dos seres vivos, 
uma vez que resistem mais à decomposição. Mas atenção, porque essa não é uma regra. Existem fósseis 
importantes de animais e plantas representados por partes moles ou pelo organismo inteiro, o que faz da 
necrólise uma etapa facultativa (não obrigatória). Quanto mais um organismo for afetado pela necrólise, 
menor sua probabilidade de se tornar um fóssil, uma vez que seus restos mortais desaparecerão. Desse 
ponto de vista, para se tornar um fóssil, é necessário que a necrólise seja restrita (HOLZ; SIMÕES, 2002).
O soterramento também é uma etapa obrigatória. Todo fóssil está envolvido por algum material 
natural, seja ele rocha, gelo ou âmbar. O mais comum é o soterramento por algum tipo de sedimento 
como areia, silte ou argila, que são transportados nos ambientes naturais pelos agentes de erosão como 
vento e água (HOLZ; SIMÕES, 2002).
Desarticulação é uma etapa facultativa que atinge organismos formados por várias partes, como o 
esqueleto de um vertebrado, por exemplo. Corresponde à separação das partes de um organismo sem 
que haja quebra de seus componentes. Alguns processos naturais são responsáveis por essa etapa, como 
o movimento da água e do vento (HOLZ; SIMÕES, 2002).
A quebra é a fragmentação de um componente do ser vivo. Em seu dia a dia, um organismo é 
submetido a várias situações que podem resultar na quebra de parte de sua estrutura, ocasionando ou 
não a sua morte. Uma concha de molusco bivalve pode ser movimentada pelas ondas e se chocar contra 
uma rocha, vindo a se quebrar. O vento forte pode quebrar o galho de um vegetal (HOLZ; SIMÕES, 2002).
Por fim, mas não menos importante, está outra etapa facultativa, que é o transporte. Organismos 
inteiros, ou suas partes, podem ser transportados pelos agentes naturais de erosão (isto é, vento, água e 
gelo), adquirindo características próprias desse processo como quebra, desarticulação, arredondamento, 
estrias etc. Nesses casos, independentemente de sua natureza, os restos orgânicos se comportam como 
sedimentos biológicos e podem formar rochas sedimentares biogênicas (HOLZ; SIMÕES, 2002).
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Há muitas outras possibilidades dentro das etapas descritas aqui, o que faz da Tafonomia um 
verdadeiro trabalho de detetive. Outro fator importante é que não existe uma ordem fixa (ou 
preestabelecida) desses passos.
Pelo lado da diagênese dos fósseis, muita coisa pode acontecer aos restos de seres vivos soterrados. 
Eles podem ser dissolvidos por água em excesso, sofrer a deposição de minerais em sua superfície, ser 
amassados pela pressão de rochas depositadas acima deles ou ter a sua composição alterada pelos íons 
que estão na água ao seu redor. Tais processos atuarão continuamente durante os milhares ou milhões 
de anos que separam o soterramento da coleta do fóssil. Em muitos eventos, especialmente em locais 
mais quentes e úmidos, onde o intemperismo é bastante eficiente, fósseis acabam sendo destruídos sem 
nunca terem sido estudados ou mesmo coletados, simplesmente porque a rocha em que estão sofre a 
degradação natural. Enfim, de muitos pontos de vista, a história de formação e existência de um fóssil 
envolve processos muito complexos, o que justifica o fato de eles serem raridades na natureza.
 Observação
No Brasil, todos os materiais que estão no nosso solo e subsolo são 
propriedades da União e, portanto, devem ter autorização dos órgãos 
competentes para serem explorados. Assim, comprar ou portar fósseis é crime.
Diante de tanta complexidade, qual é o melhor ambiente para se formar um fóssil perfeito? Na 
realidade não existe uma resposta completa, porque isso depende mais das condições bióticas e 
abióticas existentes no local do que do ambiente propriamente dito. Além disso, o que é um fóssil 
perfeito? Para a natureza, todos os fósseis são iguais. A sua maior ou menor perfeição é importante 
apenas para nossos estudos, pois assim teremos acesso a maior ou menor conjunto de informações.
Desse ponto de vista, são importantes processos que protejam o resto ou vestígio da destruição, 
deterioração e necrólise. Os mais eficientes acabam sendo o âmbar e o gelo. Ambos isolam, por meios 
diferentes, o resto orgânico dos agentes bióticos e abióticos do meio. É muito conhecido o filme Parque 
dos Dinossauros (Jurassic Park), em determinado trecho, os cientistas retiram sangue de um mosquito 
aprisionado em âmbar. Ficção científica a parte, o âmbar realmente realiza o que tecnicamente se chama 
preservação total, em que todos os tecidos do animal ou planta são preservados praticamente intactos. 
Algo semelhante ocorre com mamutes (elefantes lanosos pré-históricos) encontrados preservados em 
gelo que servem de base para estudos histológicos, citológicos, anatômicos e, inclusive, de seu conteúdo 
estomacal, tamanha a qualidade da preservação proporcionada pelo gelo.
 Lembrete
O mundialmente famoso filme Parque dos Dinossauros (Jurassic Park) 
traz um exemplo de fóssil representado como uma preservação total. 
Trata-se do mosquito dentro do âmbar do qual, inclusive, é retirado o 
sangue para recriar os dinossauros.
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Unidade II
Evitar a necrólise é possível, também, em ambientes cujas condições sejam anóxicas, ou seja, 
sem a presença de oxigênio. Isso pode ser encontrado em locais aquáticos como alguns tipos de 
charcos, brejos e pântanos, que seriam lugares rasos e com água estagnada, sem circulação e 
esgotados em oxigênio, ou então em ambientes aquáticos muito fundos, como partes fundas de 
oceanos, que também não apresentam circulação de água e chegada de oxigênio. Dessa forma, 
os decompositores têm mais dificuldade de atuar e aumentam as chances de os restos orgânicos 
serem preservados por mais tempo.
Outro processo que colabora bastante para a preservação de restos e vestígios é o rápido soterramento. 
Isso pode acontecer em diversas situações, como em avalanches de neve ou de lama, tempestades de 
areia, ambientes oceânicos rasos com chegada de sedimentos, entre muitos outros. Ele evita o transporte, 
a predação, a desarticulação e outros processos que possam destruir os restos e vestígios.
 Saiba mais
Um interessante livro desvenda a ciência empregada na recriação dos 
dinossauros conforme indicado pelo filme Parque dos Dinossauros (Jurassic 
Park). Vale a pena ler:
DESALLE, R.; LINDLEY, D. Jurassic Park e o mundo perdido ou como fazer 
um dinossauro. São Paulo: Campus, 1998.
Como resultado do processo de fossilização, podem ser observados três tipos básicos de fósseis ou 
de preservação. De acordo com Holz; Simões (2002), são eles: preservação total, parcial sem alteração 
dos restos esqueléticos e parcial com alteração dos restos esqueléticos.
A preservação total inclui tecidos moles e duros, como ocorre em gelo e resina vegetal. A parcial 
sem alterações normalmente afeta as partes duras como ossos. Pode acontecer por permineralização 
quando minerais se depositam em poros do material original, reforçando sua estrutura, ou então por 
incrustação, em que o material original é recoberto por minerais precipitados.
Quando se tratar de preservação parcial com alterações, as possibilidades serão mais variadas. 
Os minerais que compõem a maioria dos esqueletos (por exemplo, calcita e aragonita) são sensíveis 
a mudanças físico-químicas do ambiente de fossilização e podem sofrer alterações. Uma delas é a 
recristalização, na qual os minerais sofrem rearranjo de seus átomos,assumindo uma nova forma e 
destruindo a aparência original do resto orgânico.
Após soterrar, a água pode dissolver o material original do resto orgânico (osso, concha) deixando 
um espaço vazio no lugar. Esse tipo de preservação é chamado de molde. Caso o espaço seja preenchido 
por algum mineral, irá reconstituir a forma do resto orgânico, mas não sua estrutura interna. Essa 
condição é chamada de contramolde.
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GEOLOGIA E PALEONTOLOGIA
Algo semelhante pode acontecer no processo de substituição. Nele, à medida que os minerais originais 
forem dissolvidos, serão, imediatamente substituídos por outros diferentes (sílica, pirita, hematita). O 
resultado final mantém a estrutura original, mas com composição química bem diferente.
Por fim, mas não menos importante, está o processo chamado de incarbonização. Afeta especialmente 
restos que tenham grande quantidade de matéria orgânica na estrutura que dá forma a eles (folhas, 
cutículas de insetos). Após o soterramento, há perda das substâncias mais voláteis (isto é, oxigênio, 
hidrogênio) resultando na concentração do carbono na aparência de uma fina película escura no 
formato original do resto fossilizado.
A)
C)
B)
D)
Figura 93 – Tipos de fossilização. A) permineralização em osso. B) substituição em concha de molusco. C) 
e D) substituição em troncos de vegetais
 Resumo
A história do planeta é longa. Evidências terrestres e extraterrestres 
mostram que o planeta pode ter 4,6 bilhões de anos. Esse é o chamado 
Tempo Geológico, extremamente grande quando comparado com o nosso 
tempo de vida. Devido a sua dimensão e à necessidade de posicionar nele 
os fenômenos e eventos geológicos e biológicos, foi criada a coluna do 
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Unidade II
tempo geológico, uma tabela que apresenta as principais divisões de tempo 
propostas para a história do planeta. Para isso, são usadas as categorias 
Éon, Era e Período.
Essa é uma ferramenta útil para a Geologia e também para a 
Paleontologia, ou seja, a ciência que estuda os seres vivos pré-históricos 
preservados naturalmente. Trata-se de uma ciência investigativa por 
natureza, haja vista que seu material de estudo geralmente apresenta 
apenas resquícios do que teria sido enquanto estava vivo. Cabe à 
Paleontologia interpretar e reconstituir o maior número possível de 
informações para compreender o ser vivo e seu ambiente.
O objeto de estudo da Paleontologia é chamado de fóssil. Corresponde 
a um resto ou vestígio de ser vivo com mais de 10 mil anos e que tenha sido 
preservado de maneira natural. Mas nem todo fóssil é igual. Eles podem 
ter entre 3,5 bilhões e 10 mil anos. Conseguem ser dos diferentes grupos 
de seres vivos, atuais ou extintos. Podem ser restos, como conchas e ossos, 
ou vestígios, como pegadas. Cada um possui uma história particular que 
explica como foram fossilizados. A Tafonomia é o ramo da Paleontologia 
que trata dos processos de fossilização. Ela procura identificar a causa da 
morte, a ocorrência de decomposição, transporte, quebra, e soterramento, 
enfim, as condições que contribuíram para a formação dos fósseis.

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