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DIREITO PENAL

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DIREITO PENAL
PARTE GERAL
PARTE ESPECIAL
PARTE GERAL
INTRODUÇÃO: O direito penal é a reunião de normas jurídicas, das quais o Estado proíbe ou ordena condutas (liga o crime como fato), sob ameaça de sanção penal (a pena como consequência).
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA PENAL: as lei penal não tem o caráter exclusivo de punição, pois há normas explicativas ou com a finalidade de exclusão do crime. Assim, subdividem-se em:
NORMA PENAL INCRIMINADORA: são as que definem as infrações penais, proibindo ou impondo condutas, sob a ameaça de pena. Existem dois preceitos: o primário (descreve o crime); já o secundário (comina pena).
NORMA PENAL NÃO INCRIMINADORA: têm as finalidades de: (A) tornar lícitas determinadas condutas; (B) afastar a culpabilidade do agente, com causas de isenção de pena; (C) esclarecer determinados conceitos.
NORMA PENAL EM BRANCO: são aquelas em que o preceito primário (conduta) é incompleto – necessitando, então, de uma complementação. Exemplo: quando uma lei diz que é proibido usar “drogas” e não especificar quais. São divididas em:
→ HOMOGÊNEAS: o complemento vem da mesma fonte formal. Exemplo: art. 237/CP que é complementado pelo art. 1.521/CC.
→ HETEROGÊNEAS: o complemento é de fonte diversa, por ato normativo infralegal (ex: portaria ou decreto).
NORMA PENAL INCOMPLETA (imperfeita): é aquela em que o preceito primário está completo. Porém, sua consequência (pena) se encontra em outro dispositivo. Exemplo: a lei de genocídio, em seu art. 1º descreve a conduta, mas em seu preceito secundário remete às penas do art. 121, §2º do Código Penal. 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS
LEGALIDADE: Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (art. 1º do CP, art. 5º, XXXIX da CF). Este princípio possui quatro funções:
I) proibir a retroatividade da lei penal; 
II) proibir a criação de crimes e penas pelos costumes;
III) proibir o emprego de analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas;
IV) proibir incriminações vagas e indeterminadas.
ANTERIORIDADE: Para que a pena seja imposta, a lei tem que estar em vigor antes do crime ter sido praticado (art. 1º do CP).
RETROATIVIDADE/IRRETROATIVIDADE: A lei posterior que favorece o réu, vai ser aplicada à crimes/fatos anteriores (retroage, ex tunc); a lei posterior que desfavoreça o réu, não será aplicada depois (irretroage, ex nunc) – [Parágrafo único do art. 2º do CP]. As leis temporárias e excepcionais são uma exceção ao princípio, e sempre retroagirão quando mais benéficas, pois são ultra ativas, ou seja, serão aplicadas aos fatos que ocorreram em sua vigência.
INDIVIDUALIZAÇÃO DAS PENAS: A pena não pode ser padronizada. Assim, a pena deve ser correspondente à gravidade do ato praticado, não podendo ter o mesmo valor para diferentes crimes, com diferentes graus de gravidade. Deve seguir o rito do art. 59 do Código Penal (Art. 5º, XLVI da CF).
LIMITAÇÃO DAS PENAS: Com base no princípio da dignidade da pessoa humana, não pode haver: (a) pena de morte; (b) prisão perpétua; (c) tortura; (d) penas de trabalho forçado; e (e) banimento (Art. 5º, XLVII, CF).
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA/NÃO CULPABILIDADE: ninguém será considerado culpado até a sentença penal condenatória transitada em julgado (art. 5º LVII, CF).
CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS
INTERVENÇÃO MÍNIMA: o direito Penal só deve se preocupar com os bens jurídicos mais importantes. É o princípio pelo qual, de acordo com a época, o legislador seleciona os bens que merecem proteção, da mesma forma que retira aqueles que a não merecem mais 
- Subsidiariedade: utiliza-se o Penal somente quando os outros ramos do direito não forem suficientes/eficazes para a proteção do bem jurídico. 
- Fragmentariedade: o direito penal deve se preocupar apenas com as condutas mais graves.
INSIGNIFICÂNCIA: o direito penal deve preocupar-se com os crimes mais graves, que causem lesões significativas ao bem tutelado, devendo relacionar o grau de intensidade e a lesão produzida. Os crimes de bagatela deverão ser considerados atípicos (AFASTA A TIPICIDADE!!) – ou seja, aqueles que não são gravosos. REQUISITOS PARA APLICAÇÃO (STF):
Mínima ofensividade;
Ausência de periculosidade social da conduta;
Reduzidíssimo grau de reprovação;
Inexpressividade da lesão provocada.
→ Fundamentação: art. 1º, III da CF = dignidade da pessoa humana
“NON BIS IN IDEM”: proíbe a dupla incriminação. Ninguém pode ser processado, julgado ou condenado duas vezes pela mesma conduta.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL
LEI PENAL NO TEMPO: a lei penal nasce, vive e morre. Entre o período de vigência e revogação, situa-se sua eficácia. Fala-se do princípio “tempus regit actum” – no qual diz que ela não alcança fatos anteriores (retroatividade) ou posteriores (ultratividade) à sua vigência. Entretanto, mostrou-se necessário permitir que esta retroaja sempre que for benéfica para o réu (CF, art. 5º, XL). 
→ Princípios do direito intertemporal: irretroatvidade da lei mais severa (lex gravior) e retroatividade da lei mais benigna (lex mitior).
OBS: durante o período de vacatio legis de uma lei penal, NÃO É POSSÍVEL sua aplicabilidade antes do término de seu período de vacância (corrente majoritária), isso porque a lei é igual para todos, e não seria justo ela ser aplicada, mesmo que favorável, apenas aos réus e não à população em geral.
→ Retroatividade e Ultratividade da lei mais benigna: quando houver conflito de leis, a mais favorável ao acusado prevalecerá. Quando a lei anterior for favorável, prevalecerá mesmo após ter sido revogada (ultratividade). Da mesma forma, quando a lei posterior for a mais benigna, terá efeitos para os fatos praticados antes de sua vigência (retroatividade). 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
S. 611/STF: Após o trânsito em julgado, cabe ao juiz da execução aplicar a lei mais benéfica (e art. 66, I/LEP).
 HIPÓTESES DE CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO: o conflito pode se dar por vários motivos, como os da prática de um delito em que a ação ocorreu durante a vigência de uma lei e a consumação se dá sobre o império de outra, etc. A regra é que a lei tenha eficácia apenas durante sua vigência. A exceção ocorre quando, no conflito, estiver presente uma mais benéfica. Essa sempre prevalecerá, pois tem extratitividade (é retroativa e ultrativa). Hipóteses:
ABOLITIO CRIMINIS: quando a lei deixa de incriminar algum fato anteriormente ilícito (art. 2º/CP). Configura situação de lei posterior mais benigna, que deve atingir até os fatos definitivamente julgados, mas que em fase de execução, ocorrendo a extinção da punibilidade (art. 107, III/CP). Desparece os efeitos penais (volta a ser primário, é libertado se estiver preso, etc.), mas os civis se mantêm. Exemplo: adultério. 
NOVATIO LEGIS IN MELLIUS: é a lei nova que não descriminaliza, mas dá tratamento mais favorável ao réu, como por exemplo, cominando penas mais brandas (p. único, art. 2º/CP). Retroagirá, mesmo nos casos transitados em julgado (ex: o arrependimento posterior, que foi incluído em 1984, pela lei 7.209).
NOVATIO LEGIS IN PEJUS: é a lei posterior que piora a situação do réu (tem efeito ex nunc), irretroagindo – de acordo com o princípio constitucional do art. 5º, XL. Exemplo: lei nova que aumenta a quantidade da pena. 
NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA: começa a punir um comportamento que não era crime. Nunca será aplicada diante do princípio da anterioridade da lei prevista na CF e no CP. 
→ LEI INTERMEDIÁRIA: é o caso da lei benigna que não estava em vigência nem no momento do crime, nem no de seu julgamento, mas uma intermediária, devendo ser aplicada (corrente majoritária), pois o princípioda retroatividade diz que se é mais benévola, retroage.
→ LEIS TEMPORÁRIAS/EXCEPCIONAIS: as primeiras tem seu prazo de vigência pré-estabelecido, enquanto as segundas vigem durante situações de emergência. De acordo com o art. 3º do CP, eles são ultrativas, ou seja, aplicam-se aos fatos que ocorreram durante sua vigência, mesmo depois de revogadas.
→ TEMPO DO CRIME: é preciso saber qual é o tempo em que o crime ocorreu para poder ter certeza de qual lei aplicar (a vigente ou a anterior). São três teorias que explicam, sendo que a adotada pelo Código Penal é a seguinte:
ATIVIDADE: considera-se como tempo do crime o momento da conduta (ação ou omissão), pouco importando o momento do resultado. Exemplo: o momento em que o agente efetua os disparos contra a vítima (MAJORITÁRIA – art. 4º/CP).
OBSERVAÇÃO: nos casos de crimes permanentes e continuados, como o sequestro, tanto a ação quanto a omissão se prolongam no tempo. Dessa forma, sobrevindo lei mais severa DURANTE o tempo de privação/continuidade, esta será aplicada, visto que o agente ainda está praticando a ação na vigência da lei posterior.
SÚMULA 711/STF: “a lei penal mais grave se aplica aos crimes permanentes e continuados se a vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. 
Lugar do crime
Ubiquidade (onde ocorreu a ação ou omissão)
Tempo do crime
Atividade (momento da conduta)
 
LEI PENAL NO ESPAÇO
CONCEITO: pode um crime violar os interesses de dois ou mais países, quando a ação é praticada dentro do território de um e a consumação se dá no de outro. Necessário então que o ordenamento jurídico defina a possibilidade da aplicação da lei nacional nesses casos. O CP adotou o princípio da territorialidade como regra:
TERRITORIALIDADE: prevê a aplicação da lei nacional ao fato praticado dentro do próprio país, decorrendo da soberania do Estado, podendo ele jurisdicionar sobre aqueles que se encontram em seu território (art. 5ª, §§ 1º e 2º/CP). Tal princípio é relativo, visto que há ressalvas da não aplicação da lei brasileira no território nacional, por conta dos tratados e convenções internacionais (ex: caso dos diplomáticos, que responderão pelas leis dos respectivos países).
→ Art. 8º: pena cumprida no estrangeiro: diversas – atenua; idênticas: computa. 
CONTAGEM DE PRAZOS: está estabelecida no art. 10/CP, e expressa as seguintes regras, importantes para a fixação da pena, do tempo do crime, etc.:
O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo, enquanto o dia final é excluído, mesmo que trate-se de fração (ocorreu na metade ou no fim do dia);
Pelo regramento do processo penal ser diverso, quando houver conflito entre dois dispositivos (um material e um processual), aplica-se o penal, mais favorável ao réu;
Não leva em consideração o ano ser bissexto;
Os prazos penais são improrrogáveis;
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS: o art. 11/CP estabelece que, nas PPL e nas restritivas de direito, as frações de dia e, na pena de multa, as frações de centavos, serão desprezadas – reduzindo-se aquela para número inteiro (ex: não se aplica pena de 20 dias e horas; apenas 20 dias). No caso da moeda, o arredondamento será para mais. 
DA TEORIA DO CRIME
CONCEITO: o CP não traz um conceito de crime, deixando o trabalho para a doutrina. O conceito analítico de crime é o adotado no Brasil, que se refere à teoria bipartida:
BIPARTIDA: o crime é fato típico e antijurídico (ou culpável), enquanto a culpabilidade é pressuposto da aplicação da pena. Essa teoria foi a adotada pela Lei 7.209/84, que reformou a parte geral do Código Penal. Deve-se interpretar a teoria bipartida juntamente com a teoria finalista da conduta. 
CARACTERÍSTICAS DO CRIME: para a existência do crime, é necessária uma ação positiva ou negativa (omissão). Necessário também que essa ação esteja descrita expressamente na lei (verbo). Deve-se observar ainda que a ação precisa ser contrária ao direito e não estar amparado pelas excludentes de ilicitude. Assim, são características do crime:
Fato típico é o comportamento humano, positivo ou negativo, que provoca um resultado (via de regra), além de ser previsto como infração penal.
Fato antijurídico é aquele que contraria o ordenamento jurídico. Há exceções, em que a própria lei admite a prática do fato típico, como na hipótese de legítima defesa. Assim, não será considerado crime, pois embora seja fato típico, não é antijurídico.
Culpabilidade é a reprovação da ordem jurídica em face de estar ligado o homem ao fato antijurídico – sendo, então, a contradição entre a vontade do agente e a vontade da lei. Não faz parte do crime, é apenas utilizada para a aplicação da pena.
REQUISITOS, ELEMENTOS E CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME
REQUISITOS: genericamente, são requisitos do crime a tipicidade e a antijuricidade.
ELEMENTOS: são requisitos do delito em si. É o verbo que descreve a conduta; o objeto material e os sujeitos (ativo e passivo) descritos na figura penal. Inexistente um elemento qualquer, não há crime. 
CIRCUNSTÂNCIAS: são determinados dados do crime que, agregados à figura típica, têm a função de aumentar ou diminuir suas consequências jurídicas, em especial, a pena.
DIFERENÇA ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO: com relação à gravidade do delito, eles podem ser divididos em duas categorias (sistema dicotômico, adotado pelo Brasil): os crimes e as contravenções O que difere um do outro é a espécie de pena imposta, de acordo com o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal:
Crimes: serão considerados crimes as condutas que tiverem como pena a de reclusão ou detenção e multa (sendo esta sempre alternativa ou cumulativa com a PLL). O limite de pena imposta é de 30 ANOS. 
Contravenções: são conhecidos como “crime-anão” (pena não superior a 02 anos). São cominados a eles a pena de prisão simples, e/ou multa, ou apenas esta. O limite de pena imposta é de 05 ANOS.
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO: para que se possa confirmar que o fato concreto tem tipicidade, é necessário que se verifique os elementos do fato típico. Caso algum dos elementos esteja faltando, não haverá crime, ocorrendo o que se chama de tentativa. São elementos a (o):
Conduta (ação ou omissão);
Resultado;
Nexo causal;
Tipicidade.
DA CONDUTA
CONCEITO: não há crime sem ação (conduta). São três teorias que propõem o conceito de conduta: a causalista, a finalista e da ação social. A predominante entre os penalistas e majoritária no Brasil é a finalista:
I - TEORIA FINALISTA: conduta é todo comportamento humano (ação ou omissão), consciente e voluntário, culposo ou doloso, dirigido a uma finalidade.
→ No crime doloso, a finalidade da conduta é de concretizar o fato ilícito, enquanto que no crime culposo o agente não tem como finalidade lesionar, mas se torna autor por não ter evitado o evento.
ELEMENTOS DA CONDUTA: existem quatro elementos da conduta:
Vontade;
Finalidade;
Exteriorização;
Consciência.
HIPÓTESES DE AUSÊNCIA DE CONDUTA: não haverá conduta quando não houver intervenção da vontade – ou seja, os atos são desprovidos de vontade. Hipóteses:
Coação física irresistível: exemplificando – um homem amarrado não pode praticar uma conduta omissiva;
Movimentos reflexos: como os atos de quem está sob efeito do sonambulismo, hipnose, sonho, etc.
Força irresistível: são as hipóteses dos casos furtuitos e força maior, como raios, enchentes, etc.
FORMAS DE CONDUTA: pode ser exteriorizada por meio de uma comissão (ação), que é um ato corpóreo, um fazer (como atirar, subtrair, ofender...) – ou através de uma omissão, que segundo a teoria normativa, é uma abstenção de movimento – ou seja, é “não fazer algo que é devido”.
DA OMISSÃO: os crimes omissivos podem ser classificados em próprios e impróprios – além daqueles conhecidos como omissivos por comissão e da participação por omissão:
→ Próprios: aqui, não existe o dever de agir, pois não há norma impondo o que deveria ser feito. Nesse caso, o omitente só responde se tiver uma norma descrevendo tal omissão (ex: art. 135). 
→ Impróprios: nessecaso, o agente tem o dever legal de agir – ou seja – ele não fez o que deveria ter sido feito. O art. 13/CP dispõe quem tem tal dever:
Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (A);
De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (B);
Com seu comportamento anterior, criou o risco de ocorrência do resultado (C).
→ Omissivo por comissão: aqui, há uma ação que provoca a omissão. Não é reconhecida por parte da doutrina, que os considera apenas por comissão. Ex: chefe que impede que sua funcionária, passando mal, seja socorrida.
→ Participação por omissão: ocorre quando o omitente, tendo o dever jurídico de evitar o resultado, concorre para ele ao não agir. Responde como participe. Quando não há o dever de agir, o terceiro responde apenas pela omissão.
REQUISITOS DA OMISSÃO: é necessário observar, para a caracterização da omissão, se o omitente tinha:
Conhecimento da situação típica;
Consciência de que pode executar a ação;
Possibilidade real/física de agir.
CASO FURTUITO: é aquilo considerado imprevisível. Estranho à vontade do homem – que não pode impedir. Exemplo: incêndio provocado por cigarro derrubado do cinzeiro pelo vento. Não há crime: fato atípico.
FORÇA MAIOR: é um evento externo do agente, tornando inevitável o acontecimento. O exemplo mais comum é a coação física – como por exemplo – não será punido o agente que apertar o gatilho por força física do coator. Não há crime: fato atípico.
DO RESULTADO
INTRODUÇÃO: para que o crime exista, é necessário que haja resultado. Para a corrente naturalística, aquele é a modificação do mundo exterior por uma conduta voluntária. Porém, há crimes em que tal modificação exterior não acontece, como no ato obsceno, por exemplo. Como o art. 13 afirma que é necessário o resultado – surge-se um novo conceito, evitando-se, assim, incompatibilidade. 
CONCEITO: é uma lesão ou perigo de lesão de um interesse protegido pela lei penal.
DO NEXO CAUSAL
INTRODUÇÃO: a existência do crime ainda exige uma relação entre a conduta e o resultado. Para que se possa reconhecer se a condição é causa do resultado, utiliza-se o processo hipotético de eliminação, segundo qual causa é todo o antecedente que não pode ser suprimido sem afetar o resultado. É criticado, pois a corrente de antecedentes pode ir ao infinito. Entretanto, somente há crime com dolo ou culpa, o que deixa de ter relação com quem criou a arma, por exemplo – limitando os antecedentes. Não se elimina o nexo causal com uma concausa. Importante ressaltar que a simples dúvida sobre o nexo de causalidade impede a responsabilização do agente.[1: Concausa é são as causas preexistentes, concomitantes ou supervenientes. ]
DA TIPICIDADE
INTRODUÇÃO: a expressão “tipo” é usada para descrever exatamente qual a conduta é considerada crime, assim como as penas. O mais importante no tipo é o verbo, pois nele está descrita a conduta ilícita. Duas formas: dolosa e culposa. Importante destacar que o dolo e a culpa não integram a “culpabilidade” – eles fazem parte do próprio tipo.
TIPO DOLOSO: esse se subdivide em dois ramos: o objetivo compreende a ação delituosa descrita com todas suas características descritivas, como o verbo, o objeto material, a pena, etc. Já o subjetivo necessariamente compreende o dolo, como elemento intencional genérico. 
TIPO CULPOSO: geralmente, nos tipos culposos, só há a descrição do resultado, ou seja, a lesão ou perigo de lesão do bem jurídico tutelado, sendo ele um “tipo aberto”.
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES: de forma geral, o crime pode ser classificado em:
Comuns: podem ser praticados por qualquer pessoa. Exemplo: homicídio.
Próprios: apenas pessoas específicas podem praticá-los Admitem participação e coautoria. Exemplo: infanticídio.
Mão própria: só pode ser executado por uma pessoa (descrita no dispositivo). Admite a participação. Exemplo: falso testemunho. 
Simples: aqueles que protegem um único bem jurídico. Exemplo: homicídio.
Complexos: é a fusão de dois ou mais tipos penais, ou quando um tipo penal funciona como qualificador do outro. Exemplo: roubo – junção de furto e ameaça/violência.
Vago: ocorre quando o sujeito passivo é uma coletividade, sem personalidade jurídica. Exemplo: perturbação de velório.
Habitual: há de ocorrer uma reiteração de atos (mais de uma vez). Exemplo: exercício ilegal da medicina.
Unisubsistente: quando a ação é composta por um só ato. Exemplo: injúria.[2: Não se admite a tentativa. ]
Plurisubsistente: conduta representada por vários atos. Exemplo: furto.
Plurissubjetivo: exige-se a pluralidade de agentes. Exemplo: associação criminosa.
Unissubjetivo: praticados por uma pessoa. Admitem concurso. 
COM RELAÇÃO AO MOMENTO DE CONSUMAÇÃO
Instantâneo: a consumação ocorre em um só momento, de imediato. Exemplo: estupro. 
Permanente: a consumação se prolonga no tempo por vontade do agente. Exemplo: sequestro. 
Instantâneo permanente: se consuma em determinado momento, mas seus efeitos permanecem, independentemente da vontade do agente. Exemplo: homicídio.
COM RELAÇÃO AO RESULTADO
Materiais: a lei descreve a ação e o resultado e exige a ocorrência deste para a consumação. Resultado naturalístico. Exemplo: estelionato. 
Formais: a lei descreve a ação e o resultado, mas o resultado é mero exaurimento do delito. Exemplo: falsidade de moeda.[3: É indiferente a ocorrência do resultado. Possuem consumação antecipada. Basta a ação/omissão.]
Mera conduta/atividade: a lei descreve apenas a conduta, e não exige a ocorrência do resultado para a consumação. 
DO DOLO
CONCEITO: segundo o art. 18, I do CP, haverá crime doloso quando o agente quer o resultado (dolo direto) ou quando ele assume o risco de produzi-lo (dolo eventual). São várias as teorias que tratam do dolo, sendo que o Código Penal adotou duas: a teoria da vontade, quando se refere ao dolo direto e a do assentimento, quando se refere ao eventual.[4: Teoria da vontade: dolo é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado.][5: Teoria do assentimento: dolo é a vontade de realizar a conduta, assumindo o risco da produção do resultado.]
→ O dolo pressupõe: a) consciência: da conduta, do resultado e do nexo causal entre eles; b) vontade: desejo de realizar a conduta e provocar o resultado (intenção de concretizar a ação). 
DA CULPA
CONCEITO: disposto no art. 18, II do CP, ocorre o crime culposo quando o agente não quer e nem assume o risco de produzir o resultado, mas deu causa a este por imprudência, imperícia ou negligência. Ressalta-se que só há crime culposo quando previsto na lei. 
→ O crime culposo tem tipo aberto, visto que sua conduta não é descrita em lei, apenas o resultado, necessitando sempre de um juízo de valor por parte do julgador.
→ Não existe no direito penal brasileiro a figura da compensação de culpas.
→ Concorrência de culpas: ocorre quando duas ou mais pessoas agente de forma culposa dando causa ao resultado. Todas respondem por crime culposo.
ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO
CONDUTA: é uma ação humana voluntária, que se dirige a uma finalidade. Nesse caso, o resultado não é desejado pelo agente, que apenas deu causa ao mesmo, sendo importante apenas o modo e a forma imprópria de sua conduta no caso concreto.
INOBSERVÂNCIA DO DEVER DE CUIDADO OBJETIVO: deve-se confrontar com as ações do “homem médio”, para que se possa dizer se o agente foi cuidadoso ou não. Se o agente não agiu como um homem prudente agiria, cometeu crime culposo e vice-versa. Tal cuidado objetivo se manifesta em três modalidades: [6: Exemplo: embora tenha atropelado a vítima, fica constatado que o agente dirigia com prudência, não ficando caracterizado o crime culposo.]
a) Imprudência: é a falta de cuidado do agente (ação);
b) Imperícia: falta de habilidade técnica de uma profissão;
c) Negligência: ausência de precaução, indiferença por parte do agente (omissão).
RESULTADO: deve estar expresso em lei e não querido pelo agente.
PREVISIBILIDADE: é a possibilidade de previsãodo resultado por parte do agente.
ESPÉCIES DE CULPA
CULPA CONSCIENTE: chamada também de culpa com previsão. Ocorre quando o agente prevê o resultado, mas espera sinceramente que ele não ocorra – pressupondo que poderá evita-lo com sua habilidade.
CULPA INCONSCIENTE: o agente não prevê o resultado, que entretanto, poderia acontecer.
CULPA PRÓPRIA: é aquela em que o sujeito não quer e não assume o risco de produzir o resultado.
CULPA IMPRÓPRIA: é também chamada de culpa por extensão. É uma suposição do agente de que está acobertado por uma excludente de ilicitude, agindo intencionalmente e provocando um resultado típico. [7: Apesar da conduta dolosa, o agente responde por crime culposo, visto que se equivocou. ]
GRAUS DE CULPA: é averiguado de acordo com a maior ou menor possibilidade de previsão do resultado, tendo relevância na aplicação da pena, podendo a culpa ser: grave, leve ou levíssima (nesse caso, o agente é isento de responsabilidade).
DO CRIME CONSUMADO E DA TENTATIVA
INTRODUÇÃO: o art. 14/CP trata do assunto, estabelecendo em seus incisos os conceitos de crime consumado (I) e de crime tentado (II).
→ Crime consumado: quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
→ Crime tentado: quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente (“vontade” – o agente tinha dolo em consumar o crime).
ITER CRIMINIS: são as etapas que sucedem, de forma cronológica, o desenvolvimento do crime (desde a ideia à consumação). Subdivide-se em quatro fases: uma interna chamada “cogitação” e três externas, chamadas de “preparação”, “execução” e “consumação”.[8: Caso haja dúvida sobre o ato ser preparatório (não punível) ou executório (punível), deve-se beneficiar o agente, negando-se a execução.]
→ Cogitação: não se pune, pois acontece na mente do agente;
→ Preparação: não são puníveis, (salvo se constituírem atos executórios de delito autônomo), ocorre quando o agente externa a ideia cogitada, selecionando os meios aptos à chegar ao resultado pretendido;
→ Execução: põe em prática o pretendido, ingressando na fase executória;
→ Consumação: quando se completa a execução do crime, obtendo-se o resultado pretendido.
→ Exaurimento: fase que ocorre em determinados crimes, e se passa após a consumação, que o esgota de forma plena. Não altera a situação anterior, e nem influi nela. [9: Exemplo: no crime de corrupção passiva (art. 317) se consuma com a simples solicitação da vantagem indevida, mesmo que o agente não tenha intenção de realizar a ação ou abster-se da prática. Se ele efetivamente recebe a vantagem, o crime se exaure (se completa), mas já havia sido consumado.]
CONSUMAÇÃO: o momento consumativo varia de acordo com a natureza do crime. A título de exemplo, nos crimes materiais/culposos, o momento de consumação ocorre com a produção do resultado naturalístico (morte no homicídio) e nos crimes omissivos, com a abstenção do comportamento do agente.
TENTATIVA: se caracteriza quando circunstâncias alheias à vontade do agente o impedem de consumar o crime, depois de iniciada a execução (iter criminis). A execução pode ser interrompida de duas formas: a) por vontade do agente: não há tentativa, apenas desistência voluntária ou arrependimento eficaz; b) por circunstâncias alheias à vontade do agente: há crime tentado.
→ Requisitos da tentativa
Ingresso na execução, de forma obrigatória;
Não consuma o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.
→ Espécies de tentativa
Perfeita: é conhecida como crime falho, pois o agente pratica todos os atos necessários, e mesmo assim o crime não se consuma (ex: vítima é salva por um médico);
Imperfeita: quando o agente não consegue praticar todos os atos necessários por interferência externa à sua vontade (ex: agressor é segurado por terceiro).
→ Punibilidade da tentativa: para punir a tentativa, foram estabelecidas duas teorias. A adotada pelo CP, denominada objetiva, propõe pena menor que a do crime consumado (quanto mais o agente se aproxima da consumação, menor será a redução).[10: A teoria subjetiva propõe a aplicação da mesma pena do crime consumado à tentativa, sem redução.]
“Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, reduzida de 1/3 a 2/3” – parágrafo único/art. 14 do CP.
TEORIA DA PENA
INTRODUÇÃO: as penas previstas no art. 33/CP são: a) privativa de liberdade; b) restritiva de direitos e c) multa.
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE: é a mais comum. Condenado é recolhido para determinado estabelecimento para cumpri-la. Tem duas espécies: reclusão e detenção. A pena de reclusão deverá ser cumprida no regime fechado, semiaberto ou aberto e a de detenção no regime semiaberto ou aberto (salvo necessidade de transferência para o fechado).
REGRA PARA FIXAÇÃO DOS REGIMES (§2º/art. 33)
→ Fechado: pena superior a 08 ANOS;
→ Semiaberto: pena superior a 04 anos mas inferior a 08 anos (primário);
→ Aberto: pena igual ou inferior a 04 anos (primário).
DOSIMETRIA DA PENA (art. 89): foi adotado o critério trifásico para que seja calculado a pena base do réu, a partir da qual serão feitos todos os outros cálculos. Primeiramente, o juiz observará os requisitos do art. 59 (primeira fase), logo após, levará em conta as circunstâncias agravantes e atenuantes (segunda fase) e por fim as causas de aumento ou diminuição de pena (terceira fase).
I - 1ª fase: o juiz, atendendo à culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivos, circunstâncias e consequências do crime, aplicará a pena considerando:[11: Se é primário ou reincidente. SÚMULA 444/STJ: é vedado o uso de inquérito policial e ações penais em andamento como agravante para o réu.]
→ Se o crime é apenado com reclusão ou detenção;
→ O quantum da pena, dentro do limite previsto (30 anos);
→ O regime inicial (fechado, semiaberto ou aberto);
→ A substituição da PPL por outra espécie, se cabível.
→ Se o crime for qualificado, o juiz toma por base a pena já qualificada, e não a base.
II – 2º fase: será analisado as circunstâncias agravantes (art. 61/62 do CP, como a reincidência, motivo torpe, traição, etc.) e as atenuantes (art. 65/66 do CP, como a idade do agente à época do fato, o desconhecimento da lei, etc.). Quantum?[12: É critério do juiz. Porém, jurisprudencialmente: 1/6, tanto para aumentar, como diminuir. Limite? – SÚMULA 231/STJ: agravante: não pode exceder o máximo abstrato; atenuante: não abaixo do mínimo.]
→ Agravante e atenuante ao mesmo tempo: juiz deve aplicar as de caráter subjetivo.
III – 3º fase: por último, será observado as causas de aumento (é sempre uma fração, disposta em cada crime separadamente) e as de diminuição, como a detração e remição, além daquelas previstas em cada tipo penal (também em fração).
→ Nessa fase, o juiz pode aplicar a pena acima do máximo e abaixo do mínimo.
→ Concurso de causas de aumento e diminuição no mesmo delito:
	01 CAUSA DE 
AUMENTO E 01 DE
DIMINUIÇÃO
	AMBAS DA PARTE
ESPECIAL
	APLICA-SE APENAS A MAIOR
	02 CAUSAS DE 
AUMENTO
	01 DA PARTE GERAL E 01 DA ESPECIAL
	AMBAS INCIDEM
	02 CAUSAS DE 
DIMINUIÇÃO
	01 DA PARTE GERAL E 01 DA ESPECIAL
	AMBAS INCIDEM
	01 CAUSA DE 
AUMENTO E 01 DE
DIMINUIÇÃO
	01 DA PARTE GERAL E 01 DA ESPECIAL
	AMBAS INCIDEM
PROGRESSÃO E REGRESSÃO DE PENA: dispõe o CP que a PPL será executada na forma progressiva, se preenchidos os requisitos objetivos (fração de pena ser cumprida) e subjetivo (mérito do condenado). A progressão é a transferência do condenado do regime mais severo para o mais brando, enquanto que a regressão é o oposto. As regras estão previstas na LEP (arts. 112 – 118).[13: É vedada a progressão ‘por salto’, ou seja, o condenado não pode ir do fechado para o aberto, devendo antes passar pelo semiaberto. Entretanto, no caso de regressão, tal regra é permitida, podendo o condenado ir do aberto direto para o fechado.]
DETRAÇÃO (art. 42): é o computo na PPL/MS do tempo em que o condenado ficou preso provisoriamente.Regras previstas na LEP
REMIÇÃO: é o desconto que se dá na PPL/MS pelo estudo/trabalho/leitura. Regras previstas na LEP.
REINCIDÊNCIA (art. 63): ocorre quando o agente comete novo crime, depois do trânsito em julgado de sentença que o condenou por crime anterior. Será considerado reincidente aquele que cometer novo crime nos próximos 05 anos depois de ter cumprido/extinguido sua pena do crime anterior.
→ Se houver livramento condicional sem revogação, o prazo de 05 anos começa a contar da data de início do livramento, e não do prazo final da pena aplicada no crime anterior.
SUBSTITUIÇÃO DA PPL POR PRD (art. 44): o juiz da condenação poderá substituir a PPL por PRD quando:
I – quando a PPL for igual ou inferior a 04 anos e o crime não tenha sido cometido com violência/grave ameaça;
II – quando o crime for culposo (independentemente do tanto de pena);
III – réu não reincidente em crime doloso;[14: Exceção: §3º: o juiz poderá aplicar a substituição, mesmo se reincidente, quando a condenação anterior (que gerou a reincidência) não seja pelo mesmo crime a que se opera a substituição, desde que essa seja recomendável.]
IV – quando as condições do art. 59 forem favoráveis (antecedentes, etc.).
→ Nesse caso, o prazo de cumprimento da PRD é o mesmo da PPL a qual recaiu a substituição.
SUBSTITUIÇÃO DA PPL POR MULTA (§2º/art. 44): quando a PPL for inferior a 01 ano, poderá ser substituída por uma pena de multa ou uma PRD; se superior a 01 ano, poderá ser substituída por 1 multa + 1 PRD ou 2 PRD.
DO CONCURSO DE CRIMES
INTRODUÇÃO: ocorre quando uma pessoa pratica vários crimes. O CP prevê três modalidades de concurso de crimes: material, formal e o crime continuado, respectivamente nos arts. 69, 70 e 71. Como consequência, existem duas teorias:
→ Sistema material: haverá a soma de penas. Adotado no concurso material (art. 69); formal imperfeito (art. 70, 2º parte).
→ Sistema da exasperação: aplica-se a pena mais grave, aumentada até atingir quantidade sensivelmente inferior à do cúmulo material. Adotado no concurso formal perfeito (art. 70, 1º parte) e para o crime continuado. 
ESPÉCIES
CONCURSO MATERIAL: se dá quando o agente age com mais de uma conduta, praticando dois ou mais crimes, podendo ser idênticos ou não, será aplicada cumulativamente as penas dos crimes cometidos. Pena de reclusão prefere a de detenção.
→ Requisitos: pluralidade de condutas e de crimes. A consequência é a soma das penas.
I – PROCEDIMENTO: o juiz deverá fixar, separadamente, a pena de cada crime, para então SOMÁ-LAS. É possível a cumulação de PPL com PRD (desde que a primeira tenha sido suspensa). Caso não tenha, não é cabível a cumulação (§1º do art. 69). Se aplicada apenas PRD, será cumprida primeiramente as compatíveis e sucessivamente as demais (§2º do art. 69). [15: Isso se dá porque a prescrição incide sobre cada crime de forma isolada – art. 119/CP.]
CONCURSO FORMAL: se dá quando o agente pratica uma conduta gerando dois ou mais crimes (resultados), iguais ou diversos, tendo como consequência o aumento de pena.
→ Requisitos: 01 conduta e 02 ou mais crimes. 
→ Espécies: 
Perfeito - quando o agente, mediante uma conduta, gera dois ou mais resultados, por uma única vontade. Nos crimes culposos e de erro na execução sempre haverá esse concurso. Ex: subtrai 10 relógios numa loja.
Imperfeito: quando o agente, mediante uma conduta, gera dois ou mais resultados, por pluralidade de vontades. Se faz presente quando o agente deseja (dolo direto) dois ou mais resultados ou assume o risco de produzi-los (dolo eventual). Ex: agente dispara contra duas vítimas, querendo matá-las.[16: Não cabe nos crimes culposos.]
I - PROCEDIMENTO: o juiz deverá aplicar a pena mais grave (quando diversas) e, se iguais, somente uma delas, sendo aumentada, em qualquer caso, de 1/6 a 1/2.
→ ART. 70: no concurso formal, caso resulte em pena superior à que resultaria se o concurso fosse material, deverá ser aplicada a regra do último, ou seja, as penas deverão ser somadas e não aumentadas, visto que é mais benéfico para o réu. 
CRIME CONTINUADO: se dá quando o agente, mediante mais de uma conduta, praticar dois ou mais crimes iguais pelas condições de tempo, lugar e execução, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. 
→ Crime continuado específico: nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência/grave ameaça, poderá o juiz, de acordo com os antecedentes do acusado, aumentar até o triplo a pena de um só crime, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, observado o art. 70/CP.
→ Teoria da ficção jurídica: embora haja uma pluralidade de delitos, o legislador entende que eles constituem um só crime, apenas para o efeito de sanção penal. 
→ Condições (jurisprudência):
a) Tempo: crimes praticados com no máximo 30 dias de distância um do outro;
b) Lugar: praticados na mesma comarca ou em vizinhas;
c) Modo: executados da mesma forma;
d) Ocasião: prática em proveito da mesma situação do crime anterior.
→ Aumento de pena: o aumento deve incidir sobre o resultado da pena aumenta/diminuída pelas circunstancias agravantes ou atenuantes, e não pela pena base. 
→ Momento da unificação: se todos os delitos fizerem parte do mesmo processo, o juiz de primeiro grau efetuará a unificação. Entretanto, se diversos os processos, competirá ao juiz da execução.
→ Jurisprudência: “crimes da mesma espécie” – assim, por não serem crimes da mesma espécie, não haverá crime continuado entre:
a) Roubo e extorsão;
b) Roubo e furto;
c) Estupro e atentado violento ao pudor;
d) Roubo e latrocínio.
→ Não se admite tentativa.
→ É possível em crimes culposos, desde que da mesma espécie.
→ SÚMULA 711/STF: se surgir lei nova durante a continuidade, esta deve ser aplicada, mesmo que prejudique o réu, pois ele tinha a possibilidade de se ajustar de acordo com os novos ditames. 
→ Prescrição: regula-se pela pena imposta, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.
DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, DO ARREPENDIMENTO EFICAZ E DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR
INTRODUÇÃO: a desistência voluntária e o arrependimento eficaz encontram-se dispostos no art. 15 do CP, enquanto que o arrependimento posterior está regrado no art. 16/CP. São chamadas de excludentes de ilicitude.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA: a primeira parte do art. 15 corresponde à desistência voluntária, quando enuncia que “o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução...”. A natureza jurídica desse instituto é a atipicidade do fato. 
NOTAS GERAIS: para que se possa falar em desistência voluntária, é preciso que o agente já tenha ingressado na fase de execução do crime. Se ainda estiver na fase preparatória, seus atos serão atípicos.
CONCEITO: esta ocorrerá quando, ainda durante a prática da execução, mas sem esgotar todos os meios que tinha à disposição para consumar o crime, o agente desiste, de forma voluntária, de nela prosseguir. 
→ Para diferenciar a tentativa da desistência voluntária, utiliza-se a Fórmula de Frank. Institui-se essa em duas afirmações feitas pelo agente: a) Quero, mas não posso: nesse caso, trata-se de tentativa, visto que o agente quer prosseguir, mas por circunstâncias alheias à sua vontade, não pode; b) Posso, mas não quero: aqui, o agente pode prosseguir, mas decide utilizar-se da “ponte de ouro”, e regredir em seus atos, desistindo da consumação.
RESPONSABILIDADE DO AGENTE: quando ocorrer a desistência voluntária, o agente só responde pelos atos já praticados. Deve-se então identificar quais infrações penais o agente cometeu até desistir, para que possa por elas responder. [17: A finalidade dessa responsabilidade é fazer com que o agente jamais responda pela tentativa. Isso porque ele desistiu por vontade própria, e não por circunstâncias alheias à sua vontade.]
ARREPENDIMENTO EFICAZ: está disposta na segunda parte do art. 15, ao concluir o legislador que o agente que “impede que o resultado se produza...”. Nesse caso,a execução já foi encerrada, ponto em que se diferencia esse instituto da desistência voluntária.
CONCEITO: o agente, após esgotar todos os meios que dispunha para consumar o crime, arrepende-se e atua em sentido contrário, evitando que o resultado pretendido por ele aconteça. [18: Hipótese do agente que, após envenenar a vítima, lhe entrega o antídoto, evitando que ela faleça.]
NÃO IMPEDIMENTO DO RESULTADO: embora o agente tenha se arrependido e agido com novas condutas para evitar a produção do resultado, e se este vier a ocorrer, não será ele beneficiado com este instituto, respondendo pelo crime consumado.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR: quando preenchidos os requisitos do art. 16, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida, de um a dois terços. Tem por natureza jurídica uma causa de diminuição de pena. 
REQUISITOS: para que o agente possa ser beneficiado, deve ele, por vontade própria, preencher os seguintes requisitos:
→ Ausência de violência/grave ameaça na elementar do tipo e na conduta;
→ Deve ele reparar o dano ou restituir a coisa na sua totalidade;
→ Deve fazê-lo até o recebimento da denúncia ou queixa-crime.[19: O agente poderá ser beneficiado com o instituto mesmo após de oferecida a denúncia ou queixa, desde que o juiz não a tenha recebido.]
VOLUNTARIEDADE DO AGENTE: embora o dispositivo traga por expresso a voluntariedade, não se exige a espontaneidade. Portanto, mesmo que convencido por terceiros a desistir, ou restituindo a coisa com o simples objetivo de ser beneficiado com o instituto, ao agente será ele aplicado.
→ A lei exige a voluntariedade do agente, mas não sua pessoalidade. Assim, caso terceira pessoa restitua a coisa/repare o dano em nome do agente, será este beneficiado com a redução de pena.
EXTENSÃO DO BENEFÍCIO: quando dois ou mais agentes praticarem a infração, mesmo que apenas um deles repare o dano ou restitua a coisa antes do recebimento da denúncia/queixa, a todos será aplicado o benefício.
→ EXCEÇÃO: de acordo com o §2º do art. 29, aquele concorrente que quis participar de crime menos grave poderá ser beneficiado com a redução de pena, e esta não será estendida para o outro agente, que acabou por praticar crime mais grave. [20: Exemplo: dois agentes visam furtar uma casa aparentemente abandonada. Um vigia e o outro entra. O que entrou se depara com o caseiro, e, mediante ameaça/violência, subtrai uma TV. O crime passou a ser roubo, e, o agente que vigiou, não cometeu crime mais grave, podendo ser beneficiado, e o outro não.]
TEORIA DO ERRO 
CONCEITO: de acordo com o disposto no art. 20 e seus §§ do CP, há duas espécies de erro: o essencial (afasta o dolo, mas permite a punição pelo crime culposo, se previsto), e o acidental, que possui várias modalidades, mas não afasta o dolo nem a culpa.
→ Entende-se por erro de tipo essencial aquele que recai sobre as elementares, circunstâncias ou qualquer outro dado que se agregue à conduta típica. Ocorre quando a pessoa age de forma sincera pensando que sua conduta é lícita, quando na verdade é crime, existindo uma falsa representação da realidade. 
→ Conceitua-se erro de tipo acidental quando o agente age com consciência da ilicitude (sabe que comete crime), mas se engana quanto a um elemento não essencial	 do fato ou erra sua execução, e não afasta o dolo/culpa. Pode recair sobre o objeto, pessoa, execução ou resultado diverso do pretendido.
CONSEQUÊNCIAS DO ERRO DE TIPO ESSENCIAL: de acordo com o art. 20, via de regra, o erro de tipo exclui o dolo, mas a exceção permite a punição por crime culposo, desde que haja previsão legal.
ERRO DE TIPO ESCUSÁVEL/INEVITÁVEL: ocorre quando o agente, nas circunstâncias em que se encontrava, não tinha como evitá-lo, mesmo tomando todas as cautelas necessárias. Assim, o dolo e a culpa são afastados, deixando o fato de ser típico, passando a não ser crime.
ERRO DE TIPO INESCUSÁVEL/EVITÁVEL: nesse caso, o agente poderia ter agido com mais diligência, evitando o resultado. Assim, embora o dolo seja afastado, poderá ser-lhe atribuído a culpa, se houver previsão legal para a referida modalidade de conduta.
CONSEQUÊNCIAS DO ERRO DE TIPO ACIDENTAL
ERRO SOBRE O OBJETO (error in objecto): é o caso do agente que, sabendo que está cometendo crime, subtrai para si um objeto que pensa ter uma qualidade, mas na verdade tem outra (ex: pensa que a pulseira é de outro, furta, mas na verdade é bijuteria). TEM CONSCIÊNCIA DO CRIME!
ERRO SOBRE A PESSOA - §3º (error in persona): erro sobre a identificação da vítima. Nesse caso, responde pelo crime como se tivesse atingido seu objetivo, ou seja, como se tivesse acertado quem ele queria. Nada muda. No caso do art. 121, por exemplo, responde pelo crime mesmo se matou pessoa diversa da pretendida.
ERRO NA EXECUÇÃO (aberratio ictus): prevista no art. 73 do CP, ocorre quando, por acidente ou erro no uso dos meios da execução, o agente, ao invés de atingir pessoa pretendida, atinge diversa. Nesse caso, aplica-se a regra do erro sobre a pessoa. Caso ele também tenha acertado a pessoa que pretendia, responde com concurso formal de crimes. O erro ocorre de pessoa para pessoa.
RESULTADO DIVERSO DO PREDENTIDO (aberratio criminis): ocorre quando, fora dos casos do art. 73, por acidente ou erro na execução, sobrevier resultado diverso do pretendido. Nesse caso, responde por culpa (se houver previsão) e, se ocorrer o resultado pretendido, incorre em concurso formal. O erro ocorre de coisa para a pessoa.
→ Exemplo: pessoa que, visando atingir uma vitrine (coisa) atira uma pedra e acaba acertando um pedestre (pessoa). Responde, assim, pelo art. 129, §6º, sendo afastada a tentativa de dano.
DO CONCURSO DE PESSOAS
CONCEITO: é a ciente e voluntária participação de duas ou mais pessoas no cometimento da mesma infração penal. Não é necessário acordo prévio entre os envolvidos, bastando que um dos delinquentes esteja ciente de estar participando da conduta de outro.
→ Distinção: difere o concurso de pessoas do concurso necessário. O primeiro é eventual, podendo incidir em qualquer delito unissubsistente, enquanto que o segundo é requisito necessário para determinados delitos, pois só podem ser praticados por mais de uma pessoa (crimes plurissubjetivos). [21: Exemplo: as 4 pessoas que compõem a quadrilha são autores desse delito (art. 288).]
TEORIAS: o CP adotou como regra a teoria monista, e como exceção a teoria pluralista.
MONISTA: aduz que todos que concorrerem para a prática incidem nas penas cominadas, na medida de sua culpabilidade. O crime é único e indivisível, atribuindo-o a todos que participaram (art. 29/CP).
PLURALISTA: dispõe que, em decorrência do concurso, haverá diversas ações resultando em diversos delitos, praticando cada pessoa um crime próprio e autônomo. O CP a adotou no caso do aborto (art. 124), pois a gestante incorre em um delito e a pessoa que realizou o aborto em outro (art. 126).
3. REQUISITOS: para que seja configurado, necessita, cumulativamente, de:
PLURALIDADE DE CONDUTAS: é necessário mais de uma pessoa para que se configure o concurso de agentes (com exceção dos crimes plurissubjetivos);
RELEVÂNCIA CAUSAL: apenas as condutas relevantes devem ser consideradas. Aquelas irrelevantes/insignificantes para a EXISTÊNCIA do crime devem ser desprezadas, não se constituindo sequer participação, retirando o sujeito do concurso.[22: Por exemplo, alguém que emprestou arma para outro matar alguém e esta não foi utilizada.]
LIAME SUBJETIVO: é o vínculo psicológico que une os agentes para a prática da mesma infração penal. Caso este requisito esteja ausente, cada agente responde isoladamente por sua conduta.[23: Princípio da convergência: nos crimes dolosos, os participantes devem atuar com a mesma vontade, visando o mesmo resultado. Entretanto, isso não significa prévio acordo, é apenas a aderência de um à vontade do outro.][24: Por exemplo, A e B atiram contra C, um acerta mortalmente o alvo e o outro erra, não sabendo quem acertou. A dependerdo liame subjetivo, o resultado muda completamente, respondendo eles em concurso ou separadamente.]
IDENTIDADE DAS INFRAÇÕES: significa dizer que os agentes, unidos pelo liame subjetivo, devem querer praticar a mesma infração penal.
DA AUTORIA: foi adotada a teoria restritiva, sendo autor aquele que pratica a conduta típica descrita na lei – aquele que realiza a ação executiva, ação principal (o que mata, subtrai, constrange, etc.). 
AUTORIA MEDIATA (INDIRETO): é aquele que consegue a execução através de outrem, que atua sem culpabilidade! – ex: a enfermeira que, a mando do médico, ministra veneno, supondo tratar-se de medicamento.
AUTORIA COLATERAL: ocorre quando dois agentes, desconhecendo a conduta um do outro, agem convergindo para o mesmo resultado, que ocorre sem adesão de um ao outro. Tanto faz se o resultado ocorrer por conta de uma ou das duas ações.
AUTORIA INCERTA: ao determinar que todos respondem pelo resultado, ainda que não se saiba quem praticou a ação prevista em lei, resolvido está o problema da autoria incerta. 
COAUTORIA: é aquele que conjuntamente realiza a ação ou omissão que configura o crime. Por exemplo, duas pessoas atiram, matando a vítima. Responderão como coautores. Há decisão comum para a realização do resultado.
→ Inexistente a consciência de cooperação na conduta, não haverá concurso de pessoas, e sim, autoria colateral. 
PARTICIPAÇÃO: em sentido estrito, é a atividade acessória daquele que colabora para a conduta do autor com a prática de uma ação que, em si mesma, não é penalmente relevante. Só passa a ser relevante se o autor ou coautor INICIAR A EXCECUÇÃO DO CRIME.
→ O partícipe não comete a ação do verbo do tipo, mas pratica uma atividade que contribui para a realização daquele. 
→ Formas de participação:
INSTIGAÇÃO: aquele que age sobre a vontade do autor, fazendo nascer neste a ideia da pratica ou encorajando a já existente (persuasão, conselho, comando, etc.). 
CÚMPLICE: contribui prestando auxílio ao autor ou ao partícipe, exteriorizando-se a conduta por um comportamento ativo (empréstimo de arma, v.g.). 
DISPOSIÇÕES GERAIS
CONCURSO E CRIMES POR OMISSÃO: somente fala-se em participação (através da instigação ou determinação) nos crimes omissivos impróprios (aquele em que o agente deveria agir para impedir o resultado) e nos comissivos por omissão (aqueles em que o agente faz algo que não deveria – como deixar a porta aberta).[25: Exemplo: mãe que tem o dever de alimentar o filho e não faz, matando-o. Responde por homicídio.]
→ Não há coautoria em crimes omissivos próprios.
COAUTORIA EM CRIME CULPOSO: se admite, porém, se funde apenas na colaboração da causa, independentemente do resultado (é involuntário). Assim, é autor todo aquele que causa, de forma culposa, o resultado.
→ Não há participação em crime culposo.
INCOMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS (art. 30): as circunstâncias de cunho pessoal (subjetivo) não se comunicam (não se estendem) aos coautores ou partícipes, pois leva-se em consideração a individualidade, no concurso de agentes.[26: Diferença entre circunstância e elementar: a primeira é tudo que está ao redor do fato, mas de natureza acessória (ex: privilegiadoras), enquanto que a segunda é tudo aquilo que, se retirado do tipo penal, o generaliza (retirar a violência do roubo).]
→ Elementares se comunicam, mesmo que de cunho pessoal! (Nesse caso, é indispensável o conhecimento da circunstância elementar por parte do coautor/partícipe, para que assim seja beneficiado pela comunicabilidade).[27: Exemplo: caso uma pessoa não saiba que está auxiliando um funcionário público, responderá por furto, em vez de peculato.]
→ Circunstâncias NÃO: por exemplo, um dos agentes é maior de 70 anos e será beneficiado com redução de pena. Essa circunstância é de caráter pessoal, portanto, não se estende aos demais, menores de 70 anos. 
CAUSAS DE IMPUNIBILIDADE (art. 31): dispõe o dispositivo que o ajuste, a determinação, o auxílio ou a instigação SOMENTE SERÃO PUNÍVEIS SE CRIME FOR, AO MENOS, TENTADO!
→ Dessa forma, reitera-se, não se pune as hipóteses acima se o crime não chegou a ser tentado, ou seja, deve-se ter ingressado na fase executória, caso contrário não serão puníveis, por estarem na fase preparatória.
I – ajuste: acordo ou pacto entre pessoas;
II – determinação: decisão tomada para alguma finalidade;
III – auxílio: é a ajuda ou assistência dada a alguém;
IV – instigação: é a sugestão ou estímulo à realização de algo.
MULTIDÃO DELINQUENTE: forma de concurso de pessoas admitida, onde é desnecessário a descrição minuciosa de cada um dos agentes, desde que afastada a hipótese de	 associação criminosa. No caso da multidão delinquente, todos responderão pelo delito praticado (ex: depredação – crime de dano). Os líderes terão suas penas agravadas (art. 65, III, “e” do CP).
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – “SURSIS”
CONCEITO: instituto pelo qual o apenado em PPL terá a execução de sua pena suspensa, desde que esta não seja superior a 2 anos, pelo prazo de 02 a 04 anos, mediante o cumprimento de condições estabelecidas pela lei e pelo juiz (art. 77/CP).
CABIMENTO: somente será cabível quando o juiz verificar a impossibilidade de substituição da PPL por PRD (art. 157/LEP). Em caso afirmativo, será concedido por meio da sentença/acórdão que aplicar a PPL.
REQUISITOS
OBJETIVOS
→ apenas PPL de até a 02 anos, via de regra (exceção: sursis etário/humanitário).
→ quando não for cabível substituição da PPL por PRD.
SUBJETIVOS
→ não seja reincidente em crime doloso (se o crime anterior – que ensejou a reincidência – não for doloso, é admitida a concessão);
→ circunstâncias favoráveis ao agente, como culpabilidade, antecedentes, conduta social, etc.
ESPÉCIES (art. 77)
→ simples/especial: condições mais rigorosas no primeiro e mais brandas no segundo;
→ etário: concedido aos +70 anos, apenados em PPL de até 04 anos, suspendendo a pena de 04 a 06 anos.
→ humanitário: cabível pelo estado de saúde do condenado, nas condições do etário (exceto a idade).
CONDIÇÕES (art. 78): podem ser legais (impostas pela lei) ou judiciais (impostas pelo juiz – não previstas em lei, como a doação de sangue, por exemplo).
→ Período de prova: é o prazo em que a PPL fica suspensa, mediante o cumprimento das condições impostas. No “sursis” simples/especial, de 02 a 04 anos; no etário/humanitário, de 04 a 06 anos.
“SURSIS” NO JECRIM: disposto no art. 89 da lei 9.099/95, institui a suspensão condicional do processo (não da pena, como no CP), desde que:
→ pena abstrata mínima de 01 ano;
→ não esteja sendo processado por outro crime;
→ não tenha sido condenado por outro crime;
→ depende da aceitação do acusado, pois não haverá julgamento;
→ período de suspensão: 02 a 04 anos, que, cumprido, enseja a extinção da punibilidade.
→ deve cumprir as condições impostas no §1º (são cumulativas).
CAUSAS DE REVOGAÇÃO: caso se tornem presentes, o processo volta correr. Podem ser obrigatórias ou facultativas.
→ Obrigatórias: não haja processamento por outro crime durante o período de prova; e não haja reparação do dano (salvo justificativa).
→ Facultativo: se houver processamento por contravenção ou ocorra descumprimento das condições impostas.
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
INTRODUÇÃO: são causas que obstam a aplicação das penas pela renúncia ou perda do direito de punir do Estado. 
→ Se houver concurso de agentes, podem ser as causas comunicáveis (caráter objetivo) ou incomunicáveis (caráter subjetivo).
→ Somente fala-se em extinção da punibilidade após o recebimento da denúncia, quando há processo. Nesse caso, o juiz, ao reconhecer uma causa extintiva, deve declará-la de ofício (art. 66/CPP).
CAUSAS EXTINTIVAS (art. 107): rol exemplificativo!
I – morte do agente;[28: Juiz deve ouvir o MP antes – art. 62/CPP.]
II – anistia, graça ou indulto;
III – abolitio criminis (lei deixa de considerar o fato como crime);
IV – decadência (perda do prazo de representação);V – perempção (perda do direito de prosseguir com a ação);
VI – renúncia (pelo ofendido);
VII – perdão do ofendido (art. 106/CP);
VIII – prescrição (pretensão punitiva ou executória).
(B) EFEITOS: pode atingir a pretensão punitiva (se ocorrer antes do trânsito em julgado) ou a pretensão executória (se depois do trânsito em julgado). No primeiro caso, os efeitos primários (pena) e secundários (reincidência, reparação de dano, etc.) são atingidos pela extinção. Já no segundo caso, apenas a pena é extinta, persistindo os demais efeitos.
DA PRESCRIÇÃO
CONCEITO: é a perda do direito de punir (pretensão punitiva) ou de executar a pena (pretensão executória) do Estado em virtude de sua inércia durante o tempo fixado em lei. Por ser instituto de direito material, a contagem segue a regra do art. 10 (inclui-se o dia do começo).
→ Crimes que não prescrevem: racismo e ação de grupos armados contra a ordem do Estado democrático (dispostos na CF).
→ Difere da decadência pois esta atinge o direito de	 promoção da ação por parte do ofendido, enquanto que a prescrição atinge o direito de punir do Estado.
DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA
CONCEITO: ocorre, via de regra, antes do trânsito em julgado, tendo as seguintes características:
→ Impede a instauração de inquérito policial ou ação penal;
→ Impede a análise do mérito, caso tenha sido proposta antes da ocorrência;
→ Afasta todos os efeitos penais (principais e secundários, penais ou extrapenais – não gerando reincidência).
→ Momento de declaração: a qualquer momento da ação penal, de ofício/requerimento (art. 61/CPP).
PPP PROPRIAMENTE DITA: ocorre antes da prolação da sentença, sendo regulada pelo máximo da pena em abstrato do respectivo crime, devendo então ser aplicada as regras previstas no art. 109 do CP, que determina o prazo prescricional.[29: SÚMULA 438/STJ: é vedado a extinção da punibilidade pela prescrição com fundamento em pena hipotética (chamada prescrição virtual/antecipada).]
→ Influência das causas de aumento ou diminuição: por alterarem para + ou – a pena, influem. Excepcionalmente, no caso da pretensão punitiva, somente a causa de diminuição constada no art. 115/CP influi, devendo o prazo prescricional (do art. 109) ser reduzido pela metade se o agente for -21 ou +70 à época do fato.[30: Deve ser considerado a causa que mais aumente e a que menos diminua.]
→ Termo inicial de contagem (art. 111):
I – dia da consumação do crime;
II – caso de tentativa: dia em que cessou a atividade criminosa;
III – crimes permanentes: dia em que cessou a permanência;
IV – crimes contra a dignidade sexual (criança/adolescente), da data em que a vítima completar 18 anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta ação penal.
→ Suspensão da prescrição (art. 116): são causas impeditivas que suspendem o curso do prazo. A recontagem (após cessadas as causas) é feita pelo restante da pena, computando-se o tempo já decorrido. 
OBS: O prazo máximo de suspensão é regulado pelo máximo da pena cominada (aplicada na sentença) – SÚMULA 415/STJ.
São causas suspensivas:
a) enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;
b) enquanto o agente cumprir pena no estrangeiro;
c) durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo, mesmo com sentença transitada em julgado;
d) enquanto estiver em cumprimento carta rogatória;
e) enquanto estiver em “sursis”;
f) quando o réu, citado por edital, não comparece nem constitui advogado (366/CPP);
g) imunidade parlamentar.
→ Interrupção da prescrição (art. 117): acarretam o recomeço por inteiro da contagem do prazo prescricional, tendo como causas:
a) recebimento da denúncia ou queixa;
b) decisão de pronúncia;
c) publicação de sentença/acórdão condenatório irrecorrível;
d) início/continuação do cumprimento da pena;
e) reincidência;
f) revogação do “sursis” ou do livramento condicional.
OBS: nos crimes conexos, a causa interruptiva alcança todos os agentes (§1º/117).
OBS: no concurso de crimes, a prescrição deve ser contada para cada crime individualmente, e não pela soma ou pena aumentada pelo concurso (art. 119).
PPP INTERCORRENTE (superveniente ao trânsito em julgado): é calculada com base na pena concreta da sentença, ocorrendo entre a data da publicação da sentença e o trânsito em julgado para a acusação quando seu recurso restar improvido.
→ Se o agente for absolvido em primeira instância e condenado em segunda, em virtude do recurso do MP, o termo inicial é a publicação do acórdão.
→ Ocorre depois da sentença condenatória, não gera reincidência e impede a formação e execução da sentença.
PPP RETROATIVA: também utiliza-se a pena concreta da sentença. A contagem é feita da publicação da sentença para trás (até a citação), o que difere da intercorrente.
DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA
CONCEITO: ocorre depois do trânsito em julgado da sentença condenatória. Impede que o Estado execute a pena imposta. A base de cálculo é a pena fixada na sentença. Deve ser observado os prazos do art. 109. 
→ Apenas extingue o efeito principal: a pena. Os efeitos secundários continuam a existir, como a reincidência, o dever de reparar o dano, etc.
TERMO INICIAL DE CONTAGEM (art. 112):
I – do trânsito em julgado para a acusação ou da revogação do “sursis” ou do LC;
II – do dia em que se interrompe a execução, salvo quando tal período deva ser computado na pena.
OBSERVAÇÕES:
→ caso o condenado fuja ou seja revogado o LC, a prescrição é regulada pelo restante da pena e não sobre a pena da sentença (art. 113).
→ caso haja reincidência, os prazos do art. 109 serão aumentados em 1/3, assim como será reduzido pela metade caso o agente tenha -21 ou +70 na época do fato.
→ prevalece o entendimento que a interrupção pela prescrição se dá no momento da prática do segundo crime, e não do trânsito em julgado no processo desse segundo crime.
PARTE ESPECIAL
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA[31: Todos os crimes deste tópico são de competência do Tribunal do Júri.]
HOMICÍDIO (art. 121) – PENA: reclusão, de 6-20 anos.
CONCEITO: é a morte de um homem causada por outro homem, com um comportamento culposo ou doloso (animus necandi), sem justificação. O “caput” do art. 121 traz a figura do “homicídio simples”, com pena abstrata de reclusão, de 6 a 20 anos. Crime hediondo (apenas na forma qualificada).
→ O ato pode ser pessoal ou através de terceiro, como no caso de convencer um inimputável a fazê-lo ou atiçar um animal contra a vítima.[32: Caso de autoria mediata. Assim, somente o mandante responde pelo homicídio. A pessoa que serviu de instrumento não responde por crime algum.]
→ É admitido o dolo eventual no homicídio, como por exemplo, no caso de roleta russa ou rachas.
→ O dolo no homicídio é a vontade de eliminar a vida humana.
CARACTERÍSTICAS:
→ Bem jurídico tutelado: a vida.
→ Sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto os que praticam (ou tentam) o suicídio e a mulher que pratica o infanticídio. 
→ Sujeito passivo: “alguém” – qualquer ser humano.[33: O homicídio somente pode ocorrer a partir do início do parto (rompimento da bolsa). Caso ocorra antes, será caracterizado como crime de aborto.]
→ Consumação: se dá com a morte (cessação da atividade encefálica) da vítima. Crime instantâneo com efeitos permanentes. 
→ Tentativa: é admissível, quando, iniciada a execução contra a vida, não se verifica por circunstâncias alheias à vontade do agente. [34: Quando o agente dispara apenas uma vez e arma esteja toda carregada, tem se decidido por desistência voluntária, e não tentativa.]
→ Meios: pode ser praticado através de uma ação (atirar em alguém) ou omissão (mãe que deixa de alimentar o filho).[35: Nesse caso, é obrigatório a pessoa ter o dever jurídico de impedir o resultado.]
→ Crime impossível: revólver de brinquedo; arma real inapta (quebrada - descarregada) – no caso de absoluta ineficácia do meio. No caso da pessoa tentar matar alguém quejá morreu, também trata-se de crime impossível, mas na modalidade absoluta impropriedade do objeto.
→ Tipo subjetivo: ocorre por dolo ou culpa. 
→ Natureza da ação: a ação é pública incondicionada, sendo a iniciativa exclusiva do MP.
→ Premeditação: não é qualificadora, mas pode ser levada em conta pelo juiz com base no art. 59 do CP.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (§1º): ocorre quando o agente pratica o crime impelido por motivo de relevante valor social/moral ou sob o domínio de violenta emoção (em resposta seguida à provocação da vítima), podendo ter sua pena diminuída de 1/6 a 1/3.
→ Embora haja a expressão “pode” (dando a entender que é uma faculdade do juiz), entende-se que ele é obrigado a reduzir a pena, por conta do art. 483, IV do CPP, pois se os jurados reconhecerem, ele é obrigado a fazê-lo, por conta da soberania dos veredictos. 
→ Valor social: quando supõe que matando a vítima, beneficiará a sociedade (ex: traidor da nação).
→ Valor moral: sentimentos pessoais, como piedade (ex: praticar eutanásia para livrar o sofrimento de alguém) ou paixão. [36: A ortotanásia (desligamento de aparelhos vitais) não é crime, visto que os tratamentos prolongariam por pouco tempo pessoa em estado terminal.]
HOMICÍDIO QUALIFICADO (§2º): nesse caso, a pena base muda, passando a ser de 12 a 30 anos de reclusão. Ao todo, o crime possuí 22 qualificadoras. Sendo qualificado, tem natureza hedionda. Se dá por haver maior periculosidade do agente e menor defesa da vítima.
→ Motivos: mediante paga (contrata alguém), promessa, torpe ou fútil;[37: Divergência sobre a aplicação da qualificadora ao mandante do crime. Uma corrente entende que não, pois o mercenário mata por dinheiro (condição pessoal). A segunda entende que sim, por ser crime de concurso necessário. Há jurisprudência em ambos sentidos.][38: É o motivo REPUGNANTE!!][39: É o motivo INSIGNIFICANTE!!]
→ Meio empregado: veneno, fogo, asfixia, explosivo ou tortura;
→ Modo de execução: traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima;
→ Conexão: para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime.
→ Coexistência entre qualificadora e privilegiadora: inicialmente, destaque-se a incompatibilidade entre o privilégio e as qualificadoras subjetivas. Entretanto, é permitido com relação às qualificadoras de caráter objetivo. 
→ Reconhecimento concomitante de duas ou mais qualificadoras: nesse caso, apenas uma basta para aplicar o novo montante de pena. Entretanto, na hora da fixação da pena, o juiz aplicará as demais como forma de circunstâncias agravantes (art. 61, II, “a” a “d”). Não há bis in idem pois o juiz reconhece apenas as demais, diversas da que aplicou primeiro para aumento da pena. 
→ Consequências da hediondez: a) impossibilidade de concessão de graça, anistia ou indulto (exceto em caráter humanitário); b) progressão de pena: 2/5 (primário) e 3/5 (reincidente) e c) livramento condicional: 2/3 da pena e não reincidente específico em crime hediondo.
HOMICÍDIO CULPOSO: previsto no §3º do art. 121. Ocorre com a conduta voluntária que produz um resultado ilícito não querido pelo agente, mas que podia ser evitado. 
→ Aumento de pena (§4º): haverá aumento de até 1/3 no culposo quando:
Não prestar imediato socorro à vítima;
Fugir do local para evitar prisão em flagrante;
Praticado contra -14 e +60.
→ Perdão judicial (§5º): o juiz deixará de aplicar a pena, no homicídio culposo, quando a consequência atingir o agente de forma tão grave que a sanção penal seria ineficaz.
 
FEMINICÍDIO (§§4º e 6º): ocorre quando o homicídio é praticado contra mulher, pela condição do sexo feminino, que, de acordo com o §2º-A do art. 121, se dá quando: haver violência doméstica/familiar ou menosprezo/discriminação à condição de mulher.
→ Aumento de pena: será aumentado de 1/3 até a 1/2 se o crime for praticado:
Durante a gestação ou nos 03 meses posteriores ao parto;
Contra -14 e +60 ou com deficiência;
Na presença de descendente ou ascendente da vítima.
DIFERENÇA COM OUTROS TIPOS PENAIS
→ Tentativa de homicídio e lesão corporal seguida de morte: a distinção ocorre quanto a vontade do agente. Na tentativa, ele quer matar mas não consegue, enquanto que na lesão seguida de morte, é o oposto: o agente apenas quer lesionar, mas acaba matando.
→ Tentativa branca: quando os atos executórios do agente não acertam a vítima.
→ Tentativa de homicídio e lesão corporal: se distingue pelo dolo do agente. Caso haja dúvida quanto à vontade, decide-se em favor do réu, pelo crime de lesão corporal, por ser mais brando.
→ Crime impossível por absoluta impropriedade do objeto: ocorre, como por exemplo, o agente deposita uma caixa com bomba na porta de quem pretende matar. Entretanto, a pessoa morreu minutos antes. Em tese, não haverá crime. Porém, se outra pessoa abrir a caixa e morrer, responde ao menos por tentativa, pelo dolo eventual.
PARTICIPAÇÃO EM SUÍCIDIO (art. 122) – PENA: reclusão, 2-6 anos (consumado) ou reclusão, 1-3 anos (se resultar lesão grave).
CONCEITO: o suicídio não é considerado infração penal por motivos de política criminal. Entretanto, pune-se o terceiro que induz, instiga ou auxilia outrem a suicidar-se. 
CARACTERÍSTICAS
→ Bem jurídico tutelado: a vida.
→ Sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto os que praticam (ou tentam) o suicídio. 
→ Sujeito passivo: pessoa capaz de resistir à prática do suicídio, visto que se for incapaz, trata-se de homicídio. A vítima deve ser determinada.
→ Consumação: se dá com a morte ou com lesões corporais. 
→ Tentativa: não existe. 
→ Tipo objetivo: 
Instigar: aquele que reforça a ideia;
Auxiliar: é forma de participação, através do oferecimento de armas, cordas, etc. É admitida por omissão.
Induzir: tem iniciativa do terceiro, que cria o desejo na mente da vítima.
→ Tipo subjetivo: apenas o dolo. Não existe forma culposa.
→ Natureza da ação: a ação é pública incondicionada.
FORMA QUALIFICADA: a pena será duplicada nos seguintes casos: a) motivo egoístico ou b) vítima menor (14-18) ou que tem “diminuída” sua capacidade de resistência.
EXCLUDENTE DE ILÍCITUDE (art. 146, §3º): não constitui crime de constrangimento ilegal a coação exercida para evitar o suicídio. Assim, é permitido forçar alguém que está em greve de fome a comer, por exemplo.
OBSERVAÇÃO: no pacto de morte, quando duas ou mais pessoas o fazem para suicidarem-se, e uma delas sobrevive, responde esta pelo art. 122. 
INFANTICÍDIO (art. 123) – PENA: detenção, de 2-6 anos.
CONCEITO: é a morte do próprio filho, sob o estado puerperal (6 a 8 semanas) ou logo após o parto.
CARACTERÍSTICAS:
→ Bem jurídico tutelado: a vida.
→ Sujeito ativo: apenas a mãe.
→ Sujeito passivo: nascente (momento do parto) ou neonato (após o parto).
→ Consumação: se dá com a morte. 
→ Tentativa: é admissível, quando, iniciada a execução contra a vida, não se verifica por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
→ Tipo subjetivo: ocorre por dolo (direto ou eventual).
→ Núcleo do tipo: matar, o próprio filho, sob o estado puerperal.
→ Natureza da ação: a ação é pública incondicionada.
→ Crime impossível: quando se tratar de natimorto. 
CONCURSO DE PESSOAS: é possível e ocorre quando terceiro colabora na prática do infanticídio, visto que as circunstâncias são comunicáveis. Se o terceiro ajuda na execução, será coautor. Se ele apenas instiga, será partícipe. 
OBSERVAÇÕES:
→ Distinção: distingue-se do aborto porque este só pode ocorrer antes do parto.
→ Erro sobre a pessoa (art. 20, §3º): quando a mãe mata filho de outrem, supondo ser o seu, responderá por infanticídio. 
ABORTO (arts. 124 a 128)
CONCEITO GERAL: é a interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção, sendo o ovo (até a 3º semana); o embrião (da 3º semana até o 3º mês) e do feto (após o 3º mês).
CARACTERÍSTICAS:
→ Bem jurídico tutelado:a vida intrauterina e da gestante.
→ Sujeito ativo: é somente a mãe (no art. 124) ou qualquer pessoa (nos arts. 125/126). 
→ Sujeito passivo: o produto da concepção (no art. 124) e a gestante (no caso dos arts. 125/126).
→ Consumação: se dá com a interrupção da gravidez e a morte do feto. 
→ Tentativa: é admissível, apenas quando o feto é expulso e permanece com vida, mas morre em razão de motivos independentes.
→ Tipo subjetivo: ocorre por dolo (direto ou eventual).[40: Por existir somente o aborto doloso, a mulher que causar o próprio aborto de forma culposa, pratica fato atípico. Entretanto, com relação ao terceiro, responderá por lesão corporal culposa, quando causar aborto nessa modalidade.]
→ Natureza da ação: a ação é pública incondicionada.
→ Gêmeos, trigêmeos e afins: nesses casos, responde pelo aborto de cada um individualmente, somando-se as penas concretas.
→ Crime impossível: quando os meios forem inidôneos (um chá abortivo sem efeitos); quando a mulher está em estado de gravidez psicológica ou quando a mulher executa os meios mas o feto já estava morto. 
ESPÉCIES:
→ Natural: ocorre por problemas de saúde da gestante.
→ Acidental: causado por acidentes não provocados pela mãe.
→ Criminoso: é o provocado pela mãe ou terceiro (arts. 124, 125 e 126).
→ Legal: é o permitido por lei (art. 128).
ABORTO QUALIFICADO (art. 127): se aplica apenas com relação aos arts. 125 e 126, e resultará no aumento de 1/3 da pena, quando do aborto resultar lesão ou a duplicação da pena, se resultar em morte da gestante. 
→ Esses resultados devem ocorrer com culpa (preterdolo), pois ele deve pretender apenas abortar, e não lesionar ou matar.
AUTOABORTO (art. 124): é crime de mão própria e ocorre quando a mãe provoca em si mesma a expulsão do produto. Nesse caso, é possível o concurso de pessoas, na forma de participação.[41: Quando terceiro participa, mas não realiza as condutas típicas do aborto (como induzi-la a fazê-lo).]
→ No caso de tentativa de suicídio da gestante, não responde ela por tentativa de aborto.
→ É cabível o “sursis” do JECRIM.
ABORTO CONSENTIDO (art. 124): disposta na segunda parte do artigo, trata-se do caso em que a gestante consente que terceiro pratique nela as manobras do aborto. A gestante responderá pelo art. 124 e o terceiro pelo art. 126 (essa é a distinção entre eles).
→ O consentimento de menor de 14 anos é INVÁLIDO, respondendo apenas o terceiro que o praticou.
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO (art. 125): ocorre sem o consentimento da gestante. É possível o concurso de pessoas, também na modalidade de participação.[42: Por exemplo: namorado que dá dinheiro para a gestante procurar alguém para abortar ou aquele que acompanhar a gestante até a clínica, apoiando o crime.]
ABORTO CONSENSUAL (art. 126): se dá quando a gestante consente, de forma válida (+14 anos em diante), que terceiro execute o aborto. Esse dispositivo foi criado para punir o terceiro, visto que à gestante aplica-se o art. 124, segunda parte.
→ Arrependimento durante a execução e o aborto ocorre, por insistência do terceiro, a mãe não responde, pois o aborto foi realizado sem seu consentimento, respondendo apenas aquele, pelo art. 125.
→ ADPF n. 54: é permitido o aborto no caso de feto anencéfalo. 
ABORTO LEGAL (art. 128): são as formas permitidas do aborto feitas por médico: a) quando não houver outro meio pra salvar a gestante e b) quando resultar de estupro. 
→ Se o aborto não for praticado por médico, o terceiro pode alegar estado de necessidade, caso o faça, por exemplo, para salvar a vida da gestante e não dê tempo de levá-la ao médico.
→ A pessoa que auxilia o médico não responde.
→ Não é necessário autorização judicial.
LESÕES CORPORAIS (art. 129) – PENA: detenção, de 3 meses a 1 ano.
CONCEITO: é a ofensa à integridade física ou à saúde, ou seja, é o dano causado à normalidade funcional do corpo humano. Possuí três modalidades: leve, grave e gravíssima, a depender do dano causado.
CARACTERÍSTICAS
→ Bem jurídico tutelado: a integridade física ou psíquica (ameaça) do ser humano.
→ Sujeito ativo: qualquer pessoa.
→ Sujeito passivo: qualquer pessoa que não seja o agente.
→ Consumação: com a provocação de lesões à integridade física/psíquica. 
→ Tentativa: é possível, quando o agente não conseguir causar o ferimento ou dano por circunstâncias alheias à sua vontade.[43: Difere da contravenção “vias de fato” porque na tentativa o agente quis causar a lesão, e naquela, não.]
→ Tipo subjetivo: ocorre por dolo ou culpa. 
→ Núcleo do tipo: ofender a integridade de outrem – por ação ou omissão.[44: No caso da forma omissiva, ocorre apenas quando o sujeito tinha o dever jurídico de impedi-la.]
→ Natureza da ação: a ação é pública incondicionada, salvo na forma leve/culposa, quando depende de representação.
LESÃO CORPORAL LEVE: está disposta no “caput” do art. 129. O conceito de lesão corporal leve é feito a por exclusão, ou seja, será aquela que não trazer nenhum dos resultados previstos nos parágrafos. 
→ Ação penal: nesse caso, excepcionalmente, depende de representação (art. 89/JECRIM), sendo a ação penal pública condicionada.
→ Pena: detenção – 03 meses a 01 ano – crime de menor potencial ofensivo – competência do JECRIM.
→ Benefícios: cabe “sursis”, na forma do art. 89 do JECRIM.
LESÃO CORPORAL GRAVE (§1º): quando ocorrer as hipóteses seguintes, a pena base muda, passando a ser de reclusão, de 01 a 05 anos.
→ Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias;
→ Perigo de vida;
→ Debilidade permanente de membro, sentido ou função;[45: Pernas, braços, dedos, etc.][46: Audição, visão, olfato, tato e paladar.][47: Qualquer atividade desenvolvida por um conjunto de órgãos.]
→ Quando da lesão causar antecipação de parto.
LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA (§2º): quando ocorrer as hipóteses seguintes, a pena base muda, passando a ser de reclusão, de 02 a 08 anos.
→ Incapacidade permanente para o trabalho;
→ Enfermidade incurável;
→ Perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
→ Deformidade permanente;
→ Quando da lesão causar aborto.
LESÃO CORPORAL CULPOSA (§6º): quando a lesão resultar de imprudência, negligência ou imperícia. Nesse caso, a pena passa a ser de detenção, de 02 meses a 01 ano.
→ Ação penal: nesse caso, excepcionalmente, depende de representação (art. 89/JECRIM), sendo a ação penal pública condicionada.
→ Benefícios: cabe “sursis” do JECRIM e substituição de pena por PRD.
→ Princípio da bagatela: de acordo com o STJ, se a lesão for culposa e insignificante, é possível a aplicação do princípio.
→ Perdão judicial: é possível a aplicação por analogia ao art. 121, da mesma forma.
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE (§3º): ocorre quando o agente só queria lesionar, mas acabou por matar (preterdolo – dolo no antecedente e culpa no consequente). Nesse caso, a pena passa a ser de reclusão, de 04 a 12 anos.
→ Difere do homicídio culposo porque neste a culpa está no antecedente, enquanto que na lesão o dolo está no antecedente. 
→ Tentativa: não existe, pois configura-se crime de homicídio tentado.
LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA (§4º): aplica-se o mesmo disposto no homicídio privilegiado – ou seja – a diminuição da pena de 1/6 a 1/3 (faculdade do juiz).
SUBSTITUIÇÃO DA PENA POR MULTA (§5º): quando a lesão for leve, o juiz pode substituir a PPL por pena de multa, desde que a lesão seja privilegiada ou se elas forem recíprocas.[48: É necessário dois agressores que atuam de maneira injustificada. É necessário que ambos sejam condenados. ]
AUMENTO DE PENA (§7º): haverá aumento de pena de 1/3 quando ocorrer qualquer das hipóteses dos §§4º e 6º do art. 121.
LESÃO CORPORAL DOMÉSTICA (§§9º, 10 e 11): trata-se de lesão corporal leve majorada por ter sido praticada contra pessoas com relação de parentesco (acrescente, descendente, irmão ou cônjuge/companheiro). Nesse caso, a pena passa a ser de detenção, de 03 meses a 03 anos.
→ Se, na ocorrência das hipóteses dos §§1º a 3º

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