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Plano de Aula: Aula 07 - Imobilizado (IAS 16) e Arrendamento (IAS 17) CONTABILIDADE INTERNACIONAL - GST0087 Título Aula 07 - Imobilizado (IAS 16) e Arrendamento (IAS 17) Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 7 Tema Imobilizado (IAS 16) e Arrendamento (IAS 17) Objetivos Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de: - Reconhecer um item do ativo imobilizado; - Compreender a mensuração de um imobilizado; - Compreender o tratamento contábil referente à depreciação; - Classificar arrendamentos; - Identificar arrendamentos das demonstrações financeiras de arrendatários e arrendadores. Estrutura do Conteúdo Imobilizado (IAS 16) O objetivo da IAS 16 é prescrever um tratamento contábil para o imobilizado, de modo que os usuários das demonstrações financeiras possam discernir informações sobre o investimento de uma entidade em imobilizado e as mudanças nesse investimento. As principais questões na contabilização do imobilizado são o reconhecimento de ativos, a determinação de seus valores contábeis e os encargos de depreciação e perdas por redução ao valor recuperável a serem reconhecidos em relação a eles. O imobilizado são itens tangíveis que: a) são mantidos para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, para aluguel a terceiros ou para fins administrativos; e b) espera-se que sejam usados durante mais de um período. Reconhecimento de um item do imobilizado O custo de um item do imobilizado será reconhecido como um ativo se, e apenas se: a) for provável que os benefícios econômicos futuros associados ao item fluirão para a entidade; e b) o custo do item puder ser mensurado de forma confiável. Destaca-se que as peças de reposição e os equipamentos de serviço são normalmente contabilizados como estoque e reconhecidos em lucros e perdas quando consumidos. Todavia, peças de reposição de grande porte e equipamentos de reserva se qualificam como imobilizado quando uma entidade espera usá-los durante mais de um período. De forma similar, se as peças de reposição e os equipamentos de serviço só puderem ser usados em relação a um item do imobilizado, eles são contabilizados como imobilizado. A IAS 16 não prescreve a unidade de medida para reconhecimento, ou seja, o que constitui um item do imobilizado. Dessa forma, é necessário julgamento na aplicação dos critérios de reconhecimento às circunstâncias específicas de uma entidade. Em alguns casos, pode ser apropriado agregar itens individualmente insignificantes, tais como moldes, ferramentas e matrizes, e aplicar os critérios ao valor do conjunto. Uma entidade avalia, de acordo com o princípio do reconhecimento, todos os seus custos do imobilizado no momento em que forem incorridos. Esses custos incluem custos incorridos inicialmente para adquirir ou construir um item do imobilizado e custos incorridos subsequentemente para adicionar, substituir ou restaurar esse item. Custos iniciais A entidade pode adquirir itens do imobilizado por motivos ambientais ou de segurança. Essa aquisição, embora não aumente os benefícios econômicos futuros de qualquer item particular do imobilizado existente, pode ser necessária para que uma entidade tenha os benefícios econômicos futuros de outros ativos. Portanto, qualificam-se para reconhecimento como ativos, porque permitem que uma entidade obtenha benefícios econômicos futuros dos ativos relacionados, excedendo o que poderia ser obtido, caso esses itens não fossem adquiridos. Por exemplo, um fabricante de produtos químicos pode instalar novos processos de manuseio químico para cumprir requisitos ambientais para a produção e armazenamento de produtos químicos perigosos; as respectivas melhorias na fábrica são reconhecidas como ativos, pois, sem elas, a entidade é incapaz de fabricar e vender os produtos químicos. Custos subsequentes Uma entidade não reconhece no valor contábil de um item do imobilizado os custos dos serviços diários do item. Os custos dos serviços diários são principalmente os custos de mão-de-obra e material de consumo e podem incluir os custos de peças pequenas. A finalidade desses gastos é frequentemente descrita como para ? reparos e manutenção? do item do imobilizado. Esses custos quando incorridos devem ser reconhecidos no resultado. Partes de alguns itens do imobilizado podem exigir substituição. Uma entidade reconhece, no valor contábil de um item do imobilizado, o custo da substituição de parte desse item, quando esse custo é incorrido, se os critérios de reconhecimento forem atendidos. Uma condição de continuidade de operação de um item do imobilizado (por exemplo, uma aeronave) pode ser a realização de inspeções regulares de grande porte, em busca de falhas, independentemente de as partes do item serem substituídas. Quando uma inspeção de grande porte é realizada, seu custo é reconhecido no valor contábil do item do imobilizado como substituição, se os critérios de reconhecimento forem atendidos. Qualquer valor contábil remanescente do custo da inspeção anterior (em oposição às partes físicas) é baixado. Isso ocorre independentemente de o custo da inspeção anterior ter sido identificado na transação em que o item foi adquirido ou construído. Se necessário, o custo estimado de uma inspeção similar no futuro pode ser utilizado como uma indicação de qual era o custo do componente de inspeção existente, quando o item foi adquirido ou construído. Mensuração no reconhecimento de um imobilizado Todos os itens que atendam às regras de reconhecimento devem ser mensurados inicialmente pelo custo. O custo de um item do imobilizado compreende: a) seu preço de compra, inclusive tarifas de importação e impostos não recuperáveis sobre compras, após deduzir os descontos comerciais e rebates; b) quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local e condição necessários, para que seja capaz de operar da forma pretendida pela administração, e; c) a estimativa inicial dos custos de desmontagem e retirada do item e restauração do local em que está localizado, em cuja obrigação uma entidade incorre, seja quando o item é adquirido ou como consequência de ter usado o item durante um período específico, para fins que não sejam o da produção de estoques durante esse período. Vale ressaltar que o preço de compra a ser reconhecido como custo dever representar o valor presente da compra. Caso esta tenha sido efetuada em parcelas, a IAS 16 não permite que juros embutidos façam parte do custo do imobilizado. São exemplos de custos diretamente atribuíveis: a) custos de benefícios aos empregados decorrentes diretamente da construção ou aquisição do item do imobilizado; b) custos de preparação do local; c) custos de entrega inicial e manuseio; d) custos de instalação e montagem; e) custos de testes para confirmar se o ativo está funcionando adequadamente, após deduzir as receitas líquidas da venda de quaisquer itens produzidos ao colocar o ativo nesse local e condição (tais como as amostras produzidas ao testar o equipamento), e; f) honorários profissionais. Exemplos de custos que não se enquadram como custos de um item do imobilizado: a) custos de abertura de uma nova instalação; b) custos de introdução de um novo produto ou serviço (inclusive custos de publicidade e atividades promocionais); c) custos da realização de um negócio em um novolocal ou com uma nova classe de cliente (inclusive custos de treinamento de pessoal), e; d) custos administrativos e outros custos gerais. O reconhecimento do custo no valor contábil de um item do imobilizado cessa quando esse item está no local e condição necessários para que seja capaz de operar da forma pretendida pela administração. Portanto, os custos incorridos no uso ou reaplicação de um item não estão incluídos no valor contábil desse item. Exemplos de custos que não estão incluídos no valor contábil de um item do imobilizado: a) custos incorridos enquanto um item, capaz de operar da forma pretendida pela administração, ainda tem de ser colocado em uso ou ser operado em capacidade inferior à total; b) perdas operacionais iniciais, tais como aquelas incorridas enquanto a demanda pela produção do item está sendo formada, e; c) custos de realocação ou reorganização de parte ou da totalidade das operações de uma entidade. O custo de um ativo construído internamente é determinado usando-se os mesmos princípios que para um ativo adquirido. Se uma entidade coloca ativos similares para venda no curso normal dos negócios, o custo desse ativo é normalmente o mesmo que o custo de construção de um ativo para venda. Portanto, quaisquer lucros internos são eliminados na determinação desses custos. De forma similar, os custos de valores anormais relativos a perdas de material, mão-de-obra ou outros recursos incorridos na construção própria de um ativo não são incluídos no custo do ativo. A IAS 23 ? Custos deEmpréstimos estabelece os critérios para reconhecimento de juros como componente do valor contábil de um item do imobilizado. Um ou mais itens do imobilizado podem ser adquiridos em troca de um ativo ou ativos não monetários, ou uma combinação de ativos monetários e não monetários. O custo desse item do imobilizado é mensurado ao valor justo, a menos que: a) a transação de troca não possua substância comercial, ou; b) o valor justo do ativo recebido ou do ativo concedido não possa ser mensurado de forma confiável. O item adquirido é mensurado dessa forma, mesmo se uma entidade não puder baixar imediatamente o ativo concedido. Se o item adquirido não for mensurado ao valor justo, seu custo é mensurado ao valor contábil do ativo concedido. O valor justo de um ativo é mensurável de forma confiável se (a) a variabilidade na faixa de mensurações de valores justos razoáveis não for significativa para esse ativo ou (b) as probabilidades das várias estimativas dentro da faixa puderem ser razoavelmente avaliadas e usadas ao mensurar o valor justo. Se uma entidade for capaz de mensurar de forma confiável o valor justo do ativo recebido ou do ativo concedido, então o valor justo do ativo concedido será usado para mensurar o custo do ativo recebido, exceto se o valor justo do ativo recebido for mais claramente evidente. Após o reconhecimento como um ativo, um item do imobilizado será reconhecido pelo seu custo, menos qualquer depreciação acumulada e quaisquer perdas acumuladas por redução ao valor recuperável. Após o reconhecimento como um ativo, um item do imobilizado cujo valor justo possa ser mensurado de forma confiável será reconhecido ao valor reavaliado, sendo seu valor justo na data da reavaliação menos qualquer depreciação acumulada e perdas acumuladas por redução ao valor recuperável subsequentes. As reavaliações serão feitas com regularidade suficiente para garantir que o valor contábil não difira significativamente daquele que seria determinado usando o valor justo no final do período de relatório. Se um item do imobilizado for reavaliado, toda a classe do imobilizado à qual pertence o ativo será reavaliada. Se o valor contábil de um ativo aumentar como resultado de uma reavaliação, o aumento será reconhecido em outros resultados abrangentes e acumulados no patrimônio líquido, sob a rubrica de superavit de reavaliação. Entretanto, o aumento será reconhecido em lucros e perdas na medida em que reverter uma redução na reavaliação do mesmo ativo anteriormente reconhecido em lucros e perdas. Se o valor contábil de um ativo diminuir como resultado de uma reavaliação, a redução será reconhecida no resultado. Entretanto, a redução será reconhecida em outros resultados abrangentes, de acordo com qualquer saldo credor existente no superavit de reavaliação desse ativo. A redução reconhecida em outros resultados abrangentes reduz o valor acumulado no patrimônio líquido sob a rubrica superavit de reavaliação. Ressalta-se que no Brasil, a reavaliação não é permitida por lei. Depreciação A depreciação representa o consumo dos benefícios econômicos do ativo. Diversos fatores afetam o cálculo da depreciação, como a determinação da vida útil (tempo em que o ativo trará benefícios econômicos para a entidade), o cálculo do valor residual (valor estimado de venda do ativo no final da sua vida útil), a definição do método de depreciação (padrão no qual os benefícios econômicos são consumidos). Ressalta-se que cada parte de um item do imobilizado com um custo que seja significativo em relação ao custo total do item será depreciada separadamente. Uma entidade aloca o valor inicialmente reconhecido em relação a um item do imobilizado a suas partes significativas e deprecia separadamente cada uma dessas partes. Por exemplo, pode ser apropriado depreciar separadamente a estrutura e as turbinas de uma aeronave, seja ela própria ou sujeita a um arrendamento financeiro. Da mesma forma, se uma entidade adquire imobilizado sujeito a um arrendamento operacional em que é o arrendador, pode ser apropriado depreciar separadamente aqueles valores refletidos no custo desse item que forem atribuíveis a prazos do arrendamento, favoráveis ou desfavoráveis em relação aos termos de mercado. Uma parte significativa de um item do imobilizado pode ter uma vida útil e um método de depreciação que sejam os mesmos que a vida útil e método de depreciação de outra parte significativa desse mesmo item. Essas partes podem ser agrupadas na determinação do encargo de depreciação. Essa forma de contabilização da depreciação em partes também é conhecida como depreciação por componentes. Destaca-se que a despesa com depreciação deve ser reconhecida no resultado do exercício, exceto quando for incluída no valor contábil de outro ativo, como no caso da depreciação de máquinas produtivas que se torna custo de produção. O valor depreciável de um ativo será alocado sistematicamente ao longo de sua vida útil. O valor residual e a vida útil de um ativo serão revisados pelo menos ao final de cada exercício financeiro e, se as expectativas diferirem das estimativas anteriores, a(s) mudança(s) será(ão) contabilizada(s) como mudança(s) na estimativa contábil de acordo com a IAS 8 ? Políticas Contábeis, Mudanças nas Estimativas Contábeis e Erros. A depreciação é reconhecida mesmo se o valor justo do ativo exceder seu valor contábil, na medida em que o valor residual do ativo não exceder seu valor contábil. O reparo e a manutenção de um ativo não impedem a necessidade de depreciá-lo. O valor depreciável de um ativo é determinado após deduzir o seu valor residual. Na prática, o valor residual de um ativo é frequentemente insignificante e, portanto, irrelevante no cálculo do valor depreciável.O valor residual de um ativo pode aumentar até um valor igual ou superior ao valor contábil de um ativo. Se isso ocorrer, o encargo de depreciação do ativo é zero, exceto e até que o valor residual subsequentemente diminua até um valor abaixo do valor contábil do ativo. Destaca-se que a depreciação de um ativo começa quando ele está disponível para uso, isto é, quando ele está no local e na condição necessários para que seja capaz de operar da forma pretendida pela administração. A depreciação de um ativo se encerra mediante o que ocorrer primeiro ? entre a data em que o ativo for classificado como mantido para venda (ou incluído em um grupo de alienação que seja classificado como mantido para venda) de acordo com a IFRS 5 e a data em que o ativo for baixado. Portanto, a depreciação não se encerra quando o ativo se torna ocioso ou é retirado de ativo em uso, exceto se o ativo for totalmente depreciado. Entretanto, nos métodos de depreciação por uso, o encargo de depreciação pode ser zero, enquanto não houver produção. A vida útil de um ativo é definida em termos da utilidade esperada do ativo para a entidade. Dessa forma, os seguintes fatores devem ser considerados na determinação da vida útil de um ativo: a) o uso esperado do ativo. O uso é avaliado por referência à capacidade ou produção física esperada do ativo. b) desgaste físico natural esperado, que depende de fatores operacionais, tais como o número de turnos nos quais o ativo será usado e o programa de reparo e manutenção, e o cuidado e manutenção do ativo enquanto ocioso; c) obsolescência técnica ou comercial decorrente de mudanças ou melhorias na produção, ou de uma mudança na demanda de mercado pelo produto ou serviço resultante do ativo; d) limites legais ou similares sobre o uso do ativo, como, por exemplo, datas de vencimento de arrendamentos relacionados. O método de depreciação usado refletirá o padrão em que se espera que os benefícios econômicos futuros do ativo sejam consumidos pela entidade. O método de depreciação aplicado a um ativo será revisado pelo menos ao final de cada exercício financeiro e, se tiver havido uma mudança significativa no padrão esperado de consumo dos benefícios econômicos futuros incorporados ao ativo, o método será alterado, para refletir os padrões alterados. Essa mudança será contabilizada como mudança na estimativa contábil de acordo com a IAS 8. Uma variedade de métodos de depreciação poderá ser usada para alocar o valor depreciável de um ativo alocado sistematicamente ao longo de sua vida útil. Esses métodos incluem o método linear, o método do saldo decrescente e o método de unidades de produção. A depreciação linear resulta em um encargo constante sobre a vida útil, se o valor residual do ativo não mudar. O método do saldo decrescente resulta em um encargo decrescente ao longo da vida útil. O método de unidades de produção resulta em um encargo baseado no uso esperado ou produção. A entidade seleciona o método que reflete de forma mais aproximada o padrão de consumo esperado dos benefícios econômicos futuros incorporados ao ativo. Esse método é aplicado consistentemente, de período a período, exceto se houver uma alteração no padrão esperado de consumo desses benefícios econômicos futuros. Arrendamentos (IAS 17) O objetivo da IAS 17 é prescrever, para arrendatários e arrendadores, as políticas contábeis apropriadas e a divulgação a serem aplicadas aos arrendamentos. Arrendamento é um acordo pelo qual o arrendador transmite ao arrendatário, em troca de um pagamento ou série de pagamentos, o direito de usar um ativo por um período de tempo pactuado. Um contrato ou compromisso de arrendamento pode incluir uma disposição para ajustar as prestações do arrendamento, em caso de mudanças no custo de construção ou aquisição do bem arrendado ou em caso de mudanças em alguma outra mensuração do custo ou valor, tais como níveis gerais de preços ou nos custos do arrendador para financiar o arrendamento, durante o período entre o início do arrendamento e o início do prazo do arrendamento. Nesse caso, o efeito de qualquer eventual alteração será considerado como ocorrido no início do arrendamento para as finalidades da IAS 17. A definição de um arrendamento inclui contratos para o aluguel de um ativo que contenha uma condição que dê, ao locatário, a opção de adquirir a propriedade do ativo por ocasião do atendimento de condições pactuadas. Esses contratos são algumas vezes denominados contratos de aluguel com opção de compra. Classificação de Arrendamentos A classificação de arrendamentos adotada na IAS 17 é baseada na extensão em que os riscos e benefícios inerentes à propriedade de um ativo arrendado permanecem com o arrendador ou o arrendatário. Os riscos incluem as possibilidades de perdas decorrentes de capacidade ociosa ou obsolescência tecnológica e de variações no retorno devido às condições econômicas variáveis. Um arrendamento é classificado como um arrendamento financeiro se transferir substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade. Um arrendamento é classificado como um arrendamento operacional se não transferir substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade. Visto que a transação entre um arrendador e um arrendatário é baseada em um contrato de arrendamento entre eles, é apropriado usar definições consistentes. A aplicação dessas definições às diferentes circunstâncias do arrendador e do arrendatário pode resultar no fato de que o mesmo arrendamento seja classificado diferentemente por eles. Por exemplo, esse pode ser o caso se o arrendador se beneficiar de uma garantia de valor residual fornecida por uma parte não relacionada ao arrendatário. Ressalta-se que o arrendador é quem detém a propriedade, enquanto o arrendatário é quem tem a posse ou gestão do ativo. O fato de um arrendamento ser um arrendamento financeiro ou um arrendamento operacional depende da essência da transação, em vez da forma do contrato. Exemplos de situações que, individualmente ou em combinação, normalmente levariam um arredamento a ser classificado como um arrendamento financeiro: a) o arrendamento transfere a propriedade do ativo ao arrendatário até o final do prazo do arrendamento; b) o arrendatário tem a opção de comprar o ativo a um preço que se espera seja suficientemente mais baixo do que o valor justo, na data em que a opção se tornar exercível, para que seja razoavelmente certo, no início do arrendamento, que a opção será exercida; c) o prazo do arrendamento é equivalente à vida econômica do ativo, mesmo se a propriedade não for transferida; d) no início do arrendamento, o valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento equivale substancialmente à totalidade do valor justo do ativo arrendado, ;e e) os ativos arrendados são de uma natureza tão especializada que somente o arrendatário pode usá-los sem modificações importantes. Indicadores de situações que, individualmente ou em combinação, também poderiam levar um arredamento a ser classificado como arrendamento financeiro: a) se o arrendatário puder cancelar o arrendamento, as perdas do arrendador, associadas ao cancelamento, são arcadas pelo arrendatário; b) se ganhos ou perdas provenientes da flutuação no valor justo do residual se acumularem para o arrendatário(por exemplo, na forma de um rebate de aluguel que seja equivalente à maior parte dos proventos de venda no final do arrendamento), e; c) se o arrendatário tiver a capacidade de continuar o arrendamento por um período secundário, por um aluguel que seja substancialmente menor que o aluguel de mercado. Se ficar claro, a partir de outras características, que o arrendamento não transfere substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade, o arrendamento é classificado como um arrendamento operacional. Por exemplo, esse pode ser o caso se a propriedade do ativo for transferida, no final do arrendamento, por um pagamento variável equivalente ao seu então valor justo, ou se houver aluguéis contingentes (é a parcela das prestações do arrendamento cujo valor não é fixo, mas que se baseia no valor futuro de um fator que se modifica, sem ser pela passagem do tempo, como, percentual de vendas futuras, valor de uso futuro, índices de preços futuros, taxas futuras de juros de mercado), como resultado dos quais o arrendatário não tem substancialmente todos esses riscos e benefícios. A classificação do arrendamento é feita no início do arrendamento. Se, em qualquer época, o arrendatário e o arrendador concordarem em alterar as disposições do arrendamento, que não seja por meio de renovação do arrendamento, em uma forma que resultaria em uma classificação diferente do arrendamento, caso os termos alterados estejam em vigor no início do arrendamento, o contrato revisado é considerado como um novo contrato ao longo do seu prazo. Entretanto, as mudanças nas estimativas (por exemplo, mudanças nas estimativas da vida econômica ou do valor residual do imóvel arrendado) ou as mudanças nas circunstâncias (por exemplo, inadimplência por parte do arrendatário) não originam uma nova classificação de um arrendamento para fins contábeis. Arrendamentos nas Demonstrações Financeiras de Arrendatários Arrendamentos financeiros No início do prazo do arrendamento, os arrendatários reconhecerão os arrendamentos financeiros como ativos e passivos em suas demonstrações da posição financeira, pelos valores equivalentes ao valor justo do bem arrendado ou, se menor, o valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento, cada um deles determinado no início do arrendamento. A taxa de desconto a ser usada no cálculo do valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento é a taxa de juros implícita no arrendamento, se for praticável determiná-la; em caso negativo, será usada a taxa incremental do arrendatário. Quaisquer custos diretos iniciais do arrendatário são adicionados ao valor reconhecido como um ativo. As transações e outros eventos são contabilizados e apresentados de acordo com sua essência e realidade financeira, e não apenas com a forma legal. Embora a forma legal de um contrato de arrendamento seja que o arrendatário não pode adquirir nenhuma propriedade legal do ativo arrendado, no caso de arrendamentos financeiros, a essência e a realidade financeira são que o arrendatário adquire os benefícios econômicos do uso do ativo arrendado pela parte principal de sua vida econômica em troca da assunção de uma obrigação de pagar por esse direito um valor que se aproxima, no início do arrendamento, ao valor justo do ativo e ao respectivo encargo de financiamento. Os pagamentos mínimos do arrendamento serão distribuídos entre o encargo financeiro e a redução do passivo pendente. O encargo financeiro será alocado a cada período durante o prazo do arrendamento, de modo a produzir uma taxa de juros periódica constante sobre o saldo remanescente do passivo. Destaca-se que um arrendamento financeiro origina despesa de depreciação para ativos depreciáveis, bem como despesa financeira para cada período contábil. A política de depreciação para ativos arrendados depreciáveis será consistente com aquela para ativos depreciáveis de propriedade da entidade e a depreciação reconhecida será calculada de acordo com a IAS 16 ? Imobilizado e a IAS 38 ? Ativos Intangíveis. Se não houver nenhuma certeza razoável de que o arrendatário obterá a propriedade até o final do prazo do arrendamento, o ativo será totalmente depreciado ao longo do que for mais curto entre o prazo do arrendamento e sua vida útil. O valor depreciável de um ativo arrendado é alocado a cada período contábil durante o período de uso esperado, de forma sistemática e consistente com a política de depreciação que o arrendatário adotar para ativos depreciáveis de sua propriedade. Se houver certeza razoável de que o arrendatário obterá a propriedade até o final do prazo do arrendamento, o período de uso esperado é a vida útil do ativo; caso contrário, o ativo é depreciado ao longo do que for mais curto entre o prazo do arrendamento e sua vida útil. Arrendamentos operacionais As prestações do arrendamento previstas em um arrendamento operacional serão reconhecidas como uma despesa pelo método linear ao longo do prazo do arrendamento, exceto se outra forma sistemática for mais representativa do padrão temporal do benefício do usuário. Para arrendamentos operacionais, as prestações do arrendamento (excluindo custos de serviços, tais como seguro e manutenção) são reconhecidas como uma despesa pelo método linear, exceto se outra forma sistemática for representativa do padrão temporal do benefício do usuário, mesmo se as prestações não estiverem nessa forma. Arrendamentos nas Demonstrações Financeiras de Arrendadores Arrendamentos financeiros Os arrendadores reconhecerão os ativos mantidos em um arrendamento financeiro em suas demonstrações da posição financeira e os apresentarão como um recebível, em um valor equivalente ao investimento líquido no arrendamento. Em um arrendamento financeiro, substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade legal são transferidos pelo arrendador e, desse modo, o recebível da prestação do arrendamento é tratado, pelo arrendador, como restituição do principal e receita financeira para reembolsar e recompensar o arrendador por seu investimento e serviços. O reconhecimento da receita financeira será baseado em um padrão que reflita uma taxa de retorno periódica constante sobre o investimento líquido do arrendador no arrendamento financeiro. Um arrendador objetiva alocar a receita financeira ao longo do prazo do arrendamento, em uma forma sistemática e racional. Essa alocação de receita é baseada em um padrão que reflete um retorno periódico constante sobre o investimento líquido do arrendador no arrendamento financeiro. Os pagamentos do arrendamento relativos ao período, excluindo custos de serviços, são aplicadas contra o investimento bruto no arrendamento para reduzir tanto o principal quanto a receita financeira não auferida. Os arrendadores fabricantes ou revendedores reconhecerão lucro ou perda de venda no período, de acordo com a política seguida pela entidade para vendas diretas. Se forem aplicadas taxas de juros artificialmente baixas, o lucro da venda será restrito àquele que seria aplicável se fosse cobrada uma taxa de juros de mercado. Os custos incorridos pelos arrendadores fabricantes ou revendedores em relação à negociação e estruturação de um arrendamento serão reconhecidos como uma despesa, quando o lucro da vendafor reconhecido. Os fabricantes ou revendedores frequentemente oferecem aos clientes a escolha de comprar ou arrendar um ativo. Um arrendamento financeiro de um ativo por um arrendador fabricante ou revendedor origina dois tipos de receita: a) lucro ou perda equivalente ao lucro ou perda resultante de uma venda direta do ativo sendo arrendado, pelos preços normais de venda, refletindo quaisquer descontos aplicáveis de volume ou de negociação, e; b) receita financeira ao longo do prazo do arrendamento. A receita de vendas reconhecida no início do prazo do arrendamento por um arrendador fabricante ou revendedor é o valor justo do ativo ou, se inferior, o valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento, calculados à taxa de juros de mercado. O custo de venda reconhecido no início do prazo do arrendamento é o custo, ou valor contábil se diferente, do bem arrendado menos o valor presente do valor residual não garantido. A diferença entre a receita de vendas e o custo de venda é o lucro de venda, que é reconhecido de acordo com a política da entidade para vendas diretas. Arrendamentos operacionais Os arrendadores apresentarão os ativos sujeitos aos arrendamentos operacionais em suas demonstrações da posição financeira de acordo com a natureza do ativo. A receita do arrendamento proveniente de arrendamentos operacionais será reconhecida no resultado pelo método linear, ao longo do prazo do arrendamento, exceto se outra forma sistemática for mais representativa do padrão temporal em que o benefício do uso derivado do ativo arrendado é diminuído. Os custos, incluindo a depreciação, incorridos na realização da receita de arrendamento são reconhecidos como uma despesa. A receita de arrendamento (excluindo recebimentos por serviços fornecidos, tais como seguro e manutenção) é reconhecida pelo método linear, ao longo do prazo do arrendamento, mesmo se os recebimentos não estiverem nessa base, exceto se outra forma sistemática for mais representativa do padrão temporal em que o benefício de uso derivado do ativo arrendado é diminuído. Os custos diretos iniciais incorridos por arrendadores na negociação e estruturação de um arrendamento operacional serão adicionados ao valor contábil do ativo arrendado e reconhecidos como uma despesa, ao longo do prazo do arrendamento, na mesma base que a receita do arrendamento. A política de depreciação para ativos arrendados depreciáveis será consistente com a política de depreciação normal do arrendador para ativos similares e a depreciação será calculada de acordo com as IAS 16 e IAS 38. Para determinar se um ativo arrendado está sujeito a uma redução no seu valor recuperável, uma entidade aplica a IAS 36. Destaca-se ainda que um arrendador fabricante ou revendedor não reconhece nenhum lucro de venda na celebração de um arrendamento operacional, pois não é equivalente a uma venda. Cumpre mencionar que o IASB está em processo de finalização da IFRS 16, que é um projeto para melhorar a informação financeira de contratos de arrendamento e que substituirá a IAS 17. O IASB apontou que até o final de janeiro de 2016 emite a nova norma sobre arrendamentos, contudo, somente terá vigência a partir de 1º de janeiro de 2019. Bibliografia ERNEST & YOUNG; FIPECAFI. Manual de Normas Internacionais de Contabilidade: IFRS versus Normas Brasileiras. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2010. IASB - Internacional Accounting Standards Board. IAS 16 - Property, Plant and Equipment. ______. IAS 17 - Leases. IBRACON; IFRS. Normas Internacionais de Relatório Financeiro (IFRS). São Paulo: IBRACON, 2015. IUDÍCIBUS et. al. Manual de Contabilidade Societária. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2013. Aplicação Prática Teórica Exercício 01. Julgue as afirmativas a seguir: ( ) Mesmo que uma parte de um ativo tenha o custo significativo em relação ao item como um todo e vida útil diferente, ela não deve ser controlada e depreciada separadamente. ( ) A entidade pode decidir por depreciar separadamente partes de um ativo que não tenham custo significativo em relação ao custo total. ( ) A não ser que seja incluída no valor contábil de outro ativo, a despesa de depreciação deverá ser reconhecida no resultado do exercício. ( ) Os custos com serviços diários devem ser reconhecimentos no resultado do exercício. ( ) A entidade deve reconhecer os custos com serviços diários de um item no valor contábil do ativo imobilizado. ( ) Custos de preparação do local e custos de instalação e montagem são custos diretamente atribuíveis. ( ) Custos de abertura de uma nova instalação, honorários profissionais e custos de introdução de um novo produto são custos diretamente atribuíveis. Exercício 02. Julgue as afirmativas a seguir: ( ) Um arrendamento é classificado como Operacional se há transferência substancial de todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade. ( ) Nos arrendamentos financeiros, frequentemente o arrendatário incorre em gastos com os custos diretos iniciais do arrendamento, tais como negociação e garantias de acordos, esses custos são contabilizados diretamente no resultado, na forma de despesas. ( ) A política de depreciação para ativos arrendados depreciáveis deve ser consistente com aquela para ativos depreciáveis de propriedade. ( ) Normalmente as prestações de arrendamento operacional serão reconhecidas como uma despesa pelo método linear ao longo do prazo do arrendamento. ( ) Um arrendamento operacional deve ser reconhecido nas demonstrações do arrendatário tanto como um ativo quanto como uma obrigação de pagar prestações futuras do arrendamento.
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