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A IMPORTÂNCIA DO PSICÓLOGO DO ESPORTE: Um Novo Campo De Atuação Andréa Garcia Baran Modesto1 Adilson José de Aviz 2 RESUMO O presente estudo se fez através de um resgate histórico e bibliográfico sobre a relevância atribuída ao esporte e da apropriada preparação psicológica para atletas e praticantes do esporte e onde está inserido o profissional de psicologia nesse contexto. A pesquisa esta dividida em sete momentos: iniciando por um breve histórico da psicologia do esporte no âmbito mundial e brasileiro, perpassando em seguida pela definição do que é a psicologia do esporte, seguido da diferenciação que existe entre psicólogo do esporte e psicólogo inserido no esporte, mostrando em seguida qual o campo de atuação do psicólogo esportivo e quais as suas tarefas e atribuições. Em seguida o presente artigo destaca o novo campo de atuação para a psicologia e a ética existente nesse âmbito de ação. Palavras chave: Esporte. Psicologia do esporte. Atuação do psicólogo. SINTESI Questo studio è stato fatto attraverso una revisione storica e letterario sull'importanza data allo sport e della preparazione mentale per atleti e chi fa La pratica sportiva e dov’è inserito lo psicologo professionista in questo contesto. La ricerca è divisa in sette tappe: a partire da uma breve storia della psicologia dello sport in Brasile e in tutto il mondo, passando poi dalla definizione di ciò che è la psicologia dello sport, seguito da differenziazione che esiste tra uno psicologo dello sport e uno psicologo inserito nello sport, poi dimostra quall’è l’aria di atuazione dello psicologo dello sport e quali sono i loro compiti e incarichi. Allora questo articolo mette in evidenza il nuovo campo per la psicologia e l'etica di azione Che esiste in questo settore. Parole chiave: Sport. Psicologia dello Sport. Performance dello psicologo. 1 Acadêmica do 5ª ano, curso de Psicologia - Faculdade Guilherme Guimbala. ACE. 2 Professor Orientador do Artigo para conclusão de Curso. 2 INTRODUÇÃO A psicologia do esporte (P.E) é um dos ramos da psicologia pouco explorado e conhecido no meio acadêmico, entretanto tem sido muito estudado e divulgado nas faculdades de educação física onde existem três cadeiras voltadas para essa área. Segundo Rubio (2000) somente a partir de 1998 que os cursos de psicologia começaram a oferecer a psicologia do esporte como disciplina optativa, restando ao profissional psicólogo que desejasse ingressar nessa área procurar os poucos cursos de extensão e especialização existentes no Brasil, levando em consideração que nos cursos de educação física, a psicologia do esporte já faz parte da grade curricular há quase duas décadas. Junior (2000, p. 34) afirma que: O primeiro grande problema da psicologia e o esporte no Brasil é a falta de formação específica dos psicólogos para trabalharem nesse campo. As faculdades de psicologia parecem não reconhecer a importância do esporte como campo profissional para seus egressos e não proporcionam a seus alunos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o assunto. Sequer são oferecidas disciplinas optativas e o que se encontra são raros cursos de especialização, que formam pequenos grupos de psicólogos interessados e atentos ao movimento desse mercado de trabalho promissor. A problemática que levou a confecção deste artigo é a de verificar se os cursos de psicologia e os futuros profissionais psicólogos estão preparados para atuar na psicologia do esporte e qual a importância do psicólogo no ambiente de psicologia do esporte. Tendo como objetivo de traçar um breve histórico sobre a origem da psicologia do esporte no Brasil e no mundo, sendo revista, acompanhada de valores culturais, públicos e de conhecimento que dificultam o crescimento desta área de atuação do psicólogo, bem como sua entrada no mercado de 3 trabalho, pois o trabalho interdisciplinar com os outros componentes da equipe é um ganhar constante da confiança dos mesmos. Esta pesquisa propõe trazer ao conhecimento dos estudantes de psicologia sobre a psicologia do esporte, sua área de atuação e função. Acredita-se ser de grande valor a conscientização dessa área tanto no âmbito psicológico quanto esportivo. Esta pesquisa justifica-se pela necessidade de maiores estudos que possam investigar onde o profissional da psicologia está inserido na área esportiva, como este pode auxiliar na preparação emocional do atleta e das pessoas que praticam o esporte como um todo e qual o lugar desse profissional entre os outros na chamada ciência do esporte. A pesquisa foi realizada através de uma revisão bibliográfica e levantamento de dados em bibliografias especializadas nas quais a psicologia esportiva está embasada no contexto brasileiro e mundial. Para Baras Filho e Miranda (1998) a preparação psicológica deveria acontecer naturalmente, como parte do processo de treinamento, tal qual o trabalho de preparação física, técnica e tática, fato que, entretanto não ocorre com frequência, devido à falta de informação e, até mesmo, de boa vontade dos envolvidos com ela. Segundo Rubio (2000, p.09): Tendo conquistado tamanha importância tanto do ponto de vista do espetáculo como do político, os aprimoramentos físico e técnico tornaram-se prioridade para técnicos e equipes esportivas. (...) Se a psicologia do esporte já existia há meio século, é nesse contexto de aprimoramento que ela ganha força. Considerada uma das sete sub- árias que vem compor as chamadas ciências do esporte. Em um país que deseja tornar-se uma potencia mundial no campo esportivo, o Brasil mostra-se ineficiente em competições de alto rendimento. A alegação de muitos atletas e dirigentes esportivos sobre a pressão exercida pela mídia é o problema da pressão psicológica que segundo Brandão (2011) 3 explana que o que se chama de ‘sofrimento psicológico competitivo’, acontece 3 1º Encontro com Treinadores e Comissões Técnicas, ABRAPESP. 28/05/2011. 4 quando o atleta percebe que pode ter barreiras para atingir seus objetivos, e percebe esta como uma ameaça, da qual se sente impotente. E a tensão emocional muito alta prejudica seu desempenho e essas reações emocionais de raiva, ansiedade, medo, incerteza, agem sobre o físico e de como os atletas não estão preparados para a mesma. É neste ambiente que o profissional da psicologia pode vir auxiliar aos mesmos. Para BECKER JR (1998, p.45): Dar aos atletas respaldo psicológico é tão importante quanto lhes fornecer uma alimentação balanceada, programada por nutricionistas. Afinal, o corpo físico e o mental são as duas faces de uma mesma unidade e merecem a igual atenção. 1. História da Psicologia Esportiva Segundo Rubio (2000) a história da P.E. confunde-se com a da própria psicologia, em uma visão geral, pois os primeiros estudos relacionando os aspectos psicológicos e a atividade física datam do final do século XIX e início do XX. Davis et al (1995) trazem que Fitz conduziu uma investigação no laboratório de anatomia, fisiologia e treinamento físico da Universidade de Harvard (EUA) em 1895 com relação ao tempo de reação múltiplo e publicou os resultados no Psychological Review. O projeto de pesquisa conduzido por Norman Triplett (1898) investigou os efeitos da presença de outros competidores na performance do atleta colocou em evidência a interface entre esporte e psicologia. Samulski (2009) relata que foi na década de 1920 que surgiram osprimeiros laboratórios e institutos de P.E., sendo estes presentes na antiga União soviética (Rudick, Puni), nos Estados Unidos (Griffith), no Japão (Matsui) e na Alemanha (Schulte, Sippel). Foi somente nas décadas de 60 e 70 que a área começou a receber maior atenção e organização, tanto na Europa como na América do Norte. Vieira et al (2010) relatam que Coleman Griffith foi considerado o Pai da P.E., por ter sido o primeiro a criar um laboratório de P.E. em 1925, na Universidade de Illinois (EUA). Coleman tinha como objetivo investigar um 5 conjunto de elementos psicológicos relevantes para o rendimento esportivo, e os seus estudos envolviam temas de aprendizagem, habilidades motoras e variáveis da personalidade. Criou vários testes sendo, portanto o primeiro professor de Universidade a oferecer um curso de P.E., em 1923, com a criação do Laboratório de Griffith marcou o início do período histórico (1920- 1940), quando a P.E. passou a ser desenvolvida e pesquisada na prática. Nesse período também surgem os primeiros trabalhos de preparação psicológica com equipes olímpicas na Tchecoslováquia. Além disso, os mesmos autores (Vieira et al, 2010) destacam que após a Segunda Guerra Mundial, entre os anos de 1945 e 1964, surgiram vários laboratórios de P.E. nos Estados Unidos, tais como os de Franklin Henry (Universidade de Berkeley), John Lawther (Universidade da Pensilvânia) e Arthur Slater-Hammer (Universidade de Indiana), os quais começaram a oferecer cursos de P.E. nas suas universidades. Bruce Ogilvie e Thomas Tutko (1966) lançam nesse mesmo período o livro Problem athletes and how to handle them, este livro foi muito popular entre os técnicos esportivos e atletas, e devido a ele Ogilvie foi referenciado como o “Pai da Psicologia Aplicada ao Esporte”. Neste período, a corrente teórica de influência de estudos era o Behaviorismo4 de Watson, que principalmente Skinner divulgava nos EUA. Ressalta - se, porém que devido às diferenças culturais, no contexto mundial cada país enfatizou diferentes aspectos da P.E. e do Exercício. Um grande salto no plano de desenvolvimento científico ocorreu nos anos 60, em que estudos específicos foram apresentados, principalmente nos EUA. Salmela (1991) expõe que em 1965 foi fundada em Roma a Sociedade Internacional de P.E. (International Society Of Sport Psychology-ISSP). Ao longo de sua história, a ISSP realizou 11 congressos mundiais em diferentes países e continentes. Atualmente a ISSP tem 2.500 afiliados em 100 países diferentes. Segundo Samulski (2009) o numero de psicólogos do esporte no mundo é estimado atualmente em cinco mil pessoas, sendo que a ISSP possui um 4 Behaviorismo: é um termo genérico para agrupar diversas e contraditórias correntes de pensamento na Psicologia que tem como unidade conceitual o comportamento, mesmo que com diferentes concepções sobre o que seja o comportamento. A palavra inglesa behaviour (RU) ou behavior (EUA) significa comportamento, conduta. 6 órgão oficial de publicação, o Iternacional Journal of Sport Psychology and Exercise, no qual os psicólogos do esporte de todo o mundo podem publicar os resultados dos seus estudos e pesquisas. Os registros oficiais, segundo Feige (1977) mostram que a P.E. no Brasil, está em sua quarta década. Segundo Cozac (2010, p.20) o inicio se deu com o Professor João Carvalhaes em 1954, no Departamento de Arbritos da Federação Paulista de Futebol. Quarenta e cinco anos é a idade que, no ser humano pode significar a maturidade, reflexo de ricas experiências. Em relação à P.E., no entanto, o caminho percorrido ainda não trouxe a desejada maturidade. Cozac (2010) narra que o professor Carvalhaes quando atuou como psicólogo da seleção brasileira de futebol, os testes aplicados por ele reprovaram o Mané Garrincha, que mais tarde, foi o grande astro desta seleção, o que levou a falta de credibilidade no professor Carvalhaes e em seus métodos de pesquisa, fazendo com que a P.E. fosse desacreditada por longos anos. Cozac (2010) ressalta ainda que o que se esquece é que Mané Garrincha faleceu de cirrose hepática, em péssimas condições psicológicas. Se as ferramentas utilizadas pelo professor não foram eficazes para a seleção e o traço de perfil psicológico esportivo, certamente já demonstravam a fragilidade psicoemocional de um dos maiores astros do futebol brasileiro de todos os tempos. Samulski (2009, p.02) relata: O desenvolvimento da P.E. na América Latina teve início na década de 1970. No ano de 1979, foi fundada s Sociedade Brasileira de P.E., da Atividade Física e da Recreação (SOBRAPE), em 1986, foi criada a Sociedade Sul-Americana de P.E., Atividade Física e da Recreação (SOSUPE). O primeiro presidente eleito no Brasil foi B.Becker J. Palacio (1991) na Colômbia, B.Becker (1991,2000) no Brasil, e G. Dellamary e R. Balboa (1991) no México traçaram um bom panorama sobre o desenvolvimento e a situação atual da P.E. na América Latina. O Brasil ocupa posição de liderança na América Latina, na área de P.E., o que pode ser comprovado com base no grande 7 volume de publicações, no número dos congressos realizados, bem como na quantidade de laboratórios de P.E. existentes. Becker Jr (2000) ressalta, porém que no Brasil ainda existe certa dificuldade em determinar o início preciso da P.E. em um país, sem correr o risco de cometer várias injustiças, mormente no Brasil onde estes eventos têm pouca ou nenhuma divulgação. Cozac (2010) relata que o psicólogo do esporte foi o ultimo integrante da comissão técnica interdisciplinar a ser reconhecido pelos clubes. Sendo que até hoje esse profissional sofre com o preconceito e a desinformação daqueles que, supostamente, deveriam zelar pelo bem estar dos atletas. 2. Essa tal P.E. Becker (2000) ressalta que a P.E. segundo a Federação Europeia de associações de P.E. – FEPSAC (1996), refere-se aos fundamentos psicológicos, processos e consequências da regulação psicológica das atividades relacionadas ao esporte, de uma ou mais pessoas praticantes dos mesmos. O foco desse estudo está nas diferentes dimensões psicológicas da conduta humana, portanto, afetiva, cognitiva, motivadora ou sensório-motora. Os objetos de estudo são os sujeitos envolvidos nos esportes ou exercícios, como atletas, treinadores, árbitros, professores, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, espectadores e pais. Gill (1986) descreve que a P.E. é o estudo cientifico de pessoas e seus comportamentos em complexo esportivos e de exercícios e aplicações de práticas de tal conhecimento. Segundo Nitsch (1989, p.29): “A P.E. analisa as bases e os efeitos psíquicos das ações esportivas, considerando por um lado à análise de processos psíquicos básicos (cognição, motivação, emoção) e, por outro lado, a realização de tarefas práticas do diagnostico e da intervenção.” Para Nitch apud Samulski (2009, p.03), a função da P.E. consiste na descrição, na explicação e no prognóstico de ações esportivas, tendo como objetivo desenvolver e aplicar programas, fundamentados cientificamente, de intervenção, levando em consideração os princípios éticos. 8 Na concepção de Singer (1993), a P.E. integra a investigação, a consultoria clínica, a educação e as atividades práticas programadas associadas à compreensão, à explicação e à influência de comportamentos de indivíduos e de grupos que estejam envolvidos em esporte de alta competição, esporte recreativo, exercício físico e outras atividades. Para Weinberg e Gould (2001, p.28): “A P.E. e do Exercício é um estudo científico de pessoase seus comportamentos em atividades esportivas e atividades físicas, e a aplicação deste conhecimento”. Para Rubio (2010) a P.E. é considerada uma das sub-áreas das Ciências do esporte, concomitantemente com a antropologia, filosofia, sociologia, medicina e a biomecânica do esporte. É também considerada como uma especialidade da psicologia. A P.E. vem ganhando visibilidade, porque o esporte é na atualidade um dos produtos da indústria cultural, e tem despontado como um campo privilegiado de atuação profissional para o psicólogo. Barreto (2003) relata que o corpo teórico da P.E. enquanto campo científico encontra suporte em várias especialidades da Psicologia, entre elas a Psicologia Experimental - em que se incluem a Psicologia da Aprendizagem, a da Memória e a da Motivação - e a Psicologia do Desenvolvimento, responsável por estruturar o entendimento do desenvolvimento esportivo do indivíduo desde criança até a fase adulta. Ainda nesse contexto Vieira et al (2010) dizem que podem também citar a Psicologia da Personalidade, centrada nos estudos das diferenças individuais; a Psicologia Social, voltada às relações interpessoais da equipe esportiva e ao desenvolvimento da coesão do grupo; e por fim, a Psicologia Clínica, que focaliza os problemas de desajustamento psicológico do atleta e suas modificações. Segundo Samulski (2009, p.04): “A P.E., entretanto, é um componente integrado à ciência do esporte, estabelecendo uma relação interdisciplinar com as disciplinas cientificas: Medicina do esporte- Fisiologia do esporte e Sociologia do esporte”. Para a American Psychology Association5 (1999) a P.E.: 5 http://www.apa.org/ 9 a) É o estudo dos fatores comportamentais que influenciam e são influenciados pela participação e desempenho no esporte, exercício e atividade física. b) Aplicação do conhecimento adquirido através deste estudo para a situação cotidiana. Becker Jr (2000) afirma que existe uma disciplina chamada psicologia aplicada ao exercício e ao esporte e que esta investiga as causas e os efeitos das ocorrências psíquicas que apresenta o ser humano antes, durante e depois o exercício ou o esporte, sejam estes de cunho educativo, recreativo, competitivo ou reabilitador. 3. Diferenças entre Psicólogo do Esporte e Psicólogo no Esporte De acordo com Weinberg (2001) vários segmentos da psicologia têm influenciado a P.E. na medida em que contribuem para a ampliação do conhecimento dos fenômenos psicológicos que englobam a atividade esportiva. Entre eles estão à psicologia social, a psicologia do desenvolvimento, a psicologia clínica, a psicologia organizacional, a psicologia da personalidade e a psicologia educacional. Cozac (2003) diz ser importante lembrar que no atendimento ou intervenção junto ao atleta é necessário que o profissional esteja bem familiarizado com os seguimentos da psicologia acima citados e suas propostas teóricas. Salmela (1991) relata, porém, que a P.E. é um segmento com objetivos específicos e área própria de interesse e, portanto com aplicações e técnicas próprias. Assim sendo a P.E. e psicologia no esporte não é sinônimo, visto que esta ultima inclui intervenções relacionadas com outras áreas da psicologia e de outras ciências. Feijó (2000) declara que quando se enfoca a P.E., a preocupação que se tem é a de propor uma ‘interpretação psicológica’ do fenômeno esportivo, mas, porém, ao se mudar a ênfase para a psicologia no esporte, o enfoque passa a ser um estudo sobre os tipos de intervenção psicológica que o esporte deve requerer. 10 Franco (2000) resalta que questões como a motivação do atleta, concentração em uma competição, persistência no treino, temperamento do atleta, liderança de equipe, a influência no desempenho atlético da equipe e influencia negativa e positiva da torcida sobre o atleta são alguns dos temas abordados pela P.E., sendo esta uma ciência. Pesquisas vêm sendo feitas nos meios acadêmicos e de estudos da P.E. ao longo dos anos no intuito de confirmar hipóteses formuladas, consolidar teorias e, enfim, aplica-las juntos aos atletas. Quanto a isso Cillo (2003, p.37-38) diz: Importante ressaltar que no trabalho da P.E. deve-se oferecer apoio e aconselhamento para os atletas e demais envolvidos, mas isso não significa que o psicólogo estará realizando psicoterapia. “Fazer” P.E. não é carregar um divã portátil que pode ser montado no garrafão ou próximo à trave. Samulski (2009) declara que a P.E. não deve ser interpretada somente como uma matéria especial da psicologia aplicada. O esporte e suas ações esportivas têm a suas próprias regras, suas estruturas e seus princípios. Como consequência, surge a necessidade da P.E. recorrer a teorias e métodos psicofisiológicos que melhor se adaptam a situações esportivas específicas. Portanto, o desenvolvimento de uma teoria para a P.E. e de métodos especificamente esportivos podem contribuir para o desenvolvimento da psicologia, pois as duas são relacionadas intrinsecamente. 4. Campo de atuação do Psicólogo do Esporte Segundo Epiphanio (1999) a área de atuação do psicólogo esportivo onde se encontra a maior difusão é junto ao esporte de alto nível, por ser este o meio onde se observa um maior investimento tanto na parte técnica como monetária. O psicólogo atua junto a equipes esportivas, ou com atletas individualmente, no sentido de elaborar os conflitos que possam prejudicar o rendimento do atleta, proporcionando com isto, uma reelaboração de vida. Em esporte de alto nível, o psicólogo, também, atua como assessor e orientador de 11 fenômenos psicológicos, além disso, este profissional está interligado a um movimento de ação social, rumo à melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Esta é uma área de atuação que depende de investimentos por parte dos governos, realizando programas para crianças carentes, onde, educação, saúde, alimentação e esporte caminhem juntos. A atividade física, de forma geral, também é outra área de atuação desse profissional. Brandão (1995) observa que por ser disciplina regularmente oferecida somente na graduação dos alunos de Educação Física isto significa que o delineamento do que faz um profissional da P.E. e que formação ele necessita, ainda, não estão claros. Prova disto, é que encontramos engenheiros, médicos, professores de Educação Física e profissionais de outra formação universitária, trabalhando e até mesmo "treinando mentalmente atletas”. Cozac (2010) propõe em sua aula inaugural do curso de formação em P.E. que as áreas de atuação do psicólogo do esporte são: a) Alto Rendimento b) Pesquisas c) Prevenção e promoção de saúde d) Escolas e) Exercício Físico f) Recreação g) Academias de Ginástica h) Clínica – Reabilitação Sendo assim, Cozac (2010) diz que o campo para esse profissional é amplo, não limitado aos atletas de alto rendimento como é comumente relacionado com a P.E. Segundo o Conselho Regional de Psicologia do estado do Paraná em seu site6 as atribuições do psicólogo do esporte são: 1 - Proceder ao exame das características psicológicas dos esportistas, visando o diagnóstico individual ou do grupo, dentro da atividade em que se encontram. 2 - Desenvolve ações utilizando-se de técnicas psicológicas contribuindo em nível individual, para realização pessoal e melhoria do desempenho do esportista e em nível grupal, favorecendo a otimização das relações entre esportistas, pessoal técnico e dirigentes. 3 - Realiza atendimento individual ou em grupo de esportistas,6 http://www.crppr.org.br/pagina. php?idF=17#esporte. 12 visando a preparação psicológica no desempenho da atividade física em geral. 4 - Acompanha, assessora e observa o comportamento dos esportistas, visando o estudo das variáveis psicológicas que interferem no desempenho de suas atividades específicas(treinos, torneios e competições). 5 - Orienta pais ou responsáveis visando facilitar o acompanhamento e o desenvolvimento dos esportistas. 6 - Realiza atendimento individual ou em grupo com esportista, visando a preparação psicológica no desempenho da atividade física em geral. 7 - Realiza estudos e pesquisas individualmente ou em equipe multidisciplinar, visando o conhecimento teórico-prático do comportamento dos esportistas, dirigentes e públicos no contexto da atividade esportiva. 8 - Elabora e participa de programas e estudos educacionais, recreativos e de reabilitação física orientando a efetivação de um trabalho de caráter profilático ou corretivo, visando o bem-estar dos indivíduos. 9 - Colabora para a compreensão e mudança, se necessário do comportamento de educadores no processo de ensino-aprendizagem e nas relações inter intra pessoais que ocorrem no ambiente esportivo. 10 - Elabora e emite pareceres sobre aspectos psicológicos envolvidos na situação esportiva, quando solicitado. 11 - Encaminha o esportista a atendimento clínico quando houver necessidade de uma intervenção psicológica que transcenda as atividades esportivas. 12 - Ministrar aulas de psicologia no esporte em cursos de psicologia e educação física, oportunizando a formação necessária a estes profissionais, a prática das atividades esportivas e seus aspectos psicológicos. Samulski (2009, p.14) destaca a necessidade de uma formação abrangente apontando como sendo quatro os campos de aplicação da P.E.: O esporte de rendimento que busca a otimização da performance numa estrutura formal e institucionalizada. Nessa estrutura o psicólogo atua analisando e transformando os determinantes psíquicos que interferem no rendimento do atleta e/ou grupo esportivo. O esporte escolar que tem por objetivo a formação, norteada por princípios sócio-educativos, preparando seus praticantes para a cidadania e para o lazer. Neste caso, o psicólogo busca compreender e analisar os processos de ensino, educação e socialização inerentes ao esporte e seu reflexo no processo de formação e desenvolvimento da criança, jovem ou adulto praticante. Já o esporte recreativo visa o bem-estar para todas as pessoas. É praticado voluntariamente e com conexões com os movimentos de educação permanente e com a saúde. O psicólogo, nesse caso, atua na primeira linha de análise do comportamento recreativo de diferentes faixas etárias, classes sócio econômicas e atuações profissionais em relação a diferentes motivos, interesses e atitudes. Por fim o esporte de prevenção, saúde e reabilitação são pesquisadas as possibilidades preventivas e terapêuticas do esporte, 13 bem como o sentido de regulação psíquica por meio da conduta esportiva (terapia pelo movimento, jogos e dança), desenvolve um trabalho voltado para a prevenção e intervenção em pessoas portadoras de algum tipo de lesão decorrente da prática esportiva, ou não, e também com pessoas portadoras de deficiência física e mental. Segundo Gauvin e Spence (1995) os estudos na P.E e do Exercício têm- se dividido em duas sub-áreas: a da Psicologia relacionada ao exercício físico e atividade física e da Psicologia do Esporte. A primeira refere-se ao relacionamento entre o exercício físico e a saúde (prevenção, reabilitação), enquanto a segunda está direcionada para os determinantes e consequências do desempenho e envolvimento com o esporte competitivo. Ganzáles (1997) descreve que a American Psychology Association (APA) bem como a Associação de Psicologia do Canadá julgam necessário estabelecer critérios básicos para dois campos de atuação do psicólogo do esporte: o educacional e o clínico. O psicólogo educacional se ocupa mais da análise de dinâmicas de grupo, em atividades mais relacionadas ao ensino e à pesquisa, do treinamento mais pedagógico do que clínico; por seu turno, o psicólogo clínico é aquele que faz psicodiagnóstico esportivo e pratica intervenções clínicas tanto individualmente no atleta quanto nos contextos grupais. De acordo com Weinberg e Gould (2001), os psicólogos do esporte possuem três áreas de atuação profissional: o ensino, a pesquisa e a intervenção. Na área do ensino a finalidade é transmitir conhecimentos e habilidades técnicas esportivas, para tal os profissionais precisam ter conhecimentos das capacidades psicológicas necessárias para melhor compreender o comportamento humano no âmbito do esporte sendo essa a função de professor. Na área da pesquisa, os procedimentos diagnósticos são mais explorados tendo como objetivo medir características psicológicas das pessoas, fazer avaliações esportivas e medidas de intervenção psicológica para competição e treinamento sendo essa a função de pesquisador, a terceira área é a da intervenção psicológica onde o profissional exerce a função de consultor na qual são realizados psicodiagnósticos, programas psicológicos de 14 treinamento mental, juntamente com medidas de aconselhamento e acompanhamento. JUNIOR, D. R (2000) salienta que existem dois campos nas quais o psicólogo esportivo atua, sendo o primeiro o campo de estudo e atuação aonde a P.E. tem sido requisitada a responder questões como de que forma a atividade esportiva e a competição afetam o comportamento dos indivíduos e interferem no seu desempenho, quais os fatores psicológicos relacionados a essas atividades e que podem interferir no desempenho de atletas, técnicos e dirigentes, quais os fatores extracompetitivos que podem afetar o desempenho dos atletas. No campo do exercício, a psicologia tem atuado contribuindo para a manutenção do bem estar geral do individuo, não visando o atleta, mas todos os que fazem da atividade física um meio para melhorar seu estado geral de saúde o que inclui a saúde mental, como na máxima “mens sana in corpore sano”. Nesse caso pode-se perceber que existem duas sub-áreas de investigação da P.E., que são importantes pois são geradoras de inúmeras oportunidades de pesquisas, sendo estas divididas em dois pontos de vistas: do ponto competitivo, esta pode atuar em dois grandes setores: a psicologia relacionada à atividade esportiva e a psicologia relacionada ao atleta que se estende aos técnicos, árbitros e dirigentes. 5. Tarefas e Funções do Psicólogo do Esporte De acordo com Singer (1993, pag. 131-146), o psicólogo do esporte tem as seguintes tarefas: a) Cientista/pesquisador, o qual contribui na produção de conhecimento; b) Docente, o qual transmite conhecimentos; c) Intermediário entre técnico e atleta; d) Especialista em psicodiagnósticos, o qual mede o potencial do atleta; e) Especialista em análise das condições do treino; f) Especialista para otimizar o desempenho; g) Conselheiro para solucionar conflitos; h) Consultor-especialista em consultoria de programas psicológicos; i) Responsável pela saúde e pelo bem estar dos atletas. 15 Nitsch (1986) enfatiza as tarefas e funções do psicólogo do esporte, destacando áreas de atuação: no ensino, no qual o psicólogo propõe a realizar cursos e seminários psicológicos tendo como público alvo os professores de educação física e técnicos esportivos, para que estes tenham o conhecimento e capacidades psicológicas específicas para melhor compreensão do comportamento humano no âmbito do esporte. Para tal, esses cursos e seminários devem constara transmissão de: princípios e fundamentos psicológicos dos processos de aprendizagem e de ensino, conhecimentos e capacidades psicológicas para a educação prática nos diversos setores de aplicação no esporte, conhecimentos e técnicas em metodologia da pesquisa psicológica e técnicas para a aquisição e desenvolvimento próprio dos conteúdos citados na futura prática profissional. Na área da pesquisa psicológica no esporte Nistch (1989, p.203) diz que esta são voltadas para as seguintes tarefas: a. Desenvolver uma teoria de ação esportiva como base para a aplicação e o prognostico de fenômenos psicológicos no esporte, no sentido de que nada é mais prático do que a boa teoria; b. Desenvolver procedimentos diagnósticos para medir características psicológicas de pessoas, de situações e de atividades esportivas (como por exemplo, motivação para o rendimento, medo e agressão no esporte, coordenação psicomotora, personalidade de atletas e treinadores); c. Desenvolver medidas de intervenção psicológica para o ensino, treinamento, competição e terapia (preparação e assessoria psicológica). De acordo com Samulski (2009) a intervenção psicológica na pratica esportiva como, por exemplo, no esporte escolar e de rendimento pode ser realizada através de alguns programas psicológicos de treinamento, assim como por medidas psicológicas de aconselhamento também chamado de Counselling e acompanhamento conhecido também por coaching. Cozac (2010) propõe em sua aula inaugural do curso de formação em P.E. que atuação do psicólogo no esporte: 16 a. Estudar os comportamentos que influenciam ou são influenciados pela participação e desempenho no esporte, exercício e atividade física, além da aplicação do conhecimento adquirido através deste estudo para a situação cotidiana (atleta + ser humano = unicidade); b. Auxiliar o atleta a desenvolver sua capacidade emocional e psicológica para adaptar-se mais adequadamente a rotina esportiva; c. Auxiliar a equipe técnica no planejamento de metas e no treinamento de aspectos ligados a performance esportiva. 6. Um Novo Campo de Atuação Cozac (2010) em sua aula inaugural do curso de formação de psicologia do esporte7 relata que há a lotação de outros campos de ação da psicologia como o clínico, o educacional, o hospitalar, o Rh8. Além disso, ressalta que existe ainda o medo dos dirigentes em diversas modalidades esportivas quanto às possíveis influências da presença do psicólogo na equipe. Sendo assim, deve-se salientar que o psicólogo no esporte atua como meio de auxílio ao atleta para que possa melhorar sua performance dentro e fora de sua atividade interdisciplinar (informação verbal). Nesse contexto o autor ainda destaca os preconceitos frente à imagem do psicólogo como um sintoma cultural que dificulta a atuação em outras áreas bem como no esporte, além de colocar em evidência a dificuldade de reconhecimento da importância do psicólogo pelas pessoas que gerenciam o esporte, bem como os treinadores e atletas que em sua maioria ainda mantêm a ideia que a psicologia é sinônimo de patologia. Lacrape e Chamalidis (1995) afirmam que percepção do serviço da P.E. depende da interação de fatores como experiência passada dos atletas com o psicólogo esportivo, expectativas do grupo, confiança mútua e a especificidade da situação. Becker Jr (2000) ressalta que a partir dos elementos citados por Lacrape e Chamalidis, é de grande importância o modo pelo qual o psicólogo será apresentado aos membros de uma equipe esportiva. Uma apresentação simples, com nome, função, experiência e objetivos parece ser o suficiente, pois não despertará o sentimento de onipotência e de que o psicólogo possui 7 Curso Psicologia Esportiva. Sociedade Brasileira da Psicologia do Esporte (CEPPE) e Associação Paulista da Psicologia do Esporte. 06/11/2010. 8 Recursos humanos 17 poderes mágicos, fazendo com que o atleta e os outros integrantes da comissão técnica o vejam como mais um integrante da equipe. Becker Jr (2000) ressalta ainda que o que o psicólogo diz na sua apresentação é muito importante. Uma explicação simples sobre o que faz ajudará bastante, pois, embora já se tenha mudado muito a informação sobre suas funções, existe ainda quem o classifique como “alguém que trata de loucos”, o autor observa que provavelmente essa resistência tenha ocorrido também no inicio da atividade do médico e do dentista no esporte. Segundo Rubio (2011) 9 deve-se perceber quem é o atleta brasileiro, levando em consideração que este não é o atleta que se encontra nos EUA que tem formação acadêmica, e onde pode estar praticando com técnicos, à realidade do esportista brasileiro, na maior parte do tempo e dos esportes é a dedicação ao esporte sem ter condições mínimas para tal e devendo ir atrás de patrocínios para poder dedicar-se ao mesmo. Deve-se observar que o nível de resiliência de um atleta olímpico é fora do normal, e, portanto deve-se salientar as diferenças culturais e qual o tipo de conduta que se passa a ter sobre esse atleta. Rubio lembra que o psicólogo esportivo ao fazer parte das comissões técnicas deve levar em consideração essas diferenças e trabalhar com a comissão técnica, com relação a isso. Para tal, a autora traz um modelo de intervenção psicológica no qual se deve considerar a tríade - Atleta-família- tecnico (quando o atleta é ainda criança), auxiliar a comunicação entre o atleta e o técnico e lembrar que o que faz a diferença entre vencer ou perder é o detalhe (informação verbal). Hallage (2011) 10 lembra que nas Olimpíadas de 2008, todos os sucessos do Brasil tinha tido uma preparação psicológica, para tal houve o trabalho do psicólogo nas categorias de base, além disso, salienta que o psicólogo do esporte, deve sempre atuar na sua função e avaliar sua relação com a comissão técnica de uma equipe, levando em consideração as ciências aplicadas ao esporte na qual participam a medicina, a fisiologia, a biomecânica, a fisioterapia e a nutrição. Hallange (2011) destaca que no Brasil é preciso construir a P.E., e que para que tal ocorra é necessário entender junto com a comissão técnica que o atleta muda seu comportamento se quiser mudar e até 9 1º Encontro com Treinadores e Comissões Técnicas, ABRAPESP. 28/05/2011. 101º Encontro com Treinadores e Comissões Técnicas, ABRAPESP. 29/05/2011. 18 aonde o psicólogo pode chegar, combatendo assim a imagem que o psicólogo é aquele que chega e resolve. A preparação do atleta deve passar por: preparação física, preparação técnica, preparação tática e preparação psicológica e, portanto, deve-se chegar ao inicio da temporada e fazer a periodização do atleta, não chamando o psicólogo apenas em momentos de crise, pois segundo Hallange (2011) o psicologo esportivo não se pode trabalhar na crise, quando esta se instala não se pode fazer quase nada, somente dar apoio psicológico. Resaltando que, porém é só aqui que o psicólogo é lembrado. Hallange (2011) destaca que a preparação psicológica deve ser cuidada desde o início do trabalho técnico. São comuns as expressões: ‘O time não estava preparado psicologicamente’, ‘faltou concentração’ ou ainda ‘é preciso ter controle emocional’, porém deve-se ensinar para a comissão técnica o que é cada um desses itens, observar com o atleta o que esta acontecendo com o mesmo, analisar a personalidade do atleta. Quanto mais o psicólogo conseguir falar a mesma língua da comissão técnica, mais fácil e acessível se tornará o trabalho do psicólogo do esporte, pois como Hallange(2011) observa que a confiança esta muito ligada aos acontecimentos de um jogo. A medalha de ouro, a vitória é consequência do trabalho conjunto das ciências do esporte, independente de quem. Os objetivos da P.E. então são promover o desempenho, o bem estar psicológico, a educação e a formação do atleta. 7. Princípios Éticos para a P.E. e do Exercício Cosac (2010) em sua aula inaugural do curso de formação de psicologia do esporte diz que os princípios éticos para psicólogos do esporte e do exercício 1-Competência: importante o conhecimento da ciência e da modalidade com a qual irá atuar. É necessário entrar em contato com as formulações teóricas e práticas da ciência. 2- Integridade – informar a todo tempo os princípios que norteiam a atuação. Seja ela na área do ensino, atuação ou consultoria. 19 3-Responsabilidade pessoal e científica – proteger a linha de atuação e seu devido desenvolvimento, estimulando atuações éticas e compromissadas com resultados objetivos e reais. 4- Respeito pelos direitos e pela dignidade das pessoas – garantia de atuações sem preconceitos e estritamente sigilosas. 5 – Preocupação com o bem-estar – buscar sempre o equilíbrio e o bem-estar de todos aqueles envolvidos numa competição ou prática de exercício físico. 6 – Responsabilidade Social – preocupação com fatores extra- rendimento e na formação de seres humanos íntegros e bem adaptados às demandas sociais e ambientais. Para Becker et al (1998, p.31), no treinamento psicológico devem-se ser considerados alguns princípios éticos: a. A participação no treinamento psicológico deve acontecer por interesse próprio e sem pressão externa; b. Antes de aplicar o treinamento psicológico, deve-se informar os atletas sobre seus objetivos, métodos, indicações e efeitos; c. Os métodos aplicados no treinamento psicológico devem ser cientificamente comprovados; d. O treinamento psicológico deve contribuir para o desenvolvimento da personalidade e desenvolver saúde, bem estar, autodeterminação e responsabilidade social. Winterstein (2004) argumenta que a P.E, enquanto uma área que deve buscar a melhoria das condições humanas da prática esportiva não está alheia às mudanças do contexto esportivo nacional e internacional. Assim sendo, seja no âmbito da pesquisa, é no da intervenção ou da formação profissional, deve- se estar atento às formulações preestabelecidas que determinam os denominados "procedimentos éticos" reguladores das relações profissionais entre os sujeitos envolvidos. Portanto, não basta submeter projetos de pesquisa às respectivas comissões de ética, quando os interesses, tanto dos membros destas comissões, quanto dos próprios investigadores, se pautam em critérios muitas vezes escusos e corporativistas. Segundo BUTT (1987, p.54): 20 Os psicólogos que atuam de acordo com o código de ética da associação dos psicólogos, sempre colocando o bem-estar, quer dizer a saúde física e mental, acima do desempenho esportivo. Os psicólogos devido a sua orientação estão seguros do seu papel e, portanto, não assumem o papel de outras posições esportivas (direção, técnico, atleta). O psicólogo irá sugerir ideias, técnicas, opiniões sobre os atletas, técnicos e organização. A decisão de querer usar as ideias e como persuadir o time, ou querer adotar as alternativas para atingir objetivos, é sempre a partir do técnico. Segundo Hallage (2011), o psicólogo do esporte deve ter formação, conhecimento da modalidade (se não souber o que é não tem como se comunicar com a comissão técnica, em parceria com todos), lembrar que é mais um integrante da comissão técnica (mas tem um olhar diferenciado, nisso ele faz parte, mas tem que ter um distanciamento para ser mais imparcial, A realidade do psicólogo esportivo é que ele deve estar em vários lugares ao mesmo tempo), ressaltar que não é o salvador da pátria, o mágico, não é dotado de super poderes. Além disso, deve deixar claro que a media de horas de trabalho depende muito do entendimento do psicólogo com a comissão técnica, deve estar presente em varias situações, pois não deve estar 24 horas por dia, mas deve estar presente. 8. Considerações Finais Este estudo procurou contribuir para a reflexão sobre a importância do papel da psicologia no âmbito esportivo, demonstrando através de referencias bibliográficas de autores nacionais e internacionais. Deve-se levar em consideração que no Brasil estes autores estão em sua maioria situados nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul onde existem cursos de psicologia do esporte tanto na graduação quanto em cursos de pós- graduação, mestrado e doutorado. Em outros estados os autores estudados relatam que os cursos de psicologia do esporte se encontram raras vezes nos meios acadêmicos de psicologia sendo estas cadeiras oferecidas de forma optativa. Ficou evidente nesta pesquisa que as faculdades de psicologia não estão preparando ou mesmo informando seus acadêmicos sobre essa área de atuação, o qual vem sendo ocupado por profissionais de outras áreas das ciências do esporte. Rubio (2000, p.17): 21 Espera-se que o movimento existente atualmente no Conselho de psicologia do esporte a um crescimento significativo. A inclusão da matéria da Psicologia do Esporte nos currículos das Faculdades de Psicologia é, a meu ver, fundamental para que se consiga a obtenção de mais esse campo de atuação. Procurou-se, através deste estudo, trazer ao conhecimento a história da psicologia do esporte, situando-a não só no âmbito internacional como no nacional e levando ao conhecimento de muitos que a psicologia do esporte não é como se pensa em senso comum algo novo e sim uma área de conhecimento técnico existente a mais de um século no exterior e 60 anos no Brasil. Pode-se notar através das bibliografias encontradas, qual o papel do psicólogo do esporte e desmistificar a ideia de que seu trabalho é fazer clinica no esporte. Além disso, pode-se chegar à conclusão que o psicologo esportivo assim como em outras áreas da psicologia faz um trabalho interdisciplinar com os outros componentes da comissão técnica, quais as possibilidades de intervenção desse profissional junto a atletas, comissão técnica, família e praticantes de esporte para a saúde e lazer. É relevante salientar que o país participará de uma Olimpíada no próximo ano, além de sediar a Copa do Mundo da FIFA e a próxima Olimpíada, na qual poucos atletas tem o auxílio de um psicologo do esporte por esse não se encontrar entre a maioria das comissões técnicas. Cabe resaltar que este profissional quando é lembrado, principalmente no meio futebolístico, é chamado a trabalhar em uma condição de crise já existente para se apagar o fogo, não com o objetivo de um acompanhamento psicológico do atleta desde que este começa a preparação física como deveria ser feito, ocorrendo então à visão de que este profissional faça mágica se o time for bem ou que este é desnecessário se a equipe não render o esperado. Não são desenvolvidos, portanto, trabalhos qualificados na maioria dos clubes. Por fim, cabe aos cursos de graduação oferecer a possibilidade de conhecimento dessa nova “velha” área de atuação, na qual o estudante de psicologia possa ao menos saber que esta existe, qual a função e o trabalho 22 desenvolvido por esse profissional no âmbito esportivo, possibilitando assim que surjam maiores procuras por profissionais capacitados a trabalhar no esporte, sabedores de suas atribuições, deveres e ética. 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