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< DESCRIÇÃO A construção histórica da Psicologia do Esporte, seus fundamentos e prática profissional nos mais diversos contextos esportivos. PROPÓSITO Compreender a origem histórica da Psicologia do Esporte, assim como sua fundamentação teórica e os seus principais campos de atuação, é importante para sua prática profissional e facilitará no desenvolvimento de uma visão ampla sobre o comportamento humano em contextos esportivos. OBJETIVOS MÓDULO 1 Definir a Psicologia do Esporte MÓDULO 2 Reconhecer o percurso histórico da Psicologia do Esporte no Brasil e no mundo MÓDULO 3 Identificar a prática profissional da Psicologia do Esporte INTRODUÇÃO A seguir, será apresentado o conceito de Psicologia do Esporte, de modo a possibilitar o entendimento acerca da importância do trabalho dos profissionais da Psicologia nos ambientes esportivos. Desta forma, vamos trabalhar os fundamentos do treinamento psicológico, além de demonstrar a importância de alguns campos da Psicologia na construção do método de trabalho e dos princípios basilares da Psicologia do Esporte. Também apresentaremos o caminho histórico da Psicologia do Esporte no mundo e no Brasil. Por exemplo, quando você conhece alguém e desperta o desejo de estabelecer um relacionamento de amor com tal pessoa, é muito provável que queira saber dos interesses dela, os passatempos, a família, o time de coração, o gosto musical e demais peculiaridades. Esse tipo de levantamento acontece porque você acredita que tais informações irão ajudá-lo em conhecer, com mais precisão, essa pessoa e, assim, tomar a decisão de começar o relacionamento ou não. Assim como na vida pessoal, conhecer o percurso histórico de qualquer campo do saber humano tem a sua importância, sendo fundamental para construir um conhecimento mais abrangente da área, possibilitando a compreensão dos fatores que contribuíram para o estágio atual da disciplina. Apresentaremos também como a prática profissional dos psicólogos se constitui de uma gama de possibilidades dentro do esporte, pois neste âmbito em que se dá o desenvolvimento de qualquer modalidade esportiva, e até mesmo a prática de exercício físico, pode ser implementado um programa de acompanhamento psicológico. Sendo assim, não existe um modelo ou receita de bolo a ser seguida na prática diária do profissional, mas sim princípios que devem ser aplicados conforme o campo de atuação. Finalmente, abordaremos, de forma introdutória, a forma como acontecem as intervenções psicológicas nos cenários esportivos onde os psicólogos do esporte estão inseridos. MÓDULO 1 Definir a Psicologia do Esporte DEFININDO A PSICOLOGIA DO ESPORTE INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DO ESPORTE A Psicologia do Esporte vem ganhando cada vez mais espaço no campo de ensino e mercadológico nos últimos anos, mas já apresenta estudos desde o final do século XIX, tendo marcado em sua história o surgimento dos primeiros laboratórios dedicados à área nos anos 1920, na antiga União Soviética, nos Estados Unidos, no Japão e na Alemanha. ATENÇÃO Naquela época, o foco dos estudos estava voltado para a psicofisiologia dos atletas. Hoje, essa visão é ampliada para os aspectos sociais vinculados à prática. Apesar das diversas influências sofridas pelas teorias da aprendizagem, da personalidade e de tantas outras competências psicológicas, a Psicologia do Esporte não deve ser considerada apenas como mais um dos domínios da Psicologia, mas sim como área independente, com suas próprias regras, métodos e princípios. Existem várias definições para a Psicologia do Esporte estabelecidas por diferentes referências na área, mas a maioria acaba por concordar que a disciplina trata do estudo dos indivíduos no meio esportivo e do exercício, abarcando seus comportamentos e aspectos psicológicos relacionados, tendo em consideração o antes, o durante e o depois da atividade. Do mesmo modo, todas as pessoas envolvidas no contexto esportivo se fazem alvo da investigação da Psicologia: treinadores, árbitros, professores, médicos, pais e quaisquer outros que venham a fazer parte deste cenário. Não podemos deixar de mencionar que a aplicação desse conhecimento produzido também se encaixa no campo da Psicologia do Esporte. Atualmente, para conhecer melhor esses aspectos supracitados, alguns questionamentos estão muito presentes no curso da Psicologia Esportiva. Fonte: Shutterstock.com É perceptível, com essas indagações, que existem dois objetivos maiores pelos quais as pessoas se dedicam à área. Fonte: Shutterstock.com O primeiro objetivo refere-se à busca por compreender a relação entre a atividade psicológica e o desempenho físico do indivíduo que está inserido no meio. Fonte: Shutterstock.com Enquanto o segundo objetivo busca entender de que forma a prática esportiva e de exercícios físicos pode influenciar a saúde e o desenvolvimento psicológico de quem pratica. Torna-se evidente, considerando esses objetivos, que a Psicologia Esportiva carrega consigo preocupações não somente do âmbito profissional, mas do amadorismo, das formações de base e do desenvolvimento humano: todos (Crianças ou adultos, homens ou mulheres) estão envolvidos com o esporte ou o exercício físico. Ao considerar os objetivos mencionados anteriormente, fica fácil inferir que, para alcançar todas as possibilidades dentro dos conhecimentos estudados e produzidos, tornam-se necessários diferentes focos de atuação na Psicologia Esportiva, dentre eles o ensino, a pesquisa e a intervenção. Um psicólogo do esporte pode atuar diretamente no ensino da disciplina, seja em universidades, cursos de extensão ou seminários, tendo como objetivo disseminar os princípios e os conhecimentos teóricos e práticos deste ramo de conhecimento, cientificamente reconhecidos. Na pesquisa de âmbito esportivo, o profissional busca desenvolver teorias sobre a atividade psicológica, métodos de avaliação psicológica para os atletas ou para os praticantes de atividade física, nas diferentes circunstâncias que surgem no esporte. Além disso, pode-se pesquisar por mecanismos de intervenção para treinamento, competição e contextos clínicos. Quanto à intervenção, o psicólogo se dedica a colocar em prática métodos e programas de treinamento psicológico, e a acompanhar as pessoas individualmente ou em grupo, caso seja necessário tal acompanhamento. Para este acompanhamento, na participação do profissional de Psicologia Esportiva, são pontos fundamentais a preparação psicológica para desafios do esporte e o desenvolvimento das habilidades psicológicas - antes, durante e após períodos competitivos -, considerando aspectos relativos ao desempenho esportivo, ao aperfeiçoamento dos processos de recuperação psicológica e à melhoria dos processos de comunicação interpessoal. Fonte: Shutterstock.com FUNDAMENTOS BÁSICOS DA APLICAÇÃO DO TREINAMENTO PSICOLÓGICO Como vimos anteriormente, existem alguns fundamentos básicos que devem ser seguidos para a aplicação do treinamento psicológico. Vamos conhecê-los melhor a seguir: INICIATIVA PRÓPRIA O treinamento deve ocorrer por decisão do próprio atleta, sem a imposição de quaisquer outras pessoas envolvidas, sejam psicólogos, treinadores e diretores de clubes, com a consideração de que somente assim o participante seria capaz de confiar no método e no profissional responsável por guiar o trabalho. COMPREENSÃO Antes de dar início ao treinamento psicológico, o praticante deve compreender como realizá-lo da maneira mais completa possível. É importante entender a estrutura do trabalho, as técnicas utilizadas, o processo, os objetivos, os possíveis efeitos. É preciso educar o atleta sobre o que será realizado, para que ele possa não somente ter um bom desempenho, mas também se relacionar de modo mais íntimo com o que foi proposto. CONFIANÇA Ao realizar o treinamento, o indivíduo precisa não somente conhecer o trabalho, mas acreditar em seu sucesso. É importante que ele confie no que está sendo realizado paraque haja mais comprometimento e as consequências possíveis sejam positivas. INDIVIDUALIDADE Apesar de os exercícios terem uma base já estruturada, toda prática psicológica é pessoal; é necessário conhecer aspectos individuais do esportista, sejam eles físicos ou psicológicos, para que as atividades sejam específicas e mais bem conduzidas, podendo gerar melhores resultados. DISCIPLINA São fundamentais no treinamento psicológico a regularidade, a continuidade e a consequência. Assim como com toda habilidade, o treino psicológico demanda disciplina para ser bem desenvolvido. Um participante que pratica uma tarefa uma única vez, dificilmente, desenvolverá boas habilidades, considerando que estamos atuando com base em processos. O objetivo deve ser observado com paciência e alcançado a longo prazo. MÉTODO O treinamento psicológico precisa de organização, sistematização, lógica; demanda um passo a passo a ser seguido para que não haja a tentativa de alcançar etapas mais complexas antes das mais simples e para que, justamente, etapas mais simples possam impulsionar o alcance das mais complexas. ECONOMIA Este fundamento tem como base evitar o desperdício de tempo na realização de uma tarefa. Para isso, é importante que haja maior e melhor dedicação na aprendizagem dessa tarefa. Portanto, para tornar sua reprodução mais fácil, torna-se importante mensurar tempo e energia para sua realização. INTEGRAÇÃO Trata-se da união de diversos treinamentos existentes, quais sejam, psicológico, físico, técnico e tático. O trabalho tende a exibir melhor desempenho quando ocorre a integração entre as diferentes áreas envolvidas, com a apresentação do treino mental junto ao treino físico, por exemplo. ACONSELHAMENTO Apesar do título, este fundamento não se trata de dar conselhos. O aconselhamento trata da orientação de um profissional para o praticante da atividade física sobre o conteúdo demandado – técnicas e métodos do treinamento psicológico –, para que ele possa tomar suas próprias decisões. O desenvolvimento da confiança é importante entre as duas partes para que o aconselhamento seja efetivo. SUCESSO O objetivo final do treinamento psicológico sempre é o sucesso, este que pode ser alcançado através da manutenção ou da otimização das habilidades psicológicas e do desempenho esportivo do atleta ou do praticante de exercício. É importante salientar que apenas o treino psicológico não é capaz de gerar resultados satisfatórios, mas sim sua combinação com os treinos físicos, técnicos e táticos. TRANSFERÊNCIA Apesar do foco destes fundamentos ser direcionado ao esporte ou à atividade física, este princípio orienta que as técnicas e os métodos do treinamento psicológico no meio esportivo possam ser utilizados nos mais diferentes contextos da vida do atleta (Trabalho, relações familiares, educação e em tantos outros) . Certamente, as práticas precisariam ser adaptadas para cada cenário, mas o ideal seria o indivíduo desenvolver a utilização nos diversos desafios a serem enfrentados em sua própria vida. A PSICOLOGIA DO ESPORTE E A PSICOLOGIA Em todos os contextos de atuação da Psicologia do Esporte, para avaliação ou preparação para o desenvolvimento psicológico, o profissional deve ter como base esses fundamentos discorridos. O profissional deve enxergar o participante tal como ele é: antes de um esportista, um ser humano, de natureza dinâmica, não cristalizada, que carrega suas bases hereditárias, e que também sofre influências do meio. Justamente por essas considerações, a Psicologia do Esporte nutre-se tanto das disciplinas estudadas pela Psicologia. A Psicologia da Aprendizagem, por exemplo, é fundamental para as modificações graduais e duradouras dos comportamentos dos atletas, tendo como base a teoria pavloviana (Condicionamento Respondente), de condicionamento psicofisiológico-motor (Condicionamento Respondente); skinneriana (Condicionamento Operante); assim como a teoria da aprendizagem social de Albert Bandura. Do mesmo modo, as teorias da motivação se envolvem fortemente com a Psicologia Esportiva, buscando entender de que modo os atletas são motivados, se intrínseca (motivação por fatores individuais internos) ou extrinsecamente (motivação por fatores individuais externos), para melhor auxiliar o desenvolvimento de seu rendimento esportivo. Fonte: Shutterstock.com O que esses atletas buscam? Por que eles agem como agem? O que os fariam desempenhar melhor suas tarefas? Recompensas financeiras, reconhecimento social, ter o nome gravado na história? Ou o prazer pela prática? As respostas para essas perguntas são importantíssimas para a avaliação dos esportistas e para as intervenções posteriores. Da mesma forma, a Psicologia do Desenvolvimento tem um papel fundamental nessa colaboração. Entender a relação entre a maturação biopsicológica de uma criança e sua capacidade de adquirir habilidades para determinada modalidade é trabalho, também, do psicólogo do esporte e do exercício. Será que a idade com que uma criança é inserida no meio da ginástica olímpica deve ser a mesma com que uma criança é inserida no futebol americano ou na natação? Ainda, de que forma essas inserções devem ocorrer? Será que os treinamentos de crianças de 8 anos são semelhantes aos de jovens de 17? A Psicologia da Personalidade também se faz presente no trabalho da Psicologia Esportiva. Saber como avaliar e compreender os traços e tipos de personalidade de seus atletas auxilia na melhor orientação para intervenções. Um atleta com traço de ansiedade mais desenvolvido que outro pode demandar mais atenção que aqueles com o mesmo traço menos desenvolvido, principalmente, em contextos competitivos ou de avaliação, em que o primeiro, provavelmente, deve manifestar um estado de ansiedade maior. Fonte: Shutterstock.com OS PRINCÍPIOS ÉTICOS DA PSICOLOGIA DO ESPORTE Apesar de ser considerada uma disciplina independente, a Psicologia do Esporte sofre bastante influência da Psicologia Geral, tornando-se mais rica por esse motivo. Além dos princípios fundamentais do treinamento psicológico em si, devemos salientar que a própria Psicologia do Esporte, como disciplina independente, possui seus princípios éticos, estes apresentados pela Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte (ISSP), em 1995. São exatamente esses princípios que devem fundamentar a atuação do profissional psicólogo do esporte e do exercício físico. São eles: COMPETÊNCIA O psicólogo do esporte deve sempre se esforçar para manter altos níveis de competência na realização de seu trabalho, oferecendo somente serviços para os quais ele esteja qualificado a realizar. CONSENTIMENTO E SIGILO Todo trabalho realizado pelo psicólogo deve ter, antes de tudo, o consentimento do participante; do mesmo modo, o profissional deve assegurar ao atleta o total sigilo das informações adquiridas, conforme estabelece o Código de Ética Profissional do Psicólogo. INTEGRIDADE Sempre haverá a busca pela promoção da integridade nas práticas envolvidas na PE – pesquisa, ensino e intervenção –, prezando pela justiça, pelo respeito e pela honestidade. CONDUTA PESSOAL Os profissionais sempre terão como objetivo favorecer o bem-estar dos participantes, trabalhando em busca da beneficência e da não maleficência. RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL E CIENTÍFICA É fundamental que os psicólogos do esporte e do exercício atuem de forma comprometida com sua atuação profissional e científica, buscando sempre conhecimentos atualizados e aprovados cientificamente nos variados contextos de atuação. ÉTICA DE PESQUISA No campo da pesquisa, o profissional deve defender e atuar de acordo com as exigências éticas estabelecidas, sempre prezando por métodos confiáveis e pelas atitudes de justiça, respeito e beneficência. RESPONSABILIDADE SOCIAL Apesar de estarem no contexto esportivo, os psicólogos atuantes devem considerar a importância do seu trabalho no âmbito social, compartilhando publicamente os resultados de seus trabalhoscom outros profissionais da área e com a comunidade fora do meio. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ESTUDAMOS SOBRE OS FUNDAMENTOS BÁSICOS QUE DEVEM ORIENTAR A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO DO ESPORTE NO TREINAMENTO PSICOLÓGICO. CONSIDERANDO ISSO, ASSINALE A ALTERNATIVA EM QUE TODOS OS ITENS PRESENTES FAZEM PARTE DESSES FUNDAMENTOS: A) Compreensão, egoísmo e paciência B) Sucesso, julgamento e organização C) Economia, iniciativa própria e disciplina D) Disciplina, trabalho em equipe e atenção plena E) Pesquisa, avaliação diagnóstica e integridade 2. COM BASE NESSES PRINCÍPIOS ÉTICOS DO PSICÓLOGO DO ESPORTE, ASSINALE A ALTERNATIVA EM QUE ESTE PROFISSIONAL NÃO AGE DE MANEIRA ÉTICA. A) O psicólogo orienta seu trabalho com seus atletas com base no conhecimento científico e apenas este, sem brechas para o achismo. B) O psicólogo relata ao treinador como são seus encontros com os atletas de maneira literal. C) O psicólogo sempre busca realizar seus trabalhos seguindo os princípios da justiça, respeito e honestidade. D) O psicólogo deve agir considerando a importância social de seu trabalho, compartilhando publicamente os resultados de suas pesquisas. E) O psicólogo só pode realizar intervenções com determinado atleta a partir do momento em que há consentimento por parte deste. GABARITO 1. Estudamos sobre os fundamentos básicos que devem orientar a atuação do psicólogo do esporte no treinamento psicológico. Considerando isso, assinale a alternativa em que todos os itens presentes fazem parte desses fundamentos: A alternativa "C " está correta. A economia, a iniciativa própria e a disciplina são fundamentos primordiais para a aplicação e êxito do treinamento psicológico. Por outro lado, fatores como egoísmo, julgamento, organização, trabalho em equipe, atenção plena, pesquisa, avaliação diagnóstica e integridade não interferem profundamente na aplicação do treinamento psicológico. 2. Com base nesses princípios éticos do psicólogo do esporte, assinale a alternativa em que este profissional não age de maneira ética. A alternativa "B " está correta. O sigilo é um dos princípios éticos a serem seguidos pelo psicólogo do esporte, não devendo este compartilhar informações de maneira literal. MÓDULO 2 Reconhecer o percurso histórico da Psicologia do Esporte no Brasil e no mundo HISTÓRIA DA PSICOLOGIA DO ESPORTE NO BRASIL E NO MUNDO Você pode estar se perguntando a relevância da história da Psicologia do Esporte para o domínio da área, ou até mesmo para a utilização do saber psicológico desta área na sua prática profissional. Neste módulo, vamos apresentar como a Psicologia do Esporte surgiu e o seu desenvolvimento até os dias de hoje. Trajetória esta que lhe mostrará a relevância e contribuição deste ramo de conhecimento para a Psicologia de uma forma geral. HISTÓRIA DA PSICOLOGIA DO ESPORTE NO MUNDO A Psicologia do Esporte, enquanto ramo específico do conhecimento que busca compreender o comportamento humano dentro do contexto esportivo, é uma ciência muito recente e vem sofrendo uma evolução constante. O surgimento dessa área nos leva para os Estados Unidos da América e para o continente europeu, com as primeiras pesquisas desenvolvidas que buscavam relacionar fenômenos psicológicos com o comportamento esportivo. Fonte: Shutterstock.com Norman Triplett, em 1897, por meio de observações e técnicas estatísticas, analisou uma possível diferença no tempo estabelecido pelos ciclistas ao executarem determinado percurso individualmente ou em grupo, chegando à conclusão de que a presença de outros competidores promovia uma melhora no desempenho dos atletas. Embora Norma Triplett tivesse realizado as primeiras pesquisas na área da Psicologia do Esporte em solo norte-americano, Coleman Griffith (1893-1966) teve um grande destaque pelo trabalho realizado no campo da Psicologia do Esporte, sendo considerado por muitos como o pai fundador da Psicologia do Esporte americano. Fonte: Shutterstock.com. Griffith foi responsável pela fundação do primeiro laboratório de pesquisa no âmbito esportivo - em 1925 - na Universidade de Illinois. Publicou um número considerável de artigos abordando a temática esportiva e ajudou na criação das primeiras escolas de técnicos do Estados Unidos. SAIBA MAIS No campo das pesquisas, Coleman Griffith realizou investigações visando compreender o papel da motivação, personalidade e aprendizagem sobre o desempenho esportivo. Além disso, publicou dois livros clássicos que foram importantes na formação dos primeiros psicólogos do esporte: Psicologia de técnicos (1926) e Psicologia de Atletas (1928). RELATOS DE EXPERIÊNCIA E/OU CITAÇÃO Fonte: Shutterstock.com Devido à grande comparação existente entre os países do bloco capitalista e do bloco comunista, na antiga união soviética, a Psicologia que estava a serviço do esporte recebeu grandes incentivos governamentais, visto que poderia potencializar resultados esportivos e tais resultados serem utilizados como uma vantagem frente ao mundo capitalista. Muitos psicólogos eram recrutados para o treinamento e preparação mental dos atletas. Após esse primeiro momento, as décadas seguintes até o começo dos anos 60 foram importantes para o crescimento, desenvolvimento e consolidação da Psicologia do Esporte e para sua inserção nas chamadas ciências do esporte, junto com outras áreas, como Medicina, Fisiologia e Educação Física. Durante a década de 60, nomes como F. Antonelli, JA. Knight, BJ. Cratty, R. Solvenko, J. B. Oxendine, B. Olgivie, R.N. Singer, T. Tutko e E. Geron conduziram estudos importantes que envolveram conceitos da Psicologia Social no contexto esportivo e da atividade física, proporcionando um período de grande produção acadêmica e livros utilizados na divulgação da Psicologia do Esporte. ATENÇÃO Com a consolidação da área, diversos psicólogos apresentaram cada vez mais interesse pelo estudo dos fenômenos psicológicos em ambientes esportivos. Com o número crescente de publicações sobre a temática, em 1965, na cidade de Roma, acontece a realização do Primeiro Congresso Mundial de Psicologia do Esporte. O congresso reuniu profissionais de diversas partes do mundo. Ao longo das suas palestras, exposição de alguns trabalhos e pesquisas, os profissionais reunidos decidiram fundar a Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte (ISSP) que teve como primeiro presidente o psicólogo do esporte italiano, Ferrucio Antonelli, uma importante contribuição para o progresso da Psicologia do Esporte. O ano de 1968 foi marcado pela fundação da Sociedade Norte-americana de Psicologia do Esporte e Atividade Física (NASPSPA), que tinha um viés mais direcionado para a produção acadêmica e grande parte da sua atuação se concentrava em temas como desenvolvimento e aprendizagem. Reconhecendo a importância de publicar os anais das conferências da associação é criado o Jornal de Psicologia do Esporte e Exercício. Os anos passaram e a área obteve uma melhora nas metodologias empregadas nas pesquisas, encontrou maior aceitação perante os demais ramos das ciências do esporte e, por isso, possibilidades de atuação foram expandidas. Em adição, descobertas importantes facilitaram a criação de modelos de avaliação e intervenção psicológica junto aos atletas. Diante do cenário de expansão da Psicologia do Esporte em diversos aspectos, em 1986, a Associação Americana de Psicologia (APA), visando criar um espaço específico para debates sobre a temática esportiva e a Psicologia, procurando estabelecer critérios e instituir qualificações necessárias para se tornar um psicólogo do esporte, cria a divisão 47 (Psicologia do Esporte e Exercício) dentro da associação. Fonte: Shutterstock.com Os acontecimentos relatados fazem parte de um longo processo que a Psicologia do Esporte teve que passar para sair de uma área emergente do saber até o estágio que se encontra atualmente. Muitas são as equipes e atletas que trabalham com psicólogos do esporte. Hoje em dia,podemos afirmar que existe uma produção relevante de pesquisas abrangendo diversos aspectos do universo esportivo, permitindo que a prática da Psicologia do Esporte seja bastante difundida no cenário mundial. HISTÓRIA DA PSICOLOGIA DO ESPORTE NO BRASIL Ao narrar o surgimento da Psicologia do Esporte no Brasil, vamos nos deparar com divergências sobre como e quem iniciou os primeiros passos da área em solo brasileiro. Isso se deve à metodologia, aos registros analisados e às fontes utilizadas para se contar esta história. 1930, na Educação Física Alguns autores defendem que, a partir de 1930, no cenário da Educação Física, já existia uma compreensão da importância dos fatores psicológicos para a formação e desempenho dos atletas, podendo assim já considerarmos uma relação significativa entre Psicologia e esporte, marcando o início dos trabalhos da Psicologia do Esporte no Brasil. João Carvalhaes, na Copa do Mundo de 1958 O marco fundador da Psicologia do Esporte no país acontece com as atividades desenvolvidas por João Carvalhaes (1917 – 1976) junto à seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1958, quando o Brasil ganhava o seu primeiro campeonato mundial de futebol. Fonte: Shutterstock.com Antes da sua atuação com a seleção brasileira, João Carvalhaes dedicou grande parte de sua trajetória profissional à aplicação de testes relacionados à personalidade, inteligência, interesses vocacionais e atuou no contexto industrial no processo de seleção de pessoas para as fábricas. SAIBA MAIS No contexto esportivo, João Carvalhaes prestou durante um bom tempo serviços psicológicos para o São Paulo Futebol Clube e para a Federação Paulista de Árbitros, utilizando os seus conhecimentos de psicotécnica para selecionar árbitros e, posteriormente, na sua preparação. Ele teve uma importante obra publicada, intitulada como Um psicólogo no futebol, relatos e pesquisas . Na época em que Carvalhaes realizou os seus trabalhos no futebol, ainda não existia uma Psicologia do Esporte estruturada no Brasil, nem literatura específica para a área. Diante dessa realidade, ele não importou um modelo de Psicologia do Esporte dos Estados Unidos ou Europa, mas utilizou as práticas e os modelos que já existiam na Psicologia brasileira de uma forma adaptada ao contexto esportivo. Nomes como Athayde Ribeiro e Emilio Mira, junto com João Carvalhaes, foram importantes na constituição de uma Psicologia do Esporte no país, além de representarem o Brasil em eventos internacionais da área e contribuírem com artigos em revistas, jornais e congressos importantes. Os anos seguintes ao trabalho realizado por João Carvalhaes foram significativos no crescimento da Psicologia aplicada ao fenômeno esportivo, indo além do futebol, servindo outras modalidades esportivas e ganhando espaço em outras cidades do país. 1979 No ano de 1979, na cidade de Porto Alegre, um grupo de psicólogos fundaram a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte (SOBRAPE), vinculada à Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte (ISSP), tendo como objetivo a expansão e a divulgação do trabalho desenvolvidos pelos psicólogos do esporte. 1981 Em 1981, no Rio Grande do Sul, sob a direção do professor Benno Becker, foi realizado o I Congresso Internacional e, posteriormente, em 1983, no Rio de Janeiro, sob o comando do professor João Alberto Barreto, o II Congresso Internacional. Esses eventos ajudaram para o encontro de diversos profissionais que trabalhavam com esporte na América Latina. ATENÇÃO Nesse sentido, no final da década de 1980, houve um aumento do interesse pela Psicologia na área esportiva. Como no Brasil ainda não existia cursos ou formações em Psicologia do Esporte, alguns profissionais buscavam formação específica em universidades estrangeiras e/ou cursos fora do país e, aos poucos, algumas obras tidas como referência na literatura internacional foram traduzidas para o português. No ano de 2002, temos o início da criação da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (ABRAPESP), onde especialistas e estudantes do Instituto Sedes Sapientiae propõem um estatuto e instituem a primeira diretoria. Atualmente, a associação é responsável por reunir psicólogos do esporte de todo Brasil, promove congressos, simpósios, encontros, além de apoiar diversos profissionais e instituições na promoção da Psicologia do Esporte. A Revista Brasileira de Psicologia do Esporte (RBPE) é vinculada à ABRAPESP, tendo por objetivo ser um espaço de reflexão, crítica, debate e de divulgação científica das pesquisas e práticas desenvolvidas na área, publicando artigos originais. Vale ressaltar que é a única revista científica específica para publicações de Psicologia do Esporte. Atualmente, a Psicologia do Esporte brasileira tem o reconhecimento junto aos atletas e comissões técnicas, apresenta um bom número de pesquisas conduzidas no Brasil e, por consequência, um número crescente de publicações nacionais, tanto no campo da pesquisa científica, como no campo dos livros didáticos. Além disso, é crescente a inserção destes profissionais nas mais diversas áreas de atuação. Fonte: Shutterstock.com VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. APESAR DE NORMAN TRIPLETT TER REALIZADO AS PRIMEIRAS PESQUISAS NA ÁREA DA PSICOLOGIA DO ESPORTE, MUITOS CONSIDERAM QUE O FUNDADOR DA PSICOLOGIA DO ESPORTE NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA FOI COLEMAN GRIFFITH. CONSIDERANDO A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA DO ESPORTE, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO CORRESPONDE A UM DOS TRABALHOS REALIZADOS POR COLEMAN GRIFFITH: A) Investigação sobre a compreensão do papel da motivação e da aprendizagem sobre o desempenho. B) Estudos para investigar como a personalidade poderia influenciar o desempenho. C) Fundação do primeiro laboratório de pesquisa no âmbito esportivo. D) Publicação de livros que foram importantes para a formação dos primeiros psicólogos do esporte. E) Estudos com ciclistas, os quais concluíram que a presença de outros competidores promovia a melhora do desempenho. 2. JOÃO CARVALHAES TEVE GRANDE IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE NO CONTEXTO BRASILEIRO. OUTROS DOIS PERSONAGENS TAMBÉM ATUARAM, JUNTAMENTE COM CARVALHAES, COLABORANDO PARA O DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE NO BRASIL, COM A PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS E PARTICIPAÇÕES EM EVENTOS INTERNACIONAIS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA ESSES OUTROS NOMES: A) Athayde Ribeiro e Emilio Mira B) Athayde Mira e Katia Rubio C) Emilio Ribeiro e João Alberto D) Benno Becker e Emilio Mira E) João Alberto e Athayde Ribeiro GABARITO 1. Apesar de Norman Triplett ter realizado as primeiras pesquisas na área da Psicologia do Esporte, muitos consideram que o fundador da Psicologia do Esporte nos Estados Unidos da América foi Coleman Griffith. Considerando a história da Psicologia do Esporte, assinale a alternativa que não corresponde a um dos trabalhos realizados por Coleman Griffith: A alternativa "E " está correta. O estudo com ciclistas, na verdade, foi realizado por Norman Triplett. 2. João Carvalhaes teve grande importância para o desenvolvimento da Psicologia do Esporte no contexto brasileiro. Outros dois personagens também atuaram, juntamente com Carvalhaes, colaborando para o desenvolvimento da Psicologia do Esporte no Brasil, com a publicação de artigos e participações em eventos internacionais. Assinale a alternativa que apresenta esses outros nomes: A alternativa "A " está correta. Athayde Ribeiro e Emilio Mira, juntamente com João Carvalhaes, foram de grande importância para a constituição e para o desenvolvimento da Psicologia do Esporte no Brasil, produzindo conhecimento acerca da atuação e representando o país em eventos internacionais da área. MÓDULO 3 Identificar a prática profissional da Psicologia do Esporte A PRÁTICA PROFISSIONAL DA PSICOLOGIA DO ESPORTE É comum a curiosidade em saber como acontecem as intervenções psicológicas nos cenários esportivos, onde os psicólogos do esporte estão inseridos,principalmente, nos ambientes onde trabalham os grandes atletas e ídolos do esporte nacional. É de grande interesse saber sobre o dia a dia, a relação com as comissões técnicas e as demais particularidades do trabalho. Nesse sentido, iremos apresentar, de forma geral, aquilo que mais tem sido encontrado como prática profissional dentro dos contextos esportivos, e conceitos gerais de como o trabalho têm se efetuado nestes lugares. Entretanto, é importante destacar que a atuação do Psicólogo do Esporte não se limita aos campos aqui relatados. PROJETO SOCIAL Ao olharmos para o percurso histórico dos projetos sociais desenvolvidos no Brasil, vamos constatar que eles nasceram com o objetivo de proporcionar uma formação integral das crianças, adolescente e jovens e preencher uma lacuna deixada pelo Estado. Atualmente, estes projetos constituem-se em um campo de atuação bastante amplo para os profissionais da Psicologia do Esporte, e o número de profissionais que trabalham nesta área vem aumentando. Neste momento, você pode estar se perguntando: como o esporte poderia ser utilizado na formação integral dos indivíduos e de que forma a prática profissional do psicólogo do esporte pode contribuir para que isso aconteça? RESPOSTA Para chegarmos à resposta dessas perguntas, o primeiro ponto que não podemos perder de vista é que, no projeto social, o esporte é visto como uma ferramenta de transformação social e não encarado, apenas, pela lógica do resultado e do rendimento. O foco do trabalho será na formação de jovens e de promoção da cidadania, onde a prática esportiva desenvolvida nestes espaços será utilizada para transmissão de valores, tais como trabalho em equipe, respeito às regras, liderança e para promover o desenvolvimento de habilidades psicossociais importantes na construção do indivíduo. Portanto, o esporte não é um fim em si mesmo, mas um instrumento utilizado na formação integral daqueles atendidos pelos projetos sociais. Fonte: Shutterstock.com Para além das questões sociais e de cidadania, a participação de profissionais da Psicologia de Esporte em projetos sociais é capaz de proporcionar uma cultura do cuidado com a saúde mental dos indivíduos atendidos, assim como os demais profissionais envolvidos. O trabalho da Psicologia contribui para a identificação, experimentação e gerenciamento das emoções vividas, sendo o esporte um lugar possível para a promoção do bom cuidado das expressões emocionais. Fonte: Shutterstock.com INICIAÇÃO ESPORTIVA A iniciação esportiva é um período marcado pela relação entre a criança, seus pais e seus treinadores e, principalmente, pelos laços de afetividade que as crianças constroem com os seus pares. Essas relações possuem grande importância no processo de desenvolvimento infanto-juvenil. Neste cenário, o esporte pode atuar na construção de estilo de vida saudável para estas crianças que carecem de tantos recursos. É importante que os profissionais trabalhem nesta fase respeitando o nível de desenvolvimento infantil que a criança se encontra. ATENÇÃO O esporte é capaz de favorecer não somente benefícios físicos, sendo capaz também de promover benefícios psicológicos, sociais e fisiológicos para as crianças que estão inseridas dentro de um programa de iniciação esportiva em um clube, associação, federação ou alguma outra instituição esportiva. Assim sendo, um bom trabalho neste âmbito envolve conhecer os diversos benefícios que a prática esportiva gera no universo infantil e do adolescente, e da adequação das intervenções à faixa etária com a qual se trabalha. Dentre as muitas possibilidades de conduzir um trabalho psicológico no contexto da iniciação esportiva, podemos compreender que o trabalho dos psicólogos do esporte neste campo deve ser no sentido de utilizar os conhecimentos psicológicos para possibilitar uma iniciação esportiva onde as capacidades físicas e cognitivas sejam bem desenvolvidas, além de promover bem-estar e momentos de diversão e lazer para as crianças. Fonte: Shutterstock.com Um importante papel assumido pelos profissionais é o de atuar como mediadores e facilitadores das relações sociais. O psicólogo deve trabalhar para que as relações estabelecidas com os pais, treinadores e demais colegas utilizem como base o apoio emocional, o respeito às diferenças, o afeto e o incentivo nas atividades diárias. O estabelecimento de relações saudáveis e sem um nível de cobrança exagerado para o nível infantil é importante para o desenvolvimento da personalidade e para formação global do indivíduo. Por fim, ao trabalharmos com a iniciação esportiva, devemos priorizar a formação integral das crianças e jovens fazendo um trabalho de conscientização das intuições, pais e treinadores para os malefícios que a especialização precoce pode causar no desenvolvimento infantil. E como podemos caracterizar a especialização precoce? RESPOSTA Para De Rose (2009), a especialização precoce pode ser exemplificada pela ação de correr, antes mesmo que a habilidade de andar já estivesse desenvolvida. Sendo assim, as atividades propostas na iniciação esportiva devem respeitar as etapas do desenvolvimento infantil, independente das necessidades de vitória ou desejo de topo estimulado por pais e/ou treinadores. Do contrário, estas crianças correm o risco de terem sérios problemas. ALTO RENDIMENTO Dentro da Psicologia do Esporte, o campo da prática profissional que envolve o alto rendimento, certamente, é o mais conhecido por aqueles que já ouviram sobre o trabalho de profissionais da Psicologia no contexto esportivo. Uma das explicações possíveis para isso é a grande veiculação midiática sobre os grandes eventos esportivos e o trabalho desenvolvido com estes atletas. Fonte: Shutterstock.com Ainda que a concepção de rendimento possa nos trazer à memória ideias como maximização de resultados, busca por superação de limites e a vitória como um fim desejado, só conseguiremos desenvolver todas as capacidades e potencialidades dos atletas se garantirmos a promoção da saúde mental. Ou seja, para que o atleta alcance uma performance ideal é necessário que todas as questões que envolvem o ser humano sejam trabalhadas, e não somente a aplicação de técnicas visando a melhora do desempenho. Para proporcionar a melhor intervenção possível, o psicólogo do esporte deve realizar um processo de avaliação psicológico amplo que contemple aspectos cognitivos, emocionais, traços de personalidade, histórico pessoal e de competição do atleta, e buscar conhecer as regras e especificidades da modalidade esportiva do seu atleta ou equipe esportiva. Com isso, podemos perceber que qualquer proposta de intervenção que não tenha sido planejada tendo como base uma boa avaliação corre o risco de não ser bem-sucedida. Neste sentido, a intervenção psicológica para o alto rendimento terá como objetivo trabalhar os fenômenos psicológicos, tais como: atenção, concentração, memória e tempo de reação, além de ajudar na construção de recursos para o melhor gerenciamento das emoções, ansiedade e a alta carga de estresse envolvida nos ambientes altamente competitivos. As variáveis psicológicas trabalhadas com os atletas e/ou equipes dependem, principalmente, das características exigidas pela modalidade esportiva. As exigências psicológicas do tiro esportivo diferem bastante do voleibol, lutas e futebol. Um atleta de tiro terá uma alta demanda da sua atenção concentrada ao longo de uma competição, ao passo que, no futebol, um atleta terá exigências de atenção concentrada e atenção difusa. ATENÇÃO O ambiente esportivo de alto rendimento é complexo, onde os atletas possuem uma alta carga de treinos, competições e viagens. Sendo assim, o planejamento do treinamento psicológico deve levar em conta o macrociclo de treinamento e competições dos atletas, procurando adequar o trabalho das habilidades psicológicas dentro dele, além de possuir um bom repertório de técnicas e modelos de intervenção. ESPORTERECREATIVO Na sociedade atual, a noção de bem-estar, saúde e cuidado com o corpo é um tema bastante presente na televisão, mídias sociais e demais meios de comunicação. Podemos constatar que existe um aumento na procura por profissionais que de certa forma trabalham com saúde e bem-estar geral e, seguindo essa lógica, as atividades físicas ganham cada vez mais adeptos. Com isso, os psicólogos buscam uma prática profissional no sentido de entender os diversos fatores que levam os indivíduos a terem uma adesão e aderência ao exercício físico, seja ele uma corrida sistematizada com objetivos, uma arte marcial, ciclismo e até mesmo a tradicional academia. O trabalho será desenvolvido com objetivo de compreender a relação que as pessoas estabelecem com este esporte recreativo como um agente de cuidado geral do corpo, proporcionando o bem-estar. Neste contexto, os indivíduos buscam equilíbrio, saúde, lazer e, em muitos casos, algo que seja capaz de trazer divertimento e prazer. Essas características fazem com que o trabalho proposto seja o mais amplo possível e englobe as diversas demandas que os praticantes destas atividades possuem. Este é um campo de atuação com forte crescimento nos últimos anos. Fonte: Shutterstock.com VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A PRÁTICA PROFISSIONAL EM PSICOLOGIA DO ESPORTE COMPREENDE DEMANDAS DIVERSAS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE SE CONSTITUI A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO DO ESPORTE NA SUA TOTALIDADE: A) A atuação do Psicólogo do Esporte se constitui, primariamente, da aplicação de técnicas e estratégias que visem a melhora do rendimento esportivo. B) A prática profissional tem como foco principal trabalhar a concentração dos atletas. C) A atuação do Psicólogo do Esporte engloba não somente a aplicação de técnicas, mas também a promoção da saúde mental, qualidade de vida e bem-estar dos atletas. D) A atuação do Psicólogo do Esporte consiste, unicamente, em ensinar os atletas a controlarem a agressividade e a terem mais atenção e concentração. E) A prática profissional tem como principal objetivo ensinar os atletas a controlarem seus impulsos relacionados ao ambiente competitivo. 2. DENTRE AS DIVERSAS POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO DO ESPORTE, HÁ A POSSIBILIDADE DE ATUAR EM PROJETOS SOCIAIS. PORÉM, ESSE CAMPO DE ATUAÇÃO DIFERE DOS CONTEXTOS DA INICIAÇÃO ESPORTIVA E DO ALTO RENDIMENTO. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CORRESPONDE À ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO DO ESPORTE EM PROJETOS SOCIAIS. A) A atuação abrange a formação de jovens e promoção de cidadania, trabalhando valores, como trabalho em equipe, respeito às regras, liderança e desenvolvimento de habilidades psicossociais importantes para a construção do indivíduo. B) O trabalho consiste na utilização de técnicas para aprimorar a atenção e a concentração para um melhor desempenho esportivo. C) O foco está na utilização de estratégias para desenvolver um menor tempo de reação a estímulos na prática esportiva e o manejo das emoções, a fim de otimizar o desempenho. D) Há um foco para o treinamento de habilidades mentais, de forma geral, que visem a otimização do desempenho. E) O trabalho abrange a realização de palestras e intervenções que tem como objetivo auxiliar o indivíduo a evoluir no esporte. GABARITO 1. A prática profissional em Psicologia do Esporte compreende demandas diversas. Assinale a alternativa que se constitui a atuação do Psicólogo do Esporte na sua totalidade: A alternativa "C " está correta. A prática da Psicologia do Esporte deve se preocupar não somente em aplicar técnicas e estratégias para a melhora do desempenho, mas também se preocupar com as necessidades individuais de cada atleta, bem como as demandas grupais, de maneira a contribuir para a promoção de um ambiente de trabalho saudável e para a promoção da qualidade de vida e do bem-estar. 2. Dentre as diversas possibilidades de atuação do psicólogo do esporte, há a possibilidade de atuar em projetos sociais. Porém, esse campo de atuação difere dos contextos da iniciação esportiva e do alto rendimento. Assinale a alternativa que corresponde à atuação do Psicólogo do Esporte em projetos sociais. A alternativa "A " está correta. A proposta de intervenção do psicólogo do esporte em projetos sociais concentra-se em abordar temáticas sociais, como violência, consumo de drogas e discriminação, destacando a maneira como essas temáticas impactam na saúde mental do indivíduo e quais mecanismos de enfrentamento podem ser adotados. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Você aprendeu que a Psicologia do Esporte não deve ser considerada como mais um ramo da Psicologia, mas sim como uma área independente que construiu os seus próprios métodos, regras e princípios norteadores. Há um consenso de que a Psicologia do Esporte tem por objetivo geral estudar os indivíduos no contexto esportivo, incluindo seus comportamentos e aspectos psicológicos relacionados. Ao longo do tema, pontuamos que a Psicologia do Esporte percorreu um longo caminho e passou por transformações importantes até chegar ao estágio atual. Conhecer e compreender a trajetória história deste campo do saber ampliará o seu domínio sobre a temática. Além disso, verificamos que a prática profissional na Psicologia do Esporte não se restringe ao alto rendimento, constituindo-se de diversos campos de atuação possíveis. Pensar em uma prática profissional em Psicologia do Esporte significa estar atento às demandas esportivas, assim como, as necessidades individuais dos atletas e dos grupos com os quais se esteja trabalhando. A atuação vai além da aplicação de técnicas produzidas pela área, mas utilizar o conhecimento psicológico para promover saúde mental, qualidade de vida e bem-estar. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BARRETO, J. A. Psicologia do Esporte para o atleta de alto rendimento. Rio de Janeiro: Shape, 2003. BECKER, B. Manual de Psicologia do Esporte e exercício. Porto Alegre: Nova Prova, 2000. BECKER, B.; SAMULSKI, D. Manual de treinamento psicológico para o esporte. Porto Alegre: Edelbra, 1998. GILL, D.; WILLIAMS, L. Psychological dynamics of Sport and exercise. 3. ed. Champaing: HumanKinetics, 2008. SAMULSKI, D. Psicologia do esporte: manual para a educação física, fisioterapia e psicologia. Barueri: Manole, 2002. WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. Porto Alegre: Artmed, 2017. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos explorados neste tema: Leia: Psicologia do Esporte no Brasil em dois tempos: uma história contada e uma história ser contada e observe como Cristianne Almeida Carvalho e Ana Maria Jacó-Vilela abordam o percurso histórico da Psicologia do Esporte no Brasil. Rendimento esportivo ou rendimento humano? O que busca a da Psicologia do Esporte? e perceba como Katia Rubio trabalha a questão do rendimento na Psicologia do Esporte. Os temas do seu interesse no livro Psicologia do Esporte e do Exercício (Modelos Teóricos, Pesquisa e Intervenção) , organizado por Erick Conde, Alberto Filgueiras, Luciana Angelo, Adriana Pereira e Cristianne Carvalho. CONTEUDISTA Bruno Barreto Santos CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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