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DOENÇAS OCUPACIONAIS 1 ....................................................................... 2 Aula 5: Doenças relacionadas ao trabalho ............................................................................................................................. 2 Introdução ................................................................................................................................ 3 Conteúdo Patologias do trabalho ...................................................................................................... 3 Doenças Infecciosas e parasitárias relacionadas com o trabalho e agrupadas pela CID-10 ......................................................................................................................... 3 Doenças relacionadas ao trabalho e agrupadas pela CID-10 ................................... 9 Doenças agrupadas de VII a XII ...................................................................................... 9 Doenças relacionadas ao trabalho e agrupadas pela CID-10 ................................. 17 Doenças agrupadas de XII a XV .................................................................................... 17 Vamos entender um pouco mais sobre algumas doenças ocupacionais? .......... 21 Ocupações relacionadas: ............................................................................................... 21 Patogenia e Fisiopatologia: ............................................................................................ 22 Prevenção ......................................................................................................................... 22 Intoxicações exógenas ................................................................................................... 23 Ocupações relacionadas ................................................................................................ 23 Patogenia e fisiopatologia .............................................................................................. 23 Avaliação de agrotóxicos ............................................................................................... 25 Como fazer a prevenção e o tratamento? .................................................................. 26 Doenças do aparelho auditivo ...................................................................................... 26 Patogenia e fisiopatologia .............................................................................................. 27 Diagnóstico ....................................................................................................................... 28 Transtornos mentais ....................................................................................................... 28 Ocupações relacionadas ................................................................................................ 29 Patogenia e fisiopatologia .............................................................................................. 29 Como fazer a avaliação, a prevenção e o tratamento? ............................................ 30 ....................................................................................................................... 31 Aprenda Mais ........................................................................................................................... 32 Referências ......................................................................................................... 38 Exercícios de fixação Chaves de resposta ..................................................................................................................... 44 DOENÇAS OCUPACIONAIS 2 Introdução Agora é hora de estudarmos as Doenças Ocupacionais com o olhar sobre as doenças especificamente relacionadas ao trabalho, apresentadas segundo os Sistemas e Grupos da CID-10 correspondentes. Na sequência, iremos relacionar algumas das principais doenças ocupacionais com seus agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional, e com as ocupações ou atividades laborais que mais usualmente as causam ou contribuem para sua incidência entre os trabalhadores. Objetivo: 1. Apresentar a lista das doenças ocupacionais reconhecidas pelas áreas da saúde, previdência social e trabalho no contexto brasileiro e identificar seus agentes causais; 2. Correlacionar as doenças ocupacionais mais incidentes no Brasil com as ocupações ou condições de trabalho que as causam ou contribuem para seu aparecimento, permitindo entendimento do aluno sobre algumas doenças em particular. DOENÇAS OCUPACIONAIS 3 Conteúdo Patologias do trabalho Nessa aula vamos nos focar na apresentação e análise das patologias do trabalho segundo a sistematização da LISTA B que trata das Doenças relacionadas ao Trabalho, instituída Portaria MS GM nº 1.339/99 (Decreto nº 3.048/99), a qual compreende 200 entidades nosológicas distintas associadas aos riscos e exposições ocupacionais. Quais os principais grupos de doenças listados pela CID-10? A seguir conheça os 15 grupos doenças segundo Grupo da CID-10. Elas estão agrupadas segundo sua natureza e para cada uma delas estão associados os agentes ou fatores de risco de natureza ocupacional associados com as doenças em geral a ele relacionadas. Doenças Infecciosas e parasitárias relacionadas com o trabalho e agrupadas pela CID-10 A lista completa das patologias está disponível para que você possa ver com detalhes todas as informações: Grupo 1 Doenças infecciosas e parasitárias - Tuberculose (A15-A19.-) - Carbúnculo (A22.-) - Brucelose (A23.-) - Leptospirose (A27.-) - Tétano (A35.-) - Psitacose, Ornitose, Doença dos Tratadores de Aves (A70.-) - Dengue [Dengue Clássico] (A90.-) - Tuberculose (A15-A19.-) DOENÇAS OCUPACIONAIS 4 - Carbúnculo (A22.-) - Brucelose (A23.-) - Leptospirose (A27.-) - Tétano (A35.-) - Psitacose, Ornitose, Doença dos Tratadores de Aves (A70.-) - Dengue [Dengue Clássico] (A90.-) Atenção Os profissionais mais afetados por essas patologias do Grupo I são os que atuam na área da saúde, sobretudo, os de Enfermagem e médicos. A importância na profilaxia e conscientização sobre o uso de medidas de proteção está no aumento de casos de Tuberculose, Hepatite B e HIV devido à exposição ocupacional. As medidas básicas de prevenção são adoção do controle dos fatores de risco, utilização de EPI, seguimento das normas sanitárias e ambientais pertinentes, bem como o acompanhamento da saúde do trabalhador mediante os exames periódicos (indicados pelo PPRA e PCMSO). Grupo 2 Neoplasias (tumores) - Neoplasia maligna do estômago (C16.-) - Angiossarcoma do fígado (C22.3) - Neoplasia maligna do pâncreas (C25.-) - Neoplasia maligna da cavidade nasal e dos seios paranasais (C30-C31.-) - Neoplasia maligna da laringe (C32.-) - Neoplasia maligna dos brônquios e do pulmão (C34.-) - Neoplasia maligna dos ossos e cartilagens articulares dos membros (Inclui "Sarcoma Ósseo") (C40.-) - Outras neoplasias malignas da pele (C44.-) DOENÇAS OCUPACIONAIS 5 - Mesotelioma (C45.-):Mesotelioma da pleura (C45.0), Mesotelioma do peritônio (C45.1) e Mesotelioma do pericárdio (C45.2) - Neoplasia maligna da bexiga (C67.-) - Leucemias (C91-C95.-) Atenção As estimativas do INCA (2011) sobre a contribuição dos fatores ocupacionais no desencadeamento das neoplasias variam entre 4 e 25%. Cerca de 9% das neoplasias que atingem homens é consequência de exposição aos riscos ocupacionais, segundo estatísticas oficiais dos países desenvolvidos. Estima-seque existam cerca de 600.000 substâncias químicas conhecidas são utilizadas em processos produtivos industriais diversos sem que tenhamos pleno conhecimento sobre seus efeitos tóxicos, nocivos à saúde, bem como de seu potencial cancerígeno. O câncer de estomago oriundo de exposição ocupacional ao Amianto ou Asbesto é um dos mais frequentes em todo o mundo. Grupo 3 Doenças do sangue e dos órgão hematopoéticos - Síndromes Mielodisplásicas (D46.-); - Outras anemias devidas a transtornos enzimáticos (D55.8); - Anemia Hemolítica adquirida (D59.2); - Anemia Aplástica devida a outros agentes externos (D61.2); - Anemia Aplástica não especificada, Anemia hipoplástica SOE, Hipoplasia medular (D61.9); - Anemia Sideroblástica secundária a toxinas (Inclui "Anemia Hipocrômica, Microcítica, com Reticulocitose") (D64.2); - Púrpura e outras manifestações hemorrágicas (D69.-); - Agranulocitose (Neutropenia tóxica) (D70); DOENÇAS OCUPACIONAIS 6 - Outros transtornos especificados dos glóbulos brancos: leucocitose, reação leucemóide (D72.8); - Metahemoglobinemia (D74.-) Atenção Essas patologias podem acometer a corrente sanguínea ou a medula óssea e os agentes causadores mais potencialmente lesivos, relacionados à exposição ocupacional, são o benzeno e as radiações ionizantes que levam a uma ação mielotóxica causando a chamada Agranulocitose (neutropenia tóxica) - D70. Para implantação de ações de prevenção em ambientes do trabalho é preponderante avaliar as concentrações ambientais e as medidas de proteção, no caso do benzeno, e no caso das radiações devem ser adotadas medidas de controle das fontes de radiação. Grupo 4 Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas Hipotireoidismo devido a substâncias exógenas (E03.-); Outras Porfirias (E.80.2) Atenção A principal dessas patologias é o Hipotireoidismo devido à exposição às substâncias químicas, especialmente o chumbo e seus compostos tóxicos, clorobenzenos e seus derivados, touracil, tiureia, entre outros. O hipotireoidismo se caracteriza por ser uma síndrome metabólica marcada pela redução da produção e circulação do hormônio tireoidiano levando à redução dos processos metabólicos. Os limites de exposição ocupacional segura dessas substâncias estão definidos pela NR 15. DOENÇAS OCUPACIONAIS 7 Grupo 5 Transtornos mentais e do comportamento Demência em outras doenças específicas classificadas em outros locais (F02.8); Delírio, não sobreposto à demência, como descrita (F05.0); Outros transtornos mentais decorrentes de lesão e disfunção cerebrais e de doença física (F06.-): - Transtorno Cognitivo Leve (F06.7); - Transtornos de personalidade e de comportamento decorrentes de doença, lesão e de disfunção de personalidade (F07.-): Transtorno Orgânico de Personalidade (F07.0); Outros transtornos de personalidade e de comportamento decorrentes de doença, lesão ou disfunção cerebral (F07.8); - Transtorno Mental Orgânico ou Sintomático não especificado (F09.-) - Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso do álcool: Alcoolismo Crônico (relacionado com o Trabalho) (F10.2). Atenção Além dessa listagem de doenças, temos: - Episódios Depressivos (F32.-) - Reações ao "Stress" Grave e Transtornos de Adaptação (F43.-): Estado de "Stress" Pós-Traumático (F43.1); - Neurastenia (Inclui "Síndrome de Fadiga") (F48.0); - Outros transtornos neuróticos especificados (Inclui "Neurose Profissional") (F48.8) - Transtorno do Ciclo Vigília-Sono Devido a Fatores Não-Orgânicos (F51.2); - Sensação de Estar Acabado ("Síndrome de Burn-Out", "Síndrome do Esgotamento Profissional") (Z73.0). Segundo o MS (2001), dados da Organização Mundial da Saúde revelaram que os transtornos mentais menores acometem cerca de 30% dos trabalhadores ocupados; os transtornos mentais graves, cerca DOENÇAS OCUPACIONAIS 8 de 5 a 10%. Essas patologias ocupam o terceiro lugar na lista das concessões de aposentadoria por invalidez, por incapacidade definitiva para o trabalho, mostram que os transtornos mentais, segundo dados do INSS – Brasil. Dentre essas as mais frequentes são: depressão, transtornos ansiosos e estresse grave e transtornos de adaptação. Grupo 6 Doenças do sistema nervoso - Ataxia Cerebelosa (G11.1); - Parkisonismo Secundário devido a outros agentes externos (G21.2); - Outras formas especificadas de tremor (G25.2); - Transtorno extrapiramidal do movimento não especificado (G25.9); - Distúrbios do Ciclo Vigília-Sono (G47.2); - Transtornos do nervo trigêmio (G50.-); - Transtornos do nervo olfatório (G52.0) (Inclui "Anosmia"); - Transtornos do plexo braquial (Síndrome da Saída do Tórax, Síndrome do Desfiladeiro Torácico) (G54.0). Atenção Além dessas listagem de doenças, temos: - Mononeuropatias dos Membros Superiores (G56.-):Síndrome do Túnel do Carpo (G56.0); Outras - Lesões do Nervo Mediano: Síndrome do Pronador Redondo (G56.1); Síndrome do Canal de Guyon (G56.2); Lesão do - Nervo Cubital (ulnar): Sindrome do Túnel Cubital (G56.2); Lesão do Nervo Radial (G56.3); Outras Mononeuropatias dos Membros Superiores: Compressão do Nervo Supra-escapular (G56.8); - Mononeuropatias do membro inferior (G57.-): Lesão do Nervo Poplíteo Lateral (G57.3); - Polineuropatia devida a outros agentes tóxicos (G62.2); DOENÇAS OCUPACIONAIS 9 - Polineuropatia induzida pela radiação (G62.8); - Encefalopatia Tóxica Aguda (G92.1); - Encefalopatia Tóxica Crônica (G92.2). As intoxicações podem causar manifestações clínicas neurológicas diversas devido à de exposição a metais pesados, aos agrotóxicos ou a solventes orgânicos. Em especial destaque para exposição ocupacional ao mercúrio e manganês que pode ocasionar a Ataxia cerebelosa caracterizada pela incapacidade de coordenar movimentos voluntários, não relacionada com deficiência motora, observada em pacientes com distúrbios cerebelares. Doenças relacionadas ao trabalho e agrupadas pela CID-10 A seguir, conheça a listagem de doenças que atigem os seguintes sistemas: VII - Óptico VII - Auditivo IX - Circulatório X - Respiratório XI - Digestivo XII - Tegumentar Doenças agrupadas de VII a XII Clique nas abas interativas para conhecer cada um dos agrupamentos: Grupo 7 Doenças do sistema óptico - Blefarite (H01.0); - Conjuntivite (H10); - Queratite e Queratoconjuntivite (H16); - Catarata (H28); - Inflamação Coriorretiniana (H30); DOENÇAS OCUPACIONAIS 10 - Neurite Óptica (H46); - Distúrbios visuais subjetivos (H53.-). Atenção Os acidentes oculares são muito mais comuns do que se imagina. Representam cerca de 12% de todos os acidentes ocupacionais na Finlândia, 4% na França e 3% das ocorrências nos Estados Unidos da América. As principais manifestações das doenças que acometem o olho relacionadas às exposições ocupacionais são: sensação de dor, desconforto e alterações na estética até os transtornos graves da função visual, temporários ou permanentes. Grupo 8 Enfermidades do sistema auditivo - Otite Média não supurativa (H65.9); - Perfuração da Membrana do Tímpano (H72 ou S09.2); - Outras vertigens periféricas (H81.3) - Labirintite (H83.0); - Efeitos do ruído sobre o ouvido interno/ Perda da Audição Provocada pelo Ruído e Trauma Acústico (H83.3); - Hipoacusia Ototóxica (H91.0); - Otalgia e Secreção Auditiva (H92.-); - Otalgia (H92.0), Otorréia (H92.1) ou Otorragia (H92.2) - Outras percepções auditivas anormais: - AlteraçãoTemporária do Limiar Auditivo, Comprometimento da Discriminação Auditiva e Hiperacusia (H93.2) - Outros transtornos especificados do ouvido (H93.8) - Otite Barotraumática (T70.0) - Sinusite Barotraumática (T70.1) "Mal dos Caixões" (Doença de Descompressão) (T70.4) DOENÇAS OCUPACIONAIS 11 - Síndrome devida ao deslocamento de ar de uma explosão (T70.8) Atenção A PAIR que é um dos problemas de patologias otorrinológicas relacionadas ao trabalho mais frequentes em todo o mundo. Estimativas da OSHA (Occupational Safety and Health Administration) estimou que 17% dos trabalhadores americanos de produção no setor industrial daquele país apresentam, no mínimo, algum dano auditivo leve. Na Itália, a PAIR é a doença ocupacional mais registrada a cerca de 10 anos, representando 53,7% das doenças relacionadas ao trabalho. Importante lembrar que além dos agentes mecânicos, irritativos que ocasionam lesão auditiva os agentes químicos tóxicos e fatores físicos como ruídos e os biológicos também são importantes fatores causais. Acomete trabalhadores de diversos setores econômicos como a siderurgia, metalurgia, gráfica, têxtil, construção civil, agricultura, transportes, telecomunicação entre outros. Grupo 9 Enfermidades do sistema circulatório Hipertensão Arterial (I10.-); Angina Pectoris (I20.-); Infarto Agudo do Miocárdio (I21.-); Cor Pulmonale SOE ou Doença Cardiopulmonar Crônica (I27.9); Placas epicárdicas ou pericárdicas (I34.8); Parada Cardíaca (I46.-); AteroArritmias cardíacas (I49.-); esclerose (I70.-) e Doença Ateroesclerótica do Coração (I25.1); Síndrome de Raynaud (I73.0); DOENÇAS OCUPACIONAIS 12 Acrocianose e Acroparestesia (I73.8). Este grupo de doenças merece atenção especial quando avaliamos os riscos ocupacionais e as estatísticas de óbito. A contribuição das doenças cardiovasculares na mortalidade e morbidade no Brasil permanece em elevação, ainda que os fatores não ocupacionais de risco como tabagismo, sedentarismo, obesidade sejam muito frequentes também dentre a população trabalhadora. Por exemplo, a hipertensão arterial é um dos lideres entre os motivos de aposentadoria por invalidez. E todas as doenças cardiovasculares juntas representam quase um terço de todas as incapacidades laborativas no Brasil (MS, 2006). Grupo 10 Enfermidades do sistema respiratório - Faringite Aguda, não especificada ("Angina Aguda", "Dor de Garganta") (J02.9); - Laringotraqueíte Aguda (J04.2); - Outras Rinites Alérgicas (J30.3); - Rinite Crônica (J31.0); - Faringite Crônica (J31.2); - Sinusite Crônica (J32.-); - Ulceração ou Necrose do Septo Nasal (J34.0); - Perfuração do Septo Nasal (J34.8); - Laringotraqueíte Crônica (J37.1); - Outras Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas (Inclui: "Asma Obstrutiiva", "Bronquite Crônica", "Bronquite Asmática", "Bronquite Obstrutiva Crônica") (J44.-) - Asma (J45.-); - Pneumoconiose dos Trabalhadores do Carvão (J60.-). DOENÇAS OCUPACIONAIS 13 Outras doenças do sistema respiratório relacionadas com o trabalho (grupo X da CID 10) Pneumoconiose associada com Tuberculose ("Silico-Tuberculose") (J65.-) Doenças das vias aéreas devidas a poeiras orgânicas (J66.-): Bissinose (J66.0), devidas a outras poeiras orgânicas especificadas (J66.8) Pneumonite por Hipersensibilidade a Poeira Orgânica (J67.-): Pulmão do Granjeiro (ou Pulmão do Fazendeiro) (J67.0); Bagaçose (J67.1); Pulmão dos Criadores de Pássaros (J67.2);Suberose (J67.3);Pulmão dos Trabalhadores de Malte (J67.4); Pulmão dos que Trabalham com Cogumelos (J67.5); Doença Pulmonar Devida a Sistemas de Ar Condicionado e de Umidificação do Ar (J67.7); Pneumonites de Hipersensibilidade Devidas a Outras Poeiras Orgânicas (J67.8); Pneumonite de Hipersensibilidade Devida a Poeira Orgânica não especificada (Alveolite Alérgica Extrínseca SOE; Pneumonite de Hipersensibilidade SOE (J67.0) Bronquite e Pneumonite devida a produtos químicos, gases, fumaças e vapores ("Bronquite Química Aguda") (J68.0) Edema Pulmonar Agudo devido a produtos químicos, gases, fumaças e vapores (Edema Pulmonar Químico) (J68.1) Síndrome de Disfunção Reativa das Vias Aéreas (SDVA/RADS) (J68.3) Afeccções respiratórias crônicas devidas à inalação de gases, fumos, vapores e substâncias químicas: Bronquiolite Obliterante Crônica, Enfisema Crônico Difuso, Fibrose Pulmonar Crônica (J68.4) Pneumonite por Radiação (manifestação aguda) (J70.0) e Fibrose Pulmonar Conseqüente a Radiação (manifestação crônica) (J70.1) Derrame pleural (J90.-) Placas pleurais (J92.-) Enfisema intersticial (J98.2)Transtornos respiratórios em outras doenças sistêmicas do tecido conjuntivo classificadas em outra parte (M05.3): "Síndrome de Caplan" (J99.1) DOENÇAS OCUPACIONAIS 14 Atenção A frequência deste grupo de doenças no ambiente laboral é muito significativa e, as rinites e asma ocupacionais são de longe as principais consequência de exposição aos agentes inalatórios tóxicos (poeiras industriais, gases, névoas, vapores, aerossóis, partículas nocivas etc). No entanto, as pneumoconioses são as patologias respiratórias crônicas ocasionadas pelo trabalho das mais graves e de grande repercussão clínica permanente para os acometidos. Grupo 11 Enfermidades do sistema respiratório - Erosão Dentária (K03.2); - Alterações pós-eruptivas da cor dos tecidos duros dos dentes (K03.7); - Gengivite Crônica (K05.1); - Estomatite Ulcerativa Crônica (K12.1); - Gastroenterite e Colite tóxicas (K52.-); - Outros transtornos funcionais do intestinoparoxística ("Síndrome dolorosa abdominal apirética, com estado suboclusivo ("cólica do chumbo") (K59.8); - Doença Tóxica do Fígado (K71.-): Doença Tóxica do Fígado, com Necrose Hepática (K71.1); Doença Tóxica do Fígado, com Hepatite Aguda (K71.2); Doença Tóxica do Fígado com Hepatite Crônica Persistente (K71.3); Doença Tóxica do Fígado com Outros Transtornos Hepáticos (K71.8); - Hipertensão Portal (K76.6) O sistema digestivo é a segunda principal entrada e de metabolização de substâncias tóxicas do nosso organismo, atrás do sistema respiratório e, por isso, merecem atenção dos profissionais de saúde que atuam na área ocupacional. Podem se manifestar de forma mais leve, como erosões dentárias DOENÇAS OCUPACIONAIS 15 ou estomatites até de maneira mais grave e crônica levando à Hepatite Tóxica ou Hipertensão Portal. Segundo o MS (2006), as doenças do aparelho digestivo relacionadas, ou não, ao trabalho estão entre as causas mais frequentes de absenteísmo e de limitação para as atividades sociais e ocupacionais. Grupo 12 Enfermidades do sistema tegumentar -Infecções Locais da Pele e do Tecido Subcutâneo: "Dermatoses Pápulo- Pustulosas e suas complicações infecciosas" (L08.9); -Dermatite Alérgica de Contato devida a Metais (L23.0); -Dermatite Alérgica de Contato devida a Adesivos (L23.1); -Dermatite Alérgica de Contato devida a Cosméticos (fabricação/manipulação) (L23.2); -Dermatite Alérgica de Contato devida a Drogas em contato com a pele (L23.3); -Dermatite Alérgica de Contato devida Corantes (L23.4); -Dermatite Alérgica de Contato devida outros produtos químicos (L23.5); -Dermatite Alérgica de Contato devida a Alimentos em contato com a pele (fabricação/ manipulação) (L23.6). Outras doenças da pele e do tecido subcutâneo relacionadas com o trabalho (Grupo XII da CID-10) Dermatite Alérgica de Contato devida a Plantas (Não inclui plantas usadas como alimentos) (L23.7) Dermatite Alérgica de Contato devida a outros agentes (Causa Externa especificada) (L23.8) Dermatite de Contato por Irritantes devida a Detergentes (L24.0) Dermatite de Contato por Irritantes devida a Óleos e Gorduras (L24.1) Dermatite de Contato por Irritantes devida a Solventes: Cetonas, Ciclohexano, Compostos do Cloro, Ésteres, Glicol, Hidrocarbonetos (L24.2) Dermatite de Contato por Irritantes devida a Cosméticos (L24.3) DOENÇAS OCUPACIONAIS 16 Dermatite de Contato por Irritantes devida a Drogas em contato com a pele (L24.4) Dermatite de Contato por Irritantes devida a outros produtos químicos: Arsênio, Berílio, Bromo, Cromo, Cimento, Flúor, Fósforo, Inseticidas (L24.5) Dermatite de Contato por Irritantes devida a Alimentos em contato com a pele (L24.6) Dermatite de Contato por Irritantes devida a Plantas, exceto alimentos (L24.7) Dermatite de Contato por Irritantes devida a outros agentes: Corantes (L24.8) Urticária Alérgica (L50.0) Urticária devida ao Calor e ao Frio (L50.2) Urticária de Contato (L50.6) Queimadura Solar (L55) Outras Alterações Agudas da Pele devidas a Radiação Ultravioleta (L56.-): Dermatite por Fotocontato (Dermatite de Berloque) (L56.2); Urticária Solar (L56.3); Outras Alterações Agudas Especificadas da Pele devidas a Radiação Ultravioleta (L56.8); Outras Alterações Agudas da Pele devidas a Radiação Ultravioleta, sem outra especificação (L56.9); Alterações da Pele devidas a Exposição Crônica a Radiação Não Ionizante (L57.- ): Ceratose Actínica (L57.0); Outras Alterações: Dermatite Solar, "Pele de Fazendeiro", "Pele de Marinheiro" (L57.8) Radiodermatite (L58.-): Radiodermatite Aguda (L58.0); Radiodermatite Crônica (L58.1); Radiodermatite, não especificada (L58.9); Afecções da pele e do tecido conjuntivo relacionadas com a radiação, não especificadas (L59.9) Outras formas de Acne: "Cloracne" (L70.8) Outras formas de Cistos Foliculares da Pele e do Tecido Subcutâneo: "Elaioconiose" ou "Dermatite Folicular" (L72.8) Outras formas de hiperpigmentação pela melanina: "Melanodermia" (L81.4) Leucodermia, não classificada em outra parte (Inclui "Vitiligo Ocupacional") (L81.5) Outros transtornos especificados da pigmentação: "Porfiria Cutânea Tardia" (L81.8) Ceratose Palmar e Plantar Adquirida (L85.1) DOENÇAS OCUPACIONAIS 17 Úlcera Crônica da Pele, não classificada em outra parte (L98.4) Geladura (Frostbite) Superficial (T33): Eritema Pérnio Geladura (Frostbite) com Necrose de Tecidos (T34) Atenção Cerca de 80% das dermatoses ocupacionais são produzidas por agentes químicos, substâncias orgânicas e inorgânicas, irritantes e sensibilizantes, segundo o MS (2006). As dermatites de contato são as principais patologias do grupo de origem ocupacional e apesar de não ocasionarem manifestações graves causam impacto considerável na vida do trabalhador tanto no aspecto social quanto profissional. Principais sinais e sintomas são desconforto, prurido, lesões, ferimentos, mudanças estéticas importantes. Doenças relacionadas ao trabalho e agrupadas pela CID-10 A seguir, conheça a listagem de doenças que atigem os seguintes sistemas: X - Osteomuscular XI - Urinário XVII - Traumatismo e envenenamento Doenças agrupadas de XII a XV Clique nas abas interativas para conhecer cada um dos agrupamentos: Grupo 13 Enfermidades do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo - Artrite Reumatóide associada a Pneumoconiose dos Trabalhadores do Carvão (J60.-): "Síndrome de Caplan" (M05.3); - Gota induzida pelo chumbo (M10.1); - Outras Artroses (M19.-); DOENÇAS OCUPACIONAIS 18 - Outros transtornos articulares não classificados em outra parte: Dor Articular (M25.5) Síndrome Cervicobraquial (M53.1); - Dorsalgia (M54.-): Cervicalgia (M54.2); Ciática (M54.3); Lumbago com Ciática (M54.4)- Sinovites e Tenossinovites (M65.-): Dedo em Gatilho (M65.3); Tenossinovite do Estilóide Radial (De Quervain) (M65.4); Outras Sinovites e Tenossinovites (M65.8); Sinovites e Tenossinovites, não especificadas (M65.9). Outras doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo relacionadas com o trabalho (grupo XIII da CID-10) Transtornos dos tecidos moles relacionados com o uso, o uso excessivo e a pressão, de origem ocupacional (M70.-): Sinovite Crepitante Crônica da mão e do punho (M70.0); Bursite da Mão (M70.1); Bursite do Olécrano (M70.2); Outras Bursites do Cotovelo (M70.3); Outras Bursites Pré-rotulianas (M70.4); Outras Bursites do Joelho (M70.5); Outros transtornos dos tecidos moles relacionados com o uso, o uso excessivo e a pressão (M70.8); Transtorno não especificado dos tecidos moles, relacionados com o uso, o uso excessivo e a pressão (M70.9); Fibromatose da Fascia Palmar: "Contratura ou Moléstia de Dupuytren" (M72.0); Lesões do Ombro (M75.-): Capsulite Adesiva do Ombro (Ombro Congelado, Periartrite do Ombro) (M75.0); Síndrome do Manguito Rotatório ou Síndrome do Supraespinhoso (M75.1); Tendinite Bicipital (M75.2); Tendinite Calcificante do Ombro (M75.3); Bursite do Ombro (M75.5); Outras Lesões do Ombro (M75.8); Lesões do Ombro, não especificadas (M75.9); Outras entesopatias (M77.-): Epicondilite Medial (M77.0); Epicondilite lateral ("Cotovelo de Tenista"); Mialgia (M79.1); Outros transtornos especificados dos tecidos moles (M79.8); Osteomalácia do Adulto induzida por drogas (M83.5); Fluorose do Esqueleto (M85.1); Osteonecrose (M87.-): Osteonecrose devida a drogas (M87.1); Outras Osteonecroses secundárias (M87.3); Ostéolise (M89.5) (de falanges distais de quirodáctilos); Osteonecrose no "Mal dos Caixões" (M90.3); DOENÇAS OCUPACIONAIS 19 Doença de Kienböck do Adulto (Osteo-condrose do Adulto do Semilunar do Carpo) (M93.1) e outras Osteocondro-patias especificadas (M93.8). Grupo 14 Enfermidades do sistema genitourinário - Síndrome Nefrítica Aguda (N00.-); - Doença Glomerular Crônica (N03.-); - Nefropatia túbulo-intersticial induzida por metais pesados (N14.3); - Insuficiência Renal Aguda (N17); - Insuficiência Renal Crônica (N18); - Cistite Aguda (N30.0); - Infertilidade Masculina (N46). Grupo 15 Traumatismos, envenenamentos e outras consequências de causas externas Efeitos tóxicos de Solventes Orgânicos (T52.-): Álcoóis (T51.8) e Cetonas (T52.4); Benzeno, Tolueno e Xileno (T52.1 e T52.2); Derivados halogenados dos Hidrocarbonetos Alifáticos e Aromáticos (T53): Tetracloreto de Carbono (T53.0); Clorofórmio (T53.1); Tricloroetileno (T53.2); Tetracloroetileno (T53.3); Dicloroetano (T53.4); Clorofluor-carbonos (T53.5); Outros derivados halogenados de hidrocarbonetos alifáticos (T53.6); Outros derivados halogenados de hidrocarbonetos aromáticos (T53.7); Derivados halogenados de hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, não especificados (T53.9); Sulfeto de Carbono (T65.4). Outros traumatismos, envenenamento e algumas consequências de causas externas relacionadas com o trabalho (grupo XIX da CID-10) DOENÇAS OCUPACIONAIS 20 Efeito tóxico de Substâncias Corrosivas (T54): Fenol e homólogos do fenol (T54.0); Flúor e seus compostos (T65.8); Selênio e seus compostos (T56.8); Outros compostos orgânicos corrosivos (T54.1); Ácidos corrosivos e substâncias ácidas similares (T54.2); Álcalis cáusticos e substâncias alcalinas similares (T54.3); Efeito tóxico de substância corrosiva, não especificada (T54.9). Efeito tóxico de Metais (T56): Arsênico e seus compostos (T57.0); Cádmio e seus compostos (T56.3); Chumbo e seus compostos (T56.0); Cromo e seus compostos(T56.2); Manganês e seus compostos (T57.2); Mercúrio e seus compostos (T56.1); Outros metais (T56.8); Metal, não especificado (T56.9). Asfixiantes Químicos (T57-59): Monóxido de Carbono (T58); Ácido cianídrico e cianetos (T57.3); Sulfeto de hidrogênio T59.6); Aminas aromáticas e seus derivados (T65.3) Praguicidas (Pesticidas, "Agrotóxicos") (T60): Organofosforados e Carbamatos (T60.0); Halogenados (T60.1); Outros praguicidas (T60.2) Efeitos da Pressão do Ar e da Pressão da Água (T70): Barotrauma Otítico (T70.0); Barotrauma Sinusal (T70.1); Doença Descompressiva ("Mal dos Caixões") (T70.3); Outros efeitos da pressão do ar e da água (T70.8). Observação: As patologias em destaque em amarelo são muito frequentes dentre as doenças ou acidentes de trabalho no nosso país. Atenção No caso do trato geniturinário os agentes lesivos podem ser os biológicos, químicos e farmacológicos que ocasionam lesões agudas ou crônicas aos rins e/ou ao trato urinário. A provável incapacidade para o trabalho promovida por essas lesões relacionadas ao trabalho pode ser ocasionada por diferentes graus de disfunção renal. E muitas dessas patologias ocupacionais levam a elevado sofrimento e limitação da vida do trabalhador (síndrome nefrítica, insuficiência renal aguda), bem como óbito (tumores, insuficiência renal crônica, entre outros). DOENÇAS OCUPACIONAIS 21 Vamos entender um pouco mais sobre algumas doenças ocupacionais? Convidamos você a aprofundar seus conhecimentos sobre algumas das doenças mais frequentes em diversas atividades econômicas no Brasil e no mundo. Doenças do trato respiratório: Pneumoconioses: são patologias atribuídas à inalação de poeiras de diversas fibras (carvão, ao asbesto ou amianto (Asbestose), poeira de Sílica (Silicose) e a outras fibras minerais) em ambientes de trabalho, sendo classificadas como fibrogênicas e não fibrogênicas de acordo com o potencial pra causar fibrose pulmonar. Quadro 1 — Pneumoconioses, poeiras causadoras e processos anatomopatológicos subjacentes Fonte: Ministério da Saúde, 2006. Ocupações relacionadas: Além das patologias citadas acima, diversos tipos de atividades produtivas podem afetar a qualidade de vida no ambiente de trabalho, como por exemplo: • Mineração e transformação de minerais em geral; • Metalurgia; • Cerâmica e vidros; • Construção civil; • Agricultura e indústria da madeira; • Soldadores de arco elétrico; • Trabalhadores expostos a carvão vegetal (produção, armazenamento e uso industrial); • Trabalhadores de rocha fosfática; • Mineração e ensacamento de bário e estanho, indústria extrativa mineral; DOENÇAS OCUPACIONAIS 22 • Operações de jateamento com areia, moagem de pedra etc. Patogenia e Fisiopatologia: A inalação de poeiras atingindo as vias aéreas inferiores superando os mecanismos usuais de defesa imunológica e/ou leucocitária, causando lesões pulmonares como lesões intersticiais, maculares, lesões do epitélio alveolar, reação inflamatórias, entre outras, produzindo ou não fibrose. Sinais e Sintomas: tosse, falta de ar, limitação respiratória (insuficiência respiratória), estertores, espirros, lacrimejamento, espessamento pleural etc. Avaliação: Silicose - avaliação ocupacional; avalição radiológica simples (opacidades nodulares); presença ou ausência de sintomas respiratórios avaliados em conjunto com radiologia. Tratamento: Fribrogênicas – afastamento do trabalho; corticoterapia prolongada; monitoramento radiográfico. Notificação compulsória. Prevenção Conheça algumas atitudes preventivas contra doenças de trato respiratório Ações de higiene ocupacional controlando a situação laboral de risco (exaustão, ventilação, outras); ações educativas; utilização de EPI; uso de respiradores individuais; descontaminação das roupas utilizadas no ambiente de trabalho; atuação dos serviços médicos das indústrias. As pneumoconioses são doenças de notificação compulsória (SINAN) e quase sempre levam ao afastamento do trabalhador das atividades laborais. A concessão de benefício previdenciário está condicionada à realização de perícia médica por profissional habilitado do INSS que avalia nexo de causalidade, define o diagnóstico e determina o grau de incapacidade. DOENÇAS OCUPACIONAIS 23 Intoxicações exógenas São doenças ocasionadas pela exposição ocupacional a produtos químicos em geral, principalmente os agrotóxicos (sólido, líquidos, gases e vapores), inseticidas, fungicidas, herbicidas, acaricidas e outros tipos. Também são provocadas pelos efeitos tóxicos de metais como o Arsênico e seus compostos, Cádmio e seus compostos, Chumbo e seus componentes, Cromo e seus componentes, Manganês e seus componentes, Mercúrio e seus componentes, outros metais. Ocupações relacionadas Além das patologias citadas acima, diversos tipos de atividades produtivas podem afetar a qualidade de vida no ambiente de trabalho, como por exemplo: • Setor agropecuário; • Construção e manutenção de estradas, tratamentos de madeiras para construção, indústria moveleira; • Armazenamento de grãos e sementes; • Produção de flores; • Combate às endemias e epidemias etc. Os trabalhadores mais afetados são os rurais, os da saúde pública, de desinsetizadoras, de transporte, comércio e indústria de síntese. Lembramos que a população também está exposta, de forma não ocupacional, seja pelos resíduos em alimentos ou por contaminação ambiental. Patogenia e fisiopatologia O quadro se manifesta por envenenamento dependendo da quantidade da substância nociva que é absorvida, o tempo da exposição, o grau de toxicidade e o tempo entre o contato e o atendimento médico ou de enfermagem no trabalho. DOENÇAS OCUPACIONAIS 24 Sinais e Sintomas: as substancias agrotóxicas podem ocasionar quatro diferentes quadros de intoxicação aguda e crônica que podem ocorrer de forma leve, moderada ou até mesmo grave. Os quadros agudos se manifestam nos trabalhadores como doenças relacionadas ao envenenamento. Classificação das intoxicações agudas INTOXICAÇÃO AGUDA LEVE INTOXICAÇÃO AGUDA MODERADA INTOXICAÇÃO AGUDA GRAVE Cefaléia, irritação cutâneo-mucosa, dermatite de contato irritativa ou por hipersensibilização, náusea e discreta tontura. Cefaléia intensa, náusea, vômitos, cólicas abdominais, tontura mais intensa, fraqueza generalizada, parestesia, dispnéia, salivação e sudorese aumentadas. Miose, hipotensão, arritmias cardíacas, insuficiência respiratória, edema agudo de pulmão, pneumonite química, convulsões, alterações da consciência, choque, coma, podendo evoluir para óbito. Já os efeitos das intoxicações crônicas são: INTOXICAÇÃO CRONICA Os efeitos são graves e abrangentes, sendo de difícil diagnostico abrangendo desde alterações genéticas permanentes que aparecem ao longo dos anos, até distúrbios imunológicos, hematológicos, neurológicos, hepáticos, neoplasias, outros. Fonte Ministério da Saúde, 2006. Os quadros crônicos manifestam-se pelas seguintes patologias: Capitulo II: Neoplasias [Tumores]. • C90 – Mieloma Múltiplo e Neoplasias Malignas de Plasmócitos. • C91 – Leucemia Linfóide. • C92 – Leucemia Mielóide. DOENÇAS OCUPACIONAIS 25 Capítulo III: Doenças do Sangue e dos Órgãos Hematopoéticos e Alguns Transtornos Imunitários. • D61. 2 – Anemia Aplástica devidos a outros agentes externos. Capítulo V: Transtornos Mentaise Comportamentais. • FO6 – Outros transtornos mentais decorrentes de lesão e disfunção cerebrais e de doença física. • F06. 7 – Transtorno cognitivo leve. • F32 – Episódios depressivos. • F52 – Disfunção sexual, não causada por transtorno ou doença orgânica. Capítulo VI: Doenças do Sistema Nervoso. • G21. 2 – Parkinsonismo secundário devido a outros agentes externos (manganês e seus compostos tóxicos – X49; Z57.4; Z57.5). • G25.2 – Outras formas especificadas de tremor (brometo de metila: X46; Z57.5). • G62. 2 – Polineuropatia devida a outros agentes tóxicos. • G92 – Encefalopatia tóxica Capítulo VII: Doenças do Olho e Anexos. • H46 – Neurite ótica (brometo de metila: X46; Z57.5). • H53.1 – Distúrbios visuais subjetivos (brometo de metila: X46; Z57.4; Z57.5). Capítulo VIII: Doenças do Ouvido e da Apófise Mastóide. • H93.8 – Outros transtornos específicos do ouvido (brometo de metila: X46; Z57.5). Capítulo IX: Doenças do Aparelho Circulatório. • I49 – Outras arritmias cardíacas (agrotóxicos organofosforados e carbamatos: X48) Capítulo X: Doenças do Aparelho Respiratório. • J68 – Afecções respiratórias devidas à inalação de produtos químicos, gases, fumaças e vapores. Capítulo XI: Doenças do Aparelho Digestivo. • K71 – Doença tóxica do fígado. Capítulo XII: Doenças da Pele e do Tecido Subcutâneo. 10 • L23. 5 - Dermatite alérgica de contato devido a outros produtos químicos (borracha, cimento, inseticidas e plásticos). • L24. 5 - Dermatite de contato por irritantes devido a outros produtos químicos (cimento e inseticidas). Observação: As intoxicações exógenas são doenças de notificação compulsória (SINAN). Avaliação de agrotóxicos Além disso, para detectarmos a ocorrênncia de uma doença, é preciso fazer as seguintes análises: DOENÇAS OCUPACIONAIS 26 Avaliação ocupacional e ambiental; avaliação clínica, anamnese e exame físico com foco prioritário no exame neurológico; avaliação auditiva, exames laboratoriais (dosagem de colinesterase plasmática e acetilcolinesterase, função hepática, função renal, hemograma completo, proteínas totais e frações, eletroforese de globulinas, glicemia e TSH); avaliação da saúde mental do trabalhador. Como fazer a prevenção e o tratamento? Conheça algumas dicas importnates para prevenir essas patologias ou realizar o tratamento: Prevenção: identificar situações de risco laboral; medidas para controle do armazenamento, manuseio e transporte dos produtos; ações educativas para os trabalhadores e comunidade em geral; uso de EPIs; atuação dos serviços de medicina ocupacional; entre outras. Tratamento: notificação ocupacional; afastamento da exposição e tratamento sintomático ou específico de acordo com o quadro clínico e resultados dos exames complementares. Acompanhamento médico prolongado. Doenças do aparelho auditivo Entre os principais sintomas, temos a perda de audição provocada por uído e trauma acústico (PAIR) É a perda auditiva ocasionada pela exposição por tempo prolongado ao ruído (pressão sonora ocupacional). É um tipo de perda neurossensorial, geralmente bilateral, irreversível e progressiva com o tempo de exposição ao ruído (CID-10 – H 83.3) caracterizada pela a degeneração das células ciliadas do órgão de Corti. Ocupações relacionadas: metalurgia; siderurgia, indústrias têxteis, de papelão e papel; fabricação de vidros; entre outras. DOENÇAS OCUPACIONAIS 27 Patogenia e fisiopatologia A exposição prolongada a ruídos ou pressão sonora acima dos parâmetros recomendáveis podem provocar os seguintes danos: • Problemas de compreensão e de fala; • Zumbido; intolerância à sons intensos e elevados; • Tontura; • Cefaleia; • Irritabilidade; • Problemas diversos digestivos; trauma acústico temporário ou definitivo. Alguns agentes químicos industriais em certos casos de exposição acentuada também podem causar perdas auditivas (substâncias ototóxicas). Ruídos continuados em média acima de 85 dB por oito ou mais horas por dia já causam alterações no ouvido interno e para ruídos de impacto o valor de referência é de 130 dB. Atenção Características da PAIR, segundo o American College of Occupational and Enviromental Medicine (AECOM, 2003) são: Perda neurosensorial bilateral (quase sempre); Redução do limiar audiométrico; Progressão progressiva da perda auditiva nos primeiros 10 a 15 dias de doença; Exposições contínuas são mais danosas do que as intermitentes. Ruídos intensos em exposições curtas são igualmente capazes de determinar a PAIR. Observação: São doenças de notificação compulsória (SINAN) podem levar ao afastamento do trabalhador das atividades laborais. A concessão de benefício previdenciário está condicionada à DOENÇAS OCUPACIONAIS 28 realização de perícia médica por profissional habilitado do INSS que avalia nexo de causalidade, define o diagnóstico e determina o grau de incapacidade. Diagnóstico Identificaremos agora alguns métodos importantes para prevenir, avaliar ou tratar essas doenças: Avaliação: clínica (exame físico); ocupacional (análise do ambiente e dos processos de trabalho) e audiométrica (audiometria, logoaudiometria eimitancioadudiometria. Avaliação de incapacidade segundo o grau de deficiência auditiva também é importante. Tratamento: notificação compulsória; repouso auditivo mediante afastamento da exposição; tratamento com sintomáticos e acompanhamento médico. Prevenção: prevenção e controle dos riscos; investigação sanitária (observação do ambiente e processo de produção); gerenciamento da produção e propagação do ruído; proteção auditiva (EPI); ações educativas etc. Transtornos mentais Entre os principais transtornos, temos a Síndrome de Burnout, Sensação de Estar Acabado, "Síndrome do Esgotamento Profissional”. Elas são provocadas por processo provocado pelos aspectos do trabalho caracterizada pelo sofrimento físico e psíquico do trabalhador envolvendo, de forma simultânea ou não, três principais manifestações: • Esgotamento emocional (desgaste emocional), • Despersonalização (reações e/ou pensamentos negativos, insensibilidade em relação aos colegas de trabalho ou receptores dos serviços) e insatisfação pessoal e profissional (sentimento de ausência de valor ou sucesso profissional). DOENÇAS OCUPACIONAIS 29 • É uma manifestação de estresse que interfere diretamente na relação do trabalhador com seu trabalho. Ocupações relacionadas Esse tipo de trantorno é mais comum nas seguintes atividades: Trabalhos em que os trabalhadores ficam em contato muito próximo com os clientes como os profissionais das áreas de educação, saúde, policiais, assistentes sociais, agentes penitenciários etc. Ambientes de trabalho que estão submetidos a mudanças organizacionais (dispensas, diminuição da semana de trabalho, não reposição de substitutos, demissões em massa). Principais fatores de risco associados: ambientes de trabalho conflitantes; perda ou redução da autonomia do trabalhador; ritmo de trabalho penoso. Patogenia e fisiopatologia O quadro se manifesta pelas sensações e experiências subjetivas, individualizadas, que levam ao acometimento da saúde do trabalhador e desenvolvimento de doenças relacionadas ao trabalho. Pode ser causada em razão do desemprego, sendo uma consequência da perda do trabalho, perda do valor produtivo e papel social. Sinais e sintomas: Segundo o Manual de procedimentos para os serviços de saúde, publicado pelo MS, 2001, são manifestações clássicas dessa Síndrome:história de grande envolvimento subjetivo com o trabalho, função, profissão ou empreendimento assumido, que muitas vezes ganha o caráter de missão; sentimentos de desgaste emocional e esvaziamento afetivo (exaustão emocional); queixa de reação negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do público que deveria receber os serviços ou cuidados do paciente (despersonalização); queixa de sentimento de diminuição da competência e do sucesso no trabalho. DOENÇAS OCUPACIONAIS 30 Atenção Geralmente, estão presentes sintomas inespecíficos associados, como insônia, fadiga, irritabilidade, tristeza, desinteresse, apatia, angústia, tremores e inquietação, caracterizando síndrome depressiva e/ou ansiosa. Como fazer a avaliação, a prevenção e o tratamento? A avaliação pode ser feita pela presença das manifestações acima descritas que fecham o critério de diagnóstico clínico. Confirmado o diagnóstico deve ser notificado às autoridades de saúde (SINAN). Conheça algumas dicas importnates para prevenir essas patologias ou realizar o tratamento: Prevenção: mudanças na cultura da organização do trabalho, diminuição da intensidade de trabalho, diminuição do ambiente laboral competitivo, implantação de programas organizacionais de bem-estar coletivo e individual, ou seja, são medidas de intervenção nos ambientes de trabalho no sentido de torná-los mais saudáveis Tratamento: é caracterizado por uma combinação de ações terapêuticas que incluem a psicoterapia, tratamento farmacológico (antidepressivos e/ou ansiolíticos) e intervenções psicossociais; acompanhamento com médico especialista e equipe multiprofissional (assistenciais e de vigilância). A equipe de saúde deve avaliar cautelosamente a indicação de afastamento do trabalho, devendo realizar se possível a anamnese familiar e tentar contextualizar o quadro clínico no meio ambiente do trabalho e da vida pessoal, social e familiar do paciente. Além disso, as doenças do sistema osteomuscular, por demandarem maior aprofundamento e serem muito frequentes dentre os acidentes e doenças ocupacionais no Brasil e no mundo, serão tratadas separadamente na nossa próxima aula. DOENÇAS OCUPACIONAIS 31 Aprenda Mais Material complementar Para saber mais sobre os Pneumoconioses, leia os materiais: Pneumoconioses disponível em nossa biblioteca virtual. Leia o Protocolo de Atenção à Saúde dos Trabalhadores Expostos a agrotóxicos, disponível em nossa biblioteca virtual. Para saber mais sobre PAIR, leia o material: Perda Auditiva Induzida por Ruído (Pair), disponível em nossa biblioteca virtual. DOENÇAS OCUPACIONAIS 32 Referências BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho: Portaria N.1339/GM, de 18 de novembro de 1999. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_relacionadas_t rabalho_2ed_p1.pdf . BRASIL. Lei 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de benefícios de previdência social e dá outras providencias. disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. Acesso em: 19 jan. 2015. BRASIL. Ministério da Saúde do Brasil, Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil; organizado por Elizabeth Costa Dias; colaboradores Idelberto Muniz Almeida et al. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_relacionadas_t rabalho1.pdf. Acesso em: 1º nov. 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Pneumoconioses. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 76 p.: il. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_pneumoconio ses.pdf . Acesso em: 07 fev. 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde do Trabalhador. Diretrizes para atenção integral à saúde do trabalhador de DOENÇAS OCUPACIONAIS 33 complexidade diferenciada. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_atencao_saud e_trab_exp_agrotoxicos.pdf . Acesso em: 07 fev. 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Perda auditiva induzida por ruído (Pair). Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 40 p.: il. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_perda_auditiv a.pdf. Acesso em 07 fev. 2015. MENDES, René (Org.). Patologia do trabalho. Ed. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Atheneu, 2003. v. 1 e 2. Referências complementares para aprofundamento:Sobre Pneumoconiose (Silicose): ALGRANTI, E.; DE CAPITANI, E. M.; BAGATIN, E. Sistema respiratório. In: MENDES, R. (Ed.). Patologia do trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu, 1995, p. 89-137. BAHIA. Secretaria da Saúde do Estado da Bahia. Departamento de Vigilância da Saúde. Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador (CESAT). Manual de normas e procedimentos técnicos para a vigilância da saúde do trabalhador. Salvador: CESAT, 1996. 164 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de normas para o controle das pneumoconioses: silicose, pneumoconiose dos trabalhadores do carvão e pneumoconiose por poeiras mistas. Brasília: Fundação Nacional da Saúde, 1997. 36 p. DOENÇAS OCUPACIONAIS 34 INTERNATIONAL LABOUR OFFICE (ILO). Encyclopaedia of occupational health and safety. 4th ed. Geneva: ILO, 1998. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. Ordem de Serviço/INSS nº 609/1998, de 5 de agosto de 1998. Aprova a Norma Técnica sobre Pneumoconioses. Diário Oficial da União, n. 158, 19 ago. 1998. Seção I, p. 53-60. LEVY, B. S.; WEGMAN, D. H. Occupational health: recognizing and preventing work-related disease and injury. 4th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2000. MENDES, R. Estudo epidemiológico sobre silicose pulmonar na região sudeste do Brasil, através de inquérito em pacientes internados em hospitais de tisiologia. Revista de Saúde Pública, v. 13, n. 7, p. 19, 1979. MENDES, R.; CARNEIRO, A. P. S. Doenças respiratórias ocupacionais. In: TARANTINO, A. B. 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Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização DOENÇAS OCUPACIONAIS 36 de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Brasília, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. Lista de doenças relacionadas ao trabalho: Portaria Nº 1339/GM, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Brasília, 2000. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável – Agenda 21 brasileira. Área temática: Agricultura Sustentável, Brasília, 2009. 125 p. (Mimeogr.). BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Manual de Vigilância da Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos. Organização PanAmericana de Saúde/Organização Mundial de Saúde. Brasília. BRÉGA, S. et al. 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Otorrinolaringologia prática: diagnóstico e tratamento. Tradução: Vilma Ribeiro de Souza Varga. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1999. 572 p. BRASIL. Ministério do Trabalho. Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho. Portaria nº 19, de 9 de abril de 1998. Diretrizes e parâmetros mínimos para avaliação e acompanhamento da audição em trabalhadores expostos em níveis de pressão sonora elevados. NR 7: Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Brasília: Ministério da Saúde, 1998. Anexo 1, Quadro II. BRASIL. Instituto Nacional do Seguro Social. Ordem de Serviço/INSS nº 608/1998, de 5 de agosto de 1998. Aprova a norma técnica sobre perda auditiva neurossensorial por exposição continuada em níveis elevados de pressão sonora de origem ocupacional. Diário Oficial da União, nº 158, de 19 de agosto de 1998, seção I, p. 44-53. COSTA, E. A.; KITAMURA, S. Órgãos dos sentidos: audição. In: MENDES, R. (Ed.). Patologia do trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu, 1995,p. 365-387. Sobre Síndrome de Burnout: BERTOLOTE, J. M. (Org.). Glossário de termos de psiquiatria e saúde mental da CID-10 e seus derivados. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. CODO, W. (Coord.). Educação: carinho e trabalho. Petrópolis: Vozes, 1999. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Tradução Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. SELIGMANN-SILVA, E. Psicopatologia e psicodinâmica no trabalho. In: MENDES, R. (Ed.). Patologia do trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu, 1995. p. 287-310 DOENÇAS OCUPACIONAIS 38 Exercícios de fixação Questão 1 Examine as alternativas abaixo, ligadas às doenças relacionadas ao trabalho à luz do que abordamos em aula sobre a LISTA B da Portaria MS GM nº 1.339/99 (Decreto nº 3.048/99) e marque a que considerar correta: a) Os transtornos mentais ou do comportamento dos trabalhadores estão listadas como doenças ocupacionais, mas tecnicamente não podem ser consideradas acidentes de trabalho. b) Dentre as doenças da pele ocasionadas por trabalho as dermatites listadas como doenças do trabalho são as agravadas pelas atividades devido à exposição aos agentes nocivos, mas não são causadas primariamente por eles. c) As doenças do aparelho respiratório relacionadas ao trabalho mais frequentes são as Peumoconioses, as Rinites e a Asma Brônquica. d) São exemplos de causas externas relacionadas ao adoecimento do trabalhador, os traumas ou acidentes ocasionados com o deslocamento do trabalhador ao local de trabalho ou acidentes ocasionados no ambiente laboral. e) As patologias da LISTA B estão identificadas segundo a CID-10, porém a codificação não é completa, muitas entidades nosocomiais não estão nela previstas apesar de serem doenças do trabalho reconhecidas faz décadas. Questão 2 Sobre a Síndrome de Burn Out podemos afirmar que: a) É uma doença relacionada ao trabalho do grupo dos transtornos mentais e comportamentais do trabalhador. b) Pode ser igualmente incapacitante quando comparadas a outras doenças ocupacionais, não devendo ser diagnosticada nem tratada de forma diferenciada pelos empregadores e serviços médicos. c) É proveniente de uma relação de trabalho insatisfatória entre as atividades desempenhadas e o trabalhador, que acaba desistindo de investir na sua ocupação manifestando esgotamento emocional, e algumas vezes, físico. d) Pode ser ocasionada inicialmente pela condição de estresse ocupacional mas a Síndrome tem um curso clínico e consequências diferentes do estresse em si. DOENÇAS OCUPACIONAIS 39 e) Pode afetar drasticamente a produtividade, como a qualidade e segurança do trabalho executado, mas não afeta a vida pessoal do trabalhador, pois os pensamentos e práticas negativas deste estão relacionados unicamente com o trabalhador em si. Questão 3 As doenças abaixo relacionadas são consideradas como decorrentes de processos ou ambientes de trabalho: a) Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Tuberculose. b) Perda da Audição Induzida pelo Ruído (PAIR) e Silicose. c) Hipertensão Arterial e Câncer de Pulmão. d) Depressão e Dermatite de contato por substâncias químicas. e) Asma e Rinite brônquica. Questão 4 Estudos norte-americanos estimam que de toda a população trabalhadora em ocupações de risco para exposição à Sílica Livre, 25% destes expostos têm Pneumoconiose causada pela Sílica (Silicose). No Brasil, um dos primeiroscasos publicados foi o de Morro Velho-MG (Mina de Ouro) realizado por C. M. Teixeira, M. Curty, E. Macedo e O. Barbosa em 1940 que avaliou 2.197 trabalhadores de subsolo e mais 803 de superfície, e identificou a incidência da doença em 11,8% dos trabalhadores examinados. A magnitude do problema é grande ainda mais se considerarmos a coexistência de Tuberculose em grande parte dos trabalhadores acometidos pela Silicose, sendo a consequência comum desta última (Sílicotuberculose). Assim, sobre essa constatação podemos entender que: a) A coexistência depende de muitos fatores dentre eles se está no estágio inicial da Silicose, quando o trabalhador está mais suscetível à ocorrência da tuberculos. b) A coexistência depende de muitos fatores dentre eles se está no estágio inicial da Silicose, quando o trabalhador está mais suscetível à ocorrência da tuberculose. DOENÇAS OCUPACIONAIS 40 c) São patologias com evolução clínica distinta e por isso não é de se considerar essa prevalência dessa associação para determinação das ações de assistência à saúde aos trabalhadores com silicose. d) Estatísticas internacionais não refletem nesse caso a realidade do caso estudado, visto que a incidência entre os trabalhadores examinados foi bem menor do que a média americana citada. e) A amostra estudada não parece significativa para considerar os resultados desse estudo. Questão 5 Dentre as exposições pertinentes às ocupações abaixo listadas aquelas que NÃO ocasionam as dermatites ocupacionais são: a) Fabricação e manipulação de cosméticos em geral. b) Indústrias de processamento de alimentos. c) Fabricação de cimento. d) Manipulação de plantas. e) Frigoríficos. Questão 6 Segundo a classificação de Schilling (1984), a Perda da Audição Provocada pelo Ruído e Trauma Acústico – PAIR corresponde a uma: a) Doença do Grupo II, ou seja, o trabalho é um fator contributivo aditivo. b) Doença do Grupo II, ou seja, pode ser causada pelo trabalho ou não. c) Doença do Grupo I, ou seja, sempre ocasionada pela exposição ocupacional a ruídos ou pressões sonoras elevadas. d) Doença do Grupo III, ou seja, o trabalho agrava uma condição preexistente. e) Doença do Grupo I ou II, dependendo se o fator ocupacional ou não ocupacional é o predominantemente na causa da doença. DOENÇAS OCUPACIONAIS 41 Questão 7 Considerando as doenças ocupacionais abordadas na Aula 5, marque a alternativa que apresente medida ou ação comum durante a abordagem avaliativa das patologias em questão. a) Realização de anamnese familiar. b) Avaliação da necessidade de afastamento do trabalho. c) Exames laboratoriais indicados para o diagnóstico conclusivo. d) Notificação compulsória imediata (em até 24 horas). e) Intervenção no ambiente do trabalho. Questão 8 Segundo dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no Brasil, dentre os auxílios-doença concedidos por problemas mentais ou comportamentais, a depressão está no topo, com mais de 5,5 mil casos/ano, entre episódios depressivos ou transtorno recorrente. Mas a lista de doenças desta natureza é extensa, segundo a Portaria nº 1.339/99, incluindo desde quadros de demência, transtornos cognitivos, alcoolismo, neurastenia (inclui síndrome de fadiga), transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores não orgânicos até a própria Síndrome de esgotamento profissional. Diferentes graus de incapacidade ou disfunção nos trabalhadores afetados, podem ser reconhecidos por meio de indicadores como os abaixo relacionados, a exceção de: a) Descompensacão comportamental na realização de atividades laborais mediante estresse ou mudança de circunstâncias do processo produtivo. b) Agressividade excessiva relativa aos colegas de trabalho e aos superiores hierárquicos. c) Limitações nas atividades da vida diária como, por exemplo, na higiene pessoal, comunicação, autocuidado etc. d) Isolamento social, com incapacidade de relacionar-se. e) Capacidade de completar tarefas laborais e manter a concentração nos processos de trabalho. DOENÇAS OCUPACIONAIS 42 Questão 9 Assista aos três vídeos e responda as duas próximas questões. https://www.youtube.com/watch?v=8L0qUoNEfVU Bloco 1/3 - JT - Síndrome de Burnout https://www.youtube.com/watch?v=4AvF9iBXKX8 Bloco 2/3 - JT - Síndrome de Burnout https://www.youtube.com/watch?v=lV1HFvx3ByU Bloco 3/3 - JT - Síndrome de Burnout O Programa de Entrevistas (Justiça do Trabalho na TV) realizado pelo Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina, disponibilizado na plataforma online de vídeo YouTube, trata da Síndrome de BurnOut e destaca as principais características da doença relacionada com o trabalho, a saber: a) Cansaço intenso e irritabilidade vinculada exclusivamente ao exercício das atividades laborais. b) Conjunto de sintomas físicos e psicológicos que levam ao esgotamento intenso, causando um estresse crônico, despersonalização e pode levar a um comportamento grave e suicida entre os trabalhadores. c) Depressão intensa e cansaço crônico, ocasionados por estresse excessivo relativo ao ambiente do trabalho. d) Insatisfação com o papel do trabalhador na cadeia produtiva da atividade laboral que desempenha. e) Doença mental que nada mais é do que a antiga “estafa” ou “estresse” entre os trabalhadores de determinadas ocupações de alta pressão ou elevado risco. Questão 10 O professor Roberto Cruz, entrevistado pelo Programa, explica, do ponto de vista da psicologia, os fenômenos de esgotamento emocional e despersonalização. Dados do INSS demonstraram no ano de 2009 que o Burnout foi o terceiro maior motivo de afastamentos laborais no país, considerada a totalidade das atividades econômicas. Em sua opinião, as situações laborais que podem ser consideradas como fatores de riscos contributivos para a ocorrência do Burnout entre trabalhadores, EXCETO: DOENÇAS OCUPACIONAIS 43 a) Intensidade de trabalho excessiva. b) Modo de gerir a organização pautada em geração de conflitos e estimulação de concorrência entre os trabalhadores. c) Organizações que estabelecem metas laborais inalcançáveis ou muito difíceis. d) Gestão que utiliza mecanismos de assédio moral para pressionar seus trabalhadores no alcance dos objetivos. e) Despersonalização e esgotamento emocional provocado pelos processos de trabalho desordenados e ineficazes. DOENÇAS OCUPACIONAIS 44 Aula 5 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: Todas as doenças relacionadas ao trabalho são consideradas legalmente como sendo acidentes de trabalho, portanto alternativa A está incorreta. A afirmativa B não corresponde à verdade, pois as doenças de pele consideradas ocupacionais incluem as originadas ou apenas agravadas pela exposição ocupacional. O equívoco da opção D está no conceito de “causas externas”, que é de fato um conjunto de agravos decorrentes do trabalho, acidentes de trânsito, quedas ocorrências relativas a causas ambientais e/ou intencionais como homicídios, agressões e lesões autoprovocadas. A última alternativa não procede, pois a lista de doenças relacionadas ao trabalho, no caso brasileiro, é revisada periodicamente e inclui todas as condições e agravos identificados e comprovados como sendo relativos ou agravados pela prática laboral. A opção correta, portanto, é a alternativa C, Asma brônquica e as Pneumoconioses e as rinites ocupacionais patologias mais frequentes do sistema respiratório relacionadas ao trabalho. Questão 2 - E Justificativa: O trabalhador atingido pelo estresse e a Síndromede Burn out manifesta um quadro de incapacidade de lidar com a relação de trabalho insatisfatória, manifestando comportamento negativo, que leva à despersonalização. Esse profissional não tem recursos pessoais, psicológicos de lidar com o estresse no trabalho, e adota um comportamento depressivo que afeta sua vida pessoal, social, bem como sua relação laboral. Questão 3 - B Justificativa: Importante ressaltar aqui as doenças que são decorrentes do trabalho daquelas que são agravadas por ele, e algumas com a asma e rinite que podem ser causadas ou intensificadas pela exposição ocupacional. PAIR e DOENÇAS OCUPACIONAIS 45 Silicose são condições clínicas especificamente provocadas pelo trabalho não saudável. Questão 4 - B Justificativa: A associação entre silicose e tuberculose foi identificada desde século XVII principalmente em estudos dos Estados Unidos e África do Sul, segundo o Jornal Brasileiro de Pneumologia (junho, 2004), sendo a exposição à sílica livre fator de risco para tuberculose. Desta forma, realizar a investigação clínica de ambas segundo natureza da ocupação do trabalhador é essencial para adoção das medidas preventivas, educativas e terapêuticas. Questão 5 - A Justificativa: Ver quadro XII da Lista B. Questão 6 - E Justificativa: O ruído torna-se fator de risco da perda auditiva ocupacional se o nível de pressão sonora e o tempo de exposição ultrapassarem certos limites. A NR 15 da Portaria/MTb nº 3.214/1978, nos Anexos 1 e 2, estabelece os LT para a exposição a ruído contínuo ou intermitente e para ruído de impacto, vigentes no país. Entretanto, é comum a coexistência de vários outros fatores que podem agredir diretamente o órgão auditivo e influir no desenvolvimento da perda auditiva por meio da interação com os níveis de pressão sonora ocupacional ou não ocupacional. Destacam-se: agentes químicos, físicos, biológicos, fatores metabólicos e bioquímicos, agentes medicamentosos, fatores genéticos etc. A determinação da relação com o trabalho, sendo ela essencial ou não, como fator etiológico da PAIR, é essencial para que seja classificada com sendo do Grupo I ou II de Shcilling. Questão 7 - A Justificativa: A avaliação das doenças ocupacionais estudadas e obviamente dos trabalhadores acometidos, a fase de análise cautelosa sobre a indicação de afastamento do trabalho é a etapa presente em todos os casos explicitados, DOENÇAS OCUPACIONAIS 46 devendo ser feita de forma técnica pelo médico e equipe de saúde do trabalhador após as fases de avaliação do ambiente e da gravidade do quadro do trabalhador. Questão 8 - E Justificativa: A Associação Médica America (AMA) na publicação do Ministério da Saúde (2001) que orienta os procedimentos nos serviços de saúde do trabalhador propõe quatro grupos de parâmetros ou indicadores que auxiliam na identificação da disfunção ou deficiência provocados pelos transtornos mentais e comportamentais (Ver BRASIL. Manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. p. 163). Questão 9 - E Justificativa: Definição exposta na aula 5. Questão 10 - E Justificativa: Segundo o Professor entrevistado, o esgotamento emocional é uma espécie de fadiga emocional, perda de energia para a vida, prostração para agir e se relacionar, preocupada com o trabalho e eficácia das atividades que realiza no trabalho. Já a despersonalização é incapacidade de reconhecer os limites do seu “EU”, insegurança, desconhece os limites de sua ação social. Ambas são manifestações clínicas da Síndrome. Já fatores de risco reconhecidos nos ambiente de trabalho são os seguintes: Gestão baseada em conflito, metas inalcançáveis, gestão que naturaliza o assédio moral no trabalho, gestão intimidadora, cinismo de gestão, entre outros.