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Imunohematologia: Enfermidades Comuns

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Imunohematologia 
Imunohematologia 
Enfermidades Imunohematológicas mais comuns: 
-Anemia hemolitica imunomediada; 
-Trombocitopenia e Neutropenia imunomediada; 
-Doença hemolitica do recém nascido; 
-Lupus eritematoso sistêmico; 
-Outros distúrbios; 
-Transfusões 
 
1-Anemia hemolítica imunomediada (AHIM) 
A anemia hemolítica imunomediada (AHIM) consiste em anemia grave pela destruição ou remoção 
acelerada das hemácias pela atuação de anticorpos antieritrocitários. As hemácias são destruídas pelos 
anticorpos ou são removidas pelo baço ou fígado. Os anticorpos antieritrocitários são formados contra 
hemácias normais (AHIM primária) ou alteradas (AHIM secundària). Vários órgãos e sistemas acabam 
sendo acometidos. 
 
Patogênese: 
1-Modificação antigênica na membrana do eritrócito; 
2-Alteração do sistema imunológico. 
 
Os sinais clínicos podem mostrar: Anorexia (perda do apetite), fraqueza, apatia, intolerância a 
exercícios, dispnéia (dificuldade respiratória), ofegação, vômito, diarréia, ocasionalmente poliúria e 
polidpsia (aumento da vontade de beber água e urinar), mucosas pálidas, anemia grave, 
esplenomegalia (aumento do baço), hepatomegalia (aumento do fígado), icterícia (em casos mais 
avançados), febre (ou não), aumento de linfonodos, petéquias, eventualmente pode ocasionar 
coagulação intravascular disseminada, e ainda sinais sistêmicos renais. 
 
Exame físico: 
-Hepato e esplenomegalia, icterícia 
 
Diagnóstico: 
-Achados hematológicos sugestivos: => Anemia responsiva, esferocitose 
-Aglutinação espontanea ou então => Realizar teste de Coombs 
 
Terapêutica: 
-Imunosupressão: Corticóides, quimioterapicos ou esplenectomia. 
 
As causas da AHIM primárias consistem em: Anemia hemolítica auto imune, lúpus, isoeritrólise 
neonatal, distúrbio do sistema imunológico, aumento da produção de imunoglobulinas e idiopática. 
 
As causas de AHIM secundária consistem em: Causas infecciosas (doença do carrapato (erlichia ou 
babesia), piometra, leptospirose, leucemia viral felina, entre outros agentes bacterianos ou virais), 
exposição a antígenos não expostos previamente, dirofilariose, neoplasias, medicamentos, entre 
outros... 
 
Geralmente os animais apresentam exame de aglutinação positiva e anemia grave, entre outras 
alterações bioquímicas. O exame de mielograma é importante na definição da patologia e prognóstico. 
 
 
 
AHIM: 
-Resposta imune do tipo II; 
-Eritrócitos destruídos por anticorpos ou via complemento. 
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Esferocitose e aglutinação são praticamente conclusivas no diagnóstico de AHIM. Os esferócitos sofrem 
ação dos macrófagos devido à estimulação antigênica. 
1-Macrófago identifica a alteração imunológica no eritrócito e inicia fagocitose parcial; 
2-O macrófago “belisca” e remove a porção anormal da membrana; 
3-O restante não pode manter a forma bicôncava normal e torna-se esférica, que é menor e sem área 
pálida central. 
 
Deve-se diferenciar a aglutinação de empilhamento! 
 
Teste de dissolução do empilhamento: 
-Feito em salina e avaliação microscópica, importante para a diferenciação de aglutinação e 
empilhamento; 
-1 gota de sangue + 3 de solução fisiológica; 
-Homogeneizar e avaliar se há dissolução 
 
Outros testes: 
-Teste de Coombs (quando não há aglutinação espontânea); 
-Teste de fragilidade osmótica eritrocitária (método de Paparth)/ A fragilidade osmótica aumenta em 
anemias hemolílicas 
 
Achados hematológicos: 
-Anemia responsiva (achados típicos); 
-Esferocitose (caninos); 
-Autoaglutinação de eritrócitos; 
-Leucocitose com neutrofilia e dnne (inespecifico); 
-Hemólise severa: hemoglobinemia – hemoglobinúria; 
-Hiperbilirrubinemia 
 
2-Trombocitopenia e Neutropenia imunomediada 
 Trombocitopenia Imuno-mediada Primária 
A TIM Primária é uma reação imunológica espontânea, na ausência de uma doença subjacente. Os 
anticorpos ligam-se à membrana plaquetária, marcando as células que serão fagocitadas precocemente 
pelo sistema mononuclear fagocitário. A destruição das plaquetas é antecipada e a medula não 
consegue repor a população de plaquetas sanguíneas, logo acabará por surgir trombocitopenia. 
 
 Trombocitopenia Imuno-mediada secundária 
A destruição de plaquetas pode ser mediada por mecanismos diferentes, dependendo da causa 
primária de trombocitopenia. Podem não existir verdadeiros anticorpos antiplaquetas, mas sim 
anticorpos aderidos à superfície das plaquetas ou em circulação no soro, com capacidade de destruir 
essas células. Os anticorpos são induzidos por uma causa primária das que são referidas em doenças 
sistêmicas auto-imunes; administração de fármacos; transfusões de sangue (produção de anticorpos 
anti-plaquetas, eventualmente algumas semanas após a transfusão); administração de vacinas; 
neoplasias; agentes infecciosos (protozooários, parasitas, vírus e bactérias podem provocar a 
exposição de antigenos crípticos nas plaquetas ou criar espectadores inocentes que sofrem a 
consequente fagocitose imuno-mediada, ao mesmo tempo que podem promover o sequestro esplênico 
de plaquetas e limitar a trombopoiese medular). A TIM secundária pode ser diagnosticada em qualquer 
animal, independentemente da espécie, sexo, raça ou idade. O animal trombocitopenico é um animal de 
risco, portanto devem minimizar-se os procedimentos e as contenções traumáticas. 
 
 
 
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Complicações decorrentes de processos hemolíticos auto-imunes: 
Depósitos de imunocomplexos nos glomérulos-> Glomerulonefrite imunomediada->Cilindrúria e 
Proteinúria 
 
3-Doença hemolitica do recém nascido 
Doença caracterizada pela alteração na imunização materno-fetal, ligada ao fator Rh, à semelhança do 
que ocorre na Eritroblastose Fetal Humana. É uma síndrome que ocorre nos potros recém-nascidos por 
incompatibilidade sanguínea entre o potro e a égua. Ou seja, a doença se dá por incompatibilidade do 
fator Rh da mãe e do feto nos casos em que fêmeas Rh- gestam filhos Rh+. É mediada a partir dos 
anticorpos maternos, que são transferidos via colostro, e que respondem contra os eritrócitos do potro. 
Os potros neonatos nascem assintomáticos e após a primeira mamada em cerca de 12 a 72 horas 
apresentam depressão, fraqueza e diminuição dos reflexos de sucção ou mamada e deglutição. 
 
Nos casos hiperagudos, os sinais desenvolvem-se em 8 a 36 horas após nascimento, sendo que o 
colapso pode ser a primeira indicação da doença, com uma grave hemoglobinúria e elevadas taxas de 
mortalidade nas primeiras horas. Nos casos agudos, os sinais se manifestam de 2 a 4 dias após o 
nascimento, com acentuada icterícia e moderada hemoglobinúria. Já nos casos sub-agudos, os sinais 
clínicos surgem de 4 a 5 dias. A icterícia é acentuada, mas há apenas uma discreta palidez das 
mucosas. O tratamento varia de acordo com a severidade dos sinais clínicos. De imediato, é necessário 
cessar a ingestão do colostro pelo potro por 48 horas, retornando, posteriormente a dieta láctea na 
quantidade correspondente a 10% do peso corporal a cada 2 horas. Transfusões sanguíneas, 
hidratação e antibioticoterapia podem ser necessárias. 
 
4-Lupus eritematoso sistêmico 
É uma doença auto-imune rara que acomete cães e gatos, e também o homem e os camundongos. 
Ocorre devido a produção de anticorpos direcionados a antígenos próprios intranucleares, 
citoplasmáticos e de membrana, presentes em diversas células e tecidos (vasos sanguíneos, 
membranas basais, etc). Acomete não somente a pele, mas vários órgãos como rins, pulmões, ossos, 
sangue, articulações, músculos e sistema nervoso. Popularmente conhecida como a “doença das mil 
faces”. 
 
Sintomas principais: 
Alopecia, crostas,descamação, despigmentação, vesículas e bolhas mucocutâneas, úlceras e fístulas 
com infecção secundária não responsiva a antibioticoterapia. Anemia, leucopenia, trombocitopenia, 
glomerulonefrite, pleurite, pneumonia e edema pulmonar, microenfartos, hemorragias, meningite, 
poliartrite, miosite, atrofia muscular, dor muscular, megaesôfago, miocordite. Como complicação, há a 
nefrite lúpica, uma nefropatia imunomediada. 
 
 
 
 
 
Tipos de lúpus: 
1-Lupus Discóide: Se limita à pele: inflamações cutâneas; 
 
2-Sistêmico: É mais grave; pode afetar quase todos os órgãos e sistemas. 
OBS: Dois pacientes com Lúpus nunca vão apresentar sintomas idênticos. 
 
3-Induzido por Drogas: O uso de drogas pode resultar em lúpus similar a forma sistêmica. 
 
Deve-se realizar a pesquisa da célula LE característica do lúpus. 
Tríade: 
-Dermatopatia 
-Artropatia 
-Nefropatia 
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5-Transfusões 
Restituem a capacidade de transportar oxigênio. Transfusões em medicina veterinária de pequenos 
animais raramente dão problemas, em cães devido ao variado número de grupos sanguíneos e baixa 
reação antigênica e em gatos devido ao predomínio de um grupo sanguíneo entre três grupos. 
 
Indicações mais comuns: 
1-Anemias: HT<12% HB <4g/Gl 
2-Hemorragias-> A volemia é o mais importante (Ht X sinais de hipóxia); 
3-Distúbio medular-> Papa de hemácias a fim de evitar sobrecarga vascular. 
Sinais ausentes em repouso = ajustes compensatórios. 
4-Hemólise-> Imunomediada: Tratar a causa 
 Não imunomediada 
 
5-Prover fatores hemostáticos-> Intoxicação com raticidas anticoagulantes 
6-Trombocitopenia severa-> Plasma rico em plaquetas 
 
Há cerca de 8 grupos sanguíneos nos cães, o que torna a probabilidade de reações incompatíveis entre 
o doador e o receptor é baixa (1º transfusão). Há liberdade de transfundir com urgência sem realizar a 
prova de compatibilidade. Os tipos sanguíneos caninos mais importantes são os DEA 1.1 e 1.2, os quais 
perfazem cerca de 60% dos grupos sanguíneos da população canina. 
 
Em felinos há 2 grupos sanguíneos: A e B. Há um terceiro grupo raro: AB, combinação dos dois, doador 
universal. Existe então um sistema AB em felinos com 3 tipos: A, B e AB. Porém, basta 1ml de sangue 
de doador incompatível para que haja uma reação fatal na1º transfusão. Há, no entanto a 
predominância de um tipo sanguíneo em felinos, diminuindo reações transfusionais imunológicas. 
 
Sangue total fresco-> É indicado para o uso em hemorragias agudas, anemia, distúrbios de 
coagulação e trombocitopenia. 
 
Sangue total estocado-> É indicado para o uso em anemia, mas não fornecerá plaquetas nem fatores 
de coagulação. 
 
Papa de eritrócitos-> É recomendada para animais anêmicos, particularmente naqueles com alto risco 
de sobrecarga de volume. 
 
Plasma fresco congelado-> É indicado para o uso quando ocorrer insuficiência da passagem passiva 
de globulinas (hipogamaglobulinemia) em bezerros, potros, filhotes de cães e gatos. 
 
Plasma rico em plaquetas-> (ou o concentrado de plaquetas) é indicado em casos graves de 
trombocitopenia e trombocitopatia. 
 
As potenciais reações transfusionais podem ser agudas ou tardias. A hemólise intravascular aguda com 
hemoglobinemia e a hemoglobinúria podem ser vistas em animais que receberam sangue não 
compatível. A liberação de substâncias tromboplásicas pode levar à coagulação intravascular 
disseminada. Também podem ocorrer hipotensão e choque, secundários a liberação de substâncias 
vasoativas, insuficiência renal aguda e óbito. 
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