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CASO CONCRETO SEMANA 3

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA..... ª VARA DO 
TRABALHO DE NATAL - RN 
 
 
 
RECLAMAÇAO TRABALHISTA 
 
 
 
RECLAMANTE: SUZANA 
RECLAMADO: MORAES 
 
 
 
SUZANA, nacionalidade, estado civil, empregada doméstica, CPF n.º...., endereço 
eletrônico, portadora da Carteira de Trabalho nº... , inscrita no PIS sob o nº ..., residente e 
domiciliada na rua ..., nº Bairro:... , CEP:..., Cidade-Estado, por intermédio de seu procurador 
que a esta subscreve e com procuração anexa a este petitório, vem mui respeitosamente à 
presença de Vossa Excelência, com base no artigo 840, § 1º da CLT, propor 
 RECLAMAÇÃO TRABALHISTA 
Pelo rito sumaríssimo, em face do Sr. MORAES, nacionalidade, estado civil, profissão, 
portador da carteira de identidade sob o n.º....., CPF n.º.....,residente e domiciliado na Rua...., 
nº .... Bairro:......, CEP: ....., Natal-RN, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. 
 
INICIALMENTE 
 
a) DA JUSTIÇA GRATUITA 
 
Preliminarmente, pugna, a Reclamante, que lhe seja concedido o benefício da justiça gratuita, 
previsto nos arts. 98 e 99 do CPC, conforme preceitua a Constituição Federal (CF), em seu 
art. 5º, LXXIV, por não terem condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo do 
sustento próprio. 
 
b) DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA 
 
O reclamante não se submeteu a comissão de conciliação prévia visto que em decisão das 
ADIs 2.139 e 2.160 e até mesmo do art.5, XXXV,DA CFRB/88 suspendeu a obrigatoriedade 
da mesma. 
 
I. DOS FATOS 
 
A reclamante foi contratada no dia 15/06/2016 pela família Moraes como empregada 
doméstica. No ato da contratação foi celebrado contrato de experiência com prazo de 45 
(quarenta e cinco) dias. Ao término dos 45 dias a Reclamante continuou laborando 
normalmente à família sem que tenha havido qualquer prorrogação contratual. 
A jornada de trabalho da reclamante era de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h com 30 
(trinta) minutos de intervalo intrajornada. Por 4 (quatro) dias em viagem com a família à 
Gramado-RS, realizando serviço de babá a jornada de trabalho da reclamante foi das 8h às 
17h com uma hora de intervalo intrajornada. A reclamante sofreu descontos no salário, sendo 
10% a título de vale transporte e 25% a título de alimentação consumida no emprego. 
O contrato de trabalho da reclamante foi extinto em 15/09/2016 e na ocasião foram pagas as 
verbas rescisórias, quais sejam: férias proporcionais de 3/12 avos acrescidas de 1/3 e décimo-
terceiro proporcional de 4/12 avos. 
 
 
II. DO MÉRITO 
 
a) DO CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO 
 
A Reclamante foi contratada em 15.06.2015 para trabalhar como doméstica, a título de 
experiência, por 45 (quarenta e cinco) dias, findo os quais nada foi tratado, e foi dispensada 
em 15.09.2015. 
Deve-se considerar que o contrato de experiência não deve ultrapassar 90 (noventa) dias. 
Porém, caso este contrato seja pactuado por período menor e, havendo continuidade do 
serviço, terá de ser prorrogado até completar os 90 (noventa) dias. Como não houve nenhuma 
tratativa a este respeito após os 45 (quarenta e cinco) dias, o contrato passou a vigorar 
tacitamente por tempo indeterminado, conforme assegura o art. 5º, § 2º, da Lei Complementar 
LC 150 de 2015. 
Nesse contexto, a Reclamante pleiteia que seu contrato de trabalho seja reconhecido, para 
todos os efeitos legais, por prazo indeterminado, e que sua dispensa seja reputada sem justo 
motivo, e que o reclamado seja condenado ao pagamento das verbas inerentes a essa espécie 
de contrato. 
 
b) DO AVISO PRÉVIO 
 
A empregada foi dispensada em 15.09.2015 sem o aviso prévio, tampouco receber a 
indenização correspondente, entre as verbas rescisórias. 
Em razão de ser o contrato de trabalho considerado por prazo indeterminado, e de a 
empregada ter sido dispensada sem justo motivo com menos de 01 (um) ano de serviço, a 
empregada faz jus ao aviso prévio de 30 (trinta) dias, como alude o art. 23, § 1º, da LC 150 de 
2015. Na falta de tal aviso prévio por parte do empregador, o empregado tem direito à 
indenização correspondente, com reflexos nas férias e terço constitucional, bem como no 
décimo-terceiro salário, de acordo com o art. 23, § 3º, do mesmo diploma legal. 
Portanto, a Reclamante requer o recebimento do aviso prévio de 30 (trinta) dias e os reflexos 
nas férias e terço constitucional, assim como no décimo-terceiro salário. 
 
 
c) DOS DESCONTOS 
 
O empregador descontava 25% (vinte e cinco por cento) do valor da alimentação consumida 
pela empregada e 10% (dez por cento) do salário a título de vale-transporte. 
Ora Excelência, o desconto de alimentação foi taxativamente vedado pelo legislador, por 
meio do art. 18, caput, da LC 150 de 2015. Além disso, o desconto de 10% (dez por cento) do 
salário a título de vale-transporte revela-se excessivo, pois o art. 4º, parágrafo único, da Lei 
7.418 de 1985 atribui a este desconto o valor de 6% (seis por cento) do salário base do 
empregado. 
Sendo assim, a Reclamante requer a devolução do desconto de 25% (vinte e cinco por cento) 
do valor da alimentação e da diferença de 4% (quatro por cento), descontada a mais do seu 
salário, durante todo o período trabalhado. 
 
 
d) DO INTERVALO INTRAJORNADA 
 
 
A empregada laborava de segunda a sexta-feira, das 07:00 h às 16:00 h, com 30 (trinta) 
minutos para descanso ou alimentação. 
Como não foi acordado expressamente o intervalo intrajornada de 30 (trinta) minutos, é 
obrigatória a concessão de, no mínimo, 01 (uma) hora, disciplina o art. 13, caput, da LC 150 
de 2015. Com efeito, a concessão parcial do intervalo intrajornada implica no pagamento do 
período total mínimo correspondente em forma de hora extra, com acréscimo de 50% 
(cinquenta por cento) sobre o valor da hora normal, segundo interpreta a Súmula 437, I, do 
Tribunal Superior do Trabalho (TST). 
Dessa forma, a empregada faz jus ao pagamento de 01 (uma) hora extra diária durante o 
período trabalhado e, por habitual, os reflexos sobre as férias e décimo-terceiro salário. 
 
 
e) DA JORNADA DIÁRIA 
 
A Reclamante trabalhava das 07:00 h às 16:00 h, com 30 (trinta) minutos de intervalo 
intrajornada, totalizando uma jornada diária de 08 (oito) horas e 30 (trinta) minutos. 
Cabe ressaltar que não houve qualquer referência em acordo escrito relativo a regime de 
compensação de horas, como exige o art. 2º, § 4º, da LC 150 de 2015, vez que a jornada diária 
ultrapassava as 08 (oito) horas diárias, em desacordo com o prescrito no caput deste mesmo 
artigo, ao limitar em 8 (oito) horas diárias a duração normal do trabalho doméstico. A não 
observância destas prescrições implica no direito de a empregada receber 30 (trinta) minutos 
diários a título de hora extra, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) superior ao valor 
da hora normal, em conformidade com o art. 2º, § 1º, do referido diploma. 
Assim, a Reclamante requer o pagamento de 30 (trinta) minutos diários de hora extra e os 
reflexos sobre as férias e décimo-terceiro salário. 
 
 
 
f) DO SERVIÇO EM VIAGEM 
 
 
A empregada viajou com a família por 4 (quatro) dias a trabalhar como babá das 08:00 h às 
17:00 h, com 01 (uma) hora de intervalo intrajornada. 
A trabalhadora, por acompanhar o empregador prestando serviços em viagem, faz jus ao 
recebimento de remuneração-hora de 25% (vinte e cinco por cento), no mínimo, superior ao 
valor do salário-hora normal, segundo dispõe o art. 11, § 2º, da LC 150 de 2015, percentual 
que deve prevalecer sobre as horas trabalhadas no período de viagem a serviço. 
Destarte, a Reclamante requer o pagamento de 25%(vinte e cinco por cento) sobre as 32 
(trinta e duas) horas trabalhadas no período da viagem. 
 
 
g) DA MULTA DO ART 477, § 8º, DA CLT 
 
A empregada foi dispensada em 15.09.2016 sem aviso prévio nem receber a indenização 
correspondente, entre as verbas rescisórias. 
Pelo fato de a empregada ter sido dispensada sem justo motivo, e da ausência do aviso prévio, 
tampouco o recebimento da indenização correspondente entre as verbas rescisórias, a 
Reclamante tem direito à multa do art. 477, § 8º, da CLT. É que o dispositivo do § 6º deste 
artigo impõe a quitação total das verbas, até o décimo dia da data da demissão, quando da 
ausência do aviso prévio, o que não ocorreu no caso em tela. 
Destarte, requer o pagamento da indenização no valor de um salário mensal, prevista no art. 
477, § 8º, da CLT. 
 
 
III. DO PEDIDO 
 
Diante dos fatos e fundamentos expostos, é o presente para requerer a procedência da ação, 
para o fim de condenar o Reclamado nos seguintes pedidos, que, quando couber, deverão ser 
acrescidos de correção monetária e juros: 
 
a) concessão, de plano, dos benefícios da justiça gratuita; 
b) que o contrato de trabalho seja reconhecido, para todos os efeitos legais, por prazo 
indeterminado, e que a dispensa da Reclamante seja considerada sem justo motivo; 
c) pagamento do aviso prévio de 30 (trinta) dias e os reflexos nas férias e terço constitucional, 
bem como no décimo - terceiro salário.....................................................R$...; 
d) devolução do desconto de 25% (vinte e cinco por cento) do valor da alimentação e da 
diferença de 4% (quatro por cento), descontada a mais do seu salário, durante todo o período 
trabalhado..................................................................................................R$...; 
e) pagamento de 01 (uma) hora extra diária durante o período trabalhado e, por habitual, os 
reflexos sobre as férias e terço constitucional, assim como no décimo-terceiro 
salário..........................................................................................................R$...; 
f) pagamento de 30 (trinta) minutos diários de hora extra e, por habitual, os reflexos sobre as 
férias e terço constitucional, bem como no décimo-terceiro 
salário...........................................................................................................R$...; 
g) pagamento de 25% (vinte e cinco por cento) sobre as 32 (trinta e duas) horas trabalhadas no 
período de viagem a serviço........................................................................R$...; 
h) pagamento da indenização no valor de um salário mensal, prevista no art. 477, § 8º, da 
CLT..............................................................................................................R$.... 
 
TOTAL DAS VERBAS LÍQUIDAS.......................................................R$.... 
 
 
IV. DA NOTIFICAÇÃO 
 
Requer, por fim, se digne Vossa Excelência a determinar a notificação do Reclamado para 
comparecer em audiência a ser designado por este digno Juízo e, nesta ocasião, apresentar 
defesa nos termos do art. 844 da CLT, combinado com o art. 336 do CPC, sob pena de revelia 
e confissão, conforme Súmula 74, I, do TST. 
 
 
V. DAS PROVAS 
 
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente o 
depoimento pessoal do Reclamado, que fica, desde já, requerido, bem como os de caráter 
documental, testemunhal, pericial e o que mais for necessário para elucidar os fatos. 
 
 
VI. DO VALOR DA CAUSA 
 
Dá-se à presente causa o valor de R$............. 
 
 
Nesses termos, 
 
Pede deferimento. 
 
Local e data. 
 
Advogado/OAB

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