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Resumo da parte 3 de Formação econômica do Brasil - Celso Furtado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E 
CONTABILIDADE 
DEPARTAMENTO DE TEORIA ECONÔMICA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS 
 
 
 
 
 
ELIZABETH DA COSTA HENRIQUE 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHAMENTO: FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL – CELSO FURTADO 
PARTE III – ECONOMIA ESCRAVAGISTA MINEIRA 
SÉCULOS XVIII 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2018 
CAPÍTULO XIII 
POVOAMENTO E ARTICULAÇÃO DAS REGIÕES MERIDIONAIS 
 
RESUMO: 
 
Com a desvalorização da cultura açucareira, a economia da colônia sul-
americana portuguesa — e até mesmo da Metrópole — passou a sofrer uma 
progressiva deterioração, agravada pelo significativo crescimento da 
concorrência no mercado por parte dos ingleses e franceses. Segundo Furtado 
(2007), o destino da colônia, em fins do século XVII, era incerto, pois a mesma 
estava a gerar mais custos do que ganhos. Era imprescindível encontrar uma 
nova justificativa econômica para o subcontinente colonial: extração de metais 
preciosos. Os governantes portugueses logo viram os conhecimentos que os 
colonos de Piratininga adquiriram com a caça indígena como ideais nessa busca, 
contudo lhes faltava conhecimento técnico que foi, então, providenciado pela 
Metrópole. 
 
A descoberta do ouro, e sua necessidade de pouco investimento visto que 
a exploração era feita em pequenas minas, logo atraiu uma grande massa 
portuguesa. Com isto, neste período a população europeia na colônia chegou a 
decuplicar. Também houve um grande fluxo migratório vindo de Piratininga. Já 
a mão de obra escrava veio, em grande parte, do Nordeste brasileiro. 
 
Embora, assim como na cultura açucareira, a economia mineira se 
baseasse no trabalho escravo, as estruturas sociais destas eram completamente 
diferentes: os escravos mineiros detinham maior autonomia e liberdade para 
transitar em ambientes sociais diferentes, podendo até mesmo comprar a própria 
liberdade por meio de seu trabalho. 
 
Outra forte diferença diz respeito à probabilidade de ascensão social dos 
homens livres. Na economia açucareira, esta era praticamente nula para as 
classes mais baixas, e com sua decadência, este passou a constituir um grande 
problema, pois tais classes passaram a serem cada vez mais baixas. Já na 
economia mineira a ascensão social era mais presente dada a baixa 
necessidade de investimento e alta lucratividade da mineração. 
 
Enquanto os donos dos engenhos mantinham uma relação fixa com as 
suas terras, a própria natureza da empresa mineira não permitia esse tipo de 
ligação, sendo constituída para estar em constante movimento com o emprego 
de todos os meios possíveis em prol de seu próprio desenvolvimento. Segundo 
Furtado (2007), a combinação da incerteza e correspondente mobilidade da 
empresa, alta lucratividade — maior no período inicial — e correspondente a 
especialização é a marca da organização de toda a economia mineira. A 
excessiva concentração de recursos na mineração acarretava em grandes 
problemas de abastecimento nessas regiões, provocando um aumento 
significativo nos preços de alimentos e animais de transporte nas regiões 
vizinhas, o que ocasionou uma difusão substancial dos benefícios econômicos 
provindos atividade mineradora. Seus efeitos, por exemplo, foram sentidos tanto 
nos preços dos bovinos do sul como do nordeste, devido ao deslocamento de 
rebanhos nordestinos para as zonas de mineração, aumentando os preços 
destes também para os donos de engenhos — “razão pela qual provocou fortes 
reações oficiais e tentativas de interdição”. 
 
Devido a sua localização, longe da região portuária, e dispersão em região 
montanhosa, a população era totalmente dependente de uma estrutura eficaz de 
transporte realizada por um ampla tropa de mulas, essas eram parte fundamental 
de todo este processo, desde o abastecimento funcional até o encaminhamento 
do produto final ao destino. Devido à alta valorização deste meio de transporte 
nasceu um importante mercado paralelo de abastecimento — sendo o Rio 
Grande do Sul seu principal fornecedor. 
 
Ao “considerarmos em conjunto a procura de gado para corte e de muares 
para transporte”, as proporções do mercado da economia mineira, no século 
XVIII, ultrapassam aquelas da economia açucareira em auge, provocando o 
interdependência de diferentes regiões — que antes viviam independentemente 
num regime de subsistência —, “especializadas umas na criação, outras na 
engorda e distribuição e outras constituindo os principais mercados 
consumidores”. 
 
FICHAMENTO: 
 
Como se deu o povoamento e a articulação das zonas meridionais 
da colônia sul-americana portuguesa mediante a descoberta de ouro? 
 
1. A decadência da cultura açucareira levou a retomada da busca por 
metais preciosos com a ajuda dos governantes portugueses; 
2. O conhecimento dos paulistas, que conheciam bem o sertão 
nordestino, é empregado na procura por metais preciosos, com a 
providência de conhecimento técnico fornecido por Portugal; 
3. Primeira migração espontânea de Portugal para o Brasil. Gente de 
poucos recursos era atraída à colônia em busca de enriquecimento 
rápido; 
4. Escravos nunca foram maioria da população mineira. Podiam 
trabalhar por contra própria e alcançar a liberdade (comprando-a); 
5. Maior mobilidade social em relação ao Complexo Nordestino 
Açucareiro; 
6. A combinação de incerteza e correspondente mobilidade da 
empresa, alta lucratividade e correspondente a especialização é a 
marca da organização de toda a economia mineira; 
7. Desenvolvimento da Pecuária no Sul, com feira de muares em 
Sorocaba-SP; 
8. Sistema de transporte mais complexo, formado em grande parte pela 
forte utilização de mulas, devido à grande distância do litoral e à 
configuração topográfica da região, criando um enorme mercado 
para animais de carga; 
9. Interdependência com regiões mais ao Sul (São Paulo, Santa 
Catarina, Rio Grande do Sul e Sacramento). 
 
CAPÍTULO XIV 
FLUXO DE RENDA 
 
RESUMO: 
 
No início deste capítulo, Furtado (2007) localiza a base geográfica da 
economia mineira “numa vasta região compreendida entre a serra da 
Mantiqueira, no atual estado de Minas, e a região de Cuiabá no Mato Grosso, 
passando por Goiás”. Em algumas regiões não havia fixação populacional dada 
a rápida extração de todo o minério, noutras de extração mais difícil ou mais ricas 
em metais preciosos, o fluxo e refluxo populacional se dava de forma mais lenta 
favorecendo um “desenvolvimento demográfico mais regular e a fixação 
definitiva de núcleos importantes de população”. As zonas mais ricas 
apresentavam uma curta vida produtiva com rápida elevação e declínio de renda, 
dado o rápido esgotamento de seus depósitos de aluvião. 
 
A exportação de ouro foi crescente na primeira metade do século XVIII, 
alcançando seu ápice em 1760 e declinando rapidamente desde então. Segundo 
Furtado (2007), o período de maior prosperidade da economia mineira ocorreu 
entre 1750 e 1760, considerando-se que nessa época “o total da renda anual da 
economia mineira não seria superior a 3,6 milhões de libras” e que sua 
população livre não seria inferior a 300 mil pessoas, a renda média era 
significativamente inferior à alcançada durante o período de prosperidade da 
economia açucareira. Vale salientar que esta renda era muito menos 
concentrada do que a da economia açucareira, que ficava em grande parte na 
mão dos donos de engenhos, além disto as importações representavam uma 
menor parcela do dispêndio total da região mineira, cujo mercado apresentava 
maiores potencialidades.Dada a maior pulverização da renda, as importações 
se concentração numa diversidade maior de bens, em geral, de consumo 
corrente, diferentemente do que ocorria na economia açucareira, cuja 
importações se concentravam em bens de consumo de luxo e bens de capital. 
Outros pontos suscitados por Furtado (2007) dizem respeito ao agrupamento 
populacional, ainda que disperso, em centros urbanos e semi-urbanos, e ao 
encarecimento das importações dada às grandes distância entre as regiões 
mineiras e os portos. Ainda que tais características fossem mais propícias para 
o “desenvolvimento de atividades ligadas ao mercado interno” do que fora na 
região açucareira, tal desenvolvimento não ocorreu; Furtado (2007) atribuí esta 
falta de implementação ponderável de manufaturas na região mineira à 
incapacidade técnica dos imigrantes. 
 
Com o declínio da cultura açucareira, Portugal que, assim como a colônia, 
dependia fortemente da importação de produtos manufaturados, passa a 
fomentar a instalação de manufaturas, importar mão de obra especializada e 
criar medidas protecionistas; chegando, a partir de 1684, a praticamente abolir 
as importações de tecidos. Contudo os produtores e exportadores de vinhos 
portugueses constituíam o grupo dominante do país, conseguindo criar a 
pressão necessária para que Portugal aceite assinar com a Inglaterra, em 1703, 
o Tratado de Methuen. Assim, em troca de privilégios alfandegários aos vinhos 
portugueses na Inglaterra, em detrimento aos franceses, Portugal retira o 
embargo às importações de tecidos ingleses, destruindo sua indústria nascente. 
 
Não fosse por essa falta de conhecimento técnico da população 
portuguesa, esse conhecimento teria se transferido para o Brasil. Todavia, 
Furtado (2007), atribuí à própria atividade mineradora brasileira boa parcela da 
responsabilidade pelo não desenvolvimento da atividade manufatureira em 
Portugal. Se a Metrópole tivesse enfrentado na primeira metade do século XVIII, 
a mesma dificuldade econômica ocorrida no século anterior, com forte 
desvalorização cambial, as importações de vinhos seriam incapazes de 
equilibrar sua balança comercial, levando ao agravamento dos problemas 
econômicos e provocando a retomada do protecionismo. O fato de a extração 
áurea brasileira iniciar-se na mesma época em que fora assinado o Tratado de 
Methuen, própria as condições necessárias para que o mesmo vigore. Com isto, 
o efeito multiplicador do ouro português é transferido, em grande parte, para a 
Inglaterra — a grande fornecedora de manufaturas para a colônia e para a 
Metrópole. 
 
Tal transferência de ouro para a Inglaterra garantiu-lhe tanto a 
acumulação de capital necessária para os investimentos tecnológicos em sua 
manufatura, quanto para o fortalecimento de seu setor bancário — “operando-se 
a transferência do centro financeiro da Europa de Amsterdã para Londres” —, 
além de possibilitar-lhe atravessar as guerras napoleônicas com tais reservas 
metálicas acumuladas. 
 
 
 
 
FICHAMENTO: 
 
Quais as características e consequências do fluxo de renda gerado 
pela mineração no Brasil colonial? 
 
1. Base econômica entre a Serra da Mantiqueira, Cuiabá e Goiás; 
2. Ápice da exportação de ouro em 1760, seguido por rápido declínio; 
3. Mercado com maiores potencialidades do que na economia 
açucareira; 
4. Renda média menor e menos concentrada do que na economia 
açucareira; 
5. População mais reunida em núcleos urbanos e semi-urbanos; 
6. Importações mais diversificadas, se concentrando em bens de 
consumo corrente; 
7. Encarecimento das importações devido às grandes distâncias das 
zonas mineiras em relação aos portos; 
8. Nenhum desenvolvimento manufatureiro; 
 
Quais consequências do ouro brasileiro sobre a economia portuguesa e 
inglesa? 
 
9. Portugal, baseado no ouro brasileiro, também não desenvolveu 
manufaturas, comprando-as da Inglaterra; 
10. Inglaterra é a grande beneficiada pela extração áurea brasileira; 
11. Inglaterra passou a conseguir saldar suas dívidas relacionadas a 
matérias primas no norte da Europa através da venda de produtos 
manufaturados para Portugal e Brasil; 
12. Forte investimento inglês em suas manufaturas com o ouro 
brasileiro; 
13. Bancos Ingleses fortalecem sua posição. Também crescem as 
reservas monetárias, que seriam essenciais nas Guerras 
Napoleônicas. 
 
CAPÍTULO XV 
REGRESSÃO ECONÔMICA E EXPANSÃO DA ÁREA DE SUBSISTÊNCIA 
 
RESUMO: 
 
Não foram consolidadas outras formas de atividade econômica nas 
regiões de mineração – com exceção de alguma agricultura de subsistência. Em 
consequência, com o declínio da produção de ouro, veio a decadência 
econômica da região. 
 
A decadência se deu por uma gradual diminuição do capital aplicado no 
setor minerador. Assim, o sistema atrofiou e, com a vã esperança de encontrar 
ouro, os investidores não realocaram seu capital em meios mais seguros. A 
atividade mineradora foi perdendo vitalidade até desagregar-se numa economia 
de subsistência. Furtado (2007), atribuí essa persistência de investimentos num 
sistema decadente à pouca complexidade da economia mineira. 
 
A Austrália enfrentou problema similar com a queda da atividade 
mineradora. A solução, neste caso, foi redirecionar os investimentos para a 
precoce industrialização do país, reaproveitando o contingente operário deixado 
pela decadente atividade mineradora. 
 
No Brasil, o desfecho foi bem diferente. Uns poucos decênios foram o 
suficiente para que se desbaratasse toda a economia da mineração, decaindo 
os núcleos urbanos e dispersando-se numa economia de subsistência. Essa 
numerosa população encontrou espaço para expandir-se num regime de 
subsistência e constituiu um dos principais núcleos demográficos do país. 
 
A expansão demográfica prolongou-se num processo de atrofiamento da 
economia monetária. A população converteu-se em uma massa totalmente 
desarticulada, trabalhando com baixa produtividade numa agricultura de 
subsistência. 
 
 
FICHAMENTO: 
 
Quais as consequências do declínio da economia mineira? 
 
1. Não houve tentativas sérias de solucionar a falta de ouro, como 
aconteceria na Austrália, um século depois; 
2. Fricções sociais menos graves, devido à existência do trabalho do 
escravo; 
3. Maior perda para aqueles que investiram grande capital em 
escravos; 
4. Rápida involução econômica e adoção do regime de subsistência 
na região.

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