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Ensaio O Cobrador.docx

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA – CAMPUS CABO FRIO
JUSTIÇA PARTICULAR EM “O COBRADOR” DE RUBEM FONSECA
MARIANA DOS SANTOS CARVALHO
CABO FRIO – 2018
1.Introdução e Desenvolvimento.
Em “O Cobrador” vemos um sujeito sem nome narrando seus atos em primeira pessoa e buscando justiça com as próprias mãos. Não qualquer justiça, mas aquela íntima, aquela cujos meios são irrelevantes e a real importância é a autossatisfação.
Antes de chegarmos à segunda página, já presenciamos um embate entre nosso protagonista e um dentista cujo serviço ele se nega a pagar. Como forma de justificar o ato de negar-se ao pagamento, destruir o consultório e acertar o profissional na perna, ele simplesmente aduz:
“ Odeio dentistas, comerciantes, advogados, industriais, funcionários, médicos, executivos, essa canalha inteira; Todos eles estão me devendo muito.”(FONSECA, 1979,p.162) e ainda “eu não pago mais nada! Cansei de pagar! [...] agora eu só cobro!” (FONSECA, 1979, p. 162) E neste momento, se parássemos a leitura provavelmente, ficaríamos com a impressão de que o crédito que ele busca é monetário. Contudo, não é bem assim. 
Mas o quê o personagem busca nos perguntamos. Quem lhe deve? O quê lhe é devido? De acordo com nosso protagonista muitas coisas lhe são devidas, algumas que jamais cruzariam a minha mente:
“[...] está todo mundo me devendo! Estão me devendo comida, buceta, cobertor, sapato, casa, automóvel, relógio, dentes, estão me devendo” (FONSECA, 1979, p. 162).
“Tão me devendo colégio, namorada, aparelho de som, respeito, sanduíche de mortadela no botequim da rua Vieira Fazenda, sorvete, bola de futebol” (FONSECA, 1979, p.163).
“Estão me devendo xarope, meia, cinema, filé mignon e buceta” (FONSECA, 1979, p.168). 
“Estão me devendo uma garota de vinte anos, cheia de dentes e perfume” (FONSECA, 1979, p. 175)
Dando seguimento à leitura verificamos que o buscado é o mínimo para a subsistência e afirmação da dignidade da pessoa. O requerido é, a grosso modo, dignidade, saúde, lazer e educação. Nada mais, nada menos.
O conflito é instalado quando o protagonista se autonomeia “justiceiro” e passa a efetuar as “cobranças”, sendo a única forma de pagamento a vida da pessoa cobrada. Não há outra moeda. Todos que possuem algo que ele almeja passam imediatamente para sua lista de devedores e a cobrança pode ser efetuada a qualquer momento. É notório o prazer que o protagonista extrai dos seus atos, já que premedita os meios e busca aprimorar os já utilizados.
O ápice da vida do nosso protagonista sem nome fica por conta do encontro com Ana que, além de aceitar seus atos, o orienta quanto a formas mais eficazes de revoltar-se contra o sistema, assim como quanto aos reais responsáveis pela fomentação e manutenção das desigualdades que tanto o afetam. 
No fim verificamos que tudo que ambos queriam era ser notados:
“Explodirei as pessoas, adquirirei prestígio, não serei apenas o louco da Magnum.”(FONSECA, 1979, p.180)
“O mundo inteiro saberá quem é você, quem somos nós, diz Ana.”(FONSECA, 1979, p.180)
2.Conclusão:
No decorrer do texto, o cobrador atira em um homem dirigindo um Mercedes, em um contrabandista vendendo armas, em um jovem casal rico, em um executivo e, finalmente, estupra uma mulher. 
Em todos esses casos, os crimes são contra pessoas que possuem algo que ele não possui. Não importa se conversível em moeda ou não. Existem apenas dois momentos em que ele não recorre à violência. O primeiro é com uma mulher que ele descreve como “fodida”(FONSECA, 1979, p.168) e decide que ela não lhe deve nada. O segundo é com a jovem e rica Ana (potencial suicida) que ele toma como algo que lhe é devido e, assim, não a faz mal.
No fim, nossas ações, como as do cobrador são pautadas pelos princípios de justiça nos quais acreditamos. Retirando a vida das pessoas que ele acreditava estarem usurpando algo dele, o cobrador, ao seu modo fez “justiça”.
Contudo, me pergunto se a força motriz de seus atos não tenha sido a inveja. Desde o princípio nosso protagonista proclama que todos lhe devem; o que me faz concluir que a sequência de eventos que presenciamos, nada mais foi do que o desfecho da fúria de alguém que não queria/aceitava jogar com as cartas que lhe foram dadas.
3.Referências:
LANNA, Teresa Duarte. Análises Literárias. Disponível em: http://www.escoladavila.com.br/blogs/analisesliterarias/?p=71 acesso em 29 de ago. de 2018.
BEVACQUA, Dan. Ruben’s Fonseca “ The Taker” and other Stories. Disponível em: https://www.wordswithoutborders.org/book-review/rubem-fonsecas-the-taker-and-other-stories Acesso em 30 de ago. de 2018.

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