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A Arte do Artesanato Brasileiro

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A Arte do Artesanato Brasileiro
Editora Talento, São Paulo, S.P. 2002
Programa do Artesanato Brasileiro – PAB
Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior
Acre 
A melhor época para conhecer o estado do Acre é no verão amazônico, entre março e setembro, quando a chuva é menos intensa. Só então é possível aproveitar o que o estado tem de melhor. Refrescantes banhos em praias ribeirinhas, desfrutando de uma natureza exuberante. Aventurar-se na floresta em lugares como a serra do Moa, onde a vegetação permanece intocada e repleta de cachoeiras de águas límpidas e , claro, conhecer a capital, Rio Branco, passear por seus antigos casarios ou visitar o parque ecológico Chico Mendes, onde é possível apreciar animais em seu hábitat. No final da tarde, nada como um pedaço de torta de banana-da-terra ou bombons de cupuaçu, para levar na lembrança, além das paisagens, o sabor acreano.
É marcante a influência indígena sobre o artesanato do Estado mais ocidental da Amazônia. Essa tendência se manifesta por meio da confecção de utensílios, cestas, objetos de decoração, instrumentos musicais, tecelagem e armamentos, que ganham formas coloridas e criativas por intermédio das mãos dos índios das tribos Ashaninka, Apurinã e Kaxinawá. As sementes da jarina, também conhecida como marfim vegetal, por sua resistência, e as de açaí, patuá, pucumã, olho-de-boto e lágrima-de-santa-maria, ao lado das fibras naturais como palha, cipó-titica, cipó-timbó e cipó-ambé, estão entre as matérias-primas mais utilizadas. A flora, sempre generosa na região, ainda oferece ouriços de castanha-do-brasil, cipós, raízes, restos de madeira e bambu. Os habitantes da floresta foram buscar no látex – o leite as seringueira – inspiração para criar pequenas réplicas de animais e de paisagens do seu dia-a-dia. A tradição no manuseio da borracha também permitiu o desenvolvimento do couro vegetal, ou ecológico, produzido a partir de um tecido de algodão puro, banhado em látex natural, depois defumado e vulcanizado. A marchetaria – arte de incrustar, embutir ou aplicar peças recortadas de sobras de madeira – também é uma das marcas registradas do artesanato acreano. Os objetos vêm do Município de Cruzeiro do Sul e retratam as paisagens e o cotidiano da vida local.
Alagoas
Famoso pela beleza de seu litoral pontuado por lagoas e mangues, o estado de Alagoas encanta por suas paisagens tropicais e pela hospitalidade generosa de seu povo. Margeada pela imensa lagoa de Mundaú e banhada pelas águas do Atlântico, Maceió, a capital, é uma das cidades mais visitadas do Nordeste. Suas praias e sua culinária rica e saborosa, à base de frutos do mar são os principais atrativos. Apaixonante, Alagoas não é sinônimo só de sol e mar. Tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional, a cidade de Marechal Deodoro, berço do primeiro presidente do Brasil, guarda um precioso acervo arquitetônico e histórico da época.
Rico e cheio de tradição, assim é o artesanato de Alagoas. Rendas e bordados são sinônimos desse estado hospitaleiro, onde o sol brilha o ano inteiro. Nos municípios de Marechal Deodoro, Pontal da Barra, Fernão Velho, Coqueiro Seco e Santa Luzia do Norte, bordadeiras criam delicados trabalhos em renda filé. São panos de mesa, colchas, toalhas, fronhas e peças do vestuário que nascem do ofício transmitido de mãe para filha há gerações. Pontos como jasmim, girassol, olho-de-pombo, três-marias entre outros, desenham flores, frutas e formas geométricas em peças confeccionadas em teares ou em grades (quadrados de madeira onde são produzidas as redes de pesca). A renda de almofada, tecida com bilros de madeira e formada por filigranas delicadíssimas, dá forma a caminhos de mesa, blusas e adereços para a casa. É produzida principalmente na cidade rendeira de São Sebastião, a 130 quilômetros de Maceió, onde são raras as mulheres que não sabem fazer “cantar os bilros”. O fino bordado boa- noite, uma preciosidade produzida no município de Pão de Açúcar, localizado à beira do Rio São Francisco, também é muito procurado pela beleza de suas flores vazadas e de cores claras. A cestaria, herança indígena, vem dos municípios de Pontal do Coruripe, Piaçabuçu e Feliz Deserto. Já a tribo Kariri Xocó, nas proximidades do município de Arapiraca, faz objetos como machados, maracás, cachimbos, cocares e lindas tapeçarias tonalizadas com pigmentos naturais. Com madeira são feitos entalhes e esculturas que retratam imagens sacras, animais e tipos populares. Os traçados em palha de ouricuri e de taboa são conhecidos por sua leveza e pelos diferentes estilos que dão vida a cestas, bolsas, esteiras, chapéus e objetos utilitários.
Amapá
Situado no extremo norte do país, o estado do Amapá é praticamente todo coberto pela Floresta Amazônica. Vale a pena ser visitado pela riquesa de suas belezas naturais. Passeios de barco pelos igarapés e a pororoca na foz do Rio Araguari são espetáculos imperdíveis. A culinária saborosa com pratos à base do peixe pirarucu e o artesanato típico são fortemente influenciados pelas tradições indígenas ainda vivas. A capital, Macapá, é um convite constante a viagens inesquecíveis por uma das mais belas regiões do mundo. 
A cerca de 60 quilômetros de Macapá, brota uma das formas mais tradicionais do artesanato amapaense. É de lá que vem a cerâmica do Maruanum, uma das técnicas mais primitivas de confecção de loucas de barro, originária de um pequeno vilarejo de mesmo nome. Totalmente fabricada à mão, usando a força dos braços, a segurança dos pulsos e a agilidade dos dedos, as louceiras dão forma a panelas, refratários, pratos, tigelas e vasos de diferentes tamanhos. Bastante tradicionais também são os objetos de cerâmica ornados com pó de manganês, abundante no estado. O uso das fibras vegetais, graças à generosidade da natureza, também é significativo. Com forte influência indígena, móveis, cestas e objetos decorativos são criados a partir do trançado do cipó titica (vime), do sisal, da graxama, do tucumã e do buriti. Enfeitados com detalhes de cerâmica, raízes e sementes nativas, têm grande aceitação entre os turistas. O trabalho em madeira busca inspiração na riqueza da fauna amazônica, no cotidiano do caboclo e do indígena e nas paisagens ribeirinhas. Raízes, cascas, troncos de árvores e restos de madeira de cedro, louro, andiroba e mogno são entalhados e ganham acabamento com laca, tinta, graxa ou resinas naturais. Como seus irmãos do Norte, o artesanato do Amapá também manifesta traços da cultura indígena. As tribos Karipunas, originárias do município de Oiapoque, a Wayanã-Apalay, da Serra do Tumucumaque, e a Wayãpi, da reserva do Amapari, expressam com arte e beleza a história desse povo nativo. Com as fibras de miriti (buriti) e arumã, tecem cestos, leques, peneiras e objetos decorativos como vasos e instrumentos musicais. As peças são decoradas com figuras do repertório local e representam imagens como galhos de árvores, onças, andorinhas, lagartos, entre outras.Também são confeccionadas peças de cerâmica. Batizadas Oripó, são produzidas exclusivamente pelas mulheres das tribos. Sua tonalidade não foge aos tons da terra. O acabamento da pintura é feito com fios de cabelo da própria índia, que servem como pincel.
Amazonas
Paraíso do ecoturismo, o estado do Amazonas fascina por sua beleza tropical e exótica. Anualmente atrai milhares de visitantes que chegam para conhecer a maior biodiversidade do planeta, famosa pela exuberância de sua fauna e flora. A bacia amazônica, uma gigantesca rede formada pelo Rio Amazonas e seus inúmeros afluentes, concentra um quinto de toda a água doce do planeta. O estado do Amazonas possui em suas florestas mais de 5 mil tipos de plantas de rara beleza. A influência das tradições indígenas deixa suas marcas na culinária e no artesanato, conhecidos por sua riqueza de cores, aromas e sabores. 
A arte indígena traduz as manifestações culturais de tribos que habitam as margens do Alto Rio Negro. Pelas mãos dos índios Tukano, Baniwa e Tariana, cascas de árvores,fibras naturais, sementes nativas, ossos de animais, madeiras e cipós transformam-se em objetos para uso diário. A tala de arumã é a matéria-prima do tipiti, utensílio utilizado para espremer a mandioca ralada e extrair seu leite que se transformará em farinha. Também dá forma ao wã-ti – anel de noivado usado em cerimônias tribais.
Fibras como a juta e o tucum ganham um colorido todo especial com as tinturas vegetais e dão vida a redes, bornais e instrumentos musicais como o maracá. Apesar da forte presença indígena, os portugueses também deixaram suas marcas no artesanato manauara. Tal influência esá presente em artefatos de cerâmica originários principalmente do remoto vilarejo de Urucará. São potes, jarras e alguidares de uso utilitário ou ornamental com grande aceitação no mercado turístico. Por ser abundante na região, tanto em qualidade quanto em quantidade, a madeira ganha diferentes formas em entalhes e esculturas que retratam tipos regionais como o seringueiro, o indígena e figuras da crença popular. Máscaras, cenas folclóricas e a riqueza da fauna e da flora também são representadas. Do látex, matéria-prima farta no estado, surgem calçados, bolsas e pastas. Embarcações levíssimas de todas as cores e tamanhos nascem da palmeira do buriti e lembram a magia e a beleza do Rio Amazonas.
Bahia
O mais populoso estado do Nordeste possui uma das maiores faixas litorâneas do país. Emoldurado por praias e coqueirais a perder de vista, encanta por sua hospitalidade generosa e pela beleza de sua paisagem. A culinária de sabores picantes, o sincretismo religioso e o artesanato rico são o resultado da mistura de tradições indígenas, portuguesas e, principalmente africanas. Primeira capital do Brasil até 1763, Salvador foi construída debruçada sobre a belíssima Baía de Todos os Santos. Sua arquitetura do período colonial, entremeada por ruas estreitas e ladeiras íngremes, é um dos cartões postais da cidade.
Linda, musical e mística, a Bahia encanta por seu artesanato enraizado na herança cultural dos africanos, índios e portugueses. |Dessa mistura, brota uma arte popular única e autêntica. Peças em alpaca, cobre, folha-de-flandres e latão, também em ouro e prata, enfeitam os orixás do candomblé e os santos da igreja católica. Balangandãs feitos da mesma matéria-prima transformam-se em amuletos contra o mau-olhado e trazem a esperança do bom agouro. Os trabalhos de madeira também são muito populares. Em geral, as imagens representam igrejas, casarios, máscaras, figas e carrancas. Estas últimas merecem destaque. Vindas do Rio São Francisco, as carrancas são figuras colocadas na proa dos barcos, com feições assustadoras esculpidas em madeira. Criadas por volta de 1880, acredita-se que protejam as embarcações dos maus espíritos que habitam as águas. Dos cultos afro-brasileiros nasce uma profusão de colares de contas multicoloridas (guias), amuletos e vestimentas bordadas. Cabaça, madeira, ferro e couro dão vida aos atabaques, berimbaus, agogôs, kalimbas e a tantos outros instrumentos musicais que embalam as rodas de capoeira e os rituais de candomblé. Maragogipinho é considerada a maior comunidade ceramista do estado. É de lá que se originam os vasos avermelhados, de todas as formas e tamanhos, ornamentados com desenhos brancos e motivos florais ou arabescos. A cerâmica utilitária destinada ao cozimento ou armazenamento de alimentos existe praticamente em todos os municípios. O estado da Bahia é rico em peças rústicas como alguidares, potes e panelas. A tecelagem em teares manuais produz redes , colchas e tapetes nos tons naturais do algodão ou tingidos nas mais variadas cores.
Ceará
Conhecido como a terra da luz, o estado do Ceará é puro prazer. Sua costa com mais de 500 quilômetros abriga praias de tirar o fôlego. Entre elas, Jericoacoara, considerada uma das mais bonitas do mundo. Imensas dunas, coqueirais a perder de vista, falésias e lagoas fazem parte deste cenário inesquecível. A região das serras e chapadas surpreende por seu clima fresco e paisagens montanhosas. Fortaleza, a capital, é bonita e animada. Quem passa por lá não pode deixar de experimentar o delicioso baião-de-dois, mistura de arroz, feijão verde, manteiga da terra e queijo de coalho. 
Rico e cheio de tradição, o artesanato cearense mostra traços herdados das diversas culturas que ajudaram a formar o estado. Da influência européia vieram os belíssimos bordados e rendas. A renda da terra – ou de bilro – é uma das mais tradicionais do Ceará. Em frente às casas, mulheres de pescadores entrelaçam os fios sobre almofadas, formando desenhos delicados enquanto os bilros, peças de madeira onde a linha é presa, batem uns nos outros, produzindo uma melodia ritmada. No filé, a artesã compõe a peça com desenhos próprios, tecendo inicialmente a malha trançada com fio de algodão cru ou linha, que então é colocada na grade para ser trabalhada. Já a arte milenar do labirinto exige paciência. A criação de cada peça pede uma grade na qual a trama do tecido cru será desestruturada e reconstruída de acordo com a imaginação da bordadeira. Dos índios veio o trabalho com as fibras naturais. A técnica de trançado com a palha de carnaúba produz chapéus, bolsas, esteiras e objetos de decoração, muitas vezes tingidos em cores alegras. O couro cru é trabalhado moldando chapéus, vestimentas e calçados imprescindíveis para o dia-a-dia do sertanejo. A vida nas tribos também impulsionou o artesanato têxtil, que tem como principal característica a produção de redes e mantas de algodão. A cerâmica cozida, legado dos poucos africanos que viveram no Ceará, tem uma beleza rústica e original. Juazeiro do Norte reflete uma produção artesanal mais inspirada na religiosidade. Na terra do Padre Cícero, são produzidas peças de madeira e barro com a imagem do santo. Da natureza generosa vêm inúmeras tonalidades de areia. Trabalhadas com habilidade em garrafas de vidro, formam paisagens que encantam os turistas há décadas.
Distrito Federal
Centro político do país, Brasília – localizada no Distrito Federal – é uma cidade extremamente moderna. Fundada em 1960 para ser a capital do Brasil, é internacionalmente conhecida por suas ruas planejadas e pelo desenho arrojado de suas edificações - criações do arquiteto Oscar Niemeyer e do urbanista Lúcio Costa. Os jardins projetados pelo paisagista Burle Marx, emoldurados por um céu azul intenso, são um espetáculo à parte. Tamanha beleza, associada à simpatia de seu povo vindo dos quatro cantos do país, fazem de Brasília uma parada obrigatória para quem quer conhecer parte de nossa história.
O artesanato do Distrito Federal reflete a presença de muitas correntes migratórias que para lá afluíram durante a construção da capital do país. Vindos de vários lugares, os novos habitantes trouxeram na bagagem técnicas que se misturaram e se fundiram, originando uma produção diversificada e criativa, com forte perfil urbano. Uma das principais fontes de inspiração vem da abundância de matérias-primas existentes no cerrado – um tipo de paisagem comum no Planalto Central Brasileiro, marcado por clima seco, solo de vegetação rasteira e árvores baixas e retorcidas. É nesse cenário árido que podem ser encontradas sementes, folhas e flores de aparência rústica mas extremamente bonitas. Seu manuseio dá origem a diferentes tipos de arranjos ornamentais. Um dos mais conhecidos é a topiaria – bolas revestidas de folhas, flores e sementes. As flores do cerrado são trabalhadas em forma de buquês com uma grande variedade de cores e estilos. Muito populares, simbolizam uma das lembranças mais típicas de Brasília. Do traçado hábil de fibras vegetais, como babaçu, taboca e cipó, nascem santos, quadros, bonecos, cestas e até móveis. Das hastes da palmeira do buriti são confeccionados totens, objetos que, segundo crenças populares, trazem respeito, admiração, sorte e proteção para quem os possui. Cerâmica, tapeçaria, tecelagem, couro e madeira também têm seu espaço nesse mosaico colorido pela diversidade de influências que marcaa produção artesanal do Distrito Federal.
Espírito Santo.
Poucos estados têm uma paisagem tão rica e variada como o Espírito Santo. O litoral tem pelo menos 400 quilômetros de praias deliciosas que convidam ao sossego e a um bom peixe à beira-mar. No extremo-norte, localiza-se Itaúnas, famosa por sua beleza e pela dunas que alcançam até 30 metros de altura, a poucos quilômetros da capital, Vitória, está a região de montanhas, repleta de beija-flores, bromélias e orquídeas. Construída entre o mar e a montanha, Vitória merece uma visita. Estando por lá, vale a pena experimentar a famosa moqueca capixaba, regada com bastante azeite, coentro, tomate, cebola e urucum.
A panela de barro é um dos símbolos do artesanato capixaba. Há pelo menos 400 anos, a tradição é passada de mãe para filha, sendo sua origem ligada às raízes indígenas e africanas. O maior núcleo produtor encontra-se no bairro de Goiabeiras, em Vitória, seguido pelo Município de Guarapari, no litoral sul. Depois de moldadas, as peças são secas à sombra e queimadas em seguida.Após essa etapa, as panelas são pintadas de preto com uma vassourinha. A tintura usada, conhecida como tanino, é tirada da casca do mangue, que deixa as panelas resistentes e com sua coloração negra característica. Além de panelas, são produzidos tabuleiros para assar peixe, farinheiras, caldeirões e travessas. A cestaria vem do balneário de Marataízes. O cipó e a taboa – que crescem nos brejais - o piri – espécie de junco nativo – e o ubá são usados na produção de bolsas, esteiras, móveis brinquedos, samburás, floreiras e até quadrinhos. A palha do coco serve como tela para pequenos quadros. Um dos mais belos produtos artesanais do estado é o presépio na cuia – construído dentro de uma cabaça com estopa, flores e folhas secas. A arte de entalhar madeira e galhos de árvores é bastante difundida. Além de esculturas e instrumentos musicais, retrata animais da fauna brasileira e santos. Do reaproveitamento da madeira (marchetaria) surgem caixas, bandejas e objetos das mais variadas formas e modelos. O vasto oceano fornece conchas de inúmeras formas, cores e tamanhos, que servem de matéria-prima para a confecção de objetos delicados. A arte indígena sobrevive na Aldeia da Boa Esperança, no Município de Aracruz. Cestas coloridas de taquara, leques de palha com penas e armamentos são alguns exemplos dessa cultura milenar.
Goiás
O mais central dos estados brasileiros, Goiás surgiu no século XVII durante a corrida do ouro, quando seu território foi desbravado pelos bandeirantes. Sua paisagem abriga tesouros como a Chapada dos Veadeiros, um verdadeiro paraíso ecológico, encravado entre cânions, vales, chapadões e cachoeiras. Goiás velho, tombado pela Organização das Nações Unidas para Educação Ciência Cultura (UNESCO) como patrimônio da humanidade, encanta com suas ruas estreitas, calçadas com pedras irregulares, sobrados coloniais e igrejas barrocas. Goiás também é conhecido pela tradição de sua culinária, deliciosa e bem brasileira.
Precioso, o artesanato do estado de Goiás busca inspiração para sua arte na natureza e nas festas folclóricas. Da Serra Dourada vêm mais de 500 tonalidades diferentes da areia usada como matéria-prima pelos pintores locais na confecção de quadros retratando a cidade e suas paisagens. A cidade de Cristalina é o paraíso dos amantes de pedras multicores. Ametista, quartzo, ágata e cristal de rocha, em sua forma bruta ou lapidadas, são transformadas em sinos de vento, árvores, jóias, descanso para pratos e objetos decorativos. Com fortes raízes indígenas, a cerâmica em tons da terra é rústica e utilitária. A procissão do fogaréu, a maior festa religiosa de Goiás, dá origem aos farricocos. Esses bonecos encapuzados simbolizam os soldados que prenderam Jesus Cristo antes da crucificação. É de Pirenópolis, cidade rica em tradições, a cerca de 120 quilômetros da capital Goiânia, que vem grande parte da produção artesanal do estado. Os trabalhos destacam-se pela grande variedade de estilos e matérias-primas utilizadas. Roupas, cortinas e tapetes surgem de teares de madeira, em tramas únicas de rara beleza. A pedra de Pirenópolis, extraída dos arredores da cidade e muito usada na construção civil, transformada em objetos decorativos, é um símbolo da expressão artística da região. Da festa das Cavalhadas, realizada 45 dias após a Semana Santa na própria Pirenópolis, saem as máscaras coloridas que são vendidas o ano inteiro. Em diversos modelos e materiais, elas remetem à festa homônima realizada na Espanha para rememorar as batalhas que resultaram na expulsão dos mouros pelos cristãos. Sua originalidade e riqueza atraem turistas do mundo inteiro.
Maranhão
O estado do Maranhão é sinônimo de história e tradição. A capital São Luís, tombada como patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), conserva mais de três mil edificações dos séculos XVIII e XIX. Um passeio pelas ruas estreitas da cidade leva a casarões coloniais com fachadas de azulejos e sacadas de ferro, que mostram traços da colonização européia. A culinária da região revela a mistura da influência dos africanos, índios e europeus. O prato mais tradicional é o arroz-de-cuxá, que se come com peixe frito, torta de camarão ou mariscos. Saborosos, os doces de bacuri, banana, murici, goiaba e outras frutas regionais também fazem parte desta culinária variada e saborosa.
As festas populares, com sua beleza e originalidade, ainda estão muito vivas no Maranhão. A mais conhecida é a do bumba-meu-boi. Realizada anualmente em junho, conta a história de um boi que teve a língua cortada por um pai ansioso por satisfazer os desejos da mulher grávida.A festividade serve como inspiração a uma das expressões mais típicas do artesanato do estado: a confecção de miniaturas de barro de personagens ainda vivos na memória cultural maranhense. Além do bumba-meu-boi, são exemplos desta rica tradição, fofões, cazumbas, rodas de tambor e casinhas da roça. A arte de reproduzir embarcações aparece retratada em peças típicas, como a canoa costeira e o igarité, obedecendo rigorosamente às escalas e aos mínimos detalhes. Coloridas e levíssimas, não ficam nada a dever às suas versões originais. As festas folclóricas também inspiram a criação de uma infinidade de máscaras e chapéus, repletos de fitas, penas, ricamente bordados com canutilhos, paetês, vidrilhos e lantejoulas, quase sempre em padrões florais ou reproduzindo imagens sacras. O uso de fibras naturais, principalmente a de buriti, merece destaque. Técnicas de tecelagem e de trançado dão forma a peças decorativas e utilitárias como bolsas, chapéus, redes, toalhas de mesa e jogos americanos. A produção de azulejos pintados à mão reflete a tradição arquitetônica de revestimento dos sobrados do século passado. São bandejas, porta-jóias, mesinhas e quadros que retratam fachadas, casarões, ruas sinuosas e becos. O entalhe e o trabalho em madeira dão forma a santos e brinquedos que espelham a criatividade e o talento do imaginário popular.
Mato Grosso
Banhado por um grande número de rios, o estado do Mato Grosso é o paraíso da pesca. Peixes como pacu, piraputanga, pacu-peba, dourado e pintado são abundantes na região e ficam deliciosos acompanhados de banana-da-terra. A natureza generosa também merece destaque. A paisagem é marcada por chapadas e por áreas de planície, constantemente submersas pelas águas do Rio Paraguai e seus afluentes. O estado também abriga o Parque Nacional do Xingu, onde vivem tribos indígenas que preservam seus rituais. Um dos mais conhecidos é a Festa Anual do Quarup, celebração que presta uma bela homenagem aos seus antepassados.
O artesanato do Mato Grosso reflete a diversidade do seu povo, fruto da mistura de índios, negros e portugueses. A cerâmica, um dos seus cartões-de-visita, é produzida por artesãos das cidades de Várzea Grande, Poconé, Rondonópolis e Barra do Garças. Geralmente pintadas com tauá, barro líquido colorido abundante na região, aspeças de cerâmica ganham tonalidades que vão do vermelho ao terra. Maior produtor de algodão do país, o estado é conhecido pela riqueza de sua tecelagem que utiliza a matéria-prima para produzir tapetes, redes, caminhos-de-mesa e roupas. Confeccionadas em tear vertical, também conhecido como tear de parede, as peças apresentam traços das culturas indígena e portuguesa. O traçado de fibras vegetais, produzido principalmente pelos índios, é conhecido pela variedade das formas e pela beleza dos desenhos. Cestas, cadeiras, mesas e esteiras são confeccionadas com taquara, buriti ou urubamba, abundantes nas encostas de serras, à beira de córregos e pântanos. A arte indígena também se manifesta em brincos e colares de sementes, anéis, chapéus e objetos tribais. Instrumentos musicais de feitio rústico, como a viola de cocho, o ganzá e o mocho, embalam as festas populares, as toadas de cururu e os passos do siriri. Produzidos com madeiras conhecidas como ximbuva, sarã de leite, sarã d’água, piúva e cumbaru, fazem muito sucesso entre os turistas. O material também dá forma a esculturas, entalhes, peças decorativas e ao tradicional pilão, usado para fazer a deliciosa paçoca, à base de carne seca e farinha de mandioca socadas.
Mato Grosso do Sul
O Mato Grosso do Sul é um convite irresistível para os amantes da natureza. É a oeste do estado que se encontra a maior parte do Pantanal, um dos ecossistemas mais importantes do mundo. Reconhecido pela Organização das Nações Unidas para Educação ciência e Cultura (UNESCO) como patrimônio natural da humanidade, é emoldurado por savanas, cerrados, campos e matas naturais. É nesse cenário deslumbrante que vivem jacarés, capivaras, sucuris, onças-pintadas e uma grande diversidade de pássaros. A fartura de peixes nos rios faz da culinária uma atração à parte.
Criativo e colorido, o artesanato do Mato Grosso do Sul reflete a influência da segunda maior população indígena do país. Da etnia Terena, que habita as regiões de Aquidauana e Miranda, vem a cerâmica de mesmo nome. Utilitárias ou decorativas, as peças preservam a técnica primitiva de decoração. Para ilustração, é preparado o tauá, espécie de barro líquido nos tons branco e vermelho. As peças Kadiwéu, produzidas por tribos da Serra da Bodoquena, ganham detalhes em barro e resina vegetal extraída de árvores como pau-santo e angico. As figuras predominantes são bois, cavalos e grafismos, característicos de cada família, estampados em potes, pratos e vasos. Os Guarani-kaiwá são mestres em adornos com sementes, cestaria e tecelagem. A arte indígena serve de inspiração para as manifestações culturais populares. Os Bugres da Conceição, entalhes de madeira revestidos de cera de abelha e o Cavaleiro Guaicuru, são algumas das imagens com alusões tribais. A produção em madeira cria preciosidades como o carro de boi, gamelas, fruteiras e pássaros típicos do Pantanal, confeccionados em caixeta, ipê, cerejeira e mogno. As cidades de Campo Grande, Corumbá, Três Lagoas, Dourados e Aquidauana são grandes pólos de produção de cestaria e trançados. Tapetes, balaios, redes e cestas ganham forma graças ao hábil manuseio de matérias primas como palha de milho, capim, tucum, urubamba, salsaparrilha e junquilho do brejo. Miniaturas de bichos locais de crochê e delicadas peças bordadas em ponto cruz compõem a riqueza da produção artesanal de um dos estados mais bonitos do país.
Minas Gerais
Famoso por suas cadeias de montanhas imensas, vales muito verdes e grutas, o estado de Minas Gerais encanta seus visitantes. Suas principais atrações turísticas são as cidades históricas de Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, Sabará, São João Del Rei e Diamantina. Símbolos da memória do Brasil-colônia, guardam verdadeiros tesouros da arquitetura e da arte do século XVIII. Ruas estreitas, com calçamento em pedra, igrejas e casarões proporcionam uma verdadeira viagem pelo tempo. A culinária oferece pratos como feijão tropeiro e frango caipira com quiabo e angu. De sobremesa, os deliciosos doces de leite, goiaba ou abóbora.
A tradição de trabalhar com as mãos veio dos mestres portugueses que chegaram a Minas Gerais no século XVIII. Quando aqui desembarcaram, trouxeram na bagagem o conhecimento do trabalho em madeira que foi transmitido aos artesãos locais. Até hoje, esta tradição é mantida viva e produz peças de extraordinária beleza. Os mestres santeiros, inspirados nas personagens da arte sacra barroca, bastante difundida em Minas Gerais, extraem da madeira anjos, arcanjos, virgens e santos. O rosto de Jesus Cristo surge entalhado em dormentes. Móveis, animais e brinquedos, como a tradicional Maria-fumaça, ganham versões em madeira de diferentes tamanhos e modelos. Caixas de fósforos transformam-se em graciosos oratórios coloridos. O barro é moldado em forma de imagens de santos, presépios, potes, bilhas e vasos. Do vale do Jequitinhonha, que abrange pelo menos 80 municípios, vem um dos mais belos exemplares da cerâmica figurativa do Estado. São bonecos que representam o cotidiano dos moradores em suas diversas atividades: de amamentar os filhos a cenas de casamento. A trama habilidosa do algodão e da lã mantém viva a tradição da tecelagem. Colchas, toalhas e tapetes ganham motivos florais, pássaros ou traços geométricos. A pedra-sabão, um dos símbolos do Estado, ganha contornos na forma de imagens, cinzeiros, vasos e objetos decorativos. Assim é o artesanato mineiro: rico, bonito e eterno como suas montanhas.
Pará
O Estado do Para chama a atenção por sua natureza tropical. Famoso pela diversidade de sua fauna e flora, abriga plantas de todos os tipos e tamanhos, pássaros coloridos e grande variedade de espécies de peixes. Sua natureza privilegiada oferece praias, igarapés e lagos muito bonitos. Conhecida como cidade das mangueiras, a capital Belém merece uma visita, principalmente por suas edificações históricas datadas do século XVII e pelo mercado ver-o-peso. Na culinária, marcada por aromas e gostos fortes, destacam-se os peixes com molhos apimentados e o pato no tucupi, prato em que a ave é servida com molho de mandioca e ervas.
Uma das expressões mais conhecidas do artesanato paraense é a cerâmica Marajoara. Produzida de forma rudimentar com argila, caracteriza-se pela exuberância e variedade decorativa enriquecida pela utilização de pintura colorida. A maior parte da produção vem da Ilha de Marajó, a 4 horas de barco da capital Belém, e do Distrito de Icoaraci. É lá também que são produzidas as belas cerâmicas Tapajônica e a de Maracá. O Município de Ponta de Pedras é o maior produtor de peças em miniatura do Estado. O artesão encontra na natureza uma grande aliada para a sua arte. As folhas do miriti, conhecida em outros pontos do Brasil como buriti, servem como base para a criação de cestos, balaios quadros e brinquedos como animais da floresta, casinhas e barquinhos multicoloridos. O manuseio habilidoso da tala de arumã, do cipó titica e do apuí leva à produção de cestas, bolsas, arranjos e porta-revistas. A cabaça, também conhecida como cuia, é muito utilizada na confecção de vasilhas, instrumentos musicais, máscaras e brinquedos. Animais, como o boto, a cobra e a tartaruga, são confeccionados com a balata, seiva natural semelhante ao látex. O chifre do búfalo – muito comum na Ilha de Marajó – ganha novos contornos na forma de pequenas esculturas. A riqueza do trabalho em madeira está diretamente ligada à grande diversidades de espécies encontradas no Pará, entre as quais destacam-se mogno, pau-roxo, Angelim e cedro. A arte indígena fornece belos exemplares de uma tradição ainda viva no Norte do País.
Paraíba
Recortado por praias de águas tranqüilas, areia fina, pequenas enseadas e coqueirais a perder de vista, assim é o Estado da Paraíba. É lá na Ponta do Seixas, no extremo leste da América do Sul, que o sol nasce primeiro no País. A 427 quilômetros da capital, João Pessoa, o Vale dos Dinossauros merece uma visita. No local, pesquisadores encontraram pegadas de animais pré-históricos de 130 milhões de anos.A culinária é uma atração à parte. O cuscuz, a pamonha e o baião-de-dois são pratos característicos.
O artesanato paraibano vai buscar nas raízes populares o prazer da brincadeira inocente com carrinhos de madeira e bonequinhas de pano. Nos municípios de campina Grande e Itabaiana, artesãos transformam madeira e lata em caminhões, cavalos-de-pau e bonecos como o conhecido mané-gostoso, que tem as pernas e os braços movimentados por meio de cordões. As bonecas feitas com retalhos, fitas, espigas de milho e lã – conhecidas como bruxinhas – são muito populares. Confeccionadas principalmente na cidade de Esperança, fazem parte de uma tradição secular no Nordeste. Suas redes são famosas pela intensidade de tons e pela riqueza de detalhes das varandas – guarnição franjada, costurada ao longo dos lados da peça. Originários em grande parte do Município do Boqueirão, os modelos vão dos mais rústicos aos mais elaborados, com franjas e varandas em crochê ou macramé. Mantas e tapetes de algodão nascem do trabalho habilidoso em teares manuais. Concentrada nos municípios da região da seca, a produção da renda renascença é sinônimo do talento das bordadeiras da Paraíba. Delicada e trabalhosa, é feita com agulha comum de pregar botão e fitilho, baseada em um desenho aplicado sobre papel grosso. O ofício minucioso do labirinto dá forma a peças delicadas para cama, mesa e banho. Quadros, móveis, objetos e peças de vestuário em couro bovino ou caprino fazem muito sucesso entre os turistas. Rico e variado, o artesanato da Paraíba também busca na cerâmica, na estopa e nas fibras naturais sua fonte de inspiração.
Paraná
Este é o Estado das mundialmente famosas Cataratas do Iguaçu que atraem mais de 700 mil visitantes por ano. Também é onde está localizado o Parque Estadual de Vila Velha, no Município de Ponta Grossa, repleto de esculturas rochosas resultantes da erosão pela chuva e pelo vento. O litoral é marcado por ilhas, baías e pela vegetação abundante. Curitiba, a capital, também merece uma visita. Cidade conhecida por oferecer uma excelente qualidade de vida aos seus habitantes, investe na propagação de áreas verdes e na vida cultural.
Ir ao Paraná e não comprar pelo menos uma pêssanka é uma pena. Trazida para o Brasil pelos ucranianos e poloneses, a arte de pintar ovos à mão produz peças encantadoras. Cada desenho tem um significado: as folhas, por exemplo, são símbolos de fartura e prosperidade. Flores – amor e caridade. Estrelas – longevidade e fortuna. A variedade de traçados é enorme e, não raro, os ovos tornam-se peças de coleção. As fibras naturais, como a taboa, a palha de milho, de bananeira e de trigo, transformam-se em pequenos espantalhos – símbolo do artesanato local – e delicadas camponesas, que são uma homenagem às imigrantes italianas e do leste europeu que habitam o sul do País. A madeira abundante é a matéria-prima para objetos de bom gosto. As populações indígenas, remanescentes no estado, se dedicam à confecção de imagens de animais da floresta, como o jacaré e o tamanduá. Caixas, travessas e vasos em marchetaria – a arte de incrustar, embutir ou aplicar peças recortadas de sobras de madeira – são as peças artesanais mais características do Paraná. Troncos retorcidos transformam-se em lápis de cor, bonecos e esculturas. A mistura inovadora de palha de milho com madeira cria produtos de rara beleza. Embarcações, móveis e objetos decorativos também têm grande aceitação entre os turistas. No Município de Tibagi são feitas peças de crochê, bordados em ponto cruz e, principalmente, trabalhos de lã de carneiro. A cerâmica rústica produz utensílios para a cozinha como telhas para assar o peixe e panelas ara o barreado – prato caboclo típico, originário do litoral do Estado.
Pernambuco
Localizado na região Nordeste, o Estado de Pernambuco é conhecido pela riqueza das festas folclóricas e pelo belo litoral com praias de areia fina e água esverdeada. Olinda, uma das cidades mais visitadas do Estado, encanta por suas casas antigas, igrejas, conventos e ruas estreitas que mostram traços da colonização européia. A cerca de 500 quilômetros da costa, fica o arquipélago de Fernando de Noronha. O santuário ecológico é famoso pela natureza generosa pontuada por corais, aves marinhas e peixes de todas as cores. Especialidades da culinária como a carne-de-sol com feijão verde e a tapioca com coco deixam um gostinho de quero mais.
O artesanato pernambucano é rico, colorido e cheio de beleza. Uma das matérias-primas mais utilizadas é a argila. O Município de Caruaru é sinônimo de cerâmica figurativa, aquela que representa personagens da cultura popular pernambucana como vaqueiros, cangaceiros, tocadores de pífaros e retirantes. As cidades de Tracunhaém e Goiana são famosas por suas imagens de barro. É muito grande a variedade de artigos produzidos com fibras vegetais como o sisal, a folha de carnaúba, de bananeira, ouricuri, catolé e buriti, entre outras. Bolsas de diversos modelos e cores, cestos, chapéus, esteiras e objetos decorativos estão entre as peças produzidas. O couro, tanto o bovino quanto o caprino, também é muito usado pelos artesãos. Depois de curtido, é costurado e transformado em sandálias, chinelos, carteiras e chapéus. A mistura divertida de papel, tinta e cola dá origem aos famosos mamulengos ou fantoches, muito populares no Estado. A produção artesanal em madeira é encontrada principalmente em Recife e Olinda, pois é onde se concentram artistas que trabalham em entalhes como a xilogravura. Imagens sacras e carrancas, que chegam a alcançar mais de um metro de altura, também surgem do manuseio habilidoso da goiva, do formão e do enxó. Os trabalhos de renda fascinam por sua textura delicada e pela variedade de desenhos e pontos. A renda irlandesa, o bilro, o filé e o labirinto representam um dos maiores tesouros do Estado.
Piauí
Apesar do seu pequeno trecho de costa, o Estado do Piauí possui um dos mais bonitos litorais do país. O belíssimo encontro de águas doces e salgadas, com 2700 quilômetros quadrados de extensão, no delta do Parnaíba, é emoldurado por praias, dunas, manguezais e mais de setenta ilhas. O Piauí também abriga o Parque Nacional de Sete Cidades, no Município de Piripiri. A paisagem de aspecto lunar é um exótico atrativo. A carne-de-sol desfiada com farinha e o capote ao molho pardo acompanhados pela cristalina cajuína – bebida típica da região – são exemplos da culinária regional.
Conhecido por sua religiosidade, o Piauí é famoso pela sua produção santeira. Da madeira entalhada, principalmente do cedro, brotam santos, anjos e oratórios de todas as formas e tamanhos. Da matéria-prima também nascem peças que retratam as personagens e o cotidiano dos habitantes do Estado: a mulher da roça, o vaqueiro e pássaros das mais variadas espécies são alguns exemplos desta forma de expressão. As fibras naturais merecem destaque. Abundantes na região, sisal, folhas de carnaúba, bananeira, junco, capim, taboa e vime dão forma a bolsas, cestos, tapetes, cadeiras e sofás de trançado rústico e original. As peças de cerâmica são trabalhadas em diversas formas. Em Poti Velho, um dos bairros mais antigos da capital Teresina, são produzidos objetos utilitários e de decoração de cerâmica que não fogem aos tons da terra. Na Serra da Capivara, a cerâmica vitrificada ganha desenhos rupestres. Já em Floriano, os artesãos preferem as várias tonalidades do branco para trabalhar. A pureza do algodão serve como fonte inspiradora para a confecção de redes, mantas, panos, colchas e tapetes. Produzidos em teares rudimentares de madeira, recebem cores, pontos e estampas atraentes e originais. Com muita paciência e habilidade, bordadeiras do Município de Pedro II dedicam-se à atividade há várias gerações. São famosas as colchas, as toalhas e os guardanapos bordados em ponto cruz. As mais finas rendas também são lá produzidas e fazem muito sucesso como caminhos-de-mesa, porta-copos e peças de vestuário ou simplesmente como acabamento.
Rio de Janeiro
Abençoado por natureza,o Estado do Rio de Janeiro é famoso pela beleza de suas paisagens pontuadas por serras, vales e praias. A cidade serrana de Petrópolis leva ao visitante a uma viagem ao tempo do Brasil-Império, a Região dos Lagos, as ilhas de Angra dos Reis, emolduradas por um mar muito verde e o município histórico de Paraty são cartões-postais do Estado. A cidade do Rio de Janeiro, a capital, é considerada uma das mais bonitas do planeta. Suas praias, a belíssima floresta da Tijuca e a paisagem recortada pelo Pão de Açúcar e o Corcovado justificam o titulo. Alem de suas belezas naturais, possui um importante acervo histórico e arquitetônico.
O artesanato do Rio de Janeiro é como seu povo: alegre e criativo. Predominante urbano, vai buscar inspiração em matérias-primas poucos convencionais para produzir peças originais e cheias de beleza. Vale a pena destacar o trabalho feito em jornal, que é tratado e moldado até adquirir a forma de corseletes e bustiês coloridos, ornamentados com paetês e bordados. Na cidade de Conservatória, santos barrocos produzidos com papel ganham versões perfeitas e ricas em detalhes. Entre as imagens mais populares, que podem chegar a 1,5 metro de altura estão São Benedito, São José e Nossa Senhora da Conceição. Sobras de tecidos das mais diferentes origens e sucatas dão vida às bonecas negras Abayomi. Sem cola nem costura, representam diversas figuras do imaginário popular. Retalhos de confecção transformam-se em peças de vestuário, almofadas e peças de cama, mesa e banho. Arame, barbante e linha formam os bonecos Nagolo, produzidos na cidade de Resende. As “pequenas patriotas” – bonecas feitas com a bandeira do Brasil – e versões de personagens populares como o malandro carioca e a nega fulo, são feitas com tecidos recheados com plumante. O artesanato tradicional também tem seu espaço. A cidade costeira de Paraty é conhecida por suas embarcações de madeira e objetos com motivos ligados à tradição pesqueira. A colonização portuguesa no norte do Estado deixou para trás a riquesa do bordado e do crochê. A cerâmica, diversificada e contemporânea, raramente foge aos tons do arco- íris e abusa de desenhos geométricos e motivos florais.
Rio Grande do Norte
Estado hospitaleiro ensolarado o ano inteiro, o Rio Grande do Norte é sinônimo de passeios por dunas de areia clara, sossego sob a sombra dos coqueirais e culinária de primeira. Tem mais de 400 quilômetros de praias, entremeadas de lagoas de água doce. Na rota do sol, entrada que leva as praias do sul, está localizado o maior cajueiro do mundo, cobrindo nada menos que 8400 metro quadrados. A carne-de-sol com arroz-de-leite e manteiga do sertão, a galinha de cabidela e os doces de jaca com castanha e de banana com coco são os destaques da saborosa culinária potiguar.
Herança das mulheres dos colonizadores portugueses, o bordado de Caicó encantada pela delicadeza de seus motivos. Tanto a harmonia das cores quanto o traçado das peças produzidas na região do Seridó têm muita semelhança com os bordados originários da Ilha da madeira, em Portugal. Flores e arabescos enfeitam produtos de cama, mesa e banho com pontos delicados como richelieu, cordonet e bainha. Da mesma localidade vêm as redes de cânhamo bordadas em ponto cruz doubleface. Tecidas manualmente, podem ser usadas de ambos os lados. O Rio Grande do Norte também é o paraíso da renda. São famosos os trabalhos em labirinto, bilro e renascença. Os pontos enfeitam roupas, toalhas, panos de bandeja e caminhos-de-mesa em organdi, linho ou puro algodão. O sisal, natural ou tingido, transforma-se em uma grande variedade de produtos utilitáros. A carnaúba é muito usada na produção de cestas, bolsas, roupeiros e porta-retratos, provenientes principalmente da região do Vale do Assu. Dos fornos da Vila de Santo Antônio dos Barreiros, no Município de São Gonçalo do Amarante, saem panelas para feijoada, assadeiras para peixe e saladeiras em cerâmica, bastante procuradas por sua beleza rústica. Mas é nos objetos decorativos que a cerâmica alcança sua maior expressão. Com a aplicação de um pigmento, as peças adquirem uma linda tonalidade azulada, quebrada por pontos brancos que formam traçados como gotas, folhagens, frutas e curvas sinuosas. As peças figurativas, produzidas com a mesma matéria-prima, retratam com poesia personagens regionais como o agricultor e as rendeiras.
Rio Grande do Sul
Visitar o Estado do Rio Grande do Sul é como conhecer um pedaço da Europa sem sair do país. A influência da imigração alemã, italiana e portuguesa pode ser vista na arquitetura e na culinária de vários sabores, em que o celebrado churrasco divide as atenções com o delicioso café colonial. Além da influência européia, o gaúcho cultiva as tradições dos pampas, como o chimarrão e o uso de poncho, lenço no pescoço e bombachas – calças folgadas presas nos tornozelos. A paisagem é um espetáculo à parte: vales coloridos por flores, serras e prados exuberantes ficam para sempre na memória de quem visita o rio Grande do Sul.
É nos pampas gaúchos que o artesão busca inspiração para sua arte. O couro bovino é a principal matéria-prima para a confecção de artigos tradicionais como bainhas para facas, boleadeiras, chicotes retorcidos botas, cintos malas e selas para montaria. Tapetes decorados com pirogravura ganham motivos decorativos ou retratam o cotidiano dos homens que vivem no campo. O chifre do boi também é uma fonte rica para a produção artesanal. Depois de trabalhado, toma formas diversas como cabos de faca, canivetes, isqueiros e cantis para guardar a aguardente. Muitas vezes é usado simplesmente como objeto decorativo em pequenas esculturas. Outro destaque do artesanato campeiro é a lã de ovelha. Do manuseio de fios naturais ou ricamente coloridos surgem cobertores, agasalhos, tapetes, ponchos e grandes tapeçarias para pendurar na parede, tramadas em teares manuais. O hábito de beber chimarrão serve como ponto de partida para a confecção de vários modelos de cuias – recipientes em que se prepara e se bebe o mate. O mais popular deles é produzido com a fruta do porongueiro, semelhante à cabaça nordestina. Gravadas com temas típicos, são lembranças obrigatórias para quem visita o Rio Grande do Sul. A produção de facas artesanais reflete a paixão do gaúcho pelos pampas. As peças de muito bom gosto têm empunhaduras originais feitas de materiais tão diversos como prata de lei, madeira nobre, osso ou chifre de búfalo. Do entalhe da madeira surge uma gama imensa de artefatos. Os de maior destaque são as personagens típicas do Estado, como o peão e o laçador.
Rondônia
Cortada pelo Rio Madeira, com mais de 1000 quilômetros de extensão, o Estado de Rondônia atrai por suas belezas naturais, praticamente intocadas. O rio é um cenário perfeito para quem quer conhecer a Floresta Amazônica, suas árvores centenárias e aves. Outro símbolo do Estado é a ferrovia Madeira-Mamoré, construída em 1907 para escoar a produção de borracha. Parte da estrada de ferro ainda pode ser percorrida num bonito passeio pelo tempo. Na culinária local, destaca-se a caldeirada de tucunaré, servida com pirão de farinha de mandioca, e a paca no leite de castanha.
As manifestações artesanais em Rondônia caracterizam-se principalmente pela fartura de matérias-primas naturais associada à influência das culturas sulistas, nordestinas e, principalmente, indígenas. Os índios Karitiana utilizam a paxiuba, palmeira encontrada nas várzeas dos rios da Amazônia, penas e fibras diversas, para produzir armas de vários tipos como a borduna e o arco e flecha. Com dentes de animais e sementes de açaí, cumaru, mulungu e tucumã, fazem colares e braceletes. A etnia Karipuna, do Distrito de Jacy-Paraná, conserva vestígios de uma rica arte plumária que se reflete na produção de belíssimos cocares. Nas proximidades do Município de Guajará-Mirim, os Pakaanova dedicam-se à produção de tambores fúnebres. Os Uru-eu-wau-wau, situados no Município de Ariquemes, fabricam utensílios domésticos, adornos, armamentos e cultivam a arte da tecelagemde algodão nativo. A produção de cestos, com fibras como cipó-titica, imbé, tala de arumã e palha de tucum, está presente nas manifestações culturais da maioria das tribos. Cada grupo tem linhas e desenhos próprios que aplicam em sua cestaria. Caldeirões, panelas e tigelas, normalmente utilizados no preparo e consumo de suas comidas e bebidas típicas, nascem da arte com o barro. A fartura de madeira no Estado dá origem a um rico trabalho de entalhe. Móveis, caixas para pequenos guardados, baús, quadros, pilões, pedestais e animais da fauna amazônica são produzidos a partir de Angelim, cedro, maracatiara, mogno e roxinho. De ouriços de castanha são confeccionados cinzeiros, abajures e chaleiras. Assim é o artesanato do Estado, totalmente inspirado na natureza.
Roraima
Estado mais ao norte do Brasil, Roraima possui uma paisagem única marcada por formações rochosas, campos e florestas belíssimos. O Monte Roraima, considerado uma das mais antigas formações rochosas da Terra, com seu imenso platô em forma de mesa, é e oferece uma vista deslumbrante. A flora especialmente rica abriga pelo menos 400 tipos diferentes de bromélias e aproximadamente 2 mil espécies de flores e samambaias. Na culinária, bastante rica em temperos, o forte são os pratos à base de peixe de água doce e farinha. Entre eles, estão o apimentado damorida e o tambaqui assado na brasa.
É em Roraima que se concentra uma das maiores populações indígenas do país – fato que pode ser comprovado pela sua produção artesanal, marcadamente ligada à história desse povo ancestral. A arte tribal reflete em seus traços as raízes, a cultura e as particularidades de cada etnia. Os Makuxi dedicam-se ao trabalho com o olho do buriti – fibra das folhas ainda fechadas, muito finas e delicadas. Da costura habilidosa dessa matéria-prima surgem bolsas, chapéus e esteiras coloridas com pigmentos naturais como urucum, genipapo, capiranga, crajirú e mangarataia. Também se dedicam à cerâmica, principalmente à confecção de panelas e vasos. O barro é moldado e depois as peças são queimadas em uma pequena fogueira. É na mata que os Ingaricó, residentes no extremo norte do Estado, buscam inspiração. Do cipó titica, da jacitara e das fibras de arumã e buriti surgem cestas e bolsas com grafismos e trançados extremamente bonitos e originais. Habilidosos, os Wai-wai, habitantes do sudeste do estado, dedicam-se à cestaria e à produção de bolsas e acessórios confeccionados com fibra de arumã, fios de algodão, penas e sementes de diferentes cores e formatos. Seu artesanato é rico em desenhos geométricos e simbologias. Tribos remanescentes menos populosas – como, por exemplo, a dos Wapixana e dos Tauperang – também dão sua importante contribuição para manter viva uma das mais ricas formas de expressão da herança indígena.
Santa Catarina
A diversidade de paisagens é o ponto marcante do Estado. A Ilha de Santa Catarina, onde fica a capital – Florianópolis – é uma das mais lindas do litoral brasileiro, emoldurada por 42 praias de areias claras. As serras e vales catarinenses competem em beleza com a capital do Estado. A região é marcada por fazendas a perder de vista, florestas de araucária, jardins sempre floridos e casas em estilo europeu. A culinária reflete a diversidade de etnias que lá aportaram no século XVIII. Pratos à base de peixes e frutos do mar – herança portuguesa – e doces e licores feitos de maçã – legado alemão – são pequenas amostras dos sabores da terra.
Uma palavra sintetiza o artesanato de Santa Catarina: variedade. Fruto da influência das inúmeras correntes migratórias, a produção artesanal encanta por sua beleza e pela força da sua tradição. Dos alemães veio o delicado trabalho em palha de milho e bananeira. Depois de secas – processo que leva de 6 a 10 dias – as fibras transformam-se em camponesas graciosas, anjos, arranjos de flores, enfeites para presépios, quadros e bruxinhas. Os portugueses trouxeram uma das festas mais populares do Estado: a do boi-de-mamão, que lembra a do bumba-meu-boi nordestino. O folguedo, que envolve dança e cantoria, gira em torno da morte e ressurreição do animal. Tanto o boi quanto as personagens tradicionais da estória – a cabrinha, o urubu, o urso e a Maricota – ganham versões de cerâmica muito apreciadas pelos turistas. O pau-de-fita, com suas danças de roda em torno de um mastro colorido, também serve de inspiração para os artistas. Do manuseio hábil dos bilros – pequenas peças de madeira onde a linha é presa – surgem rendas com tramas delicadas e originais. Abundantes no litoral, as conchas – muitas vezes misturadas à palha – ganham contornos criativos em forma de bonecas, porta-retratos e objetos de decoração.A fartura de nó de pinho, característico da araucária – árvore predominante na região serrana – dá origem a peças decorativas, como presépios e santos entalhados dentro da própria madeira.
A criação de carneiros mantém viva a arte de confeccionar em teares manuais tapetes, mantas, acolchoados e agasalhos de lã. Mãos hábeis dos artesãos trabalham o vidro criando vasos, copos, jarras translúcidas ou coloridas. Objetos de cerâmica criam verdadeiras preciosidades como o “conjunto de antepassados”, miniaturas dos utensílios indispensáveis para a sobrevivência dos imigrantes que desembarcavam no belo e ainda despovoado Estado de Santa Catarina.
São Paulo
Estado com a maior população do país, tem sua história confundida com a de milhares de imigrantes japoneses, italianos, portugueses, espanhóis, árabes e judeus que ajudaram a construir sua riqueza e seus costumes. A capital, fundada em 1554, é sinônimo de cultura – com seus inúmeros museus, teatros e cinemas – e da gastronomia, graças à mistura de influências do mundo inteiro. As belezas naturais também dão o tom. O trecho do litoral mais ao norte, que vai de Bertioga a Ubatuba, onde a serra praticamente se debruça sobre o mar, é considerado um dos trechos mais bonitos da costa brasileira.
A intensa industrialização do Estado de São Paulo faz com que sua produção artesanal se torne menos evidente. Porém, isto não significa que não exista. O artesanato do estado é rico e marcado pela mistura de influências dos colonizadores e imigrantes e pela tradição cultural caipira, caiçara e indígena, principalmente dos povoados tupis e guaranis. Uma das expressões mais típicas do artesanato paulista é a cerâmica figurativa, originária do Vale do Paraíba, em que pequenas peças moldadas em argila representam animais, trabalhadores, cenas cotidianas e danças populares. Peças utilitárias ou de decoração em cerâmica, sejam mais rústicas ou mais elaboradas, usando inclusive fornos de alta temperatura, também são bastante apreciadas por sua beleza e qualidade. Utensílios domésticos, pequenas embarcações, instrumentos musicais e peças com motivos brasileiros nascem do trabalho de entalhadores que utilizam ferramentas rudimentares para moldar a caixeta – conhecida por sua leveza e maciez – e outros tipos de madeira. Fibras naturais como taboa, cipós, bambus e palha de milho transformam-se em peças como cestas, fruteiras, bolsas, esteiras e capachos. Provenientes principalmente do Vale do Ribeira, no sul do Estado, trazem a marca dos índios e dos caiçaras. A tecelagem manual engloba as tradições de todos os povos que constituem a atual população do Estado. O trabalho em tecido, principalmente a fabricação de peças com fuxico, é conhecido por sua profusão de cores e criatividade. Rico e precioso, o artesanato de São Paulo traduz a diversidade do Estado mais miscigenado do país.
Sergipe
Terra das araras e dos cajueiros, o Estado de Sergipe esconde praias praticamente virgens. A capital Aracaju, fundada em 1855, foi uma das primeiras cidades planejadas do país. Lá, localiza-se a Ponte do Imperador. Cartão-postal da cidade, foi construída em 1860 para a visita de Dom Pedro II. A culinária é de dar água na boca. Os pratos à base de peixes e crustáceos – entre eles a moqueca de pitu, a caranguejada e o surubim na brasa – são os mais típicos. Há tambémdoces, como o pé-de-moleque e a canjica.
Rico em belezas naturais, Sergipe é berço de belíssimas manifestações de arte popular. Uma das mais tradicionais é o talento de transformar linhas brancas e coloridas em rendas e bordados finos. Da cidade de Divina Pastora, vem a delicada renda irlandesa. Confeccionada sobre moldes de papel, é rica em detalhes. Uma colcha pode levar até três meses para ficar pronta. O rendendê também merece destaque entre as rendas. Figuras geométricas vazadas, sobre tecido de linho ou étamine, recebem acabamento em relevo com linhas da mesma cor do tecido. O crivo ou labirinto exige paciência. Depois do desenho traçado, a peça é desfiada, formando uma espécie de grade. Em seguida, é preenchida novamente, deixando espaços intercalados no comprimento e na largura. Entre os bordados, o mais conhecido é o tradicional ponto cruz com seus motivos alegres e coloridos. É na cidade de Santana do São Francisco, a 100 quilômetros de Aracaju, que é produzida outra das preciosidades do Estado. Conhecida como a capital da cerâmica, a maioria de seus habitantes dedica-se à produção de objetos de barro. São potes, jarras, cabaças, filtros, além de peças mais trabalhadas, como imagens de santos, figuras humanas, animais e cenas da vida do sertão sergipano. Em Simão Dias, a matéria-prima serve para moldar moringas e animais que fazem parte do cotidiano do povoado. Do entalhe de madeiras como a maçaranduba e a maracatiara nascem santos, oratórios e esculturas, representantes da mais genuína cultura desse povo alegre e hospitaleiro. 
Tocantins
O Estado do Tocantins é famoso pela beleza de suas paisagens naturais, praticamente intocadas. È difícil saber qual delas é a mais fascinante. Se a região do Jalapão, uma mistura de cerrado, savana e deserto, recortadas por trilhas e estradas rodeadas de cachoeiras, lagos, dunas e cadeias de montanhas. Ou as praias, à beira dos rios Araguaia e Tocantins. Ou ainda a Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo. Cercada por serras e cortada pelo Tocantins, a capital Palmas é um convite ao descanso e o ponto de partida para quem vai desbravar o Estado.
É do povoado de Mumbuca – a 40 quilômetros do Município de Mateiros- e de São Félix – na região do Jalapão – que vem uma das maiores preciosidades do artesanato produzido no Estado do Tocantins. O capim-dourado, com seu brilho único, é transformado em peças de rara beleza. Da trama cuidadosa da fibra desse capim, costurada com a seda da palha do buriti pelas mãos habilidosas das mulheres dos vilarejos, nascem chapéus, bolsas, vasos, tampos de mesa, acessórios e adornos para enfeitar as casas. Os objetos, dourados como ouro, parecem ter sido banhados pelo metal. As tribos indígenas remanescentes também enriquecem a produção artesanal do Estado e encontram na natureza inspiração para sua arte. As fibras naturais, como o tucum, o buriti e o babaçu, são uma das principais matérias-primas desse ofício. Os Xerentes, do Município de Tocantínia, produzem peças feitas de palha de buriti e taboca, além de redes e cestos. Os índios Krahô dedicam-se à cestaria e à confecção de colares de sementes de todas as cores e tamanhos. O povo do Karajá, originário da Ilha do Bananal, é conhecido por suas peças de cerâmica esbranquiçada pigmentadas com urucum e jenipapo, retratando o cotidiano do agrupamento e a fauna da floresta. Os entalhes de madeira também fazem parte da herança cultural indígena. Totens, barcos e animais diminutos são produzidos com uma madeira muito macia conhecida regionalmente como sara. Rico e diversificado, o artesanato do Tocantins expressa a cultura de seus antepassados. 
Edição Especial Casa Claudia - Artesãos do Brasil
Cerâmica
Some a água e a terra: os ingredientes de uma cerâmica são sempre os mesmos. Queimadas em altas ou baixas temperaturas, moldadas no torno, em formas ou a mão, elas estão na xícara do dia-a-dia, nas grandiosas imagens do sagrado, nas instigantes formas do profano. Para que saiam perfeitas, não basta a habilidade de mãos forjando o barro. São temperamentais, exigem o total domínio do fogo.
Fibras
Elas se escondem nas matas fechadas. Enrolados nas árvores ficam o junco e o apuí. Até serem trançadas, as fibras precisam cozinhar em soda cáustica ou no vapor. Às vezes pedem a chama do maçarico, como a cana-da-índia. Depois, novamente molhadas, perdem mais da rigidez para serem entrelaçadas com apuro e precisão. No resultado final, sôo que pode variar é a cor, definida pelos caprichos da natureza.
Tramas e tecidos
Boa-noite (Ilha do Ferro, Alagoas): levando o nome da flor que inspirou o bordado, esta técnica é parecida com a do labirinto e consiste em desfiar criteriosamente um pedaço de tecido ( seda, algodão ou linho) para depois bordar sobre a trama aberta. Tem como característica o desenho de uma pequena flor, sempre do mesmo tamanho, que se repete em linhas geométricas nos barrados das colchas, nas toalhas de mesa e em outras peças.
Labirinto (Ceará) : primeiro corta-se um pedaço do tecido (linho, seda) para depois desfiar e tecer em cima da trama vazada. Precisa-se cortar o tecido com a precisão de um samurai. Os fios soltos são amarrados através do torcimento, evitando que a peça desfie.
Renda filé : é feita sobre uma tela armada em um bastidor com pregos, com quadros de 0,5 x o,5 cm . Depois criam-se os desenhos usando pontos como zizido, ponto doido, roseta, ponto reprise. Depois que a peça fica pronta, sai do bastidor, recebe o recorte final e é lavada e engomada.
Renda de bilro (Ceará): sobre uma almofada de palha de bananeira, coloca-se o papelão com o desenho da renda ( o pinicada no Nordeste e pique em Santa Catarina). Os espinhos de mandacaru, espetados no pinicada, é que seguram as linhas que as rendeiras trabalham jogando de um lado para outro, enroladas nos bilros.

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