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Lançamento de Anão - Princípio Constitucional

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O "arremesso de anões" a luz do direito brasileiro
RESUMO: O presente artigo estuda o caso Francês “o arremesso de anões”, analisando sobe a visão do direito Brasileiro, abordando a ampla discussão em volta da dignidade da pessoa humana, do direito a pessoalidade, do direito a ter uma profissão assalariada garantindo seu sustento que assiste aos anões, explanando também a questão do contrato de prestação de serviço, e a existência de contrato de trabalha do presente caso e finalizando com a conclusão sobre o tema proposto e fazendo uma breve tomada de posição.
1 INTRODUÇÃO
O artigo foi desenvolvido, primeiramente, buscando um apanhado geral sobre fatos do caso que ocorreu em uma cidade Francesa, onde em uma danceteria acontecia uma brincadeira chamada “arremesso de anões” em que os participantes competiam com o intuito de quem arremessaria os anões na maior distância possível chegando até a arremessar esses anões de um lado a outro do recinto, essa brincadeira rendia ao arremessador um prêmio, e não ofendia a integridade física do anão que recebia uma espécie de salário se prestando voluntariamente a ser arremessado, entretendo o prefeito da cidade Francesa interditou o espetáculo alegando que o infligia à dignidade do anão, a empresa entrou com uma ação e o próprio anão por sua vez alegou a autonomia da vontade, que recebia salário condizente e que devido a sua condição de anão era descriminado em empregos normais, portanto a falta do emprego é que atentaria a sua dignidade pessoal pois não teria como se sustentar . No entanto o artigo vem analisar o caso à luz do direito Brasileiro com uma visão jurídica e humanística sobre tudo que envolve a situação desses anões e os direitos que lhe assistem. Não se esquecendo de abordar pontos importantíssimos como a dignidade da pessoa humana como um dos princípios fundamentais que está explícito no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal, expondo também os pontos a partir da análise do anão dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, artigo 1º, inciso IV, da constituição Federal, abordando também outros pontos com a questão da existência do contrato de trabalho e da prestação de serviço no direito civil. Sendo, no entanto estudado detalhadamente cada indagação pertinente que torna esse caso bastante discutível. Pois, a dignidade da pessoa humana “se apresenta como uma fonte aberta de proteção jurídica, não sendo casual o fato de que temas polêmicos sejam discutidos sobe a ótica de seu conteúdo protetivo” (BELINATI, P. 127).
2 DIGINIDADE DA PESSOA HUMANO UM DIREITO FUNDAMENTAL. 
Dignidade da pessoa humana, segundo com Alexandre de Morais (2003, p. 129), 
“É um direito com o qual não há parâmetros de comparação. Não é um direito valorativo, ou quantitativo, e por assim o ser deve ser tido como supremo em relação aos demais. A dignidade é um valor moral inerente ao indivíduo, que enseja o respeito de todos os outros semelhantes, e a constituição de um conjunto mínimo de condições básicas para o desenvolvimento de sua existência. Consiste num mínimo invulnerável de direitos que o ordenamento jurídico deve assegurar a todos de maneira indistinta”.
Contudo, dos conceitos citados, podemos extrair que a dignidade é um valor intrínseco ao ser humano, a todas as pessoas sem distinção alguma, que o diferencia das coisas, dos objetos, de outros seres vivos e o torna merecedor de todo respeito por parte da sociedade e do Poder Estatal, devendo este, criar e garantir direitos e deveres sob o prisma deste princípio para a sua efetivação. No entanto o caso abordado com o arremesso dos anões acaba de certa forma a colocar um anão com uma imagem de objeto o desrespeitando e descontruindo sua imagem de ser humano. Entretanto essa visão é um tanto hermenêutica, pois os anões consentiam com as práticas um tanto abusivas que aconteciam no recinto, por tanto fica a dúvida se o a pessoa física tem autonomia para rejeita seu direito de dignidade da pessoa humana e se essa questão de dignidade não é meramente relativa. São discussões doutrinarias que muito depende do ponto de vista do jurista e de sua capacidade de interpretação, com auxilia dos ricos pensamentos doutrinários Brasileiros.
3 OS VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA.
Ao analisar o art.: 1º, IV, CF, é necessária ter a percepção que o cidadão tem direito à livre e iniciativa para escolher o tipo de serviço que deseja desempenhar, o que no caso exposto e retirado do anão quando é decidido que não poderá mais haver aquele tipo de função. No entanto a decisão acaba por ferir um preceito fundamental da constitucional federal de 1988, causando ao anão um maleficio, pois, é retido o seu sustendo através de uma decisão que visa proteger seu próprio direito. 
4 CONTRATO DE TRABALHO.
Para que o serviço prestado pelo anão seja considerado uma relação empregatícia, exigisse alguns requisitos, são eles: pessoa física, pessoalidade, habitualidade, subordinação, e onerosidade. No entanto ao acompanhar o caso percebe-se que há o vínculo, pois, o anão é pessoa física, havia pessoalidade teria que se ele a prestar o serviço por uma questão logica, subordinação sendo o dono do ressinto a subordinar, e a onerosidade ,pois, o anão recebia um salário pelo serviço prestado. Por tanto apesar de o caso ser inusitado, há um vínculo empregatício se constituindo assim um contrato de trabalho. Por tanto apesar do serviço prestando não ser muito comum não a nenhum indicio do objeto ser ilícito. Segundo veneziano (2011) “ O contrato de trabalho, como qualquer negócio jurídico, requer, para sua validade, agente capaz e objeto ilícito (art. 104 do código civil)”.
5 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO NO DIREITO CIVIL BRASILEIRO.
O contrato de prestação de serviço que há no caso, é perceptível que tem validade jurídica, pois, é um contrato bilateral no qual gera direitos e obrigações em ambas as partes, acaba a ter validade quando a o consentimento das partes contratantes, e também ocorre uma atividade pessoal em favor de outrem, no entanto a prestação de serviço se é regida pelo código civil se não estiver sujeita ás leis trabalhistas ou a qualquer outra legislação especial Art. 593 do código civil Brasileiro. Para atender as necessidades desse caso caberia com mais amplitude as leis trabalhistas, pois, como já foi dito anteriormente a um vínculo empregatício entre as partes presentes no caso francês tendo o anão como empregado do bar em que acontece os espetáculos “arremessos de anões”
Quanto ao objeto conforme o art: 594 absorve toda espécie de serviço ou trabalho licito material ou imaterial. Art. 1.217 de 1916 anotava qualquer das partes não soubesse ler, nem escrever, o instrumento podia ser escrito e assinado a rogo, com subscrição de quatro testemunhas. (VENOSA, 2009. P.203 a 204).
Existiria, em princípio, alguma vinculação entre o conceito jurídico de ordem pública e o princípio de salvaguarda da dignidade da pessoa humana? Em que circunstâncias pode o Estado fazer uso do seu poder de polícia para, em nome da preservação da dignidade da pessoa humana, restringir o exercício, pelo cidadão, de alguns dos seus direitos fundamentais?
A resposta a estas e outras questões foi dada em recente decisão da Justiça administrativa francesa, lançada em processo que se singulariza pela natureza grotesca dos fatos que lhe são subjacentes e pela riqueza das reflexões jurídicas que enseja.
Os fatos, largamente debatidos nos meios de comunicação franceses, remontam a outubro de 1991. Uma conhecida empresa do ramo de entretenimento para jovens decidiu lançar, em algumas discotecas de cidades da região metropolitana de Paris e do interior, um inusitado certame conhecido como “arremesso de anão” (lancer de nain), consistente em transformar um indivíduo de pequena estatura (um anão) em projétil a ser arremessado pela platéia de um ponto a outro da casa de diversão.
 Movido pela natural repugnância que uma iniciativa tão repulsiva provoca, o prefeito de uma das cidades (Morsang-sur-Orge) interditou o espetáculo,fazendo valer a sua condição de guardião da ordem pública na órbita municipal. Do ponto de vista legal, o ato de interdição teve como fundamento o Código dos Municípios, norma de âmbito nacional (a França é um país unitário) que disciplina de forma minuciosa o exercício da ação administrativa estatal no plano municipal. Nos termos desse Código (art. 131), incumbe ao Prefeito, sob o controle administrativo do representante do poder central na respectiva circunscrição (Préfet), o exercício do poder de polícia no Município, podendo intervir em atividades ou limitar o exercício de direitos sempre que necessário à preservação da ordem pública.
Por outro lado, a decisão administrativa do Prefeito se inspirou em uma norma de cunho supranacional, o art. 3º da Convenção Européia de Salvaguarda dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais.
 Insatisfeita, a empresa interessada, em litisconsórcio ativo com o deficiente físico em causa, Sr. Wackenheim, ajuizou ação perante o Tribunal Administrativo de Versailles visando a anular o ato do prefeito.
Em primeira instância, os autores obtiveram êxito, já que a corte administrativa (na França, os órgãos jurisdicionais, mesmo em primeira instância, têm em regra a estrutura colegial) julgou procedente o “recours pour excès de pouvoir” por eles ajuizado e anulou o ato do Prefeito, entendendo que o espetáculo objeto da interdição não tinha, por si só, o condão de perturbar a “boa ordem, a tranquilidade ou a salubridade públicas”.
Mas, ao examinar o caso em grau de recurso, em outubro de 1995, o Conselho de Estado, órgão de cúpula da jurisdição administrativa, reformou a decisão do Tribunal Administrativo de Versailles, declarando que “o respeito à dignidade da pessoa humana é um dos componentes da (noção de) ordem pública; (que) a autoridade investida do poder de polícia municipal pode, mesmo na ausência de circunstâncias locais específicas, interditar um espetáculo atentatório à dignidade da pessoa humana” (“Le respect de la dignité de la personne humaine est une des composantes de l’ordre public; que l’autorité investie de pouvoir de police municipale peut, même en l’absence de circonstances locales particulières, interdire une attraction qui porte atteinte à la dignité de la personne humaine”. V. RDP 1996/564)
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Aparentemente circunscrita a um caso específico e inusitado, a decisão “Morsang-sur-Orge” veio, em realidade, trazer sensível modificação a uma antiga tradição jurisprudencial estabelecida na França nas primeiras décadas deste século. Por outro lado, ela amplia sobremaneira a base jurídica em que tradicionalmente se buscou a fundamentação para a ação do poder de polícia do Estado, agora reforçada com a inclusão de uma noção nova, inteiramente sintonizada com as correntes de pensamento jurídico em voga neste século. Ela traduz, também, a crescente influência exercida pela jurisdição constitucional e pela jurisdição de cunho internacional sobre a tradicional Justiça administrativa francesa, celebrada e copiada em diversos países, mas historicamente impermeável às influências externas.
A EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL
Vista sob o prisma do direito comparado, a reviravolta jurisprudencial operada no caso ora analisado é rica em ensinamentos. Ela mostra, de um lado, a rigidez principiológica em que se assenta a prática jurisdicional realizada pela Justiça especializada da França. De outro, revela mais uma vez o repúdio histórico do Conselho de Estado a mudanças jurisprudenciais abruptas, preferindo invariavelmente a evolução paulatina, anunciada em casos banais embora emblemáticos, e quase sempre através de decisões “de rejet”, isto é, recusando o pedido da parte autora. Foi o que ocorreu no caso “Morsang-sur-Orge”.
Com efeito, ao anular o ato do Prefeito, o órgão jurisdicional de primeiro grau nada mais fez do que aplicar ao caso uma antiga jurisprudência do próprio Conselho de Estado, à base da qual se encontra um julgado de referência (arrêt de principe= leading case) denominado “Benjamin”, de 1933, do qual a doutrina extraiu dois princípios cardeais do enquadramento jurídico da ação do poder de polícia. O primeiro desses princípios é o da excepcionalidade da intervenção do poder de polícia, resumida na formulação sintética: “la liberté est la règle, la restriction de police l’exception”. Foi à luz desse princípio que se construiu a grande tradição liberal que marcou a Terceira e a Quarta Repúblicas francesas, notadamente em matéria de liberdade de reunião, de expressão, de costumes e até mesmo no campo do direito do trabalho (ex: anulação, não obstante expressa proibição legal da embriaguez no local de trabalho, de um dispositivo do regulamento interno de uma empresa privada que instituía, em caráter obrigatório, o exame “alcooltest” para os empregados). Foi ainda com base nesse princípio que se consolidou o entendimento, repetido em inúmeros acórdãos desde então, de que somente as circunstâncias excepcionalmente graves, suscetíveis de ensejar sérios distúrbios da ordem, podem justificar o cerceamento de alguma franquia ou liberdade fundamental.
Outro princípio extraído da jurisprudência tradicional diz respeito à natureza “material” do conceito de ordem pública, cuja preservação constitui objetivo essencial a ser alcançado mediante a ação restritiva do poder de polícia estatal. Em seu clássico “Précis de Droit administratif et de droit public” (Sirey, 12a ed., 1993), Maurice Hauriou estabeleceu com precisão a noção de ordem pública em matéria de polícia administrativa. Dizia ele: “L’ordre public, au sens de la police, est l’ordre matériel et extérieur”. Através dessa expressão lapidar, o que se queria dizer é que a interdição ou restrição ao exercício de direitos, sob pretexto de intervenção do poder de polícia para manter a ordem pública, só se justifica em casos excepcionais, em que seja manifesto o perigo de “desordem material”, isto é, de distúrbios externos. Com isso se excluía toda e qualquer apreciação de cunho “imaterial” ou “moral”. Noutras palavras, só é admissível a restrição a uma das liberdades fundamentais, tais como a de culto, de reunião ou de expressão, em casos de manifesto risco de tumulto decorrente do exercício da respectiva franquia constitucional. O que está em jogo, como se vê, não é o aspecto moral da manifestação em si mesma, mas as suas consequências externas.
Assim, a dissociação do conceito de ordem pública de toda e qualquer apreciação moralista permitiu à jurisdição administrativa francesa a construção de vasto acervo jurisprudencial no sentido da proteção dos direitos fundamentais. É sob os auspícios dessa concepção material de ordem pública, por exemplo, que se consolidou a interessante embora aparentemente ambígua jurisprudência em matéria de controle da difusão de obra cinematográfica, consistente em estabelecer o princípio geral da liberdade de difusão, admitindo-se porém a proibição, tão somente no plano municipal e em caráter excepcional, em casos em que fique claramente demonstrada a existência de circunstâncias peculiaríssimas de cunho local (ex: sensibilidade religiosa exacerbada de certas regiões; filmes que retratem episódios traumatizantes ocorridos em pequenas localidades), aptas a ensejar distúrbios da ordem pública. É também à luz dessa jurisprudência que se explica a peculiar liberalidade francesa em matéria de costumes, ilustrada, por exemplo, no fato de o Estado definir legalmente a prostituição e cobrar os respectivos impostos, ao mesmo tempo em que reprime severamente o proxenetismo.
Em resumo, segundo a jurisprudência e a doutrina tradicionais, o argumento de ordem moral, isoladamente, jamais foi suficiente para justificar a intervenção do poder de polícia, seja no domínio da liberdade individual, seja em matéria de costumes ou ainda no campo da liberdade de expressão. Sempre se exigiu uma rigorosa demonstração do risco de ocorrência de distúrbios de “ordem material”.
Essa concepção tradicional de ordem pública, porém, vem de ser modificada pela decisão ora comentada.

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