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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS TÓPICOS I: IND. E APLICAÇÃO DE ENZIMAS NA IND. DE ALIMENTOS DOCENTE: LUCIANA REIS FONTINELLE SOUTO CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA GUILHERME BORGES E SILVA ISABELLA VENTURA KAMYLLA MARTINS FERREIRA MARINS LAURYANE VIEIRA MURILO TAVARES SILVA RAYANNE GOMES CERVEJA E VINHO GOIÂNIA- 2018 CERVEJA 1. Introdução De acordo com o Decreto nº 6871, Art. 36 de 4 de junho de 2009, cerveja é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte de cevada e água potável, por ação da levedura, com adição de lúpulo, sendo estes os ingredientes básicos. Há cerca de 6 mil anos, o homem antigo descobriu, por acaso a cerveja. Existem relatos de que a primeira cerveja foi produzida por acaso, na região da Mesopotâmia, pelos Sumérios. Eles alegravam-se com uma bebida fermentada, obtida de cereais, em que se acredita que surgiu a partir de pão molhado que fermentou, dando origem à cerveja. Daí vem o apelido de pão líquido. De lá pra cá surgiram infinitos estilos de cervejas, variando de regiões, culturas, gostos, e da água disponível em cada região. Atualmente, é a terceira bebida mais popular do mundo, logo depois da água e do café. É a bebida alcoólica mais consumida no mundo atualmente. A classificação de cervejas é uma tarefa bastante complexa, pois são diversos parâmetros a se levar em consideração. Desde cor, teor alcoólico, ingredientes utilizados, escola cervejeira, métodos de produção, entre outros. Quanto ao tipo, as cervejas são classificadas em três famílias: as Ales, as Lagers e as Lambics. As Ales são cervejas de alta fermentação, ou seja, as leveduras utilizadas nesse tipo de cerveja realizam a fermentação na superfície com temperatura de 15ºC a 24ºC, enquanto que as Lagers são cervejas de baixa fermentação pois as leveduras utilizadas para esse tipo realizam a fermentação no fundo do fermentador a temperatura de 6ºC a 12ºC. Já as Lambics são cervejas de fermentação espontânea, com leveduras selvagens. Dentro dessas famílias, as cervejas são classificadas em sub tipos, ou Estilos, de acordo com os ingredientes, cor, amargor, teor alcoólico e outros parâmetros. O propósito de se dividir as cervejas em estilos é classificá-las de acordo com suas características, facilitando ao consumidor a identificação de suas referências, assim, pode-se saber o que esperar daquela cerveja de um determinado estilo. As classificações mais conhecidas e utilizadas atualmente são as do Beer Judge Certification Program (BJCP), que é uma organização que organiza critérios de avaliação de cervejas e desenvolveu um guia de estilos adotado mundialmente por vários conhecedores do assunto. Existem outras referências de classificação, como da Brew Association, da Rate Beer e da Beeradvocate. O Brasil é o terceiro maior produtor de cerveja no mundo, com cerca de 13 bilhões/litro ao ano, sendo que o mercado de cervejas artesanais corresponde a 0,15% do total, com cerca de 200 microcervejarias, e a perspectiva de alcançar 2% do mercado até 2024. 2. PROCESSAMENTO DE CERVEJA O processo tradicional de produção de cerveja pode ser dividido em oito operações essenciais: moagem do malte; mosturação ou tratamento enzimático do mosto; filtração do mosto; fervura do mosto ; tratamento do mosto (remoção do precipitado, resfriamento e aeração); fermentação; maturação e filtração. 2.1. Moagem do malte O objetivo da moagem do malte é a redução do grão de modo uniforme, para obter o rompimento da casca no sentido longitudinal, expondo o endosperma, porção interna do grão; a desintegração do endosperma, promovendo uma melhor atuação enzimática e a produção mínima de farinha com granulometria muito fina, evitando a formação de substâncias que produzem uma quantidade excessiva de pasta dentro da solução. 2.2. Mosturação Nesse processo, deve-se considerar que todo processo enzimático depende da temperatura, do tempo, do grau de acidez e concentração do meio, da qualidade do malte e constituição do produto da moagem. A escolha do tipo de mosturação ou programa de tempo/temperatura a ser aplicado durante a atuação enzimática vai depender da composição e do tipo de cerveja desejado, agregando conhecimentos do quanto de açúcares fermentescíveis deseja-se ou quanto de substâncias proteicas de alto peso molecular almeja-se para o “corpo”da cerveja e consistência da espuma. A ação das enzimas produz um mosto que contém de 70-80% de carboidratos fermentescíveis, incluindo glicose, maltose e maltotriose. 2.3. Filtração do mosto A filtração do mosto é realizada em um recipiente denominado tina de filtração, construído em aço inoxidável contendo agitador, disco filtrante PAKSCREENS, bomba centrífuga e isolamento térmico. A casca do malte serve como camada filtrante. Após essa operação, a camada filtrante é lavada com uma certa quantidade de água à 75 °C, visando aumentar a extração de açúcar e consequentemente, elevar o rendimento do processo. 2.4. Fervura Nessa etapa, com acréscimo do lúpulo, o mosto filtrado é submetido à fervura, visando a inativação de enzimas, esterilização do mosto, coagulação proteica, extração de compostos amargos e aromáticos do lúpulo, formação de substâncias constituintes do aroma e sabor, evaporação de água excedente e de componentes aromáticos indesejáveis ao produto final. A fervura do mosto é realizada em equipamento denominado fervedor de mosto ou tina de fervura, construída em aço inoxidável, encamisada e com sistema de aquecimento e isolamento térmico. O mosto é mantido em fervura até atingir a concentração desejada de açúcar para o início da fermentação, durante 60-90min, permitindo uma evaporação máxima de até 10% do volume inicial. 2.5. Tratamento do mosto Após a sua fervura, o mosto deve passar por etapas de retirada do precipitado, resfriamento e posterior aeração. Durante a primeira etapa, fazendo uso de forças centrípetas através da rotação forçada do meio, precipitam-se os complexos de proteínas, resinas e taninos denominados de trub, os quais sedimentam no fundo do tanque, sendo separados do mosto límpido. Posteriormente à retirada do trub, o mosto é resfriado em trocador de calor de placas, até a temperatura de fermentação. Mosto de cerveja tipo lager são usualmente resfriados entre 7 e 15°C e os de tipo Ale são resfriados em média entre 18 e 22°C, antes da adição da levedura. 2.6. Fermentação O processo fermentativo consiste no processo central para produção de qualquer bebida alcoólica, possuindo como principal objetivo a conversão de açúcares em etanol e gás carbônico pela levedura, sob condições anaeróbicas. As fermentações são iniciadas utilizando culturas de leveduras renovadas após um certo número de ciclos fermentativos (4 a 6). Os métodos utilizados na multiplicação de fermento são, em geral, variantes do processo de cortes, no qual o mosto em fermentação é diluído com mosto estéril toda vez que a fermentação se mostra vigorosa. Todos os carboidratos fermentescíveis (glicose, frutose, sacarose, maltose e maltotriose e dextrinas que são somente utilizadas por Saccharomyces diastaticus) são metabolizados pela levedura alcoólica. Além disso, numerosos subprodutos se desenvolvem durante a fermentação, sendo que vários produtos intermediários permanecem no líquido e muitos componentes do mosto são assimilados pela levedura. Todos os compostos envolvidos com a assimilação, formação de produtos e subprodutos,