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Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II Andry Marcia Lopes Roberta Letícia Pereira Marques Cangussu Suely Lopes Queiroz Montes Claros/MG - 2012 Andry Marcia Lopes Roberta Letícia Pereira Marques Cangussu Suely Lopes Queiroz Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II EDITORA UNIMONTES Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089 - Telefone: (38) 3229-8214 www.unimontes.br / editora@unimontes.br CATALOGADO PELA DIRETORIA DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES (DDI) - UNIMONTES Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) © - EDITORA UNIMONTES - 2012 Universidade Estadual de Montes Claros REITOR João dos Reis Canela VICE-REITORA Maria Ivete Soares de Almeida DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES Huagner Cardoso da Silva EDITORA UNIMONTES Conselho Editorial Prof. Silvio Guimarães – Medicina. Unimontes. Prof. Hercílio Mertelli – Odontologia. Unimontes. Prof. Humberto Guido – Filosofia. UFU. Profª Maria Geralda Almeida. UFG Prof. Luis Jobim – UERJ. Prof. Manuel Sarmento – Minho – Portugal. Prof. Fernando Verdú Pascoal. Valencia – Espanha. Prof. Antônio Alvimar Souza - Unimontes Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile. Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes. Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes. Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes. Profª Siomara A. Silva – Educação Física. UFOP. REVISÃO LINGUÍSTICA Ângela Heloiza Buxton Arlete Ribeiro Nepomuceno Aurinete Barbosa Tiago Carla Roselma Athayde Moraes Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor. Luci Kikuchi Veloso Maria Cristina Ruas de Abreu Maia Maria Lêda Clementino Marques Ubiratan da Silva Meireles REVISÃO TÉCNICA Admilson Eustáquio Prates Cláudia de Jesus Maia Josiane Santos Brant Karen Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida Káthia Silva Gomes Marcos Henrique de Oliveira DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO Andréia Santos Dias Camilla Maria Silva Rodrigues Clésio Robert Almeida Caldeira Fernando Guilherme Veloso Queiroz Francielly Sousa e Silva Hugo Daniel Duarte Silva Marcos Aurélio de Almeida e Maia Magda Lima de Oliviera Sanzio Mendonça Henriques Tatiane Fernandes Pinheiro Tátylla Ap. Pimenta Faria Vinícius Antônio Alencar Batista Wendell Brito Mineiro Zilmar Santos Cardoso Ministro da Educação Aloizio Mercadante Presidente Geral da CAPES Jorge Almeida Guimarães Diretor de Educação a Distância da CAPES João Carlos Teatini de Souza Clímaco Governador do Estado de Minas Gerais Antônio Augusto Junho Anastasia Vice-Governador do Estado de Minas Gerais Alberto Pinto Coelho Júnior Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Nárcio Rodrigues Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes João dos Reis Canela Vice-Reitora da Unimontes Maria Ivete Soares de Almeida Pró-Reitora de Ensino Anete Marília Pereira Diretor do Centro de Educação a Distância Jânio Marques Dias Coordenadora da UAB/Unimontes Maria Ângela Lopes Dumont Macedo Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes Betânia Maria Araújo Passos Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH Antônio Wagner Veloso Rocha Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS Maria das Mercês Borem Correa Machado Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Paulo Cesar Mendes Barbosa Chefe do Departamento de Artes Maristela Cardoso Freitas Chefe do Departamento de Ciências Biológicas Guilherme Victor Nippes Pereira Chefe do Departamento de Ciências Sociais Maria da Luz Alves Ferreira Chefe do Departamento de Geociências Guilherme Augusto Guimarães Oliveira Chefe do Departamento de História Donizette Lima do Nascimento Chefe do Departamento de Comunicação e Letras Ana Cristina Santos Peixoto Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais Helena Murta Moraes Souto Chefe do Departamento de Estágios e Práticas Escolares Rosana Cassia Rodrigues Andrade Chefe do Departamento de Educação Andréa Lafetá de Melo Franco Coordenadora do Curso a Distância de Artes Visuais Maria Elvira Curty Romero Christoff Coordenador do Curso a Distância de Ciências Biológicas Afrânio Farias de Melo Junior Coordenadora do Curso a Distância de Ciências Sociais Cláudia Regina Santos de Almeida Coordenadora do Curso a Distância de Geografia Janete Aparecida Gomes Zuba Coordenadora do Curso a Distância de História Jonice dos Reis Procópio Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Espanhol Orlanda Miranda Santos Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Inglês Hejaine de Oliveira Fonseca Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Português Ana Cristina Santos Peixoto Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia Maria Narduce da Silva Autoras Andry Marcia Lopes Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Graduada em Artes/ Artes Plásticas pela Unimontes. Desenvolve atividades na área de artes plásticas e realiza pesquisa na área da arte-educação e dos recursos midiáticos. Áreas de interesse: arte e educação, educação a distância, oficinas de artes visuais em espaços formais e não formais, pesquisa e produção em artes visuais. Roberta Letícia Pereira Marques Cangussu Especialista em Docência do Ensino Superior pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá – FIJ (2006). Graduada em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFMG: Bacharel em Desenho (2001) e Licenciada em Desenho e Plástica (2002). Atualmente é professora no Curso de Artes Visuais do Departamento de Artes da Unimontes. Desenvolve atividades na área de ilustração convencional e digital, artes gráficas e plásticas. Áreas de interesse: poéticas processuais e crítica genética; pesquisa e produção audiovisual; arte abjeta; body art; erotismo e sexualidade; interartes. Suely Lopes Queiroz Especialista em Arte/Educação pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Graduada em Educação Artística / Artes Plásticas pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Professora do Departamento de Artes da Unimontes. Professora do Programa Conexões Visuais da Unimontes. Professora do Projeto Trilhando as Artes Plásticas do Conservatório Estadual Lorenzo Fernandez. Sumário Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 O ensino de Arte na Contemporaneidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 1.1 Introdução à Unidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 1.2 O ensino da arte na contemporaneidade: desafios ao arte-educador . . . . . . . . . . . . .11 1.3 Leitura e releitura da obra de arte: educação do olhar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 1.4 O ensino de arte e as novas tecnologias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 1.5 Avaliação em Artes Visuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39 Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 Ensino de arte e cultura: Multiculturalidade, Educação do olhar e Cultura Visual . . . . . .41 2.1 Introduçãoà Unidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 2.2 O ensino da arte e a sua relação com a cultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 2.3 A imagem na contemporaneidade: educação do olhar e cultura visual . . . . . . . . . . 48 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62 UNIDADE 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63 Ensino de arte como mediação cultural: o museu e outros espaços educativos . . . . . . .63 3.1 Introdução à Unidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63 3.2 Mediação cultural: artistas, ateliês e oficinas de arte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63 3.3 Museus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .75 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79 Atividades de Aprendizagem – AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .83 9 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II Apresentação Prezado (a) Acadêmico (a), Seja bem vindo a mais esta etapa do curso. Estamos na reta final do nosso curso de licen- ciatura em Artes Visuais da Universidade Aberta do Brasil e da Universidade Estadual de Montes Claros (UAB/ Unimontes). A disciplina Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II dará sequência ao conteúdo iniciado no 7º período, em Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais I. A disciplina Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II tem como objetivo geral apresentar e discutir sobre propostas de ensino aprendizagem em artes visuais nos espaços for- mais e não formais de ensino. Sendo assim, os objetivos específicos de estudos da disciplina são: • Conhecer propostas que possam contribuir com a formação cultural e estética de alunos em arte-educação. • Refletir sobre metodologias para o desenvolvimento da percepção, da imaginação, da leitu- ra da imagem e da produção artística em espaços formais e não formais de ensino. • Compreender a necessidade de atuação do arte/educador numa perspectiva multicultural, enfocando a educação do olhar e o rico repertório da cultura visual. • Refletir sobre o papel do professor de artes como mediador da cultura visual e da educação patrimonial. • Apresentar a metodologia da educação patrimonial para atividades educativas sobre as fun- ções do museu e de outros espaços culturais na preservação do patrimônio cultural. Tendo como referência a função primordial do ensino de arte, que é a formação estética do indivíduo, possibilitando-o conhecer sobre arte através do entendimento sobre o seu contexto histórico, artístico, social e cultural, como também através da autoexpressão e da alfabetização visual, o seu material didático foi subdividido em três unidades: • Na unidade 1 discutiremos sobre o ensino de arte na educação contemporânea, assim como propostas de atividades acerca da leitura e releitura da imagem, as novas tecnologias e a arte-educação, e a avaliação no ensino de arte. • Na unidade 2 focaremos o ensino de arte e a sua relação com a cultura, através de discus- sões e propostas acerca da multiculturalidade, da educação do olhar relacionada à cultura visual. • Na unidade 3 teremos como foco de estudos o ensino de arte como mediação cultural por meio de discussões e de propostas em torno do museu e de outros espaços educativos. Acompanham todo o texto os ícones: Dicas, Para refletir, Para saber mais, Atividades e Glos- sário, para auxiliá-lo em seus estudos e possibilitar um aprofundamento específico sobre os te- mas abordados. Portanto, utilize-os sempre que necessário. Estude, pesquise, e lembre-se de contar sempre conosco! Bons estudos! As autoras. 11 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II UNIDADE 1 O ensino de Arte na Contemporaneidade Andry Marcia Lopes Roberta Letícia Pereira Marques Cangussu Suely Lopes Queiroz 1.1 Introdução à Unidade Olá, acadêmicos do Curso de Artes Visuais, a Unidade 1 abre o nosso estudo sobre o ensino de arte na contemporaneidade e sobre os desafios e as propostas de ensino na arte-educação. Esperamos que este estudo contribua de maneira significativa com sua formação de arte-edu- cador. Abordaremos estudos sobre a imagem e o seu receptor/leitor, a mediação entre arte e público, linguagens e materiais possíveis de serem explorados nos estudos da arte, atributos do professor na arte-educação, bem como discussões sobre juízo de gosto, a função da arte e o pro- cesso de avaliação em seu ensino. Assim, o nosso objetivo nesta unidade é: • proporcionar conhecimentos e propostas possíveis de contribuir com a formação cultural e estética de alunos em arte-educação, bem como instigar para o desenvolvimento da per- cepção, da imaginação, da leitura de imagem e de produções em espaços formais e não for- mais de ensino. Que você possa acessar nossas indicações de leitura e de sítios eletrônicos, e que possa tam- bém buscar mais fontes de conhecimento sobre esta área tão relevante para a formação docente em arte. Compartilhe também com seus professores, tutores e colegas os seus conhecimentos e descobertas, e busque aprimorar ainda mais o seu conhecimento sobre arte e ensino, pois a autonomia é uma qualidade imprescindível àquele que busca por inovações e melhorias em seu trabalho. Que a sua formação de licenciatura em Arte possa contribuir para que você, enquanto arte- -educador promova o diálogo e o interesse dos seus alunos sendo mediador, interlocutor entre o seu aluno e o conhecimento em arte. 1.2 O ensino da arte na contemporaneidade: desafios ao arte-educador Através da arte-educação é possível proporcionar o conhecimento em arte, e assim contri- buir com a formação estética e cultural dos alunos. Para isso é preciso que o arte-educador traba- lhe suas propostas de ensino de arte de maneira significativa na vida dos educandos, proporcio- nando a relação arte/ público/artista no espaço de ensino. No ensino de arte contemporâneo, é fundamental que os educandos, através de pesquisas, observações, análises e críticas, possam conhecer e analisar os 12 UAB/Unimontes - 8º Período processos dos artistas, das obras de arte e da multiculturalidade presente na arte. Para se chegar à elaboração de formas originais de produção de obras ar- tísticas é preciso haver conhecimento suficiente de possibilidades de feitura, repertório imagético de referência e disponibilidade à criação. O ensino con- temporâneo de arte deve estar atento a isso. (PIMENTEL, 2002, p.224). Para que o educando atinja estes conhecimentos, é preciso que o arte-educador entenda os desafios ainda a serem superados nas propostas de seu trabalho, assim como os avanços já alcançados. Como salienta Barbosa (2005), através da arte-educação, é possível mediar a relação entre arte e o público, e muitos avanços já foram alcançados nessa mediação de ensino da arte. A mudança na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) é um avanço signifi- cativo parao ensino de arte, pois a lei 5692/71 previa a arte como atividade na escola, e só com a lei 9394/96 a arte tornou-se disciplina obrigatória no currículo escolar. No entanto, a referida lei, que contempla a arte como disciplina obrigatória na educação básica, dá abertura à interpreta- ção de que a obrigatoriedade para o ensino de arte não se aplica a todas as séries da educação básica. Essa situação limita ainda mais o espaço da arte na escola e o trabalho do arte-educador em proporcionar o contato dos seus alunos com o mundo da arte. Outra questão importante acerca da arte-educação que ainda consiste em um grande de- safio para o seu ensino é a subdivisão da arte em quatro linguagens, sendo estas linguagens contempladas no ensino de arte e abordadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): Ar- tes Visuais, Dança, Música e Teatro; no entanto a formação profissional do professor acontece em apenas uma linguagem artística, e dessa maneira, em seu trabalho em sala de aula, desenvolverá o ensino de arte apenas na sua área de formação, ou, se trabalhar com outra linguagem, será sem a formação necessária para tal. Um professor de cada linguagem artística trabalhando nas instituições de ensino proporcionaria aos alunos esta vivência com as quatro linguagens, porém esta é uma realidade ainda nãoconquistada no ensino da Arte. Entre os desafios encontrados, a disciplina muitas vezes sofre o preconceito nas instituições de ensino por não ser vista como necessária e indispensável à formação humana, no entanto, o ensino de arte “tem uma função tão importante quanto a dos outros conhecimentos no processo de ensino e aprendizagem” (BRASIL, 2000, p. 19). A formação humana depende do contato com a arte, pois a “arte como linguagem aguçadora dos sentidos transmite significados que não podem ser transmitidos por meio de nenhum outro tipo de linguagem, tal como a discursiva ou a cientí- fica” (BARBOSA, 2005, p.99). De acordo com Barbosa e Coutinho (2009), avanços estão sendo alcançados, pois o profes- sor de artes antes era visto como aquele que simplesmente produzia presentinhos para as datas comemorativas, como dia dos pais e dia das mães, mas atualmente há mais respeito, pois o arte- -educador já é visto como o detentor de toda uma história e de toda uma contextualização da arte em diversas épocas. Para a autora o conteúdo apresentado em arte tem maior respeito no mundo contemporâneo. Mas é preciso também cientificar-se de que o acesso à arte não deve ser direcionado a restritos grupos, ao contrário, a arte-educação deve proporcionar uma aproxima- ção das pessoas com o mundo da arte. É importante estar atento ao que salienta Barbosa e Coutinho (2009) de que os educadores precisam tentar desmistificar a ideia de que a arte requer um conhecimento extraordinário para ser compreendida, pois interpretar uma obra de arte e ter uma opinião sobre a mesma é possível a partir das experiências de vida de cada um. Através das experiências de vida e do constante contato do aluno com a arte em sala de aula e em atividades pedagógicas, é possível criar a apro- ximação necessária entre a arte e as pessoas. Arte e Cultura Visual devem conviver nos currículos e salas de aulas, suas imagens devem ser analisadas com o mesmo rigor crítico para combatermos formas colonizadoras da mente e dos comportamentos. (BARBOSA, 2010, p. 22). Ciente dos avanços e dos desafios ao arte-educador, este precisa assumir-se como sujeito importante nesse processo de busca. Cabe ao professor de artes iniciativas e posturas de respei- to com a disciplina que ministra, sendo este um passo essencial para o reconhecimento do ensi- no da arte pelo corpo docente e pelos alunos em cada instituição de ensino. Estar em constante sintonia com a arte, visitar espaços e instituições culturais, pesquisar e produzir arte são atribui- ções do arte-educador comprometido e consciente da relevância da sua disciplina na escola. 13 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II 1.3 Leitura e releitura da obra de arte: educação do olhar A presença de imagens é constante no nosso cotidiano. A todo momento nos deparamos com as mais diversas informações visuais, muitas vezes sem tempo de haver um olhar mais re- flexivo acerca dessa visualidade, o que resume as imagens a um caráter pouco significativo para aquele que não desenvolve um olhar crítico e observador. Como educador é importante conscientizar-se da relevância da imagem em nosso cotidia- no bem como da importância de a mesma não ser ignorada por nossos alunos, pois a imagem é um recurso muito poderoso e presente na contemporaneidade. Em sua prática pedagógica é imprescindível ao educador um trabalho que permita aos seus alunos a apreciação, leitura e in- terpretação das imagens, possibilitando-os assim um constante diálogo com o mundo. Mas o que vem a ser a leitura da imagem? Para Pillar (2009) é possível definir a leitura de uma imagem como a leitura de um texto que foi tecido com formas, cores, texturas e volumes. A autora ainda afirma que “ a leitura depende do que está a frente e atrás dos olhos” (PILLAR, 2009, p. 12), pois diante de uma mesma imagem é possível haver interpretações diferentes e leituras diversas, visto que cada indivíduo traz consigo experiências de vida que interferem na sua ma- neira de agir, de pensar, de se comunicar e de interpretar o mundo. No ensino de Arte, a leitura da obra artística é importante no processo de aprendizagem dos alunos pela possibilidade de construção de leitores mais críticos e sensíveis ao que vêem, pois “num país onde os políticos ganham eleições através da televisão, a alfabetização para a lei- tura é fundamental e a leitura da imagem artística, humanizadora” (BARBOSA, 1998, p.35). Mas, como trabalhar a leitura de uma obra de arte? Para Buoro (2002) muitos arte-educado- res restringem-se à transmissão de informações sobre os movimentos estéticos e a vida dos ar- tistas, limitando sua prática docente, o que torna a leitura da imagem de pouca significância ou proveito. O trabalho com a arte-educação requer do docente experiência e convívio com a arte, pois é a partir desse convívio que o arte-educador se torna capaz de mediar o olhar do seu aluno à compreensão do mundo que o cerca, instrumentalizando-o para saber ver e saber compreen- der o que ver, pois Leitura da obra de arte é questionamento, é busca, é descoberta, é o des- pertar da capacidade crítica, nunca a redução dos alunos a receptáculos de informações do professor, por mais inteligentes que elas sejam (BARBOSA, 1998, p.40). Para as possibilidades de proposições de leitura de uma obra, Schlichta (2009) destaca al- guns questionamentos básicos que a maioria das pessoas fazem diante de uma obra artística que podem auxiliar o professor no trabalho com seus alunos, como “o que é?”, “quem fez?”, “quan- do?”, “onde?”, “como?”, “Por quê? Com base nessas questões, a autora propõe metodologias de lei- tura de imagens possíveis de serem exploradas em sala de aula, comoa atividade que se segue no box, que se trata de uma proposta de exercícios a partir da leitura de duas obras do artista Van Gogh, A cadeira de Van Gogh (FIG.1) e A cadeira de Gauguin (FIG.2). BOX 1 Exercício artístico Selecionar com os alunos imagens de diferentes tipos de cadeiras que remetem a lados contraditórios. Comece o exercício problematizando opostos bem simples, como, por exemplo, uma cadeira para uma pessoa adulta versus para uma criança, cadeira com cores e estampas di- ferentes […] uma cadeira para uma pessoa mais madura, por exemplo, a cadeira do vovô e uma cadeira para um bebê. […] Nessa linha de raciocínio, peça que destaquem alguns personagens, podem ser do mundo do teatro, do cinema da política etc. [..] Por último, peça a eles tentem inventar ou imaginar e descrever como seriam as cadeiras desses personagens. Alémdisso, as cadeiras podem representar alguém, por exemplo, persona- gens da história da arte: Gauguin e Van Gogh. A cadeira de Gauguin e a cadeira de Van Gogh. Observe as pinturas de Van Gogh. Van Gogh pintou a cadeira dele com as cores amarelo e violeta, que para ele expressavam a claridade do dia e a esperança. No quadro A cadeira de Gau- guin o vermelho e o verde são cores contrastantes que para Van Gogh retratram a escuridão e a esperança perdida. 14 UAB/Unimontes - 8º Período Debate: Sobre as cadeiras retratadas nas duas pinturas vemos alguns objetos. Chame a atenção dos alunos para esse detalhe das pinturas e problematize: qual a relação entre os objetos e o título das obras? […] Que relações são estabelecidas entre o cachimbo, a bolsa de tabaco e o conceito de primiti- vo? Entre uma cadeira de palhinha (a cadeira polaca) a de Van Gogh, simbolizada pelos seus per- tences e uma cadeira de braços, mas dispendiosa, que pertence a Gauguin? Entre uma cadeira de braços, mais dispendiosa, cujos objetos, vela e livro são referências à cultura e ao zelo. Fonte: SCHLICHTA, Consuelo. Arte e Educação: há um lugar para Arte no Ensino Médio? Curitiba: Aymará, 2009. p. 96- 98. ▲ Figura 1: Van Gogh, Vicent. A cadeira de Van Gogh, 1888. Óleo sobre tela. Fonte: Museu Van Gogh. Disponível em: http://www.vangoghmuseum.nl/vgm/index.jsp?page=3733&collection=451&l ang=nl. Acesso em: 10 fev. 2012. 15 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II ▲ Figura 2: VAN GOGH,Vicent. A cadeira de Gauguin. 1888. Óleo sobre tela. Fonte: Museu Van Gogh. Disponível em: http://www.vangoghmuseum.nl/vgm/index.jsp?page=3733&collection=451&l ang=nl. Acesso em: 10 fev. 2012. A proposta de leitura de obra artística apresentada por Schlichta (2009) é um exemplo de como trabalhar a leitura de uma obra. Este exercício permite levantar possibilidades de aguçar o interesse dos alunos pelas informações das pinturas, principalmente se junto a isso questioná-los sobre o tema abordado e o dia a dia de cada um. Como exemplo, pode-se perguntar em que tipo de assento se sentam frequentemente, em como são os assentos da escola, das suas casas, dos ônibus e de carros, do clube ou da praça que frequentam. Que outros artistas poderiam ser apresentados aos alunos que também pintaram cadeiras? Assim como o exemplo da leitura de imagens a partir da pintura de cadeiras, pode-se lançar mão de muitos outros objetos e de outros artistas que os utilizaram em suas obras. O importante é sempre imaginar maneiras de levar o conhecimento ao aluno através da leitura, apresentando obras, artistas e movimentos artísticos, possibilitando ao aluno ser participativo e crítico acerca das imagens que o rodeiam. ATIVIDADE Realize uma pesquisa sobre diferentes obras artísticas que con- tenham um mesmo objeto em diferentes contextos e proponha uma aula em que sejam realizadas leituras des- sas obras artísticas. 16 UAB/Unimontes - 8º Período BOX 2 Uma proposta de leitura relacionando diferentes linguagens: 1º momento: ler o poema “Operário em construção” de Vinícius de Morais. 2º momento: pedir alunos que desenhem o que visualizaram durante leitura. 3º momento: Ouvir com os alunos a musica “Cidadão” na voz do artista Zé Geraldo. 4º momento: pedir que complementem seus desenhos depois de ouvirem a música 5º momento: apresentar e convidar à leitura da obra “Operários”, de Tarsila do Amaral. 6º momento: Promover uma discussão sobre a relação dos trabalhos dos alunos com a obra Operários, de Tarsila com o poema e a música estudados. 7º momento: contextualização sobre a pintura, a música e o poema estudados. 1.3.1 Propondo uma aula com a obra “Última Ceia”, de Leonardo da Vinci A obra Apresente aos alunos a figura da obra a Última Ceia (FIG.3) do artista Leonardo Da Vinci e dialogue com os alunos sobre a pintura com base em questões como: alguém já viu esta obra antes? Onde? Pelo título da obra, qual seria a cena representada pelo artista? Como são as pesso- as representadas? Você tem o hábito de sentar com a família durante as refeições? Quando vocês se reúnem para a ceia, é assim que se sentam à mesa? Por que o artista pintou todos de frente? È possível perceber na obra a expressão de cada apóstolo? Para onde está voltada a atenção das pessoas? É possível saber o que eles comeram na ceia? Alguém sabe que artista pintou a obra? O que parece está mais próximo do espectador? Que recurso o artista utilizou para dar a impres- são de proximidade? Contextualizando Sempre lembrando que a leitura da obra artística é uma etapa importante da aula, mas é interessante contextualizar os fatos, como conversar com seus alunos sobre o que já conhecem a respeito do artista, informando-os sobre o período e os acontecimentos em que a obra foi pinta- da e estabelecendo relações da pintura com os demais fatos sociais. Informações sobre a técnica utilizada, como o afresco,e também do uso da perspectiva, e de características das pinturas do Figura 3: DA VINCI, Leonardo. A última Ceia. 1495-1497. Óleo e têmpera sobre gesso. Fonte:Disponível em: http://multiplosestilos. blogspot.com/2010/02/ ultima-ceia-leonardo-da- -vinci.html. Acesso em 12 fev. 2012. ▼ 17 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II Renascimento podem complementar as informações sobre esta obra. Apresentar informações do artista Leonardo Da Vinci aos alunos como a de ter realizado estudos matemáticos e também estudos sobre a anatomia humana e animal e os ter utilizado em suas pinturas e desenhos, como também de ter dado início a muitas invenções seja nas artes, como o afresco e o esfumato, seja na ciência,como a máquina de guerra, ou na engenharia, como o sistema de abastecimento de água e de esgoto. Produzindo Uma produção artística possível é dividir a turma em equipes e pedir que cada equipe ob- serve a figura da obra mais uma vez e imagine algo que poderia ser acrescentado à pintura de Da Vinci, caso fosse pintada na contemporaneidade. O elemento que complemantará a pintura pode fazer parte de qualquer espaço da cena, seja sobre a mesa ou nas roupas das pessoas, seja depois da janela ou no primeiro plano da pintura. Peça que desenhem o elemento ou elementos que a equipe escolheu para complementar a obra. Anexe a figura da obra na parede (isso pode ser feito com uma impressão em tamanho maior ou um datashow refletindo a obra. Ou mesmo entregar uma impressão da obra em tama- nho menor para cada equipe), e peça que cada equipe mostre e dialogue com a turma com os colegas sobre o que desenharam para complementar a cena e que colem seus desenhos sobre a imagem, complementando-a. BOX 3 Por que trabalhar com Da Vinci? […] Antes de mais nada, Da Vinci foi um criador .Cientista que dominava vários meios de in- vestigação, ele acreditava na possibilidade de concretização de suas invenções: sonhava, criava, projetava, construía e muitas vezes incluía essas pesquisas em seus trabalhos artísticos. […] Suas obras mais populares são a última Ceia e a Monalisa, esta envolvida numa aura enigmática que até hoje suscita diversas interpretações. Estudar a vida e a obra de Leonardo da Vinci é travar conhecimento com um estudioso da natureza, da anatomia e da geometria, com um pesquisador dedicado que realizou inúmeras ex- periências técnicas e científicas. Em Da Vinci pode-se perceber a frágil dicotomia entre razão e emoção, ou mesmo entre arte e ciência. Nas poucas pinturas que conhecemos, observamos sua sensibilidade no tratamento do claro-escuro, na composição, na proporção e na relação entre os elementos da linguagem visual. Fonte: ARSLAN, Luciana; IAVELBERG, Rosa. Suplemento Didático Leonardo da Vinci, p. 2. Disponível em: http://literatura. moderna.com.br/catalogo/encartes/85-16-01508-4.pdf. Acessoem: 20 fev. 2012. 1.3.2 Propondo uma aula sobre o Surrealismo de Salvador Dali Sensibilizando Antes de apresentar a imagem aos alunos, converse com eles sobre sonhos: quem acredita que o sonho traz alguma mensagem? O que sonham têm ou não uma relação com o que vivem na realidade? Com que frequência têm sonhos? O que sonham são fatos impossíveis de acon- tecer na vida real? Já tiveram sonhos que não gostariam de acordar, ou, ao contrário, tentaram acordar para parar de sonhar? Se fosse para desenhar um sonho absurdo que tiveram, seria pos- sível? A obra O Sono Apresente a obra aos alunos (FIG.4). Peça que observem e estabeleça um diálogo sobre algumas questões: quando você olha para a imagem, com o que se que parece? Em que lugar acontece a cena? O que é possível de observar na pintura? Em que está apoiada a figura princi- pal? O que se encontra ao fundo da cena? Alguém se incomoda com o que vê na imagem? Por quê? Esta é uma cena real? Qual a relação da obra com seu título? Qual é o apoio da figura cen- tral? É confortável? Como são as cores da pintura? Por que o artista teria escolhido estas cores? Os olhos estão fechados, mas parece que está dormindo? DICA Como a pintura foi realizada por Da Vinci de acordo com uma passagem da bíblia, ao propor o fazer artís- tico pode-se realizar a leitura do referido evangelho (João 13:21) apenas para que os alu- nos imaginem a cena e reflitam sobre a inter- pretação na pintura. Outros artistas também pintaram ou esculpiram a Santa Ceia, o que abre mais uma possibilidade de trabalho com os alu- nos, pedindo-lhes que realizem uma pesquisa sobre estas obras e apresentem à turma. 18 UAB/Unimontes - 8º Período Sensibilizando Converse com a turma sobre fatos estranhos e situações inusitadas: quem já teve ideias que ele próprio considerou estranhas? Já imaginou objetos que não existem, mas poderiam ser cria- dos? Quem já se imaginou fazendo algo muito fora do comum em um espaço cheio de pessoas? Já parou para pensar nos segredos que a natureza esconde? E as várias situações que podem acontecer perto de nós que muitas vezes não percebemos? Quem já ouviu alguma coisa e ima- ginou que tivesse ouvido outra? E quem já viu um objeto ou uma situação, ou leu algum aviso, mas depois percebeu que não era o que havia visto ou interpretado antes? Alguém já viu algo e depois teve dúvidas se realmente tinha visto? Alguém já pensou na possibilidade de cada um de nós não ver exatamente o que o outro vê? Obra Rosto Paranóico Apresente a obra na posição horizontal (FIG.5) e peça que descrevam a cena. Observe se ha- verá contradição entre o que veem. O que é? O que lembra? Onde é? Depois de algum tempo apresente a imagem em posição vertical (FIG.6). Peça que obser- vem novamente e descrevam a cena. O que lembra? Só diga o título da obra no final. Alguém viu o rosto antes de colocá-lo na posição vertical? ◄Figura 4: DALI, Salvador. O sono.Óleo sobre tela. Fonte: Disponível em: http://artefontedeco- nhecimento.blogspot. com/2010/07/salvador- -dali-o-sono-pintura.html. Acesso em: 20 fev. 2012. ◄Figura 5: DALI, Salvador. Rosto Paranoico. Fonte: Disponível em: http://sentidosesentires. zip.net/. Acesso em: 20 fev. 2012. 19 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II Contextualizando Converse com os alunos sobre o Surrealismo, movimento artístico que iniciou em 1924, e que tinha grande relação com o irracional, com o irreal e que os artistas apresentavam em sua obras cenas distantes da realidade, possíveis de existir nos sonhos ou no insconsciente. Contem- ple informações importantes sobre o movimento artístico Surrealista: fale sobre a origem desse movimento artístico, embasado na psicanálise de Freud, e de ter acontecido não apenas nas ar- tes plásticas, mas também na literatura, no teatro e no cinema. Estabeleça um diálogo de proxi- midade entre os alunos e as obras, argumentando sobre o motivo por que muitas vezes as pes- soas utilizam o termo surreal para definir situações estranhas e sem sentido. Apresente o artista e as obras aos alunos: Salvador Dali foi um grande representante desse movimento artístico e suas obras se tornaram famosas no mundo, não apenas na pintura, mas na literatura, no teatro, e na fotografia. Apresente informações de pesquisas sobre as obras, como em o Sono as muletas utilizadas pelo artista dando sentido à fragilidade que é o mundo real, representado pelo cachorro, a casa, a mulher, que se encontram ao redor da cabeça que lembra um lençol. Contextualize as informações: o artista e o movimento artístico dentro do período histórico. Apresente informações sobre o Rosto Paranóico. Conte sobre a personalidade do artista, apre- sente outras imagens do artista. Com base nas obras, chame a atenção dos alunos para a visão diferente que cada um pode ter sobre uma mesma situação, ou para gostar ou não de algo, sobre a importância de respeitar a opinião dos outros. Conte curiosidades sobre as criações do artista Salvador Dalí. ◄Figura 6: Rosto Paranoico (posição vertical). Salvador Dalí. Fonte: Disponível em: http://sentidosesentires. zip.net/. Acesso em: 20 fev. 2012. 20 UAB/Unimontes - 8º Período O fazer artístico Antes da aula, prepare o material: recorte de revistas velhas, palavras e figuras soltas e colo- que em uma caixa. Tampe a caixa e abra um orifício apenas para enfiar a mão. Passe a caixa pelos alunos e peça que selecionem dois ou três papéis de figuras ou palavras que se encontram na caixa. O que for selecionado pelo aluno deve ser colado em um papel sulfite. O aluno deve criar a sua própria obra a partir da colagem, seja com lápis, tinta, ou mais recortes de revista. Após o fazer artístico, peça que os alunos apresentem seus trabalhos aos colegas, e antes de cada um ex- plicar o que fez peça que a turma tente interpretar o trabalho do colega,e que depois o aluno fale a respeito das sua produção e da interferência que realizou. Exponha os trabalhos para a turma. 1.3.3 Releitura da obra de arte O trabalho com releitura de obra artística no ensino de arte é muitas vezes confundido sim- plesmente com propostas de realização de cópias de obras, mas para Pillar (2009) esta é uma concepção errônea, pois há uma grande distância entre a releitura e a cópia, visto que na cópia não se cria algo novo, ao contrário do que ocorre na releitura, pois o que se deve buscar nesta proposta é a reinterpretação da obra, atribuindo-lhe novos significados, e não apenas propor a simples reprodução de uma imagem pronta. Ao longo da história da arte muitos artistas lançaram mão da releitura em seus trabalhos. Uma obra bastante famosa e muito utilizada em releituras é a Monalisa (FIG.7), pintura de Leo- nardo Da Vinci. DICA Esta é apenas uma possibilidade de traba- lho com o movimento artístico Surrealista. A leitura de poemas surrealistas associada ao fazer artístico, e o fazer artístico com base em desenhos que se relacionam com os sonhos de cada um são outras possibilidades de sensibilizações. PARA SABER MAIS O movimento Surre- alista começou em 1924 com o Manifesto Surrealista de André Breton e procurava “a comunicação com o irracional e o ilógico, deliberadamente deso- rientado e reorientando a inconsciência por meio do inconscien- te” (Bradley, 2001, 9). Disponível em: http:// literatura.moderna. com.br/catalogo/en- cartes/85-16-01961-6. pdf Acesso em 20 de fevereiro de 2012 ◄Figura 7: DA VINCI, Leonardo.Monalisa. Óleo sobre tela. Fonte: Disponível em: http://madebydih.blogs- pot.com/2011/06/mona- -lisa.html. Acesso em: 20 fev. 2012. 21 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II Artistas como Fernando Botero, SalvadorDali e Ro- mero Brito reinterpretaram esta pintura renascentista, dando-a novos significados. Na pintura do artista Bo- tero (FIG.8), por exemplo, veremos uma Monalisa com formas mais arredondadas e sem as proporções anato- micamente realistas da Monalisa de Leonardo Da Vinci. Salvador Dali, por sua vez, cria seu autorretrato apropriando-se da pintura (FIG.9). “Dali não só rompe com todos os valores artísticos que a pintura renas- centista representa, mas também se diverte colocando os seus famosos bigodes no rosto da Monalisa” (SCHLI- CHTA, 2009, p.118). O mesmo acontece com a pintura do artista bra- sileiro Romero Brito (FIG.10), que reinterpreta a obra de Da Vinci com formas coloridas e geométricas, subs- tituindo a figura humana pela figura de uma gata, um animal sempre presente nas obras do artista. Observe que nas releituras citadas houve um diá- logo com a pintura renascentista original, e a ela foram atribuídos novos significados, estes de acordo com a visão de cada artista que se apropriou da imagem, dei- xando presente o seu estilo. Reler uma obra, portanto, é diferente de copiá-la, pois ao contrário da tentativa de reprodução, o artista faz uma nova leitura, criando assim uma nova obra artística a partir da anterior, sem perder a relação com a obra que o inspirou. A leitura e a releitura do espectador diante de uma obra artística relacionam-se de acordo com cada época, pois a percepção e os conhecimentos de cada indivíduo estão diretamente ligados à sua experiência de vida e ao seu contexto estético, cultural e social; PARA SABER MAIS Romero Brito é um artista brasileiro que nasceu em Recife, Pernambuco em 1963, e se tornou famoso no mundo por seus traba- lhos. O artista realiza pinturas e esculturas com cores vibrantes e formas geométricas. Acesse o site oficial do artista e saiba mais a seu respeito. http://www.britto.com. br PARA SABER MAIS Fernando Botero é um pintor e escultor que nasceu em 1932 em Medellin, na Colômbia. Artista famoso pelos volumes e formas ar- redondadas presentes em suas figuras huma- nas. Saiba mais sobre o artista, acessando: http://taislc.blogspot. com/2009/02/fernan- do-botero.html ◄Figura 8: BOTERO, Fernando.Monalisa. Óleo sobre tela. Fonte: Disponível em: http://www.paintinghere. com/painting/Monali- sa_11279.html. Acesso em: 20 fev. 2012. ◄Figura 9: DALI, Salvador. Autorretrato. Montagem fotográfica de Philipe Halsman. Fonte: Disponível em http://arcasdearte. blogspot.com/2010/09/ algumas-versoes-de-mo- na-lisa.html. Acesso em: 20 fev. 2012. ◄Figura 10: BRITO, Romero. Mona Cat. Acrílico sobre tela. Fonte: Disponível em: http://linguagemeafins. blogspot.com/2011/04/ pintores-e-afins-romero- -britto-110411.html. Acesso em 20 fev. 2012. 22 UAB/Unimontes - 8º Período cada pessoa tem sua maneira própria de ver e de interpretar os fatos, por isso a importância em haver a contextualização das obras artísticas, pois “o mais importante é que fique clara a contex- tualização histórica da produção artístico-estética no processo de ensinar/aprender arte” (MAR- TINS, PICOSQUE e GUERRA, 1998, p.81). Outro exemplo de releitura e contextualização da obra são as releituras das obras do artista Diego Velázquez, realizadas pelo pintor espanhol Pablo Picasso (FIG.11). Antes de propor a releitura com seus alunos, é interessante que o arte-educador reflita so- bre a sua proposta e de qual seria a relação desta com o real significado da releitura. De acordo com Barbosa (2005a), há uma confusão de muitos professores acerca da releitura e do fazer ar- tístico, pois, antes da criação da proposta triangular, o aluno era levado apenas a se expressar ar- tisticamente, e, depois da triangulação, muitos professores, na tentativa de proporcionar as três fases no processo de ensino da arte, entenderam que o fazer artístico resumir-se-ia à releitura e que esta seria apenas a cópia da obra artística que fora estudada pelos alunos. Nos anos 80 foi criada e difundida no Brasil uma abordagem do ensino de arte que […] hoje mais concretamente chamamos de Proposta triangular. Mas o que vem a ser isso? A contextualização propõe que se contextualize a obra não só por via histórica, mas também social, biológica, psicológica, antro- pológica, etc.[...] A leitura da obra de arte (que recentemente tem sido chama- da de apreciação) propõe uma leitura do mundo e de nós neste mundo […] E o fazer? […] Ficou sendo a tal da releitura [...] o que tenho visto são os profes- sores que trabalham a releitura como cópia. (BARBOSA, 2005a, p. 143-145) Para Buoro (2002) essa confusão tem pouco a contribuir com a construção do conhecimen- to. A autora ainda acrescenta que, sem sombra de dúvida, [...] uma das propostas de aulas mais frequentemente realizadas por educadores de artes visuais constitui-se na assim denominada Figura 11: As meninas (detalhe). Original de Velázquez (esquerda) e releitura de Pablo Picasso (direita). Fonte: Disponível em http://s3.amazonaws.com/ imbw/attachments/41/ Picasso_As_Meninas_me- dium.jpg Acesso em: 02 mar. 2012. ► 23 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II releitura da obra de arte, entendida por muitos como uma cópia elaborada pe- los alunos com base na imagem que lhes é oferecida. Se realizada dentro desse modelo, pouco ou nada acresecenta ao conhecimento da construção da ima- gem produzida pelo artista. (BUORO, 2002, p. 21-22). Então, como trabalhar adequadamente a releitura em sala de aula? Barbosa (2005a) ainda salienta que há várias possibilidades, o mais importante é saber como conduzir a aprendizagem do aluno, visto que é o professor de Arte que deve proporcionar o espaço para o mesmo criar e expressar-se. O arte-educador deve mediar conhecimentos acerca da obra que servirá de inspira- ção, pois a obra não é apenas a figura que o aluno visualiza, mas também resultado de um pro- cesso cultural e social, e o aluno precisa ter o conhecimento em arte que juntar-se-á ao aos seus sentimentos e expressões, para assim dar forma a uma nova criação. Na leitura existe um diálogo entre leitor e obra , num tempo e espaços preci- sos. Já na releitura há um diálogo entre textos visuais, intertextos, dos quais podem se valer para novas criações. Ambas são produções de sentido que ex- plicam relações de um texto visual com o contexto. (MONTEIRO e MOSTAFA 2010, p. 205). Tomemos como base dois exemplos citados por Barbosa (1998) acerca da releitura da obra Quem somos? Onde Estamos? Para onde Vamos? do artista Paul Gauguin (1848 – 1903) (FIG.12). Barbosa (1998) enfatiza que teve acesso às releituras produzidas e as classificou como dois traba- lhos distintos (conforme visualização da FIG.13), sendo o primeiro trabalho apenas uma reprodu- ção, e o segundo, uma releitura de fato. Em preparação para o congresso Mundial do InSEA as escolas de Montreal tra- balharam acerca da obra de Gauguin e milhares de reproduções da obra Quem somos? Onde estamos? Pra onde Vamos? Foram distribuídas para os estudantes. Um dos distritos escolares resolveu levar as crianças a fazerem, combinando desenho, pintura e colagem os jogos americanos para o jantar de gala do en- cerramento do congresso. Posso oferecer aqui dois exemplos dos resultados. O primeiro demonstrando um trabalho superficial do professor, que pouco estimulou a leitura da obra com seus alunos e estava preocupado apenas em fazer uma peça do jogo americano. Já outro professor dedicou quatro aulas à leitura da obra, relacionou com história e geografia, fizeram navegações virtu- ais no computador entre França e o Taiti, falaram de diferentes religiões, etc. O resultado foi um trabalho aproveitando poucas figuras recortadas da obra es- tudada, reorganizadas em uma narrativana qual a imaginação e a construção pessoal dominaram. (BARBOSA, 1998, p. 78) Dessa maneira, percebe-se que, para se chegar a um trabalho bem sucedido de releitura, é preciso que o arte-educador exercite profundamente o trabalho com a leitura da obra com seus alunos. ◄Figura 12: GAUGUIN, Paul. Quem somos? Onde Estamos? Para onde Vamos? 1897-98. Óleo s/ tela. Fonte: Disponível em http://www.artknowled- genews.com/Museum_of_ Fine_Arts_Boston_Whe- re_do_we_come_from. html. Acesso em:5mar. 2012. 24 UAB/Unimontes - 8º Período 1.3.3.1 A releitura como fazer artístico Como professor de arte, o importante é direcionar a aula, propondo e possibilitando o exer- cício da criação, levando o aluno a conhecer arte e se expressar artisticamente. Durante a apre- ciação possibilite que os alunos se expressem sobre suas interpretações, e, ao contextualizar, possibilite o conhecimento sobre o período em que a obra foi criada, e para isso compartilhe conhecimentos sobre os fatos históricos, sociais, culturais, criando um diálogo acerca da visão de cada um sobre o período, estabelecendo relações com a obra artística apresentada. Proponha pesquisas que estimulem os alunos a conhecerem mais sobre a obra com a qual irá trabalhar. A apropriação da imagem como fazer artístico é uma proposta que no exercício da releitura pode trazer resultados interessantes, havendo a apropriação de uma imagem ou fragmento da obra original. Nesta proposta é possível reler a obra original e criar algo novo, atribuindo-lhe novas ideias, mensagens e interpretações. A atividade da apropriação da imagem pode ser realizada com re- cortes de revistas e outros materiais, com auxílio de um programa de computador, ou apenas através do desenho, como acontece na FIG. 15, em que houve uma releitura da obra “O Grito” (FIG.14) do artista Edward Munch (1863- 1944). PARA SABER MAIS InSEA, citada por Bar- bosa (1998) Internatio- nal Society for Education Through Art é uma grande organização que integra arte educa- dores de todos os graus de ensino e profissio- nais relacionados com educação artística em contextos de educação não formais como mu- seus, centros culturais, galerias, ateliers, etc. É um network importan- te para todos os que trabalham na área da educação artística e cultural porque fornece uma plataforma de contatos entre pessoas e instituições. Fonte: APEC. Dis- ponível em http:// www.apecv.pt/index. php?option=com_cont ent&task=view&id=162 &Itemid=72 Acesso em: 05 mar. 2012. Figura 13: Releituras a partir da obra de Gauguin. Fonte: BARBOSA, 1998, p. 78. ► 25 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II Ao realizar a apropriação, proporcione ao seu aluno a oportunidade de falar sobre a ex- periência vivenciada, permitindo que se mani- feste sobre os motivos que o levaram a colocar a imagem naquela situação ou naquele con- texto, e que compartilhe com os colegas suas produções. Utilizar uma nova linguagem é também uma proposta de releitura que pode propor- cionar resultados interessantes. Neste caso a proposta do fazer artístico acontece a partir de uma linguagem que seja diferente da lin- guagem artística da obra original. Para isso é possível interpretar um poema com desenho, fotografia ou escultura; ou interpretar uma pintura em escultura, assim como uma escul- tura em poema, etc. Ao propor este exercício, o professor pode também lançar mão de apresentar aos alunos artistas que realizaram releituras utili- zando linguagens diferentes da obra original, como, por exemplo, o artista brasileiro Vik Mu- niz, que realizou diversas apropriações como a da obra “Narciso na fonte” (FIG.16), de Carava- ggio (FIG.17). PARA SABER MAIS Conheça mais so- bre o artista Edvard Munch (1863-1944) e suas obras. Acesse http://www.edvard- -munch.com/gallery/ anxiety/scream.htm Para acessar o site do artista traduzido para o português, digite “Edvard Munch” no site de busca, localize o site acima indicado e clique em traduzir a página. ◄Figura 14: MUNCH, Edvard. O grito. Têmpera e paste sobre tela. Fonte: Disponível em: http://www.edvard-mun- ch.com/gallery/anxiety/ scream.htm. Acesso em: 25 fev. 2012. ◄Figura 15: Releitura de O Grito (trabalho de um aluno da Escola Municipal Diogo Leite). Fonte: Disponível em: http://ellenpeliciari. arteblog.com.br/26195/ Releituras-feitas-da- -tela-O-GRITO-de-Edvard- -Munch-Aluno-do-1-ano- -do-E-M-Diogo-B-Leite/. Acesso em: 25 fev. 2012. 26 UAB/Unimontes - 8º Período Figura 17: MUNIZ, Vik. Narciso na fonte. Técnica mista. Fonte: Disponível em: http://www.ignezferraz. com.br/mainportfolio4. asp?pagina=Artigos&cod_ item=2436. Acesso em 25 fev. 2012. ► ◄Figura 16: CARAVAGGIO, Michelangelo.Narciso na fonte. Óleo sobre tela. Fonte: Disponível em: http://www.ignezferraz. com.br/mainportfolio4. asp?pagina=Artigos&cod_ item=2436. Acesso em: 25 fev. 2012. 27 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II Na FIG. 18 apresentamos uma imagem de releitura encontrada sobre a obra “A dama com Arminho”, do artista Leonardo da Vinci. Independente da escolha do professor ao propor o exercício da releitura, o importante é que seja uma proposta que possibilite nutrir os alunos de conhecimento, visto que este trabalho não se resume ao que fazer, mas, sim, em como conduzir uma aula que oportunize ao aluno con- dições de explorar a sua criação. 1.4 O ensino de arte e as novas tecnologias Não se pode ignorar o fato de as novas tecnologias hoje estarem direta ou indiretamente pre- sentes na educação, visto que o contato com a informatização torna-se na maioria dos lares um costume comum, rotineiro, que intefere no hábito e no modo de pensar e de agir dos indivíduos. Com base nos fatos atuais, pode-se seguramente afirmar que o processo de informatização da sociedade é inevitável, e que o meio cultural participa ativamente desse processo. (ROCCO, 1996, p.45). Estar atento a essas inovações é de extrema relevância para o professor, pois, como fazer com que haja uma proximidade na sua relação com o aluno se não há da sua parte uma estreita relação com a informação que o aluno vivencia em casa ou nas ruas? Na área da arte-educação explorar as novas tecnologias pode possibilitar ao aluno um campo rico em conhecimento e de acesso à arte e a outras culturas, pois ◄Figura 18: Releitura de A dama com Arminho. Fonte: Disponível em: http://releiturasemcliques. blogspot.com.br/. Acesso em: 03 mar. 2012. 28 UAB/Unimontes - 8º Período Antes do computador, nosso acesso a obras de arte dava-se apenas por meio de livros caríssimos, que no Brasil eram produzidos principalmente pelos ban- cos para presenter a clientes no fim do ano, pois até os catálagos eram raros e em preto e branco. Nós professores de Arte e alunos, ficávamos a ver navios. Que professor tem capital suficiente para ser considerado bom cliente de ins- tituições financeiras, tão bom que justifique ganhar um presente do banco no fim do ano? (BARBOSA, 2005, p.105). Desse modo, o professor de Arte pode lançar mão de recursos valiosos em suas aulas, capazes de auxiliar no processo do conhecimento e da criação dos alunos. Porém deve haver um discerni- mento para o melhor direcionamento das atividades nas aulas, na utilização da tecnologia, pois [...] para alguns trabalhos ou estudos, pode ser preferível utilizar um material/ técnica tradicional; para outros, determinado meio/tecnologia é o mais indica- do. O bom senso, o conhecimento e o desejo, juntos, vão direcionar a escolha justificada de determinado caminho a ser seguido. (PIMENTEL, 2002, p.118). De acordocom Pimentel (2002), o arte-educador, trabalhando com meios tradicionais ou com recursos tecnológicos contemporâneos, deve sempre se preocupar com a aprendizagem de conhecimentos em arte, pois, muitas vezes, o professor na exploração de recursos tecnoló- gicos não proporciona ao aluno pensar a imagem. "Isso acontece quando o professor deixa sim- plesmente o aluno em frente à máquina, usando os recursos do programa, sem que daí advenha qualquer tipo de conhecimento artístico." (PIMENTEL, 2002,p.115). Com o uso da tecnologia como aliada do ensino-aprendizagem em arte, é preciso estar atento em como explorar os recursos tecnológicos e em como adequar os meios utilizados com o conteúdo em arte a ser trabalhado. Ao se optar por usar um ou mais recursos tecnológicos, essa escolha deve justi- ficar-se pela melhor adequação da expressão artística possibilitada por esse ou esses meios. O ideal é que @ alun@ tenha experiências com atividades e ma- teriais diversos - câmera fotográfica (tradicional ou digital) / vídeo / scanner / computador / ateliê / fotocópia- para que, conhecendo-os, possa pensar Arte de forma mais abrangente. (PIMENTEL, 2002, p.116). É sabido sobre as limitações encontradas para o trabalho com a tecnologia em sala de aula em muitas escolas, como o acesso restrito a computadores, à internet e até mesmo a recursos tecnológicos mais simples. "Muitas vezes, é a resistência do professor que impede esse acesso; outras é o contexto discriminatório que o faz" (PIMENTEL, 2002, p.115). Porém, as possibilidades de uso das tecnologias deve ser assunto de pesquisa e de discussões para a arte-educação, pois, diante de algumas limitações, ainda é possível buscar alternativas específicas, como divisão de equipes para utilização de uma máquina fotográfica ou mesmo de um celular. Segundo Pimen- tel (2002), talvez seja preciso pensar primeiramente em como garantir o acesso às tecnologias contemporâneas a alunos e professores, pois é esse acesso que garantirá a construção desses conhecimentos. Esta reflexão é relevante para o ensino da arte, pois o professor, muitas vezes, encontrará limitações para utilizar recursos tecnológicos em suas aulas, porém ter acesso às tecnologias e realizar produções artísticas a partir da sua utilização, bem como ter acesso a esses meios são ati- vidades que fazem parte da formação do arte-educador contemporâneo, que deve estar atento às possibilidades em explorar tais recursos com os educandos. 1.4.1 O computador, a Internet e a arte-educação Explorando recursos em programas de computador é possível realizar a manipulação de imagens, sejam estáticas (fotografia) ou em movimento (vídeo). A criação da imagem a partir de uma imagem já existente ou mesmo a partir da criação de uma nova imagem "pode ser pensa- da e repensada mais amplamente quando se tem a oportunidade de utilizar meios tecnológicos contemporâneos" (PIMENTEL, 2010, p.117). Esta manipulação acerca dos recursos disponíveis nos software de manipulação de imagens associadas à arte-educação, sendo bem conduzida pelo professor, pode propiciar o domínio de tratamento da imagem junto ao aprendizado sobre arte. DICA Observe que todos os seus conhecimen- tos sobre arte até aqui estudados serão importantes para o seu trabalho com a arte-educação. Por isso, realize uma pesquisa nos materiais didáticos das disciplinas do seu curso e reflita sobre as disciplinas estudadas que proporcionaram atividades e discus- sões acerca das novas tecnologias e do ensino de arte. 29 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II Através da utilização do computador é possível realizar em pouco tempo uma atividade que levaria tempo maior se esta tecnologia não fosse explorada, como: [...] a escolha da cor mais adequada ou da composição mais apro- priada pode ser um exercício a ser feito com bastante rapidez no computador, sendo possível economizar tempo e materiais. (PIMENTEL, 2002, p.117). Já o computador associado à internet torna possível um trabalho mais abrangente, como pro- mover a busca por diversos museus do mundo, assim como acesso a obras de arte e biografias de artistas, acesso a conhecimentos sobre as diferentes culturas, e demais estudos relevantes na área das artes. São recursos valiosos que permitem a ampliação do conhecimento desde simples pesqui- sas sobre arte até a buscas e explorações mais elaboradas capazes de aprofundar conhecimentos. Ao utilizar a internet é importante que o professor esteja atento aos sítios de pesquisa que indicar aos alunos, e assim evitar informações errôneas e desencontradas. Procure sempre pes- quisar em sítios oficiais. Sítios sobre artistas e curiosidades sobre arte, vídeos disponibilizados em sítios eletrônicos, jogos interativos e até mesmo a criação de perfis em redes sociais que pos- sam proporcionar o conhecimento em arte são recursos válidos para o trabalho com a arte-edu- cação aliada à internet. Em relação aos museus virtuais, há disponíveis sítios eletrônicos que possibilitam o acesso a diversos museus capazes de contribuir com informações relevantes ao conhecimento cultural dos alunos. Barbosa (2005) chama a atenção para o fato de haver nos sítios de museus e de expo- sições pouca ajuda para a educação do pesquisador-leitor, mas que ainda assim há museus que contribuem com o visitante e melhor o direcionam na sua visita; por isso é interessante que a proposta do professor de arte esteja bem direcionada, sendo possível lançar mão da visita virtual e ao mesmo tempo conduzir sua aula com vistas a atender os objetivos a que se propunha com a visita. Para isso é interessante acessar o sítio e se informar das possibilidades oferecidas em cada museu e exposição. Em meio às pesquisas, cada professor verá sobre os recursos oferecidos no sítio eletrônico pesquisado. Diante das possibilidades oferecidas, será destacado aqui o projeto brasileiro Era Vir- tual Museus, que disponibiliza alguns museus do estado de Minas Gerais, como o Museu Guig- nard. Porém,salientamos que a pesquisa nos diversos sítios é válida, e a demonstração aqui apre- sentada trata-se apenas de uma das possibilidades a serem exploradas. O projeto Era Virtual Museus (FIG. 19) teve início em 2008 com o intuito de promover a visi- tação virtual a diversas instituições brasileiras de cultura. Acessando o sítio eletrônico do projeto é possível visualizar exposições de museus de alguns estados do Brasil como Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás e Rio de Janeiro. Segundo informações presentes na apresentação do projeto, o intuito do mesmo é continuar virtualizando exposições de muitos outros museus brasileiros ain- da não oferecidas. ▲ Figura 19: Página inicial Era Virtual Museus. Fonte: Disponível em: http://www.eravirtual.org/pt/. Acesso em: 25 fev. 2012. DICA Consulte 100 maneiras de utilizar o Face- book em sala de aula. Acesse: http://noticias. universia.com.br/des- taque/noticia/2012/05/ 25/936671/100-manei- ras-usar-facebook-em- -sala-aula.html PARA SABER MAIS A seguir, alguns sítios para visitas a museus Museus brasileiros: • htpp:/www.victor. brecheret.nom.br • htpp://www.mabe. com.br • htpp://www.casade- portinari.com.br • htpp://www. dicaval- canti.com.br Museus internacionais: • htpp://www.museo- thyssen.org • htpp://www.christus- rex.org • htpp://museomoran- di.it • htpp://www.louvre.fr • htpp://www.moma.org • htpp://www.gugge- nheim.org • htpp://vangoghmu- seum.nl • htpp://rembrandthuis. nl PARA SABER MAIS Em fevereiro de 2011 foi criado o Google Art Project, um site que permitiu a visitação a 17 museus de todo o mundo. O acesso per- mite visitações a parte do acervo dos museus. Em 2012, o número de participantes passou para 151 museus, entre eles dois museus brasi- leiros, a Pinacoteca do Estado de São Pauloe o Museus Arte Moderna de São Paulo (MAM, SP). Leia mais em http://www1.fo- lha.uol.com.br/ ilustrada/1071082- -google-art-project- -libera-visita-virtual- -a-pinacoteca-e-ao- -mam.shtml 30 UAB/Unimontes - 8º Período Acessando o sítio eletrônico clique em Visitas Virtuais e veja os museus disponíveis para vi- sitação ou clique diretamente sobre a imagem e nome do museu presentes na página inicial. Ao acessar o sítio do museu, selecione a bandeira referente ao idioma em que deseja que se abra a página para a visita virtual. Aguarde abrir a página do museu (FIG. 20). A FIG. 21 ilustra a página de acesso ao Museu Guignard. Observe que, ao abrir a página no canto inferior esquerdo, encontram-se disponíveis os acessos de museu: selecione os espaços de visitação. Com o mouse clique nas setas selecionando o acesso para cima, para baixo, ou para os lados direito e esquerdo (FIG. 21 e 22). Figura 20: Fachada do museu Guignard. Fonte: Disponível em: http://www.eravirtual.org/ guignard_br/. Acesso em: 25 fev. 2012. ► Figura 21: Acesso às obras disponíveis no Museu Guignard virtual. Fonte: Disponível em:http://www.eravirtual. org/guignard_br/. Acesso em: 25 fev. 2012. ► 31 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II Ao propor a visitação virtual aos seus alunos, é interessante que prepare antes a sua aula: realize uma pesquisa no sítio que será visitado, analisando o que pode ser explorado na visitação e como a aula será direcionada. È importante pensar sobre o tempo necessário para a vistação, a disponibilidade de computadores com acesso à internet, assim como pensar sobre quaisquer dificuldades que possam dificultar a atividade com os alunos. Pensar a aula e prepará-la com an- tecedência é uma tarefa imprescindível ao docente para que se obtenha sucesso nos resultados. BOX 4 SUGESTÃO DE AULA: Como criar uma galeria virtual de arte Objetivo - Apreciar acervos online. Conteúdo - Arte visual. Anos 4º e 5º. Tempo estimado 15 aulas. Material necessário Computadores com acesso à internet, mapa-múndi e lista dos grandes museus de arte no mundo. Flexibilização- Para alunos com deficiência visual Para ajudar os alunos cegos a navegar pelas galerias virtuais vale lançar mão de softwares específicos para este fim, como o Jauss, por exemplo. Mesmo assim, procure saber, antecipada- mente, que noções este aluno tem sobre as artes visuais (em especial sobre a pintura) e faça com que os colegas sirvam como narradores das obras consultadas - comentando para o aluno cores, formas e elementos que devem ser observados. No Google Art Project há uma série de pequenos textos explicativos das obras, que podem ser consultados pelo aluno cego com a ajuda do pro- fessor ou dos softwares já mencionados. Se necessário, antecipe algumas etapas e conte com a ajuda do AEE no contraturno. Você pode preparar materiais em braile sobre artistas e obras e im- primir algumas pinturas, ressaltando elementos com cola de relevo, para que o aluno aprimore sua apreciação. Desenvolvimento 1ª etapa Pergunte se alguém já visitou museus de arte e sabe os critérios para organizar uma coleção de arte. Explique que o curador é o responsável pelo trabalho e que, com base em propostas, escolhe as obras. ◄Figura 22: Visualização da pintura Retrato de Homem, de Guignard na visita virtual ao Museu Guignard. Óleo sobre tela. Fonte: Disponível em: http://www.eravirtual.org/ guignard_br/. Acesso em: 25 fev. 2012. 32 UAB/Unimontes - 8º Período 2ª etapa Apresente a lista dos grandes museus e situe alguns no mapa-múndi para mostrar o quão distantes estão do Brasil. Questione como a turma imagina que a internet pode ser útil para en- curtar as distâncias. Explique que certas instituições disponibilizam parte do acervo na rede e que o Google Art Project reúne várias delas. 3ª etapa Divida as crianças em trios e incentive a navegação pelo Art Project. Sugira que visitem vá- rios museus. Chame a atenção para os tipos de coleção exibidos (arte moderna, por exemplo), o ambiente (pintam as paredes ou utilizam cenários, por exemplo) e oriente o uso da ferramenta de zoom. 4ª etapa Divida as crianças em trios ou quartetos e sorteie um museu para cada um. Peça que nave- guem por ela, apreciando o acervo, para apresentá-la aos colegas mais tarde. Se possível, como ta- refa de casa, o grupo deve explorar todas as instituições na internet para que haja um debate após as apresentações. Supervisione as visitas virtuais e as apresentações, acrescentando observações. 5ª etapa Convide os alunos a criar uma galeria virtual no Art Project e divulgá-la por e-mail para a comunidade escolar. Os critérios para a seleção das obras podem ser vários - o gênero (como paisagem ou retrato), a época ou a nacionalidade do artista, por exemplo. É possível também organizar uma galeria que apresente os destaques de cada museu. A turma deve recorrer ao que aprendeu durante a pesquisa e às apresentações da etapa anterior para fazer as escolhas. 6ª etapa Com o acervo pronto, peça que cada estudante escreva uma legenda e registre na galeria. Sugira explorar o site novamente para buscar os elementos que normalmente o compõe (como informações a respeito do artista e técnica utilizada). Organize também a elaboração do texto de apresentação da coleção, para ser enviado por e-mail à comunidade escolar, juntamente com o endereço virtual da galeria, e providencie o envio das mensagens. Produto final: Coleção virtual de arte. Avaliação Reúna as crianças para conversar sobre a relevância da preservação da memória da produ- ção artística da humanidade e a respeito das perspectivas possíveis para a elaboração de um acervo. Busque nas falas dos alunos exemplos relacionados à experiência da visita virtual feita com o Google Art Project e analise os critérios usados para montar a galeria. Consultoria: Maria José Spiteri. Professora da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) e da Universidade São Judas Tadeu. Fonte: Revista Escola Abril. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-pedagogica/como-criar-gale- ria-virtual-arte-624703.shtml. Acesso em: 22 jan. 2012. 1.4.2 Os recursos audiovisuais na arte-educação De acordo com Pimentel (2002) a imagem ganha a cada avanço tecnológico mais e mais possibilidades de apropriações de ressignificação, seja pela fotografia, vídeo, scanner, computa- dor, câmera digital ou a fotocópia, colaboram muito coma evolução do conhecimento dos alu- nos e com o desenvolvimento das aulas de arte, principalmente se estiverem voltadas para uma abordagem triangular. O scanner pode transferir para o computador tanto a imagem já impressa quanto a imagem de objetos sobre ele depositados. A imagem reproduzida por fotocópia (xerox) pode direcionar para um trabalho em que o foco deseja- do seja o forte contraste, por exemplo (PIMENTEL, 2002, p.116). Ao trabalhar com a fotografia é possível exercitar um olhar mais aguçado, além de explorar recursos básicos da câmera e de possibilitar uma aproximação entre o aluno e os trabalhos artís- ticos desta linguagem. Já “o vídeo, mais do que imagem fixa, viabiliza através de cópias, a difusão de informações visuais e verbais” (PILLAR e VIEIRA, 1992, p.11). Pillar e Vieira (1992), em pesquisa realizada pelo institulo Arte na Escola, acerca da utlização do vídeo como recurso didático nas aulas de artes visuais, na conclusão da pesquisa propuseram algumas orientações que hoje são também rele- vantes e podem ser aplicadas pelo arte-educador ao utilizar o vídeo nas aulas. A pesquisa foi re- alizada em duas cidades dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina com 538 alunos GLOSSÁRIO Software JAUSS: pro- grama de computador que realiza ‘leitura’ de textos na internet.Fonte: Revista Escola Abril Disponível em http:// revistaescola.abril.com. br/lingua-portuguesa/ pratica-pedagogica/ irregularidades-orto- graficas-consulta-ao- -dicionario-621900. shtml PARA SABER MAIS Atendimento Educacio- nal Especializado (AEE), é um serviço da edu- cação especial que [...] identifica, elabora, e organiza recursos peda- gógicos e de acessibili- dade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alu- nos, considerando suas necessidades específi- cas (SEESP/MEC, 2008). * O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno, visando a sua autono- mia na escola e fora dela, constituindo oferta obrigatória pelos sistemas de ensino. Disponível em: http:// espacoaee.blogspot. com.br/2010/07/aten- dimento-educacional- -especializado.html 33 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II do ensino formal e não formal das redes pública e particular e faixa-etária entre 7 e 50 anos de idade. Segundo as autoras, ao final da pesquisa, foi possível constatar que a duração ideal para apresentação de vídeos sobre arte nas aulas seria de aproximadamente 15 minutos, considerado este tempo pelas autoras como nem curto nem longo demais. Ainda segundo as autoras, embora os vídeos didáticos (que enfocavam sequência de movi- mentos artísticos, comparando obras, estilos e épocas) tenham tido grande importância para o entendimento de história da arte, foram os vídeos documentais (que mostravam artistas traba- lhando em atelier e falando sobre suas produções) os mais enriquecedores e que propiciaram o envolvimento dos alunos na leitura e na produção em arte. Como salienta Pillar (2009), em estudos realizados sobre o vídeo, ou imagem em movimento como se refere a própria autora, no caso das crianças, estas demonstram maior interesse pelo plano da expressão do que pelo plano do conteúdo, ou seja, o interesse maior está mais focali- zado nos movimentos e nas cores do que na narrativa verbal, por isso uso do vídeo torna-se tão enriquecedor para a aula. É válido considerar que as obras de arte reprozidas em livros, catálogos ou revistas são ma- teriais de grande valor no trabalho com a leitura da imagem, sendo a imagem móvel (vídeo) mais uma das possibilidades do trabalho de ensino da arte. BOX 5 O DVD nas aulas de Arte: um auxílio às proposições das aulas O Instituto Arte na Escola é uma organização social que incentiva e qualifica o ensino da arte através da formação continuada de professores da educação básica. Em relação aos recursos midiáticos é disponibilizado um acervo com grande número de DVDs, sendo estes distribuídos gratuitamente pelo Ministério da Educação (MEC) nas escolas de ensino público. Por isso, acon- selhamos que você realize uma pesquisa na escola onde já trabalha ou que venha a trabalhar e procure pelo material. Caso não localize o acervo de DVDs, peça à direção da escola para entrar em contato com o MEC e se informe sobre a aquisição do referido material pela escola. Acesse o sítio eletrônico/ clique em Midiateca/ digite sua pesquisa e visualize os catálogos de DVD disponíveis com proposições para suas aulas. Acessando o sítio arte na Escola é possível também participar dos fóruns de discussões com os demais professores, compartilhar relatos de experiências sobre aulas de Arte, visualizar foto- grafias e propostas já realizadas nas aulas dos colegas já inscritos, e também receber informati- vos via email. Acesse e realize seu cadastro no site www.artenaescola.org.br ◄Figura 23: Página inicial do sítio Arte na Escola. Fonte: Disponível em www.artenaescola.org.br. Acesso em: 03 mar. 2012. 34 UAB/Unimontes - 8º Período BOX 6 Aula utilizando a fotografia e o vídeo Proposição de aula trabalhada pelas arte-educadoras Andry Lopes, Carmirene Vieira e Dil- ma Klem em pesquisa do Instituto Arte na Escola com professoras do ensino infantil em Montes Claros – MG.. Esta proposta, adaptada de acordo com cada faixa-etária, pode ser trabalhada com alunos do ensino fundamental e do médio. Plano de Aula – Macrofotografia TEMA: A fotografia e a percepção do olhar DURAÇÃO: 4 horas/a PÚBLICO ALVO: professoras pesquisadas do CEMEI Mundo da Criança. OBJETIVO GERAL: Relacionar conhecimentos sobre Arte e fotografia, trabalhando a sensibilidade estética do olhar através dos trabalhos de Juarez Silva. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Conhecer os trabalhos fotográficos do artista Juarez Silva; Estimular a percepção e a sensibilidade estético-visual para detalhes comumente não obser- vados. METODOLOGIA: 1º momento (30 min): pedir que cada participante caminhe aos arredores da escola com uma máquina fotográfica em mãos, observando e registrando detalhes, objetos e/ou situações não perceptíveis comumente, fotografando o escondido, o oculto, o camuflado. 2º momento (15 min): transferência e seleção das fotografias realizadas por cada participan- te para o computador. 3º momento (20 min): Cada participante deverá apresentar aos demais suas fotografias, im- pressões e relatos sobre as imagens captadas. Durante as apresentações, promover discussões em grupo sobre as percepções e o olhar particularizado. 4º momento (20 min): Apresentar o 1º e o 3º bloco do DVD Arte na Escola Macrofotografia, fotógrafo Juarez Silva. 5º momento (15 min): Apresentação de imagens de algumas fotografias apresentadas no DVD do artista Juarez Silva, contextualizando informações sobre vida e obra do artista. 6º momento (20 min): Apresentação em Power point de imagens diversas relacionadas ao olhar perceptivo, imagens como: nuvens que lembram objetos, bichos ou pessoas; árvores que sugerem a forma humana ou outras formas, bichos camuflados na natureza, etc. Figura 24: visualização do mapa rizomático/ catálogo do DVD Arte na Escola. Fonte: Disponível em: http://www.artenaescola. org.br/dvdteca/pdf/arq_ pdf_33.pdf. Acesso em: 03 mar. 2012. ► GLOSSÁRIO Macrofotografia ou fotografia macro: é um ramo da fotografia que está voltada para a captura de imagens de pequenos objetos, mostrando pequenos detalhes não obser- vados ou invisíveis ao olho nu. 35 Artes Visuais - Processos Pedagógicos no Ensino das Artes Visuais II 7º momento (40 min): Exercício Haicai: Andar pela sala ao som da música amassando um papel; depois observar o papel procurando formas; com uso de lápis colorido e grafite, desenhar em outro papel as formas percebidas no papel que amassara; Nomear o desenho criado e criar um poema na estrutura Haicai apenas com adjetivos para o desenho (o poema, na estrutura hai- cai é feito no verso da folha do mesmo desenho). 8º momento (20min): cada aluno vai à frente, apresenta seu desenho, e, enquanto os cole- gas observam sua produção, realiza a leitura do poema por ele criado (que se encontra no verso). 9º momento (20min): Discussão em grupo sobre o DVD apresentado, sobre os trabalhos do artista Juarez Silva e suas relações com a atividade realizada no início da aula. Discussão sobre a percepção visual e conhecimento estético. RECURSOS: máquina fotográfica, data-show, computador, papel ofício, lápis de cor, lápis gra- fite, giz de cera, vídeo Juarez Silva (Arte na Escola). Exemplo de poema haicai para atividade proposta no planejamento: Francisco (1 linha/nome desenho) Louco animado (qualidades para o desenho/ 2 linhas) Fechado misterioso alegre (3 linhas) Corredor pirado abelhudo jovem (4 linhas) Simpático curioso amigo escondido delicado transparente (5 linhas) dedicado faceiro ligado animador (4 linhas) aéreo alto desconfiado (3 linhas) feliz conquistador (2 linhas) Francisco (1 linha: repete nome da 1ª linha) Utilizar a relação de mais de um recurso tecnológico “pode gerar imagens muito interessan- tes e significativas”, que levem
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