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DIREITO ADMINISTRATIVO III -Marcus Seixas - Caderno para 1a Prova

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DIREITO ADMINISTRATIVO III
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira 
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA – A intervenção do Estado na propriedade privada é justificada pelo valor da Supremacia do Interesse Público, valor constitucional que estabelece que o interesse público, titularizado pelo Estado, justifica a intervenção do Poder Público na propriedade privada, a despeito da garantia da propriedade privada. Quando falamos sobre intervenção do Estado na propriedade privada, precisamos estabelecer o que é propriedade privada no ordenamento jurídico brasileiro.
PROPRIEDADE PRIVADA E A CF/88 - A propriedade privada é um dos direitos fundamentais previstos na CF, em seu Artigo 5º, não sendo um direito pleno e absoluto (não existem direitos plenos e absolutos no ordenamento jurídico brasileiro). A propriedade deve atender uma função social, sendo um fruto da negociação feita durante a elaboração da Carta de 1988, onde o país adotou ideais liberais e sociais.
XXII - é garantido o direito de propriedade;
 XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
 XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
 Como nenhum direito é absoluto, o Artigo 5º, XXIV da CF/88 prevê a desapropriação da propriedade privada, que pode ocorrer pela desapropriação urbanística sancionatória, por exemplo, que é quando o Estado interfere e (re)condiciona certas propriedades para que haja o cumprimento de sua função social. 
TEORIA DO DOMÍNIO EMINENTE - A intervenção do Estado na propriedade privada segue outra teoria, que é a Teoria do Domínio Eminente. Esta teoria consiste na ideia de que existem bens públicos em sentido estrito (bens privados do Estado) e os bens particulares (bens do cidadão). Além disso, existem os bens públicos lato sensu, que apesar de serem propriedades particulares dos indivíduos, estão sujeitos á soberania e poder de império do Brasil, por estarem em território brasileiro. Logo, a intervenção do Estado na propriedade privada é realizada nos bens públicos em sentido amplo que serão utilizados para atender ao interesse público e uma função social.
OBS: Podemos concluir que os três pilares que sustentam a intervenção do Estado na propriedade privada são a função social, supremacia do interesse público e a Teoria do Domínio Eminente.
ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA - Existem 5 tipos de intervenção do Estado na propriedade privada, que são a desapropriação (comum, urbanística sancionatória, rural, etc), a servidão administrativa, as limitações administrativas, as ocupações temporárias e as requisições administrativas e o tombamento.
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA - A servidão administrativa, originalmente, não é oriunda do Direito Público, não passando de um transporte de um instituto privado para o Direito Público e, consequentemente, para o direito ambiental. A Servidão Administrativa possui um conceito um pouco análogo, ocorrendo quando o poder público precisa fazer uma restrição à propriedade privada de alguém, para que esta propriedade seja limitada para suportar um ônus/benefício em favor do poder público.
 Um exemplo seria quando o poder público, para instalar uma rede fiação elétrica, deve passar por uma parcela da propriedade de um fazenda, não sendo necessário a desapropriação, mas apenas a servidão administrativa, onde a fazenda irá suportar essa restrição ao seu território, pois o Estado está exercendo e atendendo o interesse público.
-Servidão Administrativa e Dever de Indenização: A priori, a lei não estabelece um dever de indenização por parte do Estado. Porém, há possibilidade do particular de alegar danos, podendo discutir com o Estado sobre uma eventual indenização. Se o poder público entende que a servidão ocorrerá com base no interesse público, não caberá ao Judiciário decidir sobre a admissibilidade ou não da servidão/mérito administrativo da servidão, mas apenas discutir sobre a possibilidade ou não de haver uma indenização. 
 A indenização deve ser estabelecida antes da servidão ocorrer, onde o pagamento da servidão pode ocorrer de forma amigável ou litigiosamente.
 Caso o pagamento seja feito de (i) forma amigável, o Estado e o proprietário lavram uma escritura pública de servidão no Tabelionato de Notas definindo o estabelecimento de uma indenização , levando esta escritura no Ofício de Registro de Imóveis para averbar a escritura na matricula do imóvel.
 Caso o pagamento ocorra de (ii) forma litigiosa, haverá uma ação judicial que resultará em uma sentença, gerada pelo órgão jurisdicional competente, estabelecendo o pagamento de indenização pelo Estado ao proprietário, sendo que tal sentença será levada ao Cartório/Ofício de Registro de Imóveis para ser averbada na matricula do imóvel.
-Extinção da Servidão Administrativa: A servidão administrativa não está sujeita a termo, possuindo duração indeterminada. Contanto, a servidão pode deixar de existir em três casos:
 Quando (i) o fato que dá causa ao interesse público deixou de existir, bastando uma escritura pública de desinstalação de servidão administrativa e a consequente extinção desse registro na averbação do imóvel;
 Quando (ii) houver a extinção do bem dominante, ou seja, quando houver um curto-circuito nas linhas de fiação que inutilizou todo o sistema de fornecimento de energia;
 Quando (iii) houver a extinção do imóvel serviente, como nos casos de aluvião, que é a inundação de terras provocada por um grande volume de água.
-Servidão no Direito Civil: A servidão no direito civil é uma relação jurídica bilateral de direito real (normalmente entre dois bens imóveis), onde existe um bem imóvel serviente e outro bem imóvel dominante. O imóvel dominante estabelece por meio da servidão alguma vantagem que vai ser concedida em face do imóvel serviente.
 Um exemplo é a servidão de passagem, que ocorre quando uma região de Fazendas (Fazendas A, B, C e D) possui uma fazenda que, para conseguir acesso às vias públicas, precisa atravessar pelas outras fazendas, sendo a servidão uma forma de garantir o direito de passagem para que D (imóvel dominante) possa adentrar a terra de A (imóvel serviente) com o intuito de obter acesso às vias públicas, podendo conceder tal direito de forma gratuita ou através de uma negociação. 
-Decreto Lei 3365/41: O Decreto-Lei 3365/41, elaborado por Vargas, no período do Estado Novo (Vargas acumulou o poder legislativo e executivo), é considerado como a lei geral de desapropriação, tratando especificamente da desapropriação por utilidade pública e sendo utilizada, por analogia, para outros tipos de desapropriação. Por utilidade pública, o instituto legislativo que versa sobre o procedimento da desapropriação é aplicado analogicamente na servidão, no caso de ausência de lei.
Art. 40.  O expropriante poderá constituir servidões, mediante indenização na forma desta lei.
 Antes da notificação ao proprietário, é necessária uma declaração de utilidade pública da servidão, conforme Artigo 2º do Decreto Lei 3365/41. Tal declaração, geralmente realizada através de decretos, precisa indicar com precisão qual será a área sujeito à desapropriação (exige maior cuidado) ou servidão.
Art. 2o  Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.
OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA – Pode-se conceituar ocupação temporária como forma de intervenção pela qual o PoderPúblico usa transitoriamente imóveis privados, como meio de apoio à execução de obras e serviços públicos. O objetivo da ocupação temporária é permitir que o Poder Público deixe alocados, em algum terreno desocupado, máquinas, equipamentos, barracões de operários, por pequeno espaço de tempo.
OBS: A ocupação temporária não é um direito real, não precisando ser registrado em cartório, não sendo um direito do Estado com o imóvel, mas oponível ao administrado, apesar de incidir apenas sobre bens imóveis. 
 As ocupações temporárias são modalidades de intervenção transitórias, diferentemente da servidão e limitação administrativa. Além disso, a ocupação temporária tem como fundamento normativo a realização de serviços públicos normais.
-Fundamento Normativo: As ocupações temporárias são uma modalidade de intervenção que sofrem com a falta de uma devida regulamentação. O fundamento genérico da ocupação temporária é o Artigo 36 do Decreto Lei 3365/41, estabelecendo que é permitida a ocupação temporária de terrenos não edificados vizinhos às obras e necessários para sua realização, havendo possibilidade de indenização por ação judicial própria ao final da ocupação.
Art. 36.  É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização. O expropriante prestará caução, quando exigida.
-Interpretação Ampliativa da Ocupação Temporária: A doutrina, propositalmente ao longo do tempo, aplicou a este instituto uma interpretação ampliativa, estabelecendo que a ocupação temporária não se aplicasse apenas à possibilidade de ocupação temporária de imóvel vizinho a outra, devendo ser um mecanismo do Poder Público de utilizar qualquer bem imóvel, edificado ou não, que estivesse associado à facilitação de execução de um serviço público. Logo, a doutrina, indo de forma totalmente frontal em relação à lei, tenta remodelar o instituto da ocupação temporária, com o intuito de que o mesmo possua uma função mais elástica.
 A jurisprudência federal acatou a interpretação doutrinária. Dentro desse novo contexto, a ocupação temporária pode ser aplicada agora no caso das eleições onde, para que realize o serviço público de realizar os colégios eleitorais, a Administração faz uso da ocupação temporária através de uma comunicação prévia, ocupando provisoriamente certas propriedades privadas para instalar os colégios eleitorais, com o intuito de possibilitar que as eleições ocorram da forma mais eficiente possível.
-Ocupação Temporária e Dever de Indenizar: O tema da indenizabilidade da ocupação temporária gera um conflito na doutrina à respeito de sua obrigatoriedade. De acordo com a (i) Lei (Artigo 36, Decreto 3365/41) define que sempre haverá a indenização após a ocupação temporária por meio de ação própria. Parcela da (ii) corrente doutrinária defende que esta ideia de indenização é relativa, podendo existir situações em que não haverá um dano efetivo e concreto à propriedade privada. 
 Existe uma (iii) 3ª corrente que prega que existiriam dois tipos de ocupação temporária: a (a) ocupação temporária prevista expressamente no Artigo 36, que é a ocupação temporária para viabilizar construção de obra, sendo sempre indenizável; e a (b) ocupação temporária criada pela doutrina/jurisprudência, que só teria o dever de indenizar caso o administrado consiga comprovar um dano concreto e efetivo. Esta é a corrente mais aceita pela doutrina atualmente.
-Regimes Indenizatórios: Por entendimento doutrinário, existem dois regimes indenizatórios da ocupação temporário: o (i) o Regime Indenizatório da Ocupação Temporária de e Imóvel Não Identificável para Construção de Obra Pública, sempre sendo possível a indenização; e o (ii) Regime Indenizatório da Ocupação Temporária para Realização de Serviços Públicos Normais, havendo a indenização apenas caso o administrado comprove a ocorrência de um dano.
OBS: É discutida a possibilidade de reconhecimento extrajudicial do dano decorrido da ocupação temporária e pagamento direto da indenização pelo Estado ao administrado.
LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA – Limitação administrativa é uma determinação geral, pela qual o Poder Público impõe a proprietários indeterminados obrigações de fazer ou de não fazer, com o fim de garantir que a propriedade atenda a sua função social. A principal diferença entre a limitação e a servidão é que a limitação atinge pessoas e imóveis que a Administração não previamente conhecem de modo individualizado. Enquanto a servidão administrativa se aplica a um imóvel particular, a limitação administrativa atinge uma pluralidade de imóveis que a Administração não conhece individualmente, mas apenas de forma abstrata, sendo uma restrição genérica a imóveis previamente não identificados.
-Caráter Genérico e Abstrato: As limitações administrativas possuem caráter genérico, estabelecendo um âmbito de incidência que é aplicado a todos os administrados que se submeterem a esta hipótese. Normalmente, as limitações administrativas são instituídas por meio de lei, devido ao fato de possuírem uma finalidade de generalidade e abstração, sendo a única modalidade de intervenção da propriedade privada que é feita sem ser através do ato administrativo.
 Um exemplo de limitação é a Regra Do Gabarito Da Orla prega que a municipalidade estabelecerá por meio de lei que os prédios poderão alcançar um número x de andares, sendo uma regra genérica, se aplicando não apenas a certo particular, mas sim a todos os administrados que residem em imóveis (imóveis que serão construídos também deverão estar em conformidade com esta norma) situados na orla do município. Outro exemplo é a regra que obriga os proprietários dos imóveis a receberem os inspetores de focos de dengue e outros tipos de doença.
-Fundamento Normativo da Limitação Administrativa: O fundamento normativo da limitação administrativa é a função social da propriedade e a função do interesse público sobre a propriedade privada, previsto no Artigo 5º, XXIII e Artigo 170, III da CF/88.
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
III - função social da propriedade;
 As limitações administrativas não estão vinculadas ao exercício de um serviço público, não sendo praticada para viabilizar um serviço público, como a servidão administrativa. A limitação administrativa serve para condicionar a propriedade à sua função social, em conformidade com a CF/88. Ou seja, a limitação administrativa estabelecerá como a propriedade irá atender a sua respectiva função social. As limitações administrativas protegem interesses públicos abstratos e não tem como pressuposto a execução dos serviços públicos, diferentemente de todas as outras modalidades.
OBS: As limitações administrativas podem ser obrigações de fazer ou de não fazer (obrigações positivas ou negativas).
-Limitação e o Dever de Indenização: Ordinariamente e em regra, as limitações administrativas não produzirão o dever de indenizar, pelo fato de que não existe responsabilidade civil do Estado em decorrência de lei. Prevalece a ideia no direito administrativo que atos legislativos nunca resultarão no direito de indenizar por parte do Estado. O ato que pode gerar o direito de indenização é o ato administrativo que eventualmente venha a ser praticado com fundação na limitação administrativa.
-Definitividade: As limitações administrativas são, em regra, definitivas e perpétuas, se assemelhando um pouco à servidão nesse aspecto.
TOMBAMENTO – O tombamento é uma modalidade de intervenção do Estado na propriedade privada que tem como objetivo proteger o patrimônio histórico e artístico-nacional brasileiro. 
OBS: Embora o tombamento incida, na maioria das vezes, sobre bens imóveis, também pode incidir sobre bens móveis, como o tombamento de um documento histórico, porexemplo.
-Contexto Histórico: Os bens de relevância para Portugal eram registrados em livros guardados na Torre do Tombo, em Lisboa. O Ato de inscrição do patrimônio no livro da Torre do Tombo, em Lisboa, era chamado de tombamento, indicando que tais bens imóveis, na época, eram protegidos e preservados pela Coroa Portuguesa. 
-Conceito de Patrimônio Histório Artístico-Nacional: O Decreto Lei 25 de 1937, em seu Artigo 1º, conceitua o patrimônio histório artístico-nacional, que é o conjunto de bens moveis e imóveis presentes no Brasil cuja preservação é de interesse público, quer por seu valor excepcional valor arqueológico, etnográfico, bibliográfico ou artístico.
Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
        § 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte integrante do patrimônio histórico o artístico nacional, depois de inscritos separada ou agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata o art. 4º desta lei.
        § 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pelo natureza ou agenciados pelo indústria humana.
-Objeto: O objeto do tombamento é a instituição de limites e restrições à fruição desses bens. O tombamento não afeta apenas o local do bem tombado, mas também a vizinhança do imóvel.
-Tombamento Coletivo: Além do tombamento restringir um determinado imóvel, ouve-se falar do tombamento coletivo (tombamento de uma cidade/bairro). Embora seja uma prática possível, o tombamento de um conjunto arquitetônico vai contra a instituição do tombamento, pois o mesmo é um ato administrativo de efeitos concretos. Logo, o tombamento de um bairro deve ser feito através de diversos tombamentos concretos individuais, e não um tombamento genérico.
 Cabe ao Poder Público saber quem serão cada um dos administrados afetados pelos atos administrativos relacionados aos tombamentos da região.
OBS: A doutrina faz referência a uma hipótese em que a CF/88 faz um tombamento genérico, sem indicar quem são os administrados individualmente afetados, em seu Artigo 216, §5º.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.
-Tombamento Geral: Tombamento Geral, em tese, não existe, pois o tombamento é um ato de efeitos concretos. Entretanto, o STJ no REsp 1.098.640 decidiu que poderia haver o tombamento dos bens de uso comum do povo, sendo aqueles bens que pertencem ao poder público, mas que podem ser utilizados por toda a coletividade. 
OBS: Uma parte da doutrina reza que tombamento geral e tombamento coletivo são sinônimos.
OBS: Além do tombamento, pode-se proteger o patrimônio cultural brasileiro através da desapropriação, não sendo o tombamento a única opção. 
-Restrições e Obrigações aos Bens Tombados: Para o proprietário, é proibido demolir, reformar, e nem pode reparar o bem tombado sem previa autorização expressa dos órgãos culturais, de acordo com o Artigo 17 do Decreto Lei 25.
Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruidas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de cincoenta por cento do dano causado.
        Parágrafo único. Tratando-se de bens pertencentes á União, aos Estados ou aos municípios, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá pessoalmente na multa.
 Para o proprietário, existe o dever de conservação sobre o bem tombado onde, caso o mesmo não disponha de recursos para manter a conservação do bem, o mesmo deverá levar tal fato ao conhecimento dos órgãos culturais, sob pena de multa.
  Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuzer de recursos para proceder às obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância em que fôr avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.
        § 1º Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional mandará executá-las, a expensas da União, devendo as mesmas ser iniciadas dentro do prazo de seis mezes, ou providenciará para que seja feita a desapropriação da coisa.
        § 2º À falta de qualquer das providências previstas no parágrafo anterior, poderá o proprietário requerer que seja cancelado o tombamento da coisa.        (Vide Lei nº 6.292, de 1975)
        § 3º Uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou reparação em qualquer coisa tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tomar a iniciativa de projetá-las e executá-las, a expensas da União, independentemente da comunicação a que alude êste artigo, por parte do proprietário.
OBS: O tombamento, ao invés de ser um instrumento de proteção aos bens históricos, acaba sendo uma forma de controle do desenvolvimento urbanístico, havendo um desvio de finalidade e, consequentemente, uma ilicitude.
 Outro efeito do tombamento é a necessidade de averbação do tombamento na matrícula do imóvel no Ofício de Registro de Imóveis, gerando a discussão doutrinária se o tombamento é ou não um direito real. 
   Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade partcular será, por iniciativa do órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, transcrito para os devidos efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da transcrição do domínio.
        § 1º No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata êste artigo, deverá o adquirente, dentro do prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez por cento sôbre o respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se trate de transmissão     judicial ou causa mortis.
        § 2º Na hipótese de deslocação de tais bens, deverá o proprietário, dentro do mesmo prazo e sob pena da mesma multa, inscrevê-los no registro do lugar para que tiverem sido deslocados.
        § 3º A transferência deve ser comunicada pelo adquirente, e a deslocação pelo proprietário, ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional, dentro do mesmo prazo e sob a mesma pena.
OBS: O desfazimento do tombamento pode acontecer pelo reconhecimento do erro da motivação do tombamento.
 O Artigo 18 do Decreto Lei prevê que a vizinhança do bem tombado não poderá fazer construção que lhe impeça ou reduza a sua visibilidade, sob pena de destruir a obra, sem que haja prévia autorização pelo Órgão Cultural.
 Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibílidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objéto, impondo-se nêste caso a multa de cincoenta por cento do valor do mesmo objéto.
-Direito de Preferência: O direito de preferência consiste na ideia de que o poder público, ao tombar o imóvel, terá preferência na aquisição do imóvel, devendo haver prévia comunicação ao Poder Público caso o proprietário do bem tenha interesse em vender o bem. Este instituto possui duas funções: (i) dar prioridadeao Poder Público na aquisição e (ii) fazer com que o mesmo esteja ciente do novo proprietário do bem tombado, caso o poder público não tenha exercido sua preferência na compra.
-Órgão Culturais: No âmbito da União, o órgão cultural é o IFAM, uma autarquia federal. O órgão cultural do Estado da Bahia é o IPAC, enquanto que os municípios podem ou não ter órgãos culturais, só podendo o município realizar o tombamento apenas se tiver um órgão cultural.
-Ato Vinculado x Ato Discricionário: Há uma discussão se o tombamento é um ato vinculado ou discricionário. Alguns dizem que é um ato vinculado, pois se o órgão cultural percebe que o bem possui características típicas do tombamento, haverá a necessidade de realização do ato. Outros dizem que o tombamento é discricionário, pois a análise dessas características depende da avaliação subjetiva do órgão cultural.
-Tombamento Provisório: O tombamento pode ser provisório ou definitivo, havendo uma discussão sobre a natureza do tombamento provisório. Por meio de um julgado do STJ, o RMS 8252/SP (Recurso de Mandado de Segurança), foi decidido que o tombamento provisório é uma medida cautelar do Poder Público, e não uma fase obrigatória do processo administrativo de tombamento. Por ser uma medida cautelar, o tombamento provisória pode ser realizado ou não.
 Há controvérsias sobre esta decisão na doutrina, pois é previsto na Lei que o tombamento provisório é uma etapa necessária ao processo, conforme o Artigo 10 do Decreto Lei 25/1937.
    Art. 10. O tombamento dos bens, a que se refere o art. 6º desta lei, será considerado provisório ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado pela notificação ou concluído pela inscrição dos referidos bens no competente Livro do Tombo.
        Parágrafo único. Para todas os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o tombamento provisório se equiparará ao definitivo.
-Possibilidade de Tombamento por Ato Legislativo: Alguns doutrinadores defendem a ideia de uma lei de efeitos concretos (possui efeitos individuais num caso específico) para estabelecer o tombamento de um bem, sendo uma simulação de ato administrativo para instituir o tombamento.
 O tombamento é o resultado final de um procedimento prévio, previsto no Artigo 9º do Decreto Lei 25/1937, devendo possuir contraditório e ampla defesa do proprietário do bem, assim como um parecer técnico do órgão público cultural durante o processo, sendo inviável a possibilidade de instituição de lei de efeitos concretos para realizar o tombamento de um bem.
 Art. 9º O tombamento compulsório se fará de acôrdo com o seguinte processo:
        1) o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por seu órgão competente, notificará o proprietário para anuir ao tombamento, dentro do prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, ou para, si o quisér impugnar, oferecer dentro do mesmo prazo as razões de sua impugnação.
        2) no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado. que é fatal, o diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por símples despacho que se proceda à inscrição da coisa no competente Livro do Tombo.
        3) se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista da mesma, dentro de outros quinze dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa do tombamento, afim de sustentá-la. Em seguida, independentemente de custas, será o processo remetido ao Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que proferirá decisão a respeito, dentro do prazo de sessenta dias, a contar do seu recebimento. Dessa decisão não caberá recurso.
-Procedimento do Tombamento: O Decreto Lei 25 apenas faz referências a certos atos que devem ser praticados no processo administrativo do Tombamento, ou seja, o processo administrativo de tombamento irá variar conforme o órgão cultural responsável por realiza-lo. A despeito de não existir um procedimento completo de tombamento, deve sempre haver: (i) ampla defesa/contraditório; a (ii) manifestação cultural/parecer técnico do órgão cultural; e a (iii) decisão do Conselho Consultivo. Existe a possibilidade de recorrer contra a decisão do Conselho Consultivo, sendo este recurso dirigido ao Chefe do Executivo do Ente Federado que promoveu o tombamento (no caso do IFAM, seria o Presidente da República).
-Indenização decorrente do Tombamento: O grande problema do tombamento é a discussão se o mero fato da imposição do tombamento em propriedade de terceiro seria uma hipótese de responsabilidade civil do Estado fundamentada em ato lícito, havendo o direito de indenização por parte do terceiro e correlato dever por parte do Estado. 
 Existem alguns casos no STJ em que foi reconhecida a possibilidade de indenização decorrente do tombamento. Porém, conforme doutrina de Carvalho Filho e Meirelles, o ato de tombamento não é indenizável em regra, mas somente nos casos em que as condições impostas para a conservação do bem acarretem despesas extraordinárias para o proprietário, ou resultam na interdição do uso do mesmo bem, ou prejudicam sua normal utilização, suprimindo ou depreciando seu valor econômico. Se isto ocorrer é necessária a indenização, a ser efetivada amigavelmente ou mediante desapropriação.
REQUISIÇÃO – É uma modalidade de intervenção do Estado na propriedade privada na qual o Estado pode exigir que o administrado disponibilize bens móveis, imóveis ou serviços ofertados pelo particular para que o Estado possa lidar com situações de perigo público eminente e/ou de emergência.
-Natureza da Requisição e Informalidade: Pela sua natureza preventiva e/ou emergencial, a requisição é uma espécie de intervenção informal, pois não há tempo para fornecimento de contraditório, processos e recursos administrativos, sendo dotada de grande informalidade. Basta que o agente público se apresente ao administrado e comunique a necessidade de posse desses bens/serviços, cabendo ao administrado a concessão da posse direta temporária desse bem ou a prestação voluntária do serviço.
OBS: Quaisquer precauções tomadas pelo administrado na concessão da posse do bem ou prestação do serviço não pode comprometer a tempestividade da requisição e necessidades do Estado.
-Indenização decorrente da Requisição: Em conformidade com o Artigo 5º, XXV, CF/88, caso haja algum dano ao bem durante o período em que a Administração possui a posse direta do mesmo devido à requisição, terá o Poder Público o dever de indenizar, ulteriormente à requisição, o administrado.
 XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
-Base Normativa: A base normativa da requisição consiste no Artigo 5º, XXV, CF/88 e em alguns Decretos-Lei que regulem de forma esparsa a requisição administrativa, além da Lei Delegada 4/1962. Um dos exemplos de Decreto-Lei é o 4812/42 e o DL 2/1966, sendo leis que regulam a requisição para intervenção no domínio econômico (a emergência e perigo público dizem respeito à questões econômicas). 
Além disso, o Artigo 1228, §3º, Codex 2002 alude à requisição administrativa como uma das hipóteses em que o particular pode perder licitamente a posse de sua propriedade.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.
OBS: Além disso, existem a requisição civil (utilizada para fins civis) e a requisição militar, tendo possibilidade de aplicação em momentos de guerra.
-Ocupações Temporárias x Requisições Administrativas: As ocupações temporárias não se confundem com as requisições administrativas. Um fato que torna bem clara a distinção entre ambas é que as requisições administrativas sempreestão associadas a uma situação de perigo público eminente, urgência ou calamidade pública, enquanto que a ocupação temporária está associada à realização de um serviço público normal (eleições, construção de um prédio, etc).

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