Buscar

ONLINE 2 Revolução Russa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

ONLINE 2 Revolução Russa
Introdução
Nesta aula, veremos a situação da Rússia no período que antecede a revolução. Sua participação na Primeira Guerra e sua retirada do conflito, além da adoção do socialismo.
Domingo Sangrento- 09 de janeiro de 1905, o império russo não teve mais paz e a imagem do Czar foi destruído. Vários problemas sociais e políticos. Derrotas sofridas em 1914. Durante a primeira Guerra Mundial. Nicolau II ordena que atirem na população e a revolta por conta do deficiente abastecimento, se transforma em uma revolta política. 
A História da Rússia na Era Moderna foi, sem dúvida, a história da construção de império, cujo número de habitantes e extensão territorial faziam dela um dos mais importantes e poderosos países europeus. 
Contudo, ao chegar ao século XX, à sociedade e a economia do “gigante com pés de barro” pouco se modernizaram. Enquanto o sistema capitalista crescia e se afirmava como modo de produção dominante, no mundo Ocidental, a Rússia permanecia agrária e guardava ainda muitas caraterísticas medievais, como no tocante à posse de terra, privilégio de poucos e nobres.
A elite russa era formada pela nobreza, pelos grandes latifundiários, pela igreja e pelo exército. 
A propriedade de terras e os títulos de nobreza eram os símbolos da prosperidade e riqueza desta sociedade. 
O sistema era monárquico, regido pelo czar, a principal figura de autoridade.
Os nobres russos, em sua maioria proprietários de terra, eram chamados de boiardos. A maior parte da população era formada por mujiques, camponeses que trabalhavam nas terras dos nobres. 
Embora estejam sujeitos a um senhor e trabalhem na terra alheia, o status social dos mujiques é um pouco diferente dos servos medievais.
Em 1861, os Estatutos da Emancipação, parte importante das reformas liberais, concederam a esta classe (MUJIQUES) não só a liberdade individual, mas a possibilidade de comprar terras – significando que, teoricamente, a mobilidade social era possível.
Ainda que tenha representado um avanço, em termos de direitos e rumo à construção de uma cidadania, na prática, não foi criado nenhum mecanismo que permitisse aos camponeses comprar sua própria terra. Não houve, por exemplo, um programa de financiamento estatal ou empréstimos aos quais os camponeses pudessem recorrer. Portanto, os estatutos pouco mudaram a vida do homem comum. 
 As terras que não pertenciam aos nobres eram propriedade do Estado. Para poder comprá-las, os camponeses deveriam pagar prestações ao longo de décadas. Sendo assim, o camponês que não trabalhava para um nobre, trabalhava para o Estado, e não conseguia acumular capital para melhorar sua condição de vida.
O governo czarista tinha como principal característica sua centralização e autoritarismo, ainda que alguns governantes tenham se destacado por seu progressismo. A mais importante dinastia, que esteve no poder durante longo tempo, foi à Casa dos Romanov.
O czar Pedro I, conhecido como “Pedro, O Grande”, cuja gestão ocorreu entre 1682 e 1725, foi um dos czares progressistas aos quais nos referimos. Ele modernizou o império, reformou a educação e a administração pública, tendo se tornado um dos maiores líderes políticos de seu tempo.
Entretanto, o sentido de progresso não era contínuo, sendo alterado de acordo com a concepção de cada czar, que acabava por imprimir ao Estado suas próprias ideias.
Pedro, O Grande e, mais tarde, a czarina Catarina II, que reinou entre 1762 e 1796 (falamos sobre ela quando estudamos História Moderna, lembra?) foram personalidades a frente de seu tempo. 
Mas esta não era uma regra.
Em alguns casos, ainda que o governante se coloque favorável à aquisição de direitos pela parcela pobre da população, ele esbarra na nobreza, que também faz parte do poder. Não podemos esquecer que estamos falando de um império e que a nobreza ocupa funções administrativas, monopolizando os mais importantes cargos políticos.
Veja o exemplo do czar Alexandre II.
O czar Alexandre II, que reinou entre 1855 e 1881, foi defensor do liberalismo e da modernização das estruturas do Estado. Ele aboliu a servidão e anistiou as dívidas dos mujiques, de acordo com os Estatutos de Emancipação, aos quais já nos referimos. 
Estas medidas afetavam diretamente a nobreza russa, que contava com a mão de obra servil. Durante a década de 1860, desenvolvera-se, no país, um movimento cultural e filosófico, adotado, sobretudo pelos jovens russos das elites, o niilismo.( Esta filosofia, que seria retomada por Nietzsche, defendia o uso da razão, sobre todas as coisas. O niilismo tornou-se um movimento forte entre estes jovens aristocratas, mas não havia, em si, nenhuma defesa revolucionária ou uma demanda pelas reformas sociais, embora defendessem a alfabetização dos servos, mas baseada na premissa de utilização do uso da razão, muito mais do que por um pendor revolucionário em si.)
O governo de Alexandre II, ainda que guardasse fortes características liberais era uma nobreza centralista e por isso reprimia violentamente a oposição. Os niilistas, embora pacíficos, a princípio, foram igualmente reprimidos. 
A eles é atribuído o assassinato do czar em 1881. Uma bomba foi lançada por Ignaty Grinevitsky, membro da associação Narodnaya Volya, que quer dizer “vontade do povo”, de aspiração niilista. Alguns historiadores discordam que esta associação seja realmente niilista, sendo considerado um grupo terrorista.
Com a morte do czar, ascendeu ao trono Alexandre III, responsável pelo início do salto industrial russo, com o estímulo à entrada de capital estrangeiro no país. 
A Rússia ficaria então marcada pela dicotomia entre uma industrialização necessária e uma estrutura agrária que permaneceria ainda por décadas.
A Casa dos Romanov somente deixaria o poder com a Revolução Russa, de 1917, sendo Nicolau II o último czar. Ainda que tenham feito reformas e que a industrialização tenha sido um dos mais importantes assuntos, na pauta governamental, desde Alexandre III, os Romanov eram reis absolutos.
 A centralização do poder, o autoritarismo, a perseguição política e a predominância dos interesses das elites eram características deste regime, e podem ser consideradas como fatores fundamentais para a eclosão da revolta de 1917, que mudaria definitivamente os rumos do país.  
Em 1904, o czar Nicolau enfrentaria o Japão em um conflito externo, a Guerra Russo-Japonesa. Não podemos esquecer que, desde o século XIX, a Europa vivia o imperialismo, política de colonização dos territórios não industrializados, sobretudo na Ásia e na África. 
Alguns países europeus, por motivos diferentes, acabaram entrando tardiamente nesta disputa, como foi o caso da Alemanha e da Itália, unificadas bem depois do resto da Europa.
No caso da Rússia, o governo absolutista também era um fator de atraso, já que não permitia o dinamismo e a mobilidade necessários ao domínio colonial.
Países europeus
Países bem sucedidos, na política imperialista, como a Inglaterra, já haviam adotado, há muito, uma política de estímulo aos investimentos privados e à formação de indústrias competitivas para poder se afirmar em solo estrangeiro.
O governo estagnado e autoritário da Rússia não permitia flexibilização, o que era um ponto bastante desfavorável à anexação territorial. A Guerra Russo-Japonesa acaba por evidenciar esta fragilidade política e pode ser considerada como o primeiro passo para o fim do regime monárquico daquele país. 
O centro da discórdia foi a disputa por territórios das regiões da Manchúria e da Coreia. O Japão passara pela Revolução Meiji e, apesar de ainda estar se industrializando, possuía um potencial bélico muito superior ao dos russos. Os investimentos japoneses, na marinha e no exército, foram postos à prova no conflito, que teve como resultado uma estrondosa vitória dos japoneses. 
A derrota russa apenas agravou uma situação interna já quase insustentável. Com o conflito, o governo teve enormes perdas materiais e humanas, o que levaram a já descontentepopulação a empreender uma série de pequenas revoltas, motins e greves.
Em janeiro de 1905, uma manifestação popular ocupou na frente do palácio real de inverno, localizado na capital, São Petersburgo. Os manifestantes, trabalhadores, desejavam ver o czar e demandavam a implantação de uma assembleia constituinte.
A manifestação não foi violenta e seus participantes não estavam armados. Eram, em sua maioria, trabalhadores das fábricas que estavam em greve por melhores condições de trabalho. As exigências não diferiam daquelas feitas por outros trabalhadores ao redor da Europa: regulamentação da jornada de trabalho e aumento salarial eram alguns dos principais itens da pauta dos manifestantes. Além disso, defendia-se o sufrágio universal e, é claro, o fim da Guerra Russo-Japonesa.
Apesar do início pacífico e destas demandas não serem uma novidade no cenário europeu, o desfecho deste ato foi bastante radical. A guarda russa fuzilou os manifestantes e este triste episódio ficou conhecido como “Domingo Sangrento”.
A repercussão deste ato de violência foi enorme. Uma greve geral foi conclamada entre os trabalhadores e até as forças militares aderiram aos protestos. O mais famoso levante militar ocorreu no encouraçado Potemkin, no qual marinheiros se revoltaram contra as péssimas condições as quais eram submetidos no navio a se amotinaram. 
Este levante sinalizava uma possível revolta de todas as forças militares. Diante deste quadro, o czar Nicolau II acabou por assinar o Tratado de Portsmouth, em setembro de 1905, terminando o conflito.
O Japão saiu fortalecido não só internamente, mas demonstrou ao mundo que se tornara uma potência bélica e industrial. A Rússia, pelo contrário, foi afundada em crises, além da humilhante derrota que sofrera, perdeu territórios e foi obrigada a reconhecer os direitos japoneses sobre a Coreia, freando o ímpeto expansionista do czar.
Os marinheiros contaram com o apoio da população e, apesar da repressão sofrida pelo movimento, ele acabou se tornando, junto com o Domingo Sangrento, um símbolo do anacrônico (fora de moda) sistema político russo.
Na década de 1920, o cineasta russo Sergei Eisenstein produziu o filme de mesmo nome, O Encouraçado Potemkin sobre o ocorrido no navio e sobre a reação governamental. O filme ficou famoso não só por ser considerado um marco no cinema ocidental, mas também por servir como propaganda revolucionária.  
Buscando a conciliação, Nicolau II lançou o Manifesto de Outubro, que previa a instalação de uma monarquia constitucional. Mas atender a esta demanda não foi o suficiente para arrefecer os ânimos.
 Os trabalhadores que haviam feito às greves passaram a se organizar em sovietes, conselhos que passaram a existir em todo o território russo.  Sobre os sovietes, um de seus criadores afirma que:  
“Foi então que uma noite onde, como de hábito, havia, em minha casa, muitos operários (...) surgiu entre nós à ideia de criar um organismo permanente: uma espécie de comitê, ou melhor, de conselho, que vigiaria o desenvolvimento dos acontecimentos, servindo de ligação entre todos os operários, informando-os sobre a situação e que poderia, em caso de necessidade, reunir em torno dele as forças operárias revolucionarias.”
VOLIN. A Revolução desconhecida. São Paulo: Global, 1980. P. 91
É válido notar que embora os sovietes sejam importantes associações, tendo ganhado destaque político, após a revolução de 1917, sua criação é anterior à Revolução Russa,  demonstrando que já havia uma organização da classe operária, antes de eclodir a revolução.
Além de estabelecer uma constituição, o governo firmou o compromisso de instaurar um parlamento, promessa que foi cumprida no ano seguinte, 1906. Foi então criada a Duma, que ficou responsável pela elaboração de uma constituição. Era, no entanto, difícil para um rei absolutista dividir o poder.
A Duma era, claramente, composta por uma aristocracia, mas ainda assim, o czar limitou o seu poder parlamentar. Esse cerceamento do parlamento levou a críticas e o imperador, ao invés de tentar argumentar e negociar optou por dissolver este parlamento, sendo substituído por outro, ainda mais elitista, já que dele só poderiam participar os donos de terra. A inaptidão política do imperador era cada vez mais evidente.
A despeito da perseguição, a oposição crescia. Diversos grupos, de diferentes matizes ideológicos, proliferam pela Rússia. Dentre estes grupos, destacavam-se anarquistas e socialistas. 
O grupo socialista possuía duas facções, que seriam fundamentais para o processo revolucionário, os bolcheviques e os mencheviques.
Os mencheviques - que significa minoria - defendiam a aplicação das ideias de Marx, que por sua vez havia teorizado que o socialismo só seria possível após uma crise do capitalismo. 
 O outro grupo era denominado bolchevique - que significa maioria - defendia a implantação do socialismo através do processo revolucionário. Acreditava na ditadura do proletariado e era apoiado pelas mais diversas classes sociais, como operários e camponeses. Seu líder, Vladimir Lênin, logo se tornaria uma das mais importantes figuras políticas do século XX.
O último golpe ao czarismo foi dado com a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial. Os russos lutaram ao lado da Inglaterra e a da França, já que faziam parte da Tríplice Entente – falamos sobre a politica de alianças na aula passada, certo? – e desejavam ampliar suas conquistas territoriais. Se fossem vitoriosos, poderiam obter territórios que permitissem acesso ao Mediterrâneo. 
Entretanto, não se esperava que o conflito se arrastasse por tanto tempo, nem que contasse com a participação de tantos países. Por não ter um desfecho rápido, a Primeira Guerra apenas agravou as condições internas da Rússia, culminando com a deposição do czar.
As perdas humanas eram enormes. Os soldados russos desertavam com frequência e aqueles que se mantinham, nas linhas de batalha, eram dizimados pelo exercito alemão. A Alemanha avançava rapidamente e o saldo de mortos russos só aumentava. 
A guerra se tornou impopular e mais uma demonstração do desgaste do regime monárquico. O conflito provocou uma fome generalizada, o que acirrou a miséria da já empobrecida população.
Em 1917, uma nova onda de greves assolou o país. Trabalhadores, soldados e marinheiros aderiram aos esforços grevistas em fevereiro daquele ano. Não restava alternativa ao czar a não ser a renúncia. 
Com a abdicação, foi instalada uma república. Dois grupos socialistas disputaram o poder, os bolcheviques e os mencheviques. Nesta fase da Revolução, logo após o fim da monarquia, os mencheviques tomaram o poder, sendo liderados por Alexander Kerensky.
Apesar da rejeição á guerra, os mencheviques mantiveram a Rússia no conflito, um dos fatores que contribuíram para sua derrocada. Os bolcheviques, por sua vez, liderados por Lênin, conseguiam um apoio cada vez maior junto à população, já que uma de suas primeiras reinvindicações era, justamente, abandonar a Primeira Guerra Mundial. 
Lênin resumiu as demandas da população em uma plataforma política que pregava “Paz, Terra e Pão”, com as Teses de Abril, o líder bolchevique conseguiu divulgar suas ideias e se colocava como um defensor dos sovietes.
Segundo Lênin:
“Atualmente, a Rússia vive uma situação peculiar, que representa uma transição entre o primeiro estágio da Revolução – na qual, devido à organização inadequada do proletariado e sua falta de consciência de classe, a burguesia alcançou o poder – e seu segundo estágio, no qual o poder será colocado nas mãos do proletariado e do extrato mais pobre do campesinato. Essa transição é caracterizada, de um lado, pelo máximo de legalidade (a Rússia é hoje a mais livre entre todos os países beligerantes do mundo); de outro, pela ausência de opressão das massas; e, finalmente, pela atitude de confiança ingênua das massas em relação ao governo capitalista, pior inimigo da paz e do socialismo.”
 Fonte: Revista Veja
Sob a direção de Lênin, outro revolucionário, Leon Trotsky,reunia os bolcheviques para um conflito armado. Era o chamado exército vermelho que se formava. Em outubro, os bolcheviques invadiram o Palácio do Governo, tomando o poder e destituindo os mencheviques, a quem associavam à burguesia e não ao proletariado. 
Os principais nomes deste novo governo eram o de Lênin, de Trotsky e de Josef Stálin. De início, a preocupação era retirar a Rússia da guerra, o que foi feito com a assinatura do tratado de Brest-Litovsk. 
Houve uma perda territorial, considerada aceitável naquelas circunstâncias, já que era urgente uma reformulação de toda a estrutura política e econômica do país, que seguiria, então, o socialismo marxista, mas adaptado à realidade russa, que acabou ficando conhecido como marxismo-Lêninismo.
Em 1918, Lênin ordenou a execução da família real, que vivia na Rússia ainda, confinada em uma de suas propriedades. Os Romanov foram executados, não só Nicolau II, mas toda sua família, composta pela mulher, Alexandra e por 5 filhos, 4 meninas e 1 menino.
A execução da família real russa é um episódio importante da história recente e ganhou inúmeras versões, sendo fruto de diversos mitos. De imediato, os corpos de dois dos Romanov, as duas crianças mais jovens, Anastácia e Alexei, não foram encontrados, o que provocou especulações de que tivessem escapado com vida. 
A história da princesa Anastácia rendeu filmes, livros e um desenho animado. Somente no século XXI, testes de DNA feitos em restos mortais encontrados, posteriormente, comprovaram que não havia sobreviventes. A monarquia russa acabara de fato.
Os bancos e as fábricas pertencentes a estrangeiros foram estatizados e, embora contasse com o apoio de parte da população, esta transição não se deu sem conflito. Havia os mencheviques e os monarquistas que, é claro, se opunham ao novo governo bolchevique. A Rússia começa um período de guerra civil, que duraria até 1921.
Os bolcheviques venceram, mas a guerra civil cobrou seu preço. A fome assolava os campos, a economia estava completamente desorganizada e uma nova revolta era iminente. As manifestações camponesas eram frequentes e reprimidas pelo Exército Vermelho, o que não diferia muito da prática czarista.  
O Estado confiscou a produção agrícola e centralizou a distribuição de gêneros básicos, o que foi chamado de comunismo de guerra e provocou, como não podia deixar de ser, grande descontentamento.
Lênin institui uma nova política econômica, que ficou conhecida pela sigla NEP. Esta política econômica previa a liberdade de comércio interno, regulava a propriedade privada – que não foi extinta – e o comércio. 
De modo geral, a NEP aliava princípios socialistas e capitalistas. Esta modalidade estabelecida, na Rússia, é única e por isso foi chamada de Marxismo-Lêninismo. Isto quer dizer que o pensamento marxista jamais foi aplicado na íntegra, em nenhum dos países que adotou o socialismo. 
 Foi estabelecido também o sistema de partido único, dominado pelo Partido Comunista Russo. Em 1922, várias regiões que pertenciam ao antigo império russo e que haviam se tornado independentes, se aliaram ao novo Estado. Eram repúblicas federativas que haviam adotado o socialismo e possuíam uma única constituição, denominada de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ou simplesmente URSS. Nascia assim uma das maiores potências do século XX.
Lênin se manteve no poder até sua morte, em 1924. Com seu falecimento, seus dois herdeiros políticos diretos – Trotsky e Stálin – passaram a disputar a liderança do partido e, consequentemente, a liderança do governo soviético. 
As propostas de governo eram muito diferentes:
Trotsky acreditava na Internacional Comunista e na ideia de revolução permanente. Desejava expandir o ideal socialista nos demais países que ainda não o haviam adotado.
Stálin, por sua vez, preocupava-se mais diretamente com a União Soviética. Defendia a consolidação do socialismo soviético em seu território e de seus aliados.
Josef Stálin acabou vencendo a disputa e Trotsky foi perseguido até ser assassinado em 1940, no México.
De modo geral, podemos identificar a Revolução Russa como um momento de transição, de um regime monárquico e capitalista para um Estado republicano e socialista. 
Esta transição não se deu sem embates internos e a primeira fase, chamada de Revolução de Fevereiro ou Menchevique, defende ideias burguesas sendo, portanto, considerada uma revolução muito mais burguesa do que uma tentativa de impor o socialismo. 
A segunda fase, a Revolução de Outubro ou Bolchevique, marca a radicalização do movimento revolucionário e possui, sem sombra de duvida, uma proposta socialista contando com o apoio de trabalhadores, camponeses e soldados.
Os Conselhos Operários ou Sovietes (do russo: сове́т) são colegiados, ou corpos deliberativos, constituídos de operários ou membros da classe trabalhadora que regulam e organizam a produção material de um determinado território, ou mesmo indústria. Este termo é comumente usado para descrever trabalhadores governando a si mesmos, sem patrões, em regime de autogestão.
Os Conselhos Operários surgiram pela primeira vez na Revolução Russa de 1905, embora tenha surgido esboços desta forma de organização durante a Comuna de Paris. A partir de sua emergência na Revolução Russa de 1905, os conselhos passam a ser teorizados por Rosa Luxemburgo e principalmente pelos chamados comunistas de conselhos. O reaparecimento dos conselhos na Revolução Russa de 1917, na Revolução Húngara de 1919, na Revolução Italiana de 1919-1920 e na Revolução Espartaquista, ocorrida na Alemanha entre 1918 e 1919, forneceram a base para a teoria dos conselhos de Anton Pannekoek - o principal teórico dos conselhos operários - e demais comunistas conselhistas. Os conselhos voltariam a reaparecer na história contemporânea durante a Revolução Espanhola (1936 - 1939), a Revolução dos Cravos (Portugal,1974), a Revolução Polonesa de 1980, no Curdistão em 1994[carece de fontes], e em várias outras oportunidades.
Em Portugal, a 18 de Janeiro de 1934, uma revolta de operários, sobretudo da industria vidreira, estabeleceu o Soviete da Marinha Grande, mas de breve duração sendo rapidamente esmagado pelas forças leais ao Estado Novo.
Os sovietes, essencialmente, eram simples comitês de greve, tais quais aqueles que aparecem em greves selvagens. Como as greves na Rússia começaram em grandes fábricas, e rapidamente se espalharam pelas cidades menores e distritos, os trabalhadores precisaram manter contato permanente. Nas oficinas, os trabalhadores se juntavam e discutiam regularmente no final da jornada de trabalho, ou continuamente, o dia inteiro, em momentos de tensão. Eles enviavam seus delegados a outras fábricas e aos comitês centrais, onde a informação era trocada, dificuldades discutidas, decisões tomadas, e novas tarefas consideradas.
Mas aqui as tarefas se mostraram mais abrangentes do que em greves comuns. Os trabalhadores precisavam se livrar da pesada opressão Czarista; eles sentiram que, por sua ação, a sociedade russa estava transformando suas bases. Eles tiveram que discutir não só salários e condições de trabalho, mas todas as questões relativas à sociedade em geral. Eles tiveram que achar seu próprio rumo nesse campo e tomar decisões sobre questões políticas. Quando a greve se alastrou, se estendeu por todo o país, parou toda a indústria e tráfego e paralisou as funções do governo, os sovietes foram confrontados com novos problemas. Eles tiveram que regular a vida pública, tiveram que cuidar da ordem e da segurança públicas, eles tiveram que providenciar os serviços públicos essenciais. Eles tiveram que desempenhar funções de governo; o que eles decidiram era executado pelos trabalhadores, enquanto o governo e a polícia ficavam de lado, conscientes de sua impotência contra as massas rebeldes. Então os delegados de outros grupos, de intelectuais, camponeses, soldados, que vieram para se juntar aos sovietes centrais, tomaram parte nas discussões e decisões. Mas todo esse poder foisemelhante a um clarão de raio, como um meteoro passando. Quando finalmente o governo Czarista reuniu sua força militar e golpeou o movimento, os sovietes desapareceram.
A estrutura dos soviets consistia num sistema piramidal de conselhos. A base era formada pelos soviets de fábricas, nas cidades, ou de aldeias, no campo. Níveis sucessivos estabeleciam-se a partir de então. Nas cidades soviets de distrito e de província. O conjunto era coroado pelo Congresso de soviets de operários, soldados e camponeses, órgão supremo e soberano, que elegia um Comitê Executivo que, por sua vez, designava um Conselho dos Comissários do Povo (CCP), o governo efetivo do País.

Continue navegando