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Princípios dos Títulos de Crédito Prof. Robson Ap. Amaral Kublickas Princípios Gerais do Direito Cambiário Código Civil -2002 Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Do conceito de títulos podemos extrair suas principais características: 1- Natureza Essencialmente Comercial: o direito cambiário é um sub-ramo específico do direito comercial, desenvolvido com a finalidade clara de conferir aos títulos de crédito as prerrogativas necessárias ao cumprimento de sua função primordial: Circulação de Riqueza com Segurança. Demais Características Pode-se dizer ainda que os títulos de crédito são: I- Documentos Formais: por precisarem observar os requisitos essenciais previstos na legislação cambiária; II- Considerados Bens Móveis (art. 82 a 84 CC): Sujeitam-se aos princípios que norteiam a circulação desses bens, como o que prescreve a posse de boa-fé, vale como propriedade; III- São Títulos de Apresentação: São documentos necessários ao exercício dos direitos neles contidos. IV- Constituem Títulos Executivos Extrajudiciais: Configuram uma obrigação liquida e certa. V- Representam obrigações Quesíveis: Cabendo ao credor dirigir-se ao devedor para receber a importância devida. VI- trata-se de Título de Resgate: Nasce para ser transformado em dinheiro e exaurir-se a relação cambiária, não sendo título de permanência, como a Ação da S/A, e é também um título de circulação, uma vez que sua principal função é, como já afirmamos a circulabilidade do crédito. Princípios dos Títulos de Crédito Do conceito de Vivante que estudamos na aula anterior, extraímos os Princípios dos Títulos de Crédito, a saber: 1. Cartularidade 2. Literalidade 3. Autonomia 1-Princípio da Cartularidade O Título deve ser representado por uma cártula, um papel, para que seja válido como título e para que possa ser cobrado. Sem a apresentação do título, não se tem como executar o devedor e pagando o título, a quitação deverá ser realizada na própria cártula. Quando se afirma que o título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito nele mencionado, há uma referência clara ao princípio da CARTULARIDADE. Entende-se que o exercício de qualquer direito representando no título pressupõe a sua posse legítima. O titular do crédito representado no título deve estar de posse do título (a cártula), que se torna imprescindível para a comprovação da própria existência do crédito e da sua consequente exigibilidade. Em síntese, o princípio da cartularidade nos permite afirmar que “o direito de crédito mencionado na cártula não existe sem o documento, não se transmite sem a sua respectiva transferência e não pode ser exigido sem a sua exibição.” De Acordo com o Princípio da Cartularidade: I- A posse do título pelo devedor presume o pagamento do título; II- Só é possível protestar o título apresentando-o; III- Só é possível executar o título apresentando-o, não suprindo a sua ausência a apresentação de cópia autenticada. A DESMATERIALIZAÇÃO DO T.CRÉDITO Código Civil Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. § 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo O Princípio da Cartularidade, vem sendo posto em xeque, em virtude do crescente desenvolvimento tecnológico e da criação dos títulos de crédito magnéticos, ou seja que não se materializam numa cártula. A desmaterialização dos títulos de crédito, enfim, por permitir a criação de títulos não cartularizados, ou seja NÃO DOCUMENTADOS EM PAPEL, cria situações em que, por exemplo, o credor pode executar um determinado título de crédito sem a necessidade de apresentá-lo em juízo. Duplicatas virtuais (art. 15, § 2º da Lei 5.474/68): Muito comuns na praxe mercantil. Podem ser executadas, mediante a apresentação apenas, do instrumento de protesto por indicações e do comprovante de entrega das mercadorias. 2-Princípio da Literalidade Ou seja, "vale o que está escrito". Todas as pessoas que figurarem no título, serão coobrigados, respeitando-se os valores, datas e locais de pagamento do Título de Crédito. O título de crédito vale pelo que nele está escrito. Nem mais, nem menos. Só existe no mundo cambiário o que está expresso no título! Quitação Parcial: Uma quitação parcial, deve ser feita no próprio título, porque caso contrário, poderá ser contestada. 3- Princípio da Autonomia As obrigações que se apresentam no título, são autônomas entre si. Os coobrigados possuem no caso, autônomas as suas obrigações e mesmo sendo inválida a obrigação de um dos coobrigados, não vicia o título e nem as demais. Este Princípio se subdivide em dois sub princípios: Abstração e Oponibilidade das exceções aos terceiros de boa fé. O título de crédito configura documento constitutivo de direito novo, autônomo, originário e completamente desvinculado da relação que lhe deu origem. Assim, as relações jurídicas representadas num determinado título de crédito são autônomas e independentes entre si, razão pela qual, o vício que atinge uma delas, não contamina a outra. O legítimo portador do título pode exercer seu direito de crédito sem depender das demais relações que o antecederam, estando completamente imune aos vícios ou defeitos que eventualmente as acometeram. O DIREITO REPRESENTADO NUM TÍTULO DE CRÉDITO É AUTÔNOMO PORQUE A SUA POSSE LEGÍTIMA CARACTERIZA A EXISTÊNCIA DE UM DIREITO PRÓPRIO, NÃO LIMITADO NEM DESTRUTÍVEL POR RELAÇÕES ANTERIORES. O princípio da autonomia é o mais importante princípio do regime jurídico cambial. Não fosse ele, não haveria segurança nas relações cambiais, e os títulos perderiam suas principais características: a negociabilidade e a circulabilidade. A ABSTRAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO E A INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES PESSOAIS AO TERCEIRO DE BOA-FÉ. Decorrentes do princípio da autonomia, há dois subprincípios: 3.1 Subprincípio da Abstração: Segundo o princípio da Abstração, quando o título circula, ele se desvincula da relação que lhe deu origem. Quando “B” endossou o título que recebeu de “A” para “C”, fazendo-o circular, tal título se desvinculou da operação que lhe deu origem – a compra e venda do carro. A abstração significa, portanto, a completa desvinculação do título em relação à causa que originou a emissão. 3.2-Subprinc. Inoponibilidade das Exceções das Exceções Pessoais ao Terceiro de Boa-Fé. (ART.17 LEI UNIFORME DE GENEBRA/ ART. 916 CC) Nada mais é do que a manifestação processual do princípio da autonomia. O portador do título não pode ser atingido por defesas relativas ao negócio do qual ele não participou. O título chega a ele completamente livre dos vícios que eventualmente adquiriu em relações preteridas. A Boa-fé do portador do título de presume. Se o devedor quiser opor exceções pessoais contra ele, deverá se desincumbir do ônus de provar sua má-fé, demonstrando por exemplo eventual conluio. Não demonstrando má-fé, todavia, as exceções pessoais são inoponíveis ao terceiro de boa-fé, que exercerá o seu direito de crédito sem ser atingido por nenhum vício ligado as relações anteriores. A defesa que o devedor poderá opor a um terceiro de boa-fé deve dizer respeito a relações diretas entre eles como vicio da forma do título, conteúdo literal da cártula, prescrição, falsidade etc. FIM
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