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Violência contra a Mulher e Medidas Protetivas

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DANIELLE ANDRADE DA PAIXÃO 
DEISYANE ARAÚJO DOS SANTOS
RAFAEL SANTOS BATISTA
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E SUAS MEDIDAS PROTETIVAS
Pesquisa bibliográfica apresentada como requisito parcial de avaliação da disciplina de Práticas de Pesquisa na área Jurídica, ministrada pela Professora Clécia Lima Ferreira, no 2 semestre de 2014. 
ARACAJU
2014 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 03
2. A MULHER NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS ............................................. 05
3. HISTÓRICO E SURGIMENTO DA LEI MARIA DA PENHA ................................ 08
4. FINALIDADE DA LEI ............................................................................................... 10
5. TIPOS DE VIOLÊNCIA E MEDIDAS DE PROTEÇÃO E PREVENÇÃO .............. 12
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 15
 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 16
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo acerca da violência contra mulher abordará os tipos de violência e as medidas de proteção criadas no decorrer dos anos de diversas conquistas femininas. É uma questão indiscutivelmente ligada aos âmbitos jurídicos, pois faz-se definitivamente presente nas legislações sejam elas federais, estaduais ou municipais e presente também na vida social dos brasileiros e também do mundo. Veremos que não é algo recente e muito menos incomum. A violência contra a mulher é resultado de características individuais, contextuais e ambientais que, se presentes, aumentam sua possibilidade. 
“A violência contra a mulher pode ser definida como qualquer conduta – ação ou omissão – de discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de a vítima ser mulher e que cause dano, morte, constrangimento,limitação, sofrimento físico, sexual, moral, psicológico, social, político, econômico ou perda patrimonial. Essa violência pode acontecer tanto em espaços públicos como domésticos”. (Ministério da Saúde, 2005).
Uma hipotese encontrada para o problema exposto seria a evolução das medidas protetivas e o aprimoramento da Lei Maria da Penha, retratando as conquistas das mulheres que ultrapassam o contexto de igualdade de gêneros, atingindo todas as classes sociais e todos os tipos de público. Outra hipótese seria uma maior proteção às mulheres que denunciam os atos, pois muitas vezes as decisões judiciais não são respeitadas e as mulheres continuam a sofrer a violência.
Contudo, os índices também apontam que, apesar da diminuição dos casos de violência, ainda existem um grande número de ocorrências, levando em conta a falta de denúncia por medo. O trabalho retrata toda a parte histórica até a criação da lei, a razão da lei se chamar “Maria da Penha” e as outras medidas de proteção legais criadas para proteção feminina. 
Esta pesquisa tem como objetivos: a) identificar a violência contra a mulher como um fato histórico; b) comparar o papel da mulher no passado e no presente; c) interpretar melhor o tema; d) descrever minuciosamente os tipos de violência; e) promover a conscientização; f) compreender a finalidade da criação da lei e das outras medidas de proteção.
A metodologia baseou-se na busca das classificações de violência contra a mulher, abordando recursos utilizados como amparo as mesmas. Foram analisadas as constituições, legislações federais e informações de alguns sites jurídicos.
2. A MULHER NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
Para compreender melhor a história da mulher no Brasil, seus direitos ao longo da história e suas conquistas de direitos em busca da igualdade de gêneros, se faz necessário um apanhado pelas Cartas Magnas brasileiras.
Constituição Imperial de 1824
Na primeira Constituição Nacional, o Brasil estava sob o cetro da Monarquia, os descendentes da Família Real portuguesa governavam o país depois da independência política em 1822. O papel da mulher na sociedade era mínimo em detrimento a posição masculina. Entretanto, no que se referia a sucessão imperial, as normas permitiam que uma mulher governasse o país.
O texto constitucional menciona a mulher apenas ao dispor sobre a sucessão imperial (art. 116 e seguintes). Nesse momento constitucional, eram os cidadãos homens com 25 anos ou mais e todos que tivessem renda de 100 mil-réis, mas em 1881 foi proibido o voto dos analfabetos. As mulheres e os escravos não eram considerados cidadãos, sendo os excluídos políticos no período imperial. (SANTOS, 2009, 3).
Constituição Federal 1891
Em 15 de novembro de 1889 foi proclamada, através de um golpe, a República no Brasil. A forma de governo muda, porém, não se percebe um ganho em direitos iguais, prevalecendo ainda o poder econômico na mão de fazendeiros e de uma nascente elite industrial. A princípio, a mulher continua na mesma posição social de antes, porém com a instalação de indústrias nos grandes centros, era crescente o número de mulheres que iam ao trabalho, atitudes que, mais tarde, colaboraram para a conquista do voto.
Constituição Federal 1934
	Com grande influência externa, a Constituição dos Estados Unidos do Brasil, consagrou a isonomia entre os sexos, consolidou as leis trabalhistas e deu a mulher o direito de votar e ser votada, confirmando uma lei eleitoral de 1932.
Tinha como principais inovações a introdução do voto secreto e o sufrágio feminino, a criação da Justiça do Trabalho, definição dos direitos constitucionais do trabalhador (jornada de 8 horas diárias, repouso semanal e férias remuneradas) e previdência social. [...] Na constituinte de 1934, dois anos após autorização no nível federal, houve uma representante do sexo feminino, a primeira deputada do Brasil: Carlota Pereira de Queirós. (SANTOS, 2009, 7).
	
Constituição Federal de 1937
	Outorgada pelo Presidente Getúlio Dornelles Vargas, a CF de 37 teve características antidemocráticas, pois se configurava, no país, uma ditadura. E, mesmo com a conquista de alguns direitos a mulher ainda assumia um papel passivo na sociedade, todas elas eram consideradas como pilar fundamental da família, guardiãs do lar (SANTOS, 2009, 8). Herança do império e também do ideal cristão que predominava sobre o país.
	Constituição Federal de 1946
	Conhecida como a CF Populista, pois depois de alguns anos como ditadura, o Brasil voltara a respirar ares democráticos, retomando as vitórias relacionadas à igualdade. Porém, não se alcançou muito espaço, pois a sociedade brasileira ainda carregava o “gene” patriarcal, de modo que a participação social era minada em detrimento das oligarquias que ainda estavam arraigadas no poder. Porém foi sob a vigência desta Carta, que as mulheres endossaram grandes lutas a favor de mais direitos civis, dentre eles: o Estatuto da Mulher Casada em 1962 e o início e a Lei do Divórcio que seria aprovada em 1977.
Constituição Federal de 1967
	Não se pode esperar muito de uma Constituição elaborada dentro de um Regime Ditatorial, tendo em vista a repressão sofrida por setores civis que buscavam seu direito de liberdade de expressão. Contudo, as mulheres se organizavam em diferentes grupos e frentes para protestar contra o Regime, sobretudo aquelas que tiveram seus maridos mortos ou torturados. Simultaneamente, nos EUA e na Europa o feminismo tomava corpo e garantia para as mulheres, mais espaço e direitos na sociedade.
	Constituição Federal de 1988
	Dentre as Constituições do Brasil, a de 88 é de longe a mais democrática, pois sua elaboração teve participação direta da sociedade. Assim sendo, todos os grupos considerados minoritários, tiveram a partir do Artigo 5° seus direitos garantidos e depois deles várias outras legislações que garantem a igualdade entre todos os cidadãos brasileiros sem nenhuma distinção de qualquer natureza. Não foi diferente com as mulheres, em duas décadasde vigência, nunca o gênero feminino consolidou tanto espaço na sociedade.
3. HISTÓRICO E SURGIMENTO DA LEI MARIA DA PENHA
O “batismo” da lei 11.340/06 se deu devido à árdua luta da cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que pelas mãos do seu esposo Marco Antonio Herredia Vivero, que desde os anos 80 era agredida de diversas maneiras. Entretanto, em um desses episódios de violência ela recebeu um tiro de espingarda nas costas, atingindo suas vértebras, deixando-a paraplégica. No entanto, depois de investigações policiais e do trâmite de processos judiciais, o agressor só foi preso duas décadas depois. 
O Estado brasileiro levou em consideração alguns estudos e análises de órgãos internacionais, coagindo o Congresso Nacional a agir mediante a grave situação da mulher no país. 
Levando em consideração as recomendações contidas no relatório n° 54 da Organização dos Estados Americanos (OEA), Organizações Não governamentais (ONGs), como Feministas Advocacy, Agende, Themis, Cladem/Ipê, Cepia e CFemea, reuniram-se, em 2002, para elaborar anteprojeto de lei para combater a violência doméstica contra a mulher. Em março de 2004, esse documento foi apresentado à Secretaria de Política para as Mulheres, a fim de ser discutido pelo governo, para a consequente elaboração de projeto de lei, que seria encaminhado ao Congresso Nacional, para análise. (OLIVEIRA, 2011, 30).
Assim sendo, a história de Maria da Penha se tornou um emblema da luta de mulheres contra agressões, ao ponto de dar o seu nome a lei que endurecia as penas contra crimes dessa natureza, pois antes tais crimes não recebiam a devida atenção do Estado. 
A origem da Lei Maria da penha remonta a realidade de uma sociedade historicamente machista, onde as mulheres muitas das vezes eram dependentes financeiramente do homem, e sujeita ao julgo de uma coletividade que desde os primórdios tem o gênero masculino como referência, dando-o poderes e o colocando numa posição de chefe familiar, que sob seu poder está a esposa e os filhos como suas propriedades. O avanço das lutas femininas durante o século XX resultou em inúmeras conquistas, o direito ao voto e a independência financeira são bons exemplos. 
Em 18 de dezembro de 1979, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou o mais completo documento contra a segregação feminina, denominado Convenção sobre Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, elaborado pelo Comitê Cedaw, que era composto por vinte e três peritas, eleitas pelos Estados Partes, para mandato de quatro anos. O Brasil ratificou essa convenção em 1984, com algumas restrições, em razão de incompatibilidades com as leis brasileiras. Além disso, tornou-se signatário da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher - Convenção de Belém do Pará – 1994, da Convenção Americana de Direitos Humanos e concordou com a jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos em 1998, subordinando-se, como país membro da Organização dos Estados Americanos - OEA, ao Estatuto da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. (OLIVEIRA, 2011, 33).
Contudo, a reação masculina, em alguns casos, foi de não aceitação dos direitos femininos, afirmando a continuidade da mulher como sexo frágil, submissa em todos os aspectos ao homem. Nessa perspectiva, os conflitos domésticos entre homem e mulher ganharam mais notoriedade, que diante do quase que unânime silêncio por parte da vítima, levou terceiros a denunciar ou até mesmo encorajar as mulheres a procurar o amparo da justiça para a resolução dos conflitos e a punição dos culpados. 
O cenário internacional colaborou de forma significativa para efetivação dos direitos femininos. Em outros países, a criação de ONGs (Organizações não Governamentais), frentes parlamentares, Secretarias Especiais, entre outros mecanismos, serviu como um melhor aparelhamento social para atender de forma mais ampla e digna as vítimas e seus familiares. Nestes locais, as conquistas legais das mulheres ganharam robustez há mais tempo, e serviram de vanguarda, pressionando Estados (como o Brasil) que não tinham normas efetivas contra a violência da mulher, a criar suas próprias leis, dando assim, uma maior segurança as vítimas.
4. FINALIDADE DA LEI
A finalidade da Lei está definida em seu art. 1º, a Lei Maria da Penha onde tem por seu objetivo principal coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
O preâmbulo da Lei em comento deixa claro que esta se destina a “coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher”, não importando o sexo do agressor, desde que este mantenha o exigido vínculo de afeto ou doméstico. Ademais, a Lei não abrange a violência da mulher contra o homem, vez que esta última segue as regras do direito penal e processual penal. (SOUZA, 2007).
A lei alterou o Código Penal Brasileiro possibilitando que agressores de mulheres em ambiente familiar sejam presos em flagrante ou ainda tenham sua prisão preventiva decretada, esses agressores também não poderão mais ser punidos com penas alternativas (ex: cestas básicas e prestação de serviço à comunidade). A Lei veio para aumenta o tempo máximo de detenção previsto de um para três anos, a lei prevê medidas que envolvem a saída do agressor do domicílio e a proibição para que este se aproxime da mulher agredida e dos filhos, assim dando à mulher a possibilidade de sair do ambiente de medo e ameaças sofridas. 
As mulheres agredidas eram somente amparadas pela Lei 9.099/95, a qual regulamenta crimes de menor potencial ofensivo. Nos casos em que era utilizada a lei de 1995 a pena do agressor era convertida em prestação de serviço à comunidade ou em doação de cestas básicas a entidades assistenciais, ou seja, uma punição considerada branda, o que fazia com que o agressor voltasse a reincidir e as mulheres viviam com medo de denunciar e sair da situação de subjugação por medo das constantes ameaças em que viviam. Com a lei Maria da Penha, não só o marido poderá ser punido, mas também qualquer pessoa que esteja no âmbito familiar, mesmo que por tempo determinado, como os oportunos visitantes ou qualquer pessoa que esteja em convívio familiar com a agredida, independente de sexo ou parentesco. 
Em meio A tanta impunidade no caso de Maria da Penha, que foi o marco representativo em meio as estatísticas sobre a violência contra as mulheres. Então, a impunidade de modo geral norteou o Brasil durante anos e figura da mulher agredida sempre foi encarada como o símbolo do machismo, dentre alguns homens, um símbolo de status de poder e de dominação, a coragem de Maria da Penha Maia em lutar pela condenação de seu marido, chamou a atenção das Organizações Internacionais, cujo Brasil é membro e/ou signatário, como a OEA, que exigiu políticas públicas que visassem a proteger as mulheres que sofrem violência familiar. 
5. TIPOS DE VIOLÊNCIA E MEDIDAS DE PROTEÇÃO E PREVENÇÃO
Os termos da lei 11.340/2006 são bastante claros, sendo necessário salientar que não é apenas a violência doméstica que está em voga, a referida lei, inclui, contudo, uma série de outras maneiras que a mulher pode ser violentada, a saber: 
Art. 7o  São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularizarão, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranjaa presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. (Lei nº 11.340/2006, Artigo 7º).
A lei Maria da Penha traz, ainda, um conjunto de medidas de prevenção e de proteção, que buscam reduzir e erradicar a violência doméstica contra mulher a partir do enfrentamento de suas principais causas, ou seja, também garantir na prática, a preservação da integridade da mulher agredida sendo assim, a partir do registro da ocorrência policial, deve desencadear-se um conjunto de providências que ficam a cargo da autoridade policial e da autoridade judicial.
“[...] esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do artigo 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar [...].” (Lei nº 11.340/2006, Artigo 1º).
Essa Lei traz medidas protetivas à mulher vítima de violência doméstica familiar, e, na esfera punitiva, proíbe a aplicação das chamadas penas brandas, Maria da Penha Fernandes sofreu duas tentativas de homicídio por parte do seu marido. Na primeira, levou um tiro enquanto dormia. Neste caso, o agressor alegou que houve uma tentativa de roubo. Como decorrência do tiro, ficou paraplégica. Após a segunda semana de seu regresso do hospital, seu marido sabendo de sua condição, tentou eletrocutá-la enquanto se banhava. Alternativas, principalmente os benefícios da Lei nº 9099/95 (a transação penal, as multas que eram convertidas em cestas básicas —, e a suspensão condicional do processo). Além disso, priorizando os crimes praticados contra a mulher nos ambientes: doméstico, intrafamiliar e afetivo instituiu os Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, sendo que as Varas Criminais acumularão as competências cíveis — separação judicial e de corpos, por exemplo, e criminal — responsabilização do agressor, nos casos decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher. Dentre as medidas protetivas elencadas na Lei “Maria da Penha”, algumas merecem destaque, diante de seus feitos intimidativos, bem como para a garantia da integridade física e moral da ofendida. Pode-se citar a obrigação de a Autoridade Policial garantir a proteção da mulher, encaminhá-la ao hospital, fornecer-lhe e aos dependentes o transporte que se fizer necessário, e acompanhar-lhe ao domicílio para a retirada dos pertences. Além disso, a Lei determina o encaminhamento de mulheres em situação de violência e seus dependentes a programas e serviços de proteção, garantindo-lhes os Direitos Humanos que se acham positivados na Constituição Federal. À mulher vítima de violência doméstica e familiar também é garantida a assistência jurídica gratuita, bem como o acompanhamento jurídico em todos os atos processuais. Avaliar quais serão os reais resultados destas ações neste presente momento é impossível, mas é inegável que a Lei apresenta uma estrutura adequada e específica para atender a complexidade do fenômeno da violência contra as mulheres ao prever um conjunto de políticas públicas, mecanismos de prevenção e punição, voltados para a garantia dos Direitos Humanos e da proteção da mulher vítima de agressão doméstica e familiar. Apesar das resistências de alguns juristas na aplicação dos dispositivos da Lei ‘Maria da Penha’, ela está ganhando seu espaço e apresenta-se como um importante instrumento, não só normativo, mas político-jurídico, admirável e de difícil contestação, na construção de uma sociedade justa e sem desigualdades pautadas sob as questões de gênero. A desconstrução das redes que tecem a violência contra a mulher ainda levará muito tempo, porém, não seria utópico acreditar em sua finitude, na medida em que o que se construiu sócio-historicamente pode ter seu caminho refeito em outra perspectiva. Em curto prazo, se faz necessário e urgente um ordenamento jurídico adequado e coerente com as expectativas e demandas sociais. Além disso, não basta que haja um ordenamento que tenha vigência jurídica, mas não tenha vigência social, isto é, que não seja aceito e aplicado pelos membros da sociedade. O combate ao fenômeno da Violência contra Mulher não é função exclusiva do Estado; a sociedade também precisa se conscientizar sobre sua responsabilidade, no sentido de não aceitar conviver com este tipo de violência, pois, ao se calar, ela contribui para a perpetuação da impunidade. Faz-se urgente a compreensão, por parte da sociedade como um todo, de que os Direitos das Mulheres são Direitos Humanos, e que a modificação da cultura de subordinação calcada em questões de gênero requer uma ação conjugada, já que a violência contra a mulher desencadeia desequilíbrios nas ordens econômica, familiar e emocional. O ideal neste caso seria trabalhar tanto com ações pontuais específicas,como com as políticas públicas transversais. Ao se adotar as políticas públicas transversais, objetivando a igualdade entre homens e mulheres, encontra-se um norte a trilhar na busca de um caminho que modifique o panorama da violência em geral e a de gênero em particular. A Secretaria da Mulher poderia desempenhar o papel de catalisadora neste processo articulando-se aos Conselhos ou Secretarias da Mulher em todos os Estados. Além disso, a conscientização da natureza histórica da desigualdade de gênero precisa ser trabalhada desde o início do ensino escolar, já que a desigualdade de gênero somada a ordem patriarcal vigente são alguns dos ingredientes que, unidos ao sentimento de culpa inculcado historicamente na psique das mulheres, contribuem para a perpetuação das relações desiguais de poder que acabam por acarretar em violência.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho exposto demonstra a grande facilidade com que a mulher pode ser agredida, mostrando ser um ato comum e que, apesar da criação de medidas e aprimoramento da Lei, os índices continuam elevados. Deixa clara a origem da Lei Maria da Penha até o seu aperfeiçoamento e vigor, além do histórico da violência e fatores que influenciavam e continuam influenciando os agressores a cometerem atos violentos. Chama atenção, contudo, também para a omissão da vítima em alguns casos, muitas vezes, por serem obrigadas a conviverem num leito familiar. A lei apresenta medidas protetivas rigorosas que, se usadas corretamente, diminuirão os índices de violência. Desde quando entrou em vigor, já foram vistos progressos nos índices, mas ainda falta muito. O presente trabalho levou também conhecimento mais profundo sobre o assunto para que se saiba que é possível denunciar sem sofrer danos, explanando o tema para que fosse mais bem compreendido por quem só o conhecia superficialmente esclarecendo, assim, vários pontos. 
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Andréa Karla Cavalcanti da Mota Cabral de. Histórico, produção e aplicabilidade da Lei Maria da Penha. - Brasília, DF. 2011.
SANTOS, Tânia Maria dos.A Mulher nas Constituições Brasileiras. II Seminário Nacional de Ciência Política: América Latina em debate. - Porto Alegre, RS. 2009.
SOUZA, Sergio Ricardo. Comentários à lei de combate à violência contra a mulher. – Curitiba: Juruá, 2007.
BARSTED, L. de A. L. Uma vida sem violência é um direito nosso: Propostas de ação contra a violência intrafamiliar no Brasil. Comitê Interagencial de Gênero/ONU/Secretaria Nacional dos Direitos Humanos/Ministério da Justiça, Brasília, 1998.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 2006.
BRASIL. Lei n.° 11.340, de 7 de agosto de 2006.

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