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Atividades Complementares (1)

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Resumo de Filmes: 
Um sonho de liberdade 
Dentro de um presídio, os detentos se veem em dois mundos: A inclusão em novo ambiente e 
a exclusão da sociedade. Há aqueles que não conseguem ser aceitos pelos mais velhos e 
aqueles que conquistam seu espaço. Foi assim com Andy, acusado injustamente por 
homicídio, recebendo a pena máxima, a perpétua. Em meio as duras regras da prisão, Andy 
consegue seguir seu próprio modelo de viver, sem infligir as ordens do diretor. 
Andy tornou-se amigo de Red, outro personagem marcante, ladrão condenado, e cheio de 
conflitos por querer a liberdade, mas temê-la ao mesmo tempo, vivendo entre a coragem e o 
medo, sendo um grande modelo de pessoas que resistem as mudanças com o medo da 
adaptação. Inclusive a trama toda é narrada a partir da visão de Red, o colocando no papel de 
filosofo e analista das situação humana. Red marca o filme por definir a necessidade do ser em 
se sentir humano e respeitado, com a frase: “Era como impermeabilizar o telhado de nossas 
casas.” 
Quando pensamos em amizade, logo lembramos da Disciplina “Homem e sociedade”, que 
discute de forma ordeira os papéis e desenvolvimento de cada individuo na sociedade. As 
relações interpessoais é de fato o maior legado conquistado pelo homem, é justamente assim 
que Frank Darabont retratou no filme: Um sonho de Liberdade, que nos conta de maneira 
poética a trajetória de duas vidas em meio as injustiças e desordens do mundo em que 
vivemos. O grande incentivo de Um sonho de Liberdade, é que podemos conseguir usar vários 
métodos para alcançarmos nossos objetivos e nos relacionar de forma harmoniosa com 
qualquer pessoa e em qualquer situação, incentivo que retrata também a disciplina “Homem e 
sociedade.” 
O que é isso, companheiro? 
O filme "o que e isso companheiro?" relata as ações de um grupo de jovens, contrários ao 
governo Brasil. Eles eram revolucionários em 1964, praticavam o chamado "guerrilha urbana" 
lutando contra a ditadura militar. 
Quando membros foram presos pelo governo, foi acordado que raptar o embaixador dos EUA 
no Brasil era a grande saída. O plano de fato deu certo e o governo foi obrigado a libertar 
quinze companheiros que foram mandados a regime de exílio ao México, entre quais estavam 
Fernando Gabeira (jornalista hoje deputado federal). Outra parte do plano era de publicar no 
rádio e na TV um manifesto revolucionário relatando para o povo os crimes que eram 
cometidos na ditadura militar. 
Uma parte da historia que nos é mister, pois como filhos do Brasil, há coisas que são de peso 
para nossa formação como licenciados, afinal a historia brasileira é rica por suas vitorias e 
derrotas e sua sedimentação em massa, mesmo quando se quer lutar e buscar os objetivos 
iguais: Melhoria e igualdade. 
 
Ensaio sobre a cegueira 
O filme “Ensaio sobre a cegueira” conta a história de uma cegueira branca que se alastra por 
uma cidade e atinge muitas de pessoas, causando um grande colapso dentro da sociedade e 
fazendo todos a viver de uma forma totalmente fora do comum. 
As personagens principais são levadas a um hospício abandonado, onde ficam juntas com 
centenas de outros detentos que sofrem com a cegueira. 
Percebemos que a trama explora bem o que as pessoas são capazes de fazer para sobreviver 
em um ambiente em que cada um tem de se adaptar para se manter de firme e conseguir 
manter quente a chama da esperança de voltar a enxergar. 
Por terem ficado confinadas nesse hospício abandonado, conseguiram sentir como é 
importante não deixar a essência de ser um humano de lado, não se preocupando com bens 
materiais e se dedicando em conseguir sobreviverem. A esposa do médico, uma personagem 
destaque na trama, que se fingiu de cega, pois foi a única que não foi atingida pela epidemia 
fez um papel de psicóloga, dando auxílio a todos ali. 
Aprendemos assim que a atuação da psicologia é ajudar as pessoas a se encontrarem, 
buscando caminhos viáveis as suas vidas para encontrar o melhor, compreendendo que o ser 
humano pode ser bem melhor enquanto espécie. 
Macunaíma 
Toda a trama de Macunaíma é pertinente para o curso de Letras. O filme que foi baseado na 
obra de Mario de Andrade é carregado de comédia e fantasia, entrando em 2015 para o rol dos 
cem melhores filmes brasileiros de todos os tempos. E não é para menos que Macunaíma 
recebeu esse titulo, a historia tem como objetivo uma reflexão dos elementos da cultura 
formadora da época, como: racismo, miscigenação, negação da identidade e conflitos culturais. 
O filme trás evidencias dos principais eventos que se passavam no Brasil no fim dos anos 
sessenta, como as mudanças que ocorreram no aspecto econômico, político e cultural, o 
grande desenvolvimento dos meios de comunicação, o surgimento de novas tendências, as 
quais mais tarde iriam influenciar nossa literatura e estilo de vida. 
A saga de Macunaíma, menino preto, que nasceu em uma família de índios, brancos e negros 
no interior do Brasil. Emigrando com mãe e irmãos para a cidade grande e para uma viagem 
inesquecível. 
Na cidade grande, Macunaíma se encanta com a tecnologia, modernidade e chega a pensar 
que as máquinas eram homens e os homens eram máquinas. Depois de muitas peripécias e 
confusões, ele conhece Ci, uma guerrilheira da cidade, com quem compartilha uma relação 
amorosa e com ela tem um filho, que morre em uma explosão fatal. O herói preguiçoso segue 
em busca de uma amuleto representado por um muiraquitã que pertencia a sua amada Ci. Ele 
descobre então, que o amuleto está com o gigante da indústria de armas, Wenceslau Pietro 
Pietra. Macunaíma vai atrás de ajuda em um terreiro de candomblé para enfrentar o gigante, 
terminando por matá-lo em uma cena que trás antropofagia modernista, onde percebe-se uma 
presença de vários corpos em uma "feijoada de gente" e ele finalmente toma posse 
do objeto cobiçado. 
O movimento modernista é claro no filme, pois trata de forma impar o nacionalismo em torno do 
folclore brasileiro, trazendo também a descentralização do vocabulário, por expor a 
regionalidade dos lugares em sua língua falada, sendo esse o primordial valor do filme. 
 
Fahrenheit 451 
Uma trama distópica, onde no futuro os livros são proibidos. Quem for pego com livros ou 
qualquer material escrito é denunciado por vizinhos, amigos e até familiares, fazendo entrar em 
ação os bombeiros para incendiar as publicações. 
Nota-se, ao desenrolar do enredo, que a leitura é a grande arma de transformação social, 
sendo essa a maior mensagem do filme. O simples fato do ato de ler é perigoso, pois, causa 
mudanças em mentes e corações. Dando a sociedade pessoas mais críticas, independentes e 
corajosas. 
Por fim, é um filme imprescindível. Passa uma bagagem de discussão sobre os pequenos 
autoritarismos e totalitarismos do cotidiano, ponto a ser pensando também nos dias atuais. 
 
O Pagador de Promessa 
O Pagador de Promessas joga à tona um arsenal de conflitos entre o Brasil rural e o urbano, 
muito evidenciado na era de modernização que passava o país nas décadas de 50 e 60. Esses 
conflitos são concretizados pelo impasse entre a crença popular, o sincretismo que formou a 
tradição religiosa, o dogmatismo, o ritualismo rigoroso e a burocratização das religiões. 
Zé do Burro pode ser encarado como um representante do povo humilde, simples. Sua 
dificuldade em se expressar e entender a rejeição do padre ao sincretismo entre Iansã e Santa 
Bárbara, deve ser vista como representação desse vazio que se formava entre um país que 
caminhava ruma a modernidade de uma nova classe média e se transformava impenetrável 
para os que não tinham acesso ao consumo. 
Quando padre Olavo impede Zé do Burro de entrar na igreja, há uma intenção do filme deretratar o desamparo do povo, principalmente da população rural. A autoridade da igreja e do 
poder público denotam a inversão do papel do Estado, que deixa de dá suporte e passa a 
oprimir o povo, com sua burocracia sem bases legitimas e por sua opressão direta. 
A crítica à corrupção dos meios de comunicação torna-se clara quando é apresentando no 
filme o tema da reforma agrária, em debate à época. O filme destaca ainda como a elite coloca 
um sentido de subversão a questão da reforma agrária e pelo assassinato de Zé, destacando 
também a responsabilidade política da imprensa no país. 
 
Resumo de Livros: 
Memórias Póstumas de Brás Cubas 
A história é narrada na primeira pessoa, um romance que apresenta um narrador-observador, 
no caso o “defunto-autor”. Em vários momentos Machado de Assis fez a escolha do recurso da 
interlocução, onde ela fala diretamente com o leitor. Como observamos nessa frase: "A obra 
em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te 
com um piparote, e adeus." 
Podemos dividir o tempo da historia em cronológico e psicológico, sendo o primeiro 
desenvolvido pela surgimento dos acontecimentos na vida de Brás Cubas, ou seja, de forma 
simples. Já o segundo, compete às memórias e difusões do autor durante seu relato. 
No que se refere ao espaço, citaremos o Rio de Janeiro, Coimbra e ainda, um local mais 
específico, Gamboa. O último é um bairro da cidade do Rio de Janeiro, onde ele obteve seus 
encontros com Virgília. 
Com muitas ironias, metáforas e eufemismos, Machado de Assis nos traz nessa obra diversas 
críticas sociais, incluindo a elite da época. 
Outra característica notável é a mudança na trama simples com começo, meio o fim. Foi com 
essa combinação de tempo, que o autor marcou uma nova etapa literária. 
Ainda que tenha sido inovador nesse âmbito, temos que destacar que a obra termina com um 
capítulo em que Brás Cubas resume tudo que foi difícil em sua vida. 
Desse modo, o livro foge aos padrões clássicos, associados com um final feliz e ainda, com a 
simplicidade nos acontecimentos. 
 
Dom Casmurro 
Finalizando o relato de suas memórias, Bento Santiago pode até ficar feliz em ter sua vida 
escrita dando ao leitor atento a chance de tirar suas conclusões de sua intrigante história. 
Machado de Assis, brilhantemente faz essa ligação de interlocução da obra com o leitor, nos 
colando como advogados ou detetives no caso de Dom Casmurro. Capitu que furtivamente nos 
presenteia com sua beleza e encantos juvenis, nos dá também a ideia de que não é tão 
confiável assim. O comportamento dela no velório de Escobar é prova suficiente de adultério, 
ou não seria? Tampouco a semelhança de Ezequiel, já que esta é alegada por Bento, sem que 
nenhuma outra personagem contradiga essa acusação. 
Cada acusação feita sobre Capitu pode ser desfeita por quem se preste ao papel de advogado 
de defesa desta senhora. Porém, se alguém, quiser pegar o papel, faria bem em não esquecer 
que está duelando com um advogado bem sucedido. Os acontecimentos questionados por ele 
podem também usados para montar uma história mais convincente – exatamente a que ele nos 
conta. 
Na verdade, Dom Casmurro é uma trama que trata da traição, sem que ela seja seu tema 
principal. O que se debate é sobre a verdade, tema que abrange as traições, atingindo todos os 
tipos de relações interpessoais e, ainda mais, a maneira como os humanos erigem seus 
valores e sua moralidade. 
Assim, Dom Casmurro pega a traição como item primordial para argumentar temas mais 
abrangentes e permanentes, o que lhe dá direito a ser considerada uma obra atual. Sendo ao 
mesmo tempo, uma obra que traz características do seu tempo e marcando a historia da 
literatura brasileira. 
 
Grande Sertão: Veredas 
Grande Sertão: Veredas é o único romance escrito por Guimarães Rosa, e podemos 
considera-la como uma obra desafiadora. O romance se constrói em uma longa narrativa oral, 
onde Riobaldo, um velho fazendeiro, ex-jagunço, descreve sua experiência de vida a um 
interlocutor, que jamais tem a palavra e cuja fala é somente sugerida. 
Guimarães Rosa conta a vida de Riobaldo em meio as vingança, amores, perseguições, lutas 
pelos sertões de Minas, Goiás, e sul da Bahia, tudo isso com grandes reflexões. As outras 
personagens falam pela boca de Riobaldo, apegando-se de seu estilo de narrar e de suas 
características linguísticas. 
As histórias vão sendo alinhando, articulando-se com a preocupação do narrador em discernir 
a existência ou não do diabo, do que depende a salvação de sua vida. 
O tempo da narrativa é psicológico. Sendo uma trama é irregular (enredo não linear), é 
acrescidos vários casos menores. A narração é na primeira pessoa: narrador-personagem e se 
utiliza do discurso direto e indireto livre. 
A trama ocorre no sertão mineiro, Bahia e Goiás. Porém, por se tratar de uma narrativa 
complexa, cheia de reflexões e peregrinações, ganha um caráter universal: "o sertão é o 
mundo". 
 
O Cortiço 
O Cortiço tem o conceito naturalista em duas linhas de exposição de comportamento humano. 
A vida de João Romão apresenta o ponto de visão naturalista nas relações sociais e a de 
Jerônimo a perspectiva adotada pela escola nas relações interpessoais. Nesses dois casos, 
fica evidente patologias que definem os desvios morais das personagens. 
João Romão é ambicioso e não é condenado por isso, afinal, ele apenas se é um oportunista 
das situações oferecidas pela sociedade capitalista. Sempre movido pela intensa vontade de 
prosperar. Sua falta de escrúpulos é tanta, que passa a explorar a companheira Bertoleza até o 
ponto de abandona-la, troca-a por uma companheira que lhe possa reder fins mais lucrativos. 
No retrato das relações sociais, o sobrado cumpre um papel primordial, essencialmente na 
diferença com o cortiço: este tem aspectos miseráveis, enquanto o outro representa gloria das 
elites. Ficam assim caracterizadas pelas diferenças sociais. Mas é notável ver que tanto em um 
lugar quanto no outro o padrão da moral é o mesmo, marcado pela baixeza e pelo domínio dos 
desejos. 
Jerônimo canaliza a visão naturalista da relação amorosa. Sendo na verdade, não ser amor, 
visto que os naturalistas não guardam esse sentimento, se tornando apenas como um disfarce 
para a verdadeira objetividade da aproximação entre casais, o desejo natural de preservação 
da raça. Assim, o que Jerônimo a Rita Baiana se unem há o desejo sexual: o português se 
rende aos feitiços da boa mulata brasileira, situação que destaca a sedução que a terra exótica 
tem sobre o colonizador extasiado. 
A decaída moral de Jerônimo também tem explicação ligada ao lugar: o sol dos trópicos acaba 
com o desejo de trabalhar e o homem se deleita aos prazeres. Sua pureza primária é superada 
por seus desejos, o fazendo preguiçoso que se entregue à luxúria. Essa mesma decadência 
atingi Piedade e Pombinha e confirma a tese de Aluísio de Azevedo de que a tendência a 
covardia se dá em função do ambiente em que se vive. 
 
Memórias do Cárcere 
Preso em março de 1936, acusado de ligação com o Partido Comunista, Graciliano Ramos 
teve uma prisão sem processo, mas que não evitou que fosse deportado num porão de navio, 
para o Rio, onde continuou encarcerado. Foi exonerado do cargo de Diretor da Instrução 
Pública e direcionado a vários presídios, até Janeiro de 1937, quando foi solto. Dessa triste 
experiência nasceu a obra: “Memórias do Cárcere”, lançada postumamente em 1953. A trama 
não é a descrição pura e simples do sofrimento e humilhações de Graciliano Ramos, é a 
análise da prepotência que caracterizou a ditadura de Vargas. É um dos depoimentos mais 
profundos da literatura brasileira. 
A obrafoi escrita em quatro volumes (sem o ultimo capitulo, porque Graciliano Ramos faleceu 
antes de termina-lo), Memórias do Cárcere conta fatos da vida de Graciliano Ramos e de mais 
pessoas que estiveram presas durante o Estado Novo. A narrativa é triste, mas sem exageros, 
dramas ou invenções, nesse livro Graciliano Ramos é leal aos acontecimentos. Se existem 
tristezas e sordidez, é porque as circunstâncias vivenciadas foram amarguradas. 
A autoridade do narrador clássico é referente a perspectiva da morte, conforme se nota bem no 
começo do texto: “... estou a descer para a cova...”. A morte, para o filósofo alemão, passa 
autoridade, porque é nesse instante que o saber humano assume uma força maior, tornando 
imperativa a sua transmissão. O narrador clássico sabe dar conselhos. Narra mostrando que 
tem experiência na vida, essa experiência que lhe concede sabedoria. A obra do escritor 
alagoano, ao fazer uso da forma autobiográfica, ao falar dele mesmo, propositalmente mescla 
a sua voz, a tantas outras vozes, que fora até certo ponto silenciadas, contrariando assim a 
perspectiva natural desse tipo de enredo. 
Memórias do Cárcere é o testemunho da realidade nua e crua de quem, sem saber os motivos, 
ficou preso em porões imundos, sofreu com torturas e privações provocadas por um regime 
terrível chamado de Estado Novo, quanta contrariedade! 
Na narrativa Graciliano Ramos não fala estar diretamente injustiçado, mesmo tendo sido e isso 
se percebemos no texto si. Não reclama dos motivos que se deveria ou não estar naquelas 
situações, isso faz com o leitor fique indignado com as terríveis circunstâncias descritas ali, 
mas se direcione a situações vivenciadas inúmeras pessoas. O que o autor conta, e isso é o 
que mais é interessante em Memórias do Cárcere, é um olhar de quem foi encarcerado, algo 
que é muito mais abrangente do que se focar no olhar do narrador. 
Contos de Aprendiz (Carlos Drummond de Andrade) 
O livro reúne 15 contos da maior candura, incluindo aquele que é um modelo do limite do real 
com o lúdico: "Flor, telefone, moça". Drummond conta as histórias que surgem ou podem 
surgir, na base em que o acaso ou outro coisa as torna palpáveis, com a ajuda de nossa 
imaginação fértil. Drummond ama relatar aquilo que parece ínfimo, mas está repleto de 
significado na mente de todos, como a ansiedade e a decepção do primeiro sorvete, ou uma 
briga entre irmãos que vira o castigo infantil. Um dialogo linear entre um homem e uma mulher, 
no coletivo, em que o olhos altaneiros seguem em sensualidade. E ainda a loucura da moça 
que prepara o presépio em véspera de Natal, com a imaginação no namorado. Drummond 
apresenta uma prosa limpa, evidentemente com ternura e prazer. 
A obra meche com as lembranças da infância de Drummond, tendo muitas vezes a falsa 
impressão de uma narrativa de memórias. As histórias inseridas ali em Contos de aprendiz tem 
uma relação verdadeira com mundo, remexendo com os feitiços da memória para 
desenfeitiça-los e fazer com que eles se mostrem com o que de fato são: mitos, folclores, 
lúdico. 
A poesia de Carlos Drummond de Andrade é algo que vai além o gênero poético, podendo se 
mostrar em qualquer aspecto, mesmo em contos delicados e de linguagem despretensiosa, 
porém profunda, como os de Contos de aprendiz. 
Os contos se misturam entre a descoberta das pequenas cidades, suas caracterização de 
comportamento, ansiedades e conquistas, e em fases hilárias na vida corrida das metrópoles. 
Como diz o próprio poeta: "é doce ouvir amigos, ainda quando não falam, porque amigo tem o 
dom de se fazer compreender até sem sinais. Até sem olhos". 
O leitor precisa compreender a obra usando de sensibilidade. Em Contos de aprendiz existe 
até mesmo uma pequena nota em que se diz que a coisa que mais encantava Drummond nas 
casos ouvidos quando criança, não era a narrativa em si, o desfecho, a moralidade, mas sim 
um aspecto particular da narrativa, a resposta de uma personagem, o mistério de um incidente, 
a cor de um chapéu...etc.

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