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Lit. 
 
Professor: Diogo Mendes 
Monitor: Caroline Tostes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Romantismo - prosa 
09/11 
mai 
 
 
RESUMO 
 
 
O ROMANTISMO 
O Romantismo é, sem dúvidas, um dos maiores movimentos literários do século XIX. Baseado em 
características como a subjetividade, a idealização amorosa, a fuga à realidade e o nacionalismo, suas 
influências marcaram não só a arte, como a cultura e os costumes daquele momento, que retratavam os 
valores burgueses da época. Diferente da poesia, a prosa é uma modelo de texto escrito em parágrafos, 
narrando os acontecimentos de um enredo junto a um grande aspecto descritivo. 
 
http://www.estudofacil.com.br/wp-content/uploads/2015/02/romantismo-caracteristicas-artes-e-como-era-no-brasil.jpg 
A prosa romântica, em especial, se subdivide em quatro tipos de romance: o regionalista, o indianista, o 
urbano e o histórico. A valorização da individualidade permitiu que inúmeros autores retratassem as 
diferentes características do Brasil, que estava marcado tanto pelas diversidades locais pelo país (língua, 
cultura e valores regionais) quanto pelo cenário urbano que atendia às necessidades da burguesia. Além 
disso, é importante dizer que, na prosa, não há a divisão entre gerações (como ocorre na poesia), pois muitas 
obras eram publicadas quase que, simultaneamente, e, o maior nome da prosa romântica é o escritor José 
de Alencar. 
CONTEXTO HISTÓRICO 
Os principais acontecimentos e influências que marcaram esse período são: 
- Instalação da Corte Portuguesa no Brasil (1808); 
- Independência do Brasil (1822); 
- Abertura dos Portos; 
- Chegadas das missões estrangeiras (científicas e culturais); 
- Surgimento da imprensa nacional; 
- Revolução Industrial; 
- Era Napoleônica; 
- Revolução Francesa. 
 
O ROMANCE INDIANISTA 
No romance indianista, é comum vermos a construção da imagem de índio de forma heróica, como o 
salvador da nação a fim de implantar um sentimento de amor à pátria. Sua imagem é aproximada a de um 
cavaleiro medieval, ideal propagado na Europa durante a Idade Média. Além disso, a natureza não atua como 
 
 
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plano de fundo e ganha vitalidade, força, fazendo com que muitas das vezes haja uma noção de 
personificação do ambiente natural, como também a associação ao meio selvagem. 
O choque cultural entre colonizadores e índios sempre será apresentado nas prosas indianistas, tal como a 
apresentação de suas diferenças, como costumes, linguagens, hábitos, entre outros. Algumas obras de 
 
 
O ROMANCE REGIONALISTA 
O romance regional foi primordial para o incentivo de uma literatura que abordasse acerca das diversidades 
locais. Entre suas características, há a valorização de aspectos étnicos, linguísticos, sociais e culturais sobre 
várias regiões do país. Ademais, as principais regiões abordadas foram o Rio de Janeiro (que era a capital do 
Brasil naquele período) e as regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste. 
 
O contraste de valores e costumes será abordado nos romances, em geral, propagados por personagens que 
passam a conviver recentemente em um mesmo ambiente, mostrando determinadas distinções entre o meio 
urbano e o meio rural. Entre as principais obras, tem
 
 
O ROMANCE URBANO 
O romance urbano foi o que melhor atendeu às necessidades da burguesia, pois retratava sobre a vida 
cotidiana e seus costumes, pondo em discussão os valores morais vividos na época, entre eles, o casamento 
promovido de acordo com a classe social. 
 
 
 
O ROMANCE HISTÓRICO 
O romance histórico, como o própria nome já nos ajuda a explicar, marcava em sua narrativa os principais 
acontecimentos históricos do século XIX no Brasil. A composição da narrativa é feita a partir de relatos e 
documentos informativos sobre uma determinada época ou movimento social. 
Há dois r 
 
TEXTOS DE APOIO 
Texto 1 
Senhora (fragmento) 
 O senhor não retribuiu meu amor e nem o compreendeu. Supôs que eu lhe dava apenas a 
preferência entre outros namorados, e o escolhia para herói dos meus romances, até aparecer algum 
casamento, que o senhor moço, honesto, estimaria para colher à sombra o fruto de suas flores poéticas. Bem 
vê que eu o distingo dos outros, que ofereciam brutalmente mas com franqueza e sem rebuço, a perdição e 
a verganha. 
 Seixas abaixou a cabeça. 
 Conheci que não amava-me, como eu desejava e merecia ser amada. Mas não era sua a culpa e só 
minha que não soube inspirar-lhe a paixão, que eu sentia. Mais tarde, o senhor retirou-me essa mesma afeição 
com que me consolava e transportou-a para outra, em quem não podia encontrar o que eu lhe dera, um 
coração virgem e cheio de paixão com que o adorava. Entretanto, ainda tive forças para perdoar-lhe e amá-
lo. 
 A moça agitou então a fronte com uma vibração altiva: 
 Mas o senhor não me abandonou pelo amor de Adelaide e sim pelo seu dote, um mesquinho dote 
de trinta contos! Eis o que não tinha o direito de fazer, e que jamais lhe podia perdoar! Desprezasse-me 
embora, mas não descesse da altura em que o havia colocado dentro de minha alma. Eu tinha um ídolo; o 
senhor abateu-o de seu pedestal, e atirou-o no pó. Essa degradação do homem a quem eu adorava, eis o seu 
 
 
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crime; a sociedade não tem leis para puni-lo, mas há um remorso para ele. Não se assassina assim um coração 
que Deus criou para amar, incutindo-lhe a descrença e o ódio. 
 Seixas que tinha curvado a fronte, ergueu-a de novo, e fitou os olhos da moça. Conservava ainda as 
feições contraídas e gotas de suor borbulhavam na raiz dos seus belos cabelos negros. 
 A riqueza que Deus me consedeu chegou já tarde; nem ao menos permitiu-me o prazer da ilusão, 
que têm as mulheres enganadas. Quando a recebi, já conhecia o mundo e suas misérias; já sabia que a moça 
rica é um arranjo e não uma esposa; pois bem, disse eu, essa riqueza servirá para dar-me a única satisfação 
que ainda posso ter neste mundo. Mostrar a esse homem que não soube me compreender, que a mulher o 
amava, e que alma perdeu. Entretanto ainda eu afagava uma esperança. Se ele recusa nobremente a proposta 
aviltante, eu irei lançar-me a seus pés. Suplicar-lhe-ei que aceite a minha riqueza, que a dissipe se quiser; 
consinta-me que eu o ame. Esta última consolação, o senhor a arrebatou. Que me restava? Outrora atava-se 
o cadáver ao homicida, para expiação da culpa; o senhor matou-me o coração; era justo que o prendesse ao 
despojo de sua vítima. Mas não desespere, o suplício não pode ser longo: este constante martírio a que 
estamos condenados acabará por extinguir-me o último alento; o senhor ficará livre e rico. 
(ALENCAR, José de. Senhora. 23 ed. São Paulo: Ática, 1992) 
 
Texto 2 
O Guarani (fragmento) 
 
 O braço de Loredano estendeu-se sobre o leito; porém a mão que se adiantava e ia tocar o corpo de 
Cecília estacou no meio do movimento, e subitamente impelida foi bater de encontro à parede. 
 Uma seta, que não se podia saber de onde vinha, atravessara o espaço com a rapidez de um raio, e 
antes que se ouvisse o sibilo forte e agudo pregara a mão do italiano ao muro do aposento. 
 O aventureiro vacilou e abateu-se por detrás da cama; era tempo, porque uma segunda seta, 
despedida com a mesma força e a mesma rapidez, cravava-se no lugar onde há pouco se projetava a sombra 
de sua cabeça. 
 Passou se então, ao redor da inocente menina adormecida na isenção de sua alma pura, uma cena 
horrível, porem silenciosa. 
 Loredano nos transes da dor por que passava, compreendera o que sucedia; tinha adivinhado naquela 
seta que o ferira a mão de Peri; e sem ver, sentia o índio aproximar se terrível de ódio, de vingança, de cólera 
e desespero pela ofensa que acabava de sofrer sua senhora. 
 Então o réprobo teve medo; erguendo-se sobre os joelhos arrancou convulsivamente com os dentes 
a seta quepregava sua mão à parede, e precipitou-se para o jardim, cego, louco e delirante. 
 Nesse mesmo instante, dois segundos talvez depois que a última flecha caíra no aposento, a folhagem 
do óleo que ficava fronteiro à janela de Cecília agitou-se e um vulto embalançando-se sobre o abismo, 
suspenso por um frágil galho da árvore, veio cair sobre o peitoril. 
 Aí agarrando-se à ombreira saltou dentro do aposento com uma agilidade extraordinária; a luz dando 
em cheio sobre ele desenhou o seu corpo flexível e as suas formas esbeltas. 
 Era Peri. 
 O índio avançou-se para o leito, e vendo sua senhora salva respirou; com efeito a menina, a meio 
despertada pelo rumor da fugida de Loredano, voltara-se do outro lado e continuara o sono forte e reparador 
como é sempre o sono da juventude e da inocência. 
 Peri quis seguir o italiano e matá-lo, como já tinha feito aos seus dois cúmplices; mas resolveu não 
deixar a menina exposta a um novo insulto, como o que acabava de sofrer, e tratou antes de velar sobre sua 
segurança e sossego. 
 O primeiro cuidado do índio foi apagar a vela, depois fechando os olhos aproximou-se do leito e com 
uma delicadeza extrema puxou a colcha de damasco azul até ao colo da menina. 
 Parecia-lhe uma profanação que seus olhos admirassem as graças e os encantos que o pudor de 
Cecília trazia sempre vendados; pensava que o homem que uma vez tivesse visto tanta beleza, nunca mais 
devia ver a luz do dia. 
 Depois desse primeiro desvelo, o índio restabeleceu a ordem no aposento; deitou a roupa na 
cômoda, fechou a gelosia e as abas da janela, lavou as nódoas de sangue que ficaram impressas na parede e 
no soalho; e tudo isto com tanta solicitude, tão sutilmente, que não perturbou o sono da menina. 
 Quando acabou o seu trabalho, aproximou-se de novo do leito, e à luz frouxa da lamparina 
contemplou as feições mimosas e encantadoras de Cecília. 
 Estava tão alegre, tão satisfeito de ter chegado a tempo de salvá-la de uma ofensa e talvez de um 
crime; era tão feliz de vê-la tranquila e risonha sem ter sofrido o menor susto, o mais leve abalo, que sentiu a 
necessidade de exprimir-lhe por algum modo a sua ventura. 
 
 
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 Nisto seus olhos abaixando-se descobriram sobre o tapete da cama dois pantufos mimosos forrados 
de cetim e tão pequeninos que pareciam feitos para os pés de uma criança; ajoelhou e beijou-os com 
respeito, como se foram relíquia sagrada. 
 Eram então perto de quatro horas; pouco tardava para amanhecer; as estrelas já iam se apagando a 
uma e uma; e a noite começava a perder o silêncio profundo da natureza quando dorme. 
 O índio fechou por fora a porta do quarto que dava para o jardim, e metendo a chave na cintura, 
sentou-se na soleira como cão fiel que guarda a casa de seu senhor, resolvido a não deixar ninguém 
aproximar-se. 
 Aí refletiu sobre o que acabava de passar; e acusava-se a si mesmo de ter deixado o italiano penetrar 
no aposento de sua senhora: Peri porem caluniava-se, porque só a Providência podia ter feito nessa noite 
mais do que ele; porque tudo quanto era possível à inteligência, à coragem, à sagacidade e à força do 
homem, o índio havia realizado. 
(ALENCAR, José de. O guarani. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000135.pdf.) 
 
EXERCÍCIOS 
 
 
1. O sertão e o sertanejo 
Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim 
crescido e ressecado pelo ardor do sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o 
incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. 
Minando à surda na touceira, queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer aragem, por débil 
que seja, e levanta-se a língua de fogo esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa e vacilante 
os espaços imensos que se alongam diante dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com 
mais lentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo, deixando como sinal 
da avassaladora passagem o alvacento lençol, que lhe foi seguindo os velozes passos. Por toda a parte 
melancolia; de todos os lados tétricas perspectivas. É cair, porém, daí a dias copiosa chuva, e parece 
que uma varinha de fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar às pressas jardins encantados e 
 
(TAUNAY, Visconde de. Inocência.) 
 
 
O romance romântico teve fundamental importância na formação da ideia de nação. Considerando o 
trecho acima, é possível reconhecer que uma das principais e permanentes contribuições do 
Romantismo para construção da identidade da nação é a: 
a) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza nacional, marcada pelo 
subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de renovação. 
b) consciência da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe dominante local, o que coibiu 
a exploração desenfreada das riquezas naturais do país. 
c) construção, em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia ou exaltação, de uma 
imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a natureza brasileira. 
d) expansão dos limites geográficos da terra, que promoveu o sentimento de unidade do território 
nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes do Brasil aos brasileiros. 
e) valorização da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do Brasil, formulando um 
conceito de nação centrado nos modelos da nascente burguesia brasileira. 
 
2. 
(1829-1877), o conhecido autor de O guarani e Iracema, tido como o pai do romance no Brasil. Além de 
criar clássicos da literatura brasileira com temas nativistas, indianistas e históricos, ele foi também 
folhetinista, diretor de jornal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da 
Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas facetas desse personagem do século XIX, parte de seu 
acervo inédito será digitalizada. 
História Viva, n.99,2011. 
 
 
 
 
 
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Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alencar e da futura digitalização de sua 
obra, depreende-se que 
a) a digitalização dos textos é importante para que os leitores possam compreender seus romances. 
b) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importante porque deixou uma vasta obra literária 
com temática atemporal. 
c) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio da digitalização, demonstra sua importância 
para a história do Brasil imperial. 
d) a digitalização dos textos de José de Alencar terá importante papel na preservação da memória 
linguística e da identidade nacional. 
e) o grande romancista José de Alencar é importante porque se destacou por sua temática indianista. 
 
3. Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; 
Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas 
praias ensombradas de coqueiros; 
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso 
resvale à flor das águas. 
 
Esse trecho é o início do romance Iracema, de José de Alencar. Dele, como um todo, é possível 
afirmar que: 
a) Iracema é uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das raças 
indígenas da América. 
b) as personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os Tabajaras e os 
Potiguaras. 
c) o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado o exemplar mais 
perfeito da prosa poética na ficção romântica brasileira. 
d) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a obra como um 
romance histórico. 
e) a palavra 
 
 
4. "Então passou-se sobre este vasto deserto d'água e céu uma cena estupenda, heroica, sobre-humana; 
um espetáculo grandioso, uma sublime loucura. 
Peri alucinado suspendeu-se aos cipós que se entrelaçavam pelos ramos das árvores já cobertas d'água, 
e com esforço desesperado cingindo o tronco da palmeira nos seus braçoshirtos, abalou-os até as 
raízes." 
(O Guarani José de Alencar) 
 
O texto acima exemplifica uma característica romântica de José de Alencar, que é a: 
a) imaginação criadora. 
b) consciência da solidão. 
c) ânsia de glória. 
d) idealização do personagem. 
e) valorização da natureza 
 
5. crítica dos valores da 
sociedade burguesa, na medida em que coloca como protagonistas personagens que se deixam 
corromper por dinheiro. 
Entretanto, essa crítica se dilui e ele se reafirma como escritor romântico, nessas obras, porque: 
a) pune os protagonistas no final, levando-os a um casamento infeliz. 
b) justifica o conflito dos protagonistas com a sociedade pela diferença de raça: uns, índios 
idealizados; outros, brasileiros com maneiras europeias. 
c) confirma os valores burgueses, condenando os protagonistas à morte. 
d) resolve a contradição entre o dinheiro e valores morais tornando os protagonistas ricos e 
poderosos. 
e) permite aos protagonistas recuperarem sua dignidade pela força do amor. 
 
 
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6. Iracema 
nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos 
lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de 
palmeira. O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como 
seu hálito perfumado. 
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava 
sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde 
 
(José de Alencar) 
Ao caracterizar Iracema, José de Alencar relaciona-a a elementos da natureza, pondo aquela em 
relação a esta em uma posição de: 
a) equilíbrio 
b) dependência 
c) complementaridade 
d) vantagem 
 
7. Leia o trecho a seguir, de José de Alencar. 
Convencida de que todos os seus inúmeros apaixonados, sem exceção de um, a pretendiam 
unicamente pela riqueza, Aurélia reagia contra essa afronta, aplicando a esses indivíduos o mesmo 
estalão. Assim costumava ela indicar o merecimento relativo de cada um dos pretendentes, dando-
lhes certo valor monetário. Em linguagem financeira, Aurélia contava os seus adoradores pelo preço 
que razoavelmente poderiam obter no mercado matrimonial. 
 
O romance Senhora, ilustrado pelo trecho, 
a) representa o romance urbano de Alencar. A reação de ironia e desprezo com que Aurélia trata seus 
pretendentes, vistos sob a ótica do mercado matrimonial, tematiza o casamento como forma de 
ascensão social. 
b) mescla o regionalismo e o indianismo, temas recorrentes na obra de Alencar. Nele, o escritor 
tematiza, com escárnio, as relações sentimentais entre pessoas de classes sociais distintas, em que 
o pretendente é considerado pelo seu valor monetário. 
c) é obra ilustrativa do regionalismo romântico brasileiro. A história de Aurélia e de seus pretendentes 
mostra a concepção do amor, em linguagem financeira, como forma de privilégio monetário, além 
de explorar as relações extraconjugais. 
d) denuncia as relações humanas, em especial as conjugais, como responsáveis por levar as pessoas 
à tristeza e à solidão dada a superficialidade e ao interesse com que elas se estabelecem. Trata-se 
de um romance urbano de Alencar. 
e) tematiza o adultério e a prostituição feminina, representados pelo interesse financeiro como forma 
de se ascender socialmente. Essa obra explora tanto aspectos do regionalismo nacional como os 
valores da vida urbana. 
 
8. Assinale a alternativa que caracteriza o Romantismo: 
a) valorização do eu. O assunto passa a ser manifestado a partir do artista, que traz à tona o seu mundo 
interior, com plena liberdade; esta liberdade se impõe na forma. Sentimentalismo. 
b) literatura multifacetada: valorização da palavra e do ritmo: temática humana e universal. 
c) literatura intrinsecamente brasileira; linguagem direta, coloquial, livre das regras gramaticais, 
imagens diretas; inspiração a partir da burguesia, da civilização industrial, da máquina. 
d) literatura que busca inspiração no subconsciente, nas regiões inexploradas da alma: para isso, usa 
meios indiretos a fim de sugerir ou representar as sensações; funde figura, música e cor. 
e) literatura que visa à perfeição da forma, à objetividade, ao equilíbrio, à perfeição absoluta da 
linguagem; prefere os temas novos e exóticos. 
 
 
 
 
 
 
 
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9. Em 2004, Ronald Golias e Hebe Camargo protagonizaram na TV uma versão humorística da obra Romeu 
e Julieta, de William Shakespeare. Na história do poeta e dramaturgo inglês, Romeu e Julieta são dois 
jovens apaixonados, cujo amor é impedido de concretizar-se pelo fato de pertencerem a famílias 
inimigas. Impossibilitados de viver o amor, morrem ambos. 
Tema bastante recorrente nas literaturas românticas portuguesa e brasileira, o amor impossível aparece 
em personagens que encarnam o modelo romântico, cujas características são: 
a) o sentimentalismo e a idealização do amor. 
b) os jogos de interesses e a racionalidade. 
c) o subjetivismo e o nacionalismo. 
d) o egocentrismo e o amor subordinado a interesses sociais. 
e) a introspecção psicológica e a idealização da mulher. 
 
10. Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; 
Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas 
praias ensombradas de coqueiros; 
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso 
resvale à flor das águas. 
 
O trecho acima integra o romance Iracema, sobre o qual Machado de Assis se referiu como um 
verdadeiro poema em prosa. Indique, nas alternativas abaixo, aquela que se mostra ERRADA quanto ao 
texto em pauta. 
a) Evidencia um proposital trabalho de linguagem, marcada por significativo uso de figuras de estilo, 
entre as quais se põe a comparação. 
b) Apresenta musicalidade, ritmo e cadência que o aproximam da poesia metrificada de extração 
popular. 
c) Faz aflorar no tecido poético a força da função conativa como apelo para abrandar os elementos 
e as forças da natureza. 
d) Utiliza apenas a construção anafórica para dar força ao texto, não se valendo de outras figuras que 
poderiam potencializar sua dimensão poética. 
 
QUESTÃO CONTEXTO 
 
 
Leia o trecho retirado da obra Iracema, de José de Alencar 
vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum 
mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das 
águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de 
Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. De 
 
Aponte características do Romantismo que podem ser depreendidas desse exemplo. 
 
 
 
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GABARITO 
 
 
Exercícios 
 
1. d 
Uma das características do romance regional é a descrever locais mais afastados da capital, contribuindo 
para a expansão e conhecimento de regiões que até então, não era exploradas no âmbito literário, como 
também a possibilidade de conhecer e valorizar o cenário brasileiro e suas enormes diversidades 
regionais, como percebe- 
 
2. d 
sua obra será digitalizada. Por isso a alternativa D, ao defender a importância do ato, é a resposta correta. 
 
3. c 
Iracema foi classificada como poema em prosa por Machado de Assis devido a sua grande expressividade 
e presença de recursos de estilo, como as figuras de linguagem. 
 
4. d 
Peri é descrito com características sobre-humanas. Logo, há uma idealização e exaltação exagerada do 
personagem. 
 
5. e 
É comum nos romances de Alencar que os personagens sejam salvos, sublimados pelo amor. Ao final das 
duas narrativas, as personagens encontram suas redenções em sacrifícios em nome do amor. 
 
6. d 
Nessa questão, é preciso observar que os elementos da natureza nuncachegam perto da excelência de 
Iracema. A adjetivação da personagem a coloca sempre acima das demais criaturas e elementos da 
natureza. 
 
7. a 
Senhora é um romance urbano de Alencar. Quando Aurélia observa seus pretendentes da mesma forma 
que é observada por eles, ela realiza uma crítica e um ato que eram improváveis para uma mulher 
daquela época. 
 
8. a 
A alternativa se sustenta por si só, já que apresenta todas as características dentro da esfera do 
Romantismo. 
 
9. a 
A única alternativa que apresenta as características absorvidas pelo romantismo é a letra A. As demais 
apresentam elementos que não cabem nesse estilo literário, como racionalidade, egocentrismo e 
introspecção psicológica. Além disso, era preciso relacionar à obra Romeu e Julieta. 
 
10. d 
O trecho e o livro apresentam vários recursos linguísticos. A comparação presente no trecho é um deles. 
Logo, a afirmação da alternativa D é falsa. 
 
Questão Contexto 
Sugestão: 
A idealização da mulher; 
A questão do sono, Iracema aparece quase dormindo, despertado, quase sonhando. 
A ideia da pureza e virgindade. 
 
 
 
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Lit. 
 
Professor: Diogo Mendes 
Monitor: Carolina Tostes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Machado de Assis Vida e Obra 
23/25 
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RESUMO 
 
Joaquim Maria Machado de Assis é um dos maiores nomes da literatura brasileira. De origem 
humilde e mestiça, o carioca, gago e epilético, nascido no Morro do Livramento, atuou como jornalista, 
cronista, crítico, dramaturgo e poeta, superando os preconceitos através de seu inegável talento autodidata. 
O primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras é o principal nome do Realismo brasileiro, mas sua 
obra deixou um legado para diferentes estilos e gêneros literários. 
No início de sua carreira, apostou em textos mais tradicionais, mas logo foi desenvolvendo um estilo 
muito particular de produção literária com fortes influências de Alemeida Garrett, romancista português. Sua 
extensa produção inspirou grandes nomes como Olavo Bilac e Lima Barreto e ainda inspira escritores 
contemporâneos. 
de um estilo original e reticente que transborda humor pessimista, ironia e profunda observação psicológica 
de suas personagens, Machado presenteou nossa literatura com obras singulares. Como não se intrigar com 
psicoexistenciais e tendenciosas sobre um suposto triângulo amoroso? Machado é atemporal pela forma 
com a qual ele trata as questões em seus romances. Dentre as questões sem resposta que perpassam a 
existência da humanidade, uma delas foi trazida pelo autor: Capitu traiu Bentinho ou não? 
 
Leia um trecho do Capítulo I de Memórias Póstumas de Brás Cubas, publicado pela primeira vez 
em 1881: 
 
Óbito do Autor 
 
 Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se 
poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo 
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou 
propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é 
que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no 
intróito, mas no cabo; diferença radical entre este livro e o Pentateuco. 
 Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, 
na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos , era solteiro, 
possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! 
Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia - peneirava - uma chuvinha miúda, 
triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta 
engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira de minha cova: "Vós , que o conhecestes, meus 
senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos 
mais belos caracteres que tem honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens 
escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as 
mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado. 
 
Sugestões de leitura: 
 
Memórias Póstumas de Brás Cubas (Romance) 
Dom Casmurro (Romance) 
A Carteira (Conto) 
A Cartomante (Conto) 
Pai contra mãe (Conto) 
 
 
 
 
 
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EXERCÍCIOS 
 
 
1. Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, 
romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um 
operário mestiço de negro e português, Francisco Jos ́ de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado 
de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito 
cedo ́ criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na 
escola pública, única que frequentou o autodidata Machado de Assis. 
 
Considerando os seus conhecimentos sobre os gêneros textuais, o texto citado constitui-se de 
a) fatos ficcionais, relacionados a outros de caráter realista, relativos ̀ vida de um renomado escritor. 
b) representações generalizadas acerca da vida de membros da sociedade por seus trabalhos e vida 
cotidiana. 
c) explicações da vida de um renomado escritor, com estrutura argumentativa, destacando como 
tema seus principais feitos. 
d) questões controversas e fatos diversos da vida de personalidade histórica, ressaltando sua 
intimidade familiar em detrimento de seus feitos públicos. 
e) apresentação da vida de uma personalidade, organizada sobretudo pela ordem tipológica da 
narração, com um estilo marcado por linguagem objetiva. 
 
2. -me uma ideia no trapézio que 
eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas 
cabriolas de volatim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande 
salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro- 
(Memórias póstumas de Brás Cubas Machado de Assis) 
 
Sobre o texto mostrado, pode-se dizer que: 
a) o autor faz uma abordagem superficial da situação. 
b) o autor preocupa-se com os detalhes, por meio de minuciosa descrição. 
c) o autor dá relevância a outras circunstâncias, negligenciando o foco do assunto. 
d) o autor não mostra preocupação com o discernimento do leitor, pois apenas sugere situações. 
e) contempla a si próprio, num ritual egocêntrico e narcisista. 
 
3. Era a primeira vez que as duas iam ao morro do Castelo. Começaram a subir pelo lado da Rua do 
Carmo. Muita gente há no Rio de Janeiro que nunca lá foi, muita haverá morrido, muita mais nascerá 
e morrerá sem lá pôr os pés. Nem todos podem dizer que conhecem uma cidade inteira. Um velho 
inglês, que aliás andara terras e terras, confiava-me há muitos anos em Londres que de Londres só 
conhecia bem o seu clube, e era o que lhe bastava da metrópole e do mundo. 
Natividade e Perpétua conheciam outras partes, além de Botafogo, mas o morro do Castelo, por 
mais que ouvissem falar dele e da cabocla que lá reinava em 1871, era-lhes tão estranho e remoto como 
o clube. O íngreme, o desigual, o mal calçado da ladeira mortificavam os pés às duas pobres donas. 
Não obstante, continuavam a subir, como se fosse penitência, devagarinho, cara no chão, véu para 
baixo. A manhã trazia certo movimento; mulheres, homens, crianças que desciam ou subiam, 
lavadeiras e soldados, algum empregado, algum lojista, algum padre, todos olhavam espantados para 
elas, que aliás vestiam com grande simplicidade; mas há um donaire* que se não perde, e não era 
vulgar naquelas alturas. A mesmalentidão no andar, comparada à rapidez das outras pessoas, fazia 
desconfiar que era a primeira vez que ali iam. (...) 
Com efeito, as duas senhoras buscavam disfarçadamente o número da casa da cabocla, até que 
deram com ele. A casa era como as outras, trepada no morro. Subia-se por uma escadinha, estreita, 
sombria, adequada à aventura. Quiseram entrar depressa, mas esbarraram com dous sujeitos que 
vinham saindo, e coseram-se ao portal. Um deles perguntou-lhes familiarmente se iam consultar a 
adivinha. 
 Perdem o seu tempo, concluiu furioso, e hão de ouvir muito disparate... 
 É mentira dele, emendou o outro, rindo; a cabocla sabe muito bem onde tem o nariz. 
Hesitaram um pouco; mas, logo depois advertiram que as palavras do primeiro eram sinal certo 
da vidência e da franqueza da adivinha; nem todos teriam a mesma sorte alegre. A dos meninos da 
 
 
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Natividade podia ser miserável, e então... Enquanto cogitavam passou fora um carteiro, que as fez subir 
mais depressa, para escapar a outros olhos. Tinham fé, mas tinham também vexame da opinião, como 
um devoto que se benzesse às escondidas. 
Velho caboclo, pai da adivinha, conduziu as senhoras à sala. (...) 
 Minha filha já vem, disse o velho. As senhoras como se chamam? 
(...) 
A falar verdade, temiam o seu tanto, Perpétua menos que Natividade. A aventura parecia audaz, 
e algum perigo possível. Não ponho aqui os seus gestos; imaginai que eram inquietos e 
desconcertados. Nenhuma dizia nada. Natividade confessou depois que tinha um nó na garganta. 
Felizmente, a cabocla não se demorou muito; ao cabo de três ou quatro minutos, o pai a trouxe pela 
mão, erguendo a cortina do fundo. 
MACHADO DE ASSIS Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976. 
 
A caracterização das personagens centrais se faz, em grande medida, em relação com a composição 
do espaço onde circulam. No segundo parágrafo (l. 6-14), observa-se essa relação na ênfase dada ao 
seguinte aspecto retratado no ambiente: 
a) censura moral 
b) rotinas de trabalho 
c) preconceito religioso 
d) diferenças de gênero 
 
Texto para as questões 4 e 5 
 
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto que o uso vulgar seja começar pelo 
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou 
propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; o 
 
 Machado de Assis) 
 
4. Essa é a abertura do famoso romance de Machado de Assis. Dentro desse contexto, já dá para se ver o 
tipo de narrativa que será explorada. Assinale a alternativa correta a esse respeito. 
a) A narrativa decorre de forma cronologicamente correta, de acordo com a passagem do tempo: 
infância, juventude, maturidade e velhice. 
b) A linearidade das ações apresenta cenas de suspense, dado o comportamento inusitado dos 
personagens. 
c) Não há como prever o final da narrativa, já que seu enredo é, propositadamente, complicado. 
d) A ação terá, como cenário, os diversos centros cosmopolitas do mundo. 
e) 
 
 
5. Em relação à questão anterior, infere-se que a linguagem dispõe de um recurso enriquecedor: a 
disposição das palavras no espaço frasal. Sendo assim, que tipo de leitura pode-se fazer dessas duas 
 
a) A colocação da palavra defunto após a palavra autor leva-nos a pensar que o segundo elemento 
está em fase final de carreira. 
b) Defunto autor remete à ideia de que a pessoa irá escrever suas memórias dentro de um cemitério. 
c) Ambas as expressões transmitem a mesma ideia, com iguais valores semânticos. 
d) A expressão defunto autor aparece de forma metaforizada, original, privilegiando uma nova forma 
de narração autobiográfica. 
e) Ambas as construções não têm expressão na obra biográfica de Machado de Assis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6. Texto I 
(...) estás sempre aí, bruxo alusivo e zombeteiro, 
que revolves em mim tantos enigmas. 
 
Carlos Drummond de Andrade (em poema dedicado a Machado de Assis) 
Texto II 
Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de 
fora para dentro (...). Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de 
uma pessoa; e assim também a polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de botas (...). Há 
cavalheiros, por exemplo, cuja alma exterior, nos primeiros anos, foi um chocalho ou um cavalinho de 
pau, e mais tarde uma provedoria de irmandade, suponhamos. 
Machado de Assis 
 
 
 
Assinale a afirmação correta sobre os exemplos apresentados no texto. 
a) Correspondem a estratégia argumentativa para persuadir o interlocutor de que há uma alma 
exterior. 
b) Funcionam como digressões, isto é, desvios com relação ao tema de teor espiritualista presente na 
afirmação inicial. 
c) Usados ironicamente, invalidam a tese, já que provam a tendência materialista e consumista, inata 
no homem. 
d) Contrariam a tese, na medida em que indicam coisas concretas, o que provoca efeito humorístico. 
e) Embora indiquem coisas concretas, confirmam o desapego humano à materialidade do mundo. 
 
7. mais engenhosa de todas as nossas experiências, foi a de Diogo Meireles. Lavrava então na cidade uma 
singular doença, que consistia em fazer inchar os narizes, tanto e tanto, que tomavam metade e mais 
da cara do paciente, e não só a punham horrenda, senão que era molesto carregar tamanho peso. 
Conquanto os físicos da terra propusessem extrair os narizes inchados, para alívio e melhoria dos 
enfermos, nenhum destes consentia em prestar-se ao curativo, preferindo o excesso à lacuna, e tendo 
por mais aborrecível que nenhuma outra coisa a ausência daquele órgão. Diogo Meireles, que desde 
algum tempo praticava a medicina, segundo ficou dito atrás, estudou a moléstia e reconheceu que 
não havia perigo em desnarigar os doentes, antes era vantajoso por lhes levar o mal, sem trazer 
fealdade, pois tanto valia um nariz disforme e pesado como nenhum; não alcançou, todavia, persuadir 
os infelizes ao sacrifício. Então, ocorreu-lhe uma graciosa invenção. Assim foi que, reunindo muitos 
físicos, filósofos, bonzos, autoridades e povo, comunicou-lhes que tinha um segredo para eliminar o 
órgão; e esse segredo era nada menos que substituir o nariz achacado por um nariz são, mas de pura 
natureza metafísica, isto é, inacessível aos sentidos humanos, e contudo tão verdadeiro ou ainda mais 
do que o cortado; cura esta praticada por ele em várias partes, e muito aceita aos físicos de Malabar. 
O assombro da assembleia foi imenso, e não menor a incredulidade de alguns, não digo de todos, 
sendo que a maioria não sabia em que acreditar, pois se lhe repugnava a metafísica do nariz, cedia, 
entretanto, à energia das palavras de Diogo Meireles, ao tom alto e convencido com que ele expôs e 
definiu o seu remédio. 
ASSIS, Machado de. O Segredo do Bonzo. Papéis Avulsos. Disponível em: . Acesso em: 14 set. 2016. Adaptado. 
 
 
a) uma censura aos médicos que, por não conhecerem o verdadeiro diagnóstico de uma patologia, 
inventam soluções terapêuticas absurdas e arriscadas. 
b) a vaidade humana diante da possibilidade, ainda que abstrata, de receber um nariz mais bonito do 
que o congênito, ora disforme pela enfermidade. 
c) a ausência de posicionamento crítico do povo e também de autoridades sociais diante de discursos 
envolventes, mas sem qualquer comprovação científica. 
d) os interesses escusos de alguns profissionais da saúde que, mesmo sabendo que não há 
necessidade de intervenção cirúrgica, põem seus pacientes em risco. 
e) o desdém manifesto por uma sociedade que está mais preocupada com a aparência do que com 
a essência a ponto de se convencer da eficácia do remédio proposto por Diogo Meireles. 
 
 
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8. O romance Memórias póstumas de Brás Cubas é considerado um divisor de águas tanto na obra de 
Machado de Assis quanto na literatura brasileira do século XIX. Indique a alternativa em que todas as 
característicasmencionadas podem ser adequadamente atribuídas ao romance em questão. 
a) Rejeição dos valores românticos, narrativa linear e fluente de um defunto autor, visão pessimista em 
relação aos problemas sociais. 
b) Distanciamento do determinismo científico, cultivo do humor e digressões sobre banalidades, visão 
reformadora das mazelas sociais. 
c) Abandono das idealizações românticas, uso de técnicas pouco usuais de narrativa, sugestão 
implícita de contradições sociais. 
d) Crítica do realismo literário, narração iniciada com a morte do narrador-personagem, tematização 
de conflitos sociais. 
 
9. Um dos capítulos do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, denomina-se 
nela apresentadas. Assim, a respeito do Humanitismo, de acordo com o romance, é INCORRETO 
afirmar que 
a) é uma teoria que, criada por Brás Cubas e difundida por Quincas Borba, apoia-se no princípio de 
humanitas que, segundo seu autor, rege as condicionantes da vida e da morte, não obstante 
revigorar o sintoma da hipocondria e exaltar a existência da dor. 
b) é uma teoria, espécie de mescla bufa de pensamentos filosóficos que vão da tradição grega até o 
século XIX, utilizada por Machado de Assis para fazer caricatura do Positivismo e do Evolucionismo, 
teorias científicas e filosóficas em voga na época. 
c) é uma doutrina de valorização da vida, defendida por um mendigo que acaba seus dias em plena 
loucura, caracterizando, essa situação, forte ironia como marca estruturante desta obra 
machadiana. 
d) é uma teoria que convém a Brás Cubas para justificar a vacuidade de sua existência e dar a ele uma 
ilusão da descoberta de um sentido para sua vida e pela qual ele acaba se orientando. 
 
 
Texto para as questões 10, 11 e 12. 
Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância, nunca em toda a minha vida, achei um 
menino mais gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da escola, senão de toda a cidade. A 
mãe, viúva, com alguma cousa de seu, adorava o filho e trazia-o amimado, asseado, enfeitado, com 
um vistoso pajem que nos deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas 
nos morros do Livramento e da Conceição, ou simplesmente arruar, à toa, como dous peraltas sem 
emprego. E de imperador! Era um gosto ver o Quincas Borba fazer de imperador nas festas do Espírito 
Santo. De resto, nos nossos jogos pueris, ele escolhia sempre um papel de rei, ministro, general, uma 
supremacia, qualquer que fosse. Tinha garbo o traquinas, e gravidade, certa magnificência nas 
atitudes, nos meneios. Quem diria que... Suspendamos a pena; não adiantemos os sucessos. Vamos 
de um salto a 1822, data da nossa independência política, e de meu primeiro cativeiro pessoal. 
(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas) 
 
10. Embora pertença à modalidade escrita da língua, este texto apresenta marcas de oralidade, que têm 
finalidades estilísticas. Dos procedimentos verificados no texto e indicados abaixo, o único que 
constitui marca típica da modalidade escrita é: 
 
 
c) int 
 
 
 
11. A enumeração de substantivos expressa gradação ascendente em: 
 
- 
 
 
 
 
 
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12. Considerando o trecho e o romance como um todo, o pensamento suspenso no final do parágrafo 
indica ações futuras da personagem em pauta. Indique a alternativa errada com relação ao que de fato 
ocorreu com Quincas Borba. 
a) reaparece na história, já adulto, como um maltrapilho mendigo, no passeio público e, 
sorrateiramente surrupia um relógio de Brás Cubas. 
b) vai para Minas, recebe uma herança de um tio, em Barbacena, escreve uma carta a Brás Cubas, 
desculpando-se do roubo do relógio e envia-lhe um outro como substituição. 
c) cria o sistema filosófico chamado Humanitismo, teoria que, segundo ele, suprime a dor, assegura a 
felicidade e enche de imensa glória o pais, e, com isso, ganha notoriedade e fama. 
d) enlouquece, volta para o Rio e morre, na casa de Brás Cubas, acometido da demência que o 
perseguia desde a invenção do Humanitismo, jurando que a dor era uma ilusão. 
 
13. Uma reflexão imoral 
Ocorre-me uma reflexão imoral, que é ao mesmo tempo uma correção de estilo. Cuido haver dito, no 
capítulo XIV, que Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. Viver não é a mesma coisa 
que morrer; assim o afirmam todos os joalheiros deste mundo, gente muito vista na gramática. Bons 
joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e fiados? Um terço ou um quinto do 
universal comércio dos corações. Esta é a reflexão imoral que eu pretendia fazer, a qual é ainda mais 
obscura do que imoral, porque não se entende bem o que eu quero dizer. O que eu quero dizer é que 
a mais bela testa do mundo não fica menos bela, se a cingir um diadema de pedras finas; nem menos 
bela, nem menos amada. Marcela, por exemplo, que era bem bonita, Marcela amou-me... (...) Marcela 
amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. 
 
Do texto em pauta, integrante do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, 
é errado entender que 
a) há nele um segundo sentido em relação ao que parece ser que se esconde atrás da linguagem e 
das atitudes. 
b) há uma ironia que perpassa o texto, e que faz dos joalheiros os garantidores do universal comércio 
dos corações. 
c) exemplifica, no amor de Marcela pelo narrador, a veracidade da reflexão imoral apresentada. 
d) chama de reflexão imoral e obscura porque não se faz entender nem no âmbito da linguagem nem 
no da interpretação dos sentimentos de Marcelo. 
 
14. O romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, faz significativo uso da linguagem 
figurada, o que dá ao texto uma fina dimensão estética. Assim, indique a alternativa em que o 
fragmento não está corretamente classificado de acordo com a figura que nele ocorre. 
a) Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço pensante. Não; é uma errata pensante, isso sim. 
metáfora. 
b) E estando a recordá-lo, ouço um ranger de porta, um farfalhar de saias. onomatopeia. 
c) Quincas Borba não só estava louco, mas sabia que estava louco, e esse resto de consciência, como 
uma frouxa lamparina no meio das trevas, complicava muito o horror da situação. eufemismo. 
d) Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. Viver não é a mesma coisa que morrer. 
Antítese. 
 
15. Era a primeira vez que as duas iam ao morro do Castelo. Começaram a subir pelo lado da Rua do 
Carmo. Muita gente há no Rio de Janeiro que nunca lá foi, muita haverá morrido, muita mais nascerá 
e morrerá sem lá pôr os pés. Nem todos podem dizer que conhecem uma cidade inteira. Um velho 
inglês, que aliás andara terras e terras, confiava-me há muitos anos em Londres que de Londres só 
conhecia bem o seu clube, e era o que lhe bastava da metrópole e do mundo. 
Natividade e Perpétua conheciam outras partes, além de Botafogo, mas o morro do Castelo, por 
mais que ouvissem falar dele e da cabocla que lá reinava em 1871, era-lhes tão estranho e remoto como 
o clube. O íngreme, o desigual, o mal calçado da ladeira mortificavam os pés às duas pobres donas. 
Não obstante, continuavam a subir, como se fosse penitência, devagarinho, cara no chão, véu para 
baixo. A manhã trazia certo movimento; mulheres, homens, crianças que desciam ou subiam, 
lavadeiras e soldados, algum empregado, algum lojista, algum padre, todos olhavam espantados para 
 
 
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elas, que aliás vestiam com grande simplicidade; mas há um donaire* que se não perde, e não era 
vulgar naquelas alturas. A mesma lentidão no andar, comparada à rapidez das outras pessoas, fazia 
desconfiar que era a primeira vez que ali iam. (...) 
Com efeito, as duas senhoras buscavam disfarçadamente o número da casa da cabocla, até que 
deram com ele. A casa era como as outras, trepada no morro. Subia-se por uma escadinha, estreita, 
sombria, adequadaà aventura. Quiseram entrar depressa, mas esbarraram com dous sujeitos que 
vinham saindo, e coseram-se ao portal. Um deles perguntou-lhes familiarmente se iam consultar a 
adivinha. 
 Perdem o seu tempo, concluiu furioso, e hão de ouvir muito disparate... 
 É mentira dele, emendou o outro, rindo; a cabocla sabe muito bem onde tem o nariz. 
Hesitaram um pouco; mas, logo depois advertiram que as palavras do primeiro eram sinal certo 
da vidência e da franqueza da adivinha; nem todos teriam a mesma sorte alegre. A dos meninos da 
Natividade podia ser miserável, e então... Enquanto cogitavam passou fora um carteiro, que as fez subir 
mais depressa, para escapar a outros olhos. Tinham fé, mas tinham também vexame da opinião, como 
um devoto que se benzesse às escondidas. 
Velho caboclo, pai da adivinha, conduziu as senhoras à sala. (...) 
 Minha filha já vem, disse o velho. As senhoras como se chamam? 
(...) 
A falar verdade, temiam o seu tanto, Perpétua menos que Natividade. A aventura parecia audaz, 
e algum perigo possível. Não ponho aqui os seus gestos; imaginai que eram inquietos e 
desconcertados. Nenhuma dizia nada. Natividade confessou depois que tinha um nó na garganta. 
Felizmente, a cabocla não se demorou muito; ao cabo de três ou quatro minutos, o pai a trouxe pela 
mão, erguendo a cortina do fundo. 
MACHADO DE ASSIS Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976. 
 
No texto de Machado de Assis, narra-se um episódio protagonizado por duas personagens que se 
dirigem a uma consulta com uma adivinha. Com base no exposto no texto, uma motivação para essa 
consulta pode ser descrita como: 
a) preocupação oriunda de perda de bens 
b) decepção em virtude de traição de amigos 
c) angústia em função de mudanças no trabalho 
d) ansiedade derivada de acontecimentos na família 
 
 
 
 
QUESTÃO CONTEXTO 
 
 
 
 
Considerando a narrativa inovadora de Memórias Póstumas de Brás Cubas, relacione a imagem apresentada 
com o famoso ditado popular, explicando a intertextualidade contida na charge. 
 
 
 
 
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GABARITO 
 
 
Exercícios 
 
1. e 
Por se tratar da narração de aspectos pessoais de uma personalidade pública (um texto biográfico), 
entende-se que a alternativa E responde corretamente a questão. 
 
2. c 
O narrador, de certa forma, faz rodeios antes de chegar no foco central do assunto tratado no texto. 
 
3. b 
No trecho destacado do romance Esaú e Jacó, de Machado de Assis é relatado o episódio protagonizado 
pelas personagens Natividade e Perpétua, dirigindo-se à consulta de uma adivinha, situada no morro do 
Castelo. No primeiro parágrafo 
moradores com o espaço urbano. No segundo parágrafo, a narrativa explora o estranhamento das 
personagens, apresentando um comentário inicial. A maior parte desse parágrafo se dedica a confrontar 
a lentidão das protagonistas com a rapidez das demais personagens, identificadas principalmente por 
suas atividades de trabalho. Desse modo, o narrador confere ênfase às rotinas de trabalho na retratação 
do espaço da narrativa. (gabarito uerj) 
 
4. e 
Por se tratar de uma história contada por um defunto-autor, o recurso de flashback explora as lembranças 
do narrador, que já falecido narra sua vida. 
 
5. d 
Aqui, explora- -
contar ou escrever uma biografia. 
 
6. a 
A resposta para a questão é perceber que ambos os textos comentam sobre influências externas. No 
existência de duas almas. 
 
7. c 
parte das pessoas ouviu o discurso inflamado, porém não o questionavam nem exigiam a prova científica, 
mostrando, assim, ausência de posicionamento crítico. 
 
8. c 
O romance de Machado de Assis é uma ruptura com as idealizações românticas e apresenta 
características particulares do autor que inovou a forma narrativa e questionou constantemente os valores 
sociais humanos. 
 
9. a 
A teoria não foi criada por Brás Cubas, mas sim por Quincas Borba. 
 
10. e 
coloquial. 
 
 
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11. e 
Na alternativa, há uma gradação de sentido intensificador. 
 
12. c 
A alternativa responde a questão porque não se pode dizer que o Humanitismo ganhou notoriedade e 
fama. 
 
13. d 
Sua reflexão imoral se faz entender a partir da ironia que o narrador utiliza para definir e/ou justificar o 
amor de Marcela por ele. A reflexão acontece. 
 
14. c 
 
 
15. d 
qual seria a sorte/destino reservado ao filhos de uma das personagens. 
 
Questão Contexto 
-
popular 
personagem. 
 
 
 
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Lit. 
 
Professor: Diogo Mendes 
Monitor: Caroline Tostes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Machado de Assis Características 
Gerais 
30/1 
mai/jun 
 
RESUMO 
 
Machado de Assis 
 
Joaquim Maria Machado de Assis é um dos maiores nomes da literatura brasileira. De origem humilde e 
mestiça, o carioca, gago e epilético, nascido no Morro do Livramento, atuou como jornalista, cronista, 
crítico, dramaturgo e poeta, superando os preconceitos através de seu inegável talento autodidata. O 
primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras é o principal nome do Realismo brasileiro, mas sua obra 
deixou um legado para diferentes estilos e gêneros literários. 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS MACHADIANAS 
 
As obras machadianas eram produzidas, em sua maioria, em prosa e com o aprofundamento 
psicológico de personagens e, um dos elementos mais significativos, é o posicionamento do narrador. Com 
caráter persuasivo, o narrador que por muitas vezes também é personagem- é ativo ao longo do enredo e 
dialoga o tempo inteiro com o leitor. Além disso, em alguns momentos, interfere no enredo e admite uma 
posição provocadora sobre seu posicionamento, incitando que o interlocutor também pense da mesma 
forma. 
 Outro ponto interessante a ser abordado, é o da descrição feminina, que está longe da figura 
idealizada da escola Romântica. Aqui, a mulher é mais concreta, abordada não só por suas qualidades, mas 
também por seus defeitos. É uma mulher real, sem ser fantasiada pelo narrador. Por fim, a ironia machadiana 
e o ceticismo também são uns dos principais aspectos que fazem referência ao autor. Com um toque 
humorístico e, por muitas vezes sutil, estes conseguem expressar com inteligência as verdadeiras 
intenções do autor, fazendo abordagens sobre a hipocrisia humana, as relações por interesse, o adultério, a 
infelicidade no casamento, a ascensão social, o egocentrismo, entre outras. 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
 
1. -me uma ideia no trapézio 
que eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas 
cabriolas de volatim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande 
salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro- 
(Memórias póstumas de Brás Cubas Machado de Assis) 
Sobre o texto mostrado, pode-se dizer que: 
a) o autor faz uma abordagem superficial da situação. 
b) o autor preocupa-se com os detalhes, por meio de minuciosa descrição. 
c) o autor dá relevância a outras circunstâncias, negligenciando o foco do assunto. 
d) o autor não mostra preocupação com o discernimento do leitor, pois apenas sugere situações. 
e) contempla a si próprio, num ritual egocêntrico e narcisista. 
 
 
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. 
 
2. No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: 
o romantismo. 
 
ra talvez a mais atrevida criatura da 
nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, 
entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e 
fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda 
ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, 
 
ASSIS, Machado de.Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957. 
 
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa: 
a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas ... 
b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ... 
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, ... 
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos ... 
e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. 
 
3. 
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto que o uso vulgar seja começar pelo 
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou 
propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; o segundo 
é que o escrito 
 Machado de Assis) 
 
Essa é a abertura do famoso romance de Machado de Assis. Dentro desse contexto, já dá para se ver o 
tipo de narrativa que será explorada. Assinale a alternativa correta a esse respeito. 
a) A narrativa decorre de forma cronologicamente correta, de acordo com a passagem do tempo: 
infância, juventude, maturidade e velhice. 
b) A linearidade das ações apresenta cenas de suspense, dado o comportamento inusitado dos 
personagens. 
c) Não há como prever o final da narrativa, já que seu enredo é, propositadamente, complicado. 
d) A ação terá, como cenário, os diversos centros cosmopolitas do mundo. 
e) 
 
4. Assinale a alternativa correta sobre Machado de Assis. 
a) Desde o início de sua carreira literária, seguiu de forma rigorosa os cânones da estética realista, 
produzindo romances cuja base temática se apoia no determinismo cientificista. 
b) Privilegiou a sondagem dos misteriosos motivos psicológicos que atuam sobre o comportamento 
humano, atitude que o particularizou no contexto do Realismo ortodoxo do século XIX. 
c) Retratou, de acordo com princípios do Naturalismo, a degradação da sociedade burguesa de sua 
época, criando personagens marcados por fortes traços patológicos. 
d) Embora tenha adotado o estilo realista, defendeu a tese de que a única salvação para o homem 
estaria na religião. 
e) Sua obra é marcada por forte influência romântica, derivando daí a acentuada idealização do 
espírito humano tematizada em seus textos. 
 
5. -me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai logo que teve 
aragem dos quinze contos sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho 
juvenil. 
 Dessa vez, disse ele, vais para Europa, vais cursar uma Universidade, provavelmente Coimbra, quero-
te homem sério e não arruador e não gatuno. 
E como eu fizesse um gesto de espanto: 
 
(Machado de Assis Memórias póstumas de Brás Cubas) 
 
 
 
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. 
De acordo com essa passagem da obra, pode-se antecipar a visão que Machado de Assis tinha sobre 
as pessoas e sobre a sociedade. A esse respeito, assinale a alternativa correta. 
a) O amor é fruto de interesse e compõe o pilar das instituições hipócritas. 
b) O amor, se sincero, supera todas as barreiras, inclusive as financeiras. 
c) O caráter autoritarista moldava as relações familiares, principalmente entre pai e filho. 
d) Havia medo de que a marginalidade envolvesse os jovens daquela época. 
e) O amor era glorificado e apontado como o único caminho para redimir as pessoas. 
 
6. Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, 
romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um 
operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado 
de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito 
cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na 
escola pública, única que frequentou o autodidata Machado de Assis. 
 
Considerando os seus conhecimentos sobre os gêneros textuais, o texto citado constitui-se de 
a) fatos ficcionais, relacionados a outros de caráter realista, relativos à vida de um renomado escritor. 
b) representações generalizadas acerca da vida de membros da sociedade por seus trabalhos e vida 
cotidiana. 
c) explicações da vida de um renomado escritor, com estrutura argumentativa, destacando como 
tema seus principais feitos. 
d) questões controversas e fatos diversos da vida de personalidade histórica, ressaltando sua 
intimidade familiar em detrimento de seus feitos públicos. 
e) apresentação da vida de uma personalidade, organizada sobretudo pela ordem tipológica da 
narração, com um estilo marcado por linguagem objetiva. 
 
7. A propósito de Dom Casmurro, de Machado de Assis, é correto afirmar: 
a) A narrativa de Bento Santiago é comparável a uma acusação: aproveitando sua formação jurídica, o 
narrador pretende configurar a culpa de Capitu. 
b) O artifício narrativo usado é a forma de diário, de modo que o leitor receba as informações do 
narrador à medida que elas acontecem, mantendo-se assim a tensão. 
c) Elegendo a temática do adultério, o autor resgata o romantismo de seus primeiros romances, com 
personagens idealizadas entregues à paixão amorosa. 
d) O espaço geográfico e social representado é situado em uma província do Império, buscando 
demonstrar que as mazelas sociais não são prerrogativa da Corte. 
e) Bentinho desejava a morte de Escobar (até tentou envenená-lo uma vez), a ponto de se sentir 
culpado quando o ex amigo morreu afogado. 
 
8. evia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em 
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto que o uso vulgar seja começar pelo 
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou 
propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; o segundo 
 
 Machado de Assis) 
Em relação à questão anterior, infere-se que a linguagem dispõe de um recurso enriquecedor: a 
disposição das palavras no espaço frasal. Sendo assim, que tipo de leitura pode-se fazer dessas duas 
 
a) A colocação da palavra defunto após a palavra autor leva-nos a pensar que o segundo elemento 
está em fase final de carreira. 
b) Defunto autor remete à ideia de que a pessoa irá escrever suas memórias dentro de um cemitério. 
c) Ambas as expressões transmitem a mesma ideia, com iguais valores semânticos. 
d) A expressão defunto autor aparece de forma metaforizada, original, privilegiando uma nova forma 
de narração autobiográfica. 
e) Ambas as construções não têm expressão na obra biográfica de Machado de Assis. 
 
 
 
 
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. 
9. Texto I 
 
(...) estás sempre aí, bruxo alusivo e zombeteiro, 
que revolves em mim tantos enigmas. 
Carlos Drummond de Andrade (em poema dedicado a Machado de Assis) 
 
Texto II 
 
Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de 
fora para dentro (...). Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de 
uma pessoa; e assim também a polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de botas (...). Há 
cavalheiros, por exemplo, cuja alma exterior, nos primeiros anos, foi um chocalho ou um cavalinho de 
pau, e mais tarde uma provedoria de irmandade, suponhamos. 
Machado de Assis 
 
 alma exterior, nos primeiros anos, foi um chocalho ou um cavalinho 
 
 
Assinale a afirmação correta sobre os exemplos apresentados no texto. 
a) Correspondem a estratégia argumentativa para persuadir o interlocutor de que há uma alma 
exterior. 
b) Funcionam como digressões, isto é, desvios com relação ao tema de teor espiritualista presente na 
afirmação inicial. 
c) Usados ironicamente, invalidam a tese, já que provam a tendência materialista e consumista, inata 
no homem. 
d) Contrariam a tese, na medida em que indicam coisas concretas, o que provoca efeito humorístico.e) Embora indiquem coisas concretas, confirmam o desapego humano à materialidade do mundo. 
 
QUESTÃO CONTEXTO 
 
 
 
 
disse, aí fica. Se disse, fica também. Há conceitos que se devem incutir na alma do leitor, à força de repetição. 
Era também mais curiosa. As curiosidades de Capitu dão para um capítulo. Eram de vária espécie, explicáveis 
e inexplicáveis, assim úteis como inúteis, umas graves, outras frívolas; gostava de saber tudo. No colégio 
onde, desde os sete anos, aprendera a ler, escrever e contar, francês, doutrina e obras de agulha, não 
aprendeu, por exemplo, a fazer renda; por isso mesmo, quis que prima Justina lhe ensinasse. Se não estudou 
latim com o Padre Cabral foi porque o padre, depois de lhe propor gracejando, acabou dizendo que latim 
não era língua de meninas. Capitu confessou-me um dia que esta razão acendeu nela o desejo de o saber. 
Em compensação, quis aprender inglês com um velho professor amigo do pai e parceiro deste ao solo, mas 
não foi adiante. Tio Cosme ensinou- 
 
A figura feminina representada por Capitu em Dom Casmurro foge aos padrões estabelecidos na época 
para as mulheres. Explicite em poucas palavras quais características inovadoras são percebidas na leitura do 
trecho acima. 
 
 
 
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. 
 
GABARITO 
 
 
Exercícios 
1. c 
Aqui nota-se que a resposta correta é a alternativa C, porque o narrador divaga, conversa, faz rodeios, 
antes de contar qual é o real objetivo da história. 
 
2. a 
A crítica contida no fragmento é em relação à idealização exagerada dos românticos que enfeitavam 
demais a realidade e apagavam os defeitos. 
 
3. e 
Brás Cubas é um defunto-autor, logo deveria se utilizar de flashbacks para contar sua história que já fora 
vivida. 
 
4. b 
Machado escreveu sobre as pessoas e suas personalidades sem caráter maniqueísta, explorado o 
comportamento humano e suas plurais nuances. 
 
5. a 
Uma das características das obras de Machado é a crítica às instituições sociais. Aqui, o romance é 
criticado, quando Marcela ama na realidade o dinheiro e não Brás Cubas. 
 
6. e 
O texto parece ser algum tipo de biografia, narrando a história de vida de Machado de Assis. Logo a 
alternativa E responde corretamente a questão. 
 
7. a 
Bentinho passa a narrativa inteira moldando seu discurso e contando os fatos a partir de perspectiva 
única, para acusar Capitu de traição, justificando, às custas dela, seu fim solitário e amargurado. 
8. d 
sua história de vida, sem preocupações com tratos sociais. 
 
9. a 
Os três textos tratam do mesmo tema, apresentando defesas de que há elementos representativos de 
almas externas, comprovando sua existência. 
 
Questão Contexto 
Capitu é colocada em um patamar elevado, ela era mais mulher que Bentinho era homem. Suas 
curiosidades não cabiam em apenas um capítulo, ela era corajosa, inteligente, esperta, ousada. Queria 
aprender tudo, até o que lhe era negado.

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