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CONCEITO E APLICAÇÃO DA TEORIA DA BASE ECONÔMICA

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CONCEITO E APLICAÇÃO DA TEORIA DA BASE ECONÔMICA* 
 
Nali de Jesus de Souza** 
 
Resumo: Este artigo estuda a teoria da base exportação, diferenciando-a do conceito de base econômica. As 
exportações exercem importantes efeitos de encadeamento sobre as atividades locais, mas não são as únicas 
variáveis a explicar o dinamismo regional. Com a diversificação econômica, surgem atividades que expandem o 
nível de renda e emprego, como construção civil e obras de infra-estruturas, gastos de turistas, ou transferências 
de renda de não residentes. Estas variáveis, juntamente com as exportações, formam a base econômica regional. 
Para pequenas regiões, as exportações constituem a principal variável explicativa do crescimento local e seu 
dinamismo se difunde internamente por economias de escala, maior demanda de insumos e serviços especializa-
dos. No Rio Grande do Sul, as exportações e os gastos do Governo Federal do ano anterior explicaram 95% das 
variações do produto estadual do ano em curso, entre 1951 e 1966. Somente as exportações explicaram 85% 
dessas variações, comprovando o fato de que a economia estadual tem sido historicamente dependente do dina-
mismo dos mercados nacional e internacional. 
Palavras-chave: Teoria da base econômica. Teoria da base exportação. Economia Regional. Rio Grande do Sul. 
 
Abstract: This article analyses the export base theory, comparing it to the concept of economic basis theory. The 
exports have important linkages upon the local activities, but there are other variables explaining the regional 
economic dynamics. With the economic diversification, there are activities that raise the levels of income and 
employment, such as tourism, construction and infra-structure. These activities, together with exports, form the 
regional economic basis. For small regions, the exports constitute the main variable to explain local economic 
growth and its dynamic spreads through economies of scale, greater demand of inputs and specialized services. 
In the state of Rio Grande do Sul, the exports and the previous year expenditures of the Federal Government 
explained 95% of the variations of the state product during the years of 1951 to 1966. Only the exports explained 
85% of those variations, corroborating the fact that the state economy has been historically dependent on the 
dynamics of the national and international markets. 
Key-words: Economic base theory. Export base theory. Regional Economics. State of Rio Grande do Sul. 
Jel Classification: R11, Regional economic activity: growth, development, and changes; C1, Econometric and 
 statistical methods: general. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 Quando se tem a intenção de estudar uma região, um dos problemas fundamentais é 
compreender suas relações com as demais regiões do sistema nacional e com o exterior. A 
teoria mais simples para explicar essas relações é a teoria da base econômica, que pretende 
estudar e avaliar os impactos dos fluxos de mercadorias e de serviços entre a região e o resto 
do mundo. 
 Segundo a teoria da base econômica, a atividade total de uma região (ou de uma cida-
de) apresenta uma dicotomia bastante nítida, tendo-se, de um lado, as atividades básicas (de 
exportação) e as atividades locais (ou de mercado local). 
 As atividades básicas independem do nível da renda interna e constituem o motor do 
 
*
 Publicado originalmente na revista Perspectiva Econômica, da UNISINOS (São Leopoldo, RS, v. X, n. 25, p. 
117-130, março 1980). 
**
 Professor do Programa de Pós-Graduação da PUCRS. Site: www.nalijsouza.web.br.com 
crescimento regional, porque engendram um efeito multiplicador sobre as atividades de mer-
cado local, que delas dependem. Os bens e serviços produzidos no setor básico são consumi-
dos no exterior, dependendo, pois, do nível de renda do resto do mundo. 
 Assim, a região pode crescer mesmo se grande parcela de sua população não tenha 
poder de compra em expansão. O setor básico será o que apresentará maior dinamismo de 
crescimento e o setor de mercado local terá seu crescimento limitado pela distribuição interna 
da renda e pelas interdependências que poderão criar-se entre as exportações e as atividades 
de mercado interno. 
 A estrutura de produção da região vai-se adaptando, pouco a pouco, ao dinamismo de 
crescimento da renda per capita do resto do mundo e não segundo as peculiaridades da de-
manda interna. Desta maneira, a região, mesmo tendo segmentos da população com a renda 
estagnada, ou com lenta expansão, deverá importar progressivamente uma gama cada vez 
mais variada de bens e serviços (principalmente tecnologia), para atender as necessidades da 
demanda interna. As exportações tornam-se cada vez mais importantes para financiar as im-
portações que se tornam necessárias à satisfação da demanda interna e para o insumo do pró-
prio setor exportador. 
 Entretanto, a situação acima descrita corresponde a uma região que passa a ter uma 
rede industrial relativamente bem formada. A medida que esse processo de industrialização 
interna se acelera, as exportações deixam de ser a variável com maior parcela de explicação 
na formação da renda interna. Assim, surgem outras variáveis, como o nível de investimentos 
nas atividades locais, as construções residenciais, o nível de gastos do governo local etc. Nes-
te artigo, queremos nos referir a uma pequena região, pouco industrializada, onde as exporta-
ções constituem a principal variável na formação de sua renda interna. 
 Nesse sentido, é comum fazer-se uma distinção entre os termos base econômica e base 
exportação; enquanto o segundo termo só se refere às exportações, o primeiro engloba, além 
destas, as demais variáveis independentes que explicam parcialmente de maneira significativa 
o nível do produto local. 
 As atividades locais, que correspondem à parcela do produto regional que é consumi-
do pela população residente na região, identificam-se basicamente com a indústria tradicional, 
com o comércio e com os serviços urbanos. São atividades necessárias tanto à população re-
gional, como às atividades exportadoras. 
 A teoria da base admite, implicitamente, que no início do processo, a região possui um 
volume de produção que satisfaz plenamente as necessidades da população local e às empre-
sas exportadoras e que há desemprego de fatores. Não havendo capacidade ociosa, a expansão 
das exportações ocasionará o deslocamento de recursos produtivos do setor de mercado inter-
no para o setor exportador, não exercendo efeito positivo na expansão do produto regional. 
 Ao contrário, havendo capacidade ociosa, a expansão das exportações engendrará um 
efeito multiplicador sobre as atividades de mercado interno e o produto regional crescerá mais 
do que proporcionalmente ao crescimento original das exportações. 
 
2. FORMULAÇÃO MATEMÁTICA DO CONCEITO DE BASE 
 
 Os efeitos das atividades básicas sobre as atividades locais podem ser explicitados pela 
análise de regressão. Quando o estudo tiver como objetivo conhecer a estrutura de regiões 
diferentes, o estabelecimento de relações entre as exportações e as atividades totais de cada 
região mostrará seu grau de abertura para o exterior. 
 Matematicamente, o conceito é formulado pela seguinte identidade: 
P = B + N (1) 
onde: P é o nível global da atividade regional; 
 B é a base econômica (ou as exportações no caso de uma pequena região); 
 N são as atividades de mercado interno. 
 As atividades locais são dependentes do produto regional, enquanto a base econômica 
é autônoma; se o intercepto é nulo, tem-se: 
N = b P (2) 
B = constante. (3) 
onde: b é a propensão média da região a consumir seu próprio produto. Caso o intercepto 
linear da função N seja nulo, como está indicado em (2), a propensão média b seráigual à 
propensão marginal. 
 Uma vez que P é função de B, pelo próprio conceito de base econômica, pode-se 
transformar as equações (1) e (2) como segue: 
P = B + N 
P = B + bP 
P – bP = B 
P (1 - b) = B,chegando-se finalmente que: 
 P = [1/(1-b)].B (4) 
 A equação (4) indica que, toda a vez que variar a base econômica B, a atividade total P 
será aumentada dessa variação multiplicada por (1/1-b), o multiplicador das atividades totais 
da região. Quanto maior for esse multiplicador, mais a região será sensível a uma variação em 
sua base econômica e mais dependente estará da conjuntura nacional e internacional. 
 O valor do multiplicador depende da magnitude da propensão marginal da região a 
absorver o seu próprio produto (b). Quanto maior for essa propensão, maiores serão os efeitos 
da base econômica sobre as atividades totais da área. 
 Considera-se, normalmente, que a propensão b seja constante no tempo. Entretanto, 
ela pode modificar-se, devido a alterações na composição da demanda interna, distribuição de 
renda, ou modificações na estrutura da produção, que alterem os hábitos internos de consumo. 
 As atividades locais N podem, então, serem calculadas: 
N = bP 
N = b(1/1-b).B 
N = [b/(1-b)].B (5) 
 O multiplicador das atividades locais, resultante de uma variação na base econômica, é 
b/1-b. São esses efeitos sobre as atividades locais que constituem o problema central da políti-
ca regional e o fundamento da teoria da base econômica. Se a base exportadora não for capaz 
de dinamizar as atividades locais, então ela não constituirá o motor do crescimento regional. 
 Exemplos bem conhecidos de efeitos duráveis sobre as atividades locais foram o café 
em São Paulo e o trigo em algumas regiões da Argentina e dos Estados Unidos. Essas ativida-
des foram capazes de criar atividades locais a elas ligadas, bem como desenvolver o comércio 
e os serviços locais. Pelo contrário, outras atividades não conseguiram dinamizar as regiões 
em que estavam implantadas e estas estagnaram, após o desaparecimento da atividade expor-
tadora. Foi o caso do açúcar no Nordeste brasileiro, da borracha na Amazônia e das atividades 
extrativas em certas regiões subdesenvolvidas. Especialmente as últimas caracterizam o com-
portamento das empresas estrangeiras, que efetuam um mínimo de gastos nas áreas em que 
estão instaladas e que exportam todo o excedente por elas criado. 
 Seguir uma política de crescimento regional baseada na exportação de produtos agrí-
colas ou industriais se justifica pela teoria das vantagens comparativas. Além disso, os merca-
dos das regiões subdesenvolvidas são quase sempre de pequena dimensão para a maioria dos 
produtos que se poderiam produzir. Assim, a exportação é uma ótima solução, porque ela pos-
sibilita às empresas a adoção de uma escala de produção mais ampliada, reduzindo, assim, 
seus custos unitários de produção, podendo competir com empresas similares situadas em ou-
tras localidades. 
 Acrescentando-se a premissa de que a base econômica será eficiente para a região so-
mente no caso de engendrar o crescimento das atividades a ela ligadas, na área, recairíamos 
dentro dos postulados da teoria da polarização, que enfatiza os efeitos das interdependências 
entre a atividade motriz e as atividades satélites. 
 A teoria da base econômica, como muitos autores já o disseram, é mais adequada para 
uma pequena região agrícola de economia especializada; enquanto a teoria da polarização 
pressupõe a existência prévia de certo grau de industrialização, de interdependências, de eco-
nomias externas oriundas de infra-estruturas econômicas e sociais, da justaposição espacial de 
pólos de crescimento etc. Entretanto, como já o demonstramos (Souza, 1979), dificilmente 
uma indústria motriz deixará de ser também uma atividade exportadora; de outro lado, uma 
atividade exportadora, para ser básica, deverá exercer seus efeitos de encadeamento e de mul-
tiplicação sobre as atividades de mercado interno. 
 
3. UMA APLICAÇÃO EMPÍRICA DA TEORIA DA BASE 
 
 Efetuamos uma aplicação empírica da teoria da base econômica para o Rio Grande do 
Sul, utilizando uma série temporal de 1951 a 1966. O modelo utilizado, na sua forma estrutu-
ral, foi composto pelas seguintes equações: 
Pt = Nt + Bt (1) 
onde: Pt é o produto interno bruto regional, a preços de mercado, para o ano t; 
 Bt é a parte desse produto é formada no setor básico; e 
 Nt é a parte do produto formada no setor de mercado interno, no mesmo ano t. 
Nt = a + bPt + ut (2) 
Onde: a é a despesa autônoma da região; 
 b é a propensão marginal da região a consumir o seu próprio produto; 
 ut é uma variável aleatória observada no ano t. 
 Dentro dos modelos tradicionais da base econômica, a despesa autônoma da região é 
considerada nula, significando que, se o produto for igual a zero, as atividades de mercado 
interno também o serão. No caso presente, supomos que haverá um nível de consumo local, 
mesmo com a renda tendendo a zero. Essa suposição é realística no caso de regiões onde as 
atividades de subsistência são predominantes, cujo consumo pode ser substancial, mesmo 
com baixo nível de renda monetária. 
Bt = Xt + Ut + Gt (3) 
 Onde: Bt , a base econômica, é uma constante dada de maneira exógena no ano t. 
 Xt representa as exportações regionais para o mercado nacional e internacional; 
 Ut são as despesas do Governo Federal dentro do Rio Grande do Sul; 
 Gt são as despesas anuais do Governo Estadual no mesmo ano t. 
 As atividades básicas são, pelo modelo presente, formadas pelas exportações e pelas 
demais variáveis exógenas significativas que se podem mensurar dentro da região. Essas vari-
áveis são mais prováveis de serem encontradas na medida em que a complexidade econômica 
da área aumenta, quando as exportações tornam-se menos importantes para explicar totalmen-
te as variações do produto regional. 
 Utilizamos, em seguida, o modelo na sua forma reduzida, para evitar a correlação en-
tre a variável aleatória ut e a variável dependente Pt, dentro da função Nt., obtendo-se as equa-
ções seguintes: 
Pt = a/(1-b) + 1/(1-b).Bt + 1/(1-b).ut (4) 
 Pt e Nt são colocadas, agora, em função exclusiva da variável exógena Bt; como segue: 
Nt = a/(1-b) + b/(1-b).Bt + 1/(1-b).ut (5) 
 Para a obtenção das funções Nt e Pt, precisamos conhecer os parâmetros a e b, que 
serão obtidos pela divisão dos parâmetros obtidos pelas equações da forma reduzida (4) e (5): 
(6) 
1
1
1ˆ
 e 
1
1
1
ˆ
b
b
b
b
b
b
a
a
−
−
=
−
−
= 
 Os valores para aˆ e bˆ são boas estimativas para os parâmetros a e b, na medida em 
que o tamanho da amostra aumenta. No caso presente, tem-se uma série razoavelmente longa, 
de 1951a 1966. 
 O parâmetro angular da equação (5), isto é, b/(1-b) é o multiplicador das atividades de 
mercado local, a partir de uma variação na base econômica B; o parâmetro linear 1/(1-b), da 
equação (4), é o multiplicador do produto total, a partir de uma mesma variação na base eco-
nômica. Somando o multiplicador b/(1-b) à unidade, obtém-se o multiplicador 1/1-b. Em ou-
tras palavras, se a base econômica variar de uma unidade, as atividades totais variarão dessa 
unidade, mais os efeitos sobre as atividades de mercado interno, que serão iguais a b/(1-b).1 
 
3.1 Hipóteses 
 
 O modelo da base econômica pressupõe as seguintes hipóteses: 
1. Não existe pleno emprego dos fatores de produção, ou eles não estão tendo o máximo 
rendimento; como, por exemplo, o capital e a mão-de-obra podem estar mal distribuí-
 
1
 A variação de P é igual à variação de B, mais a variação de N, ou seja: ∆P = ∆N + ∆B. As derivadas das fun-
ções P e N são, respectivamente: dP/dB = l/(1-b) e dN/dB = b/(l-b). Para pequenosacréscimos, as variações (∆) 
são iguais às derivadas em um ponto. Assim, ∆P/∆Β = ∆N/∆B + ∆B/∆Β = 1/(l-b) = b/(l-b) + 1. 
dos no espaço regional e a terra pode não estar sendo utilizada racionalmente. 
2. As exportações, os gastos do Governo Federal no Estado e os gastos do Governo Es-
tadual independem do produto interno regional. 
3. Existe grande correlação entre as atividades de mercado interno e o desempenho das 
atividades básicas. 
4. Os parâmetros da função N e o multiplicador de N são constantes no tempo. 
5. A demanda regional pelos produtos locais é atendida integralmente e o mercado inter-
no é de pequena dimensão para absorver grande parte dos produtos de exportação. 
6. A forma linear para as funções apresentadas é aceitável. 
7. Todas as variáveis significativas capazes de influenciar a formação do produto regio-
nal foram incluídas na composição da base econômica. 
 As hipóteses 1, 2 e 5 foram aceitas como postulados e procuramos verificar empirica-
mente as demais. 
 
3.2 Resultados empíricos 
 
 Efetuamos várias regressões das atividades de mercado interno N em função das ativi-
dades básicas B, modificando simplesmente a composição desta última variável, como mostra 
o quadro a seguir. É claro que a modificação de B influenciará a dimensão de N, uma vez que 
essa variável é obtida pela diferença entre P e B. 
 As atividades de mercado interno, em função das exportações, obtiveram um coefici-
ente de determinação (R2) igual a 0,85; isso significa que 85% das variações nas atividades 
locais resultaram das variações da base exportadora, durante o período em estudo. As princi-
pais regressões foram as seguintes: 
Regressões R2 Regressões R2 
f (X) 0,85 f (G +U) 0,79 
f (G) 0,78 f (X + U + G) 0,81 
f (U) 0,15 f (X+U)t-1 0,95 
f (X +U) 0,87 f [(X + U), Gt-1] 0,83 
f (X + G) 0,78 f [(X + U), z1 ,z2 , z1 (X + U), z2 (X + U)] 0,94 
 
 Verifica-se, no quadro acima, que todas as regressões que aparecem em função das 
exportações apresentam alto coeficiente de determinação (R2); constata-se, também, que as 
despesas do Governo do Estado têm grande influência sobre o produto global, notadamente 
em razão da construção de infra-estrutura e pela distribuição de renda à população residente, 
na forma de salários. 
 Entretanto, a explicação dada pela base, formada pela soma de X + G + U foi menos 
importante do que aquelas das demais funções, talvez porque as variações dessas três variá-
veis, simultaneamente, reduzem os efeitos globais sobre as atividades de mercado interno. 
 A mais alta correlação foi obtida pela função f (X + U)t-1 (R2 = 0,95). Esse fato indica 
que as variações da base econômica produzem efeitos de maior extensão sobre as atividades 
de mercado interno no ano seguinte, isto é, há uma defasagem na produção dos impactos so-
bre a economia gaúcha. 
 Para verificar se os parâmetros linear e angular da função N são constantes no tempo, 
foram introduzidas duas variáveis dummy na equação que acabamos de referir, resultando na 
última equação do quadro acima. A correlação com a variável temporal foi nula entre os mul-
tiplicadores, a propensão marginal b e o gasto autônomo a; isso mostra haver grande probabi-
lidade de que esses parâmetros se mantenham constantes ao longo do tempo. 
 Os testes indicaram, igualmente, a inexistência de autocorrelação nos resíduos e de 
que a forma linear foi uma boa especificação para as funções estudadas. Como a variável a-
leatória (u) se mostrou constante no tempo, é possível realizar-se boas projeções do produto 
regional, com base nos dados pesquisados. 
 Os multiplicadores foram diferentes de zero e, mesmo, superior à unidade, de sorte 
que há, no universo dos dados, correlação entre as variáveis estudadas e a forma linear é, uma 
vez mais, aceitável. Como os testes indicaram grande probabilidade de que os multiplicadores 
sejam superiores à unidade, toda variação na base exportadora (base econômica) produzirá 
efeitos substanciais nas atividades de mercado interno. 
 
4. EFEITOS DA VARIAÇÃO DA BASE ECONÔMICA OU DA PROPENSÃO 
 MARGINAL DA REGIÃO A ABSORVER O PRÓPRIO PRODUTO 
 
 Podemos verificar mais facilmente os efeitos de uma variação da base econômica (∆B) 
pela visualização da Figura 1. O equilíbrio original da economia regional é dado pelo ponto 
E1 [Pl ; (N1 + B1)], onde a despesa bruta é igual ao produto bruto a preços de mercado. Se a 
atividade aumenta de ∆B e se o produto de pleno emprego (Pm) ainda não foi atingido, a de-
manda ocasionará o aumento do nível do produto para P2. 
 Esse nível de produção será de equilíbrio (E4) se o setor de mercado interno aumentar 
sua produção ou se houver aumento das importações regionais, ou, ainda, uma combinação 
das duas possibilidades. Em caso contrário, para que haja equilíbrio, a atividade global deverá 
diminuir de ∆B, recaindo ao ponto original P1. 
 
 
 
 Do mesmo modo, o novo ponto de equilíbrio E3 somente será mantido se a variação 
exógena na base econômica (∆B) não for transitória; em caso contrário, o nível do produto 
global retornará ao equilíbrio original (cf. a teoria keynesiana). 
 O crescimento da produção somente será possível, no curto prazo, se houver capacida-
de ociosa no sistema econômico regional. A ausência de fatores de produção desempregados 
não permitirá o aumento do produto global, pois o aumento na base econômica B somente 
será possível com a redução do emprego de fatores utilizados no setor de mercado interno N. 
 As curvas aa' e bb', da Figura 2, são curvas de possibilidades de produção de uma da-
da região, ou curvas de transformação. Sobre a mesma curva, o produto total é o mesmo e 
indica as quantidades de produto de cada setor N e B que pode ser obtido no curto prazo. 
 
 
 
 Se a economia trabalha sobre o ponto c1, produzindo N1 e B1, o produto global P1 au-
mentará somente se a oferta de fatores de produção crescer igualmente; ou se houver aumento 
da produtividade, em razão de inovações tecnológicas, ou uma combinação dos dois fatores 
(neste caso da fronteira de possibilidades de produção desloca-se para cima). Igualmente, é 
necessário que a demanda pelos produtos regionais esteja em expansão, para absorver a pro-
dução adicional. 
 Se a economia estiver funcionando sobre o ponto c4, o aumento das exportações, ou 
dos gastos governamentais, poderá conduzir o produto total até à curva de transformação aa', 
sem que para isso sejam necessários investimentos adicionais. 
 Por outro lado, se a propensão marginal b aumentar (o que eleva a inclinação da fun-
ção N), como pode ser deduzido olhando-se a Figura 1, o equilíbrio do produto total irá se 
encontrar a um nível mais alto. Esse fato pode derivar de uma alteração na composição inter-
na da demanda ou de alteração da estrutura econômica da região, ocasionada por uma melho-
ria na distribuição interna da renda. 
 
5. OS LIMITES DA TEORIA DA BASE ECONÔMICA 
 
 Em primeiro lugar, o multiplicador da base econômica é muito global e nem sempre 
ele é constante no tempo. Não se pode desagregá-lo espacial nem setorialmente, pois não po-
demos considerar estáveis as exportações de cada subespaço, nem de cada setor. 
 Em segundo lugar, o efeito multiplicador varia segundo as diferentes indústrias, assim 
como o efeito de aglomeração ou de polarização. E difícil admitir que o multiplicador tenha 
efeito diferenciado em função da dimensão de cada região, dentro da qual a indústria referida 
esteja localizada. O que varia segundo o tamanho e a complexidade econômica de cada região 
é o grau de sua auto-suficiência e não necessariamente o multiplicador. 
 Uma economia baseada sobre as exportações será uma economia vulnerável às oscila-
ções conjunturais da economia nacional e internacional, internalizando uma instabilidade den-
tro do setor de mercado interno. Quanto mais a estrutura do setor exportadorfor especializa-
da, tanto mais a região será vulnerável às flutuações da economia nacional e internacional. 
 Finalmente, o que se poderá questionar é se as atividades de mercado interno não en-
gendrariam o crescimento das atividades exportadoras. As indústrias exportadoras não pode-
rão ser independentes das infra-estruturas econômicas e sociais criadas pelo Estado; nenhuma 
delas poderá crescer sem os serviços oferecidos pelas cidades (energia, água, bancos, reserva 
de mão-de-obra etc.). Assim sendo, as atividades locais de serviço são fatores essenciais para 
atrair empresas a localizarem-se na região que se quer dinamizar. 
 O mercado regional, mesmo muito pequeno, sempre irá atrair algumas empresas a se 
localizarem em função dele; as economias externas resultantes da justaposição espacial de 
indústrias e da concentração da população podem ser fatores essenciais na explicação do cres-
cimento regional. 
 No trabalho referido, realizado sobre a teoria da base, efetuou-se uma regressão linear 
das exportações e dos gastos do Governo Federal, na área, em função das atividades de mer-
cado interno, constatando que não somente essa regressão era significativa, como apresentou 
um coeficiente de determinação altamente expressivo de 0,93: 93% das variações das expor-
tações e da despesa da União, na área, juntas, foram explicadas pelas variações das atividades 
de mercado interno no período de 1951/1966. Isso significa que a economia do Rio Grande do 
Sul já era, naquela época, mais interdependente, do que dependente de suas exportações regi-
onais. Além das exportações, outras variáveis exógenas explicam, de maneira significativa, a 
formação do produto regional. 
 Conclui-se, seguindo as mesmas conclusões de outros autores, que a teoria da base 
econômica é mais adequada para a análise de uma pequena região agrícola, em que a presença 
industrial não seja muito significativa, com poucos produtos tendo presença marcante dentro 
do setor exportador. Na medida em que a região torna-se mais industrializada, mais auto-
suficiente, são as relações interindustriais locais o elemento motor do crescimento industrial e 
o principal fator explicativo da localização industrial. Neste caso, a teoria da polarização pa-
rece ser mais rica, ao colocar em evidência as interdependências, não somente entre as indús-
trias, mas entre estas, a agricultura, o comércio e os serviços, e por enfatizar a oferta, no lugar 
da demanda, como o faz a teoria da base, de maneira exagerada. 
 
6. REFERÊNCIAS 
 
ANDREWS, Richard B. Mechanics of the urban economic base: historical development of the base 
concept. Land Economics, May 1953. 
BLUMENFELD, Hans. The economic base of the metropolis. Journal of the American Institute of 
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Aug. 1966. 
NORTH, Douglass C. Location theory and regional economic growth. The Journal of Political Eco-
nomy, Jun. 1955. 
SCHINCKLER, Samuel. A teoria da base econômica regional: aspectos conceituais e testes empíricos. 
In. HADDAD, Paulo Roberto. Planejamento regional: métodos e aplicação ao caso brasileiro. Rio de 
Janeiro, IPEA, 1972, p. 7-52. 
SOUZA, Nali de Jesus. Interdependências, integração e desenvolvimento regional. Porto Alegre: IE-
PE/UFRGS, Projeto Pequena e Média Empresa. Relatório de Pesquisa n. 7, julho de 1979. 
_______. Teoria da base econômica regional: uma verificação empírica. Porto Alegre: IEPE/UFRGS, 
Dissertação de Mestrado em Economia, 1974. 
_______. L'analyse de la croissance régionale par la théorie de la base économique: le cas du Rio 
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