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Nesta aula, vamos abordar os aspectos políticos, culturais, econômicos e sociais da fase ditatorial do Período Vargas, conhecida como Estado Novo (1937-1945). Apesar de sua curta duração, foi uma época de transformações radicais da sociedade brasileira, além de nesse momento ter ocorrido a Segunda Guerra Mundial. Que tal mergulhar de cabeça nessas histórias? Bons estudos!
O vídeo que você acabou de assistir traz a música “Aquarela do Brasil”, de autoria de Ary Barroso, na voz de Gal Costa. Mesmo que não conheça nada a respeito da canção, de seu compositor ou da época em que foi feita, você deve reconhecê-la facilmente, certo?  
Geralmente, quando um brasileiro ouve esses versos, consegue se identificar com esse país mítico, que parece não existir em lugar algum da realidade. Mesmo que não saiba o que é um “mulato inzoneiro” ou que não seja bom de gingas e bamboleios.
 Diante disso, não seria interessante descobrir que essa canção fez parte de um projeto governamental para “reinventar” o imaginário sobre o Brasil?
Nesta aula, estudaremos este e outros aspectos do período conhecido como Estado Novo (1937-1945), em que Getúlio Vargas assumiu o caráter ditatorial de sua atuação política.
Proposta de atividade
Como você já ficou sabendo na Aula 1, havia grandes avenidas batizadas em homenagem a Getúlio, como a Av. Presidente Vargas, no Centro do Rio. Observe as fotografias ao lado:
Ambos os prédios foram construídos em estilo art déco, bastante usado na época por conseguir ser adequado às exigências da vida moderna, sem abrir mão da grandiosidade. 
A avenida (Na primeira foto, da Avenida Presidente Vargas, ainda é possível visualizar, ao centro, o busto de Zumbi do Palmares (de costas). Ele foi colocado ali na década de 1980, para marcar as relações entre esse trecho da avenida e a memória da cultura negra no Rio de Janeiro. Afinal, ali ficava a Praça XI, uma das regiões do Rio de Janeiro onde o samba se formou. A presença do busto de Zumbi nos faz pensar em como, para a construção da Av. Presidente Vargas, uma parte do passado foi derrubada.) em que eles ficam também era vista assim: monumental, mas prática, com a função de unir as zonas norte e sul, através do centro.
 Foram centenas de prédios, com valor histórico e arquitetônico, que viraram entulho para que o futuro pudesse ser construído. No entanto, alguns permaneceram, como a igreja da Candelária, do século XVII, que permanece no início da avenida. 
Diante das imagens e das observações, que papéis você imagina que os cultos do passado e do futuro tiveram durante o Estado Novo?
Clique aqui e confira sua resposta. O Estado Novo destruiu uma parte do passado, preservando outra, sempre de olho na construção do futuro. O passado preservado foi escolhido de acordo com as funções práticas que poderia ter no novo Estado.
Ministério da Guerra, com Central do Brasil ao fundo. Av. Presidente Vargas, com Central do Brasil à esquerda.
As contradições do Estado Novo
Como o próprio nome indica, o Estado Novo foi um momento de renovação. O país passou por um período de revisão, modernizando diversos setores da sociedade.
Não que o governo de Getúlio estivesse virando as costas para o passado e olhando apenas para o futuro. Tratava-se de lançar outro olhar sobre o que já existia, procurando reinterpretar o país.
Contudo, nem todos os aspectos relacionados ao Estado Novo podem ser associados a valores positivos, como modernidade e renovação. Existe outro lado deste período, bem mais sombrio, e que muitos prefeririam esquecer.
Analisando os prédios
Após ter observado e refletido sobre os dois prédios, o que você pensaria ao saber que ambos foram construídos praticamente na mesma época?
Isso mesmo: os dois edifícios foram encomendados por Getúlio Vargas durante o Estado Novo. Para sermos mais justos, no caso do Palácio Capanema, a escolha do estilo foi feita pelo ministro da Educação, Gustavo Capanema, a quem o nome do prédio homenageia.
Como você pode observar, a mesma época pode produzir concepções arquitetônicas praticamente opostas. E o que é mais interessante: esses prédios não foram construídos apenas para abrigar pessoas e móveis. Eles pretendem transmitir ideias e construir determinada imagem para o país.
O primeiro, sede do Ministério da Educação e Saúde (MES), representa o aspecto renovador e ousado do Estado Novo. É um projeto coordenado pelo suíço Le Corbusier, um dos inventores da arquitetura modernista.
 Entre os criadores, estavam Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, que, mais tarde, idealizariam Brasília, a nova capital do país, inaugurada em 1960. Não sem motivo, o Palácio detém o título de primeiro edifício modernista da América Latina.
 O segundo edifício não é tão conhecido, nem mesmo tem uma autoria famosa. Na época, no entanto, é provável que muitos o preferissem ao Palácio Capanema. Afinal, ele era mais próximo do que seria considerado um prédio “normal”.
 Por outro lado, testemunha um aspecto mais sombrio do Estado Novo: sua arquitetura foi inspirada nos novos edifícios mandados construir por Hitler, em Berlim.
Identificação com o nazifascismo
Getúlio, na fase inicial do Estado Novo, se identificava com o nazifascismo. Além da Alemanha, outros países com governos autoritários eram reverenciados, como a Itália, a Espanha, a Polônia e Portugal.
Outro exemplo dessa reverência é o termo “Estado Novo”, copiado do regime instaurado pelo líder autoritário Salazar, que governou Portugal entre 1933 e 1968 (o Estado Novo português só acabaria em 1975).
O Estado Novo é considerado, por essas e outras contradições, um período fascinante. Conseguimos ver nele um momento de renovação, de intensa modernidade, mas também um período de conservadorismo, autoritarismo e violência.
Por outro lado, é possível identificar ali a formação de uma dada face do Brasil, que sabemos construída “para inglês (ou americano?) ver”, mas com a qual ainda podemos nos identificar.
Algo semelhante ocorre com a figura de Getúlio: seria ele o “pai dos pobres” ou um ditador sanguinário? Seja qual for a opção, não conseguimos ficar impassíveis.
Contudo, precisamos ficar atentos ao significado dessa identificação entre o Estado Novo brasileiro e outros regimes autoritários. Afinal, na época que antecede a II Guerra Mundial, os governos nazifascistas ainda não eram mal vistos. Ao contrário, também representavam certa modernidade.
Logo, o prédio do Ministério da Fazenda não era “modernista”, como o Palácio Capanema, mas poderia ser considerado “moderno”. Afinal, simbolizava uma nova forma de organizar e conceber a política e a cultura.
A construção do Estado Novo resultou, entre outras coisas, na criação da Constituição de 1937. Leia o texto pdf e conheça mais sobre esse ano tão marcante para o Brasil.
Zonas de Solidariedade
Judias imigrantes da Europa Oriental, as polacas tornaram-se prostitutas no Brasil. Marginalizadas, buscaram no auxílio mútuo uma forma de viver com dignidade.
Os dez dias entre o Rosh Hashaná (Ano Novo) e o Yom Kipur (Dia do Perdão) correspondem ao período em que, para os judeus, o livro da vida é reescrito e os “erros” podem ser anistiados. Nessa época, cemitérios judaicos em todo o mundo ficam lotados de famílias reverenciando seus mortos.
Um desses cemitérios fica no subúrbio carioca de Inhaúma, mais precisamente ao pé do morro da Favela do Rato Molhado, situado em um terreno comprado em fevereiro de 1912 e inaugurado em agosto de 1916. Lá estão enterrados 797 corpos, entre homens, mulheres e crianças. O que diferencia este cemitério da maioria é o fato de que, mais que em outros campos-santos judeus, uma “regra moral” impunha àquele local silêncio e isolamento. Simplesmente porque é lá que estão enterradas as “polacas”. Mas quem eram essas mulheres? Até a década de 1980, fazer esta pergunta no seio da comunidade judaica era garantia de obter respostas vagas, caras feias e de ouvir um “melhor deixar isso para lá”.
“Polaca” foi a designação dada às mulheres judias vindas daEuropa Oriental em meados do século XIX, e que nas zonas pobres de prostituição – o chamado baixo meretrício – exerciam a “má vida”. O vínculo entre homens e mulheres deste grupo étnico desempenhando atividades de prostituição e cafetinagem já ocorria na Europa Oriental, onde a maioria dos bordéis era controlada por eles. O censo de 1889 listou no Império russo 289 licenças para prostíbulos – destes, 203, ou 70%, pertenciam a judeus. No mesmo ano, das 36 autorizações para o exercício do tráfico de escravas para prostituição na cidade de Kherson, um porto do Mar Negro, 30 pertenciam a caftinas judias.
A transferência desta atividade para as Américas acompanha a crise econômica no velho continente e o grande fluxo migratório decorrente. Cidades que contavam com maior número de homens que de mulheres entre seus habitantes tornavam-se campos férteis para a prostituição.
A miséria e as perseguições aos judeus também obrigaram este grupo a migrar. Desta forma, aportavam na América o imigrante trabalhador urbano e também todas as pessoas deste grupo étnico que já não tinham esperanças de trabalho e de uma vida melhor na Europa Oriental.
As “polacas” eram moças pobres, vindas de uma comunidade na qual não se podia negligenciar o peso do dote no ato do casamento, o que excluía qualquer mulher desprovida de dote da possibilidade de ascensão econômica pela via do matrimônio. A importância das núpcias entre os membros da religião judaica criou a figura do agenciador de casamentos. Podiam ser homens ou mulheres, que faziam contato com os rapazes judeus solteiros nas Américas, mandando-lhes fotos das pretendentes e fechando o “negócio” – ou seja, acertando o casamento. Muitas vezes, o “tráfico de escravas brancas” aparece associado a esta corretagem. A pobreza das famílias impedia que a sina de seus membros fosse acompanhada de perto, e por isso não havia controle sobre os agenciamentos. Algumas vezes, ao chegarem a seus destinos, as jovens enfrentavam a dura realidade de terem sido enganadas. A partir daí, a falta de instrução e o despreparo para o mundo fabril as obrigavam a participar do mundo de trabalho possível.
Demônios, fantasmas, sigilos e segredos rondavam as tentativas de investigação do tema. A existência de “polacas” no Brasil era um tabu dentro da comunidade judaica. Contrastando com este silêncio, alguns romances e memórias abordaram o tema pela via da ficção. No Brasil, a primeira novela escrita por um autor brasileiro de origem judaica foi publicada nos anos 1970. O ciclo das águas, de Moacyr Scliar, é considerado pelo autor como sua primeira obra ficcional. Ao tornar-se pioneiro na abordagem desta temática dentro da comunidade judaica no país, Scliar rompeu o tabu, e o romance ganha importância não pelo misto de ficção e realidade contido na história. Violar o interdito inscrito ao “tráfico de escravas brancas” equivale à difícil tarefa de exorcizar demônios: “mas deve ser feito, e o primeiro passo é, como o sabiam os exorcizadores, chamar os demônios pelo nome”.
As rugas que a menção a estas mulheres produziam nos rostos daqueles interpelados a seu respeito transformaram-nas, ao mesmo tempo, em mulheres poderosas e vítimas que o tempo deveria calar. O escritor Isaac Bashevis Singer, prêmio Nobel de Literatura – que revelou ao mundo o cotidiano dos judeus da Europa Oriental –, só se debruçou sobre a questão em seu último livro, Escória, e não deixou de punir seu personagem. Ao narrar sua trajetória e identificá-lo como um cáften, condena-o à prisão. Algo que não era nem a regra nem a exceção..
Ajustes políticos : à direita, mas não tanto
Apesar ter criado uma Constituição, o fato é que Getúlio não faria muito uso dela durante o período ditatorial de seu governo, preferindo administrar através de decretos-lei. (Como vimos, as feições democráticas da Constituição eram neutralizadas pela prática autoritária que ela mesma permitia, dando ao novo governo feições conservadoras, de direita. Deste modo, à esquerda, sobretudo socialistas e comunistas, continuou a ser perseguida.)
 A polícia política, criada para detectar, prender e torturar os opositores do governo, foi logo posta em ação. Entre centenas de anônimos, podemos destacar alguns presos famosos. (O líder da Aliança Nacional Libertadora, Luís Carlos Prestes, ficou encarcerado durante todo o Estado Novo. Sua companheira, Olga Benário, uma judia alemã, foi exilada para seu país de origem, em um momento em que Hitler já estava no poder. Como milhões de judeus, Olga foi morta em campos de extermínio durante a II Guerra Mundial. O escritor Graciliano Ramos, também preso, escreveu o livro Memórias do Cárcere durante o período. Em um governo que se mostrava cada vez mais autoritário, e que vinha há tempos perseguindo os adeptos de partidos e ideologia de esquerda, isso realmente não era novidade.)
Por outro lado, o que pode ser muito espantoso (e até mesmo um pouco irônico) é que a Ação Integralista Brasileira, a principal opositora dos comunistas, também passou a ser perseguida por Vargas. Aliás, os radicais de extrema-direita foram os únicos a tentar um contragolpe, que ficou conhecido como Levante Integralista, em 1938, reagindo ao fechamento de sua organização.
Desse modo, mais adequado do que imaginar que o Estado Novo tenha sido uma vitória da direita sobre a esquerda, é pensar que foi a busca de uma terceira via.
Os objetivos das primeiras ações de Vargas apontam para um aumento de seu poder, sem dúvida, mas também para uma espécie de “neutralização ideológica”. Ou seja, nem tanto à esquerda, nem tanto à direita, mas adotando o que cada uma teria de bom para oferecer. De um lado, o apoio aos trabalhadores. De outro, a centralização.
Assim que instituiu o Estado Novo, Vargas fechou o Congresso, que permaneceria nessas condições até o fim, em 1945. Os governadores dos estados foram substituídos por interventores de sua confiança, que receberam bastante autonomia para agir.
A escolha dos “homens de confiança” se pautava pela capacidade técnica (Esse caráter “técnico” poderia ser encontrado em toda a administração do Estado Novo, pautando a escolha de funcionários de diversas escalas, desde ministros até assessores. No “Brasil Novo”, não deveria haver espaço para identificação entre o povo e os políticos. Havia apenas uma exceção, claro; o próprio Vargas.Certamente, você já deve imaginar o papel que o culto à personalidade de Getúlio teve durante o Estado Novo. Se os outros políticos não precisavam estar conectados com o povo, bastando que fossem bons técnicos, o mesmo não poderia ser dito do Presidente. Vargas surgia como o rosto do Brasil, a cabeça que coroava o corpo formado pelo conjunto de cidadãos brasileiros. E, o que era bastante conveniente para ele, sem que precisasse ter sido eleito por essa mesma população.A seguir, vamos ter a oportunidade de entender que instrumentos eram usados na construção dessa imagem.), e não pela identificação com a população. Ou seja, não era necessário ter sido democraticamente eleito para possuir aquela que era considerada a principal virtude de um administrador: a competência.
O filme Alô, amigos! (Saludo, amigos!, de Walt Disney, 1942) foi criado pelos Estúdios Disney, em parceria com o Office of the Coordinator of Inter-american Affairs (Escritório de Coordenação dos Negócios Interamericanos).
 Criado em 1940, esse órgão atuava em diversos setores da sociedade, inclusive no cinema. A proposta era criar uma imagem adequada da América Latina nos filmes norte-americanos. Assista a um trecho do filme e responda às questões a seguir:
Cultura de massa
Mídia impressa, rádio e cinema. Agora é o momento de nos aprofundarmos na cultura de massa, um setor do Estado Novo fundamental para compreender seu funcionamento.
 Em uma época anterior à TV e à internet, jornais e revistas ainda eram meios de divulgação centrais.
 O rádio, que chegara ao Brasil na década de 1920, era considerado uma novidade. Durante o governo Vargas, ele se desenvolveu bastante, chegando, praticamente,a todos os lugares do Brasil. Em cidades muito pequenas, a transmissão era feita através de alto-falantes, em praça pública.
Outro meio de comunicação privilegiado era o cinema, principalmente por conta dos cinejornais apresentados antes da atração principal. As salas de exibição eram muito mais numerosas do que hoje, sendo quase impossível haver uma cidade no Brasil sem pelo menos um “poeira”  para garantir a diversão dos moradores. 
O Estado Novo utilizou e controlou todos esses meios, sendo por isso considerado um Estado moderno, que fazia uso da tecnologia mais avançada em seu tempo.
A área da educação
Na área de educação, Capanema tendia a discordar de Anísio Teixeira, um teórico bastante respeitado por sua defesa da educação laica, sob a tutela do Estado, conhecida como Escola Nova.
Com atuação política na Bahia e no Rio de Janeiro, Anísio teve oportunidade de reformular a rede educacional de ambos os estados. Depois do Estado Novo, contudo, passou a ser perseguido pelo governo, acusado de ser “comunista”, tendo que deixar o Rio de Janeiro, onde atuava.
A opção de Capanema, porém, não foi totalmente contrária ao que postulava a Escola Nova. O ministro recorreu a um equilíbrio entre suas ideias (educação a cargo das instituições religiosas) e a de Anísio. O Estado passou a bancar a educação, inclusive a de ensino superior, com a criação da Universidade do Brasil (hoje, UFRJ).
As escolas preparatórias para a formação de professoras  se desenvolveram, passando a privilegiar novas técnicas educacionais. No secundário (hoje, ensino médio) foi privilegiada a educação técnica, voltada à formação de profissionais para a indústria e o comércio.
Embora seja considerada uma opção mais avançada do que o ensino religioso, a educação técnica ficava aquém da proposta reflexiva e filosófica da Escola Nova de Anísio Teixeira.
Contudo, ela estava de acordo com o investimento do país no setor das indústrias, como veremos agora.
Economia
A tendência econômica do Estado Novo foi a de proteção do produto nacional, criando condições para o desenvolvimento industrial e para a diversificação da produção agrícola. Como nas outras áreas já debatidas aqui, a centralização foi a regra, com decisões tomadas, sobretudo, pelo ministro Sousa Costa.
O café seguia sendo o principal produto de exportação, mas a crise de 1929 ainda mostrava seus efeitos. A solução foi criar formas de incentivar outras áreas da agricultura, como o açúcar (que se desdobrava também no álcool).
O grande destaque, porém, se deu na indústria. Antes do Estado Novo, o processo de industrialização se dava à revelia do Estado, através da iniciativa privada.
Com Vargas, o Estado passou a investir em indústrias de base, criando condições para o investimento de particulares.
É dessa época a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (1940), da Companhia Vale do Rio Doce (1942), da Companhia Nacional de Álcalis (1943) e da Hidrelétrica de São Francisco (1945), especificamente para o abastecimento de energia elétrica da Região Nordeste.
Nesse processo, o início da II Guerra Mundial colaborou bastante, por dois motivos:
As indústrias europeias se voltaram para os produtos de guerra, deixando o mercado interno brasileiro livre. Deste modo, criava-se espaço para que a indústria local se desenvolvesse;
Os EUA, interessados na parceria com os países da América Latina, decidiu estreitar laços, concedendo empréstimos e facilitando o pagamento da dívida externa.
Uma das consequências do surto de industrialização pode ser observada neste gráfico. Leia os dados com atenção:
Setores interligados
Essa atividade que você acabou de fazer nos ajuda a lembrar algo que vimos na aula 1: a sociedade é formada por setores diversos, todos eles interligados. Afinal, tudo pode estar conectado: o governo Vargas, a II Guerra Mundial e a migração de um trabalhador rural, em busca de melhores condições de vida.
Sobre o tema da urbanização, é importante termos em conta duas formas de encarar o processo:
Por um lado, ele é considerado benéfico, pois uma sociedade urbanizada é vista como mais moderna, oferecendo melhores condições de moradia, educação e saúde aos cidadãos.
Por outro lado, quem mora em cidades grandes pode perceber, no seu dia a dia, que nem tudo do que se espera da vida urbana é alcançado. Ela pode ser bastante excludente, gerando miséria, falta de instrução e de atendimento médico.
Além disso, a superlotação das cidades contribui para o desenvolvimento da violência e da poluição.
Enfim, fica a dúvida sobre como encarar a questão. O que você acha?
Setores interligados
Para encerrarmos esse trecho sobre Economia, vale dar uma “espiadinha” na forma como estava a relação entre o governo e os trabalhadores.
Na aula 1, tivemos a oportunidade de ver como os trabalhadores foram importantes para a consolidação do poder de Vargas. Aqui, já nos referimos a esse tema de modo indireto, quando dissemos que a forma como Vargas começava os seus discursos era: “Trabalhadores do Brasil”.
De fato, o Ministério do Trabalho foi um dos mais ativos na constituição do Estado Novo. A sindicalização, antes compulsória, passou a ser obrigatória. As leis trabalhistas, tanto as garantidas pelas Constituições de 1934 e 1937 quanto às criadas por decretos ao longo do Estado Novo, foram reunidas em 1943.
O conjunto foi batizado de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Em vigor ainda hoje, a CLT trata de assuntos como carteira de trabalho, salário mínimo, descanso semanal, férias, trabalho feminino, entre outros.
 Assim como muitos decretos criados antes, esse também foi apresentado aos trabalhadores no dia 1º de Maio, Dia do Trabalho, o que contribuiu para que Vargas recebesse o apelido de “Pai dos Pobres”.
Ou seja, o Presidente era visto como o protetor dos desvalidos, aquele que amparava os homens e mulheres que precisavam sobreviver com apenas um salário. Essa é uma maneira de encarar os fatos. 
Por outro lado, devemos perceber que muitas dessas conquistas já vinham sendo exigidas desde a década de 1920. Logo, Vargas entregava aos trabalhadores aquilo que eles tinham lutado para conquistar, mas de tal maneira que parecia ser ele o grande benfeitor.
Resta decidir: a população era ingênua politicamente ou apenas fingia ser?
 Talvez a resposta esteja na multiplicação dos enfoques. Deveria haver pessoas que realmente acreditavam na bondade do Presidente, assim como outros não se deixavam enganar, sendo inclusive punidos por expor suas ideias.
 Entre um extremo e outro, é provável que muitos entendessem o jogo político de Vargas, mas o achassem conveniente. Afinal, entre um presidente que fingia “presentear” os trabalhadores com as conquistas que eles mesmos alcançaram e outro que sequer percebesse a sua existência, a primeira opção poderia soar melhor. E você, o que pensa?
A II Guerra Mundial
Você deve se lembrar de que, ao longo da aula, nos referimos em alguns momentos à simpatia de Vargas pelos regimes autoritários nazifascistas.
Quando a II Guerra Mundial foi declarada, em 1939, a tendência de Vargas era apoiar a Alemanha de Hitler, escolhendo o Eixo no lugar dos Aliados. Caso essa tendência se concretizasse, seria um grande golpe para os EUA, que tendiam a apoiar o lado oposto.
Por esse motivo, houve muitos esforços diplomáticos para que Vargas mudasse de ideia, incluindo a facilitação do pagamento da dívida externa e um empréstimo que permitiu a construção da Companhia Siderúrgica Nacional.
Diante de tais “pressões”, Vargas decide apoiar os EUA, mandando tropas para a Europa, sobretudo para a Itália.
Esse foi o último grande conflito mundial em que o Exército brasileiro se envolveu. Se você tem interesse em conhecer melhor a atuação do Brasil na guerra, assista ao documentário Senta a pua! (Erik de Castro, 1999), sobre a Força Aérea Brasileira (FAB): (acesso em 16 jan. 2014). 
Na abertura do filme, existe uma explicação sobre o título, um grito de guerra utilizado entre os soldados.
O fim da guerraCom o fim da guerra, e consequente derrota do Eixo, Getúlio ficou em uma posição política delicada.
Ele, que tinha se inspirado nos regimes nazifascistas para construir o Estado Novo, enviara tropas para lutar contra esses mesmos regimes, ajudando a derrotá-los. Diante dessa situação, seria difícil sustentar seu próprio governo.
Fora isso, internamente os arranjos conquistados no início do regime se desfaziam. Aqueles que haviam aceitado o Estado autoritário em nome da paz e da segurança já não percebiam mais a utilidade dessa forma de governo, acreditando que o país poderia continuar a se desenvolver de forma democrática.
Diante das pressões, Getúlio convocou eleições e concedeu anistia aos presos políticos, além de permitir a organização de partidos.
O PCB, com Luís Carlos Prestes livre, voltou a atuar. Foram criados: a União Democrática Nacional (UDN) - liberal, de oposição a Getúlio -, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Democrático (PSB), ambos de situação.
As massas se agitaram em prol da continuidade de Getúlio no poder, o que ficou conhecido como “Queremismo”, movimento apoiado pelo PTB e pelo PCB .
Renunciou o Presidente Getúlio Vargas
Antes que Getúlio desse um Golpe novamente, as forças de oposição se uniram, exigindo sua deposição, o que foi alcançado em 29 de outubro de 1945.
 Chegava ao fim um período de 15 anos em que Vargas estivera à frente da Presidência. Como você pode acompanhar nesta aula e na anterior, foi um período agitado, cheio de disputas, em que muitas coisas mudaram no Brasil.
 E o saldo, foi negativo ou positivo? Como sempre, a resposta depende da forma como se olha a questão.
Como vimos em nossa aula, durante o Estado Novo a figura de Vargas se tornou quase onipresente. Ou seja, para onde quer que se olhasse, seria possível ver retratos do Presidente.
As imagens poderiam ter diversos tamanhos e formatos, mas seriam consideradas mais competentes se ganhassem grandes dimensões.
Observe as fotografias ao lado.
Você percebeu que, na foto da esquerda, apenas o busto do Presidente já é maior que o corpo inteiro das pessoas que carregam o cartaz?
 As duas fotografias são exemplos de uso da imagem do Presidente Vargas. A primeira pertence ao contexto do Estado Novo e apresenta estudantes reverenciando o Presidente. A segunda é uma escultura, encomendada pela prefeitura do Rio de Janeiro para adornar a entrada do Memorial Getúlio Vargas, inaugurado em 2004.

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