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Trypanosoma cruzi Doença de Chagas Protozoa Filo: Sarcomastigophora Subfilo: Mastigophora Classe: Zoomastigophora Ordem: Kinetoplastida Família: Trypanosomatidae Gênero: Trypanosoma Leishmania Protozoários que se locomovem por meio de flagelos, cílios ou paseudópodos Organismos unicelulares, eucariotos, que pertencem ao reino protista Heterótrofos, desprovidos de cloroplastos, dotados de um ou mais flagelos, ou com forma amebóide Um ou mais flagelos, que saem do bolso flagelar. Uma só mitocôndria que se diferencia no cinetoplasto Um só flagelo, livre ou ondulante Protozoários que apresentam um ou mais flagelos Descoberta do parasita • 1909 por Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas, denominando-o Schizotrypanum cruzi • Nos anos seguintes descreveu o quadro clínico da doença e aspectos patológicos • Em seguida identificou o inseto transmissor documentando a presença de Trypanosoma nos triatomíneos (Chagas, C. 1909. Nova Trypanosomíase humana. Estudos, morfologia e o ciclo evolutivo do Schizotrypanum cruzi, n. gen. n. sp. Agente etiológico de nova entidade morbida do homem. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 1: 159-218) Carlos Chagas com sua primeira paciente Berenice. O primeiro caso Entre nós, a iniciativa de medidas sanitárias justifica-se, sem duvida, em considerações bem mais elevadas: é o futuro de um grande povo que se deverá zelar; são deveres de humanidade e de patriotismo que devem actuar no espirito progressista dos homens de estado; é a vida humana, é progresso material, o aperfeiçoamento de uma raça que degenera, o obstaculo ao trabalho productivo, é á grandeza economica de vastas zonas do paiz; é, finalmente, o alto problema do povoamento do sólo por individuos fortes, tudo indicando a urgencia de medidas sanitarias (Chagas, 1911, p. 27-28). WHO, Weekly Epidemiological Record, Genova, 2: 10-12, 2002. A tripanossomíase americana ou doença de Chagas que afeta cerca de 9 milhões de indivíduos na América Latina, sendo que outras 100 milhões de pessoas se encontram sob risco de infecção O parasita • Parasita heteroxeno, eurixeno • Desenvolve-se no tubo digestivo de triatomíneos (hemípteros hematófagos), no sangue e nos tecidos de diferentes mamíferos (marsupiais – gambá, desdentados – tatu, quirópteros – morcego, roedores – rato, primatas – macaco, logomofos – coelho, carnívoros – cão e gato) • Não infecta aves nem répteis • Multiplica-se por divisão binária (assexuada) Vetores • Triatoma infestans – amplamente distribuído, estritamente domiciliar, • Panstrogylus megistus – ocorre nas áreas mais montanhosas e frias • T. brasiliensis – ocorre nas áreas mais quentes, importante no Nordeste • T.sordida, T.rubrofasciata,T.pseudomaculata, R. pictipes, P. geniculatus – importância secundária • Rhodnius prolixus – principal vetor na América Central Todos os estágios são hematófagos e transmissores Panstrongilus sp. Rhodnius sp. Triatoma infestans Ninfas do 1o. ao 5o. estágio Principais vetores Animais reservatórios • Tatus – Dasypus sp. – da Argentina aos EUA • Gambás – Didelphis marsupialis – o mais importante das Américas. Apresenta dois ciclos vitais distintos do parasita (sangue / tecidos e glândula de cheiro) • Rato – Rattus sp. – importante reservatório sinantrópico Ciclos de transmissão do Trypanosoma cruzi. Doença silvestre relacionada com desmatamento. 1975-1980-Inquérito Sorológico Nacional: 4,2%prevalência em áreas rurais; 2,7% na pop. geral do Brasil Após programas de eliminação do vetor: redução para 0,14% de crianças e adolescentes infectados no Br OMS - principal causa de morte súbita - problema social MG, BA, RS Mecanismos de transmissão • Vetorial – de maior importância epidemiológica. Forma infectiva: tripomastigota metacíclico • Transfusional – importante nas áreas urbanas. Forma infectiva: tripomastigota sangüícola • Congênita – importância relativa. Forma infectiva: tripomastigotas diferenciados a partir de ninhos de amastigotas na placenta • Acidental – inoculação por agulha ou contato com mucosa de material contendo tripomastigotas • Ingestão – leite materno, alimentos contaminados com fezes de triatomíneos, canibalismo. Forma infectiva: tripomastigotas • Transplante de órgãos – pode resultar em doença aguda grave. Forma infectiva: amastigotas Formas clínicas da doença de Chagas Forma Aguda Forma Indeterminada Parasitas no sangue Parasitemia e infiltrado inflamatório em diversos órgãos INFECÇÃO *Sintomática/Assintomática Sinais clínicos ausentes parasitemia Discretas alterações histopatológicas Forma Crônica Ausência de parasitas no sangue Sinais Clínicos: Cardite Progressiva (30% casos) Megacólon (10% casos) Megaesôfago (10% casos) Rossi & Ramos, 1996; Miles et al., 2003 Prata, 1994 Prata, 1994 * 1 – 4 meses * 10 – 30 anos * 10 – 30% indivíduos infectados Fase Aguda alta parasitemia alto parasitismo tissular edema periorbital (1-2%) Sinal de Romaña -Sintomática ( em crianças) ou assintomática -, linfadenite, chagoma de inoculação, febre, elevada parasitemia, início da produção de Ac específicos (2ª semana após a infecção) miocardites/encefalites agudas •Sinal de Romaña, •chagoma de inoculação, início da produção de Ac específicos (2ª semana após a infecção) Forma Indeterminada -Fase latente: 10-30 anos - ausência de sinais/sintomas, exames parasito/sorológicos positivos Fase Crônica baixa parasitemia baixo parasitismo tissular nenhum sinal aparente diferentes formas CardíacaDigestiva Cardio-digestiva * 10 – 30% indivíduos infectados -Fase crônica: cardiopatias, megas (cólon, esôfago), mista Cardite Progressiva (30% casos) Megacólon (10% casos) Megaesôfago (10% casos) Fisiopatogenia das formas cardíacas • Substituição do tecido muscular por fibrose – diminuição da força contrátil do miocárdio – IC • Formação de trombos intracavitários – estase sangüínea nas áreas de flacidez muscular – aneurismas – fenômenos tromboembólicos • Comprometimento do sistema nervoso autônomo – feixe de Hiss, nódulo sinusal, nódulo AV – Bloqueios de condução- bloqueios de ramo, arritmias, BAV, morte súbita CARDIO MEGALIA ANEURISMA APICAL Fisiopatogenia das formas digestivas • Destruição do plexo mioentérico pelo infiltrado inflamatório • Alterações da peristalse • Estase do conteúdo do tubo digestivo • Cursam com • Cursam com disfagia, refluxo gastro-esofágico • Constipação intestinal Forma digestiva – megaesôfago, megacólon Dilatação de alça intestinal Resposta imune/inflamatória Interação parasita/célula Rompimento Liberação de fragmentos celulares e antígenos parasitários Inflamação focal aguda proporcional aos ninhos de parasitas Formação de Ac IgG e IgM Redução da parasitemia -Glicoproteína de 160 kDa Homóloga a proteína regulatória da via do complemento fator de aceleração de decaimento Liga-se ao C3b e C4b inibindo a formação do complexo de ataque à membrana -TS- Sialilação da superfície do tripomastigota Escape da via do complemento Escape do sistema imune Clínico – • sinais de porta de entrada , • febre, • adenopatia, • edema, • hepatoesplenomegalia, • taquicardia, • alterações ECG • diag. Laboratorial Diagnóstico •Fase aguda - parasitemia, Ac inespecíficos, início de Ac específicos IgM e IgG -Parasitológico: exame de sangue a fresco, gota espessa, corado pelo Giemsa, cultura, inoculação em camundongos, xenodiagnóstico e hemocultura(resultados demorados) -Sorológico: RIFI (IgM cte na fase aguda), ELISA •Fase crônica: parasitemia, Ac específicos -Parasitológico: Xenodiagnóstico, hemocultura, inoculação em ratos -Sorológico: RFC, RHA, RIFI, ELISA (Leishmania: diag cruzado) Lise mediada por complemento, pequisa de AC anti-tripanossoma vivos, PCR Diagnóstico gota espessa, Xenodiagnóstico Elisa Elisa Immunoblot Microssatélites de DNA Microssatélites de DNA Nesta, além disto, o raio x de tórax evidencia aumento da área cardíaca e o eletrocardiograma mostra as alterações que a doença provoca no coração. Cardíaca Xenodiagnóstico X hemocultura X PCR •Xeno: ninfas prevalentes da região, repetições de coletas (Coura et al -1991- 46,3% de positividade em uma amostra, 53,2% na segunda e 57,7% na terceira) Desvantagens: resultado demorado, criação de triatomíneos, rejeição do paciente, alergia •Hemocultura: > sensibilidade com > volume de amostra, > n de amostras, uso do meio LIT, < tempo entre coleta e processamento •PCR: Elevada sensibilidade, porém com diferenças regionais, aparelhagem cara e pessoal altamente treinado - uso como prova confirmatória, no pós terapêutico, em estudos, na detecção do nível de parasitemia em imunodeprimidos Revisão - Portela-Lindoso e col (2003) -Parcialmente ineficaz, sem cura definitiva - monitorar por 5 anos -Critério de cura: negativação parasitológica (xeno, hemocultura e PCR), negativação da sorologia convencional, LMCo e AATV -Diferenças regionais de suscetibilidade do T. cruzi Nifurtimox Benzonidazol Tratamento QUIMIOTERAPIA Benzonidazol®-Roche a: Ação direta do radical nitroânion b: Geração de radicais livres de oxigênio c: Produção, por redução, de moléculas reativas (nitroso e hidroxilamina) d: Inibição direta de enzimas Pequena ou nenhuma atividade na fase crônica Grande efeito teratogênico, mutagênico e carcinogênico Mecanismos de ação N N NO2 O NH Nifurtimox®-Bayer OO2N N H N S O O CH3 Nitrofurânicos Nitroimidazólicos LAMPIT® ROCHAGAN ® Profilaxia -Melhoria das habitações rurais, higiene e limpeza -Combate ao barbeiro - inseticidadas - Carvalho e cols(2000) sugeriram associação entre da transmissão e medidas profiláticas em SP - 13,3% de T. infestans infectados (1968) - 1,5% em 1976 -Identificação e seleção dos doadores de sangue ou esterilização do sangue pela violeta de genciana -Controle de transmissão congênita -Vacinação: em estudos Como é feito o controle da transmissão da doença? Física: -melhorias habitacionais - incluindo recuperação de telhado, adequação das áreas de iluminação, aplicação e/ou complementação de reboco, substituição de paredes de taipa, adição de instalações sanitárias, pintura e pavimentação; -construção de novas unidades quando não for possível recuperar as existentes; -construção de unidades sanitárias equipadas com fossa sumidouro; -construção ou recuperação de sistemas de abastecimento de água; L-impeza do terreno, adequação de instalações contíguas (galinheiros); -ações de combate a focos de infestação intra e peri domiciliares através da aplicação de produtos químicos, quando as condições existentes exigirem; Sócio - Educativa: -programas de educação sanitária, ambiental e de saúde; a ser obrigatóriamente desenvolvido com as comunidades beneficiadas; -programas de capacitação de mão de obra da população local nas atividades de construção para aquelas localidades onde o sistema construtivo adotado for sob a forma de mutirão de mão de obra Para controlar a transmissão transfusional, é necessário fiscalizar a qualidade do sangue dos doadores, mediante exames que comprovem que eles não são portadores da doença. The Case of Charles Darwin In his own words: "We slept in the village, which is a small place, surrounded by gardens, and forms the most southern part, thatis cultivated, of the province of Mendoza; it is five leagues south of the capital. At night I experienced an attack (for it deserves no less a name) of the Benchuca (a species of Reduvius) the great black bug of the Pampas. It is most disgusting to feel soft, wingless insects, about an inch long, crawling over one's body. Before sucking, they are quite thin, but afterwards become round and bloated with blood, and in this state are easily crushed. They are also found in the northern parts of Chile and in Peru." This insect was the triatomid, Triamtoma infestans, of which today more than 70% of the insects in that region are infected with T. cruzi. Also 12% of the population in Mendoza today has antibodies against T. cruzi. Darwin returned to his ship and even brought back some of these insects and fed them on the sailors. Darwin was at that time one of the most active members of the Beagle's crew. He often took long overland expeditions and was a mountain climber. He retuned to England in 1836 and in 1838 his health suddenly became poor. His health became progressively worse and he suffered from periodic vomiting, fatigue and flatulence. After social dinners he had violent shivering and vomiting attacks, and mainly for these reasons he gave up all social interactions. His diaries are full of descriptions of his mysterious illness. He wrote to the Botanist, Joseph Hooker, in 1845: "I believe that I have not had a whole day, or rather night, without my stomach being greatly disordered, during these last three years, and most days great prostration of strength.“ In 1849 he was too ill to attend his father's funeral. He wrote: " I was quite broken down, head swimmy, hands trembling and never a week without violent vomiting." Did Darwin have Chagas Disease?
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