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O Segundo Sexo - Resumo

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1 
 
Nome: Ana Flávia Moraes de Souza 
 
RESUMO DO LIVRO “O SEGUNDO SEXO” DE SIMONE DE BEAUVOIR 
 
 “O Segundo Sexo – Fatos e Mitos” de Simone de Beauvoir é uma das grandes 
obras recomendadas para o entendimento do feminismo. Simone é muito conhecida pela 
marcante frase “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”, e, nesse livro, ela mostra 
como essa construção do sexo feminino acontece historicamente. À luta pela liberdade 
da classe, a autora retrata os meios de um indivíduo se realizar dentro da identidade 
feminina. Na tentativa de entendimento de como e por qual motivo ocorre a 
diferenciação das classes na sociedade, o livro faz abordagens em diversas áreas e 
dimensões. A primeira área citada é a biológica. 
 Esse primeiro capítulo se inicia com a afirmação de que a mulher é “uma matriz, 
um ovário; é uma fêmea” e que isto já é o bastante para defini-la. Na sociedade, o termo 
“fêmea” soa como um insulto, enquanto o termo “macho” é motivo de orgulho e 
satisfação de quem é assim chamado. Simone, então, demonstra que na natureza a 
separação das classes e a submissão da fêmea ao macho ocorrem em raros casos. 
 Na natureza, o macho não se encontra totalmente realizado. Espermatozoides e 
óvulos são resultados de um desenvolvimento das células originalmente iguais. Hoje é 
entendido que, segundo a espécie, é o gameta masculino ou o feminino que decide e 
determina o seu sexo. Nos mamíferos, por exemplo, é o espermatozoide que apresenta 
um cromossomo heterogêneo aos outros, sendo sua potencialidade ora feminina, ora 
masculina. Já a transmissão das características que são passadas dos pais para os filhos, 
elas acontecem segundo as leis estatísticas de Mendel, tanto pela mãe, quanto pelo pai. 
 É de suma importância perceber que nenhum dos gametas possui prioridades ou 
privilégios nesse encontro. Ambos se dedicam em sua totalidade em absorver o ovo a 
sua substância. Com isso, percebemos dois tipos de preconceitos que são, na verdade, 
falsos: o primeiro é o da passividade da fêmea, e o segundo é que a permanência da 
espécie é assegurada pela fêmea. De acordo com as leis da hereditariedade, mulheres e 
homens saem igualmente de um óvulo e de um espermatozoide. 
 Assim, é notório que teremos que esclarecer esses dados da biologia em um 
contexto mais ontológico, social e psicológico. A submissão da classe feminina à 
espécie e os limites de suas predisposições são fatos de grande relevância a ser 
entendido. O corpo da mulher é um dos elementos principais da situação que ela ocupa 
2 
 
no mundo, porém, ele não é o bastante para defini-la. O importante a se descobrir é o 
motivo de a mulher ser vista como “o outro”. A história deve ser estudada, a fim de nela 
encontrarmos alguma razão para esse “segundo sexo”. 
 O segundo capítulo fala sobre esse ponto de vista um pouco mais histórico, o 
ponto de vista psicanalítico. Como dito no capítulo passado, a parte biológica apresenta 
dados importantes, mas que não foram vividos. No inicio do capítulo, ela afirma que o 
corpo de um indivíduo não é esse definido previamente pelos cientistas, mas, sim, o 
corpo ativamente vivido pelo sujeito. A mulher é uma fêmea na medida em que se sente 
assim. “Não é a natureza que define a mulher: está é que se define retomando a natureza 
em sua afetividade.” (BEAUVOIR, p.59.) 
 Ela mostra que é não é simples discutir a psicanálise, já que apresenta uma 
somatória de conceitos complexos, e, posteriormente, faz crítica à interpretação 
psicanalítica da mulher. “Não é empresa fácil discutir a psicanálise. Como todas as 
religiões – cristianismo, marxismo – ela se revela, sobre um fundo de conceitos rígidos, 
de uma elasticidade embaraçante.” (BEAUVOIR, p.60.) 
 O falo masculino, por exemplo, ora é considerado totalmente verídico e ao pé da 
letra, ora é considerado simbolicamente. A mesma elasticidade acontece quando certa 
doutrina é criticada: se é uma crítica negativa, é dito que o julgamento não pode ser 
levado ao pé da letra, enquanto uma crítica positiva deve ser vista em seu sentido literal. 
Nessa parte fica o questionamento: onde está a verdadeira psicanálise? Alguns 
psicanalistas tentam explicar que esse problema vem, justamente, dos próprios 
psicanalistas. 
 Sartre e Merleau-Ponty afirmam que “a sexualidade é coextensiva à existência”. 
É verossímil um acordo e uma aceitação entre sexualidade e existência, porém, o que 
acontece é a limitação ao se passar de uma para a outra. O sentido de sexualidade fica 
limitado quando é restringido a uma distinção do “sexual” e do “genital”. “O sexual em 
Freud é uma aptidão intrínseca para animar o genital” diz Dalbiez. Essa aptidão é um 
tipo de possibilidade que é provida pela realidade. 
 Freud não se preocupa em desvendar o destino da mulher, ele pretendia 
compreende-lo a partir do destino do homem. Antes de Freud, o sexologista Marañon 
declarou que a libido e o orgasmo eram uma força viril, ou seja, a mulher que atingia 
seu orgasmo era chamada de “viriloide”. Nesse ponto, Freud é um pouco menos 
perverso, já que diz que a sexualidade feminina é tão desenvolvida quanto a masculina. 
3 
 
Porém, ele diz, também, que a libido é de uma força de essência masculina. A 
diferenciação da sexualidade só se daria na fase genital. 
 
 Freud pôs em foco um fato cuja importância, antes dele, não se havia 
 ainda reconhecido totalmente: o erotismo masculino localiza-se 
 definitivamente no pênis, ao passo que há, na mulher, dois sistemas eróticos 
 distintos: um clitoridiano, que se desenvolve no estágio infantil e outro, vaginal, 
 que surge após a puberdade. (BEAUVOIR, p. 61.) 
 
 O adolescente homem tem o desenvolvimento de sua sexualidade na fase 
genital, e logo passa da fase auto-erótica para a atitude hétero-erótica, onde o prazer é 
relacionado a um objeto, que geralmente é a mulher. Com a mulher é um pouco 
diferente. Quando ela sai da fase auto-erótica é necessário que ela saia da fase 
clitoridiana para a vaginal, porém, nem sempre é isso que acontece. Quando esse estágio 
não ocorre, a garota continua em um período infantil, desenvolvendo alguns tipos de 
neuroses. 
 Na infância, a criança tem um objeto como ponto fixo. Os meninos se prendem 
na mãe e necessitam de uma identificação com o pai, na mesma intensidade em que eles 
o temem. Esse temor acontece por medo de castigos e implica em relações de 
sentimentos agressivos, ao mesmo tempo em que a autoridade do pai é respeitada. Essas 
relações tendem a deixar nos filhos as suas primeiras regras morais. Freud descreve, ao 
mesmo tempo, a menina. Estas se sentem mais atraídas pelo pai, porém, em torno dos 
seus cinco anos de idade, ela descobre a diferença que existe entre os gêneros e entende 
a sua falta de pênis como um tipo de castração. Com a intenção de se parecer com o pai, 
um sentimento de rivalidade em relação à mãe é criado. Porém, ao contrário do 
superego masculino, o feminino é frágil. A menina reagirá à situação recusando sua 
feminilidade e desejando um pênis para que possa ser mais semelhante ao pai. Com essa 
análise, é perceptível que Freud acredita que a mulher se sente inferior por não possuir o 
órgão genital masculino e lamenta por não ser semelhante ao homem. “O fato de o 
desejo feminino voltar-se para um ser soberano dá-lhe um caráter original, mas a 
menina não é constitutiva de seu objeto, ela o sofre.” (BEAUVOIR, p. 63) Esse sistema 
de Freud, porém, é insuficiente. Ele não explica de onde vem essa soberania do pai 
sobre a mãe. 
4 
 
 Por causa desse parco sistema, Adler rompe com Freud. De acordo com Adler, o 
homem vive três dramas: a vontade de poder; a inferioridade de obter o poder; os 
subterfúgios de evitar a realidadeque receia não poder conquistar a vitória. Com isso, é 
notório que há certa distância entre o indivíduo e o meio em que lhe provoca medos e 
neuroses. Na mulher, a inferioridade vem da vergonha em expressar o seu feminismo, 
enquanto o homem se orgulha do simbolismo que a sua posse e a sua classe representa 
na sociedade. O comportamento da mulher diante disso seria, então, se masculinizar, ou, 
lutar por meio das armas que o feminismo dispõe. Na maternidade, por exemplo, ela 
passaria a enxergar o filho como um substituto para o pênis e aceitaria o seu 
desempenho como mulher, assim como a sua dita inferioridade. 
 Após a apresentação das ideias e sistemas de Freud e Adler, Simone expõe que 
ambas as teorias são vagas e insuficientes para uma explicação de inferioridade e 
diferenciação de classes. Com isso, percebemos que não se explica pela psicanálise o 
fato da mulher ser “o outro”. A sexualidade não é um dado, a libido feminina só foi 
investigada a partir da libido masculina e, jamais a partir da subjetividade da mulher, já 
que sua passividade não é algo a priori. A mulher se encontra em um mundo de valores 
e suas opções de condutas são livres, é ela quem escolhe como se deixa ser objeto. Ela 
projeta-se em um passado que não é seu, em um presente que sem faz em um rumo de 
um futuro que ainda não é uma propriedade sua. A mulher é um ser humano tanto 
quanto o homem, e, cada vez mais, se faz necessário conhecer e entender o mundo em 
que ela se encontra, sob uma perspectiva existencial. 
 O ponto de vista do materialismo histórico colocou em evidência algumas 
verdades importantes. A humanidade não é uma espécie animal, mas, sim, uma 
realidade histórica. A mulher não pode ser definida apenas como um organismo 
sexuado, ela é um reflexo de uma situação que depende da estrutura econômica da 
sociedade, estrutura na qual reflete o grau de evolução dessa sociedade. Até esse ponto, 
Beauvoir dá razão ao Friedrich Engels. Ela também o apoia em seu sistema que diz que 
é a partir do cobre que os homens entendem como podem crescer no ramo da 
agricultura e, assim, transformar a natureza. Porém, mais adiante ele diz que a 
diferenciação dos gêneros se dá unicamente por causa dos avanços tecnológicos, e, por 
isso, Simone o repreende. No pensamento da autora, Engels procurou tanto explicar o 
interesse do homem pela propriedade privada e a diferenciação das condições do 
homem com as condições da mulher apenas por dados do materialismo histórico, não 
podendo compreender o homem em sua totalidade. A falta construtiva do ser é uma 
5 
 
condição original do existente. Quando o homem anseia e busca por algo, este tende a 
superar uma determinada situação-limite. Beauvoir (2009, p.92) refere-se ao homem 
como “transcendência e ambição que projeta novas exigências através de toda nova 
ferramenta”. Há muitos anos atrás, em uma propaganda da antiga URSS, era afirmado 
que mulheres e homens eram iguais e livres, já que eram trabalhadores com os mesmos 
direitos e possibilidades. Porém, para Beauvoir, não se pode afirmar isso, 
principalmente naquela época, sem má fé. 
 Em suma, nessa primeira parte do livro podemos perceber que, para a autora, é 
totalmente impossível compreender o homem em sua totalidade pelos ramos puramente 
biológicos, sociológicos, materialistas, e, nem no ponto de vista psicanalítico. Todos 
apresentam argumentos e teorias insuficientes para a total compreensão. A primeira e 
principal coisa a ser feita é entender o valor que o próprio homem dá ao seu projeto 
fundamental.

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