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Online 9 – Principais marcos teóricos
Nesta aula, vamos rever os momentos iniciais da ciência museológica, para localizar seus principais marcos teóricos.   Vamos ver que o pensamento museológico sempre foi direcionado para realizar reflexões e ações junto com a sociedade, a partir dos museus.   Bons estudos!
Revisão introdutória
Séc XV - No século XV, objetos raros e exóticos eram selecionados por critérios puramente pessoais e guardados em locais – geralmente localizados nas próprias casas dos colecionadores – chamados de "gabinetes de curiosidades".
Séc. XVI - A partir do Renascimento – século XVI –, foram agregados aos objetos, além dos valores estéticos e monetários, também o valor histórico. Era o período da Revolução Comercial.
Séc. XVII e XVIII - Você também viu que com o advento da Revolução Científica, a partir do século XVII – e ao longo do século XVIII –, os objetos passaram a ser selecionados também pelo seu caráter científico, em geral ligados à História natural e cultural do Novo Mundo.
Porém, foi durante a expansão imperialista europeia que os primeiros museus criados no século XVIII integraram às suas coleções objetos que interessavam mais à pesquisa científica.
Daí em diante, os museus passaram a ser abertos ao público e tornaram-se centros de produção de conhecimento, principalmente para a História Natural e para a Antropologia.
 Você aprendeu que nessa época os museus também passaram a ser usados como aparatos ideológicos de estado, celebrando o nacionalismo, a cultura do país e o prestígio de personagens da classe dominante.
Viu que, daí em diante, as exposições se caracterizaram pela grandiosidade; pela monumentalidade.
Desde então, os objetos deixaram de ser coletados somente pelo seu caráter científico e passaram a ser também selecionados e exibidos para ilustrar aquele período histórico, como símbolos de riqueza e domínio europeu sobre o mundo.
Séc. XIX - Seguindo nossa rápida revisão, vimos que durante o século XIX as exposições foram marcadas por uma forma enciclopédica de apresentar as coleções.
Séc. XX - Podemos lembrar que nessa fase, ainda que os museus passassem a estar abertos ao público e voltados para a divulgação de conhecimento, somente no início do século XX esse propósito foi ampliado e organizado como uma ação efetiva, especialmente na França, para depois ser copiado por outros países.
Podemos então concluir que o resultado prático desse primeiro “pensar museológico” foi a criação de uma “pedagogia museal”. Isto é, a construção de ações educativas efetivas, organizadas pelos museus para serem realizadas nos museus e direcionadas para o público em geral.
Os primeiros passos
É dessa época em diante que a Museologia passa a ser epistemologicamente pensada, isto é, pensada de uma forma organizada, ordenada.
Esse é o seu primeiro marco teórico.
Portanto, podemos concluir que a partir desse momento a Museologia passa a existir de fato como ciência.
O resultado prático desse primeiro “pensar teoricamente o conhecimento museológico” foi a criação dos serviços de difusão educativa para jovens e adultos através de oficinas de pintura, escultura, teatro e cenografia dentro do próprio museu, com aulas regulares ministradas por profissionais.
 Mas ainda nessa fase persistia um problema: como exibir e o que exibir nas exposições ainda era decidido por um pequeno número de especialistas que não consideravam o olhar do público.
Não havia diálogo na comunicação museológica.  As coleções continuavam a ser apresentadas no nível abstrato, sem convidar o visitante ao diálogo. Eram exibidas para serem contempladas.
O público não interagia com a mostra. E os museus brasileiros seguiram esse mesmo modelo.
No Brasil
Os museus de ciência brasileiros foram os primeiros a receber regularmente grupos de estudantes e escolas.
Por isso, foram os pioneiros na criação de serviços de difusão educativa para a divulgação dos resultados das suas pesquisas para os jovens e os leigos através de linguagens mais acessíveis.
O Museu Nacional, no Rio de Janeiro, foi o primeiro a criar uma área de difusão educativa para transmitir seus estudos de Antropologia e História Natural.
Logo foi seguido pelo Museu Paraense Emilio Goeldi – que pesquisava a natureza amazônica – e o Museu Paulista, que também estudava a História Natural do Brasil e de outros países da América do Sul.
Outros institutos de pesquisa – como o Butantã em São Paulo e o Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro – seguiram esses mesmos passos.
Assim, podemos concluir que, tanto no Brasil como nos demais países, o primeiro marco teórico da Museologia se deu quando as coleções e as pesquisas dos museus passaram a ser organizadas para permitir seu acesso ao público leigo através dos serviços de difusão educativa.
Assim as primeiras questões pensadas pela ciência museológica foram a recepção de público e a transmissão de conhecimento para públicos constituídos por não especialistas.
Importante: você pode notar que até esse momento o conceito de "fato museológico" – que chama a atenção do público para fazê-lo deparar-se com a sua realidade e incitar reflexões e ações – ainda não existia.
Portanto, você pode ver que a recepção de público sempre foi um problema a ser resolvido. Clique aqui e saiba mais sobre este assunto.
Ações mais atraentes para o público
Embora os museus já possuíssem uma função educativa, havia a necessidade de tornar suas ações mais atraentes para o público e os conhecimentos mais acessíveis às pessoas de maneira geral.
Repare que, desde os seus primeiros passos, o pensamento museológico se esforçou para aproximar os museus da sociedade, isto é, das pessoas comuns, e não apenas continuar a acolher os especialistas, como era antes. Mas para isso foi preciso modificar seu comportamento institucional. A primeira mudança foi na forma de apresentar os acervos, e depois, na maneira de comunicar-se com as pessoas.
Você pode lembrar que até então os acervos eram expostos para serem apenas contemplados, e isso provocava um afastamento. Além disso, muitos objetos eram raros, valiosos, e por isso cercados de segurança, fazendo com que o público só pudesse apreciá-los de certa distância e sob regras rígidas. Isso só afastava as pessoas dos museus, porque os acervos eram vistos uma vez e raramente revistos, já que ficavam estáticos por muito tempo.
Outro problema era que os acervos eram exibidos sem formar um conjunto articulado com o tema, e os temas normalmente eram distantes das questões importantes da atualidade.
Você sabe que nesse período a maioria dos países da América Latina viviam sob regimes autoritários que impediam o debate de importantes questões sociais. E é claro que os museus – entre outras instituições educativas e culturais – eram controlados por esses regimes.
Questões como liberdade de expressão, justiça econômica e social, cidadania e direitos eram excluídas de qualquer debate. Qualquer acervo ou tema que fizesse ligação com essas questões eram proibidos. Assim, as exposições praticamente voltaram a ser contemplativas.
Além disso, até a década de 1970 as tecnologias de informação e comunicação não eram aplicadas na ambientação das exposições, e isso as tornava ainda menos dinâmicas.
O principal desafio era: quais temas poderiam ser abordados e quais tipos de acervo poderiam ser expostos – sem “riscos” –, que fossem capazes de atrair os visitantes e os fizessem participar da mostra? A solução para essa questão foi novamente encontrada pelos museus de ciência.
Interatividade
Foi somente na década de 1970 que começaram a surgir os chamados "museus vivos" ou "interativos".
No início, eram grandes aquários e zoológicos onde os animais ficavam soltos e podiam ser observados mais próximos do seu habitat natural. As visitas eram guiadas por biólogos e oceanógrafos que explicavam ao público – geralmente jovem – os conhecimentos sobre a fauna e a flora, atraindo grande número de visitantes.
Em São Paulo, o Simba Safári foi uma experiênciade sucesso. Outros museus seguiram esses exemplos, como a Estação Ciência, em São Paulo, o Museu da Vida no Rio de Janeiro, e depois o Projeto Tamar, na Bahia.
Atualmente existem museus vivos em várias cidades do mundo trabalhando com diversos tipos de acervos e realizando experiências em parceria com empresas e escolas.
Essas iniciativas deram aos museus o que faltava para aproximá-los do público: a interação (ou interatividade). E também mudaram o conceito de musealização.
Como já vimos, o ato de musealizar consistia em selecionar os objetos conforme a importância a eles atribuída, para integrá-los a um acervo museológico. Ou seja: os objetos eram retirados do seu contexto original e guardados para serem pesquisados e exibidos em determinadas ocasiões.
Importante: o conceito de musealização ainda considera essa prática, mas os objetos e monumentos podem ser musealizados in situ. Isto é, podem permanecer no seu lugar de origem e passam a integrar um acervo a céu aberto, como patrimônio cultural.
A museografia também evoluiu com essas experiências, tornando as exposições atraentes e dando qualidade à ação educativa. 
Mas e quanto à finalidade dos museus? Como foi encarada desde então?
Pedagogia do Patrimônio
Esse conceito abrange todas as ações pedagógicas fundamentadas sobre o patrimônio cultural. São ações que incluem métodos, programas ou disciplinas que estabeleçam uma relação entre ensino e cultura.
A Pedagogia do Patrimônio foi uma noção pensada para ser aplicada nas escolas de todos os níveis como uma área interdisciplinar.
Ou seja, o patrimônio cultural pode ser ensinado através de qualquer método, programa ou disciplina, e esse ensino pode ser destinado a alunos de qualquer nível escolar ou social.
A base da Pedagogia do Patrimônio é a democratização do conhecimento sobre o patrimônio cultural, ou seja, a construção de uma posse coletiva da expressão cultural dentro de um território comum.
Isso significa abrir campo para investigar novos temas que transformem o estranhamento em pertencimento.
Tesouros Humanos Vivos ou Patrimônio Cultural Vivo
O alargamento da noção de patrimônio fez com que se chegasse à noção de patrimônio intangível – imaterial – como fonte essencial de identidade. Esse tipo de patrimônio mantém fortes ligações com o passado, ou seja, com a memória coletiva e com as comunidades.
O debate em torno desse conceito também reconheceu a fragilidade de várias expressões culturais, que em muitos casos se encontravam até em vias de extinção, tendo sido urgente a tomada de medidas para a sua preservação.
Por isso foram consideradas importantes as ações para proteger as expressões culturais intangíveis ( musicas, danças, festas populares, artesanatos, locais, tradições orais), principalmente aquelas manifestações conhecidas apenas por poucas pessoas da comunidade .
Havia o risco de essas expressões serem perdidas para sempre ou ameaçadas por referências globalizadas divulgadas pela mídia, que destrói as culturas locais.
Assim, para proteger essas referências culturais locais, a Declaração de Caracas propôs o reconhecimento dos Tesouros Humanos Vivos.
Isso significava identificar as pessoas portadoras desse patrimônio e garantir que elas pudessem continuar a exercer as suas habilidades, seus conhecimentos, suas destrezas, por meio de um reconhecimento oficial.
Portanto, os Tesouros Humanos Vivos ( patrimônios Culturais Vivos) são pessoas que possuem os conhecimentos e as técnicas necessárias para manifestar os aspectos da vida cultural de um povo.
O objetivo é preservar as expressões da cultura que a comunidade – ou mesmo o Estado – atribui um elevado valor histórico ou artístico, e que as pessoas que possuem esses conhecimentos possam prosseguir com seus trabalhos e ensinar outras pessoas para que essas manifestações não se percam.
 EX: Imagine uma pessoa que ainda em vida seja considerada uma importante referência cultural para uma determinada comunidade. Por exemplo: alguém que conheça uma prática que se tornou característica daquele grupo. Pode ser uma iguaria, ou uma artesania, um estilo literário, uma dança ou outra expressão que o grupo se aproprie dela e passe a ser reconhecido ou identificado por essa prática. Assim, para aquele grupo social que atribuiu a essa pessoa esse valor, ela é um Patrimônio Cultural Vivo.
Quer um exemplo mais concreto?
Então veja bem: os dois amigos Dodô e Osmar criaram na cidade de Salvador (BA) o primeiro trio elétrico no final da década de 1950. Enquanto eles viveram, ensinaram a sua arte para outras pessoas, que a reproduziram até que se tornasse uma expressão da cultura baiana. Por isso a dupla é considerada patrimônio cultural pelo povo da Bahia.
Mas essa noção pode ser também aplicada para grupos sociais menores, como por exemplo, de um bairro.
Qualquer pessoa detentora de uma expressão cultural característica daquela comunidade pode ser considerada um patrimônio cultural – esteja ela viva ou não –, se o grupo atribuir a ela esse valor.
Política Nacional de Museus
A Política Nacional de Museus – PNM – é um documento emitido pelo Ministério da Cultura em 2003, e o seu objetivo é democratizar os museus, sobretudo através de ações relacionadas a questões políticas, sociais e de memória coletiva.
Para isso, esses locais devem estar a serviço da sociedade e comprometidos com uma gestão democrática e participativa.
Essa postura defrontou os museus brasileiros com os seguintes desafios:
Promover e incentivar a criação de disciplinas – em todos os níveis e áreas de ensino – para debater o patrimônio cultural, como forma de proteger a memória coletiva e suas manifestações;
Criar e implantar sistemas para identificar e classificar os Tesouros Humanos Vivos, como forma de preservar a intangibilidade das nossas culturas e frear o processo de globalização das referências culturais;
Participar ativamente do processo de transformação da política museológica brasileira. Isso significa estudar, refletir, discutir e apresentar modos e estratégias para que os museus possam se aproximar das comunidades e suas expressões culturais.
Nesse sentido, há uma proposta de renovação de mentalidades, tanto no que se refere às ações que se realizam nos museus como na postura dos seus profissionais.
Trata-se de uma renovação das técnicas aplicadas na prática museológica, isto é, uma readequação da teoria orientada para a prática, com a capacitação dos corpos técnicos e administrativos dos museus nas novas tecnologias.
O PNM é um documento inovador, e que está atento à inovação.
Propõe o aprimoramento das políticas culturais  e o uso das tecnologias de informação e comunicação para aproximar os museus das comunidades e a capacitação do seu corpo técnico.
As noções de Pedagogia Patrimonial e Tesouros Humanos Vivos são resultado deste aprimoramento.

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