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APOSTILA I

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FACULDADE BOA VIAGEM 
CURSO DE DIREITO 
PROFª WANDA CARDOSO 
 
 
 
 
 
 
LÍNGUA PORTUGUESA 
( 1ª Unidade ) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recife 
2015 
2 
 
1. O HOMEM, A LINGUAGEM E A COMUNICAÇÃO 
 
 Desde os primórdios, o homem sempre quis se comunicar, a fim de compartilhar seus 
pensamentos, ideias e experiências de mundo. A aquisição da capacidade de transmitir uma 
determinada mensagem e ser compreendido pelo seu interlocutor tornou-se uma espécie de busca 
incansável do indivíduo através dos tempos, e, por esse motivo, o homem está sempre desenvolvendo 
novas formas de comunicação. 
Há vários meios eficazes para a veiculação de uma mensagem, no entanto, sem dúvida alguma, 
a linguagem humana se sobrepõe a qualquer outro meio de comunicação. Entende-se por comunicação 
o ato de tornar algum acontecimento comum a outras pessoas. 
Comunicação pressupõe comunidade. A comunidade é composta por indivíduos que se 
comunicam entre si, usando o mesmo código, isto é, o mesmo sistema convencional de palavras. Não 
haverá comunidade, se não houver comunicação ou entendimento entre as pessoas que compõem 
aquela mesma comunidade. Se não houver comunicação entre os integrantes de uma mesma 
comunidade, existirá apenas um grupo de pessoas reunidas, uma vez que elas não se entendem. Não 
se pode afirmar que existe interação social entre essas pessoas, exatamente, porque elas não se 
entendem. 
A comunicação é considerada um ato praticado entre os indivíduos que usam os mesmos signos 
linguísticos, ou seja, as mesmas palavras, cuja finalidade é transmitir uma determinada mensagem. 
Quem se comunica, age. 
 A comunicação representa um importante processo social, permitindo o relacionamento de 
qualquer grupo ou sociedade, recebe influências do meio físico, absorve traços culturais e psicológicos 
de grupos humanos. Não obstante o desenvolvimento dos meios de comunicação, com os aparatos 
tecnológicos viáveis nas mídias, sonoro e visual, a linguagem verbal é uma das mais utilizadas como 
meio de comunicação entre os indivíduos, representando-a individualmente ou reunidas em grupos ou 
classes. 
 É através da linguagem que se expressam ideias, sentimentos e comportamentos. Seja qual for 
o tipo de linguagem – verbal (oral ou escrita), não-verbal (expressão facial, postura, aparência), mímica, 
imagens etc. – ela reúne um conjunto de códigos do qual o emissor (interlocutor 1) se comunica com o 
receptor ( interlocutor 2). O receptor efetiva a comunicação ao decodificar a mensagem. Dessa forma, no 
processo tem-se um receptor que recebe a mensagem, um emissor que a emite e um canal de 
comunicação, que é o meio físico através do qual ela é transmitida. Para que exista a mensagem é 
preciso um tema, isto é, um motivo, que é a própria razão da comunicação. 
 A linguagem oral, por sua natureza, é efêmera e se perde no tempo com facilidade. Daí ser a 
escrita um meio de expressão e de comunicação entre os seres humanos responsável pelo 
levantamento da história de antigas civilizações que a utilizavam. 
 Os povos da Mesopotâmia foram os primeiros a se comunicar através de sinais e símbolos 
encontrados nas cavernas que datam de 3.500 a.C. Os egípcios, igualmente, deixaram em túmulos de 
seus reis e nobres, símbolos no ano 3.000 a.C. através dos quais se levantou a história dessa 
desenvolvida civilização. Na Índia, as gravações datam de 2.500 a.C. O primeiro alfabeto surgiu em 
Canaã, no ano de 1.400 a.C., dando origem aos alfabetos aramaico, hebreu, grego e, posteriormente, 
latino. 
 Alguns povos simplificaram sua escrita. Outros conservaram ideogramas e pictogramas. Alguns 
absorveram o alfabeto já existente em grupos sociais e o adaptaram, como é o caso dos coreanos. 
 Sabe-se que palavras e conjuntos de sinais utilizados pelo ser humano em sua comunicação 
mudam de significado com o passar do tempo e, enquanto palavras caem em desuso, surgem outras 
novas. Para tanto, contribuem as transformações sociais. O sentido das palavras varia, também dentro 
do texto. 
3 
 
 A linguagem adotada na escrita dependerá de vários fatores, bem como do tipo de redação. 
Enquanto na redação literária se emprega uma forma mais livre de escrever, na técnica e especializada 
existem manuais e regras específicas. Dessa forma, um diálogo entre advogados não pode ser o mesmo 
que o verificado entre dois caboclos, dois operários ou duas crianças. Assim, costuma-se distinguir a 
linguagem em coloquial ou afetuosa, regional e culta ou formal. Isso não significa que um nível é superior 
ao outro. Existe a liberdade linguística, mas o sucesso de quem escreve está na objetividade e clareza 
que permitem a comunicação com o maior número possível de receptores. 
 De acordo com o texto: 
 
O humor do texto de Dik Browne está diretamente atrelado a uma oposição entre a visão do 
monge que observa Hagar e sua família e o sonho do próprio Hagar, que revela os verdadeiros 
pensamentos e sentimentos do bárbaro. 
Para o monge, a personagem, dormindo um sono tranquilo com um sorriso de beatitude nos 
lábios, seria prova de que um viking vive em paz com a natureza, mansamente próximo aos seus. No 
entanto, nós, leitores dessa história, conhecemos também o sonho da personagem e sabemos que o 
sorriso de Hagar advém da lembrança de seu dia a dia e de seu prazer em saquear, atacar, pilhar. 
O monge menciona a “reputação injusta” dos vikings, que eles não seriam horríveis, e sim 
“verdadeiros cordeirinhos”. O fim da história, porém, apenas reafirma a fama de Hagar e do povo que ele 
representa. 
Embora se trate de uma história em quadrinhos e, portanto, não tenha pretensão de ser um 
retrato fiel da realidade, podemos dizer que o autor aborda uma questão importante e facilmente 
- O que você está 
fazendo? 
- Estou escrevendo o 
primeiro relato verdadeiro 
sobre os vikings. 
- As pessoas 
simplesmente não os 
compreendem – Eles são 
verdadeiros cordeirinhos. 
- São mesmo? 
- Você já viu uma cena mais 
tranquila? 
- Eu estou convencido de 
que os vikings têm uma 
reputação muito injusta! 
- Olhe só o Hagar 
recostado 
tranquilamente na sua 
casinha – um retrato de 
repouso digno. 
- Como alguém poderia 
chamar um homem com um 
sorriso como aquele de 
“Horrível”? 
- Você já viu um sorriso mais 
pacífico, satisfeito? 
 
- Não, desde o “Saque de 
Roma”. 
4 
 
comprovável: cada povo tem sua maneira de ser, de ver o mundo. Cada povo possui seus próprios 
valores, suas criações. Cada povo possui sua cultura e uma língua própria para traduzi-la. 
Segundo Bosi (1992), “Cultura pressupõe uma consciência grupal operosa e operante que 
desentranha da vida presente os planos para o futuro”. E como se desenvolve uma cultura? Vejamos. 
1.1. O Homem é um ser social 
O homem, como ser social, precisa se comunicar e viver em comunidade, que é onde troca seus 
conhecimentos e suas experiências. Estes, por sua vez, irão levá-lo a assimilar e compreender o mundo 
em que vive, dando-lhe meios para transformá-lo. Por ser social, o homem se difere dos outros seres 
que vivem reunidos pela capacidade de julgar e discernir, estabelecendo regras para a vida em 
sociedade. Tal concepção, nascida em A Política, de Aristóteles, implica estabelecer a necessidade de 
linguagem para que o homem possa se comunicar com os outros e, juntos, estabelecerem um código de 
vida em comum. Então, a linguagem, capacidade comunicativa dos seres, constrói vínculos entre os 
homens e possibilita a transmissão de culturas, além de garantir a eficácia dos mecanismos de 
funcionamento dos grupos sociais. 
Ao acumular as experiências de sua comunidade, o homem vai construindo uma cultura própria que 
é transmitida de geraçãopara geração. Para transmitir sua cultura e para suprir a necessidade de buscar 
a melhor expressão de suas emoções, suas sensações e seus sentimentos, o homem se viu diante de 
certos desafios: um deles foi o de criar e desenvolver uma maneira de comunicar-se com seus 
semelhantes. 
2. LINGUAGEM VERBAL E NÃO-VERBAL 
Existem várias formas de comunicação. Quando o homem se utiliza da palavra, ou seja, na 
modalidade oral ou escrita da linguagem, dizemos que ele está utilizando uma linguagem verbal, pois o 
código usado é a palavra. Tal código está presente, quando falamos com alguém, quando lemos, 
quando escrevemos. A linguagem verbal é a forma de comunicação mais presente em nosso cotidiano. 
Mediante a palavra falada ou escrita, expomos aos outros as nossas idéias e pensamentos, 
comunicando-nos por meio desse código verbal imprescindível em nossas vidas. 
- ela está presente em textos em propagandas; 
- em reportagens (jornais, revistas etc.); 
- em obras literárias e científicas; 
- na comunicação entre as pessoas; 
- em discursos (Presidente da República, representantes de classe, candidatos a cargos públicos etc.); 
- e em várias outras situações. 
 
 
 
 
 As linguagens não-verbais: Problemas e questões. Analisemos uma página interessante do livro 
Comunicação em Língua Portuguesa de Maria Margarida Andrade e João Bosco Medeiros. 
Vejam-se, na ilustração, os diferentes significados de um mesmo gesto: 
Este sinal demonstra que é proibido fumar em um determinado local. A linguagem utilizada é a 
não-verbal, pois não utiliza do código "Língua portuguesa" para transmitir que é proibido fumar. 
5 
 
 
O autor Roger Axtell enumera também, o segundo artigo publicado na Folha de São Paulo, 
algumas atitudes de significação diversa em diferentes países, sob o título: Como não cometer gafes no 
exterior. Eis alguns exemplos: 
 
Na Alemanha, apertar mãos com a outra mão no bolso é considerado falta de educação; cortar 
batatas ou panquecas com a faca sugere que estão duras. Na China, aponta-se com toda a mão e não 
com o dedo indicador. Na Coreia do Sul, não abra um presente logo após recebê-lo, somente mais tarde, 
quando estiver sozinho. Na França, formar um círculo com o polegar e o indicador, colocá-lo sobre o 
nariz e torcê-lo significa que alguém está bêbado. Na Índia, é falta de educação assobiar em público. Na 
Holanda, chupar o polegar significa que alguém está mentindo ou inventando uma história. No Líbano, 
lamber o dedo mínimo e depois passá-lo pela sobrancelha indica que alguém é homossexual. Na 
Noruega, se quiser deseja boa sorte para um pescador, cuspa para ele. No Peru, bater com o indicador 
no meio da testa significa que a outra pessoa é burra. Na Polônia, quem bater de leve com o dedo no 
pescoço está convidando seu interlocutor para beber. Na Turquia, considera-se falta de educação cruzar 
os braços sobre o peito enquanto se conversa com alguém. No Zaire, se seu anfitrião comer com os 
dedos, faça o mesmo, mas use apenas a mão direita (ANDRADE e MEDEIROS, 2006). 
 
As mensagens podem ser verbais (faladas ou escritas) ou não verbais: gestuais, tácteis, 
pictóricas ou gráficas. A comunicação não verbal envolve também outros aspectos, de natureza cultural, 
psicológica ou emocional, tais como: 
 
a) receber outra pessoa, sentado ou em pé; 
b) Estender a mão para apertar ou não estender; 
c) Curvar um pouco a cabeça ou a coluna; 
d) Ficar mais perto ou mais distante da pessoa com quem se fala; 
e) Apresentar-se com sorriso ou ―cara fechada; 
f) Demonstrar interesse (ler um papel que lhe é entregue) ou desinteresse (ignorar o papel); 
g) Demonstração de nervosismo/insegurança etc. (ou o contrário). 
 
O tipo de linguagem, cujo código não é a palavra, denomina-se linguagem não-verbal, isto é, 
usam-se outros códigos (o desenho, a dança, os sons, os gestos, a expressão fisionômica, as cores). 
Assim, a comunicação é uma ação intersubjetiva (falante e produtor de um enunciado e outro 
falante, chamado interlocutor de quem se espera a escuta e ou uma resposta explícita ou implícita). 
6 
 
Como se vê, as pessoas são os atores da comunicação. Para os teóricos da Linguística e da 
telecomunicação, a comunicação é o fato de uma informação ser transmitida de um ponto a outro 
(pessoa ou lugar). 
 
Filosoficamente, a comunicação é uma necessidade humana. Ela é dada como uma resposta à 
grande questão da comunidade social. 
A comunicação tem seus problemas, tais como: 
1. os mal-entendidos; 
2. as ambiguidades; 
3. as falsas interpretações; 
4. As incompreensões (individuais e coletivas). 
 
Assim sendo, a linguagem não-verbal consiste na utilização de imagens, com o intuito de 
promover a interação entre sujeitos em um discurso. É importante não fazer a esse tipo de imagem uma 
interpretação rígida. Veja a figura abaixo de uma criança com a metade do rosto branca e a outra 
metade negra. 
Ao associar a imagem (não-verbal) com as indagações (verbal), Quem vai estudar? Quem vai 
trabalhar? Quem vai viver? Observa-se que ela oferece duas opções, que segundo reflexões de cunho 
racial feitas por toda a sociedade, demonstra a inclinação para a resposta: é a criança branca. Os 
valores ideológicos, além das relações de poder, mostram que o branco é quem vai estudar, trabalhar e 
viver. Mesmo que não seja essa a sua opinião, é isso que o texto verbal + não-verbal retrata. 
 
2.1. Linguagem Oral e Linguagem Escrita 
 
Em qualquer sociedade, há variações na linguagem. Num primeiro plano, distingue-se a língua 
escrita da língua oral, modalidades que respeitam regras diferentes. 
Na língua escrita, a expressão é mais formal, já que as ideias são explicitadas e concatenadas, 
de sorte a permitir a compreensão, estando ausentes os interlocutores. 
 
Na língua oral, dada a presença dos interlocutores, são frequentes simplificações, omissões e 
repetições, resolvidas na situação contextual. 
 
Entretanto, em qualquer dessas modalidades há variações. O grau de formalismo de uma carta 
de apresentação não é o mesmo de um bilhete deixado para um amigo, da mesma forma que uma 
conversa com o chefe pode ser mais formal que uma conversa com um colega. 
 
Num outro plano, observa-se variação de linguagem entre profissionais de diferentes áreas. O 
“discurso” de um advogado difere do “discurso” de um médico, seja pelo vocabulário, seja pelos tipos de 
textos produzidos, seja mesmo pela sintaxe empregada. Assim, o discurso do advogado tem 
particularidades que definem o jargão da área, ou seja, o conjunto de palavras, de tipos de textos, de 
construções que são próprios desse grupo sócio/profissional. 
 
Ainda é preciso notar que há diferentes graus de formalismo. Um profissional pode valer-se de 
uma linguagem mais formal, quando apresenta um relatório, por exemplo, e de uma linguagem menos 
formal quando transmite informações internas no seu setor de trabalho. São, pois, as circunstâncias 
que determinam o grau de formalismo da linguagem. 
 
Por razões políticas e sociais, define-se como língua padrão uma variante mais conservadora e 
de prestígio. 
 
Por abranger todas as relações cotidianas do homem, a língua precisa de certos cuidados para 
que desempenhe o importante papel da comunicação. 
Convém, por isso, notar que entre a língua oral ou falada e a escrita há diferenças bem 
acentuadas. Escrever uma história, por mais simples que ela seja, é diferente do ato de contá-la 
oralmente. Cada uma dessas modalidades de expressão tem suas características, seus fundamentos, 
suas necessidades e suas realizações. 
Veja como Jô Soares faz essa distinção com humor: 
7 
 
 
 
 
 
 
 
Nesse trecho, podemos observar que o humorista tentou uma aproximação entre a língua falada 
e a escritae pôde, até, “copiá-la”; porém, “essa cópia é sempre uma transposição ou uma deformação”* 
da fala. 
Para melhor entender o assunto, veja algumas das características de cada uma: 
LÍNGUA FALADA LÍNGUA ESCRITA 
Numa situação de comunicação, a mensagem 
é transmitida de forma imediata. 
Numa situação de comunicação, a mensagem é 
transmitida de forma não imediata. 
Em geral, o emissor e o receptor devem 
conhecer bem a situação e as circunstâncias 
que rodeiam. 
Se, por qualquer motivo, isso não acontecer, 
pode haver problemas de comunicação ou, 
simplesmente, não haver mensagem. 
O reconhecer não precisa conhecer de forma 
direta a situação do emissor nem contexto da 
mensagem. 
A mensagem costuma ser transmitida de forma 
mais breve, notando-se nítida tentativa de 
economizar palavras. 
Com a presença de um interlocutor, que pode, 
a qualquer momento, interromper a conversa, é 
comum o emprego de construções mais 
simples, 
frases incompletas, com ênfase nas orações 
coordenadas, “mais espontâneas e mais livres, 
menos reflexivas”. 
São empregadas construções mais complexas, 
mais planejadas, pois se subentende que o 
emissor teve mais tempo para elaborar a 
mensagem, repensando-a, modificando-a. 
É, por isso, mais comum o uso de orações mais 
complexas, subordinadas, que exigem mais 
esforço de memória ou de raciocínio. 
Há elementos prosódicos, como entonação, 
pausa, ritmo e gestos, que enfatizam o 
significado dos vocábulos e das frases. 
Como não é possível, na língua escrita, a 
utilização dos elementos prosódicos da língua 
falada, o emprego dos sinais de pontuação tenta 
reconstruir alguns desses elementos. 
 
2.2. Variações Linguísticas 
 
 Existem várias especulações acerca da palavra ERRO. É comum ouvir expressões, como: “Veja 
só como ele fala errado!” “Seus erros de português são imperdoáveis...”. Você concorda com esse tipo 
de expressão? Se sua resposta for positiva, realmente precisa rever seus conceitos linguísticos. Para 
tanto, é necessário conceber a língua enquanto interação, pois a língua só faz sentido em uso. 
 
Não existe língua que gire em volta de si mesma, temos que ter, como na física, um referencial 
de uso; este referencial chama-se registro linguístico (diversas situações de comunicação) e a “língua” 
usada para adequar-se aos diversos registros linguísticos será chamada de dialetos. 
Observe, a título de exemplo, um surfista, em Maracaípe/PE ( espaço típico de surfistas), 
interagindo em meio aos seus amigos, da seguinte maneira: ‘Estão todos bem? Como passaram o final 
de semana?” 
 
Então, o que você pensa sobre essa relação discurso & situação comunicativa? O que houve, 
efetivamente, foi uma inadequação entre os dois pilares básicos que regem a comunicação, tendo como 
base a interação social. O indivíduo não é um ser isolado do mundo, isto é, “representa papéis em 
Português é Fácil de Aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se fala. 
Pois é. U português é muinto fáciu di aprender, porque é uma língua qui a gente inscrevi exatamente 
cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontade di ri quandu a genti descobri cumu é qui si iscrevi 
algumas palavras. Im purtuguêis não. É só perstátenção. U alemão pur exemplu. Quê coisa mais doida? 
Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muinto diferente. Qui bom qui a 
minha língua é u purtuguêis. Quem soubé falá sabe inscrevê. 
 
8 
 
diversos cenários da vida”, por isso sua “linguagem deve adequar-se às situações para que se possa 
realmente interagir socialmente. 
 
O que socialmente não importa em todas as situações de uso? Se esta linguagem está ou não 
prevista na gramática normativa, não obstante existir extratos distintos na Norma Culta. A forma de 
enunciação prevista na gramática normativa não abrange todas as formas de uso que fazemos na vida, 
mas somente pelo fato de estar na gramática, já usufrui de um prestígio inigualável; logo o que não é 
Norma Culta, para muitos é erro, desvalorização social/econômica, até porque, segundo Bagno ( 1999), 
o preconceito linguístico está atrelado ao preconceito social. 
 
Diz-se que o "brasileiro não sabe Português" e que "Português é muito difícil". Estes são alguns 
dos muitos que compõem um preconceito muito presente na cultura brasileira: o linguístico. Tudo por 
causa da confusão que se faz entre língua gramática normativa (que não é a língua, mas só uma 
descrição parcial dela). 
 
Portanto, não existe erro, e sim, adequação ou inadequação linguística, uma vez que temos que 
analisar o conjunto: Língua + Situação de Comunicação. 
 
De acordo com Travaglia (2003), há dois tipos de Variações Linguísticas: os dialetos e os 
registros. Os estudos sobre variação linguística registram pelo menos cinco dimensões de variação 
dialetal: a territorial ou geográfica, a social, a de idade, a de sexo e a de geração (variação histórica). 
Quanto à variação de registro, pode ser classificada em três tipos: grau de formalismo, modo ( oral ou 
escrito) e sintonia. Observe o seguinte quadro: 
 
Quadro 1. Variedades linguísticas 
Variedades Geográficas Falares regionais ou dialetos 
Linguagem urbana X Linguagem rural 
Variedades socioculturais Variedades devidas ao falante: dialetos sociais; grau de 
escolaridade, profissão, idade, sexo etc. 
Variedades devidas à situação: níveis de fala ou registros 
(formal/coloquial); tema, ambiente, intimidade ou não entre os 
falantes, estado emocional do falante. 
 
Variedades devidas à Situação 
 
O humor da tira a seguir é determinado pelo “excesso de informalidade” por parte do namorado 
que acaba de ser apresentado aos pais da garota. 
 
Como uma norma de boa educação, espera-se que a pessoa estranha seja gentil, dirija-se aos 
donos da casa com respeito e manifeste alguma cerimônia, como um pedido de licença. Cabe à pessoa 
visitada dispensar as formalidades e fazer com que o estranho se sinta bem. 
 
Nesse caso, observe que o namorado nem mesmo cumprimenta a garota e se dirige aos pais 
dela com tanta grosseria que Hagar toma uma posição “defensiva”, ameaçando o rapaz com um 
machado. 
 
9 
 
A ilustração nos mostra o emprego de uma linguagem pouco adequada à situação que envolve 
os personagens. Analisando nossa própria maneira de falar, cada um de nós é capaz de perceber que 
dominamos várias “línguas”, ou seja, temos várias maneiras de “registrar” a língua. A cada momento 
fazemos uso de um desses registros. 
 
Observe: uma criança de dois anos, quando cai, pode dizer que machucou o bumbum. Sua mãe, ao 
agradá-la, pergunta: “O nenê machucou a bundinha?”. 
Ocorrendo um problema mais grave, ao levá-la ao médico, os pais provavelmente diriam que o problema 
é nas nádegas. E o médico? Bem, ele poderia anotar que a dor é na região glútea... 
Veja que todas essas expressões são de nosso conhecimento e sabemos, quase intuitivamente, 
qual é o momento adequado para empregar uma ou outra. 
EXERCÍCIOS 
01. O texto híbrido em questão foi usado em uma das provas da UFPE realizada pela COVEST no início 
de 2010. Quem são consideradas as raças? Preta e branca. Quais são as várias áreas abordadas? 
Estudo, trabalho e, em suma, vida. 
 Objetivando transmitir sua mensagem-denúncia, o autor do Texto abaixo estabelece uma relação entre: 
 
a) as raças e os coeficientes de inteligência, em nosso país. 
b) as raças e os níveis de desnutrição infantil, no Brasil. 
c) as raças e a garantia da assistência à saúde, ao longo da vida. 
d) as raças e a possibilidade de sucesso em várias áreas. 
e) as raças, a garantia à saúde e a expectativa devida. 
02. Analise atentamente os textos. 
TEXTO I 
 
(Fonte: sosriosdobrasil.blogspot.com) 
 
TEXTO II 
10 
 
Após um ano de discussões, Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou reformado Código 
Florestal que anistia proprietários rurais acusados de desmatamento ilegal até 22 de julho de 2008. A 
organização ambientalista Greenpeace revelou que, com essa decisão, o governo terá de abrir mão de 
aproximadamente R$ 8 bilhões relativos às multas aplicadas na Amazônia Legal no período que vai de 
1998 até 2008. O Ibama informa que não tem condições de calcular o quanto deixará de arrecadar. 
(Fonte: http://oglobo.com. Adaptado. Acesso em 23 maio 2013). 
Julgue as proposições abaixo. 
I. O texto I é uma charge, um texto misto, com imagem e linguagem verbal escrita. De forte apelo crítico 
e humorístico, por meio de uma relação intertextual com o texto II, ganha sentido com o desenho da 
árvore sendo cortada por um homem, que corresponderia aos desmatadores, e das folhas da árvore em 
formato de papel de bloco, imitando registros de multas que serão desconsideradas. 
 
II. O texto II é um texto em linguagem verbal escrita, de valor expositivo-informativo, em que não há 
juízos expressos pelo autor. Como sua função primordial é informar, não cabem críticas ou traços de 
humor. É fundamental para o estabelecimento de relações intertextuais com o texto I, porque explicita os 
sentidos subjacentes à mensagem exposta anteriormente. 
 
III. O texto I mantém uma relação de sentido com o texto II por meio da aproximação entre os dados 
numéricos apresentados neste e as folhas da árvore, numerosas, desenhadas naquele. 
 
IV. O texto II deixa transparecer as intenções de seu autor pelo uso bastante forte dos dados numéricos, 
que enfatizam o rombo que a anistia para os desmatadores causará não só para o Ibama, mas também, 
moralmente, para a nação. 
 
Assinale a alternativa correta. 
a) Todas as proposições estão corretas. 
b) Somente as proposições I e II estão corretas. 
c) Somente as proposições I, III e IV estão corretas. 
d) Somente as proposições I e IV estão corretas. 
e) Todas as proposições estão erradas. 
 
03. A charge a seguir faz parte de uma campanha que promove uma academia de musculação. 
 
O humor – criado a partir da linguagem verbo-visual- faz parte da estratégia de visibilidade do 
anunciante. Sobre o efeito linguístico gerado, não se pode afirmar que: 
a) a palavra "localizada" remete ao universo da musculação. 
b) a fotossíntese está, para a musculação, assim como a folha da planta está para um músculo do ser 
humano. 
c) o público-alvo da propaganda são pessoas interessadas em desenvolver uma parte específica de seu 
corpo. 
d) a palavra "localizada", gatilho do humor, pode ser substituída pelo sinônimo "situada", sem prejuízo de 
sentido. 
e) o uso da linguagem coloquial em "tou fazendo" está adequado ao contexto linguístico em questão. 
 
03. Observe a ilustração de uma matéria sobre o projeto de lei de autoria da deputada federal Maria do 
Rosário (PT-RS), cujo objetivo é proibir os pais de usar castigos corporais na educação dos filhos. 
11 
 
 
 
(Fonte: http://combatepocicial.com. Adaptado. Acesso em 29 dez. 2013) 
Pela leitura da imagem e do texto verbal que a acompanha, pode-se concluir: 
a) Por um mecanismo argumentativo de oposição, o objetivo exposto pelo texto verbal abaixo da 
ilustração não é o mesmo que se verifica na própria ilustração. Esta, por sua vez, mostra claramente que 
a educação dos filhos pode não estar na palma da mão, no sentido de que os pais não têm controle 
sobre tais ações. 
b) Por um mecanismo argumentativo de complementação, o objetivo exposto pelo texto verbal abaixo da 
ilustração é exatamente o mesmo que se verifica na própria ilustração. A proibição de usar a palmada na 
educação dos filhos também é alvo do título da matéria, que sugere, pela pergunta, que os pais não têm 
as ações educativas na palma da mão, no sentido de não exercerem controle sobre elas. 
c) Pelo mecanismo argumentativo do duplo sentido, o texto do título da matéria, associado ao fato de ser 
uma pergunta, propõe que os pais não têm controle sobre as ações educativas, ou seja, a educação dos 
filhos não está na palma da mão, e, por isso, empregam castigos com a palma da mão. A proibição à 
palmada vem expressa, na ilustração, pelo uso do recurso da placa de trânsito, cujo significado é 
“proibido”. 
d) Pelo mecanismo argumentativo da intimidação, o uso de uma placa de trânsito com o significado de 
“proibido” sobre a mão de um adulto, na ilustração, faz o leitor sentir-se questionado sobre se a que vem 
abaixo da ilustração demonstra claramente que algumas famílias já estão mudando de atitude. 
e) Pelo mecanismo argumentativo da interrogação, o título da matéria leva o leitor a questionar se a mão 
é mesmo o melhor mecanismo empregado pelas famílias para dar a palmada na criança e, assim, 
educá-la. O texto verbal que vem abaixo da ilustração complementa esse sentido ao afirmar que a ação 
educativa pela palmada estaria com os dias contados. 
04. 
 
Observando os anúncios institucionais, pode-se afirmar que os recursos foram usados para: 
 
a) seduzir o consumidor pela lógica racional notada no predomínio do uso das cores preta e branca, 
prometendo-lhe vida saudável após a prática incitada. 
b) mobilizar racional e emocionalmente o consumidor para a escolha de práticas respeitosas à 
individualidade e à coletividade. 
c) persuadir o consumidor inteligente pela identificação com os protagonistas, estimulando-o a agir é 
contrariamente ao indicado nos recursos verbais. 
12 
 
d) moralizar o público-alvo, aqueles que descumprem a lei seca e aqueles que, por fumarem em local 
fechado, geram o fumante passivo. 
e) manipular o espectador, levando-o à percepção da própria inteligência na adoção de atitudes 
politicamente corretas. 
Charge para as questões 05 e 06 
 
(Fonte: Glauco. Folha de São Paulo. 30/05/2008) 
 
 
05. A crítica contida na charge visa, principalmente, ao 
a) ato de reivindicar a posse de um bem, o qual, no entanto, já pertence ao Brasil. 
b) desejo obsessivo de conservação da natureza brasileira. 
c) lançamento da campanha de preservação da floresta amazônica. 
d) uso de slogan semelhante ao da campanha “O petróleo e nosso”. 
e) descompasso entre a reivindicação de posse e o tratamento dado a floresta. 
 
06. O pressuposto da frase escrita no cartaz que compõe a charge é o de que a Amazônia está 
ameaçada de 
a) fragmentação. 
b) estatização. 
c) descentralização. 
d) internacionalização. 
e) partidarização. 
 
Leia a tirinha de Recruta Zero, de Mort e Greg Walker, para responder às questões de 07 a 10. 
 
 
 
(Fonte: http:// historiasdomaluco.com) 
07. O humor da tirinha é resultado 
a) da dificuldade do recruta para entender o que o sargento solicitava. 
b) do desrespeito do recruta quanto à ordem específica do sargento. 
c) da desatenção do recruta quanto à ordem específica do sargento. 
d) da impossibilidade do recruta de executar a tarefa exigida pelo sargento. 
e) da complexidade da comunicação do sargento para formular seu pedido ao recruta. 
 
As expressões sem demora e com determinação (da 1ª fala do recruta Zero) são base para as 
questões 08 e 09. 
 
08. Essas expressões são substituídas, sem alteração de sentido, por 
a) demoradamente e determinadamente. 
13 
 
b) imediatamente e determinadamente. 
c) demasiadamente e indeterminadamente. 
d) brevemente e indeterminadamente. 
e) apressadamente e indeterminadamente. 
 
09. Elas exprimem ideia de 
a) lugar e tempo. 
b) dúvida e lugar. 
c) tempo e modo. 
d) modo e lugar. 
e) tempo e dúvida. 
 
10. Em - “Você fez o que pedi pra você, Zero?”- o termo ‘o’ tem o mesmo emprego que na alternativa 
a) Visitei o Museu do Louvre, por várias vezes. 
b) Vi-o ontem, à saída de casa. 
c) Repetia que o ladrão tinha tomado sua bolsa. 
d) O que magoou a jovem sensível foi a agressão. 
e) Ele, ninguém o escuta na repartição. 
 
Observe o texto abaixo e depois responda.(Fonte: http:// folhaspoliticas.wordpress.com) 
11. Através do texto se pretende: 
 
a) divulgar melhorias efetuadas nos meios mais comuns de transporte público. 
b) convencer as pessoas a mudarem um hábito, no que se refere ao meio de transporte. 
c) denunciar a péssima qualidade dos transportes públicos usuais nas cidades grandes. 
d) propagar novas formas de exercícios físicos e, assim, melhorar a saúde da população. 
e) apelar para que os motoristas dirijam prestando atenção aos ciclistas. 
 
12. Observe a tirinha da personagem Mafalda, de Quino. 
 
 
(QUINO, J.L. Mafalda. Tradução de Mônica S.M. da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 1988). 
 
O efeito de humor foi um recurso utilizado pelo autor da tirinha para mostrar que o pai de Mafalda: 
a) revelou desinteresse na leitura do dicionário. 
14 
 
b) tentava ler um dicionário, que é uma obra muito extensa. 
c) causou surpresa em sua filha, ao se dedicar à leitura de um livro tão grande. 
d) queria consultar o dicionário para tirar uma dúvida, e não ler o livro, como sua filha pensava. 
e) demonstrou que a leitura do dicionário o desagradou bastante, fato que decepcionou muito sua filha. 
 
A CAMPANHA ABAIXO É TEMA DAS QUESTÕES 13 e 14. 
 
 
13. O texto tem o objetivo de solucionar um problema social, 
 
a) descrevendo a situação do país em relação à gripe suína. 
b) alertando a população para o risco de morte pela influenza A. 
c) informando a população sobre a iminência de uma pandemia de influenza A. 
d)orientando a população sobre os sintomas da gripe suína e procedimentos para evitar a contaminação. 
e) convocando toda a população para se submeter a exames de detecção da gripe suína. 
 
14. Os principais recursos utilizados para envolvimento e adesão do leitor à campanha institucional 
incluem: 
a) o emprego de enumeração de itens e apresentação de títulos expressivos. 
b) o uso de orações subordinadas condicionais e temporais. 
c) o emprego de pronomes como “você” e “sua” e o uso do imperativo. 
d) a construção de figuras metafóricas e o uso de repetição. 
e) o fornecimento de número de telefone gratuito para contato. 
 
15. As imagens seguintes fazem parte de uma campanha do Ministério da Saúde contra o tabagismo. 
 
15 
 
 
O emprego dos recursos verbais e não-verbais nesse gênero textual adota como uma das estratégias 
persuasivas 
 
a) evidenciar a inutilidade da terapêutica do cigarro. 
b) indicar a utilidade do cigarro como pesticida contra ratos e baratas. 
c) apontar para o descaso do Ministério da Saúde com a população infantil. 
d) mostrar a relação direta entre o uso do cigarro e o aparecimento de problemas no aparelho 
respiratório. 
e) indicar que os que mais sofrem as consequências do tabagismo são os fumantes ativos, ou seja, 
aqueles que fazem uso direto do cigarro. 
 
16. Leia, a seguir, a tirinha de Chico Bento. 
 
 
Chico Bento, personagem bastante conhecida de Maurício de Sousa, expressa-se combinando uma 
variedade linguística regional e determinado registro de uso da língua portuguesa. As falas de Chico 
Bento e de seu pai, na tirinha, definem-se por representarem exemplos do linguajar: 
 
a) Caipira, marcado pelas alterações fonéticas, em registro oral e coloquial, dados os desvios 
gramaticais. 
b) Rural, marcado pelas seleções de vocabulário específico, em registro oral e coloquial, dados os 
desvios gramaticais. 
c) Sertanejo, marcado pela atividade de agricultor do pai, em registro oral e coloquial, dados os desvios 
gramaticais. 
d) Masculino adulto, marcado pela atividade na roça, e do linguajar masculino infantil, marcado pela 
constituição da personagem Chico Bento, em registro oral e coloquial, dados os desvios gramaticais. 
16 
 
e) Regional, marcado pelos vocábulos típicos da cultura local, em registro oral e coloquial, dados os 
desvios gramaticais. 
 
17. Leia o excerto a seguir, extraído de um texto escrito para uma coluna na internet. 
 
“Placar: Brasil 1, investidores 0.” Com essas palavras se inicia uma reportagem segundo a qual as medidas 
para conter a apreciação do real estão fazendo efeito no mercado. 
 Com o título “Brasil ganha o round 1 da guerra cambial”, explica-se que os ganhos que os investidores 
costumavam ter com uma das operações mais atrativas para estrangeiros no país foram solapados depois que 
o governo passou a adotar medidas contra a alta do real. Investidores internacionais tomam empréstimos em 
moeda de países desenvolvidos, pagando juros baixos, trazem o dinheiro ao país e compram títulos públicos 
em reais, com um retorno atualmente de 9,75% ao ano. Nessa operação, ganha-se com a diferença dos juros e 
a variação do câmbio. 
 No último trimestre do ano passado, esse tipo de operação gerava ganhos de 5,2% aos investidores, 
segundo a reportagem. Neste ano, no entanto, o ganho baixou para 2%. No México, a mesma operação gera 
7,9% atualmente. Além das medidas cambiais (compra de dólares à vista e no mercado futuro pelo Banco 
Central e aumento do IOF pelo Ministério da Fazenda), a desaceleração maior que o esperado da economia 
brasileira também é apontada por analistas como um fator da redução da entrada de dólares no país. 
http://blogs.estadao.com.br (acesso em 23 mar. 2012) 
 
A julgar pelas marcas linguísticas típicas de uma variante bastante específica da língua portuguesa, 
pode-se afirmar que o texto reproduzido: 
 
a) Pertence ao universo da economia e, portanto, emprega termos característicos desse contexto, como 
“efeito”, “mercado” e “guerra”. Deve figurar publicado em um jornal específico sobre economia e 
finanças. 
b) Pertence igualmente ao universo da economia e do futebol. Prova disso é a primeira sentença, 
“Placar: Brasil 1, investidores 0”, cujo intuito é marcar a economia referente ao futebol entre brasileiros e 
investidores. Deve figurar publicado em um jornal específico sobre economia e finanças que esteja 
discutindo a Copa de 2014. 
c) É marcadamente pertencente ao universo da economia e das finanças porque emprega com alta 
frequência termos técnicos, dentre eles “tomar empréstimo”, “comprar títulos públicos” e “variação do 
câmbio”. Deve figurar publicado em um jornal específico sobre economia e finanças ou em um jornal de 
conteúdo genérico que tenha um caderno sobre economia. 
d) É típico do contexto da economia, apesar de relacioná-la à temática característica da física, pelo 
emprego do termo “desaceleração”. Deve figurar publicado em um jornal de conteúdo genérico, em 
qualquer uma das seções, sem vincular-se a uma discussão específica. 
e) Não apresenta qualquer característica marcante de uma área específica de conhecimento e, portanto, 
não oferece dificuldades de leitura para leigos. Pode ser encontrado facilmente em diferentes 
publicações, para diversos públicos. 
 
18. Leia o excerto a seguir. 
 
Há alguns bons anos, venho refletindo muito sobre o conceito de erro gramatical. Acho que muitas vezes alguns 
“erros” por aí apregoados não passam de maneiras diferentes de empregar a língua. 
 [...] Nada é tão democrático quanto a língua. Mas... como toda democracia, ela requer sacrifícios e 
concessões no seu emprego. Democracia não é fazer o que se quer, mas, sim, o que é possível fazer, com respeito 
aos demais. O mesmo se pode dizer da língua: não se pode usá-la de qualquer jeito, mas, sim, de acordo com certo 
padrão. 
 Que padrão é esse? Quem estabeleceu esse padrão? 
 Por que esse padrão e não outro padrão? Muitas perguntas, mas basta uma resposta. Temos de garantir à 
língua sua função primordial: promover a comunicação e, com ela, garantir a inteligibilidade das mensagens. Ora, 
para isso, é preciso usar um padrão linguístico que garanta a universalização de entendimento dentro da língua. 
Esse padrão é conhecido como norma culta e é usado pelos meios de comunicação, pelos livros não literários e 
literários, pelas pessoas de boa formação cultural... Basicamente,a norma-padrão ou culta é conhecida e 
reconhecida. É a ensinada nas escolas ou, pelo menos, deveria ser. A escola deve partir da língua usada pelos seus 
17 
 
alunos e ensinar-lhes a norma culta. Senão, a escola para nada serve, pois todas as disciplinas e todo o repertório 
humanos são consolidados pela língua-padrão. Empregar a língua culta amplia a possibilidade de ascensão social. 
 Se aceitássemos como padrão os vários regionalismos e mesmo dialetos, acabaríamos por formar outras 
línguas. O latim vulgar nos deu exemplo disso e transformou-se em várias línguas, incluindo a nossa. Talvez aqui 
possamos ampliar o conceito de poliglota. Deixa de ser só aquele que fala várias línguas para incluir também 
aquele que consegue pelo menos compreender e falar razoavelmente os vários regionalismos e dialetos de sua 
própria língua. 
Adaptado de http://linguaportuguesa.uol.com.br (acesso em 23 mar. 2012). 
 
Pode-se entender da leitura do trecho apresentado que: 
 
a) O falante de regionalismos e dialetos de sua própria língua não necessita conhecer e praticar a 
norma-padrão, haja vista que já é um verdadeiro poliglota em seu idioma. 
b) Qualquer que seja o falante, ele deve ser levado a conhecer várias possibilidades de manifestação da 
língua; a mais importante, no entanto, é a sua própria variante, para que garanta a comunicação com os 
seus iguais. 
c) É preciso que as comunidades de falantes possam se comunicar como bem entendam para que 
participem dos processos de formação de outras línguas, como os que geraram o próprio português. 
d) Sendo a língua um mecanismo democrático, deve obedecer às mesmas regras da democracia 
entendida como regime político, o que pressupõe que deve haver liberdade para que se use o padrão 
mais adequado, independentemente das situações em que se vai comunicar. 
e) É preciso garantir que todos os falantes sejam capazes de ter acesso às manifestações científicas e 
culturais de sua sociedade por meio do conhecimento da norma-padrão do idioma, variante na qual se 
expressam todos os grandes meios de comunicação e as instituições fundamentais que organizam e 
regem a vida do cidadão. 
Texto para as questões 19 a 22. 
 
SEMANA QUE VEM 
(...) 
Esse pode ser o último dia de nossas vidas 
última chance de fazer tudo ter valido a pena 
Diga sempre tudo que precisa dizer 
Arrisque mais, pra não se arrepender 
Nós não temos todo o tempo do mundo 
E esse mundo já faz muito tempo 
O futuro é o presente e o presente já passou 
O futuro é o presente e o presente já passou 
Não deixe nada pra depois, não deixe o tempo passar 
Não deixe nada pra semana que vem 
Porque semana que vem pode nem chegar 
Pra depois, o tempo passar 
Não deixe nada pra semana que vem 
Porque semana que vem pode nem chegar. 
(...) 
Fonte: http://www.vagalume.com.br/pitty/semana-que-vem.html#ixzz2EePHAOHF 
 
19. Pela compreensão do texto ‘Semana que vem’, a ideia global é a de que 
a) o tempo é infinito e por isso não há pressa. 
b) há necessidade de se viver intensamente o presente. 
c) o passado não existe. 
d) deve-se planejar tudo e esperar é uma prioridade. 
e) a vida deve ser considerada na perspectiva de futuro. 
 
20. A respeito do uso das reticências, pode-se afirmar que: 
a) é um marcador de discurso direto. 
b) funciona como delimitador de período. 
c) é utilizado para isolar o termo tempo. 
d) marca a suspensão da sequência lógica de forma intencional. 
e) substitui a vírgula na enumeração. 
 
21. O uso do termo pra, a abreviação de para, pode ser justificado em: 
a) é a inserção da variante padrão formal. 
18 
 
b) é adequada apenas para gêneros textuais versificados. 
c) é uma adequação ao propósito textual. 
d) é uma estratégia linguística que distancia o leitor do texto. 
e) é a ênfase no preconceito linguístico. 
 
22. Pode-se justificar a acentuação dos termos último e já, porque são respectivamente: 
a) paroxítono e oxítono. 
b) oxítono e dissílabo tônico. 
c) proparoxítono e paroxítono. 
d) trissílabo e monossílabo tônico. 
e) proparoxítono e monossílabo tônico. 
 
23. 
 
 
O personagem Chico Bento pode ser considerado um típico habitante da zona rural, comumente 
chamado de "roceiro" ou "caipira". Considerando a sua fala, essa tipicidade é confirmada 
primordialmente pela 
 
(A) transcrição da fala característica de áreas rurais. 
(B) redução do nome "José" para "Zé", comum nas comunidades rurais. 
(C) emprego de elementos que caracterizam sua linguagem como coloquial. 
(D) escolha de palavras ligadas ao meio rural, incomuns nos meios urbanos. 
(E) utilização da palavra "coisa", pouco frequente nas zonas mais urbanizadas. 
 
24. 
A sociedade atual testemunha a influência determinante das tecnologias digitais na vida do homem 
moderno, sobretudo daquelas relacionadas com o computador e a internet. Entretanto, parcelas 
significativas da população não têm acesso a tais tecnologias. Essa limitação tem pelo menos dois 
motivos: a impossibilidade financeira de custear os aparelhos e os provedores de acesso, e a 
impossibilidade de saber utilizar o equipamento e usufruir das novas tecnologias. A essa problemática, 
dá-se o nome de exclusão digital. 
 
No contexto das políticas de inclusão digital, as escolas, nos usos pedagógicos das tecnologias de 
informação, devem estar voltadas principalmente para 
 
(A) proporcionar aulas que capacitem os estudantes a montar e desmontar computadores, para garantir 
a compreensão sobre o que são as tecnologias digitais. 
(B) explorar a facilidade de ler e escrever textos e receber comentários na internet para desenvolver a 
interatividade e a análise crítica, promovendo a construção do conhecimento. 
(C) estudar o uso de programas de processamento para imagens e vídeos de alta complexidade para 
capacitar profissionais em tecnologia digital. 
(D) exercitar a navegação pela rede em busca de jogos que possam ser "baixados" gratuitamente para 
serem utilizados como entretenimento. 
(E) estimular as habilidades psicomotoras relacionadas ao uso físico do computador, como mouse, 
teclado, monitor etc. 
 
25. 
José Dias precisa sair de sua casa e chegar até o trabalho, conforme mostra o Quadro 1. Ele vai de 
ônibus e pega três linhas: 1) de sua casa até o terminal de integração entre a zona norte e a zona 
central; 2) deste terminal até outro entre as zonas central e sul; 3) deste último terminal até onde 
trabalha. Sabe-se que há uma correspondência numérica, nominal e cromática das linhas que José 
toma, conforme o Quadro 2. 
 
 
19 
 
 
 
José Dias deverá, então, tomar a seguinte sequência de linhas de ônibus, para ir de casa ao trabalho: 
 
(A) L. 102 - Circular zona central - L. Vermelha. 
(B) L. Azul - L. 101 - Circular zona norte. 
(C) Circular zona norte - L. Vermelha - L. 100. 
(D) L. 100 - Circular zona central - L. Azul. 
(E) L. Amarela - L. 102 - Circular zona sul. 
 
3. PRESSUPOSTO E SUBENTENDIDO / DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO 
 Pressupostos são aquelas ideias não expressas de maneira explícita, mas que o leitor pode 
perceber a partir de certas palavras ou expressões contidas na frase. Assim, quando se diz O tempo 
continua chuvoso, comunica-se de maneira explícita que no momento da fala o tempo é de chuva, mas, 
ao mesmo tempo, o verbo continuar deixa perceber a informação implícita de que antes o tempo já 
estava chuvoso. 
 
Na frase: Pedro deixou de fumar diz-se explicitamente que, no momento da fala, Pedro não 
fuma. O verbo deixar, todavia, transmite a informação implícita de que Pedro fumava antes. A 
informação explícita pode ser questionada pelo ouvinte, que pode ou não concordar com ela. Os 
pressupostos, no entanto, têm que ser verdadeiros ou pelo menos admitidos como verdadeiros, porque é 
a partir deles que constroem as informações explícitas. 
 
Se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem cabimento. No exemplo acima, se 
Pedro nãofumava antes, não tem cabimento afirmar que ele deixou de fumar. Na leitura e interpretação 
de um texto, é muito importante detectar os pressupostos, pois o seu uso é um dos recursos 
argumentativos utilizados com vistas a levar o ouvinte ou o leitor a aceitar o que está sendo comunicado. 
 
Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressuposto, o falante transforma o ouvinte em 
cúmplice, uma vez que essa ideia não é posta em discussão e todos os argumentos subsequentes só 
contribuem para confirmá-la. 
 
Por isso, pode-se dizer que o pressuposto aprisiona o ouvinte ao sistema de pensamento 
montado pelo falante. A demonstração disso pode ser encontrada em muitas dessas verdades 
incontestáveis postas como base de muitas alegações do discurso político. 
 
Quando se diz “O tempo continua chuvoso”, comunica-se de maneira explícita que no momento 
da fala o tempo é de chuva, mas, ao mesmo tempo, o verbo continuar deixa perceber a informação 
implícita de que antes o tempo já estava chuvoso. 
 
Observe a seguinte frase: 
Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas. 
 
Nela, o falante transmite duas informações de maneira explícita: 
a) que ele frequentou um curso superior; 
b) que ele aprendeu algumas coisas. 
 
Ao ligar essas duas informações com um “mas”, o falante comunica também, de modo implícito, 
sua crítica ao sistema de ensino superior, pois a frase passa a transmitir a ideia de que nas faculdades 
não se aprende nada. Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação de que ele 
pode dizer coisas que parece não estar dizendo: além das informações explicitamente enunciadas, 
existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas. Para realizar uma leitura eficazmente, o 
leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos. Leitor perspicaz é aquele que consegue 
ler nas entrelinhas. 
 
Caso contrário, ele pode passar por cima de significados importantes e decisivos ou o que é pior 
pode concordar com coisas que rejeitaria se as percebesse. Não é preciso dizer que alguns tipos de 
20 
 
texto exploram, com malícia e com intenções falaciosas, esses aspectos subentendidos e 
pressupostos. 
Assim, temos como índices de pressupostos: 
certos advérbios - O resultados da prova ainda não foi divulgado. (Pressuposto - O resultado já 
devia ter sido divulgado ou O resultado será divulgado com atraso.) 
certos verbos - O esquema da mala tornou-se público. (Pressuposto - O esquema não era 
público.) 
 orações adjetivas - Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, não 
pensam no povo. (Pressuposto - Todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais.) 
 adjetivos - Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil. (Pressuposto - Existem 
partidos radicais no Brasil.) 
 
ATENÇÃO: ORAÇÕES ADJETIVAS 
- As orações subordinadas adjetivas fazem o papel de um adjetivo, ou seja, restringem ou explicam o 
sentido de um substantivo ou de um pronome da oração principal. Ex.: Pedro é um jovem que estuda 
muito. “que estuda muito” modifica o substantivo jovem e equivale ao adjetivo " estudioso ". 
 
- As adjetivas são introduzidas por pronomes relativos: que (= qual), qual, quem, cujo, onde e quando. 
 
- A adjetiva restritiva contribui para definir, apontar, individualizar um nome ou pronome expresso 
anteriormente. Ex.: O livro que comprei é uma gramática. Dizemos " que comprei " para definir qual 
livro é uma gramática. Lemos, sem qualquer pausa, “o livro que comprei ", pois tal grupo de palavras 
forma um todo no sentido; daí não usamos vírgula. 
 
- A adjetiva explicativa revela outra intenção por parte do autor: a de acrescentar mais uma ideia, 
merecedora de realce. Ex.: “A inteligência, que nos distingue dos irracionais, tem um valor inestimável 
", querendo dizer que " A inteligência tem um valor inestimável "; " que nos distingue dos irracionais " 
São duas coisas separadas, embora uma venha explicando a outra: " A inteligência tem um valor 
inestimável " ( ideia principal ) e a " inteligência nos distingue dos irracionais " ( ideia secundária ), de 
acordo com o texto. Como são ideias separadas, devemos ler fazendo pausa entre uma e outra, 
abaixando a voz ao proferirmos a adjetiva explicativa. A Vírgula entre elas é obrigatória. 
 
- Resumindo: 
 
1 - Restritiva: a) Restringe a significação do substantivo ou do pronome; 
 b) É indispensável ao sentido da frase; c) Não se separa por vírgula da oração principal. 
2 - Explicativa: a) Acrescenta uma qualidade de acessória ao antecedente; b) É dispensável; c) Vem 
separada por vírgula da oração principal. 
(Fonte: CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: IBEP Nacional, 2008.) 
 
Os subentendidos são as insinuações escondidas por trás de uma afirmação, sendo este 
contextual, pragmático, e de responsabilidade do ouvinte, por isso, altamente variável, uma vez que o 
falante camufla as palavras protegendo-se, porque, com ele, diz-se sem dizer, sugere-se, mas não diz, 
sem comprometer-se. 
 
Quando um transeunte com o cigarro na mão pergunta: Você tem fogo? acharia muito estranho 
se você dissesse: Tenho e não lhe acendesse o cigarro. Na verdade, por trás da pergunta 
subentendesse: 
Acenda-me o cigarro, por favor. 
 
21 
 
1) Num diálogo entre A e B: 
 
A: Estou procurando alguém para consertar meu carro. 
B: Meu irmão está em casa. 
A: Mas ele está sempre tão ocupado! 
 
Nesse pequeno discurso existem muitas informações implícitas, ou seja, subentendidas, quais 
sejam: 
 
“A” sabe que ali naquele local mora alguém que conserta carro. 
É o irmão de “B” que conserta carro. 
“A” fica surpreso ao encontrar o irmão de “B” em casa, já que ele encontra-se sempre muito atarefado. 
 
2) Um enunciado como: “Conheço muito bem os políticos de hoje.” 
 
Este enunciado pode querer dizer que os políticos são desonestos, isentando o locutor de 
qualquer responsabilidade, escondendo-se atrás do significado literal das palavras, já que a 
interpretação é particular daqueles que a realizam. 
 
3) Ninguém é tão ignorante que não possa ensinar algo a alguém. 
 
Subentende-se que: 
O locutor confia na capacidade das pessoas para ensinar; 
O interlocutor tem capacidade de ensinar; 
Há diferentes graus de sabedoria ou de ignorância; 
Não há ninguém verdadeiramente ignorante; 
Há alguém que deseja ou precisa de ensino; 
Há alguma coisa para ensinar. 
 
 
O subentendido difere do pressuposto num aspecto importante: o pressuposto é um dado 
posto como indiscutível para o falante e para o ouvinte, não é para ser contestado; o subentendido é de 
responsabilidade do ouvinte, pois o falante, ao subentender, esconde-se por trás do sentido literal das 
palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o que o ouvinte depreendeu. O subentendido, 
muitas vezes serve para o falante proteger-se diante de uma informação que quer transmitir para o 
ouvinte sem se comprometer com ela. Para entender esse processo de descomprometimento que ocorre 
com a manipulação dos subentendidos, imaginemos a seguinte situação: 
 
Um funcionário público do partido de oposição lamenta, diante dos colegas reunidos em assembleia, 
que um colega de seção, do partido do governo, além de ser sido agraciado com uma promoção, 
conseguiu um empréstimo muito favorável do banco estadual, ao passo que ele, com mais tempo de 
serviço, continuava no mesmo posto e não conseguia o empréstimo solicitado muito antes que o 
referido colega. Mais tarde, tendo sido acusado de estar denunciando favoritismo do governo para com 
os seus adeptos, o funcionário reclamante defende-se prontamente, alegando não ter falado em 
favoritismo e que isso era dedução de quem ouvira o seu discurso. 
(Fonte: Platão e Fiorin. Para Entender o Texto: leiturae redação.2008) 
 
Na verdade, ele não falou em favoritismo, mas deu a entender, deixou subentendido para não 
se comprometer com o que disse. Fez a denúncia sem denunciar explicitamente. A frase sugere, mas 
não diz. A distinção entre pressupostos e subentendidos em certos casos é bastante sutil. Não vamos 
aqui ocupar-nos dessas sutilezas, mas explorar esses conceitos como instrumentos úteis para uma 
compreensão mais eficiente do texto. 
 
EXERCÍCIOS 
 
01. Observe as duas passagens que seguem: 
a) Os índios brasileiros, que abandonaram suas tradições, estão em fase de extinção. 
____________________________________________________________________________ 
 
b) Os índios brasileiros que abandonaram suas tradições estão em fase de extinção. 
22 
 
____________________________________________________________________________ 
 
A oração adjetiva (que abandonaram suas tradições) implica os mesmos pressupostos em ambas as 
passagens? 
 
 
02. 
 
 
“COMEMORAÇÃO” 
 
Um senador pelo Distrito Federal, às vésperas de ser cassado, e um ex-juiz de São Paulo, amigos íntimos, se 
encontraram em Brasília: 
-E então Meritíssimo, vamos tomar alguma para comemorar? 
O juiz prontamente responde: 
 -Vamos! De quem agora? 
 
 
a) Em que expressão exatamente se encontra a graça da piada acima? Por quê? 
____________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________ 
b) Qual o subentendido que se esconde por trás da expressão principal dessa piada? 
____________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________ 
c) Qual o subentendido contido no título dessa piada(“Comemoração”) e também na expressão “de quem 
agora”? 
____________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________ 
 
03. Pedro vendeu seu fusquinha. 
Pressuposto_____________________________ 
 
04. Todos vieram; até Maria. 
Pressuposto:____________________________ 
 
05. Manuel parou de fumar. 
Pressuposto:_____________________________ 
 
06. Os noivos chegaram. 
Pressuposto:_____________________________ 
 
07. Paulo dançou a noite toda com Maria. 
Pressuposto;_____________________________ 
 
08. Ela é pobre, mas é limpa. 
Pressuposto:_______________________________________________ 
 
09. Sou pobre, porém sou honesto. 
Pressuposto:_______________________________________________ 
 
10. Somos pouco estudados, mas temos vergonha. 
Pressuposto:_______________________________________________ 
 
11. Ele é negro, mas é inteligente. 
Pressuposto:_______________________________________________ 
 
12. É analfabeto, mas é decente. 
Pressuposto:_______________________________________________ 
 
23 
 
13. Creme dental e Gel Even: basta um pingo. 
Pressuposto:_______________________________________________ 
 
14. Nossas promoções são promoções mesmo. Aqui não tem enrolada. 
Pressuposto:_______________________________________________ 
 
15. Meu candidato é um homem de mãos limpas. 
Pressuposto:_______________________________________________ 
 
16. Ela é muito inteligente, apesar de ser mulher. (Mário Amato – Presidente da FIESP – referindo-se à 
ministra Dorothéa Werneck – Governo Fernando Henrique Cardoso). 
Pressuposto:_______________________________________________ 
 
17. Observe os seguintes diálogos e demonstre os subentendidos de cada diálogo: 
 
a) – Maria virá à festa de João no próximo sábado? 
 – Davi quer ir ao teatro. 
________________________________________________________________________ 
b) – Oi Juliana, e aí, está de pé? 
 - Olha, o negócio está firme, tudo em cima. Suba rápido. 
________________________________________________________________________ 
 
18. Sobre a frase “isso é tão simples que até uma mulher faz” responda: 
 
a) Qual a palavra que dá sentido machista à frase? 
_______________________________________________________________________ 
b) É possível ter certeza de que a direção argumentativa do enunciador dessa frase é desfavorável às 
mulheres? 
_______________________________________________________________________ 
 
19. 
 
 
24 
 
a) Explique por que é possível que o enunciatário de uma mensagem como a que Calvin leu não 
entenda que, por exemplo, deve ligar os pontos em ordem numérica. 
________________________________________________________________________________ 
b) Que efeito de sentido a repetição da palavra “regras” traz à fala de Calvin no último quadrinho da 
tirinha? 
________________________________________________________________________________ 
 
 
20. Assinale a interpretação sugerida pelo seguinte trecho publicitário: 
Fotografe os bons momentos agora, porque depois vem o casamento. 
 
a) O casamento não merece fotografias. 
b) A felicidade após o casamento dispensa fotografias. 
c) Os compromissos assumidos no casamento limitam os momentos dignos de fotografia. 
d) O casamento é uma segunda etapa da vida que também deve ser registrada. 
e) O casamento é uma cerimônia que exige fotografias exclusivas. 
 
 
21. Identifique as informações pressupostas nas frases abaixo: 
 
a) “Capital da Líbia volta a ser bombardeada” 
 
b) “Estado do Rio registra primeiro caso de dengue tipo 4”. 
 
c) “Para Ronaldinho Gaúcho, proposta do Flamengo foi a melhor”. 
 
d) “Botafogo ainda não definiu treinador”. 
 
e) “Abel Braga volta a treinar o Fluminense”. 
 
f) “Vasco busca título inédito da Copa do Brasil”. 
 
 
22. Identifique as informações subentendidas nas frases abaixo: 
 
a) “Você gostaria de ir ao cinema comigo qualquer dia?” (rapaz abordando uma moça numa festa). 
 
b) “E você é simpático” (mulher respondendo a um elogio feito por um admirador). 
 
c) “A bolsa da senhora está pesada?” (um rapaz). 
 
d) “Você tem horas?” (um homem apressado). 
 
e) “Filho, leve o guarda-chuva” (mãe). 
 
 
4. LÍNGUA, LINGUAGEM E SUJEITO 
 
Para que entendamos como se processa a linguagem, é interessante fazermos uma incursão 
pelas concepções de linguagem, de sujeito, de texto e de sentido que foram utilizados pelos falantes nos 
diversos paradigmas estabelecidos no decorrer da história. 
 
1ª CONCEPÇÃO: 
1. LINGUAGEM 2. SUJEITO 3. TEXTO 4. SENTIDO 
Língua como 
representação do 
pensamento: 
-Consciência individual no 
uso da linguagem. 
Sujeito psicológico, 
individual, dono de suas 
vontades e de suas ações. 
Um ego que constrói uma 
representação mental. 
Deseja que o interlocutor 
Texto é um produto 
(lógico) do pensamento, 
representação mental. 
Nada cabe ao leitor. 
Modelo hermenêutico. 
Sentido é criado pelo 
intérprete. 
O sujeito do enunciado é 
responsável pelo sentido. 
25 
 
capte a mensagem como 
foi mentalizada. 
 
2ª CONCEPÇÃO: 
 
1. LINGUAGEM 2. SUJEITO 3. TEXTO 4. SENTIDO 
 
Língua como estrutura: 
quem fala é um sujeito 
anônimo. 
 
Sujeito determinado, 
assujeitado pelo 
sistema. 
Sujeito: repetidor, 
dependente, 
caracterizado por uma 
não-consciência, não é 
dono de seu discurso 
nem da sua vontade. 
 
Texto é um mero 
produto da codificação 
do emissor a ser 
codificado pelo leitor / 
ouvinte. 
Leitor é passivo. 
Texto codificado, 
explícito. 
 
 
Modelo criptológico: o 
sentido está no texto: 
descubra. 
 
3ª CONCEPÇÃO: 
 
1. LINGUAGEM 2. SUJEITO 3. TEXTO 4. SENTIDO 
 
Língua como lugar de 
interação: 
Sujeitos são atores 
sociais. 
Concepção interacional 
da língua. 
 
 
Sujeito: entidade 
psicossocial 
Caráter ativo. 
Sujeitos são atores, 
construtores sociais. 
Sujeito bakhtiniano, 
social, histórica e 
ideologicamentesituado. 
A identidade do sujeito 
é construída na relação 
com a alteridade. 
Participante do sentido. 
Sujeito é na interação. 
 
Texto é o lugar próprio 
da interação. 
No texto os sujeitos se 
constroem e são 
construídos. 
Possui implícitos, 
compreensíveis com o 
contexto sociocognitivo 
dos participantes da 
interação. 
É um evento 
comunicativo. 
É construído na 
interação texto-sujeito. 
 
Modelo pragmático. 
O sentido é uma 
atividade interativa 
complexa. 
O sentido se realiza 
com ativação de 
saberes prévios. 
A coerência está 
associada ao contexto 
sociocognitivo e 
interativo. 
 
 
4.1. TEXTO E CONTEXTO 
Todos os nossos atos se realizam através de textos, sejam verbais ou não-verbais. A leitura de 
um texto se dá primeiramente a partir do processo de decodificação, quando temos contato com o 
conteúdo e buscamos compreendê-lo. 
 Existem elementos que nos ajudam a interpretar os textos que estão a nossa volta, mas para 
que se possa compreender bem um texto é necessário identificar o contexto (social, cultural, estético, 
político) no qual ele está inserido. Essa identificação vai depender do conhecimento sobre o que está 
sendo abordado e as conclusões referentes ao texto. Em determinados textos a informação sobre 
acontecimentos passados contribui para sua compreensão. Por isso, quanto mais variado o campo de 
conhecimento, mais facilidade encontrará o leitor para ler e interpretar textos. 
 O texto é o lugar da interação dos atores sociais e o contexto em que ele foi produzido é 
constituído de aspectos internos e externos ao discurso, à fala. Ele é constituído pela situação social em 
que o discurso se realiza. A situação social é a forma como duas ou mais pessoas se comunicam sobre 
um determinado assunto. 
Dessa forma, o contexto é o conjunto das condições sociais consideradas para estudar as 
relações sociais existentes entre comportamento social e comportamento linguístico. O estudo do 
contexto não depende apenas de conhecimentos linguísticos, mas também de conhecimentos de mundo 
(conhecido como conhecimento enciclopédico). Aqui entra todo nosso estoque de conhecimentos, 
acumulado ao longo de nossa vida, de nossas leituras, de nossas experiências. 
 Assim, o texto deve ser estudado em seu contexto de produção e deve ser compreendido não 
como um produto acabado, mas como um processo entre os interlocutores. 
 
26 
 
4.2. TEXTUALIDADE 
 
 É aquilo que dá organização ou organicidade ao texto. 
 É o que caracteriza que um texto é um todo coeso e organizado e não um amontoado de 
palavras. 
 É a característica de um texto que torna claro que gênero textual se pretenda que ele seja; 
 As propriedades que permitem identificar cada tipo de texto (textura). 
 
4.3. INTERTEXTUALIDADE/POLIFONIA 
 
A Intertextualidade pode ser definida como um diálogo entre dois textos. Pode ser implícita ou 
explícita. Sabemos que todo texto, seja ele literário ou não, é oriundo de outro, seja direta ou 
indiretamente. Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em outros textos são intertextos. 
Para caracterizar o romance de Dostoievski, Bakhtin trouxe o termo à linguagem. Explana a 
relação entre falante e ouvinte e o expressar de um em relação ao outro; e que “eu” dou-me forma 
enquanto parte integrante do grupo a que pertenço. O “eu se constrói constituindo o Eu do outro e por 
ele é constituído”. Outros autores chamam de “várias vozes” que constituem 
um texto. O autor pode falar várias vozes ao longo de seu texto. Não há um divisor de águas entre a 
terminologia ‘intertextualidade’ e ‘polifonia’. Ambas são as vozes que compõem um texto. 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
01. Enumere a 2ª coluna em consonância com a 1ª: 
 
(1) A língua é uma representação do pensamento. 
A língua é uma estrutura. 
(2) A língua é concebida como uma atividade 
dialógica e interacional. É o lugar próprio da 
interação. 
(3) O sujeito como uma atividade psicossocial, 
com caráter ativo. Os sujeitos são atores sociais e 
sua identidade é construída na relação com a 
alteridade. 
(4) O sentido do texto é criado pelo intérprete. 
Nada cabe ao leitor. 
(5) O sentido do texto está nele, explícito. O leitor 
descubra. 
 
( ) Concepção contemporânea da noção de sujeito. 
Corresponde à concepção de língua como interação. 
 
( ) Modelo criptológico de sentido. Compreende ao 
conceito de texto como produto da codificação do 
emissor a ser decodificado pelo leitor. 
 
( ) Concepção contemporânea do conceito de língua 
. 
( ) Concepções tradicionais e estruturalistas do conceito 
de língua. 
 
( ) É o chamado modelo hermenêutico da concepção 
de sentido. O sentido do texto é criado pelo intérprete. 
 
02. 
 
1) É um lugar de interação. Concepção dialógica e 
interacional. 
(2) Entidade psicossocial, com caráter ativo. São 
atores e construtores sociais. 
(3) É o lugar próprio da interação. É um evento 
comunicativo. 
(4) É uma atividade interativa complexa. Além da 
base linguística, requer saberes. 
 
( ) Concepção contemporânea de sentido. 
 
( ) Concepção contemporânea de língua. 
 
( ) Concepção contemporânea de sujeito. 
 
( ) Concepção contemporânea de texto. 
 
 
03. 
 
(1) Lugar próprio da interação. Nele, os sujeitos se 
constroem e são construídos. Possui informações 
explícitas e implícitas. É uma entidade 
comunicativa verbal e não-verbal. É uma realidade 
discursiva e social. 
(2) É um conceito que designa os aspectos 
internos e externos ao discurso, à fala. É 
concebido como o conjunto das atividades sociais 
consideradas para estudar as relações sociais 
( ) Conceito de textualidade. 
 
 
( ) Conceito de texto. 
 
 
( ) Conceito de contexto. 
 
 
27 
 
existentes. É o entrono do texto. 
(3) É a característica que dá organização ou 
organicidade ao texto. É o que faz do texto um 
todo coeso e organizado e não um amontoado de 
palavras. 
(4) Pode ser definido como um diálogo entre dois 
textos. É explícito ou implícito. Qualquer texto que 
se refere a assuntos abordados em outros textos. 
(5) Etimologicamente significa ‘muitas vozes’. O eu 
se constrói constituindo o Eu do outro e por ele é 
constituído. 
 
( ) Conceito de polifonia. 
 
 
( ) Conceito de intertextualidade. 
 
 
5. ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO E FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
 
 
Para entendermos com clareza as funções da linguagem, é bom primeiramente conhecermos as 
etapas da comunicação. Ao contrário do que muitos pensam, a comunicação não acontece somente 
quando falamos, estabelecemos um diálogo ou redigimos um texto, ela se faz presente em todos (ou 
quase todos) os momentos. 
 Comunicamo-nos com nossos colegas de trabalho, com o livro que lemos, com a revista, com os 
documentos que manuseamos, através de nossos gestos, ações, até mesmo através de um beijo de “boa 
noite”. 
No ato de comunicação percebemos a existência de alguns elementos. Observe a tirinha abaixo para 
analisarmos. 
 
 
 
Analisando o que temos na lista do Calvin, verificamos que quase todos os elementos 
considerados fundamentais para a concretização da comunicação estão presentes: 
 
28 
 
Emissor alguém que transmite a mensagem (no caso, Calvin); 
Destinatário a quem a mensagem se dirige (no caso, Haroldo); 
Mensagem a informação que se pretende transmitir (no caso, o questionamento sobre o 
comportamento dos tigres); 
Código um conjunto comum ao emissor e ao destinatário formado de elementos e de 
regras que permitem o entendimento da mensagem (no caso, a língua 
portuguesa); 
Referente o assunto, a situação que envolve o emissor e o destinatário e o contexto 
linguístico que envolve a mensagem (no caso, a situação concreta de preguiça ou 
sono do tigre e a fala de Calvin, questionando os objetivos de vida de um tigre, 
por meio de um diálogo);Canal o meio físico para transmitir a mensagem e a conexão psicológica que leve o 
destinatário a se interessar no que lhe transmite o emissor e a procurar entender 
a mensagem (no caso, o ar e o interesse (ou melhor, a fala de) de Haroldo na 
mensagem emitida por Calvin). 
 
 Nesse último elemento, percebemos o “problema” que impossibilita a comunicação entre 
emissor (Calvin) e destinatário (Haroldo): 
 ou Haroldo está dormindo e, portanto, não ouve o que o garoto lhe diz (o canal físico não 
existe); 
 ou Haroldo está tão sonolento que não consegue dar atenção a Calvin (falta conexão 
psicológica, vontade do tigre em ouvir e prestar atenção ao que lhe é dito). 
 
Há de se observar que diversos fatores impedem a comunicação entre emissor e receptor. Todo 
elemento que interfere na comunicação dos interlocutores recebe o nome de ruído, ou seja, ruído é 
qualquer obstáculo que impede a comunicação, a compreensão da mensagem transmitida. 
Partindo desses seis elementos, Roman Jakobson, linguista russo, elaborou estudos acerca das 
funções da linguagem, os quais são muito úteis para a análise e produção de textos. As seis funções 
serão abordadas no próximo item. 
 
5.1. FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
 
 
Para realizar um ato de comunicação verbal, o indivíduo escolhe, seleciona as palavras, depois 
passa a organizá-las e combiná-las conforme a sua vontade. E todo este trabalho de seleção e 
combinação não é aleatório, não é realizado por acaso, mas está intimamente ligado à intenção do 
emissor. Assim sendo, a linguagem passa a ter funções, cuja importância é saber utilizar a linguagem 
adequada no momento adequado. 
 
O esquema proposto por Roman Jakobson compreende um remetente que envia uma 
mensagem a um destinatário; para ser eficaz a comunicação, são necessários um contexto a que se 
refere, um código, parcial ou totalmente comum a remetente e destinatário, e um canal físico. 
O código compreende um estoque estruturado de elementos que se apresentam como 
alternativas de seleção para a produção de mensagens. Os subcódigos introduzem a questão da 
variação linguística. Assim, códigos diferentes não permitem a comunicação. Uma petição escrita numa 
variante linguística não aceita nos meios forenses pode impedir a consecução do objetivo do profissional 
do direito na defesa dos interesses de um cliente seu. Nunca podemos esquecer que há variantes 
linguísticas que gozam de prestígio entre os usuários e há outras que são estigmatizadas. 
 
Para Jakobson, a linguagem deveria ser examinada não em relação à função informativa 
(denotativa, referencial), que foi considerada pelos teóricos da informação a única e a mais importante. 
 
29 
 
As funções estariam, para Jakobson, focadas em um dos elementos do processo de 
comunicação; a função emotiva estaria centrada no remetente; a referencial, no contexto ou referente; a 
poética, na mensagem; a fática, no contato; a metalinguística, no código; a conativa, no destinatário. 
 
FUNÇÃO REFERENCIAL 
 É a mais comum das funções da linguagem e centra-se na informação. A intenção do emissor é 
transmitir ao interlocutor dados da realidade de uma forma direta e objetiva, sem ambiguidades, com 
palavras empregadas em seu sentido denotativo. Portanto, essa é a função da linguagem que 
predomina em textos dissertativos, técnicos, instrucionais, jornalísticos ─ informativos por excelência. 
Como está centrado no referente, ou seja, naquilo de que se fala, prevalece o texto escrito em 3ª 
pessoa, com frases estruturadas na ordem direta. 
 A informação jurídica é precisa, objetiva, denotativa; fala-se, então, de função referencial. Nada 
impede, porém, que o texto jurídico se preocupe, por exemplo, com a sonoridade e ritmo das palavras, 
valorizando a forma da comunicação; tem-se, assim, a função poética. 
 Os textos em que predomina a função referencial apresentam qualidades objetivas ou concretas, uso 
de nomes próprios, estratégias argumentativas lógicas, como provas e demonstrações. Em geral, 
evitam o uso de adjetivação imprecisa, como belo, feio, grande, pequeno etc., bem como de expressões 
subjetivas como eu acho, eu quero. Esses procedimentos visam criar o efeito de distanciamento do 
sujeito e de verdade dos fatos. O uso da função referencial tem em vista a transmissão objetiva de 
informação sobre o contexto, sobre os fenômenos extralinguísticos. 
 
FUNÇÃO EMOTIVA OU EXPRESSIVA 
 Quando a intenção do produtor do texto é posicionar-se em relação ao tema que está abordando, é 
expressar seus sentimentos e emoções, o texto resultante é subjetivo, um espelho do ânimo, das 
emoções, do temperamento do emissor. Nesse caso temos a função emotiva da linguagem (também 
chamada expressiva). A interjeição, o uso de pronomes e verbos na 1ª pessoa do singular, os adjetivos 
valorativos e alguns sinais de pontuação, como as reticências e os pontos de exclamação são algumas 
marcas da função emotiva utilizada para comover o receptor. Exemplo: linguagem do réu (que valoriza 
a primeira pessoa do singular); linguagem do advogado de defesa quando, no Júri, apela para o fato de 
que a condenação vai ultrapassar a pessoa do condenado e atingir outras pessoas inocentes. 
 
 
FUNÇÃO APELATIVA OU CONATIVA 
 Observe que conativo significa “relativo ao processo da ação intencional sobre outra pessoa”: 
promover, suscitar, provocar estímulos, persuadir. A função apelativa ou conativa é, portanto, aquela 
em que há intenção do emissor de influenciar o destinatário. A mensagem se organiza em forma de 
ordem, chamamento, apelo ou súplica e está centrada no receptor. Para tentar persuadir o destinatário 
é preciso, antes de mais nada, falar a língua dele, apelar para exemplos e argumentos significativos em 
relação a sua classe social, a sua formação cultural, a seus sonhos e desejos. Cada leitor deve ter a 
sensação de que o texto foi escrito especialmente para ele, como se fosse uma conversa a dois. É o 
que os publicitários, por exemplo, fazem muito bem. Um produto sofisticado exige um anúncio também 
sofisticado, para atingir seu público-alvo. Por outro lado, um produto “popular” exige um anúncio 
objetivo, em linguagem clara e direta, explorando argumentos que fazem parte do repertório do 
consumidor-alvo. Marcam a função apelativa os verbos no imperativo, uso do vocativo e tratamento em 
2ª pessoa (tu, vós, você, vocês). 
 
Sabe-se que o texto jurídico é, eminentemente, persuasório; dirige-se, especificamente, ao 
receptor; dele se aproxima para convencê-lo a mudar de comportamento, para alterar condutas já 
estabelecidas, suscitando estímulos, impulsos para provocar reações no receptor. 
 
O discurso persuasório apresenta duas vertentes: a vertente autoritária e a vertente exortativa. A 
vertente autoritária é típica do discurso jurídico; basta atentar-se para o Código Penal e para expressões 
como: “intime-se, “afixe-se e cumpra-se”, “revoguem-se as disposições em contrário”, “arquive-se”, 
conduzir “sob vara” ou manu militari, “justiça imperante” e muitas outras. Monteiro (1967, p14) é taxativo: 
“Além de comum a lei é, por igual, „obrigatória‟. Ela ordena e não exorta (jubeat non suadeat); também 
não teoriza. Ninguém se subtrai ao seu tom imperativo e ao seu campo de ação.” Já a vertente exortativa 
é utilizada mais pelos textos publicitários que, para maior efeito, apelam para a linguagem poética. O 
discurso persuasório coercitivo, autoritário, já caracterizou a igreja católica que hoje usa mais o discurso 
exortativo. 
 
 
30 
 
FUNÇÃO FÁTICA 
 Tem como propósito prender a atenção do destinatário visando prolongar a comunicação, testando 
o canal com frases do tipo “veja bem”, “entendeu?”,”certo?” “olha aqui”, etc. O principal exemplo é o 
diálogo. 
 
FUNÇÃO POÉTICA 
 Quando a intenção do produtor do texto está voltada para a própria mensagem,

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