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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL MÓDULO SISTEMA REGISTRAL DAS PESSOAS NATURAIS E JURÍDICAS Professor: Christiano Cassettari 1. Material pré-aula a. Tema União estável: questões atuais e polêmicas e o papel do RCPN. b. Noções Gerais Contexto histórico A união de homem e mulher fora do casamento decorre da antiguidade, para os romanos era a forma de união predestinada a patrícios e plebeus, impedidos de se unirem pelo casamento, uniam- se de fato, era uma forma de união inferior ao casamento. Destaca o professor Luís Paulo Cotrim Guimarães que: A união concubinária, nos moldes em que fora concebida no antigo direito romano, assim tratada no Digesto, era tida como uma possibilidade de constituição de família a todos aqueles que se encontravam impedidos às justas núpcias, sendo estas destinadas apenas aos homens livres e honrados.1 Na Idade Média, a própria Igreja Católica veio a recepcioná-lo, como bem elucida o professor Marco Aurélio Viana: O direito canônico dos primeiros tempos não desconhecia totalmente o concubinato como instituição legal. Consta que Santo Agostinho admitiu o batismo da concubina desde que se obrigasse a não deixar o companheiro; Santo Hipólito negava matrimônio a quem o solicitasse para abandonar a concubina, salvo se por ela fosse traído e o primeiro Concílio de Toledo, no ano de 400, autorizou o 1 GUIMARÃES, Luís Paulo Cotrim. Negócio jurídico sem outorga do cônjuge ou convivente: alienação de outros bens e outros atos, à luz do Código Civil de 2002. São Paulo: RT, 2003. concubinato de caráter perpétuo. Entretanto, depois de imposta a forma pública de celebração (dogma do matrimônio-sacramento), a Igreja mudou de posição e o Concílio de Trento impôs excomunhão aos concubinos que não se separassem após a terceira advertência.2 Conforme o Prof. Vitor Frederico Kümpel: Tradicionalmente, entendia-se por família tão somente aquele advinda do casamento entre homem e mulher incluindo a prole. Trata-se da visão matrimonial ou conjugal da família, que pressupunha a existência do casamento para a sua constituição, como entidade digna de proteção estatal. Nesse contexto, o Código Civil de 1916, só reconhecia juridicidade as relações advindas do casamento, o que, certamente elevava a importância do instituto.3 No Brasil, somente em 1977 foi introduzido, pela Lei 6.515/77, denominada Lei do Divórcio, finalmente traçaram-se normas referentes à dissolução do casamento, ocorrendo a principal quebra dos valores religiosos embutidos nesse instituto. No entanto, depois da Constituição Federal de 1988, a legitimidade da família não se relaciona mais com o casamento assim o casamento passou a ser algo dissociado do legítimo. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. § 4º Entende-se também, como entidade familiar, a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. (...) A maior mudança que a constituição Federal de 1988 apresentou foi a separação entre o casamento como única forma de formação de família legítima, passando-se a considerar também como entidade 2 VIANA, Marco Aurélio S. Da união estável. São Paulo: Saraiva, 1999. 3 KÜMPEL, Vitor Frederico. Tratado Notarial e Registral – Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais, Volume 2: YK Editora, 2017, p. 866. familiar a relação extramatrimonial estável, entre um homem e uma mulher, que antes era tida como amoral e pecaminosa, além daquela formada por qualquer dos genitores e seus descendentes, a família monoparental. Com a CRFB/88 alargou-se a concepção jurídica de família levando a união entre homem e mulher à denominação de entidade familiar. Apesar de tentativas anteriores para a regularização da União Estável, esta só veio a ser regulada efetivamente pelo Código Civil de 2002. A União Estável se concretiza como a união de duas pessoas, que não são legalmente casadas, com a finalidade de formar família. Com o código civil, foram reconhecidos: O novo Código Civil de janeiro de 2002 legitimou a definição da união estável que não apareceu na Constituição de 1988. Art. 1723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência publica, continua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Neste sentido o Prof. Álvaro Villaça destaca que: “União Estável é a convivência não adulterina nem incestuosa, duradoura, pública e contínua, de um homem e de uma mulher, sem vínculo matrimonial, convivendo como se casados fossem, sob o mesmo teto ou não, constituindo, assim, sua família de fato.” 4 Papel do RCPN O CNJ em 2014 normatizou pelo Prov. 37 o registro da união estável prevista nos arts. 1.723 a 1.727 do CC, mantida entre homem e a mulher, ou ainda duas pessoas do mesmo sexo Conforme o Prof. Vitor Frederico Kümpel: O registro da união estável tem natureza facultativa, será feito no livro “E” pelo Oficial do Registro Civil das Pessoas Naturais da Sede, ou, onde houver no 1º Subdistrito da Comarca em que os 4 AZEVEDO, Álvaro Villaça. União estável: antiga forma de casamento. Revista dos Tribunais, São Paulo, março de 1994. companheiros tem ou tiveram o seu último domicílio. Registra-se a sentença declaratória de reconhecimento e dissolução ou extinção, bem como da escritura pública de contrato e distrato envolvendo união estável.5 Cumpre ressaltar, que o registro no livro “E” não produz os efeitos da conversão da união estável em casamento, de modo que das certidões relativas a tais registros constará esta advertência. Deverá constar no assento a data em que foi feito, o prenome e o sobrenome, a data de nascimento, a profissão, indicação da identidade, domicílio, CPF, bem como os prenomes e sobrenomes dos pais, data do trânsito em julgado da sentença ou acórdão, número do processo, juízo e nome do juiz que a proferiu ou do desembargador que o relatou, data da escritura pública, com menção ao livro, página e o tabelionato onde foi lavrado o ato. Segundo o Prof. Vitor Frederico Kümpel: Eventualmente a falta de informações a respeito do estado civil dos companheiros na escritura pública, não obsta o seu registro, desde que sejam apresentadas as respectivas certidões de nascimento ou de casamento com averbação do divórcio ou da separação judicial ou extrajudicial ou de óbito do cônjuge, se o companheiro for viúvo, exceto se mantidos esses assentos no Registro Civil das Pessoas Naturais em que for registrada a união estável, hipótese em que bastará sua consulta direta pelo registrador. Estas certidões, no entanto devem ficar arquivadas na serventia. É importante que o registrador fique atento se a pessoa é ou não efetivamente casada, na medida em que há uma proibição formal- registral do assentamento da família paralela, não é admissível nem o fato da pessoa ser separada de fato, para não gerar problema do registro do concubinato. De outra parte, nada impedeo registro no livro “E” se a união for entre pessoas separadas judicialmente ou extrajudicialmente, ou, 5 KÜMPEL, Vitor Frederico. Tratado Notarial e Registral – Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais, Volume 2: YK Editora, 2017, p. 866. ainda, se a declaração da união estável decorrer de sentença judicial transitada em julgado. Desta forma, o título que embasa o registro é a sentença judicial transitada em julgado ou a escritura pública. Embora exista o comando normativo fixando esses títulos como sendo a justa causa para o comando normativo, não há lei que proíba o instrumento particular. Após o registro da união estável, na ocorrência de eventual óbito, casamento, constituição de nova união estável e interdição serão anotadas no assento da união estável, mediante a comunicação ao registrador que realizar esses registros, fazendo constar o conteúdo dessas averbações em todas as certidões que foram expedidas.····. Quanto à dissolução de união estável, pode ser efetuada por sentença judicial transitada em julgado ou escritura pública, sendo que se já houver registro no livro “E” a dissolução será simplesmente averbada, constando o período da manutenção da referida união. Além disso, a ausência do referido assento não obsta a formalização da dissolução, contudo deverá ser primeiramente efetuado o registro no livro “E” e logo após a averbação da dissolução, conforme a sentença que reconheceu e dissolveu a união ou a escritura de dissolução. UNIÃO ESTÁVEL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO Em 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável homossexual como entidade familiar e atribuiu direitos aos casais formados por pessoas do mesmo sexo. Em seguida, o “Tribunal, ainda por votação unânime, julgou procedente as ações, com eficácia erga omnes e efeito vinculante”, o que significa dizer que esse seria um posicionamento a ser seguido pelos demais juristas do país.(ADI nº 4.277 e ADPF nº 132) Conforme o Prof. Christiano Cassetari: Essa decisão do STF fez com que todos os direitos que são dados aos companheiros heterossexuais em nosso sistema legislativo sejam estendidos às pessoas que vivem em união estável homoafetiva.6 Continua ainda o Prof. Christiano Cassetari: Para se ter a união estável homoafetiva, deve-se preencher os mesmos requisitos para se constituir a união estável heterossexual, ou seja, a convivência pública, duradoura e contínua com o objetivo de constituir família, conforme o art. 1.723 do Código Civil, que foi amplamente discutido pela suprema corte nesse julgamento histórico. Assim, entende-se que o artigo 226, § 3o, da Constituição Federal, segundo o qual “para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher”, embora não tenha sido efetivamente alterado, deve ser lido de outra maneira. Portanto, onde se lê “o homem e a mulher”, a interpretação que passou a ser dada é de que se leia “pessoas”. Em junho de 2011, foi convertida a primeira união estável homossexual em casamento, via judicial (é possível a conversão de uma união em casamento). Depois desse pedido, outros também começaram a ser concedidos judicialmente. Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça publicou a Resolução nº. 175/2013, o que caracterizou mais um avanço, na medida em que determina que as autoridades (cartórios) não podem rejeitar a celebração do casamento homossexual e nem a conversão da união estável em casamento. Caso exista tal recusa, isso deve ser comunicado ao juiz corregedor para a adoção das medidas adequadas. É certo que, da mesma forma que acontecia outrora em relação a outros tipos de família, as uniões homossexuais não deixarão de existir por não estarem regulamentadas, do mesmo modo que elas não aumentarão somente em decorrência do reconhecimento legal. Ao não se reconhecer uma união homossexual, fere-se o princípio da dignidade. Com o não reconhecimento, a Justiça estaria a colaborar, de fato, para a criação de injustiças, já que estaria “fechando os olhos” para sujeitos que merecem igualdade de proteção. 6 CASSETARI, Christiano. https://arpen-sp.jusbrasil.com.br/noticias/2809016/artigo-o-casamento- homoafetivo-no-brasil-por-christiano-cassettari UNIÃO POLIAFETIVA Tem sido comum, na área civil, mais especificamente na seara do Direito de Família, atualmente chamado por muitos de “Direito das Famílias”, o reconhecimento de uma enorme “mutação” no conceito de família que ultrapassa o modelo tradicional para abranger várias novas modalidades, inclusive sem, necessariamente, a interposição do casamento.7 No seio desse quadro plural e diferenciado exsurgem as propostas de reconhecimento jurídico das chamadas “uniões poliafetivas” (que se constituiriam não somente entre dois parceiros ou parceiras, mas podendo ampliar o número de conviventes), o que, certamente, ao menos de forma indireta, atinge o chamado “princípio monogâmico” tradicionalíssimo na conformação das famílias. Nossa legislação apenas reconhece a união estável entre o homem e a mulher (art. 226 da Constituição Federal e art. 1.723 do Código Civil) e a união homoafetiva (Resolução nº 175, de 14 de maio de 2013 do Conselho Nacional de Justiça). A união poliafetiva, aquela entre mais de duas pessoas, não possui previsão legal, mas está sendo discutida em nossos tribunais, uma vez que os interessados em regularizar sua sociedade conjugal estão procurando o judiciário para garantir os seus direitos. Conforme o Prof. Vitor Frederico Kümpel: Na verdade, o Direito brasileiro não tutela uniões poligâmicas, e as escrituras que reconhecem efeitos jurídicos de união estável – pessoais e patrimoniais - a relações entre mais de duas pessoas são ilegais. Pela ordem constitucional (art. 226, §3º) e infra (CCB/02, art. 1.723) a monogamia é essencial ao reconhecimento de união estável.8 Argumentar com a ideia de que tais escrituras apenas constatam a existência fática de tais arranjos, declarando-os, é no mínimo temerário. O cidadão enxerga na escritura pública a chancela 7 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8ª. ed. São Paulo: RT, 2011 8 KÜMPEL, Vitor Frederico http://www.migalhas.com.br/Registralhas/98,MI280531,91041- A+ilegalidade+das+escrituras+de+uniao+poliafetiva estatal que tal documento de fato carrega. A constatação de algo que é "quase jurídico" ou "em vias de tornar-se jurídico" fere qualquer compromisso entre o agente (tabelião) e o cidadão. As uniões poliafetivas não são jurídicas, e não podem atrair efeitos de Direito de Família. Uma eventual reforma legislativa com o propósito de admitir a juridicidade dessas relações teria de modificar diversos aspectos do ordenamento, para evitar contradições. Por exemplo: a união estável, como se sabe, pode ser convertida em casamento. Se se reconhece como "união estável" uma relação entre três pessoas, é necessário admitir que essa mesma relação seja convertida em casamento. Estar-se-ia, então, diante de uma espécie de bigamia excepcionalmente autorizada? Essa e outras contradições revelam, também em uma visão sistemática, a não admissão da figura da união jurídica poliafetiva. O problema está na inviabilidade de se operacionalizar algo como o afeto. Não se quer com isso desprestigiar os sentimentos. Antes pelo contrário: quer-se indicar queum sistema jurídico é incompatível com elementos tão nobres quanto amor e afeto, cuja compreensão deve ser reservada para estudos próprios, em diversas áreas, e por pessoas com formação específica. Em outros termos: os juristas não sabem e não saberão lidar adequadamente com o afeto. Interpretá-lo em situações reais exigiria uma racionalidade que um tomador de decisões jurídicas não tem. Essa inviabilidade revela o tom fortemente retórico dos discursos que anunciam uma "virada" compreensiva do Direito de Família a partir da afetividade. Um outro aspecto, que deveria soar mais óbvio, e que já se adiantou ao início, diz respeito à própria figura do Tabelião de Notas. Agente da máxima importância, a quem o Estado confere o poder de dar fé pública a atos e fatos jurídicos, sua tarefa não pode ser banalizada. Ao reconhecer uma relação que não subsiste juridicamente como família, o notário se afasta do imperativo da legalidade, que lhe preside o ofício. Realmente, "(...) quando o Tabelião de Notas, portador da fé pública, lavra uma escritura, declarando a existência de relação de três, quatro, cinco ou mais pessoas com direitos típicos da união estável, afirma inveridicamente à sociedade que tais relações entraram no mundo do Direito, que se tornaram relações jurídicas familiares e produzirão todos os efeitos ali mencionados"3. E chega-se assim a mais um alerta (tempos difíceis nos quais é preciso pedir desculpas para dizer o correto): não se pretende afirmar que o Direito não acompanha as mudanças, ou a realidade das relações humanas. Como dito acima, acompanha deveras, e o direito de família brasileiro está cheio de exemplos disso. A questão relevante reside em saber como se opera esse acompanhamento da realidade. Não obstante, Tartuce noticia que já há dois casos de lavratura de escrituras públicas de reconhecimento de uniões poliafetivas. A primeira, no ano de 2012, do Tabelionato de Tupã – SP, envolvendo um homem e duas mulheres. A segunda, em 2015, do 15º. Ofício de Notas do Rio de Janeiro – RJ, na Barra da Tijuca, envolvendo três mulheres (“união homopoliafetiva”). Segundo o autor, esses atos notariais não padecem de nulidade por “ilicitude do objeto”, nos termos do artigo 166, II, do Código Civil.9 Para o autor em destaque a monogamia é princípio do casamento e não da união estável, pois o que o Código Civil estabelece é que não podem se casar as pessoas já casadas, “sob pena de nulidade do segundo casamento” (inteligência dos artigos 1.521, VI c/c 1.548, CC). Ademais, o casamento é que implica em dever de “fidelidade” nos termos do artigo 1.566, I, CC. Quanto à união estável, não se fala em “fidelidade”, mas em “lealdade” entre os companheiros (artigo 1724, CC). Pode-se pensar que a “lealdade” implicaria em “fidelidade”, mas isso não corresponde à realidade. Conforme leciona Tartuce: “é possível que alguém seja leal sem ser fiel. Imagine-se, nesse contexto, um relacionamento de maior liberdade entre os companheiros, em que ambos informam previamente que há a possibilidade de quebra de fidelidade, e que aceitam tais condutas”. Conforme o Prof. Vitor Frederico Kümpel: Em outros termos, também essa ideia de que é possível fazer tais escrituras porque "é o que acontece na realidade da vida" surge como uma expressão – uma entre tantas – do cenário no qual está mergulhado, hoje, o Direito brasileiro. Um verdadeiro vale- tudo para driblar a legislação.10 9 TARTUCE, Flávio. Da Escritura Pública de União Poliafetiva: Breves Considerações. Disponível em www.jusbrasil.com.br 10 KÜMPEL, Vitor Frederico http://www.migalhas.com.br/Registralhas/98,MI280531,91041- A+ilegalidade+das+escrituras+de+uniao+poliafetiva Continua ainda o Prof. Kümpel: Se se pretende ver a ordem jurídica democrática preservada é preciso afirmar: não há uniões jurídicas poliafetivas. Escrituras que as reconhecem são nulas. E continuarão a ser até que o legislador venha a admitir a figura. É claro que isso dificilmente ocorrerá, afinal uma decisão como essa tem impactos negativos tanto dentro da família quanto fora dela (algo que se pretende discutir melhor numa futura coluna). Talvez o conhecimento dessa vedação explique a tentativa de forçar a admissão das uniões poliafetivas pela via do ativismo judicial e (mais esta!) extrajudicial. Afinal, se o legislador constituinte não admitiu, basta invocar algum valor e fazer surgir na Constituição algo que lá não se inseriu. É o momento de se entender que esse pensamento, que derrui o aparato normativo para a obtenção de determinados fins, desestabiliza mais ainda um país institucionalmente frágil e, ao final das contas, piora a vida do cidadão. Registro da União Estável Poliafetiva O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu em junho de 2018 impedir, por 8 votos a 6, que os cartórios de todo o país lavrem qualquer tipo de documento que declare a união estável entre mais de duas pessoas, relação conhecida como poliamor.11 Prevaleceu o entendimento do relator do caso, o conselheiro João Otávio de Noronha, também ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e atual Corregedor Nacional de Justiça. Para ele, o sistema legal brasileiro, incluindo a Constituição, não permite a união estável entre mais de duas pessoas, motivo pelo qual os tabelionatos não podem lavrar escritura que declare esse tipo de relação. Em sessão anterior, o conselheiro Aloysio Corrêa da Veiga, que é ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), divergiu. Ele votou no sentido de que os cartórios fossem permitidos a lavrar escritura ao menos declaratória da vontade dos integrantes da união poliafetiva, 11 http://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2018-06/cnj-proibe-cartorios-de-registrarem-uniao- estavel-poliafetiva mesmo que o documento não tivesse nenhum efeito jurídico para fins de herança ou de direitos previdenciário, por exemplo. O conselheiro Luciano Frota foi além. Para ele, o CNJ deveria permitir aos cartórios que emitam escrituras dando à união poliafetiva os mesmos direitos da união estável entre duas pessoas, o que no Brasil equivale ao casamento. No pedido para que fosse determinado que as corregedorias estaduais proibissem a lavratura, foram citados dois casos de formalização de união entre três pessoas, sendo um em Tupã (SP), em 2012, e outro em São Vicente (SP), em 2016. Também houve reconhecimento de união entre um “trisal” no Rio de Janeiro, em 2015. Tais escrituras agora perderam a validade. Para a associação, a Constituição e as regras infraconstitucionais sobre a família estabelecem a monogamia como condição necessária para o reconhecimento da união estável. Escritura Pública e Prova de União Estável A união estável é uma situação fática com um elemento subjetivo de grande relevância, que consiste no ânimo de constituir família. A escritura pública formaliza a vontade das partes e faz prova plena não só da sua formação, mas também dos fatos que o tabelião declarar que ocorreram em sua presença, especialmente no que se refere à declaração do casal de que convivem com objetivo de constituição de família. A união estável, segundo a lei, exige convivência pública, continuidade e razoável duração da relação, além do desejo de constituição de família pelo casal. Assim, mesmo que exista documento público atestando a união estável, registrado em cartório, esse só é válido se atender tais requisitos, dispostos no artigo1.723 do Código Civil. A 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (Processo 073/1.14.0018914-6) rejeitou ação declaratória de reconhecimento de dissolução de união estável que tramitou na comarca de Tramandaí, no litoral gaúcho. A simples existência de uma escritura pública de declaração de união estável pode ser insuficiente para provar que ocorreu relacionamento ocorreu na vida real. O juízo de origem disse que a escritura pública não afirma, automaticamente, a existência do relacionamento. Declarou ainda que o autor, no curso da instrução processual, não conseguiu demonstrar relação capaz de se equiparar a um casamento de fato. O desembargador relator Ricardo Moreira Lins Pastl rejeitou os argumentos. Primeiro, porque o reconhecimento da união estável, nos moldes do artigo 1.723, do Código Civil, depende da demonstração de seus elementos caracterizadores essenciais: publicidade, continuidade, estabilidade e objetivo de constituição de família. No caso concreto, entendeu, o relacionamento não foi pautado com essas características. Em segundo lugar, segundo o relator, a escritura pública de declaração de união estável, por si só, não tem força absoluta de prova. É que seu conteúdo declaratório pode ser desconsiderado quando não retrata a verdade dos fatos ou, mesmo retratando-a, quando estes fatos, como no caso dos autos, não consagram a relação com a natureza pretendida. c. Legislação Resolução Nº 175 de 14/05/2013 Art. 1517 CC Art. 1631 CC Arts 1723 a 1727 CC NSCGJ: SUBSEÇÃO V CAP. XVII NSCGJ: SEÇÃO VI CAP. XVII PROVIMENTO 37 CNJ ART. 1511 a 1516 CC PROVIMENTO 175 CNJ CF: art. 226 d. Julgados/Informativos RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL - ESCRITURA PÚBLICA DE UNIÃO ESTÁVEL ELEGENDO O REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS - MANIFESTAÇÃO DE VONTADE EXPRESSA DAS PARTES QUE DEVE PREVALECER - PARTILHA DO IMÓVEL DE TITULARIDADE EXCLUSIVA DA RECORRENTE - IMPOSSIBILIDADE - INSURGÊNCIA DA DEMANDADA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. Hipótese: Cinge-se a controvérsia a definir se o companheiro tem direito a partilha de bem imóvel adquirido durante a união estável pelo outro, diante da expressa manifestação de vontade dos conviventes optando pelo regime de separação de bens, realizada por meio de escritura pública. 1. No tocante aos diretos patrimoniais decorrentes da união estável, aplica-se como regra geral o regime da comunhão parcial de bens, ressalvando os casos em que houver disposição expressa em contrário. 2. Na hipótese dos autos, os conviventes firmaram escritura pública elegendo o regime da separação absoluta de bens, a fim de regulamentar a relação patrimonial do casal na constância da união. 2.1. A referida manifestação de vontade deve prevalecer à regra geral, em atendimento ao que dispõe os artigos 1.725 do Código Civil e 5º da Lei 9.278/96. 2.2. O pacto realizado entre as partes, adotando o regime da separação de bens, possui efeito imediato aos negócios jurídicos a ele posteriores, havidos na relação patrimonial entre os conviventes, tal qual a aquisição do imóvel objeto do litígio, razão pela qual este não deve integrar a partilha. 3. Inaplicabilidade, in casu, da Súmula 377 do STF, pois esta se refere à comunicabilidade dos bens no regime de separação legal de bens (prevista no art. 1.641, CC), que não é caso dos autos. 3.1. O aludido verbete sumular não tem aplicação quando as partes livremente convencionam a separação absoluta dos bens, por meio de contrato antenupcial. Precedente. 4. Recurso especial provido para afastar a partilha do bem imóvel adquirido exclusivamente pela recorrente na constância da união estável. (STJ, REsp 1481888 / SP, Ministro MARCO BUZZI, T4 - QUARTA TURMA, 10/04/2018) RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE NULIDADE DE ESCRITURA PÚBLICA C.C. CANCELAMENTO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. 1. ALIENAÇÃO DE BENS IMÓVEIS ADQUIRIDOS DURANTE A CONSTÂNCIA DA UNIÃO ESTÁVEL. ANUÊNCIA DO OUTRO CONVIVENTE. OBSERVÂNCIA. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 1.647, I, E 1.725 DO CÓDIGO CIVIL. 2. NEGÓCIO JURÍDICO REALIZADO SEM A AUTORIZAÇÃO DE UM DOS COMPANHEIROS. NECESSIDADE DE PROTEÇÃO DO TERCEIRO DE BOA-FÉ EM RAZÃO DA INFORMALIDADE INERENTE AO INSTITUTO DA UNIÃO ESTÁVEL. 3. CASO CONCRETO. AUSÊNCIA DE CONTRATO DE CONVIVÊNCIA REGISTRADO EM CARTÓRIO, BEM COMO DE COMPROVAÇÃO DA MÁ-FÉ DOS ADQUIRENTES. MANUTENÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS QUE SE IMPÕE, ASSEGURANDO-SE, CONTUDO, À AUTORA O DIREITO DE PLEITEAR PERDAS E DANOS EM AÇÃO PRÓPRIA. 4. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. Revela-se indispensável a autorização de ambos os conviventes para alienação de bens imóveis adquiridos durante a constância da união estável, considerando o que preceitua o art. 5º da Lei n. 9.278/1996, que estabelece que os referidos bens pertencem a ambos, em condomínio e em partes iguais, bem como em razão da aplicação das regras do regime de comunhão parcial de bens, dentre as quais se insere a da outorga conjugal, a teor do que dispõem os arts. 1.647, I, e 1.725, ambos do Código Civil, garantindo-se, assim, a proteção do patrimônio da respectiva entidade familiar. 2. Não obstante a necessidade de outorga convivencial, diante das peculiaridades próprias do instituto da união estável, deve-se observar a necessidade de proteção do terceiro de boa-fé, porquanto, ao contrário do que ocorre no regime jurídico do casamento, em que se tem um ato formal (cartorário) e solene, o qual confere ampla publicidade acerca do estado civil dos contratantes, na união estável há preponderantemente uma informalidade no vínculo entre os conviventes, que não exige qualquer documento, caracterizando-se apenas pela convivência pública, contínua e duradoura. 3. Na hipótese dos autos, não havia registro imobiliário em que inscritos os imóveis objetos de alienação em relação à copropriedade ou à existência de união estável, tampouco qualquer prova de má- fé dos adquirentes dos bens, circunstância que impõe o reconhecimento da validade dos negócios jurídicos celebrados, a fim de proteger o terceiro de boa-fé, assegurando-se à autora/recorrente o direito de buscar as perdas e danos na ação de dissolução de união estável c.c partilha, a qual já foi, inclusive, ajuiza (STJ, REsp 1592072 / PR, Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, T3 - TERCEIRA TURMA, 21/11/2017) CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL MANEJADO SOB A ÉGIDE DO CPC/73. FAMÍLIA. DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA DE BENS. OFENSA A ARTIGO CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO STF. ALEGAÇÃO GENÉRICA DE AFRONTA À CF. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INCIDÊNCIA, POR ANALOGIA, DA SÚMULA Nº 284 DO STF. COMPROVAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL CONTÍNUA E DURADOURA. CONCLUSÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO COM BASE NOS ELEMENTOS E PROVAS DOS AUTOS. REVISÃO NA VIA DO RECURSO ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS. VEDAÇÃO. SÚMULA Nº 7 DO STJ. ALEGAÇÃO GENÉRICA DE OFENSA A LEI FEDERAL. AUSÊNCIA DE ESPECIFICAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL OFENDIDO. DEFICIÊNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO. INCIDÊNCIA, POR ANALOGIA, DA SÚMULA Nº 284 DO STF. ANULAÇÃO DE REGISTRO PÚBLICO DE ESCRITURA COM BASE EM OCORRÊNCIA DE SIMULAÇÃO. AÇÃO AUTÔNOMA. ART. 1.245 DO CC/02. INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO DA FAMÍLIA. APÓS A EDIÇÃODA LEI Nº 9.278/1996, NA UNIÃO ESTÁVEL, VIGENTE O REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL, HÁ PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE QUE OS BENS ADQUIRIDOS ONEROSAMENTE NA CONSTÂNCIA DA UNIÃO SÃO RESULTADO DO ESFORÇO COMUM DOS CONVIVENTES. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. 1. As disposições do NCPC, no que se refere aos requisitos de admissibilidade dos recursos, são inaplicáveis ao caso concreto ante os termos do Enunciado Administrativo nº 2 aprovado pelo Plenário do STJ na Sessão de 9.3.2016: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 2. Não compete ao STJ o exame de violação a dispositivo da Constituição Federal, sob pena de usurpação da competência do STF. Precedentes. 3. A conclusão da instância ordinária, formada com suporte nos elementos fáticos e probatórios dos autos de que se configurou a união estável pública, contínua e duradoura dos litigantes, não pode ser revista em recurso especial em razão do óbice contido na Súmula nº 7 do STJ. 4. A alegação de ofensa genérica à Lei Federal, sem indicação do dispositivo legal violado pelo acórdão recorrido, caracteriza deficiência da fundamentação e faz incidir, por analogia, a Súmula nº 284 do STF. 5. Não obstante o Juízo de Família seja competente para reconhecer e dissolver a união estável, bem como para determinar a partilha dos bens adquiridos na constância da convivência, eventual nulificação de registro de escritura pública de transferência de propriedade a terceiro que não participou da lide familiar, ainda que com base em simulação, deve ser realizada em ação autônoma, a teor do art. 1.245 do CC/02, em decorrência do princípio da fé pública. Precedentes. 6. Recurso especial parcialmente provido. (STJ, REsp 1485014 / MA, Ministro MOURA RIBEIRO, T3 - TERCEIRA TURMA, 25/04/2017) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO RESCISÓRIA. 1. DISCUSSÃO QUANTO AO TERMO INICIAL DA UNIÃO ESTÁVEL. DOCUMENTO NOVO NÃO CONFIGURADO. AMPLO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. REEXAME DE PROVAS. DESCABIMENTO. SÚMULA 7/STJ. 2. ALEGAÇÃO DE DOLO AFASTADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. SÚMULA 7/STJ. 3. INTERPOSIÇÃO DE DOIS AGRAVOS INTERNOS CONTRA A MESMA DECISÃO JUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE RECURSAL. 4. AGRAVO INTERNO DE FLS. 263-268 DESPROVIDO. AGRAVO INTERNO DE FLS. 269-274 NÃO CONHECIDO. 1. O Tribunal de origem deixou de considerar como novo o documento apresentado, por se tratar de instrumento público lavrado em cartório, além de não ser capaz de alterar a convicção jurisdicional sobre o marco inicial da união estável. 2. O Colegiado estadual concluiu pela inexistência de qualquer indício de dolo da ora agravada, com base no conjunto fático-probatório, a atrair a incidência do óbice da Súmula 7 desta Corte. 3. Em atenção ao princípio da unirrecorribilidade recursal e da preclusão consumativa, é vedada a interposição simultânea de dois recursos contra a mesma decisão judicial. 4. Agravo interno de fls. 263-268 desprovido. Agravo interno de fls. 269-274 não conhecido. (STJ, AgInt no AREsp 1067248 / SP, Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, T3 - TERCEIRA TURMA, 24/10/2017) e. Leitura sugerida CASSETARI, Christiano. Elementos de Direito Civil, 6º ed, Saraiva, 2018. CASSETARI, Christiano. Divórcio, Extinção de União Estável e Inventário por escritura pública. Teoria e Prática.8º ed. Ed. Atlas, 2017. KÜMPEL, Vitor Frederico. Tratado Notarial e Registral – Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais, Volume 2: YK Editora, 2017. KÜMPEL, Vitor Frederico. Tratado Notarial e Registral – Tabelionato de Notas, Volume 3: YK Editora, 2017. CAMOLESI, Marcos Roberto Haddad – Registro Civil das Pessoas Naturais: O Exercício Pleno da Dignidade da Pessoa Humana: NURIA FABRIS, 2015. DIP, Ricardo – Registros Públicos e Legislação Correlata: RT, 2015. PEDROSO, Alberto Gentil de Almeida – Noções Gerais dos Registros Públicos para Concurso: YK Editora, 2015. CENEVIVA, Walter – Lei dos Registros Públicos Comentada: Saraiva, 2014. BRANDELLI, Leonardo. Nome Civil da Pessoa Natural. São Paulo:Saraiva, 2012. f. Leitura complementar Cartórios não podem registrar uniões poliafetivas como união estável diz CNJ. https://istoe.com.br/cartorios-nao-podem-registrar-relacoes- poliafetivas-como-uniao-estavel-diz-cnj/ Acesso em 30/07/2018. CASSETARI, Christiano. Casamento homoafetivo no Brasil. https://arpen-sp.jusbrasil.com.br/noticias/2809016/artigo-o- casamento-homoafetivo-no-brasil-por-christiano-cassettari Acesso em 30/07/2018. CABETTE, Luiz Eduardo Santos. Bigamia bem jurídico e poliafetividade. Um prognóstico transdisciplinar entre o direito penal e o direito das famílias. https://jus.com.br/artigos/65039/bigamia- bem-juridico-e-poliafetividade-um-prognostico-transdisciplinar-entre- direito-penal-e-direito-das-familias Acesso em 30/07/2018. FERREIRA, Dillyaiane de Vasconcelos. União estável das Leis especiais à edição do novo Código Civil. https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2358/Uniao-estavel- das-leis-especiais-a-edicao-do-Novo-Codigo-Civil Acesso em 30/07/2018. FONSECA, Alessandro. Equiparação do Companheiro ao cônjuge na Sucessão. Qual o Impacto? https://www.jota.info/opiniao-e- analise/artigos/equiparacao-do-companheiro-ao-conjuge-na- sucessao-qual-o-impacto-08012018 Acesso em 30/07/2018. Garantias da União Estável. http://www.segundonotas.com.br/?pG=X19leGliZV9jb250ZXVkb3M= &in=MTY5 Acesso em 30/07/2018. KÜMPEL, Vitor Frederico. A ilegalidade das escrituras de união poliafetiva http://www.migalhas.com.br/Registralhas/98,MI280531,91041- A+ilegalidade+das+escrituras+de+uniao+poliafetiva Acesso em 30/07/2018. MARTINS, Jomar. Declaração de União estável em cartório não prova relação de fato, diz TJ-RS. https://www.conjur.com.br/2018-mai-15/declaracao-uniao-estavel- cartorio-nao-prova-relacao-fato Acesso em 30/07/2018.
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