Buscar

Aula 01 Prof Christiano Cassettari 09 08 2018 pre aula

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL 
 
MÓDULO SISTEMA REGISTRAL DAS PESSOAS NATURAIS E JURÍDICAS 
 
Professor: Christiano Cassettari 
 
1. Material pré-aula 
 
a. Tema 
 
União estável: questões atuais e polêmicas e o papel do RCPN. 
 
b. Noções Gerais 
 
Contexto histórico 
 
A união de homem e mulher fora do casamento decorre da 
antiguidade, para os romanos era a forma de união predestinada a 
patrícios e plebeus, impedidos de se unirem pelo casamento, uniam-
se de fato, era uma forma de união inferior ao casamento. 
 
Destaca o professor Luís Paulo Cotrim Guimarães que: 
 
A união concubinária, nos moldes em que fora concebida no antigo 
direito romano, assim tratada no Digesto, era tida como uma 
possibilidade de constituição de família a todos aqueles que se 
encontravam impedidos às justas núpcias, sendo estas destinadas 
apenas aos homens livres e honrados.1 
 
Na Idade Média, a própria Igreja Católica veio a recepcioná-lo, como 
bem elucida o professor Marco Aurélio Viana: 
 
O direito canônico dos primeiros tempos não desconhecia totalmente 
o concubinato como instituição legal. Consta que Santo Agostinho 
admitiu o batismo da concubina desde que se obrigasse a não deixar 
o companheiro; Santo Hipólito negava matrimônio a quem o 
solicitasse para abandonar a concubina, salvo se por ela fosse traído 
e o primeiro Concílio de Toledo, no ano de 400, autorizou o 
																																																								
1	GUIMARÃES, Luís Paulo Cotrim. Negócio jurídico sem outorga do cônjuge ou convivente: alienação de 
outros bens e outros atos, à luz do Código Civil de 2002. São Paulo: RT, 2003. 
	 	
 
concubinato de caráter perpétuo. Entretanto, depois de imposta a 
forma pública de celebração (dogma do matrimônio-sacramento), a 
Igreja mudou de posição e o Concílio de Trento impôs excomunhão 
aos concubinos que não se separassem após a terceira advertência.2 
 
Conforme o Prof. Vitor Frederico Kümpel: 
Tradicionalmente, entendia-se por família tão somente aquele 
advinda do casamento entre homem e mulher incluindo a prole. 
Trata-se da visão matrimonial ou conjugal da família, que 
pressupunha a existência do casamento para a sua constituição, 
como entidade digna de proteção estatal. Nesse contexto, o Código 
Civil de 1916, só reconhecia juridicidade as relações advindas do 
casamento, o que, certamente elevava a importância do instituto.3 
 
No Brasil, somente em 1977 foi introduzido, pela Lei 6.515/77, 
denominada Lei do Divórcio, finalmente traçaram-se normas 
referentes à dissolução do casamento, ocorrendo a principal quebra 
dos valores religiosos embutidos nesse instituto. 
 
No entanto, depois da Constituição Federal de 1988, a legitimidade 
da família não se relaciona mais com o casamento assim o casamento 
passou a ser algo dissociado do legítimo. 
 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do 
Estado. 
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. 
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável 
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei 
facilitar sua conversão em casamento. 
§ 4º Entende-se também, como entidade familiar, a comunidade 
formada por qualquer dos pais e seus descendentes. 
(...) 
A maior mudança que a constituição Federal de 1988 apresentou foi a 
separação entre o casamento como única forma de formação de 
família legítima, passando-se a considerar também como entidade 
																																																								
2	VIANA, Marco Aurélio S. Da união estável. São Paulo: Saraiva, 1999. 
3 KÜMPEL, Vitor Frederico. Tratado Notarial e Registral – Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais, 
Volume 2: YK Editora, 2017, p. 866. 
 
	
	 	
 
familiar a relação extramatrimonial estável, entre um homem e uma 
mulher, que antes era tida como amoral e pecaminosa, além daquela 
formada por qualquer dos genitores e seus descendentes, a família 
monoparental. 
 
 Com a CRFB/88 alargou-se a concepção jurídica de família levando a 
união entre homem e mulher à denominação de entidade familiar. 
 
 Apesar de tentativas anteriores para a regularização da União 
Estável, esta só veio a ser regulada efetivamente pelo Código Civil de 
2002. A União Estável se concretiza como a união de duas pessoas, 
que não são legalmente casadas, com a finalidade de formar família. 
Com o código civil, foram reconhecidos: 
 
O novo Código Civil de janeiro de 2002 legitimou a definição da união 
estável que não apareceu na Constituição de 1988. 
 
Art. 1723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre 
o homem e a mulher, configurada na convivência publica, continua e 
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
 
Neste sentido o Prof. Álvaro Villaça destaca que: 
 
“União Estável é a convivência não adulterina nem incestuosa, 
duradoura, pública e contínua, de um homem e de uma mulher, sem 
vínculo matrimonial, convivendo como se casados fossem, sob o 
mesmo teto ou não, constituindo, assim, sua família de fato.” 4 
 
Papel do RCPN 
 
O CNJ em 2014 normatizou pelo Prov. 37 o registro da união estável 
prevista nos arts. 1.723 a 1.727 do CC, mantida entre homem e a 
mulher, ou ainda duas pessoas do mesmo sexo 
 
Conforme o Prof. Vitor Frederico Kümpel: 
O registro da união estável tem natureza facultativa, será feito no 
livro “E” pelo Oficial do Registro Civil das Pessoas Naturais da Sede, 
ou, onde houver no 1º Subdistrito da Comarca em que os 
																																																								
4 AZEVEDO, Álvaro Villaça. União estável: antiga forma de casamento. Revista dos Tribunais, São Paulo, 
março de 1994. 
	 	
 
companheiros tem ou tiveram o seu último domicílio. Registra-se a 
sentença declaratória de reconhecimento e dissolução ou extinção, 
bem como da escritura pública de contrato e distrato envolvendo 
união estável.5 
 
Cumpre ressaltar, que o registro no livro “E” não produz os efeitos da 
conversão da união estável em casamento, de modo que das 
certidões relativas a tais registros constará esta advertência. 
 
Deverá constar no assento a data em que foi feito, o prenome e o 
sobrenome, a data de nascimento, a profissão, indicação da 
identidade, domicílio, CPF, bem como os prenomes e sobrenomes dos 
pais, data do trânsito em julgado da sentença ou acórdão, número do 
processo, juízo e nome do juiz que a proferiu ou do desembargador 
que o relatou, data da escritura pública, com menção ao livro, página 
e o tabelionato onde foi lavrado o ato. 
 
Segundo o Prof. Vitor Frederico Kümpel: 
Eventualmente a falta de informações a respeito do estado civil dos 
companheiros na escritura pública, não obsta o seu registro, desde 
que sejam apresentadas as respectivas certidões de nascimento ou 
de casamento com averbação do divórcio ou da separação judicial ou 
extrajudicial ou de óbito do cônjuge, se o companheiro for viúvo, 
exceto se mantidos esses assentos no Registro Civil das Pessoas 
Naturais em que for registrada a união estável, hipótese em que 
bastará sua consulta direta pelo registrador. Estas certidões, no 
entanto devem ficar arquivadas na serventia. 
 
É importante que o registrador fique atento se a pessoa é ou não 
efetivamente casada, na medida em que há uma proibição formal-
registral do assentamento da família paralela, não é admissível nem o 
fato da pessoa ser separada de fato, para não gerar problema do 
registro do concubinato. 
 
De outra parte, nada impedeo registro no livro “E” se a união for 
entre pessoas separadas judicialmente ou extrajudicialmente, ou, 
																																																								
5 KÜMPEL, Vitor Frederico. Tratado Notarial e Registral – Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais, 
Volume 2: YK Editora, 2017, p. 866. 
 
 
	 	
 
ainda, se a declaração da união estável decorrer de sentença judicial 
transitada em julgado. 
 
Desta forma, o título que embasa o registro é a sentença judicial 
transitada em julgado ou a escritura pública. Embora exista o 
comando normativo fixando esses títulos como sendo a justa causa 
para o comando normativo, não há lei que proíba o instrumento 
particular. 
 
Após o registro da união estável, na ocorrência de eventual óbito, 
casamento, constituição de nova união estável e interdição serão 
anotadas no assento da união estável, mediante a comunicação ao 
registrador que realizar esses registros, fazendo constar o conteúdo 
dessas averbações em todas as certidões que foram expedidas.····. 
 
Quanto à dissolução de união estável, pode ser efetuada por sentença 
judicial transitada em julgado ou escritura pública, sendo que se já 
houver registro no livro “E” a dissolução será simplesmente 
averbada, constando o período da manutenção da referida união. 
 
Além disso, a ausência do referido assento não obsta a formalização 
da dissolução, contudo deverá ser primeiramente efetuado o registro 
no livro “E” e logo após a averbação da dissolução, conforme a 
sentença que reconheceu e dissolveu a união ou a escritura de 
dissolução. 
 
UNIÃO ESTÁVEL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO 
 
Em 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável 
homossexual como entidade familiar e atribuiu direitos aos casais 
formados por pessoas do mesmo sexo. Em seguida, o “Tribunal, 
ainda por votação unânime, julgou procedente as ações, com 
eficácia erga omnes e efeito vinculante”, o que significa dizer que 
esse seria um posicionamento a ser seguido pelos demais juristas 
do país.(ADI nº 4.277 e ADPF nº 132) 
 
Conforme o Prof. Christiano Cassetari: 
Essa decisão do STF fez com que todos os direitos que são dados 
aos companheiros heterossexuais em nosso sistema legislativo 
	 	
 
sejam estendidos às pessoas que vivem em união estável 
homoafetiva.6 
Continua ainda o Prof. Christiano Cassetari: 
Para se ter a união estável homoafetiva, deve-se preencher os 
mesmos requisitos para se constituir a união estável heterossexual, 
ou seja, a convivência pública, duradoura e contínua com o objetivo 
de constituir família, conforme o art. 1.723 do Código Civil, que foi 
amplamente discutido pela suprema corte nesse julgamento 
histórico. 
 
Assim, entende-se que o artigo 226, § 3o, da Constituição Federal, 
segundo o qual “para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a 
união estável entre o homem e a mulher”, embora não tenha sido 
efetivamente alterado, deve ser lido de outra maneira. Portanto, 
onde se lê “o homem e a mulher”, a interpretação que passou a ser 
dada é de que se leia “pessoas”. 
 
Em junho de 2011, foi convertida a primeira união estável 
homossexual em casamento, via judicial (é possível a conversão de 
uma união em casamento). Depois desse pedido, outros também 
começaram a ser concedidos judicialmente. 
Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça publicou a Resolução nº. 
175/2013, o que caracterizou mais um avanço, na medida em que 
determina que as autoridades (cartórios) não podem rejeitar a 
celebração do casamento homossexual e nem a conversão da união 
estável em casamento. Caso exista tal recusa, isso deve ser 
comunicado ao juiz corregedor para a adoção das medidas 
adequadas. 
É certo que, da mesma forma que acontecia outrora em relação a 
outros tipos de família, as uniões homossexuais não deixarão de 
existir por não estarem regulamentadas, do mesmo modo que elas 
não aumentarão somente em decorrência do reconhecimento legal. 
Ao não se reconhecer uma união homossexual, fere-se o princípio 
da dignidade. Com o não reconhecimento, a Justiça estaria a 
colaborar, de fato, para a criação de injustiças, já que estaria 
“fechando os olhos” para sujeitos que merecem igualdade de 
proteção. 
																																																								
6 CASSETARI, Christiano. https://arpen-sp.jusbrasil.com.br/noticias/2809016/artigo-o-casamento-
homoafetivo-no-brasil-por-christiano-cassettari 
 
	 	
 
 
UNIÃO POLIAFETIVA 
 
Tem sido comum, na área civil, mais especificamente na seara do 
Direito de Família, atualmente chamado por muitos de “Direito das 
Famílias”, o reconhecimento de uma enorme “mutação” no conceito 
de família que ultrapassa o modelo tradicional para abranger várias 
novas modalidades, inclusive sem, necessariamente, a interposição 
do casamento.7 
 
No seio desse quadro plural e diferenciado exsurgem as propostas de 
reconhecimento jurídico das chamadas “uniões poliafetivas” (que se 
constituiriam não somente entre dois parceiros ou parceiras, mas 
podendo ampliar o número de conviventes), o que, certamente, ao 
menos de forma indireta, atinge o chamado “princípio monogâmico” 
tradicionalíssimo na conformação das famílias. 
 
Nossa legislação apenas reconhece a união estável entre o homem e 
a mulher (art. 226 da Constituição Federal e art. 1.723 do Código 
Civil) e a união homoafetiva (Resolução nº 175, de 14 de maio de 
2013 do Conselho Nacional de Justiça). 
A união poliafetiva, aquela entre mais de duas pessoas, não possui 
previsão legal, mas está sendo discutida em nossos tribunais, uma 
vez que os interessados em regularizar sua sociedade conjugal estão 
procurando o judiciário para garantir os seus direitos. 
 
Conforme o Prof. Vitor Frederico Kümpel: 
 
Na verdade, o Direito brasileiro não tutela uniões poligâmicas, e as 
escrituras que reconhecem efeitos jurídicos de união estável – 
pessoais e patrimoniais - a relações entre mais de duas pessoas 
são ilegais. Pela ordem constitucional (art. 226, §3º) e infra 
(CCB/02, art. 1.723) a monogamia é essencial ao reconhecimento 
de união estável.8 
Argumentar com a ideia de que tais escrituras apenas constatam a 
existência fática de tais arranjos, declarando-os, é no mínimo 
temerário. O cidadão enxerga na escritura pública a chancela 
																																																								
7 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8ª. ed. São Paulo: RT, 2011 
8	KÜMPEL, Vitor Frederico http://www.migalhas.com.br/Registralhas/98,MI280531,91041-
A+ilegalidade+das+escrituras+de+uniao+poliafetiva	
	 	
 
estatal que tal documento de fato carrega. A constatação de algo 
que é "quase jurídico" ou "em vias de tornar-se jurídico" fere 
qualquer compromisso entre o agente (tabelião) e o cidadão. As 
uniões poliafetivas não são jurídicas, e não podem atrair efeitos de 
Direito de Família. 
Uma eventual reforma legislativa com o propósito de admitir a 
juridicidade dessas relações teria de modificar diversos aspectos do 
ordenamento, para evitar contradições. Por exemplo: a união 
estável, como se sabe, pode ser convertida em casamento. Se se 
reconhece como "união estável" uma relação entre três pessoas, é 
necessário admitir que essa mesma relação seja convertida em 
casamento. Estar-se-ia, então, diante de uma espécie de bigamia 
excepcionalmente autorizada? Essa e outras contradições revelam, 
também em uma visão sistemática, a não admissão da figura da 
união jurídica poliafetiva. 
O problema está na inviabilidade de se operacionalizar algo como o 
afeto. Não se quer com isso desprestigiar os sentimentos. Antes 
pelo contrário: quer-se indicar queum sistema jurídico é 
incompatível com elementos tão nobres quanto amor e afeto, cuja 
compreensão deve ser reservada para estudos próprios, em 
diversas áreas, e por pessoas com formação específica. Em outros 
termos: os juristas não sabem e não saberão lidar adequadamente 
com o afeto. Interpretá-lo em situações reais exigiria uma 
racionalidade que um tomador de decisões jurídicas não tem. 
Essa inviabilidade revela o tom fortemente retórico dos discursos 
que anunciam uma "virada" compreensiva do Direito de Família a 
partir da afetividade. 
Um outro aspecto, que deveria soar mais óbvio, e que já se 
adiantou ao início, diz respeito à própria figura do Tabelião de 
Notas. Agente da máxima importância, a quem o Estado confere o 
poder de dar fé pública a atos e fatos jurídicos, sua tarefa não pode 
ser banalizada. Ao reconhecer uma relação que não subsiste 
juridicamente como família, o notário se afasta do imperativo da 
legalidade, que lhe preside o ofício. 
Realmente, "(...) quando o Tabelião de Notas, portador da fé 
pública, lavra uma escritura, declarando a existência de relação de 
três, quatro, cinco ou mais pessoas com direitos típicos da união 
estável, afirma inveridicamente à sociedade que tais relações 
entraram no mundo do Direito, que se tornaram relações jurídicas 
familiares e produzirão todos os efeitos ali mencionados"3. 
	 	
 
E chega-se assim a mais um alerta (tempos difíceis nos quais é 
preciso pedir desculpas para dizer o correto): não se pretende 
afirmar que o Direito não acompanha as mudanças, ou a realidade 
das relações humanas. Como dito acima, acompanha deveras, e o 
direito de família brasileiro está cheio de exemplos disso. A questão 
relevante reside em saber como se opera esse acompanhamento da 
realidade. 
 
 Não obstante, Tartuce noticia que já há dois casos de lavratura de 
escrituras públicas de reconhecimento de uniões poliafetivas. A 
primeira, no ano de 2012, do Tabelionato de Tupã – SP, envolvendo 
um homem e duas mulheres. A segunda, em 2015, do 15º. Ofício de 
Notas do Rio de Janeiro – RJ, na Barra da Tijuca, envolvendo três 
mulheres (“união homopoliafetiva”). Segundo o autor, esses atos 
notariais não padecem de nulidade por “ilicitude do objeto”, nos 
termos do artigo 166, II, do Código Civil.9 
Para o autor em destaque a monogamia é princípio do casamento e 
não da união estável, pois o que o Código Civil estabelece é que não 
podem se casar as pessoas já casadas, “sob pena de nulidade do 
segundo casamento” (inteligência dos artigos 1.521, VI c/c 1.548, 
CC). 
Ademais, o casamento é que implica em dever de “fidelidade” nos 
termos do artigo 1.566, I, CC. Quanto à união estável, não se fala em 
“fidelidade”, mas em “lealdade” entre os companheiros (artigo 1724, 
CC). Pode-se pensar que a “lealdade” implicaria em “fidelidade”, mas 
isso não corresponde à realidade. Conforme leciona Tartuce: “é 
possível que alguém seja leal sem ser fiel. Imagine-se, nesse 
contexto, um relacionamento de maior liberdade entre os 
companheiros, em que ambos informam previamente que há a 
possibilidade de quebra de fidelidade, e que aceitam tais condutas”. 
Conforme o Prof. Vitor Frederico Kümpel: 
 
Em outros termos, também essa ideia de que é possível fazer tais 
escrituras porque "é o que acontece na realidade da vida" surge 
como uma expressão – uma entre tantas – do cenário no qual está 
mergulhado, hoje, o Direito brasileiro. Um verdadeiro vale-
tudo para driblar a legislação.10 
																																																								
9 TARTUCE, Flávio. Da Escritura Pública de União Poliafetiva: Breves Considerações. Disponível em 
www.jusbrasil.com.br 
10	KÜMPEL, Vitor Frederico http://www.migalhas.com.br/Registralhas/98,MI280531,91041-
A+ilegalidade+das+escrituras+de+uniao+poliafetiva	
	 	
 
 
Continua ainda o Prof. Kümpel: 
Se se pretende ver a ordem jurídica democrática preservada é 
preciso afirmar: não há uniões jurídicas poliafetivas. Escrituras que 
as reconhecem são nulas. E continuarão a ser até que o legislador 
venha a admitir a figura. É claro que isso dificilmente ocorrerá, 
afinal uma decisão como essa tem impactos negativos tanto dentro 
da família quanto fora dela (algo que se pretende discutir melhor 
numa futura coluna). 
 
Talvez o conhecimento dessa vedação explique a tentativa de forçar 
a admissão das uniões poliafetivas pela via do ativismo judicial e 
(mais esta!) extrajudicial. Afinal, se o legislador constituinte não 
admitiu, basta invocar algum valor e fazer surgir na Constituição 
algo que lá não se inseriu. 
É o momento de se entender que esse pensamento, que derrui o 
aparato normativo para a obtenção de determinados fins, 
desestabiliza mais ainda um país institucionalmente frágil e, ao 
final das contas, piora a vida do cidadão. 
 
Registro da União Estável Poliafetiva 
 
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu em junho de 2018 
impedir, por 8 votos a 6, que os cartórios de todo o país lavrem 
qualquer tipo de documento que declare a união estável entre mais 
de duas pessoas, relação conhecida como poliamor.11 
Prevaleceu o entendimento do relator do caso, o conselheiro João 
Otávio de Noronha, também ministro do Superior Tribunal de Justiça 
(STJ) e atual Corregedor Nacional de Justiça. 
Para ele, o sistema legal brasileiro, incluindo a Constituição, não 
permite a união estável entre mais de duas pessoas, motivo pelo qual 
os tabelionatos não podem lavrar escritura que declare esse tipo de 
relação. 
Em sessão anterior, o conselheiro Aloysio Corrêa da Veiga, que é 
ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), divergiu. Ele votou 
no sentido de que os cartórios fossem permitidos a lavrar escritura ao 
menos declaratória da vontade dos integrantes da união poliafetiva, 
																																																								
11 http://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2018-06/cnj-proibe-cartorios-de-registrarem-uniao-
estavel-poliafetiva 
	 	
 
mesmo que o documento não tivesse nenhum efeito jurídico para fins 
de herança ou de direitos previdenciário, por exemplo. 
O conselheiro Luciano Frota foi além. Para ele, o CNJ deveria permitir 
aos cartórios que emitam escrituras dando à união poliafetiva os 
mesmos direitos da união estável entre duas pessoas, o que no Brasil 
equivale ao casamento. 
No pedido para que fosse determinado que as corregedorias 
estaduais proibissem a lavratura, foram citados dois casos de 
formalização de união entre três pessoas, sendo um em Tupã (SP), 
em 2012, e outro em São Vicente (SP), em 2016. Também houve 
reconhecimento de união entre um “trisal” no Rio de Janeiro, em 
2015. Tais escrituras agora perderam a validade. 
Para a associação, a Constituição e as regras infraconstitucionais 
sobre a família estabelecem a monogamia como condição necessária 
para o reconhecimento da união estável. 
 
Escritura Pública e Prova de União Estável 
 
A união estável é uma situação fática com um elemento subjetivo de 
grande relevância, que consiste no ânimo de constituir família. A 
escritura pública formaliza a vontade das partes e faz prova plena 
não só da sua formação, mas também dos fatos que o tabelião 
declarar que ocorreram em sua presença, especialmente no que se 
refere à declaração do casal de que convivem com objetivo de 
constituição de família. 
 
A união estável, segundo a lei, exige convivência pública, 
continuidade e razoável duração da relação, além do desejo de 
constituição de família pelo casal. Assim, mesmo que exista 
documento público atestando a união estável, registrado em cartório, 
esse só é válido se atender tais requisitos, dispostos no artigo1.723 
do Código Civil. 
 
A 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul 
(Processo 073/1.14.0018914-6) rejeitou ação declaratória de 
reconhecimento de dissolução de união estável que tramitou na 
comarca de Tramandaí, no litoral gaúcho. 
 
	 	
 
A simples existência de uma escritura pública de declaração de união 
estável pode ser insuficiente para provar que ocorreu relacionamento 
ocorreu na vida real. 
O juízo de origem disse que a escritura pública não afirma, 
automaticamente, a existência do relacionamento. Declarou ainda 
que o autor, no curso da instrução processual, não conseguiu 
demonstrar relação capaz de se equiparar a um casamento de fato. 
O desembargador relator Ricardo Moreira Lins Pastl rejeitou os 
argumentos. Primeiro, porque o reconhecimento da união estável, 
nos moldes do artigo 1.723, do Código Civil, depende da 
demonstração de seus elementos caracterizadores 
essenciais: publicidade, continuidade, estabilidade e objetivo de 
constituição de família. No caso concreto, entendeu, o 
relacionamento não foi pautado com essas características. Em 
segundo lugar, segundo o relator, a escritura pública de declaração 
de união estável, por si só, não tem força absoluta de prova. É que 
seu conteúdo declaratório pode ser desconsiderado quando não 
retrata a verdade dos fatos ou, mesmo retratando-a, quando estes 
fatos, como no caso dos autos, não consagram a relação com a 
natureza pretendida. 
 
c. Legislação 
 
Resolução Nº 175 de 14/05/2013 
Art. 1517 CC 
Art. 1631 CC 
Arts 1723 a 1727 CC 
NSCGJ: SUBSEÇÃO V CAP. XVII 
NSCGJ: SEÇÃO VI CAP. XVII 
PROVIMENTO 37 CNJ 
ART. 1511 a 1516 CC 
PROVIMENTO 175 CNJ 
CF: art. 226 
 
d. Julgados/Informativos 
 
 
RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE RECONHECIMENTO E 
DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL - ESCRITURA PÚBLICA DE 
UNIÃO ESTÁVEL ELEGENDO O REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS - 
	 	
 
MANIFESTAÇÃO DE VONTADE EXPRESSA DAS PARTES QUE DEVE 
PREVALECER - PARTILHA DO IMÓVEL DE TITULARIDADE EXCLUSIVA 
DA RECORRENTE - IMPOSSIBILIDADE - INSURGÊNCIA DA 
DEMANDADA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
Hipótese: Cinge-se a controvérsia a definir se o companheiro tem 
direito a partilha de bem imóvel adquirido durante a união estável 
pelo outro, diante da expressa manifestação de vontade dos 
conviventes optando pelo regime de separação de bens, realizada 
por meio de escritura pública. 
1. No tocante aos diretos patrimoniais decorrentes da união estável, 
aplica-se como regra geral o regime da comunhão parcial de bens, 
ressalvando os casos em que houver disposição expressa em 
contrário. 
2. Na hipótese dos autos, os conviventes firmaram escritura pública 
elegendo o regime da separação absoluta de bens, a fim de 
regulamentar a relação patrimonial do casal na constância da união. 
2.1. A referida manifestação de vontade deve prevalecer à regra 
geral, em atendimento ao que dispõe os artigos 1.725 do Código Civil 
e 5º da Lei 9.278/96. 
2.2. O pacto realizado entre as partes, adotando o regime da 
separação de bens, possui efeito imediato aos negócios jurídicos a 
ele posteriores, havidos na relação patrimonial entre os 
conviventes, tal qual a aquisição do imóvel objeto do litígio, razão 
pela qual este não deve integrar a partilha. 
3. Inaplicabilidade, in casu, da Súmula 377 do STF, pois esta se 
refere à comunicabilidade dos bens no regime de separação legal de 
bens (prevista no art. 1.641, CC), que não é caso dos autos. 
3.1. O aludido verbete sumular não tem aplicação quando as partes 
livremente convencionam a separação absoluta dos bens, por meio 
de contrato antenupcial. Precedente. 
4. Recurso especial provido para afastar a partilha do bem imóvel 
adquirido exclusivamente pela recorrente na constância da união 
estável. 
(STJ, REsp 1481888 / SP, Ministro MARCO BUZZI, T4 - QUARTA 
TURMA, 10/04/2018) 
 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE NULIDADE DE ESCRITURA 
PÚBLICA C.C. CANCELAMENTO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. 1. 
ALIENAÇÃO DE BENS IMÓVEIS ADQUIRIDOS DURANTE A 
CONSTÂNCIA DA UNIÃO ESTÁVEL. ANUÊNCIA DO OUTRO 
	 	
 
CONVIVENTE. OBSERVÂNCIA. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 1.647, 
I, E 1.725 DO CÓDIGO CIVIL. 2. NEGÓCIO JURÍDICO REALIZADO 
SEM A AUTORIZAÇÃO DE UM DOS COMPANHEIROS. NECESSIDADE 
DE PROTEÇÃO DO TERCEIRO DE BOA-FÉ EM RAZÃO DA 
INFORMALIDADE INERENTE AO INSTITUTO DA UNIÃO ESTÁVEL. 3. 
CASO CONCRETO. AUSÊNCIA DE CONTRATO DE CONVIVÊNCIA 
REGISTRADO EM CARTÓRIO, BEM COMO DE COMPROVAÇÃO DA 
MÁ-FÉ DOS ADQUIRENTES. MANUTENÇÃO DOS NEGÓCIOS 
JURÍDICOS QUE SE IMPÕE, ASSEGURANDO-SE, CONTUDO, À 
AUTORA O DIREITO DE PLEITEAR PERDAS E DANOS EM AÇÃO 
PRÓPRIA. 4. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 
1. Revela-se indispensável a autorização de ambos os conviventes 
para alienação de bens imóveis adquiridos durante a constância da 
união estável, considerando o que preceitua o art. 5º da Lei n. 
9.278/1996, que estabelece que os referidos bens pertencem a 
ambos, em condomínio e em partes iguais, bem como em razão da 
aplicação das regras do regime de comunhão parcial de bens, 
dentre as quais se insere a da outorga conjugal, a teor do que 
dispõem os arts. 1.647, I, e 1.725, ambos do Código Civil, 
garantindo-se, assim, a proteção do patrimônio da respectiva 
entidade familiar. 
2. Não obstante a necessidade de outorga convivencial, diante das 
peculiaridades próprias do instituto da união estável, deve-se 
observar a necessidade de proteção do terceiro de boa-fé, porquanto, 
ao contrário do que ocorre no regime jurídico do casamento, em 
que 
se tem um ato formal (cartorário) e solene, o qual confere ampla 
publicidade acerca do estado civil dos contratantes, na união 
estável há preponderantemente uma informalidade no vínculo entre 
os conviventes, que não exige qualquer documento, 
caracterizando-se apenas pela convivência pública, contínua e 
duradoura. 
3. Na hipótese dos autos, não havia registro imobiliário em que 
inscritos os imóveis objetos de alienação em relação à copropriedade 
ou à existência de união estável, tampouco qualquer prova de má-
fé dos adquirentes dos bens, circunstância que impõe o 
reconhecimento da validade dos negócios jurídicos celebrados, a fim 
de proteger o terceiro de boa-fé, assegurando-se à 
autora/recorrente o direito de buscar as perdas e danos na ação de 
	 	
 
dissolução de união estável c.c partilha, a qual já foi, inclusive, 
ajuiza 
(STJ, REsp 1592072 / PR, Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, T3 - 
TERCEIRA TURMA, 21/11/2017) 
 
 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL MANEJADO SOB A 
ÉGIDE DO CPC/73. FAMÍLIA. DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. 
PARTILHA DE BENS. OFENSA A ARTIGO CONSTITUCIONAL. 
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO STF. ALEGAÇÃO GENÉRICA DE 
AFRONTA À CF. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INCIDÊNCIA, 
POR ANALOGIA, DA SÚMULA Nº 284 DO STF. COMPROVAÇÃO DA 
UNIÃO ESTÁVEL CONTÍNUA E DURADOURA. CONCLUSÃO DO 
ACÓRDÃO RECORRIDO COM BASE NOS ELEMENTOS E PROVAS DOS 
AUTOS. REVISÃO NA VIA DO RECURSO ESPECIAL. 
IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS. VEDAÇÃO. SÚMULA Nº 7 
DO STJ. ALEGAÇÃO GENÉRICA DE OFENSA A LEI FEDERAL. 
AUSÊNCIA DE ESPECIFICAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL 
OFENDIDO. DEFICIÊNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO. INCIDÊNCIA, 
POR ANALOGIA, DA SÚMULA Nº 284 DO STF. ANULAÇÃO DE 
REGISTRO PÚBLICO DE ESCRITURA COM BASE EM OCORRÊNCIA DE 
SIMULAÇÃO. AÇÃO AUTÔNOMA. ART. 1.245 DO CC/02. 
INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO DA FAMÍLIA. APÓS A EDIÇÃODA LEI 
Nº 9.278/1996, NA UNIÃO ESTÁVEL, VIGENTE O REGIME DA 
COMUNHÃO PARCIAL, HÁ PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE QUE OS 
BENS ADQUIRIDOS ONEROSAMENTE NA CONSTÂNCIA DA UNIÃO 
SÃO RESULTADO DO ESFORÇO COMUM DOS CONVIVENTES. 
PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. 
1. As disposições do NCPC, no que se refere aos requisitos de 
admissibilidade dos recursos, são inaplicáveis ao caso concreto 
ante os termos do Enunciado Administrativo nº 2 aprovado pelo 
Plenário do STJ na Sessão de 9.3.2016: Aos recursos interpostos 
com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 
17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de 
admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações 
dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça. 
2. Não compete ao STJ o exame de violação a dispositivo da 
Constituição Federal, sob pena de usurpação da competência do 
STF. Precedentes. 
	 	
 
3. A conclusão da instância ordinária, formada com suporte nos 
elementos fáticos e probatórios dos autos de que se configurou a 
união estável pública, contínua e duradoura dos litigantes, não pode 
ser revista em recurso especial em razão do óbice contido na Súmula 
nº 7 do STJ. 
4. A alegação de ofensa genérica à Lei Federal, sem indicação do 
dispositivo legal violado pelo acórdão recorrido, caracteriza 
deficiência da fundamentação e faz incidir, por analogia, a Súmula 
nº 284 do STF. 
5. Não obstante o Juízo de Família seja competente para reconhecer 
e dissolver a união estável, bem como para determinar a partilha 
dos bens adquiridos na constância da convivência, eventual 
nulificação de registro de escritura pública de transferência de 
propriedade a terceiro que não participou da lide familiar, ainda que 
com base em simulação, deve ser realizada em ação autônoma, a 
teor do art. 1.245 do CC/02, em decorrência do princípio da fé 
pública. Precedentes. 
6. Recurso especial parcialmente provido. 
(STJ, REsp 1485014 / MA, Ministro MOURA RIBEIRO, T3 - TERCEIRA 
TURMA, 25/04/2017) 
 
 
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO 
RESCISÓRIA. 1. DISCUSSÃO QUANTO AO TERMO INICIAL DA 
UNIÃO ESTÁVEL. DOCUMENTO NOVO NÃO CONFIGURADO. 
AMPLO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. REEXAME DE PROVAS. 
DESCABIMENTO. SÚMULA 7/STJ. 2. ALEGAÇÃO DE DOLO 
AFASTADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. SÚMULA 7/STJ. 3. 
INTERPOSIÇÃO DE DOIS AGRAVOS INTERNOS CONTRA A MESMA 
DECISÃO JUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO 
DA UNIRRECORRIBILIDADE RECURSAL. 4. AGRAVO INTERNO DE 
FLS. 263-268 DESPROVIDO. AGRAVO INTERNO DE FLS. 269-274 
NÃO CONHECIDO. 
1. O Tribunal de origem deixou de considerar como novo o 
documento apresentado, por se tratar de instrumento público 
lavrado em cartório, além de não ser capaz de alterar a convicção 
jurisdicional sobre o marco inicial da união estável. 
2. O Colegiado estadual concluiu pela inexistência de qualquer 
indício de dolo da ora agravada, com base no conjunto 
fático-probatório, a atrair a incidência do óbice da Súmula 7 desta 
	 	
 
Corte. 3. Em atenção ao princípio da unirrecorribilidade recursal e 
da preclusão consumativa, é vedada a interposição simultânea de 
dois recursos contra a mesma decisão judicial. 4. Agravo interno de 
fls. 263-268 desprovido. Agravo interno de fls. 269-274 não 
conhecido. 
(STJ, AgInt no AREsp 1067248 / SP, Ministro MARCO AURÉLIO 
BELLIZZE, T3 - TERCEIRA TURMA, 24/10/2017) 
 
e. Leitura sugerida 
 
CASSETARI, Christiano. Elementos de Direito Civil, 6º ed, Saraiva, 
2018. 
 
CASSETARI, Christiano. Divórcio, Extinção de União Estável e 
Inventário por escritura pública. Teoria e Prática.8º ed. Ed. Atlas, 
2017. 
 
KÜMPEL, Vitor Frederico. Tratado Notarial e Registral – Ofício de 
Registro Civil das Pessoas Naturais, Volume 2: YK Editora, 2017. 
 
KÜMPEL, Vitor Frederico. Tratado Notarial e Registral – Tabelionato 
de Notas, Volume 3: YK Editora, 2017. 
 
CAMOLESI, Marcos Roberto Haddad – Registro Civil das Pessoas 
Naturais: O Exercício Pleno da Dignidade da Pessoa Humana: NURIA 
FABRIS, 2015. 
 
DIP, Ricardo – Registros Públicos e Legislação Correlata: RT, 2015. 
 
PEDROSO, Alberto Gentil de Almeida – Noções Gerais dos Registros 
Públicos para Concurso: YK Editora, 2015. 
 
CENEVIVA, Walter – Lei dos Registros Públicos Comentada: Saraiva, 
2014. 
 
BRANDELLI, Leonardo. Nome Civil da Pessoa Natural. São 
Paulo:Saraiva, 2012. 
 
 
 
	 	
 
f. Leitura complementar 
 
Cartórios não podem registrar uniões poliafetivas como união estável 
diz CNJ. https://istoe.com.br/cartorios-nao-podem-registrar-relacoes-
poliafetivas-como-uniao-estavel-diz-cnj/ 
Acesso em 30/07/2018. 
 
CASSETARI, Christiano. Casamento homoafetivo no Brasil. 
https://arpen-sp.jusbrasil.com.br/noticias/2809016/artigo-o-
casamento-homoafetivo-no-brasil-por-christiano-cassettari 
Acesso em 30/07/2018. 
 
CABETTE, Luiz Eduardo Santos. Bigamia bem jurídico e 
poliafetividade. Um prognóstico transdisciplinar entre o direito penal 
e o direito das famílias. https://jus.com.br/artigos/65039/bigamia-
bem-juridico-e-poliafetividade-um-prognostico-transdisciplinar-entre-
direito-penal-e-direito-das-familias 
Acesso em 30/07/2018. 
 
FERREIRA, Dillyaiane de Vasconcelos. União estável das Leis 
especiais à edição do novo Código Civil. 
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2358/Uniao-estavel-
das-leis-especiais-a-edicao-do-Novo-Codigo-Civil 
Acesso em 30/07/2018. 
 
FONSECA, Alessandro. Equiparação do Companheiro ao cônjuge na 
Sucessão. Qual o Impacto? https://www.jota.info/opiniao-e-
analise/artigos/equiparacao-do-companheiro-ao-conjuge-na-
sucessao-qual-o-impacto-08012018 
Acesso em 30/07/2018. 
 
Garantias da União Estável. 
http://www.segundonotas.com.br/?pG=X19leGliZV9jb250ZXVkb3M=
&in=MTY5 
Acesso em 30/07/2018. 
 
KÜMPEL, Vitor Frederico. A ilegalidade das escrituras de união 
poliafetiva 
http://www.migalhas.com.br/Registralhas/98,MI280531,91041-
A+ilegalidade+das+escrituras+de+uniao+poliafetiva 
	 	
 
Acesso em 30/07/2018. 
 
MARTINS, Jomar. Declaração de União estável em cartório não prova 
relação de fato, diz TJ-RS. 
https://www.conjur.com.br/2018-mai-15/declaracao-uniao-estavel-
cartorio-nao-prova-relacao-fato 
Acesso em 30/07/2018.

Continue navegando