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REFLEXOS SOCIAIS E PATRIMONIAIS DA EQUIPARAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL AO CASAMENTO - 1ª VERSÃO

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FACULDADE UNIP
CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU EM DIREITO CIVIL
HUMBERTO BARBOSA DE SOUSA JUNIOR
REFLEXOS SOCIAIS E PATRIMONIAIS DA EQUIPARAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL 
AO CASAMENTO
RECIFE - PE
2018
FACULDADE UNIP
CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU EM DIREITO CIVIL
HUMBERTO BARBOSA DE SOUSA JUNIOR
REFLEXOS SOCIAIS E PATRIMONIAIS DA EQUIPARAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL 
AO CASAMENTO
Monografia apresentada à Faculdade UNIP, 
como exigência parcial para obtenção do 
título de Especialista em Direito Civil, sob 
orientação do professor ...
RECIFE - PE
2018
HUMBERTO BARBOSA DE SOUSA JUNIOR
REFLEXOS SOCIAIS E PATRIMONIAIS DA EQUIPARAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL 
AO CASAMENTO
TERMO DE APROVAÇÃO
Esta monografia apresentada no final do 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em 
Direito Civil, na Faculdade UNIP, foi 
considerada suficiente como requisito 
parcial para obtenção do Certificado de 
Conclusão. O examinado foi aprovado com 
a nota ________ 
Recife, 05 de Novembro de 2018.
RESUMO
Este trabalho visa o estudo da união estável e sua evolução na sociedade como fato 
social constituído de reflexos jurídicos na esfera patrimonial. Abordaremos a 
evolução histórica dos relacionamentos informais, iniciando com o concubinato e sua 
discriminação pela sociedade, por ser considerado imoral, passando pelo início da 
união estável e o seu reconhecimento como entidade familiar pela constituição 
federal de 1988. Abordaremos também a união homoafetiva e a decisão dos 
recursos extraordinários 646.721 e 878.694 pelo STF que determinaram a 
inconstitucionalidade do artigo 1.790 do código civil equiparando o companheiro ao 
cônjuge nos direitos e na ordem de vocação hereditária. Será apontado sempre que 
necessário sobre a informalização da união dos companheiros e como esta 
convivência more uxoria reflete socialmente e patrimonialmente aos companheiros.
Palavras chave: UNIÃO ESTÁVEL; COMPANHEIRO; CASAMENTO; REGIME DE 
BENS; CONCUBINATO; DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL;
ABSTRACT
This work goal at the study of stable union and its evolution in society as a social fact 
constituted of legal repercussions in the patrimonial sphere. We will approach the 
historical evolution of informal relationships, beginning with concubinage and its 
discrimination by society, being considered immoral, passing through the beginning 
of the stable union and its recognition as family entity by the federal constitution of 
1988. Will be study about the homoafetive union and the decision of the resources 
extraordinary 646.721 and 878.694, by supreme court that determined the 
unconstitutionality of article 1.790 of the civil code equating the companion to the 
spouse in the rights and the order of hereditary vocation. It will be pointed out 
whenever necessary on the informalization of the union of the companions and how 
this coexistence more uxoria reflects socially and patrimonialy to the companions.
Keywords: STABLE UNION; COMPANION; MARRIAGE; MATRIMONIAL REGIME; 
CONCUBINAGE; DISSOLUTION OF STABLE UNION;
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 1
CAPITULO I: EVOLUÇÃO HISTÓRICA E O CONCEITO ATUAL DA UNIÃO ESTÁVEL 3
1.1 A evolução constitucional da instituição do casamento civil 4
1.2 A constituição de 1988 6
1.3 A evolução social dos relacionamentos 6
1.4 A sociedade de fato 7
1.5 O concubinato 8
1.6 União homoafetiva 9
CAPÍTULO II: CONSTITUIÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL 12
2.1 Evolução e requisitos legais para a constituição da União Estável 12
2.2 Em que momento um namoro passa a configurar uma união estável? 16
2.2.1 Convivência Pública 16
2.2.2 Relacionamento Contínuo 17
2.2.3 Duradouro 17
2.2.4 Objetivo de constituir família 18
2.3 Como datar o início da união estável? 18
CAPÍTULO III: O RECONHECIMENTO E A DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL 20
3.1 O reconhecimento e dissolução consensual como um negócio jurídico 
processual 21
3.2 Requisitos e provas para o reconhecimento legal 23
3.3 Regime de bens e meação 24
3.4 Conversão em casamento facilitada pela Constituição Federal de 1988 25
3.5 Ação de reconhecimento e dissolução 26
3.5.1 Reconhecimento e dissolução voluntária 26
3.5.2 Reconhecimento e dissolução litigiosa 27
3.6 Dissolução por óbito 28
3.7 Reconhecimento e dissolução de união estável post mortem 29
CAPÍTULO IV: REFLEXOS SOCIAIS E PATRIMONIAIS NA EQUIPARAÇÃO DO 
REGIME DE BENS E SUCESSÓRIOS DO COMPANHEIRO AO CÔNJUGE 30
4.1. Meação de bens do companheiro 31
4.2. Dever de alimentos ao companheiro hipossuficiente 33
4.3. Sucessão entre os companheiros 35
4.4 Efeitos da equiparação da união estável ao casamento perante terceiros 36
4.5 Reflexos patrimoniais do concubinato 38
4.6 Discriminações expressas do companheiro no código civil 39
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA 44
Legislação consultada 46
1
INTRODUÇÃO
Este trabalho objetifica um estudo indutivo a cerca da evolução das relações 
pessoais entre casais que se unem e passam a conviver como se casado fossem ao 
longo do tempo em nossa sociedade e como a legislação foi evoluindo para aplicar efeitos 
jurídicos a estes relacionamentos, utilizando como metodologia para reunir as 
informações demonstradas neste estud uma pesquisa bibliográfica de diversos autores e 
a evolução legislativa brasileira sobre o tema.
Estudaremos os conceitos de família abordado nas constituições brasileiras, 
comparando-as com os relacionamentos e a evolução das decisões jurídicas que pouco a 
pouco, foram expandindo do conceito da sociedade de fato e concumbinato até o 
estabelecimento da união estável e seu reconhecimento como entidade familiar pela 
constituição federal de 1988. A equiparação do regime de bens pela comunhão parcial do 
casamento. A união estável é considerada como um fato jurídico, ou seja, um fato social 
com consequências e efeitos jurídicos.
Abordaremos através de análise de casos hipotéticos, o momento exato em que 
um relacionamento, torna-se-ia união estável, seus efeitos imediatos, regressos e 
posteriores. Considerando ainda, se há possibilidade de anulação em determinados atos 
em que, caso casados fossem, estariam viciados por sua natureza proibitiva, como a 
outorga uxoria.
Com a constituição dos elementos da união estável, para que esta possa passar a 
ter efeitos erga omnes, faz-se necessário o seu reconhecimento através de escritura 
pública ou sentença judicial com averbação em cartório. Sendo assim, consideraremos ao 
longo do estudo, sob a ótica da teoria do fato jurídico de Pontes de Miranda1, a união 
estável como uma situação válida, existente e de eficácia suspensiva em face de terceiros 
até a sua solenidade formal.
Veremos de início, uma abordagem histórica dos conceitos constitucionais de 
família e as relações informais, passando desde as ordenações filipinas, as constituições 
brasileiras e as legislações civis no ordenamento pátrio até chegar ao conceito atual 
1 PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado. Rio de Janeiro: Borsói, 1958.
2
previsto no Art. 1.723 do código civil de 2002. Em seguida, faremos um estudo dos 
momentos em que um simples namoro passa a ser considerado união estável e o seu 
regime de bens, direitos e deveres dos companheiros.
Passado o estudo a cerca da união estável e sua constituição, veremos as 
consequências da a sua dissolução, que pode ser por separação ou óbito de um dos 
companheiros, com a consequente partilha de bens, sucessão, dever de alimentos, 
filiação, etc. Chegando aos seus reflexos patrimoniais e sucessórios.
Desta forma, pretendemos organizar os temas abordados de forma a facilitar os 
juristas que porventura venham a ter acesso a esta obra durante seus estudos sob a ótica 
recente do direito de família, traçaremos uma linha histórica comparando as instituições 
do casamento com a uniãoestável e concubinato, concluindo com uma discussão se há, 
ou não, uma proteção legal aos patrimônios destas relações.
3
CAPITULO I: EVOLUÇÃO HISTÓRICA E O CONCEITO ATUAL DA UNIÃO ESTÁVEL
Para entender a sistemática adotada por nossa abordagem ao estudo em comento, 
faz-se necessário o entendimento da evolução histórica dos conceitos empregados as 
relações pessoais informais e as suas consequências no ordenamento jurídico brasileiro.
As uniões desprovidas de quaisquer formalidades entre homem e a mulher e as de 
pessoas do mesmo sexo, existem há muito tempo em nossa sociedade. Atualmente 
observa-se que tais relacionamentos aumentaram como sendo uma forma de opção de 
vida a dois. A família, para Tomás de Aquino, era “um grupo de pessoas que se 
entreajudam diariamente unidas às necessidades correntes da vida, comendo à mesma 
mesa e aquecendo-se à mesma lareira".2
Apenas com a observação do comportamento dos companheiros que conviviam 
como se casados fossem e com os estudos realizados pelos juristas ou pelas demandas 
das pelas pessoas que se sentiam lesadas ao fim de uma convivência duradora, geradora 
de aquestos, foi que provocou ao legislador, um dever de regulamentar tais 
relacionamentos.
Os relacionamentos que atualmente são classificados como união estável, 
evoluíram longe do alcance dos dispositivos legais, crescendo a margem da lei, 
acompanhando a modernização das relações humanas. Aristóteles em sua obra Ética a 
nicômaco3, já dizia que a lei é um regramento geral, não podendo englobar todas as 
situações fáticas da realidade, estando esta, em constante mutação. 
A crítica de Aristóteles, refere-se a evolução da lei, que, ao invés de prever 
determinado comportamento, passa a regulá-lo após a sua introdução aos costumes da 
sociedade, que, constantemente evolui e nem sempre o legislador é capaz de 
acompanhar seus passos. É possivel observar a demora nesta evolução, quando os 
primeiros casos julgados no Supremo Tribunal Federal referente as relações informais, 
remetem aos anos 1940.
2 JOLIVET, Régis. Tratado de Filosofia. Vol. 4. Agir. Rio de Janeiro: 1966. p. 370
3 ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 4ª Ed. São Paulo: EDIPRO, 2014.
4
Antes de ser promulgado o código civil brasileiro de 1916, a base do ordenamento 
jurídico no país era constituído pelas ordenações filipinas, no qual os dispositivos tiveram 
vigência desde 1603 do rei Filipe II da Espanha até a entrada em vigor do código de 
Clóvis Bevilaqua. Nas ordenações, o casamento era tratado no livro dos bens, 
reconhecendo apenas como casados aqueles que fossem celebrados pela Igreja, onde, 
havendo a copula carnal tornar-se-iam meeiros de seus bens. 
Podemos desta forma, reconhecer o primeiro dispositivo legal aplicável no Brasil 
que tratava de meação de bens entre companheiros que conviviam como se casados 
fossem ao ler o Titulo XLVI do Livro IV, 2 das ordenações filipinas, que reconhecia como 
meeiros, aqueles que já conviviam a tanto tempo como marido e mulher, que o próprio 
direito presumia o matrimônio.4
A primeira constituição do Brasil, a do império, de 1924, estabelecia a religião 
católica apostólica romana como a religião oficial do Império Brasileiro, desta forma, 
considerava como única forma de família a formada pelo casamento religioso de forma 
indissolúvel.
1.1 A evolução constitucional da instituição do casamento civil
O casamento civil foi criado após a república, antes da constituição de 1891 
através do decreto 181 de janeiro de 18905, apesar do Estado ainda estar formalmente 
diretamente ligado a Igreja, ainda não tinha sido feita a separação formal, que apenas 
ocorreu com promulgação da constituição republicana de 1891. 
A constitucionalização da instituição do casamento iniciou com a constitução da 
República Federativa dos Estados Unidos do Brasil, datada de 1891 e teve sua inovação 
em ser a primeira constituição a separar o Estado das entidades religiosas. Determinando 
como o único reconhecimento da instituição da família pela república, através do 
casamento civil.6 O Código civil de 1916 permaneceu com o entendimento de que o 
4 2 - outrosi serão meeiros, provando que stiveram em casa teúda e manteúda, ou em casa de seu pai, ou em outra, em 
pública voz e fama de marido e mulher per tanto tempo, que segundo Direito baste para se presumir Matrimônio 
antre elles, posto que se não provem as palavras do presente. 
5 Art. 1º As pessoas, que pretenderem casar-se, devem habilitar-se perante o official do registro civil, exhibindo os 
seguintes documentos em fórma, que lhes deem fé publica:
6 Art 72 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos 
5
casamento era a única forma de constituição de família legítima, considerando as demais 
formas de convivência ilegítimas, concubinárias.
 A constituição de 1934, por sua vez, dedicou o título V, capítulo I a família, trazendo 
dentre os artigos 1447 a 147, disposições sobre filiação e casamento. Homologando o 
casamento como a união indissolúvel e sob proteção especial do Estado. Regulando a 
possibilidade de casamento por qualquer confissão religiosa e posterior homologação da 
autoridade civil, retomando um laço indireto com a igreja.
Já a constituição de 1937, a segunda da era Getúlio Vargas, apresentou apenas 
um artigo tratando o casamento como indissolúvel e sob proteção especial do Estado. 8 
Sendo a regulamentação da homologação do casamento religioso, dentre outras 
disposições, fazendo remissão para aplicação das demais proteções legais através do 
código civil em vigor, de 1916.
Na carta maior de 1946, a última adotando o nome de Estados Unidos do Brasil, 
encontramos novamente a constitucionalização do casamento religioso com posterior 
homologação ou registro público pela autoridade civil, não trazendo inovações quando 
observamos os dispositivos das constituições anteriores,9 sendo basicamente repetido o 
mesmo texto na constituição de 1969.
Observação importante a se fazer é de que, as constituições anteriores a atual, 
traziam consigo a constituição da família unicamente através do casamento, não tendo 
alusões as outras formas de família como apresentadas pela constitução de 1988, como a 
família monoparental ou a união estável. Nota-se também que as constituições anteriores 
a de 1988, traziam redações mais diretas e enxutas, sendo a nossa constituição atual 
concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 4º - A República só reconhece o casamento civil, cuja celebração será gratuita.
7 Art 144 - A família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob a proteção especial do Estado. 
8 Art 124 - A família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob a proteção especial do Estado. Às famílias 
numerosas serão atribuídas compensações na proporção dos seus encargos.
9 Art 163 - A família é constituída pelo casamento de vínculo indissolúvel e terá direito à proteção especial do 
Estado.
 § 1º - O casamento será civil, e gratuita a sua celebração. O casamento religioso equivalerá ao civil se, observados 
os impedimentos e as prescrições da lei, assim o requerer o celebrante ou qualquer interessado, contanto que seja o 
ato inscrito no Registro Público.
 § 2º - O casamento religioso, celebrado sem as formalidades deste artigo, terá efeitos civis, se, a requerimento do 
casal, for inscrito no Registro Público, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente.
6
criticada por ser bem extensiva, genérica e normativa, tratando de temas ignorados ou 
considerados desnecessários, pelos constituintes anteriores.
1.2 A constituição de 1988
No interim entre a constituição de 1967 e a nossa atual constituição da República 
Federativa do Brasil, promulgadaem 05 de outubro de 1988, houve uma imensa evolução 
no instituto do casamento e do direito de família, como a lei 6.515 de 26 de dezembro de 
1977, chamada de lei do divórcio, que encerrava de vez a indissolubilidade do casamento, 
criando os institutos da separação judicial e do divórcio.
Assim, quando da promulgação da constituição de 1988, já tinhamos uma 
legislação civil bem avançada, no que tange as instituições do direito de família, trazendo 
em seu texto original o casamento civil, casamento religioso, pela primeira vez uma 
referência constitucional a união estável entre o homem e a mulher, a família 
monoparental, a separação judicial, separação de fato, o divórcio e igualdade de direitos. 
Sendo posteriormente alterada pela emenda constitucional 66/2010, retirando a 
separação de fato e a separação judicial do texto constitucional, reconhecendo, de forma 
direta que o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.10
1.3 A evolução social dos relacionamentos 
Os relacionamentos entre homens e mulheres sem que houvesse o casamento 
religioso formal era objeto de crítica e discriminação nos séculos passados, pois 
contrariavam a instituição do casamento para a composição da família, que, para os 
constituintes passados, apenas se iniciava com a celebração do casamento, sendo 
negados quaisquer direitos aos companheiros que cabia aos casados.
Estas relações informais surgiram pela afetividade, mútuo consenso e vontade de 
constituir família, sem a necessidade da celebração da solenidade do casamento. O 
Direito Romano via essa união como relação inferior ao casamento, de segunda 
categoria. Já o direito francês, sob influência do direito canônico, ignorava este tipo de 
10 Art. 226, § 6º da Constituição Federal de 1988.
7
relacionamento. No direito canônico, esta união era acolhida, ainda que de forma tímida.11
O estabelecimento da comunhão conjugal entre duas pessoas, não necessita de 
normas legais estabelecidas para existir, sendo esta uma situação aparada em requisitos 
fáticos e volitivos da relação, bastando apenas que haja o interesse por parte dos 
conviventes em se unirem e construírem uma vida juntos. Assim, não cabia ao legislador 
interferir diretamente na vida de um casal constituído de uma relação informal.
Apenas com a promulgação da carta magna de 1988, foi que se reconheceu como 
entidade famíliar protegida pelo Estado nos termos da lei, ipsis litteris "reconhecida a 
união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua 
conversão em casamento."12
1.4 A sociedade de fato
No início das relações informais dos que viviam como se casados fossem ou que 
havia algum impedimento legal ao matrimônio conviviam sob reprovação moral da 
sociedade, predominantemente ligada aos dogmas da Igreja que via a instituição da 
família apenas com a celebração do casamento solene.
Entretanto, com a convivência em uma sociedade conjugal, no qual ambos 
construíam patrimônio comum, acontecia de, quando do término do relacionamento, uma 
das partes ficar desamparada, visto que ambos contribuíram monetariamente para a 
constituição dos aquestos. Por muito tempo, a vivência entre o casal informal fora 
reconhecida pela jurisprudência como uma sociedade de fato, de forma genérica, que 
poderia ser entre homem e mulher, irmãos que moram juntos, amigos, uma república 
estudantil, etc. 
O reconhecimento da sociedade de fato se dava por analogia ao Art. 1.363 do 
código civil de 191613, sendo esta, a comunhão de pessoas que mutualmente se 
11 MASNIK, Lilian. União estável. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, VI, n. 15, nov 2003. Disponível em: <
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4312>.Acesso em 10/2018
12 Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, 
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
13 Art. 1.363. Celebram contrato de sociedade as pessoas, que mutualmente se obrigam a combinar seus esforços ou 
8
obrigavam a combinar esforços ou recursos para fins comuns.
Apenas com a edição da súmula 380 do STF14, publicada em 12/05/1964 que ficou 
conhecida a formação de uma sociedade de fato pelos concubinos, cabendo, com a sua 
dissolução, partilha de patrimônio comprovadamente adquirido com esforço comum.
Desta forma, a única comunicação de bens que havia entre os concubinos, se dava 
pelos bens que fossem comprovadamente adquiridos com esforço comum, o que era 
sempre prejudicial a uma das partes, principalmente as mulheres, considerando que as 
legislações anteriores consideravam o homem como o chefe da sociedade conjugal e a 
mulher inferior, como civilmente incapaz.
1.5 O concubinato
Aos olhos do legislador novecentista, a união informal entre o homem e a mulher, 
que poderiam ser impedidos de casar, ou não, e que passavam a conviver como se 
marido e mulher fossem, sem a solenidade do casamento, denominava-se concubinato. 
Considerando uma existencia similar ao casamento, entretanto, sem a sua proteção legal 
e patrimonial pelo Estado.
O termo concubinato, foi estabelecido no direito romano como contuberniun, que 
era utilizado para caracterizar a união entre o homem e a mulher, no qual, sem 
constituirem casamento, viviam como se casado fossem. 
Na antiguidade havia uma classificação entre o concubinato puro e concubinato 
impuro, sendo este quando a união é entre pessoas com impedimento para o casamento 
e aquele quando é livre de impedimento. Há ainda, uma distinção entre o concubino e o 
companheiro, como dito nas palavras de Irineu Pedrotti:
“A distinção basicamente reside no seguinte: concubina é a amante, mantida 
clandestinamente pelo homem casado, o qual continua freqüentando a 
família formalmente constituída. Companheira, é a parceira com quem o 
homem casado entabula uma relação estável, depois de consolidadamente 
recursos, para lograr fins comuns.
14 SÚMULA 380: Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução 
judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.
9
separado de fato da esposa. A definição é a mesma com os pólos sexuais 
invertidos”.15
No código civil de 1916, havia certa discriminação com os concubinos, 
determinando que a mulher casada poderia reinvindicar os bens doados à concubina 16 e a 
vedação de ser nomeada como herdeira ou legatária, a concubina do testador casado.17
O que podemos chamar de um início à proteção do concubino em um 
relacionamento informal, com a edição da já comentada súmula 380 e posteriormente a 
súmula 35 do STF18, publicada em 13/12/1963, que determina o direito de indenização à 
concubina pela morte do companheiro, se não houver existência de impedimento para o 
matrimônio, ou seja, desde que, vivessem em comcubinato puro.
A relação concubinatária foi representada de forma expressa pelo legislador do 
código civil atual no artigo 1.727, conceituando como relações entre homem e mulher 
impedidos de casar.19 Devemos lembrar que o código civil, apesar de ter entrado em vigor 
em 10 de Janeiro de 2003, sua elaboração remonta a década de 1970, período de 
relações conservadoras na história do Brasil.
1.6 União homoafetiva
A união de pessoas do mesmo sexo sempre existiu a margem da lei, havendo 
diversos movimentos sociais que lutam diariamente para que possa ser aplicado, de 
forma igual, os interesses dos casais homoafetivos aos dos casais homem e mulher. 
Interesses estes, que ganharam força no início do século XXI e passou a ser equiparado 
em diversos estados estrangeiros.
No Brasil,a constituição de 1988 traz em seu texto o argumento integral de que é 
reconhecida a união estável entre o homem e a mulher, bem como que os direitos da 
sociedade conjugal, serão exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. Observando 
15 PEDROTTI, Irineu Antonio. Concubinato – união estável. Leud. São Paulo. 1994. p.42-43
16 Art. 248. A mulher casada pode livremente:
IV - Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo marido à concubina
17 Art. 1.719. Não podem também se nomeados herdeiros, nem legatários:
III. A concubina do testador casado.
18 Súmula 35: Em caso de acidente do trabalho ou de transporte, a concubina tem direito de ser indenizada pela morte 
do amásio, se entre êles não havia impedimento para o matrimônio.
19 Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.
10
apenas o texto normativo, chegaríamos a conclusão de que para a carta magna, não 
existe família entre pessoas do mesmo sexo. Entretanto, não seria razoável que os 
legisladores pós constituinte ignore tal fenômeno, vez que a união homoafetiva é um fato 
que necessita de regulamentação legal, para não corrermos o risco de voltarmos a 
interpretação da sociedade de fato.
Em 05/05/2011 o STF20, através do julgamento da Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADIn) 4277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental (ADPF) 132, reconheceu a união estável para casais do mesmo sexo, 
sendo a união homoafetiva entidade familiar, devendo ser aplicada as mesmas regras da 
união estável ao casal homem e mulher. Determinou ainda, de forma vinculante que o não 
reconhecimento, contrariaria os preceitos fundamentais da dignidade da pessoa humana, 
liberdade e igualdade.
Desta forma, podemos dizer que o §3º do Artigo 22621 da constituição, passa pelo 
fenômeno da mutação constitucional, quando a norma, ainda em pleno vigor, sofre de 
uma mutação em sua interpretação, sem que necessite de alteração do texto literal 
através de uma emenda, sendo esta alteração apenas no caráter interpretativo. Assim, o 
texto passou a ser interpretado através do cenário modernamente instituído e reconhecido 
pelos aplicadores do direito, como de caráter constitucional e com proteção do direito de 
família, a união estável entre pessoas do mesmo sexo.
Posteriormente, houve ainda, o direito ao casamento das pessoas de mesmo sexo, 
através da resolução do Conselho Nacional de Justiça de nº 175 de 14 de maio de 2013, 
que vedou aos cartorários que recusassem a habilitação para o casamento entre os 
casais homoafetivos, bem como a conversão de prévia união estável em casamento. 22 
Fazendo com que a vedação de recusa, tornasse um reconhecimento do direito de 
casamento dos homossexuais.
Assim, expostos os relacionamentos informais da sociedade e a sua evolução até 
20 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=178931 acesso 03/11/2018
21 Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, 
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
22 Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão 
de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=178931
11
chegarmos a uma regulamentação legal destes, passemos as formas de regulamentação 
criadas pelo legislador para a constituição e dissolução das relações informais.
12
CAPÍTULO II: CONSTITUIÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL
Acompanhando a revolução social e cultural do final do século XX, com diversos 
movimentos liberais que dominaram parte da cultura ocidental nas décadas de 60 em 
diante e com a abertura política após um regime ditatorial e a carta magna de 1988, esta 
recebeu por Ullisses Guimarães, o rótulo de "Constituição Cidadã" por promulgar diversas 
pautas sociais em seu texto normativo.
Antes da constituição de 1988, a união entre duas pessoas que viviam como se 
casados fossem, com fins de constituir família era encarado como uma sociedade factual 
ou concubinato e tratado no campo do direito das obrigações pelo código civil de 1916. 
Com a constituição de 1988, reconhecida a união estável como entidade familiar, esta 
passou a ser tratada no campo do direito de família, determinando que a lei facilitasse sua 
conversão em casamento.
Sendo o texto constitucional recheado de normativas pragmáticas, fez-se 
necessária a edição posterior de legislação que regulamentassem diversas de suas 
orientações, dentre elas, das instituições de família previstos no Art. 226.
A união estável é independente de qualquer presunção jurídica, bastando apenas 
que duas pessoas passem a se relacionar e conviverem publicamente, de forma contínua 
e duradoura, objetificando constituir família, preenchendo os requisitos legais, para que 
fique caracterizados os direitos por ela protegida, independentemente de qualquer 
solenidade.
2.1 Evolução e requisitos legais para a constituição da União Estável
A lei 8.971/1994, de forma sucinta, regularizava os direitos dos companheiros 
referente ao dever de alimentos e sucessão. Fazendo com que a união estável fosse 
devidamente regulamentada e adentrasse ao ordenamento jurídico. De acordo com esta 
lei, para que fosse reconhecida a união estável, era necessário que a companheira 
amancebasse com homem solteiro, separado judicialmente, divorciado ou viuvo, 
convivendo com ele há mais de 5 anos ou tendo prole, sendo protegida pela lei de 
13
alimentos desde que prove a necessidade e não constitua nova união. Sendo igual o 
direito ao companheiro com a mulher solteira, separada judicialmente, divorciada ou 
viúva.23
Ainda que de forma simplificada, a lei 8.971/1994, inovou ao equiparar o status da 
união estável aos direitos dados as pessoas casadas, igualando alguns dos direitos aos 
companheiros anteriormente apenas aplicados aos cônjuges. 
Posteriormente, foi promulgada a lei 9.278/1996, na qual previa que os bens 
adquiridos na convivência do casal fossem colocados à meação com a sua eventual 
dissolução ou sucessão, colocando apenas como requisito que seja adquirido de forma 
onerosa por um ou ambos os conviventes. Pela primeira vez, direitos e deveres inerentes 
aos companheiros foram regulamentados pelo legislador. Ainda, o texto legal mudou para 
um conceito mais genérico os requisitos para a constituição da união estável, sendo estes 
agora a convivência duradoura, pública e contínua, de homem e mulher, com o objetivo 
de constituir família24. Sem a necessidade de prazo mínimo ou trazendo de forma 
expressa os impedimentos legais para a constituição da união estável. 
Entretanto, a lei de 1996 não revogou de forma expressa a lei anterior de 1994, 
assim como o código civil atual, de 2002 não revogou expressamente os dispositivos 
anteriores, apenas os conflitantes, tendo que haver certa modulação por parte do julgador 
ao aplicar ao caso concreto, haja vista o prazo curto entre a edição destas leis, o que 
pode ter causado certa confusão na época. A luz desta, podemos observar o acórdão no 
Resp 1752883/GO25 que questionava se os bens adquiridos sem comprovação de esforço 
23 Art. 1º A companheira comprovada de um homem solteiro, separado judicialmente, divorciado ou viúvo, que com 
ele viva há mais de cinco anos, ou dele tenha prole, poderá valer-se do disposto na Lei nº 5.478, de 25 de julho de 
1968, enquanto não constituir nova união e desde que prove a necessidade.
 Parágrafo único. Igual direito e nas mesmas condições é reconhecido ao companheiro de mulher solteira, separada 
judicialmente,divorciada ou viúva.
24 Art. 1º É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma 
mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família.
25 RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. SOCIEDADE DE FATO. SÚMULA Nº 380/STF. 
INCIDÊNCIA. AQUISIÇÃO PATRIMONIAL. ESFORÇO COMUM. PROVA. IMPRESCINDIBILIDADE. 
UNIÃO ESTÁVEL. LEI Nº 9.278/1996. IRRETROATIVIDADE. SÚMULA Nº 568/STJ. ARTS. 2º E 6º DA LEI 
DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. ÔNUS DA PROVA. SÚMULA Nº 7/STJ. 1. 
Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 1973 
(Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Cinge-se a controvérsia a avaliar se os bens amealhados em período 
anterior à vigência da Lei nº 9.278/1996 devem ser divididos proporcionalmente, sem a demonstração da efetiva 
participação, direta ou indireta, de cada companheiro para a construção do patrimônio. 3. A presunção legal de 
esforço comum na aquisição patrimonial na união estável foi introduzida pela Lei nº 9.278/1996. 4. Na hipótese, 
incide o regime concernente às sociedades de fato em virtude do ordenamento jurídico em vigor no momento da 
14
comum, antes de entrar em vigor a lei 9.278/1996 deveriam ser divididos 
proporcionalmente.
Com a entrada em vigor do atual código civil em 10 de Janeiro de 2003, a união 
estável passou a ser regularizada pelos artigos 1.72326 a 1.727, sendo reconhecida como 
entidade familiar configurada na convivência pública, contínua e duradoura com o objetivo 
de constituir família. Note que o texto reproduziu o texto constitucional ao reconhecer a 
união somente entre o homem e a mulher.
Dentre as novidades, pela primeira vez foi expresso que os mesmos impedimentos 
aplicados ao casamento, devendo ser aplicados ao reconhecimento da união estável, com 
exceção da união de pessoas casadas, desde que separados de fato ou judicialmente, 
determinando que aqueles impedidos de casar, sejam reconhecidos como concubinato. 
Também retirou a expressão de que apenas os bens adquiridos a título oneroso entrariam 
para a meação, conforme previsto no art. 5º da lei 9.278/1996, qualificando que, na 
relação entre os companheiros, deve-se aplicar os dispositivos da comunhão parcial de 
bens.
Para melhor entendimento evolução legislativa, exporemos as principais diferenças 
no quadro abaixo:
QUADRO COMPARATIVO PARA CONSTITUIÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL
Legislação Lei 8.971/1994 Lei 9.278/1996 Lei 10.406/2002
Tempo mínimo Mais de 5 anos ou se 
houver prole.
Convivência 
duradouda (sem 
tempo mínimo)
Convivência 
duradouda (sem 
tempo mínimo)
Impedimentos Somente se Solteiro, 
separado 
judicialmente ou 
viuvo
Sem impedimento 
expresso
Impedimentos do 
casamento do Art. 
1.521, exceto se 
casados e separados 
judicialmente ou de 
fato.
respectiva aquisição (Súmula nº 380/STF). 5. O ordenamento jurídico pátrio, ressalvadas raras exceções, não 
admite a retroatividade das normas para alcançar ou modificar situações jurídicas já consolidadas. Portanto, em 
regra, a alteração de regime de bens tem eficácia ex nunc. 6. Rever as circunstâncias fáticas revolvidas na origem 
quanto à prova do esforço comum de ex-companheira do autor da herança na aquisição de bens antes da vigência 
do referido diploma encontra óbice na Súmula nº 7/STJ. 7. Recurso especial não provido.
(STJ - REsp: 1752883 GO 2014/0323870-2, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Data de 
Julgamento: 25/09/2018, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/10/2018)
26 Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na 
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
15
Direitos e Deveres 
dos companheiros
Sem menção 
expressa
Respeito e 
consideração 
mútuos; assistência 
moral e material 
recíproca; guarda, 
sustento e educação 
dos filhos comuns.
lealdade, respeito e 
assistência, e de 
guarda, sustento e 
educação dos filhos.
Alimentos Enquanto não 
constituir nova união 
e desde que prove a 
necessidade
assistência material 
prestada por um dos 
conviventes ao que 
dela necessitar, a 
título de alimentos
O Art. 1.694 prevê a 
possibilidade dos 
companheiros 
pleitearem o dever 
de alimentos
Sucessão Art. 2º I - o(a) 
companheiro(a) 
sobrevivente terá 
direito enquanto não 
constituir nova união, 
ao usufruto de quarta 
parte dos bens do de 
cujos, se houver 
filhos ou comuns;
II - o(a) 
companheiro(a) 
sobrevivente terá 
direito, enquanto não 
constituir nova união, 
ao usufruto da 
metade dos bens do 
de cujos, se não 
houver filhos, 
embora sobrevivam 
ascendentes;
III - na falta de 
descendentes e de 
ascendentes, o(a) 
companheiro(a) 
sobrevivente terá 
direito à totalidade 
da herança.
Se o bem resultar de 
colaboração do 
companheiro, o 
sobrevivente tem 
direito a metade.
Direito Real de 
habitação no imóvel 
destinado a 
residência da família 
após o óbito do 
companheiro, 
enquanto não 
constituir casamento 
ou nova união 
estável
O art. 1.790 
diferenciava o regime 
da união estável 
trazendo regra 
excepcional aplicada 
aos companheiros, 
entretanto, o STF 
nos Rext nº 646.721 
e nº 878.694, com 
repercussão geral, 
decidiu pela 
inconstitucionalidade 
do artigo, 
equiparando o 
companheiro as 
disposições do 
cônjuge, em 
conformidade com o 
regime jurídico da 
comunhão de bens.27
27 “É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do 
CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime do art. 
1.829 do CC/2002
16
Meação Sem menção 
expressa
Os bens móveis e 
imóveis adquiridos 
por um ou ambos, na 
constância da união 
estável, e a título 
oneroso pertence a 
ambos.
Os bens referentes 
as disposições da 
comunhão parcial de 
bens dos arts 1.658 
a 1.662.
Quanto ao impedimento para constituição da união estável entre pessoas casadas, 
o Art. 226 da Constituição Federal, alterado com a emenda constitucional 66/2010, 
determina que a separação pode ser realizada pelo divórcio direto. Mas antes deste 
instituto, fazia-se necessária que fosse promovida a separação judicial, para tão somente, 
após decorrido determinado prazo, fosse feita a conversão da separação em divórcio, o 
que fazia com que muitos relacionamentos fossem considerados concubinatários, em 
razão do impedimento legal e ausência de separação judicial.
2.2 Em que momento um namoro passa a configurar uma união estável?
Os requisitos apresentados pela lei Lei 9.278/1996 e pelo código civil, não traz uma 
data exata para a concepção dos efeitos da união estável, deixando de forma genérica o 
termo "convivência pública e duradoura". É pacífico o entendimento de que a convivência 
não precisa ser necessariamente na mesma residência, podendo ocorrer união estãvel 
entre companheiros que residem e casas diferentes. Não havendo uma delimitação 
objetiva dos critérios a serem seguidos, devendo em cada um dos casos, ser analisado as 
suas peculiariedades.
Assim, o código civil prevê como requisitos para a união estável a convivência 
pública, contínua, duradoura e estabelecida com o objetivo de constituir família. Observe 
que, dentre estes requisitos, apenas o objetivo de constituir família é diretamente 
subjetivo, pois os demais podem ser configurados através de análise externa dos hábitos 
dos companheiros. Tratemos de forma rápida o que se entende por cada requisito 
necessário a configuração da união estável.
2.2.1 Convivência Pública 
A convivência pública pode ser conceituada pela notoriedade da união, podendo 
17
ser considerada como preenchida como quando os companheiros se apresentam perante 
a sociedade como se casadofossem. Nos dias atuais, com o advento da internet e as 
redes sociais, tornou este requisito mais fácil de ser observado, como por exemplo, um 
casal na rede facebook assumem o status de "relacionamento sério", ou, posteriormente 
"casados", ainda que não tenham constituído casamento de forma solene.
Não há a necessidade de convivencia sob o mesmo teto. Sabemos que uma vida a 
dois, pode ser sólida e duradoura sem que necessariamente convivam juntos. Há 
casamentos em que os cônjuges vivem em residências separadas, seja por motivo de 
saúde, trabalho, ou outro que lhes venham a ser convenientes.
2.2.2 Relacionamento Contínuo
Em se tratando do conceito de relacionamento contínuo, devemos considerar que a 
união observada é uma relação não eventual e nem passageira, como ocorre com as 
"ficadas" eventuais. Podemos traduzir a continuidade como uma estabilidade do 
relacionamento, uma fidelidade entre o casal que passam a não sair com outras pessoas . 
Assim, um relacionamento que adquire uma estabilidade e continuidade necessita de um 
lapso temporal para tanto, constituindo, por consequência, a ser duradouro.
2.2.3 Duradouro
A lei não exige diretamente um prazo mínimo para caracterizar a união estável, 
como ocorria anteriormente. Desta forma, pode ocorrer de um casal estar juntos há anos 
e não constituir a união ou ter se juntado há meses e caracterizar um relacionamento 
duradouro. Para ser considerada a união, faz-se necessária, após a externalização e 
estabilidade do relacionamento, a aparência de como se casados fossem.
A principal questão para definir o conceito do relacionamento duradouro, está em 
elementos subjetivos, pois com o advendo da lei 9.278/1996 e posteriormente o Código 
Civil, estas deixaram de prever um tempo mínimo necessário, como se fazia na lei 
8.971/1994, que exigia a convivência mínima de 5 anos, salvo se houvesse prole. Deve 
então ser considerado pelos conviventes e pelo julgador, caso venha a ser pedido 
reconhecimento legal em ação de reconhecimento de união estável, a observação do 
18
animus no interim da convivência. Assim, independentemente do tempo da união, esta 
pode ser caracterizada através do preenchimento dos demais requisitos.
2.2.4 Objetivo de constituir família
Por fim, o código civil apresenta como último critério para caracterização da união 
estável, o objetivo de constituir família, sendo essencial que haja uma observação do 
animus dos companheiros. A constituição de família, não quer dizer diretamente em 
geração de prole, haja vista os diversos tipos de família previstos na constituição federal, 
dentre eles, a própria união estável. Desta forma, paradoxalmente, o objetivo de 
constituição da união estável implica de forma indireta ao objetivo de constituir família, 
requisito essencial da união estável.
Assim, o objetivo de constituir família está na ordem dos requisitos legais do Art. 
1.723 do código civil por último, por ser requisitos exclusivamente caracterizado de forma 
subjetiva através do animus, enquanto os demais, podem ser observados por um 
expectador externo de forma objetiva, através de provas constituídas. Sem o objetivo de 
constituir família, o relacionamento, ainda que preenchido todos os requisitos anteriores, 
pode ser caracterizado apenas como um namoro de longa data ou uma sociedade de fato 
com relação aos bens adquiridos em esforço comum.
Preenchidos os requisitos da união estável, esta sendo esta um fato social com 
consequências jurídicas, passa a ser aplicadas aos companheiros diversas normas de 
proteção ao instituto da família que podem ser evocado por quaisquer deles, como os 
direitos de alimentos, direito real de habitação, administração de patrimônio comum, dever 
de cuidado, lealdade e assistência.
2.3 Como datar o início da união estável?
Para fins de meação, em caso de posterior pedido de reconhecimento e dissolução 
de união estável, deve o juízo observar a partir de que momento pode-se caracterizar que 
iniciou a união estável, inserindo na meação, os bens adquiridos posteriormente a sua 
efetivação. Sendo os requisitos de relacionamento público, contínuo e duradouro, vamos 
focar situações hipotéticas e atitudes que poderiam ser considerados o objetivo de 
19
constituir família.
Um dos elementos que poderiam ser observados como caracterizador do início do 
objetivo de constituir família para união estável é o da habitação comum, quando o casal 
decide morar sob o mesmo teto, seja alugando ou comprando um imóvel, ainda que 
apenas um desses contribua financeiramente. Apesar da moradia em comum não ser 
requisito essencial para a constituição da união estável, pode este fato, caso ocorra, 
tornar-se termo inicial da união, o que seria a "data do casamento". Outro ponto que pode 
ser observado seria na adoção de um animal de estimação para criação comum por 
ambos, tendo em vista a responsabilidade comum com o ser vivo adotado.
Destaque-se que não há qualquer requisito formal para a caracterização da união 
estável, ou seja, não se faz necessária a celebração de um instrumento particular de 
união estável, tampouco uma escritura pública. Por óbvio, uma escritura pública datada 
facilita o seu reconhecimento, uma vez que por si só constitui prova suficiente.
Assim, caso um dos companheiros pretenda o reconhecimento da união estável, 
para fins de meação, alimentos, sucessão ou outros direitos que a lei garante, ficará a 
critério do julgador observar os fatos e as provas constituídas ára datar a partir de que 
ponto pode se considerar constituída a união estável. Observamos em diversos julgados 
que as provas comumentes apresentadas em juízo é a da dependência em planos de 
saúde, seguros de vida, escritos (cartas, emails, mensagens) ou testemunhas. Com o 
preenchimento de todos os requisitos da união estável, aplicam-se as disposições 
patrimoniais concernentes, no que couber ao regime da comunhão parcial de bens co 
casamento. Assim, poderiamos dizer que o Estado fez da união estável, uma espécie de 
casamento compulsório.
Quando houver uma dissolução dos companheiros de forma mútua ou por morte, 
caso tenham constituídos bens para a meação ou caso um dos companheiros pretenda 
perceber alimentos ou pensão por morte, faz-se necessária a interposição de ação de 
reconhecimento e dissolução de união estável perante o juízo de família.
20
CAPÍTULO III: O RECONHECIMENTO E A DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL
Para que seja aplicado todos os efeitos jurídicos que protegem a união estável de 
forma erga omnes, faz-se necessária a sua homologação de forma pública, seja por 
escritura pública ou através de ação judicial, tendo em vista que a união em si é um fato 
social com consequências jurídicas.
Um casal que conviveu por anos juntos, e que desconhecem a legislação, poderia 
terminar o relacionamento e não tratar de meação, alimentos, guarda ou sucessão, por 
acreditarem que aquela relação, por não ter uma oficialização perante o estado, não lhe 
seria aplicado quaisquer efeitos jurídicos, como é sabido com o casamento, resolvendo 
entre si, direitos que o estado tutela através da proteção a família. É o que ocorre com a 
maioria dos brasileiros que convivem informalmente.
O Estado brasileiro, é forte, presente e pesado aos contribuintes, de forma que há 
uma tributação pesada em diversos atos da vida cotidiana, como a compra e venda de um 
veículo, de um imóvel, o casamento em si, uma escritura pública para reconhecimento de 
união estável. Esta tributação, somando-se com a burocracia e as idas e vindas aos 
cartórios, faz com que diversos fatos ocorridos socialmente, passem longe dos registros 
oficiais do Estado. Um casal que já convive juntos a anos, apenas para "homologar" 
aquela convivência, precisa efetuar o pagamento de taxas e enfrentar a burocraciacartórária que muitas vezes incentivam a viverem na informalidade. 
Desta forma, quando ocorrendo um término de relacionamento no campo factual do 
casal, por muitas vezes inicia uma discussão entre os ex companheiros a cerca da divisão 
dos bens adquiridos em conjunto, questionamentos sobre quem cuidará dos filhos 
gerados, pensão ou ajuda de custo, cuidados com o animal de estimação adotado pelo 
casal, dentre outras discussões praticamente impossíveis de se chegar a um consenso, 
nos casos em que há uma separação turbulenta.
Assim, o que antes era visto como uma divisão dos aquestos, dentre os outros 
direitos dos companheiros previstos nas leis 8.971/1994, 9.278/1996 e 10.406/2002, 
tornou-se, com a equiparação do regime de bens do artigo 1.725 do código civil, a 
21
dissolução da união estável em ação similar ao divórcio judicial. 
O código de processo civil de 1973 não trazia menção expressa as ações de 
reconhecimento e dissolução da união estável, seguindo as separações com o 
seguimento do rito da ação de divórcio, com a necessidade de comprovação da união 
estável através de provas constituídas nos autos, tendo em vista que, na maioria dos 
casos não há a escritura pública ou contrato particular.
O atual código de processo civil, lei 13.105/2015, que entrou em vigor em 18 de 
março de 2016, apresenta em seus dispositivos, nas ações em que envolve 
relacionamento familiares a menção do cônjuge/companheiro e casamento/união estável, 
equiparando processualmente os ritos aplicáveis. 
A Dissolução da união estável pode ocorrer pelos mesmos motivos que levariam ao 
divórcio do casamento, sendo arrolados no artigo 1.571 do código civil, podendo ser por 
morte de um dos cônjuges, nulidade ou dissolução da união.
Apenas possuem legitimidade para propor o reconhecimento e dissolução da união 
estável os companheiros, podendo ser representados por curador, ascendente ou irmão, 
nos casos de incapacidade para exercício dos atos da vida civil.
3.1 O reconhecimento e dissolução consensual como um negócio jurídico 
processual
Uma das novidades apresentadas pelo código de processo civil de 2015 foi a 
regulamentação expressa do negócio jurídico processual, prevista nos artigos 190 e 191. 
Poderiam estas disposições serem aplicadas a ação re reconhecimento e dissolução da 
união estável? Creio que sim, Vejamos.
O artigo 1.725 do código civil determina que as disposições patrimoniais aplicáveis 
aos bens oriundos da união estável seguirão o regime da comunhão parcial de bens, 
salvo contrato escrito entre os companheiros. No código de processo civil, o artigo 19028 
28 Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes 
estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, 
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
22
determina que caso verse sobre direitos disponíveis, que admitam autocomposição, as 
partes podem convencionar sobre mudanças no procedimento para ajustar a 
especificidades da causa, ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou 
durante o processo.
As disposições do negócio jurídico processual será avaliada se em suas 
convenções não há nulidades, inserção abusivas ou abuso contra parte vulnerável. Deste 
modo, em que pese as ações de família se tratarem de direito público, com participação 
do ministério público como custus legis, entende-se que as disposições quanto aos bens 
da união estável podem ser objeto de contrato privado, tendo em vista que, similar a união 
dos companheiros, tem-se o instituto da sociedade de fato, no qual se aplica direitos 
obrigacionais, em que poderia atribuir livremente disposição sobre bens.
Em análise ao recurso julgado29 sob a relatoria da ministra do STJ Nancy Andrighi, 
em que se discutia uma revisão de acordo homologado em ação de divórcio transitada em 
julgado, no qual, os ex cônjuges haviam concordado em vender os imóveis e partilhar em 
50% os valores adquiridos. Entretanto, após largo período sem conseguir a venda, 
proporam uma nova partilha, requerendo a homologação pelo juízo competente, no qual 
teve a pretensão negada em 1º e 2º grau em razão da coisa julgada e do acordo anterior 
29 CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. DIVÓRCIO CONSENSUAL. ACORDO SOBRE PARTILHA DOS BENS. 
HOMOLOGAÇÃO POR SENTENÇA. POSTERIOR AJUSTE CONSENSUAL ACERCA DA DESTINAÇÃO 
DOS BENS. VIOLAÇÃO À COISA JULGADA. INOCORRÊNCIA. PARTES MAIORES E CAPAZES QUE 
PODEM CONVENCIONAR SOBRE A PARTILHA DE SEUS BENS PRIVADOS E DISPONÍVEIS. 
EXISTÊNCIA, ADEMAIS, DE DIFICULDADE EM CUMPRIR A AVENÇA INICIAL. APLICAÇÃO DO 
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE. AÇÃO ANULATÓRIA. DESCABIMENTO QUANDO 
AUSENTE LITÍGIO, ERRO OU VÍCIO DE CONSENTIMENTO. ESTÍMULO ÀS SOLUÇÕES CONSENSUAIS 
DOS LITÍGIOS. NECESSIDADE. 1- Ação distribuída em 14/09/2012. Recurso especial interposto em 20/10/2015 
e atribuído à Relatora em 15/09/2016. 2- Os propósitos recursais consistem em definir se houve negativa de 
prestação jurisdicional e se é possível a homologação de acordo celebrado pelas partes, maiores e capazes, que 
envolve uma forma de partilha de bens diversa daquela que havia sido inicialmente acordada e que fora objeto de 
sentença homologatória transitada em julgado. 3- Ausentes os vícios do art. 535, II, do CPC/73, não há que se falar 
em negativa de prestação jurisdicional. 4- A coisa julgada material formada em virtude de acordo celebrado por 
partes maiores e capazes, versando sobre a partilha de bens imóveis privados e disponíveis e que fora homologado 
judicialmente por ocasião de divórcio consensual, não impede que haja um novo ajuste consensual sobre o destino 
dos referidos bens, assentado no princípio da autonomia da vontade e na possibilidade de dissolução do casamento 
até mesmo na esfera extrajudicial, especialmente diante da demonstrada dificuldade do cumprimento do acordo na 
forma inicialmente pactuada. 5- É desnecessária a remessa das partes à uma ação anulatória quando o requerimento 
de alteração do acordo não decorre de vício, de erro de consentimento ou quando não há litígio entre elas sobre o 
objeto da avença, sob pena de injustificável violação aos princípios da economia processual, da celeridade e da 
razoável duração do processo. 6- A desjudicialização dos conflitos e a promoção do sistema multiportas de acesso à 
justiça deve ser francamente incentivada, estimulando-se a adoção da solução consensual, dos métodos 
autocompositivos e do uso dos mecanismos adequados de solução das controvérsias, tendo como base a capacidade 
que possuem as partes de livremente convencionar e dispor sobre os seus bens, direitos e destinos. 7- Recurso 
especial conhecido e provido. (STJ - REsp: 1623475 PR 2016/0230901-2, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, 
Data de Julgamento: 17/04/2018, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 20/04/2018)
23
ter preenchido os requisitos de validação do negócio jurídico do artigo 10430 do código 
civil. O julgamento no tribunal superior decidiu pela homologação do novo acordo, visto a 
disponibilidade dos bens privados e o negócio jurídico processual.
Assim, Enquanto não houver julgados consolidados ou entendimento pacificado 
pelos doutrinadores, ante as novidades dos institutos, resta-nos aguardar pelo 
posicionamento dos tribunais superiores quanto a sua aplicação.
3.2 Requisitos e provas para o reconhecimento legal
Embora não haja no ordenamento legal uma previsão direta de como poderia ser 
comprovada a união estável, haja vista seus requisitos subjetivos, os juízos de família 
vêm aplicando de forma analógica o rol previsto no §3º do artigo 22 do decreto 
3.048/199931 que regula a previdência social, como documentos que podem comprovara 
conviência com as formalidades da união estável.
Para que haja o reconhecimento da união estável, é necessário que, além dos 
requisitos do artigo 1.723 do código civil, revestidos de subjetividade, a comprovação de 
ausência de impedimentos para o casamento do artigo 1.521, exceto o inciso VI32, que 
30 Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
31 Art. 3º Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, devem ser apresentados no 
mínimo três dos seguintes documentos:
I - certidão de nascimento de filho havido em comum;
II - certidão de casamento religioso;
III - declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu dependente;
IV - disposições testamentárias;
V - anotação constante na Carteira Profissional e/ou na Carteira de Trabalho e Previdência Social, feita pelo órgão 
competente;
VI - declaração especial feita perante tabelião;
VII - prova de mesmo domicílio;
VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da vida civil;
IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada;
X - conta bancária conjunta;
XI - registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do segurado;
XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados;
XIII - apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua 
beneficiária;
XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado como responsável;
XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente;
XVI - declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um anos; ou
XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar.
32 Art. 1.521. Não podem casar:
24
impede o casamento das pessoas já casadas, reconhecendo a união estável quando há 
separação de fato ou judicial e não se aplicando as causas suspensivas do artigo 1.523.
Para alguns doutrinadores, a grande quantidade de relacionamentos 
concumbinatários se dava pela indissolubilidade do casamento, que faziam com o que a 
pessoa casada, abandonasse o seu cônjuge sem a possibilidade de divórcio, e, caso 
conhecesse outra pessoa durante a vida e passasse a conviver com esta como se casado 
fosse. Tradição que se seguiu até 1977 com a entrada em vigor da lei do divórcio.
3.3 Regime de bens e meação
O artigo 1.725 do código civil determinou que, constituída a união estável, salvo se 
houver contrato escrito entre os companheiros, deve ser aplicado, no que couber, o 
regime do casamento pela comunhão parcial de bens.33
Quanto a definição do regime de bens determinado pelo artigo 1.725 do código 
civil, apontemos dois detalhes essenciais, sendo um deles a resalva do contrato escrito 
entre os companheiros e a aplicação do regime da comunhão parcial de bens, no que 
couber.
A excessão ressalvada pelo código civil quanto "ao que couber", refere-se aos 
impedimentos para a escolha do regime de bens aplicadas ao casamento, que impediriam 
o regime a ser adotado pela comunhão parcial de bens, como a separação obrigatória da 
pessoa maior de 70 anos e do que necessitaria de suprimento judicial para o casamento, 
como os menores e aqueles que por disposições transitórias, não podem expressar sua 
opinião, não se aplicando a disposição das causas suspensivas ao casamento.
Quanto a ressalva do contrato escrito entre os companheiros, o código não 
especificou se este deveria ser contrato solene através de escritura pública ou se um 
contrato entre os particulares teria a mesma eficácia. Determinando, apenas, que o 
contrato pode ser sobre as relações patrimoniais. O STJ decidiu através do AgInt no Resp 
VI - as pessoas casadas;
33 Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no 
que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
25
1.590.81134 julgado em 02/03/2018 pela supremacia do contrato firmado, ainda que 
apenas entre os companheiros quanto a disposição dos bens.
O enunciado 34635 aprovado pela IV Jornada de direito civil dispõe que o regime 
patrimonial adotado pela união estável, deve obedecer a norma vigente no momento de 
aquisição de cada bem, salvo disposição contrária em contrato. Isso fez com que os 
contratos de união estável tivessem cláusulas de efeitos retroativos ao momento de sua 
celebração, pois, se houve aquisição de bens em período de união estável não 
reconhecido contratualmente, este bem seria protegido pela regra geral do regime da 
comunhão parcial de bens.
Destarte, em discussão de reconhecimento e dissolução da união estável seja por 
via extrajudicial ou judicial, aplica-se os dispositivos na legislação civil a cerca do regime 
da comunhão parcial de bens, salvo existência de contrato ou impedimento legal aplicável 
a escolha do regime.
3.4 Conversão em casamento facilitada pela Constituição Federal de 1988
Em que pese o parágrafo 3º do artigo 226 haver determinado que a lei deve facilitar 
a conversão da união estável em casamento, ainda não houve um dispositivo direto que 
regulamentasse tal ato, sendo uma norma de eficácia contida, aguardando sua 
legalização.
34 AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE 
UNIÃO ESTÁVEL. EXISTÊNCIA DE CONTRATO DE CONVIVÊNCIA. ADOÇÃO DO REGIME DA 
SEPARAÇÃO TOTAL DE BENS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 5/STJ. NÃO COMPROVAÇÃO DO ESFORÇO 
COMUM. EXIGÊNCIA CONTIDA NA SÚMULA 380/STF. APLICAÇÃO AO PERÍODO ANTERIOR À LEI 
9.278/96. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Segundo disposição contida no art. 5º da Lei 9.278/96 e no art. 1.725 do 
CC/2002, aplica-se à união estável o regime da comunhão parcial de bens, sendo possível, no entanto, disposição 
dos conviventes em sentido contrário, cujo único requisito exigido é a forma escrita. 2. O eg. Tribunal de origem 
concluiu que o pacto antenupcial firmado entre os conviventes, além de dispor sobre a escolha do regime da 
separação total de bens, tratou sobre regras patrimoniais atinentes à própria união estável, extremando o acervo 
patrimonial de cada um e consignando a ausência de interesse na constituição de esforço comum para formação de 
patrimônio em nome do casal. 3. Independentemente do nomen iures atribuído ao negócio jurídico, as disposições 
estabelecidas pelos conviventes visando disciplinar o regime de bens da união estável, ainda que contidas em pacto 
antenupcial, devem ser observadas, especialmente porque atendida a forma escrita, o único requisito exigido. 
Precedente do STJ. 4. Nos termos da Súmula 380 do STF, é necessária a comprovação do esforço comum para 
partilhar bens adquiridos na constância da união estável, mas antes da entrada em vigor da Lei 9.278/96. 
Precedentes do STJ. 5. Agravo interno não provido. (STJ - AgInt no REsp: 1590811 RJ 2014/0180569-9, Relator: 
Ministro LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), Data de 
Julgamento: 27/02/2018, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 02/03/2018)
35 Na união estável o regime patrimonial obedecerá à norma vigente no momento da aquisição de cada bem, salvo 
contrato escrito.
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Entretanto, os cartórios reconhecem pelo dever constitucional de facilitar a 
conversão da união estável em casamento, fazendo com que se dispense a cerimônia 
perante o juiz de paz para configurar o casamento. Seguindo os demais procedimentos, 
como a habilitação, edital, testemunhas, mudança de nome e regime de bens.
3.5 Ação de reconhecimento e dissolução
A ação de reconhecimento e dissolução de união estável pode ocorrer de forma 
voluntária ou litigiosa.
3.5.1 Reconhecimento e dissolução voluntária
Um casal que esteja interessado em formalizara união estável, poderá faze-lo 
através de escritura pública, comparecendo ao cartório de registro de notas com os 
documentos pessoais e declarando a data de início da união, bem como registrar 
disposições quanto ao regime de bens aplicável.
O provimento 37 do CNJ, datado de 07 de Julho de 2014 regulamenta o 
reconhecimento e dissolução da união estável a ser realizado de forma extrajudicial, em 
cartório de registro de notas, já prevendo em seu artigo primeiro pelo reconhecimento 
entre homem e mulher ou entre pessoas do mesmo sexo36, não sendo necessário prévio 
registro para o reconhecimento e dissolução37. 
Para que seja realizada a dissolução de união estável por via extrajudicial, faz-se 
imprescindível que não haja filho menor comum aos companheiros.
O código de processo civil, no capítulo que trata dos procesos de jurisdição 
voluntária, reservou a seção iv para dispor sobre as ações de divórcio e da separação 
consensuais, da extinção consensual de união estável e da alteração do regime de bens 
do matrimônio, entre os artigos 731 e 734.
36 Art. 1º. É facultativo o registro da união estável prevista nos artigos 1.723 a 1.727 do Código Civil, mantida entre o 
homem e a mulher, ou entre duas pessoas do mesmo sexo.
37 Art. 7º. Não é exigível o prévio registro da união estável para que seja registrada a sua dissolução, devendo, nessa 
hipótese, constar do registro somente a data da escritura pública de dissolução.
27
O artigo 731 enumera os requisitos ao pedido de dissolução de união estável, no 
qual deve dispor sobre descrição e partilha de bens comuns, pensão alimentícia, guarda 
de filhos incapazes e contribuição para criar e educar os filhos, Reconhecendo ainda, que 
pode haver a partilha dos bens em separado, em caso de litigio, acelerando a dissolução 
judicial pleiteada, para em momento posterior, ser homologada a meação.38
3.5.2 Reconhecimento e dissolução litigiosa
O instituto do reconhecimento e dissolução judicial litigiosa, segue o rito 
estabelecido para o divórcio, com disposição sobre a meação dos bens, guarda de filhos 
menores, uso de nome (se houve alteração) e dever de asistência financeira.
Apesar de ainda previsto na legislação processual e cível sobre a separação 
judicial prévia ao divócio, a emenda constitucional 66/2010 alterou o texto constitucional 
do §6º do artigo 226 da constituição federal que anteriormente, o casamento só seria 
dissolvido pelo divórcio após prévia separação judicial após um ano, ou pela separação 
de fato por mais de 2 anos.
Com o novo texto constitucional os ex cônjuges/companheiros poderão pedir 
diretamente pelo divórcio/dissolução da união estável sem a necessidade de pleitear 
anterior separação judicial.
Com a dissolução da união estável, põe-se fim aos deveres de lealdade, respeito e 
assistência, guarda, sustento e educação dos filhos e a administração dos bens comuns, 
sendo realizada a meação dos bens pelo juízo de família competente.
Da sentença de dissolução, poderá os ex companheiros requererem pela 
averbação nos cartórios de registro civil e de imóveis quanto as alterações decididas 
naquela.
38 Art. 731. A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os requisitos legais, poderá ser 
requerida em petição assinada por ambos os cônjuges, da qual constarão:
I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns;
II - as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges;
III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e
IV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos.
Parágrafo único. Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-se-á esta depois de homologado o 
divórcio, na forma estabelecida nos arts. 647 a 658.
28
3.6 Dissolução por óbito
Conforme já exposto, a união estável é uma relação constituída de fatos sociais 
com reverberação de seus efeitos na esfera jurídica que podem, ou não, afetar terceiros. 
Para o reconhecimento da união estável post mortem, faz-se necessário requerimento 
judicial em face de legítimo sucessor do de cujus para que se manifeste, ou, caso este 
não tenha deixado outros sucessores, requerer diretamente o juízo como sucessor 
universal.
Quando ocorre o óbito de um dos companheiros, o sobrevivente passa a ter 
direitos equiparados como se casado fosse, bastando requerer ao juízo de sucessões os 
direitos a ele garantidos, no qual iremos explorar de forma mais aprofundada no capítulo 
referente a equiparação.
O código civil trazia de forma discriminatória a forma de sucessão do companheiro 
sobrevivente no artigo 1.790, no qual o colocava em posição inferior ao cônjuge. 
Entretanto, o STF através do julgamento do dos Recursos Extraordinário 646.721 e 
878.694 com efeito de afetação e vinculante às decisões posteriores, equipararam os 
direitos sucessórios do companheiro ao cônjuge, declarando a inconstitucionalidade do 
artigo 1.790 do código civil.
Com o óbito do companheiro, cabe ao sobrevivente propor em iguais condições e 
como se casado fosse, os direitos sucessórios requerendo o quinhão da herança, se 
houver concorrentes ou a sua totalidade, além dos demais efeitos sucessórios, como a 
pensão por morte em concorrência com os dependentes econômicos do de cujus, se este 
na data da morte possuía a qualidade de segurado.
A duração do percebimento da pensão por morte varia entre 4 meses e vitalícia, a 
depender da quantidade de contribuições do de cujus e a idade de seus dependentes. 
Para o reconhecimento da união estável pelo inss, faz-se necessária a apresentação de 
no mínimo três documentos previstos no artigo 22 do decreto 3.048/1999 que 
regulamenta a previdência social ou pelo menos um consistente para que seja feita a 
comprovação administrativa e a concessão do benefício.
29
3.7 Reconhecimento e dissolução de união estável post mortem
Como requisitos para o reconhecimento da união estável post mortem, para que 
seja aplicado os efeitos sucessórios e de meação dos bens, é necessário que o 
companheiro sobrevivente postule pelo reconhecimento em juízo, em face do sucessor 
mais próximo do de cujus. Em exemplo analisemos o julgado 2015031021819739 do 
Tribunal de Justiça do Distrito Federal, no qual ficou reconhecida a união estável através 
de comprovação de que conviviam sob o mesmo teto e do depoimento de testemunhas.
Assim, a diferença entre os pedidos de reconhecimento e dissolução da união 
estável entre os companheiros vivos e post mortem, está no polo passivo da ação, 
podendo não haver nos casos em que apenas o companheiro sobrevivente seria o 
sucessor universal do de cujus.
39 APELAÇÃO CÍVEL. RECONHECIMENTO UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM. POSSIBILIDADE. 
COABITAÇÃO COMPROVADA. DECLARAÇÕES ESCRITAS. TESTEMUNHAS. UNIÃO PÚBLICA, 
CONTÍNUA E DURADOURA. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. SENTENÇA REFORMADA. 1. Trata-
se de apelação cível interposta contra sentença que julgou improcedente o pedido de reconhecimento de união 
estável post mortem com o de cujus. 2. AConstituição Federal de 1988 prevê o reconhecimento da união estável 
como entidade familiar (art. 226). A Lei nº 9.278/96, que regulamenta o dispositivo constitucional, enuncia como 
requisitos do instituto a convivência duradoura, pública e contínua estabelecida com objetivo de constituição de 
família (art. 1º), do que advirão as repercussões financeiras (art. 5º). 3. Embora não constitua requisito obrigatório, 
a coabitação representa forte indício de união estável. No caso dos autos, a demonstração de convivência sob o 
mesmo teto, aliados aos demais elementos de convicção E declarações escrita de testemunhas (fls. 17-19), 
evidenciam o relacionamento público, contínuo e duradouro havido entreas partes a caracterizar a união estável 
pretendida 4. Apelo da autora conhecido e provido. (TJ-DF 20150310218197 DF 0021616-31.2015.8.07.0003, 
Relator: CESAR LOYOLA, Data de Julgamento: 09/08/2017, 2ª TURMA CÍVEL, Data de Publicação: Publicado 
no DJE : 17/08/2017 . Pág.: 275/284)
30
CAPÍTULO IV: REFLEXOS SOCIAIS E PATRIMONIAIS NA EQUIPARAÇÃO DO 
REGIME DE BENS E SUCESSÓRIOS DO COMPANHEIRO AO CÔNJUGE
Estudamos até este ponto que a legislação por muitas vezes equipara o cônjuge ao 
companheiro por deliberação expressa ou fazendo remissão dos direitos aplicados a este. 
Entretanto, quando ocorre o casamento, há uma solenidade, publicidade dos atos e 
efeitos erga omnes.
Aos companheiros, por serem uma relação baseada em fato social revestida de 
direitos e garantias jurídicas, por muitas vezes as disposições patrimoniais passam 
despercebidas dos olhos do poder judiciário e de terceiros, prejudicados ou não, no qual, 
passa apenas a externar o seu conhecimento através de ação judicial ou escritura 
pública.
Uma das dúvidas referentes ao reconhecimento posterior da união estável, é a de 
que, com o arbitramento da data do provável início da união, se esta teria efeitos 
retroativos na esfera patrimonial, haja vista os impedimentos de determinados atos de 
disposição que necessitam da aprovação do outro, como na compra e venda de imóveis 
comunicáveis na relação, prestação de aval ou fiança, dentre outras obrigações dadas 
aos casados.
Um dado a ser levantado em comparação dos direitos elencados no código civil é 
que, a palavra "companheiro" foi mencionada 22 vezes, enquanto "cônjuge" há 183 
menções.
Os artigos 1.723 a 1.726 do código civil, que fazem parte do título que trata da 
união estável ficou apenas nos requisitos para a sua concepção, deixando as disposições 
sucessórias, familiares e de alimentos para os demais título do referido código.
Assim, passemos a questionar a cerca da igualdade das relações aos direitos 
aplicados aos cônjuges e aos companheiros e os reflexos patrimoniais em seu 
reconhecimento posterior, entendendo a doutrina e jurisprudência por aplicação de efeitos 
retroativos as disposições patrimoniais.
31
4.1. Meação de bens do companheiro
Com a equiparação do regime de bens expressa no artigo 1.725 do código civil, 
este determinou que, nas relações patrimoniais, dever-se-ão aplicar aos dispostitivos 
referentes ao casamento pelo regime da comunhão parcial de bens. Cabe a nós aqui 
voltar um pouco ao assunto para lembrar que, após a constituição federal de 1988 
reconhecer a união estável como entidade familiar, coube a lei ordinária posterior dispor 
sobre os seus termos.
A lei 8.971/1994 não reconhecia ao companheiro o direito de meação, quando da 
eventual dissolução da união estável, sendo encarada ainda pelos tribunais, a aplicação 
da súmula 380 do STF que determinava aos concubinos a meação dos bens adquiridos 
pelo esforço comum, tratando apenas da partilha dos bens nas disposições sucessórias. 
Já a lei 9.278/1996, determinou que os bens adquiridos na constância da união, a título 
oneroso, pertenciam a ambos, em condomínio e em partes iguais, ressalvada estipulação 
em contrário através de contrato firmado entre os companheiros.
Com o advento do código civil e o artigo 1.725 determinando a aplicação das 
disposições do regime da comunhão parcial de bens dos casados aos companheiros, 
arrolados no artigo 1.66040 cessou a discussão quanto a meação de bens adquiridos por 
fato eventual, que seriam os sorteios, apostas, usucapião, dentre outros, que passaram a 
ser dos companheiros, somente com a vigência do código civil atual, em 2003, refletindo 
na esfera patrimonial dos bens adquiridos desde então.
Uma vez formada a união estável, todos os bens adquiridos por um os 
companheiros devem ser partilhados de forma igualitária, desnecessitando de prova de 
esforço comum, como era feito pelas legislações anteriores.
A maior inovação com a equiparação do regime de bens do atual código civil foi 
40 Art. 1.660. Entram na comunhão:
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou 
pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
32
quanto aos incisos II a V do artigo 1.660, determinando que entram na comunhão, além 
dos bens adquiridos por fato eventual supracitado, os bens adquiridos em herança 
doação ou legado em favor de ambos companheiros, benfeitorias em bens particulares de 
cada companheiro e os frutos dos bens comuns ou particulares que foram ou deveriam 
ser recebidos na constância da união.
Com relação aos bens móveis, estes presumem-se todos como adquiridos na 
constância da união estável, em analogia ao artigo 1.66241 do código civil.
Um exemplo prático que há muito é discutido no judiciário trata da reforma ou 
construção de outra residência em terreno do outro companheiro, que ocorre com certa 
frequência de, ao se juntarem reformarem a residência ou construir em cima para 
aumentar o espaço, haja vista a vida comum que passam a viver. Em decisão julgada em 
28/02/2018 pelo Tribunal de Justiça do estado do Rio Grande do Sul, determinou que com 
a comprovação das benfeitorias realizadas no imóvel exclusivo do outro companheiro, 
cabe a meação referente a benfeitoria.42 Apenas para fins de estudo, cabe informar que a 
lei 13.465/2017, incluiu o artigo 1.510-A, 1.510-B, 1.510-C, 1.510-D, 1.510-E, ao código 
civil reconhecendo o direito real de laje, bem como a divisão autônoma da construção. 
Legislação que, reflete aos litigos referentes as construções supramencionados no qual 
41 Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens móveis, 
quando não se provar que o foram em data anterior.
42 APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA 
DE BENS. REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL. PRESUNÇÃO DE ESFORÇO COMUM. PARTE AUTORA 
QUE EXPRESSA RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER. PRECLUSÃO. Hipótese em que a parte autora 
renunciou expressamente ao direito de recorrer, impossibilitando o conhecimento de apelação posterior. Preclusão. 
Fato extintivo do direito de recorrer. Inteligência dos artigos 999 e 1.000, do Novo Código de Processo Civil. 
Recurso da autora não conhecido. Às uniões estáveis, salvo documento escrito pelas partes, aplica-se o regime da 
comunhão parcial, pelo qual são partilhados todos os bens adquiridos na constância da união, independentemente 
da comprovação da efetiva partição de cada um dos companheiros, presumindo-se o esforço comum. Estando 
incontroverso nos autos que as partes, durante o relacionamento estável, realizaram a edificação de uma casa em 
imóvel cuja posse é exclusiva do varão (lote 08), impõe-se determinar seja a virago indenizada da metade do valor 
de avaliação da acessão. Os valores recebidos pelo réu, a titulo de herança, e reconhecidamente investidos na 
construção, constituem crédito em seu favor. A correção monetária de tal importância deve ocorrer pelo IGP-M, por 
ser o índice que melhor reflete a... desvalorização da moeda. Evidenciado que apesar de o lote nº 09 constar em 
nome de terceiro a posse pertencia aos litigantes, que a exerceram até a separação, os direitos sobre o bem devem 
ser partilhados. Não restando comprovado no caderno processual que o numerário sacado pela autora da conta 
poupança do varão, quando do término da união estável, foi utilizado em prol da filha

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