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FACULDADE UNIP CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU EM DIREITO CIVIL HUMBERTO BARBOSA DE SOUSA JUNIOR REFLEXOS SOCIAIS E PATRIMONIAIS DA EQUIPARAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL AO CASAMENTO RECIFE - PE 2018 FACULDADE UNIP CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU EM DIREITO CIVIL HUMBERTO BARBOSA DE SOUSA JUNIOR REFLEXOS SOCIAIS E PATRIMONIAIS DA EQUIPARAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL AO CASAMENTO Monografia apresentada à Faculdade UNIP, como exigência parcial para obtenção do título de Especialista em Direito Civil, sob orientação do professor ... RECIFE - PE 2018 HUMBERTO BARBOSA DE SOUSA JUNIOR REFLEXOS SOCIAIS E PATRIMONIAIS DA EQUIPARAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL AO CASAMENTO TERMO DE APROVAÇÃO Esta monografia apresentada no final do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Direito Civil, na Faculdade UNIP, foi considerada suficiente como requisito parcial para obtenção do Certificado de Conclusão. O examinado foi aprovado com a nota ________ Recife, 05 de Novembro de 2018. RESUMO Este trabalho visa o estudo da união estável e sua evolução na sociedade como fato social constituído de reflexos jurídicos na esfera patrimonial. Abordaremos a evolução histórica dos relacionamentos informais, iniciando com o concubinato e sua discriminação pela sociedade, por ser considerado imoral, passando pelo início da união estável e o seu reconhecimento como entidade familiar pela constituição federal de 1988. Abordaremos também a união homoafetiva e a decisão dos recursos extraordinários 646.721 e 878.694 pelo STF que determinaram a inconstitucionalidade do artigo 1.790 do código civil equiparando o companheiro ao cônjuge nos direitos e na ordem de vocação hereditária. Será apontado sempre que necessário sobre a informalização da união dos companheiros e como esta convivência more uxoria reflete socialmente e patrimonialmente aos companheiros. Palavras chave: UNIÃO ESTÁVEL; COMPANHEIRO; CASAMENTO; REGIME DE BENS; CONCUBINATO; DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL; ABSTRACT This work goal at the study of stable union and its evolution in society as a social fact constituted of legal repercussions in the patrimonial sphere. We will approach the historical evolution of informal relationships, beginning with concubinage and its discrimination by society, being considered immoral, passing through the beginning of the stable union and its recognition as family entity by the federal constitution of 1988. Will be study about the homoafetive union and the decision of the resources extraordinary 646.721 and 878.694, by supreme court that determined the unconstitutionality of article 1.790 of the civil code equating the companion to the spouse in the rights and the order of hereditary vocation. It will be pointed out whenever necessary on the informalization of the union of the companions and how this coexistence more uxoria reflects socially and patrimonialy to the companions. Keywords: STABLE UNION; COMPANION; MARRIAGE; MATRIMONIAL REGIME; CONCUBINAGE; DISSOLUTION OF STABLE UNION; SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1 CAPITULO I: EVOLUÇÃO HISTÓRICA E O CONCEITO ATUAL DA UNIÃO ESTÁVEL 3 1.1 A evolução constitucional da instituição do casamento civil 4 1.2 A constituição de 1988 6 1.3 A evolução social dos relacionamentos 6 1.4 A sociedade de fato 7 1.5 O concubinato 8 1.6 União homoafetiva 9 CAPÍTULO II: CONSTITUIÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL 12 2.1 Evolução e requisitos legais para a constituição da União Estável 12 2.2 Em que momento um namoro passa a configurar uma união estável? 16 2.2.1 Convivência Pública 16 2.2.2 Relacionamento Contínuo 17 2.2.3 Duradouro 17 2.2.4 Objetivo de constituir família 18 2.3 Como datar o início da união estável? 18 CAPÍTULO III: O RECONHECIMENTO E A DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL 20 3.1 O reconhecimento e dissolução consensual como um negócio jurídico processual 21 3.2 Requisitos e provas para o reconhecimento legal 23 3.3 Regime de bens e meação 24 3.4 Conversão em casamento facilitada pela Constituição Federal de 1988 25 3.5 Ação de reconhecimento e dissolução 26 3.5.1 Reconhecimento e dissolução voluntária 26 3.5.2 Reconhecimento e dissolução litigiosa 27 3.6 Dissolução por óbito 28 3.7 Reconhecimento e dissolução de união estável post mortem 29 CAPÍTULO IV: REFLEXOS SOCIAIS E PATRIMONIAIS NA EQUIPARAÇÃO DO REGIME DE BENS E SUCESSÓRIOS DO COMPANHEIRO AO CÔNJUGE 30 4.1. Meação de bens do companheiro 31 4.2. Dever de alimentos ao companheiro hipossuficiente 33 4.3. Sucessão entre os companheiros 35 4.4 Efeitos da equiparação da união estável ao casamento perante terceiros 36 4.5 Reflexos patrimoniais do concubinato 38 4.6 Discriminações expressas do companheiro no código civil 39 CAPÍTULO V: CONCLUSÃO 42 BIBLIOGRAFIA 44 Legislação consultada 46 1 INTRODUÇÃO Este trabalho objetifica um estudo indutivo a cerca da evolução das relações pessoais entre casais que se unem e passam a conviver como se casado fossem ao longo do tempo em nossa sociedade e como a legislação foi evoluindo para aplicar efeitos jurídicos a estes relacionamentos, utilizando como metodologia para reunir as informações demonstradas neste estud uma pesquisa bibliográfica de diversos autores e a evolução legislativa brasileira sobre o tema. Estudaremos os conceitos de família abordado nas constituições brasileiras, comparando-as com os relacionamentos e a evolução das decisões jurídicas que pouco a pouco, foram expandindo do conceito da sociedade de fato e concumbinato até o estabelecimento da união estável e seu reconhecimento como entidade familiar pela constituição federal de 1988. A equiparação do regime de bens pela comunhão parcial do casamento. A união estável é considerada como um fato jurídico, ou seja, um fato social com consequências e efeitos jurídicos. Abordaremos através de análise de casos hipotéticos, o momento exato em que um relacionamento, torna-se-ia união estável, seus efeitos imediatos, regressos e posteriores. Considerando ainda, se há possibilidade de anulação em determinados atos em que, caso casados fossem, estariam viciados por sua natureza proibitiva, como a outorga uxoria. Com a constituição dos elementos da união estável, para que esta possa passar a ter efeitos erga omnes, faz-se necessário o seu reconhecimento através de escritura pública ou sentença judicial com averbação em cartório. Sendo assim, consideraremos ao longo do estudo, sob a ótica da teoria do fato jurídico de Pontes de Miranda1, a união estável como uma situação válida, existente e de eficácia suspensiva em face de terceiros até a sua solenidade formal. Veremos de início, uma abordagem histórica dos conceitos constitucionais de família e as relações informais, passando desde as ordenações filipinas, as constituições brasileiras e as legislações civis no ordenamento pátrio até chegar ao conceito atual 1 PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado. Rio de Janeiro: Borsói, 1958. 2 previsto no Art. 1.723 do código civil de 2002. Em seguida, faremos um estudo dos momentos em que um simples namoro passa a ser considerado união estável e o seu regime de bens, direitos e deveres dos companheiros. Passado o estudo a cerca da união estável e sua constituição, veremos as consequências da a sua dissolução, que pode ser por separação ou óbito de um dos companheiros, com a consequente partilha de bens, sucessão, dever de alimentos, filiação, etc. Chegando aos seus reflexos patrimoniais e sucessórios. Desta forma, pretendemos organizar os temas abordados de forma a facilitar os juristas que porventura venham a ter acesso a esta obra durante seus estudos sob a ótica recente do direito de família, traçaremos uma linha histórica comparando as instituições do casamento com a uniãoestável e concubinato, concluindo com uma discussão se há, ou não, uma proteção legal aos patrimônios destas relações. 3 CAPITULO I: EVOLUÇÃO HISTÓRICA E O CONCEITO ATUAL DA UNIÃO ESTÁVEL Para entender a sistemática adotada por nossa abordagem ao estudo em comento, faz-se necessário o entendimento da evolução histórica dos conceitos empregados as relações pessoais informais e as suas consequências no ordenamento jurídico brasileiro. As uniões desprovidas de quaisquer formalidades entre homem e a mulher e as de pessoas do mesmo sexo, existem há muito tempo em nossa sociedade. Atualmente observa-se que tais relacionamentos aumentaram como sendo uma forma de opção de vida a dois. A família, para Tomás de Aquino, era “um grupo de pessoas que se entreajudam diariamente unidas às necessidades correntes da vida, comendo à mesma mesa e aquecendo-se à mesma lareira".2 Apenas com a observação do comportamento dos companheiros que conviviam como se casados fossem e com os estudos realizados pelos juristas ou pelas demandas das pelas pessoas que se sentiam lesadas ao fim de uma convivência duradora, geradora de aquestos, foi que provocou ao legislador, um dever de regulamentar tais relacionamentos. Os relacionamentos que atualmente são classificados como união estável, evoluíram longe do alcance dos dispositivos legais, crescendo a margem da lei, acompanhando a modernização das relações humanas. Aristóteles em sua obra Ética a nicômaco3, já dizia que a lei é um regramento geral, não podendo englobar todas as situações fáticas da realidade, estando esta, em constante mutação. A crítica de Aristóteles, refere-se a evolução da lei, que, ao invés de prever determinado comportamento, passa a regulá-lo após a sua introdução aos costumes da sociedade, que, constantemente evolui e nem sempre o legislador é capaz de acompanhar seus passos. É possivel observar a demora nesta evolução, quando os primeiros casos julgados no Supremo Tribunal Federal referente as relações informais, remetem aos anos 1940. 2 JOLIVET, Régis. Tratado de Filosofia. Vol. 4. Agir. Rio de Janeiro: 1966. p. 370 3 ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 4ª Ed. São Paulo: EDIPRO, 2014. 4 Antes de ser promulgado o código civil brasileiro de 1916, a base do ordenamento jurídico no país era constituído pelas ordenações filipinas, no qual os dispositivos tiveram vigência desde 1603 do rei Filipe II da Espanha até a entrada em vigor do código de Clóvis Bevilaqua. Nas ordenações, o casamento era tratado no livro dos bens, reconhecendo apenas como casados aqueles que fossem celebrados pela Igreja, onde, havendo a copula carnal tornar-se-iam meeiros de seus bens. Podemos desta forma, reconhecer o primeiro dispositivo legal aplicável no Brasil que tratava de meação de bens entre companheiros que conviviam como se casados fossem ao ler o Titulo XLVI do Livro IV, 2 das ordenações filipinas, que reconhecia como meeiros, aqueles que já conviviam a tanto tempo como marido e mulher, que o próprio direito presumia o matrimônio.4 A primeira constituição do Brasil, a do império, de 1924, estabelecia a religião católica apostólica romana como a religião oficial do Império Brasileiro, desta forma, considerava como única forma de família a formada pelo casamento religioso de forma indissolúvel. 1.1 A evolução constitucional da instituição do casamento civil O casamento civil foi criado após a república, antes da constituição de 1891 através do decreto 181 de janeiro de 18905, apesar do Estado ainda estar formalmente diretamente ligado a Igreja, ainda não tinha sido feita a separação formal, que apenas ocorreu com promulgação da constituição republicana de 1891. A constitucionalização da instituição do casamento iniciou com a constitução da República Federativa dos Estados Unidos do Brasil, datada de 1891 e teve sua inovação em ser a primeira constituição a separar o Estado das entidades religiosas. Determinando como o único reconhecimento da instituição da família pela república, através do casamento civil.6 O Código civil de 1916 permaneceu com o entendimento de que o 4 2 - outrosi serão meeiros, provando que stiveram em casa teúda e manteúda, ou em casa de seu pai, ou em outra, em pública voz e fama de marido e mulher per tanto tempo, que segundo Direito baste para se presumir Matrimônio antre elles, posto que se não provem as palavras do presente. 5 Art. 1º As pessoas, que pretenderem casar-se, devem habilitar-se perante o official do registro civil, exhibindo os seguintes documentos em fórma, que lhes deem fé publica: 6 Art 72 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos 5 casamento era a única forma de constituição de família legítima, considerando as demais formas de convivência ilegítimas, concubinárias. A constituição de 1934, por sua vez, dedicou o título V, capítulo I a família, trazendo dentre os artigos 1447 a 147, disposições sobre filiação e casamento. Homologando o casamento como a união indissolúvel e sob proteção especial do Estado. Regulando a possibilidade de casamento por qualquer confissão religiosa e posterior homologação da autoridade civil, retomando um laço indireto com a igreja. Já a constituição de 1937, a segunda da era Getúlio Vargas, apresentou apenas um artigo tratando o casamento como indissolúvel e sob proteção especial do Estado. 8 Sendo a regulamentação da homologação do casamento religioso, dentre outras disposições, fazendo remissão para aplicação das demais proteções legais através do código civil em vigor, de 1916. Na carta maior de 1946, a última adotando o nome de Estados Unidos do Brasil, encontramos novamente a constitucionalização do casamento religioso com posterior homologação ou registro público pela autoridade civil, não trazendo inovações quando observamos os dispositivos das constituições anteriores,9 sendo basicamente repetido o mesmo texto na constituição de 1969. Observação importante a se fazer é de que, as constituições anteriores a atual, traziam consigo a constituição da família unicamente através do casamento, não tendo alusões as outras formas de família como apresentadas pela constitução de 1988, como a família monoparental ou a união estável. Nota-se também que as constituições anteriores a de 1988, traziam redações mais diretas e enxutas, sendo a nossa constituição atual concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: § 4º - A República só reconhece o casamento civil, cuja celebração será gratuita. 7 Art 144 - A família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob a proteção especial do Estado. 8 Art 124 - A família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob a proteção especial do Estado. Às famílias numerosas serão atribuídas compensações na proporção dos seus encargos. 9 Art 163 - A família é constituída pelo casamento de vínculo indissolúvel e terá direito à proteção especial do Estado. § 1º - O casamento será civil, e gratuita a sua celebração. O casamento religioso equivalerá ao civil se, observados os impedimentos e as prescrições da lei, assim o requerer o celebrante ou qualquer interessado, contanto que seja o ato inscrito no Registro Público. § 2º - O casamento religioso, celebrado sem as formalidades deste artigo, terá efeitos civis, se, a requerimento do casal, for inscrito no Registro Público, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente. 6 criticada por ser bem extensiva, genérica e normativa, tratando de temas ignorados ou considerados desnecessários, pelos constituintes anteriores. 1.2 A constituição de 1988 No interim entre a constituição de 1967 e a nossa atual constituição da República Federativa do Brasil, promulgadaem 05 de outubro de 1988, houve uma imensa evolução no instituto do casamento e do direito de família, como a lei 6.515 de 26 de dezembro de 1977, chamada de lei do divórcio, que encerrava de vez a indissolubilidade do casamento, criando os institutos da separação judicial e do divórcio. Assim, quando da promulgação da constituição de 1988, já tinhamos uma legislação civil bem avançada, no que tange as instituições do direito de família, trazendo em seu texto original o casamento civil, casamento religioso, pela primeira vez uma referência constitucional a união estável entre o homem e a mulher, a família monoparental, a separação judicial, separação de fato, o divórcio e igualdade de direitos. Sendo posteriormente alterada pela emenda constitucional 66/2010, retirando a separação de fato e a separação judicial do texto constitucional, reconhecendo, de forma direta que o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.10 1.3 A evolução social dos relacionamentos Os relacionamentos entre homens e mulheres sem que houvesse o casamento religioso formal era objeto de crítica e discriminação nos séculos passados, pois contrariavam a instituição do casamento para a composição da família, que, para os constituintes passados, apenas se iniciava com a celebração do casamento, sendo negados quaisquer direitos aos companheiros que cabia aos casados. Estas relações informais surgiram pela afetividade, mútuo consenso e vontade de constituir família, sem a necessidade da celebração da solenidade do casamento. O Direito Romano via essa união como relação inferior ao casamento, de segunda categoria. Já o direito francês, sob influência do direito canônico, ignorava este tipo de 10 Art. 226, § 6º da Constituição Federal de 1988. 7 relacionamento. No direito canônico, esta união era acolhida, ainda que de forma tímida.11 O estabelecimento da comunhão conjugal entre duas pessoas, não necessita de normas legais estabelecidas para existir, sendo esta uma situação aparada em requisitos fáticos e volitivos da relação, bastando apenas que haja o interesse por parte dos conviventes em se unirem e construírem uma vida juntos. Assim, não cabia ao legislador interferir diretamente na vida de um casal constituído de uma relação informal. Apenas com a promulgação da carta magna de 1988, foi que se reconheceu como entidade famíliar protegida pelo Estado nos termos da lei, ipsis litteris "reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento."12 1.4 A sociedade de fato No início das relações informais dos que viviam como se casados fossem ou que havia algum impedimento legal ao matrimônio conviviam sob reprovação moral da sociedade, predominantemente ligada aos dogmas da Igreja que via a instituição da família apenas com a celebração do casamento solene. Entretanto, com a convivência em uma sociedade conjugal, no qual ambos construíam patrimônio comum, acontecia de, quando do término do relacionamento, uma das partes ficar desamparada, visto que ambos contribuíram monetariamente para a constituição dos aquestos. Por muito tempo, a vivência entre o casal informal fora reconhecida pela jurisprudência como uma sociedade de fato, de forma genérica, que poderia ser entre homem e mulher, irmãos que moram juntos, amigos, uma república estudantil, etc. O reconhecimento da sociedade de fato se dava por analogia ao Art. 1.363 do código civil de 191613, sendo esta, a comunhão de pessoas que mutualmente se 11 MASNIK, Lilian. União estável. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, VI, n. 15, nov 2003. Disponível em: < http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4312>.Acesso em 10/2018 12 Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 13 Art. 1.363. Celebram contrato de sociedade as pessoas, que mutualmente se obrigam a combinar seus esforços ou 8 obrigavam a combinar esforços ou recursos para fins comuns. Apenas com a edição da súmula 380 do STF14, publicada em 12/05/1964 que ficou conhecida a formação de uma sociedade de fato pelos concubinos, cabendo, com a sua dissolução, partilha de patrimônio comprovadamente adquirido com esforço comum. Desta forma, a única comunicação de bens que havia entre os concubinos, se dava pelos bens que fossem comprovadamente adquiridos com esforço comum, o que era sempre prejudicial a uma das partes, principalmente as mulheres, considerando que as legislações anteriores consideravam o homem como o chefe da sociedade conjugal e a mulher inferior, como civilmente incapaz. 1.5 O concubinato Aos olhos do legislador novecentista, a união informal entre o homem e a mulher, que poderiam ser impedidos de casar, ou não, e que passavam a conviver como se marido e mulher fossem, sem a solenidade do casamento, denominava-se concubinato. Considerando uma existencia similar ao casamento, entretanto, sem a sua proteção legal e patrimonial pelo Estado. O termo concubinato, foi estabelecido no direito romano como contuberniun, que era utilizado para caracterizar a união entre o homem e a mulher, no qual, sem constituirem casamento, viviam como se casado fossem. Na antiguidade havia uma classificação entre o concubinato puro e concubinato impuro, sendo este quando a união é entre pessoas com impedimento para o casamento e aquele quando é livre de impedimento. Há ainda, uma distinção entre o concubino e o companheiro, como dito nas palavras de Irineu Pedrotti: “A distinção basicamente reside no seguinte: concubina é a amante, mantida clandestinamente pelo homem casado, o qual continua freqüentando a família formalmente constituída. Companheira, é a parceira com quem o homem casado entabula uma relação estável, depois de consolidadamente recursos, para lograr fins comuns. 14 SÚMULA 380: Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum. 9 separado de fato da esposa. A definição é a mesma com os pólos sexuais invertidos”.15 No código civil de 1916, havia certa discriminação com os concubinos, determinando que a mulher casada poderia reinvindicar os bens doados à concubina 16 e a vedação de ser nomeada como herdeira ou legatária, a concubina do testador casado.17 O que podemos chamar de um início à proteção do concubino em um relacionamento informal, com a edição da já comentada súmula 380 e posteriormente a súmula 35 do STF18, publicada em 13/12/1963, que determina o direito de indenização à concubina pela morte do companheiro, se não houver existência de impedimento para o matrimônio, ou seja, desde que, vivessem em comcubinato puro. A relação concubinatária foi representada de forma expressa pelo legislador do código civil atual no artigo 1.727, conceituando como relações entre homem e mulher impedidos de casar.19 Devemos lembrar que o código civil, apesar de ter entrado em vigor em 10 de Janeiro de 2003, sua elaboração remonta a década de 1970, período de relações conservadoras na história do Brasil. 1.6 União homoafetiva A união de pessoas do mesmo sexo sempre existiu a margem da lei, havendo diversos movimentos sociais que lutam diariamente para que possa ser aplicado, de forma igual, os interesses dos casais homoafetivos aos dos casais homem e mulher. Interesses estes, que ganharam força no início do século XXI e passou a ser equiparado em diversos estados estrangeiros. No Brasil,a constituição de 1988 traz em seu texto o argumento integral de que é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher, bem como que os direitos da sociedade conjugal, serão exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. Observando 15 PEDROTTI, Irineu Antonio. Concubinato – união estável. Leud. São Paulo. 1994. p.42-43 16 Art. 248. A mulher casada pode livremente: IV - Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo marido à concubina 17 Art. 1.719. Não podem também se nomeados herdeiros, nem legatários: III. A concubina do testador casado. 18 Súmula 35: Em caso de acidente do trabalho ou de transporte, a concubina tem direito de ser indenizada pela morte do amásio, se entre êles não havia impedimento para o matrimônio. 19 Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. 10 apenas o texto normativo, chegaríamos a conclusão de que para a carta magna, não existe família entre pessoas do mesmo sexo. Entretanto, não seria razoável que os legisladores pós constituinte ignore tal fenômeno, vez que a união homoafetiva é um fato que necessita de regulamentação legal, para não corrermos o risco de voltarmos a interpretação da sociedade de fato. Em 05/05/2011 o STF20, através do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) 4277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, reconheceu a união estável para casais do mesmo sexo, sendo a união homoafetiva entidade familiar, devendo ser aplicada as mesmas regras da união estável ao casal homem e mulher. Determinou ainda, de forma vinculante que o não reconhecimento, contrariaria os preceitos fundamentais da dignidade da pessoa humana, liberdade e igualdade. Desta forma, podemos dizer que o §3º do Artigo 22621 da constituição, passa pelo fenômeno da mutação constitucional, quando a norma, ainda em pleno vigor, sofre de uma mutação em sua interpretação, sem que necessite de alteração do texto literal através de uma emenda, sendo esta alteração apenas no caráter interpretativo. Assim, o texto passou a ser interpretado através do cenário modernamente instituído e reconhecido pelos aplicadores do direito, como de caráter constitucional e com proteção do direito de família, a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Posteriormente, houve ainda, o direito ao casamento das pessoas de mesmo sexo, através da resolução do Conselho Nacional de Justiça de nº 175 de 14 de maio de 2013, que vedou aos cartorários que recusassem a habilitação para o casamento entre os casais homoafetivos, bem como a conversão de prévia união estável em casamento. 22 Fazendo com que a vedação de recusa, tornasse um reconhecimento do direito de casamento dos homossexuais. Assim, expostos os relacionamentos informais da sociedade e a sua evolução até 20 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=178931 acesso 03/11/2018 21 Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 22 Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo. http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=178931 11 chegarmos a uma regulamentação legal destes, passemos as formas de regulamentação criadas pelo legislador para a constituição e dissolução das relações informais. 12 CAPÍTULO II: CONSTITUIÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL Acompanhando a revolução social e cultural do final do século XX, com diversos movimentos liberais que dominaram parte da cultura ocidental nas décadas de 60 em diante e com a abertura política após um regime ditatorial e a carta magna de 1988, esta recebeu por Ullisses Guimarães, o rótulo de "Constituição Cidadã" por promulgar diversas pautas sociais em seu texto normativo. Antes da constituição de 1988, a união entre duas pessoas que viviam como se casados fossem, com fins de constituir família era encarado como uma sociedade factual ou concubinato e tratado no campo do direito das obrigações pelo código civil de 1916. Com a constituição de 1988, reconhecida a união estável como entidade familiar, esta passou a ser tratada no campo do direito de família, determinando que a lei facilitasse sua conversão em casamento. Sendo o texto constitucional recheado de normativas pragmáticas, fez-se necessária a edição posterior de legislação que regulamentassem diversas de suas orientações, dentre elas, das instituições de família previstos no Art. 226. A união estável é independente de qualquer presunção jurídica, bastando apenas que duas pessoas passem a se relacionar e conviverem publicamente, de forma contínua e duradoura, objetificando constituir família, preenchendo os requisitos legais, para que fique caracterizados os direitos por ela protegida, independentemente de qualquer solenidade. 2.1 Evolução e requisitos legais para a constituição da União Estável A lei 8.971/1994, de forma sucinta, regularizava os direitos dos companheiros referente ao dever de alimentos e sucessão. Fazendo com que a união estável fosse devidamente regulamentada e adentrasse ao ordenamento jurídico. De acordo com esta lei, para que fosse reconhecida a união estável, era necessário que a companheira amancebasse com homem solteiro, separado judicialmente, divorciado ou viuvo, convivendo com ele há mais de 5 anos ou tendo prole, sendo protegida pela lei de 13 alimentos desde que prove a necessidade e não constitua nova união. Sendo igual o direito ao companheiro com a mulher solteira, separada judicialmente, divorciada ou viúva.23 Ainda que de forma simplificada, a lei 8.971/1994, inovou ao equiparar o status da união estável aos direitos dados as pessoas casadas, igualando alguns dos direitos aos companheiros anteriormente apenas aplicados aos cônjuges. Posteriormente, foi promulgada a lei 9.278/1996, na qual previa que os bens adquiridos na convivência do casal fossem colocados à meação com a sua eventual dissolução ou sucessão, colocando apenas como requisito que seja adquirido de forma onerosa por um ou ambos os conviventes. Pela primeira vez, direitos e deveres inerentes aos companheiros foram regulamentados pelo legislador. Ainda, o texto legal mudou para um conceito mais genérico os requisitos para a constituição da união estável, sendo estes agora a convivência duradoura, pública e contínua, de homem e mulher, com o objetivo de constituir família24. Sem a necessidade de prazo mínimo ou trazendo de forma expressa os impedimentos legais para a constituição da união estável. Entretanto, a lei de 1996 não revogou de forma expressa a lei anterior de 1994, assim como o código civil atual, de 2002 não revogou expressamente os dispositivos anteriores, apenas os conflitantes, tendo que haver certa modulação por parte do julgador ao aplicar ao caso concreto, haja vista o prazo curto entre a edição destas leis, o que pode ter causado certa confusão na época. A luz desta, podemos observar o acórdão no Resp 1752883/GO25 que questionava se os bens adquiridos sem comprovação de esforço 23 Art. 1º A companheira comprovada de um homem solteiro, separado judicialmente, divorciado ou viúvo, que com ele viva há mais de cinco anos, ou dele tenha prole, poderá valer-se do disposto na Lei nº 5.478, de 25 de julho de 1968, enquanto não constituir nova união e desde que prove a necessidade. Parágrafo único. Igual direito e nas mesmas condições é reconhecido ao companheiro de mulher solteira, separada judicialmente,divorciada ou viúva. 24 Art. 1º É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família. 25 RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. SOCIEDADE DE FATO. SÚMULA Nº 380/STF. INCIDÊNCIA. AQUISIÇÃO PATRIMONIAL. ESFORÇO COMUM. PROVA. IMPRESCINDIBILIDADE. UNIÃO ESTÁVEL. LEI Nº 9.278/1996. IRRETROATIVIDADE. SÚMULA Nº 568/STJ. ARTS. 2º E 6º DA LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. ÔNUS DA PROVA. SÚMULA Nº 7/STJ. 1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Cinge-se a controvérsia a avaliar se os bens amealhados em período anterior à vigência da Lei nº 9.278/1996 devem ser divididos proporcionalmente, sem a demonstração da efetiva participação, direta ou indireta, de cada companheiro para a construção do patrimônio. 3. A presunção legal de esforço comum na aquisição patrimonial na união estável foi introduzida pela Lei nº 9.278/1996. 4. Na hipótese, incide o regime concernente às sociedades de fato em virtude do ordenamento jurídico em vigor no momento da 14 comum, antes de entrar em vigor a lei 9.278/1996 deveriam ser divididos proporcionalmente. Com a entrada em vigor do atual código civil em 10 de Janeiro de 2003, a união estável passou a ser regularizada pelos artigos 1.72326 a 1.727, sendo reconhecida como entidade familiar configurada na convivência pública, contínua e duradoura com o objetivo de constituir família. Note que o texto reproduziu o texto constitucional ao reconhecer a união somente entre o homem e a mulher. Dentre as novidades, pela primeira vez foi expresso que os mesmos impedimentos aplicados ao casamento, devendo ser aplicados ao reconhecimento da união estável, com exceção da união de pessoas casadas, desde que separados de fato ou judicialmente, determinando que aqueles impedidos de casar, sejam reconhecidos como concubinato. Também retirou a expressão de que apenas os bens adquiridos a título oneroso entrariam para a meação, conforme previsto no art. 5º da lei 9.278/1996, qualificando que, na relação entre os companheiros, deve-se aplicar os dispositivos da comunhão parcial de bens. Para melhor entendimento evolução legislativa, exporemos as principais diferenças no quadro abaixo: QUADRO COMPARATIVO PARA CONSTITUIÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL Legislação Lei 8.971/1994 Lei 9.278/1996 Lei 10.406/2002 Tempo mínimo Mais de 5 anos ou se houver prole. Convivência duradouda (sem tempo mínimo) Convivência duradouda (sem tempo mínimo) Impedimentos Somente se Solteiro, separado judicialmente ou viuvo Sem impedimento expresso Impedimentos do casamento do Art. 1.521, exceto se casados e separados judicialmente ou de fato. respectiva aquisição (Súmula nº 380/STF). 5. O ordenamento jurídico pátrio, ressalvadas raras exceções, não admite a retroatividade das normas para alcançar ou modificar situações jurídicas já consolidadas. Portanto, em regra, a alteração de regime de bens tem eficácia ex nunc. 6. Rever as circunstâncias fáticas revolvidas na origem quanto à prova do esforço comum de ex-companheira do autor da herança na aquisição de bens antes da vigência do referido diploma encontra óbice na Súmula nº 7/STJ. 7. Recurso especial não provido. (STJ - REsp: 1752883 GO 2014/0323870-2, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Data de Julgamento: 25/09/2018, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/10/2018) 26 Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 15 Direitos e Deveres dos companheiros Sem menção expressa Respeito e consideração mútuos; assistência moral e material recíproca; guarda, sustento e educação dos filhos comuns. lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos. Alimentos Enquanto não constituir nova união e desde que prove a necessidade assistência material prestada por um dos conviventes ao que dela necessitar, a título de alimentos O Art. 1.694 prevê a possibilidade dos companheiros pleitearem o dever de alimentos Sucessão Art. 2º I - o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito enquanto não constituir nova união, ao usufruto de quarta parte dos bens do de cujos, se houver filhos ou comuns; II - o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito, enquanto não constituir nova união, ao usufruto da metade dos bens do de cujos, se não houver filhos, embora sobrevivam ascendentes; III - na falta de descendentes e de ascendentes, o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito à totalidade da herança. Se o bem resultar de colaboração do companheiro, o sobrevivente tem direito a metade. Direito Real de habitação no imóvel destinado a residência da família após o óbito do companheiro, enquanto não constituir casamento ou nova união estável O art. 1.790 diferenciava o regime da união estável trazendo regra excepcional aplicada aos companheiros, entretanto, o STF nos Rext nº 646.721 e nº 878.694, com repercussão geral, decidiu pela inconstitucionalidade do artigo, equiparando o companheiro as disposições do cônjuge, em conformidade com o regime jurídico da comunhão de bens.27 27 “É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do CC/2002 16 Meação Sem menção expressa Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou ambos, na constância da união estável, e a título oneroso pertence a ambos. Os bens referentes as disposições da comunhão parcial de bens dos arts 1.658 a 1.662. Quanto ao impedimento para constituição da união estável entre pessoas casadas, o Art. 226 da Constituição Federal, alterado com a emenda constitucional 66/2010, determina que a separação pode ser realizada pelo divórcio direto. Mas antes deste instituto, fazia-se necessária que fosse promovida a separação judicial, para tão somente, após decorrido determinado prazo, fosse feita a conversão da separação em divórcio, o que fazia com que muitos relacionamentos fossem considerados concubinatários, em razão do impedimento legal e ausência de separação judicial. 2.2 Em que momento um namoro passa a configurar uma união estável? Os requisitos apresentados pela lei Lei 9.278/1996 e pelo código civil, não traz uma data exata para a concepção dos efeitos da união estável, deixando de forma genérica o termo "convivência pública e duradoura". É pacífico o entendimento de que a convivência não precisa ser necessariamente na mesma residência, podendo ocorrer união estãvel entre companheiros que residem e casas diferentes. Não havendo uma delimitação objetiva dos critérios a serem seguidos, devendo em cada um dos casos, ser analisado as suas peculiariedades. Assim, o código civil prevê como requisitos para a união estável a convivência pública, contínua, duradoura e estabelecida com o objetivo de constituir família. Observe que, dentre estes requisitos, apenas o objetivo de constituir família é diretamente subjetivo, pois os demais podem ser configurados através de análise externa dos hábitos dos companheiros. Tratemos de forma rápida o que se entende por cada requisito necessário a configuração da união estável. 2.2.1 Convivência Pública A convivência pública pode ser conceituada pela notoriedade da união, podendo 17 ser considerada como preenchida como quando os companheiros se apresentam perante a sociedade como se casadofossem. Nos dias atuais, com o advento da internet e as redes sociais, tornou este requisito mais fácil de ser observado, como por exemplo, um casal na rede facebook assumem o status de "relacionamento sério", ou, posteriormente "casados", ainda que não tenham constituído casamento de forma solene. Não há a necessidade de convivencia sob o mesmo teto. Sabemos que uma vida a dois, pode ser sólida e duradoura sem que necessariamente convivam juntos. Há casamentos em que os cônjuges vivem em residências separadas, seja por motivo de saúde, trabalho, ou outro que lhes venham a ser convenientes. 2.2.2 Relacionamento Contínuo Em se tratando do conceito de relacionamento contínuo, devemos considerar que a união observada é uma relação não eventual e nem passageira, como ocorre com as "ficadas" eventuais. Podemos traduzir a continuidade como uma estabilidade do relacionamento, uma fidelidade entre o casal que passam a não sair com outras pessoas . Assim, um relacionamento que adquire uma estabilidade e continuidade necessita de um lapso temporal para tanto, constituindo, por consequência, a ser duradouro. 2.2.3 Duradouro A lei não exige diretamente um prazo mínimo para caracterizar a união estável, como ocorria anteriormente. Desta forma, pode ocorrer de um casal estar juntos há anos e não constituir a união ou ter se juntado há meses e caracterizar um relacionamento duradouro. Para ser considerada a união, faz-se necessária, após a externalização e estabilidade do relacionamento, a aparência de como se casados fossem. A principal questão para definir o conceito do relacionamento duradouro, está em elementos subjetivos, pois com o advendo da lei 9.278/1996 e posteriormente o Código Civil, estas deixaram de prever um tempo mínimo necessário, como se fazia na lei 8.971/1994, que exigia a convivência mínima de 5 anos, salvo se houvesse prole. Deve então ser considerado pelos conviventes e pelo julgador, caso venha a ser pedido reconhecimento legal em ação de reconhecimento de união estável, a observação do 18 animus no interim da convivência. Assim, independentemente do tempo da união, esta pode ser caracterizada através do preenchimento dos demais requisitos. 2.2.4 Objetivo de constituir família Por fim, o código civil apresenta como último critério para caracterização da união estável, o objetivo de constituir família, sendo essencial que haja uma observação do animus dos companheiros. A constituição de família, não quer dizer diretamente em geração de prole, haja vista os diversos tipos de família previstos na constituição federal, dentre eles, a própria união estável. Desta forma, paradoxalmente, o objetivo de constituição da união estável implica de forma indireta ao objetivo de constituir família, requisito essencial da união estável. Assim, o objetivo de constituir família está na ordem dos requisitos legais do Art. 1.723 do código civil por último, por ser requisitos exclusivamente caracterizado de forma subjetiva através do animus, enquanto os demais, podem ser observados por um expectador externo de forma objetiva, através de provas constituídas. Sem o objetivo de constituir família, o relacionamento, ainda que preenchido todos os requisitos anteriores, pode ser caracterizado apenas como um namoro de longa data ou uma sociedade de fato com relação aos bens adquiridos em esforço comum. Preenchidos os requisitos da união estável, esta sendo esta um fato social com consequências jurídicas, passa a ser aplicadas aos companheiros diversas normas de proteção ao instituto da família que podem ser evocado por quaisquer deles, como os direitos de alimentos, direito real de habitação, administração de patrimônio comum, dever de cuidado, lealdade e assistência. 2.3 Como datar o início da união estável? Para fins de meação, em caso de posterior pedido de reconhecimento e dissolução de união estável, deve o juízo observar a partir de que momento pode-se caracterizar que iniciou a união estável, inserindo na meação, os bens adquiridos posteriormente a sua efetivação. Sendo os requisitos de relacionamento público, contínuo e duradouro, vamos focar situações hipotéticas e atitudes que poderiam ser considerados o objetivo de 19 constituir família. Um dos elementos que poderiam ser observados como caracterizador do início do objetivo de constituir família para união estável é o da habitação comum, quando o casal decide morar sob o mesmo teto, seja alugando ou comprando um imóvel, ainda que apenas um desses contribua financeiramente. Apesar da moradia em comum não ser requisito essencial para a constituição da união estável, pode este fato, caso ocorra, tornar-se termo inicial da união, o que seria a "data do casamento". Outro ponto que pode ser observado seria na adoção de um animal de estimação para criação comum por ambos, tendo em vista a responsabilidade comum com o ser vivo adotado. Destaque-se que não há qualquer requisito formal para a caracterização da união estável, ou seja, não se faz necessária a celebração de um instrumento particular de união estável, tampouco uma escritura pública. Por óbvio, uma escritura pública datada facilita o seu reconhecimento, uma vez que por si só constitui prova suficiente. Assim, caso um dos companheiros pretenda o reconhecimento da união estável, para fins de meação, alimentos, sucessão ou outros direitos que a lei garante, ficará a critério do julgador observar os fatos e as provas constituídas ára datar a partir de que ponto pode se considerar constituída a união estável. Observamos em diversos julgados que as provas comumentes apresentadas em juízo é a da dependência em planos de saúde, seguros de vida, escritos (cartas, emails, mensagens) ou testemunhas. Com o preenchimento de todos os requisitos da união estável, aplicam-se as disposições patrimoniais concernentes, no que couber ao regime da comunhão parcial de bens co casamento. Assim, poderiamos dizer que o Estado fez da união estável, uma espécie de casamento compulsório. Quando houver uma dissolução dos companheiros de forma mútua ou por morte, caso tenham constituídos bens para a meação ou caso um dos companheiros pretenda perceber alimentos ou pensão por morte, faz-se necessária a interposição de ação de reconhecimento e dissolução de união estável perante o juízo de família. 20 CAPÍTULO III: O RECONHECIMENTO E A DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL Para que seja aplicado todos os efeitos jurídicos que protegem a união estável de forma erga omnes, faz-se necessária a sua homologação de forma pública, seja por escritura pública ou através de ação judicial, tendo em vista que a união em si é um fato social com consequências jurídicas. Um casal que conviveu por anos juntos, e que desconhecem a legislação, poderia terminar o relacionamento e não tratar de meação, alimentos, guarda ou sucessão, por acreditarem que aquela relação, por não ter uma oficialização perante o estado, não lhe seria aplicado quaisquer efeitos jurídicos, como é sabido com o casamento, resolvendo entre si, direitos que o estado tutela através da proteção a família. É o que ocorre com a maioria dos brasileiros que convivem informalmente. O Estado brasileiro, é forte, presente e pesado aos contribuintes, de forma que há uma tributação pesada em diversos atos da vida cotidiana, como a compra e venda de um veículo, de um imóvel, o casamento em si, uma escritura pública para reconhecimento de união estável. Esta tributação, somando-se com a burocracia e as idas e vindas aos cartórios, faz com que diversos fatos ocorridos socialmente, passem longe dos registros oficiais do Estado. Um casal que já convive juntos a anos, apenas para "homologar" aquela convivência, precisa efetuar o pagamento de taxas e enfrentar a burocraciacartórária que muitas vezes incentivam a viverem na informalidade. Desta forma, quando ocorrendo um término de relacionamento no campo factual do casal, por muitas vezes inicia uma discussão entre os ex companheiros a cerca da divisão dos bens adquiridos em conjunto, questionamentos sobre quem cuidará dos filhos gerados, pensão ou ajuda de custo, cuidados com o animal de estimação adotado pelo casal, dentre outras discussões praticamente impossíveis de se chegar a um consenso, nos casos em que há uma separação turbulenta. Assim, o que antes era visto como uma divisão dos aquestos, dentre os outros direitos dos companheiros previstos nas leis 8.971/1994, 9.278/1996 e 10.406/2002, tornou-se, com a equiparação do regime de bens do artigo 1.725 do código civil, a 21 dissolução da união estável em ação similar ao divórcio judicial. O código de processo civil de 1973 não trazia menção expressa as ações de reconhecimento e dissolução da união estável, seguindo as separações com o seguimento do rito da ação de divórcio, com a necessidade de comprovação da união estável através de provas constituídas nos autos, tendo em vista que, na maioria dos casos não há a escritura pública ou contrato particular. O atual código de processo civil, lei 13.105/2015, que entrou em vigor em 18 de março de 2016, apresenta em seus dispositivos, nas ações em que envolve relacionamento familiares a menção do cônjuge/companheiro e casamento/união estável, equiparando processualmente os ritos aplicáveis. A Dissolução da união estável pode ocorrer pelos mesmos motivos que levariam ao divórcio do casamento, sendo arrolados no artigo 1.571 do código civil, podendo ser por morte de um dos cônjuges, nulidade ou dissolução da união. Apenas possuem legitimidade para propor o reconhecimento e dissolução da união estável os companheiros, podendo ser representados por curador, ascendente ou irmão, nos casos de incapacidade para exercício dos atos da vida civil. 3.1 O reconhecimento e dissolução consensual como um negócio jurídico processual Uma das novidades apresentadas pelo código de processo civil de 2015 foi a regulamentação expressa do negócio jurídico processual, prevista nos artigos 190 e 191. Poderiam estas disposições serem aplicadas a ação re reconhecimento e dissolução da união estável? Creio que sim, Vejamos. O artigo 1.725 do código civil determina que as disposições patrimoniais aplicáveis aos bens oriundos da união estável seguirão o regime da comunhão parcial de bens, salvo contrato escrito entre os companheiros. No código de processo civil, o artigo 19028 28 Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. 22 determina que caso verse sobre direitos disponíveis, que admitam autocomposição, as partes podem convencionar sobre mudanças no procedimento para ajustar a especificidades da causa, ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. As disposições do negócio jurídico processual será avaliada se em suas convenções não há nulidades, inserção abusivas ou abuso contra parte vulnerável. Deste modo, em que pese as ações de família se tratarem de direito público, com participação do ministério público como custus legis, entende-se que as disposições quanto aos bens da união estável podem ser objeto de contrato privado, tendo em vista que, similar a união dos companheiros, tem-se o instituto da sociedade de fato, no qual se aplica direitos obrigacionais, em que poderia atribuir livremente disposição sobre bens. Em análise ao recurso julgado29 sob a relatoria da ministra do STJ Nancy Andrighi, em que se discutia uma revisão de acordo homologado em ação de divórcio transitada em julgado, no qual, os ex cônjuges haviam concordado em vender os imóveis e partilhar em 50% os valores adquiridos. Entretanto, após largo período sem conseguir a venda, proporam uma nova partilha, requerendo a homologação pelo juízo competente, no qual teve a pretensão negada em 1º e 2º grau em razão da coisa julgada e do acordo anterior 29 CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. DIVÓRCIO CONSENSUAL. ACORDO SOBRE PARTILHA DOS BENS. HOMOLOGAÇÃO POR SENTENÇA. POSTERIOR AJUSTE CONSENSUAL ACERCA DA DESTINAÇÃO DOS BENS. VIOLAÇÃO À COISA JULGADA. INOCORRÊNCIA. PARTES MAIORES E CAPAZES QUE PODEM CONVENCIONAR SOBRE A PARTILHA DE SEUS BENS PRIVADOS E DISPONÍVEIS. EXISTÊNCIA, ADEMAIS, DE DIFICULDADE EM CUMPRIR A AVENÇA INICIAL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE. AÇÃO ANULATÓRIA. DESCABIMENTO QUANDO AUSENTE LITÍGIO, ERRO OU VÍCIO DE CONSENTIMENTO. ESTÍMULO ÀS SOLUÇÕES CONSENSUAIS DOS LITÍGIOS. NECESSIDADE. 1- Ação distribuída em 14/09/2012. Recurso especial interposto em 20/10/2015 e atribuído à Relatora em 15/09/2016. 2- Os propósitos recursais consistem em definir se houve negativa de prestação jurisdicional e se é possível a homologação de acordo celebrado pelas partes, maiores e capazes, que envolve uma forma de partilha de bens diversa daquela que havia sido inicialmente acordada e que fora objeto de sentença homologatória transitada em julgado. 3- Ausentes os vícios do art. 535, II, do CPC/73, não há que se falar em negativa de prestação jurisdicional. 4- A coisa julgada material formada em virtude de acordo celebrado por partes maiores e capazes, versando sobre a partilha de bens imóveis privados e disponíveis e que fora homologado judicialmente por ocasião de divórcio consensual, não impede que haja um novo ajuste consensual sobre o destino dos referidos bens, assentado no princípio da autonomia da vontade e na possibilidade de dissolução do casamento até mesmo na esfera extrajudicial, especialmente diante da demonstrada dificuldade do cumprimento do acordo na forma inicialmente pactuada. 5- É desnecessária a remessa das partes à uma ação anulatória quando o requerimento de alteração do acordo não decorre de vício, de erro de consentimento ou quando não há litígio entre elas sobre o objeto da avença, sob pena de injustificável violação aos princípios da economia processual, da celeridade e da razoável duração do processo. 6- A desjudicialização dos conflitos e a promoção do sistema multiportas de acesso à justiça deve ser francamente incentivada, estimulando-se a adoção da solução consensual, dos métodos autocompositivos e do uso dos mecanismos adequados de solução das controvérsias, tendo como base a capacidade que possuem as partes de livremente convencionar e dispor sobre os seus bens, direitos e destinos. 7- Recurso especial conhecido e provido. (STJ - REsp: 1623475 PR 2016/0230901-2, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 17/04/2018, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 20/04/2018) 23 ter preenchido os requisitos de validação do negócio jurídico do artigo 10430 do código civil. O julgamento no tribunal superior decidiu pela homologação do novo acordo, visto a disponibilidade dos bens privados e o negócio jurídico processual. Assim, Enquanto não houver julgados consolidados ou entendimento pacificado pelos doutrinadores, ante as novidades dos institutos, resta-nos aguardar pelo posicionamento dos tribunais superiores quanto a sua aplicação. 3.2 Requisitos e provas para o reconhecimento legal Embora não haja no ordenamento legal uma previsão direta de como poderia ser comprovada a união estável, haja vista seus requisitos subjetivos, os juízos de família vêm aplicando de forma analógica o rol previsto no §3º do artigo 22 do decreto 3.048/199931 que regula a previdência social, como documentos que podem comprovara conviência com as formalidades da união estável. Para que haja o reconhecimento da união estável, é necessário que, além dos requisitos do artigo 1.723 do código civil, revestidos de subjetividade, a comprovação de ausência de impedimentos para o casamento do artigo 1.521, exceto o inciso VI32, que 30 Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. 31 Art. 3º Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, devem ser apresentados no mínimo três dos seguintes documentos: I - certidão de nascimento de filho havido em comum; II - certidão de casamento religioso; III - declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu dependente; IV - disposições testamentárias; V - anotação constante na Carteira Profissional e/ou na Carteira de Trabalho e Previdência Social, feita pelo órgão competente; VI - declaração especial feita perante tabelião; VII - prova de mesmo domicílio; VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da vida civil; IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada; X - conta bancária conjunta; XI - registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do segurado; XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados; XIII - apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua beneficiária; XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado como responsável; XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente; XVI - declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um anos; ou XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar. 32 Art. 1.521. Não podem casar: 24 impede o casamento das pessoas já casadas, reconhecendo a união estável quando há separação de fato ou judicial e não se aplicando as causas suspensivas do artigo 1.523. Para alguns doutrinadores, a grande quantidade de relacionamentos concumbinatários se dava pela indissolubilidade do casamento, que faziam com o que a pessoa casada, abandonasse o seu cônjuge sem a possibilidade de divórcio, e, caso conhecesse outra pessoa durante a vida e passasse a conviver com esta como se casado fosse. Tradição que se seguiu até 1977 com a entrada em vigor da lei do divórcio. 3.3 Regime de bens e meação O artigo 1.725 do código civil determinou que, constituída a união estável, salvo se houver contrato escrito entre os companheiros, deve ser aplicado, no que couber, o regime do casamento pela comunhão parcial de bens.33 Quanto a definição do regime de bens determinado pelo artigo 1.725 do código civil, apontemos dois detalhes essenciais, sendo um deles a resalva do contrato escrito entre os companheiros e a aplicação do regime da comunhão parcial de bens, no que couber. A excessão ressalvada pelo código civil quanto "ao que couber", refere-se aos impedimentos para a escolha do regime de bens aplicadas ao casamento, que impediriam o regime a ser adotado pela comunhão parcial de bens, como a separação obrigatória da pessoa maior de 70 anos e do que necessitaria de suprimento judicial para o casamento, como os menores e aqueles que por disposições transitórias, não podem expressar sua opinião, não se aplicando a disposição das causas suspensivas ao casamento. Quanto a ressalva do contrato escrito entre os companheiros, o código não especificou se este deveria ser contrato solene através de escritura pública ou se um contrato entre os particulares teria a mesma eficácia. Determinando, apenas, que o contrato pode ser sobre as relações patrimoniais. O STJ decidiu através do AgInt no Resp VI - as pessoas casadas; 33 Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. 25 1.590.81134 julgado em 02/03/2018 pela supremacia do contrato firmado, ainda que apenas entre os companheiros quanto a disposição dos bens. O enunciado 34635 aprovado pela IV Jornada de direito civil dispõe que o regime patrimonial adotado pela união estável, deve obedecer a norma vigente no momento de aquisição de cada bem, salvo disposição contrária em contrato. Isso fez com que os contratos de união estável tivessem cláusulas de efeitos retroativos ao momento de sua celebração, pois, se houve aquisição de bens em período de união estável não reconhecido contratualmente, este bem seria protegido pela regra geral do regime da comunhão parcial de bens. Destarte, em discussão de reconhecimento e dissolução da união estável seja por via extrajudicial ou judicial, aplica-se os dispositivos na legislação civil a cerca do regime da comunhão parcial de bens, salvo existência de contrato ou impedimento legal aplicável a escolha do regime. 3.4 Conversão em casamento facilitada pela Constituição Federal de 1988 Em que pese o parágrafo 3º do artigo 226 haver determinado que a lei deve facilitar a conversão da união estável em casamento, ainda não houve um dispositivo direto que regulamentasse tal ato, sendo uma norma de eficácia contida, aguardando sua legalização. 34 AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. EXISTÊNCIA DE CONTRATO DE CONVIVÊNCIA. ADOÇÃO DO REGIME DA SEPARAÇÃO TOTAL DE BENS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 5/STJ. NÃO COMPROVAÇÃO DO ESFORÇO COMUM. EXIGÊNCIA CONTIDA NA SÚMULA 380/STF. APLICAÇÃO AO PERÍODO ANTERIOR À LEI 9.278/96. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Segundo disposição contida no art. 5º da Lei 9.278/96 e no art. 1.725 do CC/2002, aplica-se à união estável o regime da comunhão parcial de bens, sendo possível, no entanto, disposição dos conviventes em sentido contrário, cujo único requisito exigido é a forma escrita. 2. O eg. Tribunal de origem concluiu que o pacto antenupcial firmado entre os conviventes, além de dispor sobre a escolha do regime da separação total de bens, tratou sobre regras patrimoniais atinentes à própria união estável, extremando o acervo patrimonial de cada um e consignando a ausência de interesse na constituição de esforço comum para formação de patrimônio em nome do casal. 3. Independentemente do nomen iures atribuído ao negócio jurídico, as disposições estabelecidas pelos conviventes visando disciplinar o regime de bens da união estável, ainda que contidas em pacto antenupcial, devem ser observadas, especialmente porque atendida a forma escrita, o único requisito exigido. Precedente do STJ. 4. Nos termos da Súmula 380 do STF, é necessária a comprovação do esforço comum para partilhar bens adquiridos na constância da união estável, mas antes da entrada em vigor da Lei 9.278/96. Precedentes do STJ. 5. Agravo interno não provido. (STJ - AgInt no REsp: 1590811 RJ 2014/0180569-9, Relator: Ministro LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), Data de Julgamento: 27/02/2018, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 02/03/2018) 35 Na união estável o regime patrimonial obedecerá à norma vigente no momento da aquisição de cada bem, salvo contrato escrito. 26 Entretanto, os cartórios reconhecem pelo dever constitucional de facilitar a conversão da união estável em casamento, fazendo com que se dispense a cerimônia perante o juiz de paz para configurar o casamento. Seguindo os demais procedimentos, como a habilitação, edital, testemunhas, mudança de nome e regime de bens. 3.5 Ação de reconhecimento e dissolução A ação de reconhecimento e dissolução de união estável pode ocorrer de forma voluntária ou litigiosa. 3.5.1 Reconhecimento e dissolução voluntária Um casal que esteja interessado em formalizara união estável, poderá faze-lo através de escritura pública, comparecendo ao cartório de registro de notas com os documentos pessoais e declarando a data de início da união, bem como registrar disposições quanto ao regime de bens aplicável. O provimento 37 do CNJ, datado de 07 de Julho de 2014 regulamenta o reconhecimento e dissolução da união estável a ser realizado de forma extrajudicial, em cartório de registro de notas, já prevendo em seu artigo primeiro pelo reconhecimento entre homem e mulher ou entre pessoas do mesmo sexo36, não sendo necessário prévio registro para o reconhecimento e dissolução37. Para que seja realizada a dissolução de união estável por via extrajudicial, faz-se imprescindível que não haja filho menor comum aos companheiros. O código de processo civil, no capítulo que trata dos procesos de jurisdição voluntária, reservou a seção iv para dispor sobre as ações de divórcio e da separação consensuais, da extinção consensual de união estável e da alteração do regime de bens do matrimônio, entre os artigos 731 e 734. 36 Art. 1º. É facultativo o registro da união estável prevista nos artigos 1.723 a 1.727 do Código Civil, mantida entre o homem e a mulher, ou entre duas pessoas do mesmo sexo. 37 Art. 7º. Não é exigível o prévio registro da união estável para que seja registrada a sua dissolução, devendo, nessa hipótese, constar do registro somente a data da escritura pública de dissolução. 27 O artigo 731 enumera os requisitos ao pedido de dissolução de união estável, no qual deve dispor sobre descrição e partilha de bens comuns, pensão alimentícia, guarda de filhos incapazes e contribuição para criar e educar os filhos, Reconhecendo ainda, que pode haver a partilha dos bens em separado, em caso de litigio, acelerando a dissolução judicial pleiteada, para em momento posterior, ser homologada a meação.38 3.5.2 Reconhecimento e dissolução litigiosa O instituto do reconhecimento e dissolução judicial litigiosa, segue o rito estabelecido para o divórcio, com disposição sobre a meação dos bens, guarda de filhos menores, uso de nome (se houve alteração) e dever de asistência financeira. Apesar de ainda previsto na legislação processual e cível sobre a separação judicial prévia ao divócio, a emenda constitucional 66/2010 alterou o texto constitucional do §6º do artigo 226 da constituição federal que anteriormente, o casamento só seria dissolvido pelo divórcio após prévia separação judicial após um ano, ou pela separação de fato por mais de 2 anos. Com o novo texto constitucional os ex cônjuges/companheiros poderão pedir diretamente pelo divórcio/dissolução da união estável sem a necessidade de pleitear anterior separação judicial. Com a dissolução da união estável, põe-se fim aos deveres de lealdade, respeito e assistência, guarda, sustento e educação dos filhos e a administração dos bens comuns, sendo realizada a meação dos bens pelo juízo de família competente. Da sentença de dissolução, poderá os ex companheiros requererem pela averbação nos cartórios de registro civil e de imóveis quanto as alterações decididas naquela. 38 Art. 731. A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os requisitos legais, poderá ser requerida em petição assinada por ambos os cônjuges, da qual constarão: I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns; II - as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges; III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e IV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos. Parágrafo único. Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-se-á esta depois de homologado o divórcio, na forma estabelecida nos arts. 647 a 658. 28 3.6 Dissolução por óbito Conforme já exposto, a união estável é uma relação constituída de fatos sociais com reverberação de seus efeitos na esfera jurídica que podem, ou não, afetar terceiros. Para o reconhecimento da união estável post mortem, faz-se necessário requerimento judicial em face de legítimo sucessor do de cujus para que se manifeste, ou, caso este não tenha deixado outros sucessores, requerer diretamente o juízo como sucessor universal. Quando ocorre o óbito de um dos companheiros, o sobrevivente passa a ter direitos equiparados como se casado fosse, bastando requerer ao juízo de sucessões os direitos a ele garantidos, no qual iremos explorar de forma mais aprofundada no capítulo referente a equiparação. O código civil trazia de forma discriminatória a forma de sucessão do companheiro sobrevivente no artigo 1.790, no qual o colocava em posição inferior ao cônjuge. Entretanto, o STF através do julgamento do dos Recursos Extraordinário 646.721 e 878.694 com efeito de afetação e vinculante às decisões posteriores, equipararam os direitos sucessórios do companheiro ao cônjuge, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1.790 do código civil. Com o óbito do companheiro, cabe ao sobrevivente propor em iguais condições e como se casado fosse, os direitos sucessórios requerendo o quinhão da herança, se houver concorrentes ou a sua totalidade, além dos demais efeitos sucessórios, como a pensão por morte em concorrência com os dependentes econômicos do de cujus, se este na data da morte possuía a qualidade de segurado. A duração do percebimento da pensão por morte varia entre 4 meses e vitalícia, a depender da quantidade de contribuições do de cujus e a idade de seus dependentes. Para o reconhecimento da união estável pelo inss, faz-se necessária a apresentação de no mínimo três documentos previstos no artigo 22 do decreto 3.048/1999 que regulamenta a previdência social ou pelo menos um consistente para que seja feita a comprovação administrativa e a concessão do benefício. 29 3.7 Reconhecimento e dissolução de união estável post mortem Como requisitos para o reconhecimento da união estável post mortem, para que seja aplicado os efeitos sucessórios e de meação dos bens, é necessário que o companheiro sobrevivente postule pelo reconhecimento em juízo, em face do sucessor mais próximo do de cujus. Em exemplo analisemos o julgado 2015031021819739 do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, no qual ficou reconhecida a união estável através de comprovação de que conviviam sob o mesmo teto e do depoimento de testemunhas. Assim, a diferença entre os pedidos de reconhecimento e dissolução da união estável entre os companheiros vivos e post mortem, está no polo passivo da ação, podendo não haver nos casos em que apenas o companheiro sobrevivente seria o sucessor universal do de cujus. 39 APELAÇÃO CÍVEL. RECONHECIMENTO UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM. POSSIBILIDADE. COABITAÇÃO COMPROVADA. DECLARAÇÕES ESCRITAS. TESTEMUNHAS. UNIÃO PÚBLICA, CONTÍNUA E DURADOURA. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. SENTENÇA REFORMADA. 1. Trata- se de apelação cível interposta contra sentença que julgou improcedente o pedido de reconhecimento de união estável post mortem com o de cujus. 2. AConstituição Federal de 1988 prevê o reconhecimento da união estável como entidade familiar (art. 226). A Lei nº 9.278/96, que regulamenta o dispositivo constitucional, enuncia como requisitos do instituto a convivência duradoura, pública e contínua estabelecida com objetivo de constituição de família (art. 1º), do que advirão as repercussões financeiras (art. 5º). 3. Embora não constitua requisito obrigatório, a coabitação representa forte indício de união estável. No caso dos autos, a demonstração de convivência sob o mesmo teto, aliados aos demais elementos de convicção E declarações escrita de testemunhas (fls. 17-19), evidenciam o relacionamento público, contínuo e duradouro havido entreas partes a caracterizar a união estável pretendida 4. Apelo da autora conhecido e provido. (TJ-DF 20150310218197 DF 0021616-31.2015.8.07.0003, Relator: CESAR LOYOLA, Data de Julgamento: 09/08/2017, 2ª TURMA CÍVEL, Data de Publicação: Publicado no DJE : 17/08/2017 . Pág.: 275/284) 30 CAPÍTULO IV: REFLEXOS SOCIAIS E PATRIMONIAIS NA EQUIPARAÇÃO DO REGIME DE BENS E SUCESSÓRIOS DO COMPANHEIRO AO CÔNJUGE Estudamos até este ponto que a legislação por muitas vezes equipara o cônjuge ao companheiro por deliberação expressa ou fazendo remissão dos direitos aplicados a este. Entretanto, quando ocorre o casamento, há uma solenidade, publicidade dos atos e efeitos erga omnes. Aos companheiros, por serem uma relação baseada em fato social revestida de direitos e garantias jurídicas, por muitas vezes as disposições patrimoniais passam despercebidas dos olhos do poder judiciário e de terceiros, prejudicados ou não, no qual, passa apenas a externar o seu conhecimento através de ação judicial ou escritura pública. Uma das dúvidas referentes ao reconhecimento posterior da união estável, é a de que, com o arbitramento da data do provável início da união, se esta teria efeitos retroativos na esfera patrimonial, haja vista os impedimentos de determinados atos de disposição que necessitam da aprovação do outro, como na compra e venda de imóveis comunicáveis na relação, prestação de aval ou fiança, dentre outras obrigações dadas aos casados. Um dado a ser levantado em comparação dos direitos elencados no código civil é que, a palavra "companheiro" foi mencionada 22 vezes, enquanto "cônjuge" há 183 menções. Os artigos 1.723 a 1.726 do código civil, que fazem parte do título que trata da união estável ficou apenas nos requisitos para a sua concepção, deixando as disposições sucessórias, familiares e de alimentos para os demais título do referido código. Assim, passemos a questionar a cerca da igualdade das relações aos direitos aplicados aos cônjuges e aos companheiros e os reflexos patrimoniais em seu reconhecimento posterior, entendendo a doutrina e jurisprudência por aplicação de efeitos retroativos as disposições patrimoniais. 31 4.1. Meação de bens do companheiro Com a equiparação do regime de bens expressa no artigo 1.725 do código civil, este determinou que, nas relações patrimoniais, dever-se-ão aplicar aos dispostitivos referentes ao casamento pelo regime da comunhão parcial de bens. Cabe a nós aqui voltar um pouco ao assunto para lembrar que, após a constituição federal de 1988 reconhecer a união estável como entidade familiar, coube a lei ordinária posterior dispor sobre os seus termos. A lei 8.971/1994 não reconhecia ao companheiro o direito de meação, quando da eventual dissolução da união estável, sendo encarada ainda pelos tribunais, a aplicação da súmula 380 do STF que determinava aos concubinos a meação dos bens adquiridos pelo esforço comum, tratando apenas da partilha dos bens nas disposições sucessórias. Já a lei 9.278/1996, determinou que os bens adquiridos na constância da união, a título oneroso, pertenciam a ambos, em condomínio e em partes iguais, ressalvada estipulação em contrário através de contrato firmado entre os companheiros. Com o advento do código civil e o artigo 1.725 determinando a aplicação das disposições do regime da comunhão parcial de bens dos casados aos companheiros, arrolados no artigo 1.66040 cessou a discussão quanto a meação de bens adquiridos por fato eventual, que seriam os sorteios, apostas, usucapião, dentre outros, que passaram a ser dos companheiros, somente com a vigência do código civil atual, em 2003, refletindo na esfera patrimonial dos bens adquiridos desde então. Uma vez formada a união estável, todos os bens adquiridos por um os companheiros devem ser partilhados de forma igualitária, desnecessitando de prova de esforço comum, como era feito pelas legislações anteriores. A maior inovação com a equiparação do regime de bens do atual código civil foi 40 Art. 1.660. Entram na comunhão: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. 32 quanto aos incisos II a V do artigo 1.660, determinando que entram na comunhão, além dos bens adquiridos por fato eventual supracitado, os bens adquiridos em herança doação ou legado em favor de ambos companheiros, benfeitorias em bens particulares de cada companheiro e os frutos dos bens comuns ou particulares que foram ou deveriam ser recebidos na constância da união. Com relação aos bens móveis, estes presumem-se todos como adquiridos na constância da união estável, em analogia ao artigo 1.66241 do código civil. Um exemplo prático que há muito é discutido no judiciário trata da reforma ou construção de outra residência em terreno do outro companheiro, que ocorre com certa frequência de, ao se juntarem reformarem a residência ou construir em cima para aumentar o espaço, haja vista a vida comum que passam a viver. Em decisão julgada em 28/02/2018 pelo Tribunal de Justiça do estado do Rio Grande do Sul, determinou que com a comprovação das benfeitorias realizadas no imóvel exclusivo do outro companheiro, cabe a meação referente a benfeitoria.42 Apenas para fins de estudo, cabe informar que a lei 13.465/2017, incluiu o artigo 1.510-A, 1.510-B, 1.510-C, 1.510-D, 1.510-E, ao código civil reconhecendo o direito real de laje, bem como a divisão autônoma da construção. Legislação que, reflete aos litigos referentes as construções supramencionados no qual 41 Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens móveis, quando não se provar que o foram em data anterior. 42 APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA DE BENS. REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL. PRESUNÇÃO DE ESFORÇO COMUM. PARTE AUTORA QUE EXPRESSA RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER. PRECLUSÃO. Hipótese em que a parte autora renunciou expressamente ao direito de recorrer, impossibilitando o conhecimento de apelação posterior. Preclusão. Fato extintivo do direito de recorrer. Inteligência dos artigos 999 e 1.000, do Novo Código de Processo Civil. Recurso da autora não conhecido. Às uniões estáveis, salvo documento escrito pelas partes, aplica-se o regime da comunhão parcial, pelo qual são partilhados todos os bens adquiridos na constância da união, independentemente da comprovação da efetiva partição de cada um dos companheiros, presumindo-se o esforço comum. Estando incontroverso nos autos que as partes, durante o relacionamento estável, realizaram a edificação de uma casa em imóvel cuja posse é exclusiva do varão (lote 08), impõe-se determinar seja a virago indenizada da metade do valor de avaliação da acessão. Os valores recebidos pelo réu, a titulo de herança, e reconhecidamente investidos na construção, constituem crédito em seu favor. A correção monetária de tal importância deve ocorrer pelo IGP-M, por ser o índice que melhor reflete a... desvalorização da moeda. Evidenciado que apesar de o lote nº 09 constar em nome de terceiro a posse pertencia aos litigantes, que a exerceram até a separação, os direitos sobre o bem devem ser partilhados. Não restando comprovado no caderno processual que o numerário sacado pela autora da conta poupança do varão, quando do término da união estável, foi utilizado em prol da filha
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