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Página 1 de 16 Aula 02 1. INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL - 1ª fase do Direito Empresarial no mundo: desde o iníco até entre os séculos XII e XVI, destacando-se o surgimento de mercados e trocas entre países. - 2ª fase do Direito Empresarial, marcado pelo mercantilismo e as colonizações. - 3ª fase do Direito Empresarial: a fase do liberalismo econômico pós revolução industrial. Dois grandes marcos dessa época foi o Código Civil Francês (Código Napoleônico de 1804) e o Código Comercial Francês de 1808. Ou seja, já se separavam verdadeiramente as relações civis das comerciais. No Brasil, desde o descobrimento, as legislações de comércio eram as Ordenações Portuguesas. Com a nossa independência tivemos a promulgação do Código Comercial de 1850, que está em vigor até hoje. Daí temos o surgimento dos conceitos modernos de empresa, de empresário, de capital, de mão de obra, de insumos, de mais valia. Atualmente estamos na 4ª fase do Direito Empresarial: o Direito de Empresa Essa fase é marcada pelo Código Civil Italiano de 1942 que trouxe pela primeira vez a nomenclatura de “Direito de Empresa”. No Brasil, o Código Civil de 2002, também adotou a mesma terminologia. Hoje enfrentamos os fenômenos da Revolução Digital (e-commerce) e da Globalização. Tudo isso será objeto do nosso estudo. 2. TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO Durante muito tempo tentou-se conceituar o vocábulo COMERCIANTE. Várias teorias surgiram tentando explicar. Página 2 de 16 A Teoria Subjetivo-Corporativista (ou da Classe dos Comerciantes) dizia que comerciante era quem estava associado a uma corporação de ofício ou associação de mercadores. Qualquer pessoa que não fizesse parte de uma corporação ou de uma associação não poderia ser chamado de comerciante. Evidentemente que essa Teoria é falha. Surgiu então a Teoria Objetiva (ou Francesa) que dizia que comerciante era quem praticava, com habitualidade, os atos de comércio (compra e venda, operações de câmbio, corretagem, etc...). Essa teoria perdurou por muito tempo até ser substituída, conceitualmente, pela próxima teoria. Hoje, a Teoria vigente é a da Empresa (ou subjetivo empresarial ou Italiana) que considera empresário (antigo comerciante) quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção de bens ou serviços, excluídas as profissões intelectuais, científicas, artísticas. Essa Teoria ainda se encontra em construção. Vamos falar um pouco mais dela. 3. TEORIA DA EMPRESA Essa teoria surge na Itália em 1942 em contrapartida a Teoria Francesa que excluía algumas atividades do conceito de comerciante, como por exemplo, os prestadores de serviço, algumas atividades rurais, seguros. Para abarcar toda a gama de atividades, foi desenvolvido esse conceito mais amplo, que é a Teoria da Empresa. Agora não se fala mais em comerciante, se fala em empresário. Comerciante nos passa uma imagem de um vendedor atrás de um balcão, é ou não é? Isso está superado. Agora, o Direito Empresarial chama de empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Página 3 de 16 Essa mudança é tão fundamental que o nosso CC adotou esse conceito no art. 966. RESUMO FINAL: O direito comercial deixa de adotar a teoria dos atos de comércio, passa a ser chamado direito empresarial e adota a empresarialidade, ou teoria da empresa. 4. OBJETO DO DIREITO EMPRESARIAL Atualmente, os bens e serviços de que todos nós precisamos para viver – saúde, educação, lazer, alimentação, transportes, bens duráveis – são produzidos em organizações econômicas especializadas. Seus bens e serviços podem ser adquiridos no mercado. O empresário é quem organiza a estrutura dessas organizações. Então a atividade do empresário é organizar quatro elementos essenciais: capital, mão de obra, insumo e tecnologia. É certo que o empresário possui vocação para essa atividade, pois ele identifica no mercado a chance de lucrar. Ao reunir o capital, a mão de obra, os insumos e a tecnologia, o empresário produzirá uma mercadoria ou um serviço, que deve apresentar preço atrativo aos consumidores. Mas o risco sempre existirá, independente do preço cobrado, o negócio pode quebrar. É o risco do insucesso. E é o Direito Empresarial que cuida do exercício dessas atividades econômicas organizadas para o fornecimento de produtos ou serviços, chamada empresa. O Direito Empresarial, ramo do Direito Privado, é o conjunto de normas e princípios que regem a atividade empresarial, que estuda os conflitos envolvendo empresários ou relacionadas às empresas que eles exploram. Atualmente se utiliza a denominação de Direito Empresarial. Antigamente falava-se em Direito Comercial. 5. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO EMPRESARIAL Página 4 de 16 - cosmopolitismo: relacionada a urbanização do homem; - individualismo: devido a busca do lucro; - onerosidade: o pagamento do empresário é o lucro; - liberalismo: segue os princípios da liberdade contratual, da livre iniciativa e da livre concorrência; - dinamismo: segue o ritmo da evolução empresarial; 6. FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL Todas as vezes que se estuda um ramo do Direito é preciso saber quais são as suas fontes. O Direito Empresarial tem como fontes: Fonte primária – a Lei: CF, CC, C. Com., Lei de Falências, Lei das S/A, Lei de Registro de Fontes secundárias – analogia, costumes, princípios gerais do Direito. Vamos agora destrinchar o conceito de empresário 7. CONCEITO DE EMPRESÁRIO Nós vimos que para formar a empresa são precisos alguns elementos: - atividade econômica organizada: capital, mão de obra, insumo e tecnologia. - empresário - estabelecimento Já vimos a atividade econômica organizada. Veremos agora o que é empresário. O ordenamento jurídico brasileiro traz o conceito legal de empresário, seguindo a Teoria Italiana. Vejamos: Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Página 5 de 16 Nessa parte o CC revogou o Cód. Comercial de 1850. Vamos analisar o conceito, expressão por expressão. - profissionalmente: a doutrina traz três considerações sobre a palavra “profissionalmente”: habitualidade (não é esporádico), pessoalidade (o empresário tem empregados que atuam em seu nome) e monopólio das informações (é o empresário quem domina as informações sobre o produto ou o serviço); - atividade: a empresa é a atividade que o empresário desempenha; e é a empresa quem circula bens ou serviços; - econômica: a atividade empresarial visa o lucro, o que não impede atividades empresariais sem fins lucrativos, mas que arrecadem mais do que os gastos (ex: faculdade); - organizada: o empresário é quem organiza, quem articula, em uma empresa, os quatro fatores de produção: capital, mão de obra, insumo e tecnologia; - produção de bens ou serviços: fácil né? - circulação de bens e serviços: uma transportadora é uma empresa dirigida por um empresário; uma agência de turismo é uma empresa dirigida por um empresário. OBS: não será considerado empresário aquele que exercer à custa de outrem, ou sob risco desse; nem o será quem exerce simples profissão, de forma autônoma. 8. ATIVIDADESECONÔMICAS CIVIS O Código Civil de 2002 exclui do conceito de empresário algumas profissões. Vejamos: Art. 966. (...) Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Profissional Intelectual É aquele que usa do seu intelecto para sobreviver, seja na expressão científica, literária ou artística. Página 6 de 16 É o caso dos médicos, dos advogados, dentista, arquitetos, músicos, escritores, atores, artistas plásticos. OBS: percebam que a Lei traz a expressão “salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”. O que isso quer dizer? Vamos dar o exemplo do médico. Ele recém-formado começa a clinicar. Aluga uma sala, contrata uma secretária, uma faxineira. Ele agora é empresário? AINDA NÃO. Agora imagine que ele contrate vários outros médicos e monta uma clínica. A clínica tem o nome dele, graças a reputação que conquistou. Ele agora é empresário?? AINDA NÃO....está numa fase de transição. Ele ainda atende seus clientes. Mas imagine que depois de vários anos a Clínica passa a se chamar HOSPITAL. Agora o médico que iniciou o negócio, nem atua mais como médico. Ele agora é o gestor do Hospital. Contratou contadores, advogados, diversos funcionários. Os clientes procurem o hospital não pelo médico que iniciou a clínica, mas pelo nome que a EMPRESA conquistou no mercado. Agora sim ele é empresário (juridicamente). OBS: mesma coisa acontece com os advogados!! Além dos profissionais liberais, algumas outras atividades não são consideradas empresariais. Vejamos: Empresário Rural O Código Civil tratou de forma perfeita o caso dos ruralistas. Vejamos: Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. Ou seja, a Lei deu a possibilidade do ruralista escolher se quer ser empresário ou não. Diferenciando o grande empresário-agricultor (agroindústria) do agricultor-familiar. Cooperativas Página 7 de 16 Por expressa determinação legal, as cooperativas nunca serão empresas, dada ao valor social que delas se depreende. 9. TIPOS DE EMPRESÁRIO O empresário, no Brasil, pode ser pessoa natural (física) ou jurídica. No primeiro caso teremos o empresário individual, no segundo caso teremos as sociedades empresárias. 9.1 Empresário Individual Conceito de empresário individual: é a pessoa natural que, registrando-se na Junta Comercial, em nome próprio e empregando capital, mão de obra, insumos e tecnologia, toma com animus lucrandi a iniciativa de organizar, com profissionalidade, uma atividade econômica para produção ou circulação de bens ou serviços no mercado, assumindo os riscos inerentes à atividade empresarial que sozinho exerce. O empresário individual geralmente desenvolve atividade econômica de pouca relevância, até porque negócios de grande relevância requerem muito dinheiro e pluralidade de pessoas. Exemplos: ambulantes, artesãos, costureiras, confecções de doces e salgados, pastelarias em feiras, etc... Para ser empresário individual a pessoa deve ser capaz, conforme art. 972 e art. 1º ao 5º do CC: Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Não podem ser empresários individuais os incapazes nem os relativamente capazes: Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; Página 8 de 16 III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Também temos as pessoas impedidas de exercer a atividade empresarial: a) Agentes políticos Membros do MP (art. 128,§5º, II da CF) Magistrados (LOMAN) OBS: Parlamentares Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: (...) II - desde a posse: a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; OBS: nada se proíbe a presidente, governadores, prefeitos, secretários b) Servidores públicos Previsão na Lei 8112/90: Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) (...) X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;(Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008) Página 9 de 16 c) Condenados por crime falimentar Previsão na Lei de Falências (Lei 11.101/2005) Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei: I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; II – o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei; III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio. § 1o Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal. d) Falidos Lei de Falências (Lei 11.101/2005) Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1odo art. 181 desta Lei. e) Penalmente proibidos Previsão no Código Penal: Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) f) Estrangeiros Em regra podem exercer atividade empresarial,salvo nos casos abaixo: Página 10 de 16 CF, Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. § 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) CF, Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002) Além da CF temos uma proibição prevista no Estatuto do Estrangeiro, Lei 6815/80. Vejamos: Art. 98. Ao estrangeiro que se encontra no Brasil ao amparo de visto de turista, de trânsito ou temporário de que trata o artigo 13, item IV, bem como aos dependentes de titulares de quaisquer vistos temporários é vedado o exercício de atividade remunerada. Ao titular de visto temporário de que trata o artigo 13, item VI, é vedado o exercício de atividade remunerada por fonte brasileira. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) Art. 99. Ao estrangeiro titular de visto temporário e ao que se encontre no Brasil na condição do artigo 21, § 1°, é vedado estabelecer-se com firma individual, ou exercer cargo ou função de administrador, gerente ou diretor de sociedade comercial ou civil, bem como inscrever-se em entidade fiscalizadora do exercício de profissão regulamentada. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) 9.2 Empresários Coletivos Existem várias formas de empresários coletivos no Ordenamento Jurídico brasileiro. Vejamos: Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode Página 11 de 16 constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. CAPÍTULO II Da Sociedade em Nome Coletivo Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais. CAPÍTULO III Da Sociedade em Comandita Simples Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. CAPÍTULO IV Da Sociedade Limitada Seção I Disposições Preliminares Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. CAPÍTULO V Da Sociedade Anônima Seção Única Da Caracterização Art. 1.088. Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. CAPÍTULO VI Da Sociedade em Comandita por Ações Art. 1.090. A sociedade em comandita por ações tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima, sem prejuízo das modificações constantes deste Capítulo, e opera sob firma ou denominação. 10. Estabelecimento A Lei (Código Civil) também traz a definição de estabelecimento. O ordenamento pátrio utiliza-se da definição de AZIENDA prevista no Código Civil Italiano. Página 12 de 16 Daí a utilização por alguns autores brasileiros dos termos “azienda” e “patrimônio aziendal”. Também se usa a expressão francesa “fonds de commerce” ou fundo de comércio. Independente da expressão usada, o estabelecimento tem como idéia básica um conjunto de bens que sirva de base econômica para o desenvolvimento da empresa. O prof. Fábio Ulhôa Coelho faz uma comparação muito eficiente para entendermos o que é o estabelecimento. Ele compara à uma biblioteca. Esta não é só o local onde ficam guardados determinados livros. É mais que isso. É o local do saber. Seu valor também não é só o somatório do preço de cada livro. É infinitamente maior que isso. Estabelecimento também não é só o local. É mais. Vejamos o art. 1142 do CC: TÍTULO III - Do Estabelecimento CAPÍTULO ÚNICO - DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. Pela definição legal, não é possível conceber empresário e empresa, sem estabelecimento. O estabelecimento pode compor-se de direitos sobre propriedades materiais e imateriais, como a marca, o uso exclusivo do nome empresarial. Então vejamos os elementos do estabelecimento empresarial: BENS INCORPÓREOS BENS CORPÓREOS Nome comercial, título e insígnia do estabelecimento, marcas de produtos ou serviço Terrenos, edifícios, construções, usinas, armazéns, fábricas, máquinas, equipamentos, produtos acabados, matéria-prima Patentes industriais, registro de desenhos industriais Veículos de transporte Obras científicas Dinheiro, títulos de crédito Ponto ou local da empresa Página 13 de 16 OBS: havia uma dúvida doutrinária sobre incluir o imóvel entre os bens corpóreos do fundo de comércio. Rubens Requião adota esse posicionamento. Mas vejamos essa questão do TJSP, Magistratura: “O imóvel onde está localizado o estabelecimento comercial: a) É elemento integrante do fundo de comércio; b) É considerado fundo de comércio; c) É passível de ação renovatória; d) Pode ser elemento de empresa” A resposta certa é a letra A. OBS2: além do nome empresarial, por meio do qual o empresário exerce e assina os atos de sua empresa, admite-se o uso do nome do estabelecimento (nome fantasia) e o uso de insígnia ou qualquer outro elemento que se relacione à atividade da empresa. OBS3: todo estabelecimento empresarial integra o patrimônio de seu titular, mas este não se reduz àquele, necessariamente. Os bens de propriedade do empresário, cuja exploração não se relaciona com o desenvolvimento da atividade empresarial, integram o seu patrimônio, mas não o do estabelecimento empresarial. OBS4: estabelecimento virtual - internet O registro do domínio eletrônico (endereço eletrônico) é feito pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) 11. Nome Empresarial CONCEITO: Nome empresarial é o nome adotado pela pessoa física ou jurídica para o exercício do comércio e por cujo meio se identifica. O nome é atributo da personalidade. Dispositivo legal: CAPÍTULO II DO NOME EMPRESARIAL Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações. Existe tambéma Lei de Registro de Empresas, Lei nº 8934/96. Vejamos: Página 14 de 16 Art. 1º O Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, subordinado às normas gerais prescritas nesta lei, será exercido em todo o território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais e estaduais, com as seguintes finalidades: I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei; II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter atualizadas as informações pertinentes; III - proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu cancelamento. O nome empresarial, como visto, é propriedade imaterial do fundo de comércio, do estabelecimento comercial/empresarial. A CF protege o nome no Brasil. É direito fundamental. Vejamos: Art. 5º (...) XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 11.1 Distinções Importante diferenciar algumas coisas. Vejamos o exemplo: Fiat Linea – nome do produto FIAT (Fábrica Italiana de Automóveis de Torino) – título do estabelecimento (nome fantasia) Fiat Automóveis S/A - (nome empresarial) 11.2 Espécies São espécies de nomes empresariais: - firma individual: é o nome escolhido pelo empresário no exercício de sua atividade, que será formado pelo nome completo do empresário (ou abreviação) + acrescido ou não de designação de sua pessoa ou do gênero da atividade; Página 15 de 16 Ex: Silva Pereira ou Silva Pereira Livros Técnicos Art. 1.156. O empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade. - firma social (firma comercial ou razão social): é o nome adotado pela sociedade empresária para o exercício da sua atividade, sendo composto OBRIGATORIAMENTE pelos nomes civis ou partes deles, de um, alguns ou todos os sócios + acréscimo da espécie societária OBS1: se não constar o nome de todos os sócios, obrigatoriamente deverá constar a expressão “E companhia” ou “ E CIA.” OBS2: o nome de um sócio pelo menos deverá constar da firma social. Ex: Pedro e Paulo Ltda; Pedro, Paulo e CIA Ltda Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e companhia" ou sua abreviatura. Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações contraídas sob a firma social aqueles que, por seus nomes, figurarem na firma da sociedade de que trata este artigo. - denominação: de uso obrigatório para as sociedades anônimas e para as sociedades cooperativas; OBS1: pode ou não conter o nome de alguns sócios. OBS2: OBRIGATORIAMENTE tem que constar a atividade empresarial. Ex: Frigoríficos Boi Gordo Ltda; Malharia Inverno Ltda; Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura. § 1o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. § 2o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. Página 16 de 16 § 3o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade. OBS: RESUMO: Se só tiver nome de sócio, certeza de que é firma. Se só tiver a atividade empresarial, certeza de que é denominação. Se tiver tanto o nome de um sócio e a atividade empresarial, não é possível saber; só olhando o contrato social. 11.3 Nome de sociedade empresária estrangeira Art. 1.137. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar ficará sujeita às leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos ou operações praticados no Brasil. Parágrafo único. A sociedade estrangeira funcionará no território nacional com o nome que tiver em seu país de origem, podendo acrescentar as palavras "do Brasil" ou "para o Brasil”
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