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CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo Aula 05 Direito Processual Penal Da Prisão – Parte 01 Professor: Pedro Ivo CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 2 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo AULA 05 – PRISÃO E LIBERDADE PROVISÓRIA Olá, Pessoal! Abordaremos hoje um tema que vem levantando uma grande discussão na sociedade. O Senado Federal aprovou, em 07 de abril de 2011, o substitutivo ao Projeto de Lei nº 111, de 2008, da Câmara dos Deputados, que altera dispositivos do Código de Processo Penal (CPP) relativos a medidas cautelares como a prisão processual, a fiança e a liberdade provisória. A proposta, que na Câmara tramitou sob o número 4.208, cria medidas alternativas à prisão preventiva - mantida, porém, a prisão especial para autoridades e determinados profissionais. Quanto à real aplicabilidade e necessidade da nova lei, há grandes divergências entre os juristas. Vamos entender: Os mais otimistas entendem que se mudou o paradigma da prisão banalizada para proteger a sociedade. Afirmam que ganha a dignidade humana das pessoas que, constitucionalmente, devem ser consideradas presumidamente inocentes. Por outro lado, penalistas se posicionam no sentido de que a nova norma veio para reforçar o conceito de impunidade, tão debatido em nosso País. Segundo esta corrente, com o novo regramento, a prisão está praticamente inviabilizada no país, já que se exige a aplicação, pelo juiz, de um total de nove alternativas antes dela, restringindo-a sensivelmente. Concretamente, e é isso que efetivamente importa para sua PROVA, o novo texto consagra, no que se refere aos presos, o monitoramento eletrônico mediante concordância, a proibição de frequentar determinados locais ou a de se comunicar com certas pessoas e o recolhimento em casa durante a noite e nos dias de folga. A prisão, de fato, passa a ser aplicada apenas aos crimes considerados "de maior potencial ofensivo", ou seja, aos crimes dolosos com pena superior a quatro anos ou nos casos de reincidência. Além disso, o projeto aprovado amplia os casos de concessão de fiança. Alardeia-se que essas alterações no Código de Processo Penal diminuirão índice de presos provisórios existentes no país, que hoje chegaria a 44% da população carcerária atual. De fato, sua aprovação afasta a possibilidade de prisão nos casos de crimes graves consumados, como o crime de quadrilha ou bando; auto-aborto; lesão corporal dolosa, ainda que grave; maus tratos; furto; fraude; receptação; abandono de incapaz; emprego irregular de verbas públicas; resistência; desobediência; desacato; falso testemunho e falsa perícia; todos CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 3 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo os crimes contra as finanças públicas; nove dos dez crimes de fraudes em licitações (o remanescente tentado), contrabando ou descaminho. O novo regramento também prevê o descabimento da prisão nos crimes tentados de homicídio, ainda que qualificado; infanticídio; aborto provocado por terceiro; lesão corporal seguida de morte; furto qualificado; roubo; extorsão; apropriação indébita, inclusive previdenciária; estupro; peculato; corrupção passiva, advocacia administrativa e concussão; corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Também estariam afastados da prisão os autores de crimes ambientais e de colarinho branco - sejam consumados ou tentados - e ainda parte dos crimes previstos na Lei de Drogas, inclusive os casos de fabricação, utilização, transporte e venda, tentados. Vamos, a partir de agora, iniciar uma análise detalhada do tema e, consequentemente, conhecer detalhadamente o novo regramento. Vamos começar! Bons estudos!!! ********************************************************************** 5.1 PRISÃO – REGRAS GERAIS Do latim prehensio, de prehendere (prender, segurar, agarrar), “prisão” é o vocábulo tomado para exprimir o ato pelo qual se priva a pessoa de sua liberdade de locomoção, isto é, da liberdade de ir e vir, recolhendo-a a um lugar seguro e fechado de onde não poderá sair. A pena de prisão, dada a sua severidade, deve ser utilizada como último recurso para a punição do condenado. É o que preconiza a teoria do “Direito Penal Mínimo”, também denominada de Teoria da Intervenção Mínima, a qual substitui a prisão por penas alternativas ou administrativas em crimes tidos como de menor ofensividade, reservando-se o cárcere somente aos indivíduos de alta periculosidade e que representam uma ameaça à paz pública e à integridade física dos cidadãos. 5.1.1 CONCEITO CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 4 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo Nos dizeres de Mirabete, a “prisão, em sentido jurídico, é a privação da liberdade de locomoção, ou seja, do direito de ir e vir, por motivo ilícito ou por ordem legal.” Ensina o Prof. Fernando Capez, com muita propriedade, que prisão “é a privação da liberdade de locomoção determinada por ordem escrita da autoridade judiciária competente, ou em caso de flagrante delito”. Complementando o conceito, dispõe o art. 5.º, inc. LXI, da Constituição Federal: Art. 5.º [...] LXI ninguém será preso senão em flagrante delito, ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. Resumindo, a prisão é a privação de liberdade de locomoção determinada por ordem escrita da autoridade judiciária. Entretanto, esta necessidade de existência de um mandado do Magistrado pode ser atenuada nos casos de prisão em flagrante, transgressãomilitar, durante estado de sítio e no caso de recaptura do evadido. 5.1.2 ESPÉCIES DE PRISÃO Segundo ensinamento do Prof. Renato Brasileiro, o ordenamento processual penal possui três espécies de prisão, são elas: 11 –– EEXXTTRRAAPPEENNAALL;; 22 –– PPEENNAALL;; 33 –– PPRROOVVIISSÓÓRRIIAA,, SSEEMM PPEENNAA OOUU PPRRIISSÃÃOO PPRROOCCEESSSSUUAALL.. Vamos analisá-las: 5.1.2.1 EXTRAPENAL CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 5 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo A prisão extrapenal é assim denominada por não possuir natureza de pena, imposta em conseqüência de prática de ilícito penal. Divide-se em: 1–Prisão Civil Ocorre nos casos do devedor de alimentos e do depositário infiel, lembrando que a prisão do depositário infiel na hipótese da alienação fiduciária já foi retirada do ordenamento jurídico (RE 466.343 – STF). O Pacto de São José da Costa Rica, em seu art. 7º, não permite tal hipótese. 2–Prisão Administrativa Ensina o mestre Magalhães Noronha, que esta espécie de prisão “é um meio coativo para compelir alguém ao cumprimento de certa obrigação”. Tal hipótese de prisão não encontra guarida constitucional, tendo sido praticamente abolida do ordenamento jurídico pátrio por não ter sido mencionada na Constituição Federal. Os Tribunais vinham aceitando a existência desta modalidade de prisão no caso de procedimento administrativo de extradição, desde que a prisão fosse determinada por um juiz. Observe: Todavia, a lei nº 12.403/2011 revogou expressamente a prisão administrativa ao retirar do Código de Processo Penal o art. 319. 3–Prisão Disciplinar É admissível nos casos de crime propriamente militar ou transgressão disciplinar militar (art. 5º, LXI, STF, RE 272.955/RS, DJ 23.10.2009 É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. TRF 1ª Região, HC 65.665/MT, DJ 13.02.2009 A atual ordem constitucional não revogou a prisão administrativa para fins de deportação, devendo, no entanto, sua necessidade, como medida excepcional de restrição da liberdade e acautelatória do procedimento de deportação, ser plenamente demonstrada e fundamentada mediante decisão da autoridade judiciária, e não mais da autoridade administrativa, apontando fatos concretos hábeis a justificá-la. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 6 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo CF). Essa espécie de prisão não depende de autorização judicial, entretanto, segundo entendimento jurisprudencial, está condicionada a prévia instauração de procedimento administrativo. Afirma ainda o Prof. Renato Brasileiro que, com relação às punições disciplinares militares, não cabe Habeas Corpus quanto ao mérito da punição, o que, no entanto, não impede a impetração do remédio, questionando aspectos relacionados à legalidade da prisão. 5.1.2.2 PENAL, PRISÃO-PENAL É aquela decretada como decorrência natural da sentença condenatória transitada em julgado. É a prisão sanção-definitiva (também chamada de prisão penal), que pode ser de reclusão, detenção e prisão simples. Atualmente, predomina na doutrina a tese de que a prisão como pena tem uma finalidade retributiva e utilitária, já que ao mesmo tempo a aplicação da punição castiga o delito e serve também para preveni-lo (é a chamada teoria da união - eclética ou mista). Assim, segundo os adeptos dessa teoria, como forma de prevenção geral, a pena tem por finalidade intimidar e promover a integração do ordenamento jurídico e, como forma de prevenção especial, promover a ressocialização do indivíduo. A prisão-pena é, portanto, a restrição da liberdade individual em razão da aplicação de uma pena ou sanção definitiva ao infrator da lei penal, decorrente do legítimo exercício do direito punitivo do Estado e que tem como premissa maior a proteção da sociedade, livrando-a dos maus cidadãos transgressores da norma penal e, num segundo plano, sempre que possível, tentar a reintegração desses cidadãos à vida social. 5.1.2.3 SEM PENA, PRISÃO PROCESSUAL OU PRISÃO PROVISÓRIA É aquela decretada para assegurar a eficácia do processo principal, sem que se tenha ainda sentença condenatória com trânsito em julgado. Temos três espécies de prisão processual, vejamos: 11 –– PPRRIISSÃÃOO EEMM FFLLAAGGRRAANNTTEE DDEELLIITTOO;; 22 –– PPRRIISSÃÃOO PPRREEVVEENNTTIIVVAA;; CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 7 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo 33 –– PPRRIISSÃÃOO TTEEMMPPOORRÁÁRRIIAA;; Mesmo sabendo-se que é uma constante preocupação da sociedade moderna adotar meios mais eficazes e rigorosos para reprimir delitos de maior gravidade e que causam repugnação a todos, não é menos correto afirmarmos que num autêntico Estado de Direito, a despeito de ter praticado um delito, o indivíduo possui direitos e garantias consagrados pela Constituição Federal, que o Direito não admite que sejam restringidos desnecessariamente. Nessa perspectiva, para evitar abusos e arbitrariedades, a doutrina reconhece princípios informadores concernentes às medidas de cautela adotadas no processo penal que devem ser observados pelos operadores do Direito, principalmente para aferir a necessidade de restrição da liberdade de locomoção por meio da prisão provisória. Esses princípios são: 1. Princípio da legalidade Caro aluno, este eu nem preciso falar nada, pois você já conhece. Maaasss... Relembrando, só podem ser aplicadas as medidas restritivas previstas em lei e que cumpram todos os requisitos preceituados à sua aplicação. 2. Princípio da adequação e proporcionalidade A penalização a ser aplicada durante um processo a um ladrão de galinhas, deve ser a mesma da que deve ser aplicada a um indivíduo que joga a filha pela janela? Não preciso falar mais nada, pois acho que você já entendeu que este princípio nada mais é do que a exposição de que a restrição de liberdade a ser imposta deve ser analisada caso a caso. 3. Princípio da precariedade A prisão processual é sempre precária em razão do princípio da presunção de inocência, que não admite a antecipação do cumprimentode pena privativa de liberdade antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória, pois tal antecipação representaria uma inversão de valores. 4. Princípio da subsidiariedade A prisão processual deve ter caráter subsidiário em relação às outras medidas que não restrinjam a liberdade, ou seja, só deve ser utilizada em último caso. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 8 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo Analisando o novo texto do Código de Processo Penal é possível perceber que as alterações começam no próprio texto do Título IX que deixou de tratar apenas da prisão e da liberdade provisória e passou a abordar, expressamente, as medidas cautelares. A partir da nova redação e tendo por base os princípios que acabamos de analisar, podemos perceber que a nova redação do art. 282 vem reafirmar o binômio “necessidade X adequação”. Assim, sem o preenchimento dos dois requisitos, nenhuma medida cautelar, incluindo a prisão, pode ser decretada pelo juiz. Observe o texto legal: Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. Do exposto, podemos esquematizar: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 9 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo 5.1.3 MOMENTO DA PRISÃO Sobre o tema, dispõe o parágrafo 2º do art. 283 do CPP: Art. 283. [...] § 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. Perceba que o supracitado artigo trata das restrições à inviolabilidade de domicílio que possuem base constitucional. Observe: Art. 5º[...] XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Sendo assim, podemos resumir que o agente que praticou uma infração penal poderá ser preso dentro de casa, desde que se encontre numas das seguintes situações: EM FLAGRANTE DELITO; DURANTE O DIA COM ORDEM JUDICIAL (PODENDO ATÉ OCORRER O ARROMBAMENTO DAS PORTAS DA CASA); Assim, caro concurseiro, se na sua prova aparecer que, salvo flagrante delito, o indivíduo nunca poderá ser preso em sua casa durante a noite, está correto? É claro que NÃO, pois temos uma terceira situação que completa as citadas acima: DURANTE A NOITE, DESDE QUE COM ORDEM JUDICIAL E CONSENTIMENTO DO MORADOR. Mas e se os policiais chegarem no período noturno e não tiverem esse consentimento, o que fazer? Deve-se aguardar até o dia amanhecer, cuidando o executor da prisão de determinar o cerco da casa para que, de posse da ordem judicial, possa ingressar na casa (art. 293, CPP). Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 10 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão. 5.1.4 EMPREGO DE FORÇA E USO DAS ALGEMAS Sobre o tema, o CPP preceitua: Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso. Sendo assim, o emprego de força é medida de caráter excepcional, devendo ser limitada àquilo que for indispensável para vencer a resistência ativa do preso ou sua tentativa de fuga, conforme dispõe o CPP. Apesar de o texto legal silenciar, admite-se o emprego de força, ainda, para impedir a ação de terceiros que tentem impedir a prisão do agente, desde que não haja abuso. Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas. Tema que tem gerado muita discussão é com relação ao uso de algemas. Depois de anular um julgamento do Tribunal do Júri da Comarca de Laranjal Paulista (SP), por ter havido abuso na utilização de algemas (HC OBSERVAÇÃO: O Código Eleitoral determina outro momento da prisão do eleitor e do candidato. O eleitor possui alguns benefícios, a saber: desde os cinco dias antes da eleição e até 48 horas depois, não poderá ser preso, salvo em caso de flagrante, sentença condenatória por crime inafiançável e desrespeito a salvo conduto (art. 236, CE). Por sua vez, os candidatos, nos 15 dias anteriores à eleição, só poderão ser presos em caso de flagrante delito. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 11 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo 91.952-SP, rel. Min. Marco Aurélio, j. 07.08.08), o STF editou a Súmula Vinculante 11, com o seguinte teor: "Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou deterceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado". Diante do exposto, podemos resumir que o uso das algemas só pode ocorrer em caráter excepcional e devidamente fundamentado, conforme discorre a súmula 11. O citado texto do STF elenca as seguintes hipóteses: RESISTÊNCIA DO PRESO; FUNDADO RECEIO DE FUGA; FUNDADO RECEIO DE PERIGO À INTEGRIDADE FÍSICA PRÓPRIA OU ALHEIA. 5.1.5 MANDADO DE PRISÃO O CPP, nos artigos 285 e seguintes, trata do mandado de prisão. Observe o texto legal: Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado. Parágrafo único. O mandado de prisão: a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade; b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos; c) mencionará a infração penal que motivar a prisão; d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração; e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução. Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o executor entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exemplares com declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 12 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo deverá o preso passar recibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o fato será mencionado em declaração, assinada por duas testemunhas. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado (art. 287). Podemos esquematizar: ESCRIVÃO JUIZ IDENTIFICAÇÃO DO PRESO UMA VIA É ENTREGUE AO PRESO TIPIFICAÇÃO CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 13 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo Assim, podemos dizer que, como regra, toda prisão necessita de ordem judicial por escrito, salvo algumas exceções: 1 - INFRAÇÕES INAFIANÇÁVEIS O artigo 287 do CPP ensina que: Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado. No caso em tela, existe a ordem, mas quem executa a prisão não possui o documento em mãos. 2 - RECAPTURA DE RÉU EVADIDO Situação prevista no artigo 684 do CPP: Art. 684. A recaptura do réu evadido não depende de prévia ordem judicial e poderá ser efetuada por qualquer pessoa. 3 - PRISÃO EM FLAGRANTE – Situação que tratamos em nossa aula demonstrativa. Encontra base no comando 301 do CPP. OBSERVAÇÕES: 1 - A chamada prisão para averiguação, que já ocorreu em nosso país, é ilegal, ninguém podendo ser recolhido ao cárcere para ter sua situação esclarecida. 2 - A prisão do ébrio (pessoa alcoólatra) não está inserida em nenhum comando legal, entretanto, pode ser admitida, desde que comprovada que era a única forma de preservar a saúde do próprio ébrio e de terceiros. 3 - Importante mencionar que se o sujeito resiste à prisão antes da apresentação do mandado de prisão, comete crime de resistência; já se resiste após a apresentação da ordem, comete o crime de desobediência. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 14 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo 5.1.6 PRISÃO ESPECIAL Apesar do art. 5° da Constituição da República consagrar o princípio da igualdade, estabelecendo que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", o Código de Processo Penal e a legislação extravagante conferem a certas pessoas o direito à prisão especial, ou seja, o "privilégio" de ficar preso em cela ou estabelecimento penal ou não, diverso do cárcere comum, até o julgamento final ou o trânsito em julgado da decisão penal condenatória. A prisão especial é concedida às pessoas que, pela relevância do cargo, função, emprego ou atividade desempenhada na sociedade nacional, regional ou local, ou pelo grau de instrução, estão sujeitas à prisão cautelar, decorrente de infração penal. Abrange autoridades civis e militares dos três poderes da República. Pode ser relacionada com a natureza do crime, a qualidade da pessoa e a fase do processo. A Lei n.° 5.256/67, diante da realidade nacional, determina que o juiz, considerando a gravidade das circunstâncias do crime e ouvido o representante do Ministério Público, autorize a prisão domiciliar do réu ou indiciado (acusado) nas localidades em que não houver estabelecimento prisional adequado ao recolhimento dos beneficiários da prisão especial. O benefício penal visa oferecer um tratamento mais humano ao indiciado ou réu que, pelas "qualidades morais e sociais", merece melhor tratamento e, também, pelas conseqüências graves e irreparáveis que a convivência desordenada com presos perigosos poderia lhe causar. Sobre o tema, trata o CPP: Art. 295 - Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: I - os ministros de Estado; II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembléias Legislativas dos Estados; IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito"; V - os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; V - os oficiais das Forças Armadas e do Corpo de Bombeiros; CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 15Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo VI - os magistrados; VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; VIII - os ministros de confissão religiosa; IX - os ministros do Tribunal de Contas; X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função; XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos. § 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da prisão comum. § 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento. § 3o A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana. § 4o O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum. § 5o Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for possível, serão recolhidos à prisão, em estabelecimentos militares, de acordo com os respectivos regulamentos. Resumindo, percebe-se que as pessoas elencadas nos artigos 295 e 296 do CPP têm direito à prisão especial. Não se trata de uma lista TAXATIVA, pois outras normas podem definir o cabimento da prisão especial em outros casos. É o que ocorre, por exemplo, com os advogados e membros do Ministério Público. “Mas professor... Quer dizer que eu tenho que “decorar” todos os indivíduos sujeitos à prisão especial?” Em minha opinião, não há essa necessidade. Não é típico das bancas a exigência deste tipo de conhecimento. Assim, basta uma leitura atenta a fim de que você ao menos tenha uma noção de quem está sujeito a esta regra. A prisão especial consiste no recolhimento do preso em quartéis (se houver local apropriado para este fim), em cela especial ou em cela comum, separada daqueles presos que não têm esse privilégio. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 16 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo Nos locais onde não houver cela separada ou especial, o preso poderá solicitar a prisão domiciliar, conforme reza o artigo 1º da lei 5.256/67. Há ainda que se destacar que, conforme demonstra o artigo 295, § 4º, do CPP, o preso especial não será transportado juntamente com o preso comum. Os demais direitos do preso especial serão iguais ao do preso comum. Para finalizar, caro aluno, e o coitado do Presidente? Não vai ter prisão especial??? Claro que sim. A própria Carta Federal beneficia o Presidente da República. Este, quando submetido a julgamento por prática de infração penal comum, não estará sujeito à prisão, sendo preso apenas após a sentença penal condenatória proferida pelo Supremo Tribunal Federal (art. 85, § 3.°). Ao Chefe da Nação não se aplicam as prisões cautelares, devido ao alto cargo que ocupa; sua liberdade física é restringida após sentença penal condenatória. 5.2 PRISÃO PROVISÓRIA 5.2.1 PRISÃO EM FLAGRANTE Antes de adentrarmos nas particularidades desta forma de prisão é necessário conceituar o que é, na realidade, a prisão em flagrante. Quanto ao conceito jurídico, o saudoso Mirabete explica que a palavra flagrante, derivada do latim flagrare (queimar), é a qualidade do delito que esta sendo cometido e permite a prisão do seu autor. É o crime que ainda queima. A respeito, Pontes de Miranda já esclareceu que: “Flagrante delito é um conceito que se tira dos próprios fatos, pois significa encontrar-se alguém na prática de delito, ou em circunstâncias STF, Rcl 7.872/RJ, DJ 18.02.2009 Considerando a gravidade das circunstâncias do crime e ouvido o representante do Ministério Público, é possível que o juiz autorize a prisão domiciliar do réu ou indiciado (acusado) nas localidades em que não haja estabelecimento prisional adequado ao recolhimento dos beneficiários da prisão especial. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 17 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo tais que justifiquem afirmar-se que estava a praticá-lo, ou no termo do ato delituoso, inclusive havendo fuga, se quem o cometeu ainda não conseguiu afastar de si as circunstâncias imediatas que importem convicção de ter sido o autor.” 5.2.1.1 ESPÉCIES DE FLAGRANTE FLAGRANTE PRÓPRIO (TAMBÉM CHAMADO DE PROPRIAMENTE DITO, REAL OU VERDADEIRO) Ocorre quando o agente está cometendo a infração ou acaba de cometê- la. Exemplo: Tício é flagrado por um policial no momento em que estuprava Mévia. Base legal: Art. 302, I e II. Observe: Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; FLAGRANTE IMPRÓPRIO (TAMBÉM CHAMADO DE IRREAL OU QUASE FLAGRANTE) O agente comete o ato ilícito e é perseguido, logo após, em situação que faça presumir ser o autor do delito. A expressão “logo após” compreende todo o espaço de tempo necessário para a polícia chegar ao local, colher as provas elucidativas da ocorrência do delito e dar início à perseguição do autor. Não tem qualquer fundamento a regra popular de vinte e quatro horas de prazo entre a hora do crime e a prisão em flagrante, pois, no caso do flagrante impróprio, a perseguição pode levar até dias, desde que ininterrupta. Atualmente, a doutrina e jurisprudência dominante entendem que não se exige que a perseguição esteja ocorrendo com a percepção visual do agente, pois não é este o sentido da lei. Por perseguição ininterrupta entendem-se as constantes diligências, CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 18 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo sem longos intervalos, realizadas pela autoridade competente afim de localizar e prender o criminoso. Observe o julgado: Para exemplificar, observe este interessante julgado: Base Legal: Art. 302, III do CPP: III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; A perseguição ininterrupta do agente, por policiais, logo após haverem sido informados da prática delitiva, configura flagrante impróprio, sendo irrelevante se a prisão ocorreu horas após a ocorrência do fato criminoso –(HC175207 – TJAP) Ementa: Processo Penal - Habeas Corpus - Prisão em Flagrante - Tráfico Internacional de Entorpecentes - Ausência de Ilegalidade - Impossibilidade de Análise de Provas– Ordem Denegada. 1. Paciente preso em flagrante delito pela prática de tráfico internacional de entorpecentes. 2. Inexistência de ilegalidade na prisão em flagrante do paciente à luz do disposto no artigo 302, inciso III, do Código de Processo Penal, bem como da decisão judicial que negou o seu relaxamento. Isto porque um dos co-réus foi preso em flagrante delito no Aeroporto Internacional de Guarulhos no momento em que trazia consigo cocaína para fins de comércio exterior, delito este que praticava em unidade de desígnios com o paciente que lhe forneceu a droga. Na seqüência, este co-réu indicou aos policiais dados para a localização do paciente, o qual foi imediatamente localizado e também preso. Embora o paciente não tenha sido preso trazendo consigo substância entorpecente, o elemento subjetivo que o unia ao co-réu e a um outro agente que embarcaria com droga para o exterior no dia seguinte, que já estava em seu poder, permite a configuração do flagrante impróprio ou imperfeito. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 19 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo FLAGRANTE PRESUMIDO (TAMBÉM CHAMADO DE FICTO OU ASSIMILADO) O Agente é preso com objetos que façam presumir ser ele o autor da infração. É importante ficar claro que aqui não temos necessariamente perseguição, podendo a descoberta ser casual logo depois do indivíduo ter cometido o delito. Exemplo: Tício mata Mévia, coloca o corpo no porta-malas e vai em direção a um rio para “desovar o cadáver”. No caminho é parado em uma blitz e o policial, ao perceber marcas de sangue na camisa de Tício, exige que ele abra o porta-malas encontrando o corpo de Mévia. Base legal: Art. 302, IV do CPP: IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. FLAGRANTE COMPULSÓRIO OU OBRIGATÓRIO X FLAGRANTE FACULTATIVO Caro aluno (a), imagine que você resolveu conhecer a famosa Rua 25 de março em São Paulo e, ao chegar ao local, POR ACASO, tinha gente vendendo DVD pirata. Indignado com aquela situação, você resolve dar voz de prisão aos criminosos. Você pode fazer isto? A resposta é que você já pode fazer isto, com base no Código de Processo Penal. Observe: Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. Mas ainda dentro da supracitada situação, você é OBRIGADO a dar voz de prisão? CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 20 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo Agora a resposta é NEGATIVA, pois o início do Art. 301 diz que qualquer do povo PODERÁ prender em flagrante. Assim, devido à existência da possibilidade e não da obrigatoriedade, damos o nome de FLAGRANTE FACULTATIVO. Diferente situação é a do policial no exercício de suas funções que verifica a ocorrência de um crime. Neste caso, ele não poderá valorar se quer ou não prender e, exatamente por isto, este tipo de prisão em flagrante recebe o nome de FLAGRANTE COMPULSÓRIO. FLAGRANTE PREPARADO OU PROVOCADO (TAMBÉM CHAMADO DE DELITO DE ENSAIO, DELITO DE EXPERIÊNCIA OU DELITO PUTATIVO POR OBRA DO AGENTE PROVOCADOR) Aqui vai mais uma situação para você pensar: Imagine que, após a aprovação, você resolve abrir uma loja de doces e contrata um empregado. Desconfiado de que ele está subtraindo valores do caixa você, ao chegar ao trabalho, mostra para ele uma quantia enorme de dinheiro, coloca em uma mesa e fica escondido em uma sala, com sua turma toda do curso de formação aguardando e espiando tudo em uma câmera. Ao apropriar-se do dinheiro você sai da sala e diz: “AHAAAA!!! VOCÊ ESTÁ PRESO”. Pergunta: Qual será a reação do Funcionário? Resposta: No mínimo ele vai começar a rir e lhe mostrará a súmula 145 do STF que diz: Súmula nº 145: "Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a consumação." Assim, em fatos em que o agente de certa forma é instigado a praticar crime em relação ao qual ainda não tinha praticado qualquer ato de execução e, devido à vigilância, há impossibilidade absoluta de concretização, temos o chamado FLAGRANTE PREPARADO que, por estar relacionado com o dito crime impossível, não terá efeitos práticos. FLAGRANTE ESPERADO A polícia recebe uma ligação dizendo que uma grande quantidade de drogas será entregue para uma facção criminosa. Diante da informação, sem qualquer CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 21 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo Determinada organização criminosa voltada para a prática do tráfico de armas de fogo esperava um grande carregamento de armas para dia e local previamente determinados. Durante a investigação policial dessa organização criminosa, a autoridade policial recebeu informações seguras de que parte do bando estava reunida em um bar e receberia o dinheiro com o qual pagaria o carregamento das armas, repassando, ainda no local, grande quantidade de droga em troca do dinheiro. Mantido o local sob observação, decidiu a autoridade policial retardar a prisão dos integrantes que estavam no bar de posse da droga, para que os policiais pudessem segui-los, identificar o fornecedor das armas e, enfim, prendê-los em flagrante. Nessa situação, não obstante as regras previstas no Código de Processo Penal, são válidas as diligências policiais e aseventuais prisões, em face da denominada ação controlada, prevista na lei do crime organizado. (CERTO/ERRADO) forma de instigação, os policiais ficam escondidos no local aguardando a chegada do caminhão com o material ilícito. Quando avistam as drogas, saem do esconderijo e prendem os traficantes. Neste caso, temos o flagrante esperado que é perfeitamente válido, não podendo ser confundido com o flagrante preparado no qual ocorre induzimento a um delito. FLAGRANTE PRORROGADO, RETARDADO OU DIFERIDO Consiste na possibilidade de a polícia não efetuar a prisão logo que verifica o delito, mas aguardar ações posteriores visando obter maiores informações sobre a ação dos criminosos e prendê-los em maior quantidade ou de maneira mais efetiva. Tal tipo de flagrante só é aceito nas situações expressamente previstas em nosso ordenamento jurídico. Para ficar mais claro, vamos exemplificar através da seguinte questão exigida no concurso para PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, recentemente realizado. Observe: O inciso II do art. 2º da Lei 9.034/95 (crime organizado) prevê a ocorrência de uma "ação controlada" por parte da polícia quando da possível ação de organizações criminosas. Observe: Art. 2o Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: CAIU EM PROVA!!! CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 22 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo [...] II - a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações; (grifo nosso) Dispositivo semelhante encontramos na Lei 11.343/2006 (Lei de drogas): Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: [...] II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. (grifo nosso) Agora ficou fácil para você chegar à conclusão que a questão apresentada está CORRETA, pois a autoridade policial retarda a prisão a fim de identificar o fornecedor de armas e mantém os indivíduos que cometeram o delito inicial sob observação. FLAGRANTE FORJADO (TAMBÉM CHAMADO DE URDIDO, MAQUINADO OU FABRICADO) Neste caso, não há um fato típico, mas a autoridade policial simula uma situação. Exemplo: Em uma blitz, determinado policial joga um saco com drogas atrás do banco do carro e prende o motorista em flagrante. 5.2.1.2 FLAGRANTE EM CRIMES PERMANENTES E HABITUAIS CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 23 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo A partir de agora trataremos do flagrante nos crimes permanentes e habituais. Mas o que são essas espécies de delito? Para responder, vamos abrir o “dicionário do concurseiro: O Código Penal trata especificamente dos flagrantes nos crimes permanentes. Observe: Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. Assim, em um seqüestro, por exemplo, a qualquer momento, seja no primeiro dia ou no trigésimo, o agente poderá ser preso em flagrante. Problema surge ao tratarmos dos crimes habituais que são aqueles que não se consumam em um ato, exigindo uma sequência de ações. Neste delito, a prática de um ato apenas não seria típica: o conjunto de vários, praticados com habitualidade, é que configura o crime. Quanto a este ponto, para sua PROVA, não importa nem tanto o significado de crime habitual e muito menos divergências doutrinárias. O que você precisa saber é o entendimento do STF segundo o qual : CCAABBEE PPRRIISSÃÃOO EEMM FFLLAAGGRRAANNTTEE PPAARRAA OOSS CCRRIIMMEESS HHAABBIITTUUAAIISS SSEE FFOORREEMM RREECCOOLLHHIIDDAASS PPRROOVVAASS DDAA HHAABBIITTUUAALLIIDDAADDEE.. 1.1.3 PROCEDIMENTOS Após a prisão em flagrante, o Código de Processo Penal define uma série de procedimentos que devem ser seguidos para que esta seja DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO Crime permanente Ocorre quando a consumação do crime se prolonga no tempo, dependente da ação do sujeito ativo e o bem jurídico é agredido continuamente. Ex: Sequestro e cárcere privado. Crime habitual Quando se fala em crime habitual, estamos diante de um crime profissional, que é a reiteração ou habitualidade da mesma conduta reprovável, ilícita, de forma a constituir um estilo ou hábito de vida, é o caso do crime de curandeirismo, quando o agente pratica as ações com intenção de lucro. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 24 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo considerada válida. Esta “lista” de itens a serem cumpridos tem início do Art. 304 do CPP que dispõe: Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005) Segundo o supracitado artigo, ao ser apresentado o preso serão seguidos os seguintes passos: 1 – Oitiva do condutor, confecção do termo com o que foi dito, assinatura (do termo pelo condutor), entrega da cópia do termo (ao condutor) e o recibo de entrega do preso; Esta alteração inserida pela lei nº 11.113 de 2005 no início do Art.304 visou evitar que o condutor, que na maioria das vezes é um policial, fique afastado de suas funções durante um longo período de tempo, aguardando todo o procedimento. Assim, na atual redação do CPP, após a oitiva, confecção do termo, assinatura e confecção do recibo de entrega do preso, ele já será liberado para voltar ao exercício de suas funções. 2 – Oitiva das testemunhas, redução a termo e assinatura; 3 – Interrogatório do acusado, redução a termo e assinatura; 4 – Lavratura do auto de prisão em flagrante. Aqui cabem duas importantes ressalvas: A primeira é com relação ao início do Art. 304 que diz “APRESENTADO (por alguém) O PRESO À AUTORIDADE”. Exatamente devido ao texto escrito pelo legislador, entende-se NÃO ser cabível a prisão em flagrante no caso de APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA, vale dizer, aquela em que o próprio sujeito apresenta-se voluntariamente perante a autoridade policial. A segunda ressalva é que quando conduzido o preso deverá ser apresentado à autoridade no lugar em que foi efetuada a prisão ou, caso não seja possível, será apresentado à do local mais próximo. Observe: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 25 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais próximo. Após esta fase inicial, a autoridade policial já estará em condições de decidir pelo cabimento ou não da efetivação da prisão. Esta decisão pode acarretar as seguintes consequências: 1–Liberação do conduzido, sem que este assuma qualquer obrigação. (Livrar-se solto). Observe que aqui ele é liberado DEPOIS de lavrado o auto de prisão, conforme dispõe o CPP: Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante. 2–Liberação do conduzido mediante o pagamento de fiança (quando a lei permitir); 3–Prisão do conduzido. Sobre essas consequências discorre o CPP no Art. 304: § 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja. Agora pensemos em uma infração que só foi vista pela autoridade policial, ou seja, faltam testemunhas da infração. Neste caso, poderá ser lavrado o auto de prisão? Claro que sim, pois a palavra do agente público goza de presunção relativa de legalidade e legitimidade. Desta forma, a inexistência de testemunhas da infração poderá ser suprida pela assinatura de duas testemunhas que hajam presenciado a APRESENTAÇÃO do preso. Observe o CPP: § 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 26 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade. E no caso de o acusado se recusar a assinar o auto? Também nenhum problema, pois a falta poderá ser suprida pela assinatura de duas testemunhas que tenham OUVIDO a leitura na presença do conduzido. Atenção que a única exigência do CPP é que as testemunhas tenham presenciado a leitura do auto para o acusado e mais nada. Veja: § 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005) Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o compromisso legal. (grifo nosso) Então, concurseiros de todo Brasil, o auto de prisão em flagrante foi lavrado. E agora? Agora, alguns procedimentos deverão ser tomados pela autoridade policial. Neste sentido, dispõe o CPP: Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). O caput do art. 306 nada mais é do que reprodução literal do comando constitucional inserto no art. 5.º, LXII, da Constituição Federal (CF), o qual contém duas garantias individuais: (A) A PRISÃO DE QUALQUER PESSOA E O LOCAL ONDE SE ENCONTRE SERÃO COMUNICADOS IMEDIATAMENTE AO JUIZ; CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 27 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo (B) A PRISÃO DE QUALQUER PESSOA E O LOCAL ONDE SE ENCONTRE SERÃO COMUNICADOS IMEDIATAMENTE À FAMÍLIA DO PRESO OU À PESSOA POR ELE INDICADA. Buscando dar máxima aplicabilidade ao preceito constitucional contido na primeira parte do art. 5.º, LXII, da CF, impôs a Lei nº. 12.403/2011 que a autoridade policial, dentro de 24 horas depois da prisão, encaminhe ao Juiz competente o auto de prisão em flagrante. Veja §§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. A redação da nova lei suprimiu a expressão “acompanhado de todas as oitivas colhidas” constante no parágrafo 1º da redação anterior. O objetivo foi o de dar maior celeridade de comunicação da prisão em flagrante à autoridade competente, uma vez que, para tanto, não haverá necessidade de que a referida comunicação contenha as oitivas colhidas, e cumprir a lei com maior eficiência, atendendo, fielmente, ao prazo de 24 horas para a comunicação da prisão. Ainda dento das formalidades, tratou o CPP de definir que também no prazo de 24 horas será entregue ao preso a chamada nota de culpa. Tal entrega é uma formalidade essencial, ou seja, o seu não cumprimento enseja o relaxamento da prisão em flagrante. Nessa nota, a autoridade policial dá ciência ao preso dos motivos pelos quais ele foi preso, do nome do condutor que o trouxe à delegacia bem como do nome das testemunhas. Entreguea nota, deverá o preso passar um recibo para a autoridade policial. Caso o indiciado não queira, não possa ou não saiba assinar, a autoridade policial providenciará para que duas testemunhas assinem em seu lugar. § 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). AATTEENNÇÇÃÃOO CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 28 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo A definição de um prazo de 24 horas para a comunicação ao Juiz visou propiciar ao preso a garantia de que a autoridade judiciária terá rápido acesso ao auto de prisão em flagrante, possibilitando, com isso, o imediato relaxamento da prisão, se ilegal, tal como determina o art. 5.º, LXV, da CF. Impede-se, dessa maneira, que o indivíduo seja mantido no cárcere indevidamente. Além do relaxamento, outras medidas poderão ser adotadas pelo magistrado, conforme define a nova redação do art. 310 do Código de Processo Penal. Veja: Podemos resumir: 1–Liberação do conduzido, sem que este assuma qualquer obrigação. (Livrar-se solto). Observe que, obviamente, ele é liberado DEPOIS de lavrado o auto de prisão, conforme dispõe o CPP: Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante. 2– Decretação da prisão preventiva em última instância e após a análise da inadequação de uma medida cautelar mais branda. 3 - Liberação do conduzido mediante o pagamento de fiança (a fiança passou a ser um ato discricionário do juiz competente, que decidirá pela sua aplicação diante do caso concreto e fundamentadamente). 4 – Liberdade provisória sem fiança nos crimes de possível aplicação de excludentes de ilicitude. Se o juiz reconhecer hipóteses de excludente de ilicitude, poderá conceder ao acusado o benefício da liberdade provisória mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais. Observe o texto legal (art. 310, parágrafo único): Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 29 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). A expressa definição de um determinado prazo pelo Código de Processo Penal faz surgir uma importante dúvida: Será que o desrespeito à formalidade de entrega do auto de prisão em flagrante no prazo de 24 horas à autoridade competente implicaria no relaxamento da prisão, tal como ocorre com a ausência da entrega da nota de culpa? O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu no sentido da manutenção da prisão: “Não constitui irregularidade apta a anular o auto de prisão a comunicação tardia feita à família do paciente quando de sua prisão em flagrante.” (STJ, RHC 10220/SP, rel. Min. GILSON DIPP, 2001). Da mesma já se pronunciou o STF: Processo Penal. Flagrante. Demora na comunicação, ao Juiz, de prisão em flagrante. Não anula o flagrante a falta de comunicação da prisão em flagrante, podendo implicar na responsabilidade de autoridade policial. (RHC) Finalizando, diante do exposto, podemos afirmar que normalmente o procedimento policial da prisão em flagrante desenvolve-se em dois momentos, ou etapas, conforme indicado: Primeiro a constatação da prática de infração penal no estado de flagrante delito, oportunidade em que o responsável pela prisão- captura dá a voz de prisão para então conduzir o preso, juntamente com as testemunhas e ofendido (logicamente, se pessoa física diversa de si próprio), até a presença da autoridade competente para a autuação, ou seja, para a lavratura do auto de prisão em flagrante. A etapa da formalização constituirá o segundo momento do procedimento, ocasião em que o presidente do auto confirmará a voz de prisão já proferida. A exceção fica por conta da hipótese prevista no art. 307 do CPP e, simetricamente, no art. 249 do CPPM (esfera penal militar) em que a própria autoridade que tem competência para autuar presencia, no exercício de suas funções, a prática de infração penal - que pode inclusive ser contra ela praticada -, circunstância que o habilita a dar a voz de prisão e, incontinente, presidir o auto de prisão sem a figura do CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 30 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo condutor, em um procedimento caracterizado pela concentração de atos e pela declaração de vontade de apenas um órgão. Vamos esquematizar o procedimento: PRISÃO EM FLAGRANTE APRESENTAÇÃO DO PRESO OITIVA DO CONDUTOR OITIVA DAS TESTEMUNHAS INTERROGATÓRIO DO ACUSADO ASSINATURA DO CONDUTOR + RECIBO DE ENTREGA SE NÃO HOUVER, ASSINAM DUAS PESSOAS QUE PRESENCIARAM A APRESENTAÇÃO DO PRESO LIBERAÇÃO SEM RESPONSABILIDADES (LIVRAR-SE SOLTO) LIBERAÇÃO (FIANÇA) RECOLHIMENTO À PRISÃO COMUNICAÇÃO IMEDIATA À FAMÍLIA E AO JUIZ ENVIO DO AUTO PARA O MAGISTRADO (SEM A NECESSIDADE DAS OITIVAS) ENTREGA DA NOTA DE CULPA (MOTIVO / CONDUTOR / TESTEMUNHAS)NÃO ENVIO MANTÉM A PRISÃO E PUNE A AUTORIDADE NÃO ENTREGA RELAXA A PRISÃO CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 31 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo 5.2.2 PRISÃO PREVENTIVA O ilustre Fernando Capez conceitua prisão preventiva como a “Prisão cautelar de natureza processual decretada pelo juiz durante o inquérito policial ou processo criminal, antes do trânsito em julgado, sempre que estiverem preenchidos os requisitos legais e ocorrerem os motivos autorizadores.” O CPP não define um prazo exato para a prisão preventiva, todavia os Tribunais têm interpretado o tema da seguinte forma: A prisão preventiva pode ser decretada tanto durante o inquérito quanto já na fase judicial. A nova redação do art. 311 do CPP ampliou o momento para a decretação da prisão preventiva, podendo, atualmente ser decretada em qualquer momento anterior ao trânsito em julgado. Veja: Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Entretanto, por se tratar de uma medida excepcional, o CPP, visando dar garantias à sociedade, definiu no art. 312 as hipóteses em que este tipo de prisão poderá ser decretada. Observe: Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). STF, HC 86.104/SE, DJ 23.03.2007 A excepcionalidade maior da prisão preventiva direciona à observação rígida dos prazos processuais. Extravasados, impõe reconhecer a ilicitude da custódia, afastando-a. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 32 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo Visto o art. 312, pela sua importância vamos esquematizar as hipóteses para facilitar a sua memorização: HIPÓTESES DE DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA 01 GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA GRAVIDADE DA INFRAÇÃO + REPERCUSSÃO SOCIAL (Permanência do acusado em liberdade, pela sua alta periculosidade, gera uma intranqüilidade social em razão do receio que ele volte a cometer crimes) 02 GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA CRIMES DO COLARINHO BRANCO 03 CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL (Visa impedir que o indivíduo destrua provas, alicie testemunhas, enfim, cometa atos que possam prejudicar as investigações) 04 ASSEGURAR APLICAÇÃO DA LEI PENAL (Neste item estamos tratando da possibilidade de fuga do agente. Quanto a este item, será verificado se o indivíduo tem residência fixa, trabalho ou qualquer outro aspecto que possa presumir que este não se evadirá) CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 33 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo Além das supracitadas hipóteses, que já constavam no regramento anterior, a lei nº 12.403/2011 veio inserir mais uma hipótese de cabimento. Observe o parágrafo único do art. 312 do CPP: Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Para entender este supra dispositivo, devemos rememorar o início da aula, quando vimos que, de acordo com o novo regramento, a prisão deverá ser a última instância e ser aplicada apenas quando não for possível a utilização de outras medidas cautelares. O art. 319 do CPP, completamente inovado pela lei nº 12.403/2011, traz um extenso rol de medidas cautelares, diversas da prisão, que deverão ser obrigatoriamente consideradas antes de o juiz decretar a preventiva do acusado. São elas: 1) Comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; 2) Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; 3) Proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; 4) Proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; 5) Recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; 6) Suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; 7) Internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; 8) Fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; 9) Monitoração eletrônica. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 34 Direito Processual Penal – PRF Aula 05 – Prisão Prof. Pedro Ivo Assim, caso alguma das citadas medidas cautelares seja imposta e haja o descumprimento por parte do acusado, poderá ser decretada a prisão preventiva. Visando restringir mais ainda as supracitadas hipóteses, a lei nº
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