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DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO AULA 02 –AÇÃO PENAL Caros alunos de todo o Brasil, sejam bem-vindos a nossa segunda aula! Hoje veremos um tema importante e que é objeto de questionamento em praticamente todas as PROVAS do CESPE que exigem o conhecimento do Direito Processual Penal: A ação Penal. É um assunto interessante e que constantemente lemos nos jornais e escutamos falar nos telejornais... O problema é que muitas vezes tal tema é tratado de uma maneira incorreta e esses erros acabam ficando na cabeça. Para uma correta compreensão do assunto, você precisa ter uma boa noção do que é o inquérito policial. Assim, apresentarei uma brevííííííssima revisão sobre o inquérito para, depois, ingressarmos nas ações penais. Dito isto, vamos ao que interessa? Bons estudos!!! ***************************************************************** 1.1 INQUÉRITO POLICIAL: CONCEITO Constantemente vemos na sociedade fatos que são claramente infrações penais, entretanto não é possível, de pronto, a determinação da autoria e a configuração correta do delito. Assim, surge no ordenamento jurídico, mais precisamente no Código de Processo Penal (CPP), a figura do inquérito policial, um PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO que tem por finalidade o levantamento de informações a fim de servir de base à ação penal ou às providências cautelares. Conforme lição do saudoso Prof. Mirabete, o “inquérito policial é todo procedimento policial destinado a reunir os elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e de sua autoria. Trata-se de uma instrução provisória, preparatória, informativa em que se colhem elementos por vezes difíceis de obter na instrução judiciária...“. Regra geral, os inquéritos são realizados pela Polícia Judiciária (Polícias Civis e Polícia Federal) e são presididos por delegados de carreira, entretanto o art. 4º, parágrafo único, do Código de Processo Penal deixa claro que existem outras formas de investigação criminal como, por exemplo, as investigações efetuadas pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) e o inquérito realizado por DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 2 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO autoridades militares para apurar infrações de competência da Justiça Militar (IPM). Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. (grifo nosso) 1.2 O INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL O início do inquérito dependerá do tipo de AÇÃO PENAL. Sobre este tema, para a compreensão deste tópico, faz-se necessário apresentar alguns breves apontamentos sobre a ação penal, nosso objeto principal da aula de hoje. Posteriormente, aprofundaremos os conceitos. 1.2.1 ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL No nosso país as ações penais são divididas em dois grandes grupos: 1. AÇÃO PENAL PÚBLICA 2. AÇÃO PENAL PRIVADA Essa divisão atende a razões de exclusiva política criminal e é isso que entenderemos agora através de exemplos. Imaginemos que um indivíduo comete um homicídio. Este delito, obviamente, importa sobremaneira a toda sociedade, pois, a partir de tal fato, fica claro que há um indivíduo no mínimo desequilibrado solto na sociedade. Desta forma, a ação recebe a classificação de PÚBLICA INCONDICIONADA e não depende de qualquer pedido ou condição para ser iniciada bastando o conhecimento do fato pelo Ministério Público. Pensemos agora em outra situação em que uma mulher chega para um homem e diz que ele é “mais feio que briga de foice no escuro”. Neste caso, temos claramente um crime contra a honra e eis a pergunta: O que este delito importa para a sociedade? DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 3 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Na verdade, ele fere a esfera íntima do indivíduo e, devido a isto, o Estado concede a possibilidade de o ofendido decidir se inicia ou não a ação penal, atribuindo a este a titularidade. Temos ai a AÇÃO PENAL PRIVADA. Em um meio termo entre a Pública Incondicionada e a Privada temos a PÚBLICA CONDICIONADA. Neste caso, o fato fere imediatamente a esfera íntima do indivíduo e mediatamente (secundariamente) o interesse geral. Desta forma, a lei atribui a titularidade da ação ao Estado, mas exige que este aguarde a manifestação do ofendido para que possa iniciar a ação. Tal fato ocorre, por exemplo, no delito de ameaça. É IMPORTANTE RESSALTAR QUE A REGRA GERAL É A AÇÃO PENAL PÚBLICA, SENDO A PRIVADA, A EXCEÇÃO. 1.2.1.1 AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA É a ação que pode ser iniciada logo que o titular para impetrá-la tiver conhecimento do fato, não necessitando de qualquer manifestação do ofendido. Exemplos de crimes perseguidos por ação pública incondicionada: roubo, corrupção, seqüestro. Sobre a titularidade para iniciar a ação dispõe o Código de Processo Penal: Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. (grifo nosso) Conforme o CPP a titularidade da ação pública incondicionada é do Ministério Público, podendo instaurar o processo criminal independente da manifestação de vontade de qualquer pessoa e até mesmo contra a vontade da vítima ou de seu representante legal. 1.2.1.2 AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 4 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO É a ação PÚBLICA cujo exercício está subordinado a uma condição. Essa condição tanto pode ser a demonstração de vontade do ofendido ou de seu representante legal (REPRESENTAÇÂO), como a REQUISIÇÃO do Ministro da Justiça. Neste tipo de ação, a TITULARIDADE, assim como na ação pública incondicionada, é do Ministério Público. São exemplos previstos no Código Penal: Perigo de contágio venéreo (art. 130), ameaça (art. 147), violação de correspondência comercial (art. 152), divulgação de segredo (art. 153), furto de coisa comum (art. 156), o estupro e o atentado violento ao pudor quando a vítima não tem dinheiro para financiar a ação privada (art. 225, §1º e 2º) etc. 1.2.1.3 AÇÃO PENAL PRIVADA Neste tipo de ação, o delito afronta tão intimamente o indivíduo que o ESTADO transfere a legitimidade ativa da ação para o ofendido. Perceba que nesta transferência de legitimidade reside a diferença fundamental entre a ação penal PÚBLICA E PRIVADA. Neste tipo de ação o Estado visa impedir que o escândalo do processo provoque um mal maior que a impunidade de quem cometeu o crime.Exemplo de crime perseguido por ação privada: todos os crimes contra a honra (calúnia, injúria, difamação - Capítulo V do Código Penal), exceto em lesão corporal provocada por violência injuriosa (art. 145). 1.2.2 FORMAS DE INICIAR O INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA (CPP, art. 5º, I e II, §§ 1º, 2º e 3º) DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 5 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO 1- Portaria da autoridade policial de ofício, mediante simples notícia do crime. Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; 2- Requisição do Ministério Público Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: [...] II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público 3- Requisição do juiz de Direito 4- Requerimento de qualquer pessoa do povo Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: II – [...] ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; OBSERVAÇÃO IMPORTANTE A REQUISIÇÃO DO JUIZ E DO MINISTÉRIO PÚBLICO POSSUI CONOTAÇÃO DE EXIGÊNCIA, DETERMINAÇÃO. DESTA FORMA, NÃO PODERÁ SER DESCUMPRIDA PELA AUTORIDADE POLICIAL. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 6 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. (grifo nosso) Neste caso a autoridade policial não precisa “cumprir” o que é solicitado pelo indivíduo caso entenda descabido o requerimento. Entretanto, a fim de dar garantias ao solicitante e impedir indeferimentos arbitrários, preceitua o parágrafo 2º do art. 5º do CPP: § 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. Mas quem é o chefe de polícia? Para a prova de vocês é o SECRETÁRIO DE SEGURANÇA PÚBLICA. 5- Auto de prisão em flagrante (APF) Apesar de não mencionado expressamente no artigo 5º o APF é forma inequívoca de instauração de inquérito policial, dispensando a portaria subscrita pelo delegado de polícia. 1.2.3 FORMAS DE INICIAR O INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA (CPP, art. 5º, § 4º) 1- Mediante RREEPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO do ofendido ou de seu representante legal Art. 5º[...] § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. Por representação, também conhecida como delatio criminis postulatória, compreende-se a manifestação pela qual a vítima ou seu representante legal autoriza o Estado a desenvolver as providências necessárias à investigação e apuração judicial nos crimes que a requerem. Nada impede que a representação esteja incorporada na comunicação de ocorrência policial e neste sentido já se manifestou, por diversas vezes, o STJ. 2- Mediante requisição do Ministro da Justiça. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 7 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça[...]. Existem alguns delitos que, por questões de política, necessitam da manifestação do Ministro da Justiça para que possam ser investigado. Como exemplo podemos citar os crimes cometidos por estrangeiro fora do País e os crimes contra a honra cometidos contra o Presidente da República. 3- Mediante requisição do Juiz ou do Ministério Público Desde que exista representação da vítima ou do Ministro da Justiça, dependendo do caso. 4- Auto de Prisão em Flagrante Desde que exista representação da vítima ou do Ministro da Justiça, dependendo do caso. 1.8.4 FORMAS DE INICIAR O INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA (CPP, art. 5º, § 5º) 5- Mediante requerimento escrito ou verbal, reduzido a termo neste último caso, do ofendido ou de seu representante legal. Art. 5º[...] § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 1- Mediante requisição do Juiz ou do Ministério Público Desde que exista requisição da vítima ou do representante legal. 2- Auto de Prisão em Flagrante Desde que exista requisição da vítima. Podemos resumir o tema da seguinte forma: DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 8 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA Ex officio pela autoridade policial, através de portaria; Requisição do Ministério Público ou Juiz; Requerimento de qualquer do povo, não importando a vontade da vítima; Auto de prisão em flagrante; Representação da vítima ou do representante legal; Requisição do ministro da justiça; Requisição do juiz ou ministério público, desde que acompanhada da representação da vítima ou da requisição do ministro da justiça; Auto de prisão em flagrante, desde que instruído com a representação da vítima. Requerimento do ofendido ou representante legal Requisição do Ministério Público ou Juiz, desde que acompanhada do requerimento do ofendido ou de seu representante legal; Auto de prisão em flagrante, desde que instruído com o requerimento da vítima ou do representante legal. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 9 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO 2.1 AÇÃO PENAL - INTRODUÇÃO Sabemos que no mundo onde vivemos existem determinados delitos que, por mais que pensemos, não conseguimos imaginar uma razão pelo menos compreensível. Imagine que existisse no Brasil alguém tão “doente” a ponto de jogar uma criança pela janela. Neste caso, se você pudesse escolher qualquer coisa, o que faria com este indivíduo?...Então, exatamente para evitar que, motivados por instintos próprios, fujamos do preceituado no ordenamento jurídico existente, existe a AÇÂO PENAL, através da qual o Estado será capaz de aplicar o direito penal, na mensuração cabível, ao caso concreto. 2.1.1 CONCEITO FERNANDO CAPEZ define ação penal comoo direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito objetivo a um caso concreto. Segundo o renomado autor é também o direito público subjetivo do Estado-Administração, único titular do poder-dever de punir, de pleitear ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo, com a conseqüente satisfação da pretensão punitiva. Diante do conceito apresentado, podemos dizer que a ação penal é: I) Um direito autônomo, pois não se confunde com o direito material que se pretende tutelar; II) Um direito abstrato, pois independe do resultado final do processo; III) Um direito subjetivo, pois o titular pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional; IV) Um direito público, pois a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública. 2.1.2 CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL Existem determinadas situações em que o direito de ação não pode ser exercido por não cumprir determinado requisito. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 10 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Só para exemplificar, imaginemos que um determinado indivíduo resolve dar início a uma ação penal exigindo a prisão de seu desafeto pelo fato de ele torcer para o Flamengo. É claro que nesta situação a ação não será possível, pois torcer para determinado time não é crime, certo? Assim, podemos citar as seguintes condições da ação: 1. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO; 2. INTERESSE DE AGIR; 3. LEGITIMAÇÃO PARA AGIR; 4. JUSTA CAUSA. Vamos analisá-las: POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO Para que haja a possibilidade do início da ação, faz-se necessário a caracterização da tipificação da conduta, ou seja, a demonstração de que o caso concreto se enquadra em um fato típico em abstrato (situação descrita no código penal). Assim, por exemplo, pode-se dar início a uma ação contra um indivíduo que matou alguém porque o código penal diz que MATAR ALGUÉM é fato típico. Diferentemente, não posso iniciar uma ação contra um indivíduo que usa camisa amarela pelo simples fato de eu não gostar da cor...a não ser que a camisa seja minha e ele a tenha furtado... INTERESSE DE AGIR Constitui a presença de elementos mínimos que sirvam de base para o Juiz concluir no sentido de que se trata de acusação factível. Imaginemos a seguinte situação: Mévio, paulista, tem um relacionamento de 04 anos com Tícia e é aprovado em um concurso, com previsão de trabalhar em Brasília. Tícia, com medo de perder seu amado, tenta complicar a admissão de Mévio oferecendo uma queixa completamente sem provas, alegando o delito de calúnia. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 11 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Neste caso o Juiz deverá rejeitar a inicial acusatória sob pena de caracterizar-se hipótese de constrangimento ilegal impugnável mediante habeas corpus. O interesse de agir encontra embasamento no código de processo penal: Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: [...] III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. LEGITIMAÇÃO PARA AGIR Em uma ação penal, devemos atentar para a legitimação ativa e passiva. No caso da ativa, estamos tratando da pessoa correta para dar início à ação penal, o que em nosso país, via de regra, é feito pelo Ministério Público e, em algumas hipóteses, pelo próprio ofendido (veremos isto mais na frente). No pólo passivo, estamos tratando de quem está sendo acusado, ou seja, do Réu. Imaginemos que Tício, no seu aniversário de 30 anos, resolve dizer para Mévio, 16 anos, que ele é mais feio que indigestão de torresmo. Mévio, inconformado com tal declaração, desfere golpes em Tício ocasionando lesões corporais. Tício tenta iniciar um processo penal comunicando ao Ministério Público as inúmeras lesões. Nesta situação, Mévio está protegido pelo art. 27 do CP e art. 228 da CF, sendo inimputável, ou seja, não podendo figurar no pólo passivo de um processo penal. JUSTA CAUSA Torna-se necessário ao regular exercício da ação penal a demonstração, prima face, de que a acusação não é temerária ou leviana, por isso que é lastreada em um mínimo de prova. Este suporte probatório mínimo se relaciona com indícios da autoria, existência material de uma conduta típica e alguma prova de sua antijuridicidade e culpabilidade. Podemos resumir o assunto da seguinte forma: DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 12 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO 2.1.3 ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL Quando tratamos do inquérito vimos que em no nosso país as ações penais são divididas em dois grandes grupos: 1. AÇÃO PENAL PÚBLICA Subdividida em Pública Incondicionada e Condicionada. 2. AÇÃO PENAL PRIVADA Subdividida em Exclusiva, Personalíssima e Subsidiária da Pública. AÇÃO PENAL PÚBLICA PRIVADA INCONDICIONADA CONDICIONADA EXCLUSIVA PERSONALÍSSIMA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 13 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Vamos agora tratar especificamente de cada forma de ação penal e veremos que a aplicabilidade de cada uma está relacionada com o quanto determinado delito importa para a sociedade. Desde já, cabe ressaltar que SEJA QUAL FOR O CRIME, QUANDO FOR PRATICADO EM DETRIMENTO DO PATRIMÔNIO OU INTERESSE DA UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS, AA AAÇÇÃÃOO PPEENNAALL SSEERRÁÁ PPÚÚBBLLIICCAA.. Vamos começar: 2.2 AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 2.2.1 CONCEITO É a ação que pode ser iniciada mediante DENÚNCIA, logo que o titular para impetrá-la tiver conhecimento do fato, não necessitando de qualquer manifestação do ofendido. É a forma de ação adotada em regra no Brasil. A denúncia nada mais é do que um documento no qual o promotor requere ao Juiz o início da ação penal para a apuração de determinado crime. Cabe ressaltar que qualquer omissão neste documento inicial pode ser sanada até a sentença. Exemplos de crimes perseguidos por ação pública incondicionada: roubo, corrupção, sequestro. 2.2.2 TITULARIDADE Dispõe o Código de Processo Penal: Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. (grifo nosso) Conforme o CPP, a titularidade da ação pública incondicionada é do Ministério Público, podendo este instaurar o processo criminal independente da DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 14 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO manifestação de vontade de qualquer pessoa e até mesmo contra a vontadeda vítima ou de seu representante legal. 2.2.3 PRINCÍPIOS DEPOIS DA AULA 00 MAIS PRINCÍPIOS??? Isto mesmo, mas agora trataremos de princípios específicos da ação penal pública incondicionada. Vamos conhecê-los: PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE Segundo este princípio, o titular da ação está obrigado a propô-la sempre que presente os requisitos necessários. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE Depois de oferecida a denúncia, o Ministério Público não pode desistir da ação. Tal preceito encontra base no CPP: Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. Apesar de o princípio da indisponibilidade ser considerado pela maioria da doutrina como um princípio da ação penal pública, sua aplicação encontra-se extremamente atenuada devido a exceções presentes no ordenamento jurídico. A maioria dessas exceções consta na Lei nº 9.099/95 que versa sobre os Juizados Especiais Criminais. Um exemplo é a possibilidade de transação penal em relação às infrações de menor potencial ofensivo, mesmo após o ajuizamento da denúncia. DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO TRANSAÇÃO PENAL É um "acordo" que o Ministério Público propõe ao infrator de que não será dada continuidade ao processo criminal, desde que ele cumpra determinadas condições impostas pelo Ministério Público (ex.: prestação de serviços à comunidade, pagamento de cestas básicas etc.). DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 15 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE A ação será promovida por órgão oficial (Ministério Público), independente de manifestação da vítima. PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA A ação penal é proposta apenas contra quem se imputa a prática da infração. Ainda que em decorrência de um crime, outra pessoa tenha a obrigação de reparar um dano, a ação penal não pode abarcá-la. A reparação deverá ser exigida na esfera cível. 2.3 AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 2.3.1 CONCEITO É a ação PÚBLICA cujo exercício está subordinado a uma condição. Essa condição tanto pode ser a demonstração de vontade do ofendido ou de seu representante legal (REPRESENTAÇÂO), como a REQUISIÇÃO do Ministro da Justiça, conforme veremos um pouco mais a frente. Neste tipo de ação, a TITULARIDADE, assim como na ação pública incondicionada, é do Ministério Público. São exemplos previstos no Código Penal: Perigo de contágio venéreo (art. 130), ameaça (art. 147), violação de correspondência comercial (art. 152), divulgação de segredo (art. 153), furto de coisa comum (art. 156) etc. 2.3.2 REPRESENTAÇÃO Para começarmos a entender este conceito, imaginemos a seguinte situação: Tícia, ao sair de casa para pegar sua correspondência, verifica que todas haviam sido violadas pelo porteiro do prédio. Atenção A Corte Maior entendeu que a ação em crimes de lesão corporal simples relacionados à Lei Maria da Penha deve ser de natureza incondicionada, uma vez que desta forma, o jus puniendi e a efetividade da prestação jurisdicional serão devidamente resguardados, pois a mulher muitas vezes abre mão de representar em virtude de represálias ou por achar que a questão está resolvida. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 16 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Conhecedora do Direito, ela diz ao porteiro que o processará pelo crime de violação de correspondência. Entretanto, após a ameaça de Tícia, o porteiro cita que viu fotos comprometedoras dentro dos envelopes. Será que neste caso será interessante para a ofendida o início da ação e a correspondente publicidade dos atos? E para os moradores do prédio, é interessante que o porteiro seja denunciado? Se você respondeu para a primeira indagação que NÂO e para a segunda que SIM, você está pensando da mesma forma que o legislador, pois este definiu o crime de violação de correspondência como de ação pública, devido ao fato de afrontar mediatamente a sociedade (moradores do prédio), mas CONDICIONADA à representação do ofendido, pois primordialmente, imediatamente, a esfera íntima da vítima esta sendo atacada. Após este exemplo, podemos conceituar que a representação é a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal a fim de permitir o desencadeamento da ação penal. Assim, no exemplo acima, se todos os moradores fossem comunicar o fato ao Ministério Público, nada poderia ser feito, pois a REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO é condição objetiva de procedibilidade, ou seja, o início da ação depende dela. FORMA DA REPRESENTAÇÃO: Dispõe sobre a forma da representação o Código de Processo Penal: Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. § 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a *** Na ação penal pública condicionada à representação, a representação do ofendido é condição objetiva de procedibilidade. GABARITO: CORRETA CAIU EM PROVA! DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 17 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida. (grifo nosso) O STF e o STJ têm entendido que não existe a necessidade de formalismo na representação, sendo suficiente a simples manifestação de vontade da vítima em processar o autor do fato. Tal demonstração de vontade de iniciar o processo deve conter todas as informações que possam servir ao esclarecimento da autoria e do fato: Art. 39 [...] § 2o A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria. TITULARES DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO Podemos classificar os titulares da seguinte forma: 1. OFENDIDO E MAIOR CAPAZ Sendo o indivíduo maior de 18 anos e capaz mentalmente, somente ele poderá decidir pelo exercício ou não do direito de representação. É importante ressaltar que o Art. 34 do CPP, devido às alterações introduzidas no Código Civil que equiparou a maioridade civil à maioridade penal (18 anos), tornou-se obsoleto. Observe: Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal. Não há forma rígida para a representação, bastando a manifestação de vontade da ofendida para que fosse apurada a responsabilidade do paciente (STJ, HC 48.692/SP, DJ 02.05.2006) DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 18 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO 2. REPRESENTANTE LEGAL Sendo o indivíduo menor de 18 anos ou mentalmente enfermo, o direito de representaçãoserá exercido pelo representante legal (pais, tutor, etc.). Mas e se o menor não possuir representante legal? Neste caso, será nomeado um curador pelo Juiz. Agora imaginemos a seguinte situação: Mévia, moça pobre, 15 anos, é estuprada pelo seu irmão de 22 anos. O estupro não deixa lesões da violência e a família (representante legal) não quer exercer o direito de representação para não prejudicar o irmão de Mévia. Neste caso, seria justo que Mévia tivesse que se submeter à vontade da família? É claro que não, e exatamente para estes casos existe o art. 33 do CPP que nos diz que para os casos em que houver colisão de interesses, será nomeado curador especial. Observe: Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal. 3. PESSOAS JURÍDICAS O CPP nos diz: Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. OBSERVAÇÕES: 1 – E se o ofendido for declarado morto ou ausente? Dispõe o CPP no seu Art. 24, § 1o que no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 19 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Segundo entendimento jurisprudencial, esta lista é TAXATIVA, ou seja, não pode ser ampliada. A única exceção a esta regra seria a figura da companheira ou companheiro que, atualmente, por força constitucional, se equipara ao cônjuge. Então, caro concurseiro, para efeito de prova temos os seguintes indivíduos podendo exercer o direito de representação no caso de morte ou ausência: 2 – E se comparecerem mais de um dos acima expostos para efetuar a representação? Neste caso, será seguida a ordem prevista no CPP, ou seja, a preferência é do cônjuge, depois dos ascendentes, seguidos dos descendentes e finalmente dos irmãos. Assim, finalizamos, relembrando (o que nunca é demais para quem está se preparando para um concurso): OFENDIDO MAIOR E CAPAZ REPRESENTANTE LEGAL PESSOAS JURÍDICAS ATENÇÃO! DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 20 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO OBS 01 : O DIREITO DE REPRESENTAÇÃO PODERÁ SER EXERCIDO, POR PROCURADOR COM PODERES ESPECIAIS, MEDIANTE DECLARAÇÃO, ESCRITA OU ORAL, FEITA AO JUIZ, AO ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, OU À AUTORIDADE POLICIAL. OBS 02: A REPRESENTAÇÃO FEITA ORALMENTE OU POR ESCRITO, SEM ASSINATURA DEVIDAMENTE AUTENTICADA DO OFENDIDO, DE SEU REPRESENTANTE LEGAL OU PROCURADOR, SERÁ REDUZIDA A TERMO, PERANTE O JUIZ OU AUTORIDADE POLICIAL, PRESENTE O ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, QUANDO A ESTE HOUVER SIDO DIRIGIDA. PRAZO PARA A REPRESENTAÇÃO Iniciaremos este tópico reproduzindo um dos artigos do CPP MAIS cobrados em PROVA: Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime[...]. Observe que o CPP nos traz um prazo decadencial de seis meses para que a representação possa ser feita, contado da data em que o autor do crime vier a ser conhecido. Agora pensemos no seguinte caso: Um delito cuja ação é pública condicionada à representação foi cometido contra um menor de 18 anos que se chama...adivinha....TÍCIO. TÍCIO fica envergonhado de contar o fato ao representante legal. Nesta situação, o prazo irá fluir? É claro que não, pois não se pode falar em decadência de um direito que não se pode exercer. Assim o prazo seria contado a partir do dia em que o menor completar 18 anos. Finalizando o exemplo, caso o representante legal tomasse conhecimento do autor e do fato, o prazo correria para este, mas não para nosso amigo Tício. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 21 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO DESTINATÁRIO Muitas pessoas, quando imaginam o ofendido exercendo o seu direito de representação, visualizam, unicamente, a relação indivíduo-policial. Exatamente por isso, MUITAS PESSOAS não são aprovadas em concurso e, nós, CONCURSEIROS, não fazemos parte deste grupo de MUITAS PESSOAS, pois sabemos que a representação pode ser dirigida não só ao policial, mas também ao: 1 – JUIZ; 2 – MINISTÉRIO PÚBLICO. Conforme preceituado no já tratado art. 39 do CPP Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao FIM DO PRAZO PARA A REPRESENTAÇÃO OBSERVAÇÃO O PRAZO DEFINIDO PARA A REPRESENTAÇÃO NÃO SE INTERROMPE, NÃO SE SUSPENDE E NÃO SE PRORROGA. ASSIM, CASO O PRAZO TERMINE EM UM FERIADO, NO SÁBADO OU NO DOMINGO, NÃO HÁ PRORROGAÇÃO PARA O DIA SEGUINTE. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 22 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. (grifo nosso) RETRATABILIDADE OU IRRETRATABILIDADE? Imaginemos que determinado indivíduo sofre uma ameaça e oferece uma representação. Dias depois fica sabendo que o causador do dano é, na verdade, um irmão que ele não conhecia (bem coisa de novela). Neste caso, ele vai poder se retratar, ou seja, retirar a representação? A resposta correta é: DEPENDE! Se a ação já tiver sido ajuizada, não há mais a possibilidade de retratação. Diferentemente, caso o MP ainda não tenha se pronunciado, o indivíduo poderá se retratar. Desta forma dispõe o CPP: Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. OBSERVAÇÂO: Existe uma grande divergência doutrinária com relação à possibilidade ou não da RETRATAÇÃO da RETRATAÇÃO. Este caso seria a situação do indivíduo que não sabe o que quer da vida, ou seja, ele comparece a um dos destinatários e representa. Depois retrata a representação, antes do início da ação. Dias depois aparece novamente e diz que se arrependeu e quer sim o processo, solicitando assim a retratação da retratação. Quanto à divergência doutrinária, não vou perder tempo, pois para a sua PROVA o que importa é que SIM, É POSSÍVEL A RETRATAÇÃO DA RETRATAÇÃO. OBSERVAÇÃO A REPRESENTAÇÃO DÁ-SE EM RELAÇÃO À CONDUTA PRATICADA, NÃO VINCULANDOO MINISTÉRIO PÚBLICO, QUE NÃO SÓ PODE SOLICITAR O ARQUIVAMENTO COMO TAMBÉM OFERECER DENÚNCIA ATRIBUINDO AO FATO DEFINIÇÃO JURÍDICA DIVERSA. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 23 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO NÃO VINCULAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO O Ministério Público não será obrigado a iniciar uma ação pelo simples fato do ofendido apresentar uma representação. O MP, conhecedor do Direito, analisará as informações e se posicionará pelo oferecimento ou não da denúncia. 2.3.3 REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA Segundo Tourinho Filho, “há certos crimes em que a conveniência da persecução penal está subordinada à conveniência política”. Exatamente para estes delitos, a lei exige a requisição do Ministro da Justiça para que seja possível a ação penal. São raras as hipóteses previstas em nosso ordenamento de crimes em que se exige a requisição ministerial para a deflagração da ação penal: 1. Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, § 3º, b, CP); 2. Crimes contra a honra cometidos contra o Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro (art. 141, I, c/c art. 145, parágrafo único, CP); 3. Crimes contra a honra praticados pela imprensa contra Chefe de Governo ou de Estado estrangeiro, ou seus representantes diplomáticos, ou Ministros de Estado (art. 40, I, a, c/c art. 23, I, ambos da Lei n. 5.250/67); 4. Crimes de injúria cometidos pela imprensa contra o Presidente da República, Presidente do Senado, Presidente da Câmara dos Deputados (art. 23, I, c/c art. 40, I, a, ambos da Lei n. 5.250/67); 5. Crimes contra a honra praticados por meio de imprensa contra os Ministros do Supremo Tribunal Federal, exceto seu Presidente em se tratando de calúnia ou difamação. Em se tratando de injúria contra o Presidente do STF também dependerá de requisição (art. 23, I, c/c art. 40, I, Lei n. 5.250/67). OOBBSSEERRVVAAÇÇÃÃOO:: OO SSuupprreemmoo TTrriibbuunnaall FFeeddeerraall ((SSTTFF)) ddeecciiddiiuu eemm 3300 ddee aabbrriill ddee 22000099,, ppoorr mmaaiioorriiaa,, rreevvooggaarr ttoottaallmmeennttee aa LLeeii ddee IImmpprreennssaa.. AAssssiimm,, aass ttrrêêss úúllttiimmaass hhiippóótteesseess ddeevveemm sseerr ddeessccaarrttaaddaass.. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 24 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO PRAZO DA REQUISIÇÃO O CPP não trata do assunto e, assim, entende-se que não existe um prazo determinado, podendo ser realizada a qualquer momento, desde que não extinta a punibilidade. DESTINATÁRIO É o MINISTÉRIO PÚBLICO. 2.4 AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVA 2.4.1 CONCEITO A partir de agora trataremos da ação penal privada e, neste tipo de ação, o delito afronta tão intimamente o indivíduo que o ESTADO transfere a legitimidade ativa da ação para o ofendido. Perceba que nesta transferência de legitimidade reside a diferença fundamental entre a ação penal PÚBLICA E PRIVADA. Neste tipo de ação o Estado visa impedir que o escândalo do processo provoque um mal maior que a impunidade de quem cometeu o crime. Obviamente que essa transferência da legitimidade ativa importa em custas processuais para o ofendido, pois cabe a ele conduzir a ação. Assim, a fim de evitar o cerceamento ao direito da vítima à ação penal, uma vez atestada sua pobreza pela autoridade policial ou por outros meios de prova, a ação penal passa a ser pública condicionada à representação, tendo o Ministério Público legitimidade para oferecer a denúncia. (STJ, HC 45.417/SP, DJ 25.09.2006) Em se tratando de crime de ação penal pública condicionada, como já vimos, não se exige rigor formal na representação do ofendido ou de seu representante legal, bastando a sua manifestação de vontade para que se promova a responsabilização do autor do delito. Exemplo de crime perseguido por ação privada: todos os crimes contra a honra (calúnia, injúria, difamação - Capítulo V do Código Penal), exceto em lesão corporal provocada por violência injuriosa (art. 145). DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 25 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO 2.4.2 TITULARIDADE DO DIREITO DE QUEIXA Na ação penal pública, quando o Ministério Público vai iniciar uma ação dizemos que este vai oferecer denúncia. Diferentemente, na ação penal privada o ofendido exerce o direito de queixa para dar início à ação. Visto isto, podemos dizer que os titulares para exercer o direito de queixa são: 1 – VÍTIMA MAIOR DE 18 ANOS E CAPAZ; 2 – REPRESENTANTE LEGAL OU PROCURADOR COM PODERES ESPECIAIS; Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. 3 – PESSOAS JURÍDICAS (art. 37). Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos OBSERVAÇÃO O artigo 225 do Código Penal foi completamente reformulado pela lei nº. 12.015/09, abolindo-se a ação penal privada no que diz respeito ao estupro. Doravante, a ação penal é, em regra, pública condicionada à representação do ofendido ou de seu representante legal. Sob outro aspecto, será de ação pública incondicionada se a vítima é menor de 18 anos ou é pessoa vulnerável, assim considerada a doente mental ou aquela que não pode oferecer resistência. Assim, qualquer que seja o crime sexual, a titularidade para promover a ação penal é sempre do Estado, por meio do Ministério Público. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 26 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios- gerentes. Faz-se necessário ressaltar que o CPP atribui ao indivíduo que promove a ação a denominação de querelante e chama o ofensor de querelado. OBS.: A QUEIXA, AINDA QUANDO A AÇÃO PENAL FOR PRIVATIVA DO OFENDIDO, PODERÁ SER ADITADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, A QUEM CABERÁ INTERVIR EM TODOS OS TERMOS SUBSEQÜENTES DO PROCESSO. A POSSIBILIDADE DE ADITAMENTO PREVISTA NO ART.45 DO CPP É CABÍVEL APENAS PARA QUE O MINISTÉRIO PÚBLICO CORRIJA ALGUM DEFEITO FORMAL DA QUEIXA, COMO, A CAPITULAÇÃO, A QUALIFICAÇÃO DOS QUERELADOS ETC., MAS NÃO PARA INCLUIR EVENTUAL AUTOR DO DELITO NÃO MENCIONADO PELO QUERELANTE. 2.4.3 PRINCÍPIOS Agora veremos alguns princípios específicos da ação penal privada. Tal assunto é recorrente em prova e deve ser analisado com ATENÇÃO!!! PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE Quando falamos dos princípios gerais informadores do Processo Penal, tratamos do princípio da Indisponibilidade, no qual entendemos que, com base no princípio da LEGALIDADE, ao tomar conhecimentodo fato criminoso o titular da ação (Ministério Público) será obrigado a iniciá-la. Isto é a regra geral que comporta exceção na ação penal privada, pois nesta o titular (ofendido) pode analisar critérios de conveniência e oportunidade e decidir pela ação ou não. PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE O ofendido pode desistir da ação a qualquer momento, bastando para isto, por exemplo, o não comparecimento a um ato processual. PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE A ação deve ser proposta contra todos os que cometeram o delito. 2.4.4 PRAZO PARA EXERCER O DIREITO DE QUEIXA DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 27 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Segue a regra do art. 38 do CPP que pela importância, novamente reproduzo: Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime[...]. Observe que no início do supracitado artigo temos a expressão SALVO DISPOSIÇÃO EM CONTRÁRIO, deixando claro que leis especiais poderão trazer prazos diferentes. Isto ocorre: Nos crimes de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento: Prazo de seis meses a partir do trânsito em julgado da sentença anulatória do casamento. Observe: Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. (grifo nosso) Nos crimes contra a propriedade imaterial: Prazo de 30 dias ou de 08 dias contados da homologação do laudo pericial, conforme se trate do investigado solto ou preso, respectivamente. Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 dias, após a homologação do laudo. Parágrafo único. Será dada vista ao Ministério Público dos autos de busca e apreensão requeridas pelo ofendido, se o crime for de ação pública e não tiver sido oferecida queixa no prazo fixado neste artigo. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 28 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Art. 530. Se ocorrer prisão em flagrante e o réu não for posto em liberdade, o prazo a que se refere o artigo anterior será de 8 (oito) dias. É importante ressaltar que os prazos citados são decadenciais, computando-se o dia do começo e excluindo-se o dia final. Também aqui não há que se falar em sábado, domingo ou feriado como justificativa para deixar a queixa para o dia seguinte. Assim, se o prazo termina no domingo, o ofendido deverá procurar um Juiz de plantão e fazer a queixa-crime. 2.4.5 RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA E PERDÃO DO OFENDIDO Imaginemos que nossa amiga Tícia diz aos amigos que iniciará uma ação penal privada contra CAIO pelo delito de injúria e difamação, pois ele disse que ela não possuía uma beleza das mais generosas e que trocava de homem como quem troca de meias (isso mesmo, pegou pesado!!!). Meses depois CAIO se casa com Tícia e os dois viajam felizes para a lua de mel. Neste caso teria cabimento imaginar que Tícia realmente iniciaria uma ação? Poderíamos dizer que houve Renúncia ou Perdão? É exatamente isto que começaremos a estudar agora. 2.4.5.1 RENÚNCIA *** Considere a seguinte situação hipotética. Eros foi vítima de injúria praticada por Isabel no dia 1.º de janeiro de 2001, em sua presença. Eros requereu a instauração de inquérito policial e,com base nele, seu advogado ofereceu queixa contra Isabel no dia 1.º de outubro de 2001. Nessa situação, considerando a natureza da ação penal, a queixa oferecida por Eros, se houvesse cumprido os requisitos processuais, deveria ser recebida pelo juiz competente. GABARITO: ERRADA (prazo DECADENCIAL de seis meses) CAIU EM PROVA! DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 29 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Podemos conceituar a renúncia como o ato UUNNIILLAATTEERRAALL, ou seja, que não depende da concordância da outra parte, que ocorre AANNTTEESS da ação penal, impedindo o acontecimento desta. A renúncia pode ser expressa ou tácita. A renúncia expressa é regulada pelo Art. 50 do CPP: Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Já a renúncia tácita é regulada pelo Código Penal, nestes termos: Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. Podemos citar como exemplos de renúncia tácita: 1 – Deixar o ofendido transcorrer o prazo decadencial para ajuizar a queixa-crime; 2 – Deixar o indivíduo de cumprir determinação essencial para a validade da queixa. Exemplo: Imaginemos que um delito foi cometido por cinco pessoas e o indivíduo entregou a petição para dar início a uma ação contra apenas duas delas. Antes do recebimento da queixa pela autoridade judicial, o MP, observando tal fato, intima o querelante para incluir os outros responsáveis. Nesta situação, caso o ofendido não compareça teremos outro caso de renúncia tácita. Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Finalizando, como afirma Júlio Fabbrini Mirabete, a renúncia, tanto expressa quanto tácita, "deve tratar-se de atos inequívocos, conscientes e DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 30 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO livres, que traduzam uma verdadeira reconciliação, ou o propósito de não exercer o direito de queixa". 2.4.5.2 PERDÃO Meus amigos de estudo, preciso desabafar... Tudo o que eu escrevi até agora está ERRADO! PERDÃO!!!! Calma, calma... Isso é só para começarmos este tópico utilizando esta situação para definir a diferença de PERDÃO para RENÚNCIA e gravando de uma vez por todas o que é MAIS IMPORTANTE PARA A SUA PROVA!!! 1 - Alguém pede perdão sem ter feito nada? NÃO!!!...Logo, o perdão só pode ocorrer AAPPÓÓSS um determinado ato que, aqui, é o início da ação penal. 2 – Você é obrigado a aceitar meu pedido de perdão? É claro que não, pois é um ato BBIILLAATTEERRAALL.. Assim, em uma ação penal, caso o ofendido queira perdoar o querelado, dependerá do consentimento deste último. Observe: Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem queproduza, todavia, efeito em relação ao que o recusar [...] Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. [...] Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. . Assim como na renúncia, o perdão pode ser expresso ou tácito. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 31 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO OBSERVAÇÕES: Caso haja dois ofendidos e um deles conceda o perdão, o outro poderá prosseguir com a ação. Caso o ofendido conceda o perdão a um dos querelados, este perdão será estendido aos outros, não se produzindo efeito, todavia, aos que não aceitarem. 2.4.5 PEREMPÇÃO DA AÇÃO PENAL PRIVADA Para Mirabete, "perempção é a perda do direito de prosseguir na ação penal privada, ou seja, a sanção jurídica cominada ao querelante em decorrência de sua inércia ." OFENDIDO 01 OFENDIDO 02 QUERELADO PODE PROSSEGUIR COM A AÇÃO QUERELANTE 01 QUERELADO 01 QUERELADO 02 O PERDÃO CONTRA UM A TODOS APROVEITA DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 32 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Damásio de Jesus conceitua a perempção da seguinte forma: "Perempção é a perda do direito de demandar o querelado pelo mesmo crime em fase, de inércia do querelante, diante do que o Estado perde o jus puniendi." Podemos resumir que a perempção é a perda do direito de prosseguir na ação penal privada, ou seja, a sanção jurídica cominada ao querelante em decorrência de sua inércia. Considera-se perempta a ação nos seguintes casos (art. 60): 1. Quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; 2. Quando, falecendo o querelante ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo; 3. Quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; 4. Quando o querelante, pessoa jurídica, se extinguir sem deixar sucessor. 2.4.6 AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA Este tipo de ação privada é caracterizada pelo fato de a ação só poder ser iniciada ou conduzida EXCLUSIVAMENTE pelo ofendido, não havendo transferência do direito para o cônjuge, ascendentes, descendentes ou irmãos. No nosso ordenamento jurídico, em virtude da revogação do crime de adultério, só existe um caso deste tipo de ação penal: Crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento, previsto no Código Penal. 2.4.6 AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Assim como temos um prazo decadencial para o exercício do direito de queixa, a lei também define um lapso temporal para que o Ministério Público possa oferecer a denúncia. Observe: DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 33 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. Entretanto, nem sempre o Ministério Público age nestes prazos e não seria justo com o ofendido que ele tivesse que ver, de mãos atadas, o criminoso livre da ação. Pensando nisso o legislador inseriu no Código de Processo Penal o Art. 29 que define a ação subsidiária da pública: Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. Neste tipo de ação o ofendido assume TEMPORARIAMENTE o processo, cabendo ao MP retomá-lo e prosseguir como legitimo titular. É importante ressaltar que o prazo para que o indivíduo possa iniciar a ação subsidiária da pública é de até SEIS MESES do término do prazo do Ministério Público. 05 OU 15 DIAS 06 MESES DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 34 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO ***************************************************************** Futuros aprovados, Chegamos ao término da nossa segunda aula e, sem dúvida, você encontrará em sua PROVA questões versando sobre os assuntos aqui apresentados. Sendo assim, releia os conceitos, reveja os pontos sobre os quais ainda restam dúvidas e, assim, esteja cada vez mais perto de sua aprovação. Abraços, bons estudos e até a próxima aula. Pedro Ivo Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas e, portanto, não é cabível a ação penal subsidiária da pública (STF, súmula 524). DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 35 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS EM AULA Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. § 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos doprocesso, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada. Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal. Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal. Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone. Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 36 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. § 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida. Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. § 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe nomear. Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova. Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 37 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 38 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO EXERCÍCIOS 1. (CESPE / Analista - DPU / 2016) João, aproveitando-se de distração de Marcos, juiz de direito, subtraiu para si uma sacola de roupas usadas a ele pertencentes. Marcos pretendia doá-las a instituição de caridade. João foi perseguido e preso em flagrante delito por policiais que presenciaram o ato. Instaurado e concluído o inquérito policial, o Ministério Público não ofereceu denúncia nem praticou qualquer ato no prazo legal. Considerando a situação hipotética descrita, julgue o item a seguir. Em razão da omissão do Ministério Público, a vítima poderá oferecer ação privada subsidiária da pública. Certa. Nos termos do art. 29, do CPP, será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 2. (CESPE / Defensor - DPE-RN / 2015) A notícia anônima sobre eventual prática criminosa, por si só, é idônea para a instauração de inquérito policial ou a deflagração de ação penal. Errada. A notícia anônima sobre eventual prática criminosa, por si só, não é idônea para a instauração de inquérito policial ou deflagração da ação penal, prestando-se, contudo, a embasar procedimentos investigatórios preliminares em busca de indícios que corroborem as informações da fonte anônima, os quais tornam legítima a persecuçãocriminal estatal. 3. (CESPE / Defensor - DPE-RN / 2015) Nos crimes de ação penal privada, na procuração pela qual o ofendido outorga poderes especiais para o oferecimento da queixa-crime, observados os demais requisitos previstos no CPP, não é necessária a descrição pormenorizada do delito, desde que haja, pelo menos, a menção do fato criminoso ou o nomen juris. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 39 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Certa. Quando a procuração é outorgada com a finalidade específica de propor queixa-crime, observados os preceitos do art. 44 do Código de Processo Penal, não é necessária a descrição pormenorizada do delito, bastando a menção do fato criminoso ou o nomen juris. 4. (CESPE / Defensor - DPE-RN / 2015) O prazo de cinco dias para oferecimento da denúncia, nas hipóteses de réu preso, a fim de evitar a restrição prolongada à liberdade sem acusação formada, configura prazo próprio. Errada. A imposição do quinquídio para a oferta da acusação contra réu preso visa evitar o prolongamento da segregação à liberdade sem a existência de denúncia ofertada. Contudo, por se tratar de prazo processual impróprio, em situações excepcionais, será possível relativizar o quinquídio. Desse modo, a aferição do excesso de prazo para o oferecimento da denúncia também deve observar o princípio da proporcionalidade. Jurisprudência do STJ. 5. (CESPE / Defensor - DPE-RN / 2015) A queixa-crime apresentada perante juízo incompetente não obsta a decadência, se tiver sido observado o prazo de seis meses previsto no CPP. Errada. Oferecida a queixa dentro do prazo legal, independentemente de ter sido apresentada perante juízoincompetente ou ainda não ter sido analisado o seu recebimento, resta superada a alegação de extinção da punibilidade fundada na decadência. 6. (CESPE / Defensor - DPE-RN / 2015) O ato de recebimento da denúncia veicula manifestação decisória do Poder Judiciário, e não apenas simples despacho de caráter ordinatório. Errada. O magistério doutrinário ressalta, a propósito desse tema, que o ato de recebimento da denúncia não veicula manifestação decisória do Poder Judiciário, qualificando-se, antes, como simples despacho de caráter ordinatório ou de natureza simplesmente interlocutória. 7. (CESPE / Juiz Substituto - TJ-PB / 2015) Além dos indícios de autoria, para o exercício da ação penal nos crimes de tráfico de drogas, a Lei n.º 11.343/2006 considera suficiente o laudo de constatação. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 40 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Certa. O laudo provisório, como o próprio nome indica, serve apenas para comprovar precariamente a existência de substância capaz de gerar dependência física ou psíquica, para fim de oferecimento da denúncia e durante a fase de instrução do processo. O laudo de constatação não se presta para comprovar a materialidade do delito quando da sentença condenatória. Se a sentença foi proferida sem o laudo definitivo, impõem-se a sua nulidade para que previamente seja juntado o exame toxicológico e dada vista às partes para que sobre ele se manifestem. 8. (CESPE / Juiz Substituto - TJ-PB / 2015) O plenário do STF firmou entendimento no sentido de considerar o despacho que recebe denúncia ou queixa como uma espécie de decisão; por isso, tal despacho deve ser fundamentado. Errada. É firme a jurisprudência do Supremo Tribunal no sentido de que a decisão de recebimento da denúncia prescinde de fundamentação por não se equiparar a ato decisório para os fins do art. 93, inc. IX, da Constituição da República e de que o princípio do pas de nullité sans grief exige, sempre que possível, a demonstração de prejuízo concreto pela parte que suscita o vício. 9. (CESPE / Juiz Substituto - TJ-PB / 2015) Inexiste possibilidade de litisconsórcio ativo entre o MP e o querelante. Errada. Há possibilidade de litisconsórcio ativo, nos termos do art. 45, do CPP, ou no caso de crime de ação pública incondicionada e a ação privada praticados em conexão. 10. (CESPE / Juiz Substituto - TJ-PB / 2015) A queixa, ainda que a ação penal seja privativa do ofendido, não poderá ser aditada pelo MP. Errada. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subseqüentes do processo. (art. 45). 11. (CESPE / DPU / 2010) Segundo o STJ, a recusa da autoridade policial em cumprir requisição judicial relativa a cumprimento de diligências configura o crime de desobediência. DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 41 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Errada. Embora não esteja a autoridade policial sob subordinação funcional do juiz ou ao membro do Ministério Público, tem ela o dever funcional de realizar as diligências requisitadas por estas autoridades. A recusa no cumprimento das diligências requisitadas não consubstancia, sequer em tese, o crime de desobediência, repercutindo apenas no âmbito administrativo-disciplinar (STJ, RT 747/624). 12. (CESPE / POLÍCIA CIVIL-PB / 2008) O IP acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. Certa. Exige do candidato o conhecimento do artigo 12 do CPP. Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. 13. (CESPE / Polícia Federal/2009) O término do inquérito policial é caracterizado pela elaboração de um relatório e por sua juntada pela autoridade policial responsável, que não pode, nesse relatório, indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas. Errada. Contraria o Art. 10 § 2o do CPP. Observe que é possível que a autoridade indique testemunhas. Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. 14. (CESPE / Polícia Federal/2009) No inquérito policial, o ofendido ou seu representante legal e o indiciado poderão requerer qualquer diligência que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. Certa. Reprodução exata do disposto no artigo 14 do CPP. Veja: DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 42 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PRF-2016 PROFESSOR: PEDRO IVO Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 15. (CESPE / Polícia Federal/2009) O inquérito policial tem natureza judicial visto que é um procedimento inquisitório conduzido pela polícia judiciária com a finalidade de reunir os elementos e informações necessárias à elucidação do crime. Errada. Inquérito com
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